Prévia do material em texto
Thainá Oliveira de Melo - Psicologia O setting deverá ser preservado ao máximo 1. Estabelecer o aporte da realidade exterior, com as suas inevitáveis privações e frustrações. 2. Ajudar a definir a predominância do princípio da realidade sobre o do prazer. 3. Prover a necessária delimitação entre o “eu” e os “outros”, por meio da função de desfazer a especularidade e gemelaridade típica destes pacientes. 4. Auxiliar, a partir daí, a obtenção das capacidades de diferenciação, separação e individuação. 5. Definir a noção dos limites e das limitações que provavelmente estão algo borrados pela influência da onipotência e onisciência, próprias da parte psicótica da personalidade sempre existentes em qualquer paciente. 6. Desfazer as fantasias do analisando, que sempre está em busca de uma ilusória simetria (uma mesma hierarquia de lugar e papéis) e de uma similaridade (ser igual nos valores, crenças e capacidades) com o analista. 7. Reconhecer que é unicamente sofrendo as inevitáveis frustrações impostas pelo setting, desde que essas não sejam exageradamente excessivas ou escassas, que o analisando (tal como a criança no passado), pode desenvolver a capacidade para simbolizar e pensar 1. Frustração Algo que não se realiza e remete principalmente aos desejos existentes, no presente 2. Privação É algo que falta, e tem origem nas necessidades não satisfeitas, no passado 3. Castração Algo que pode vir a faltar, no futuro Essas frustrantes vivências emocionais básicas são inerentes ao processo analítico Seu surgimento no enquadre é necessário porque vai possibilitar o aprofundamento da análise de suas raízes e consequências. Thainá Oliveira de Melo - Psicologia Em grande parte, são desencadeadas pela própria natureza frustradora do setting A função mais nobre do setting consiste na criação de um novo espaço onde o analisando terá a oportunidade de reexperimentar com o seu analista a vivência de antigas e decisivamente marcantes experiências emocionais conflitosas que foram mal compreendidas, atendidas e significadas pelos pais do passado e, por conseguinte, mal solucionadas pela criança de ontem, que habita a mente do paciente adulto de hoje. 1. Regra fundamental (também conhecida como a regra da livre associação de ideias) 2. Abstinência; 3. Atenção flutuante. 4. Neutralidade; 5. Amor à verdade Continuam válidas e vigentes em sua ideologia essencial, porém na psicanálise atual elas estão bastante modificadas em muitos aspectos Caso o psicanalista siga essas regras a finco existem riscos de que, as mesmas, fiquem desvirtuadas na essencialidade de sua importância, e que, assim, não passem de um mero ritual obsessivo aplicado de forma mecânica e rígida Assim como pode existir um desvirtuamento do setting devido a uma excessiva rigidez essa também pode decorrer de uma exagerada permissividade Inevitável e indispensável para uma estruturação sadia do psiquismo, muito especialmente para a formação e a utilização da capacidade para pensar As frustrações impostas pelas pessoas importantes do mundo exterior, incluído o analista no setting, não devem ser por demais escassas, excessivas ou incoerentes Quando as frustrações são escassas 1. Como consequência não se formará um “problema a ser resolvido”, que é a alavanca propulsora da necessidade de pensar uma forma de achar uma solução 2. Também não se desenvolverá a capacidade para formar símbolos Que têm a finalidade de ocupar o lugar daquilo que está ausente ou falta Thainá Oliveira de Melo - Psicologia Quando as frustrações são excessivas É tamanho o ódio despertado que as emoções resultantes não se converterão em elementos alfa restando unicamente como elementos-beta que, não resultam em um pensamento útil, mas, sim, evacuados sob a forma de actings, somatizações etc. Quando as frustrações são incoerentes 1. Provocam um estado confusional deletério para a análise 2. Pode estar igualando o analista às figuras parentais, assim reforçando uma forma de educação que, no passado, provavelmente, foi incoerente. Referência: Zimerman, David E. Fundamentos psicanalíticos recurso eletrônico: teoria, técnica e clínica: uma abordagem didática. David E. Zimerman. Dados eletrônicos. – Porto Alegre: Artmed, 2007.