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Fundações Prof. MSc. Esp. Rafael E. Zaccour Bolaños e-mail: rafael.zaccour@anhembi.br FUNDAÇÕES O que vamos estudar na Aula de hoje? Começaremos a falar dos ensaios de campo! Ementa do curso O que são ensaios de campo? São investigações programadas pelo engenheiro, através da qual, ele ira obter informações a respeito das características do solo no local do projeto/obra. Existente diferentes tipos de investigação, com custos e complexidades distintos, as quais fornecem informações diferentes. Cabe ao engenheiro reconhecer suas necessidades, bem como as informações fornecidas por cada investigação, e ponderar a quantidade e os tipos de investigação que irá contratar. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Quais os nomes dos principais ensaios de campo disponíveis na atualidade? • Trincheiras e Poços de inspeção; • Investigações simples a trado; • Sondagem a percussão ou “Standard Penetration Test” (SPT) que, a pedido do contratante, pode ser executada com medida de torque, passando então a se chamar SPT-T; • Sondagem Rotativa; • Sondagem Mista; • DPL (Dynamic Probe Light) • Ensaio de cone (CPT), ou ensaio de cone com medição de poropressão (CPTU); • Ensaio da palheta, comumente chamado pelo seu nome em inglês “Vane Test”; • Ensaio Pressiométrico; • Ensaio Dilatométrico;e • Ensaios Geofísicos. (Os 3 últimos ensaios da lista, bem como o DPL, tem o uso menos frequente no Brasil.) INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Os parâmetros utilizados pelos engenheiros no desenvolvimento de projetos na área de Fundações e Obras de Terra são oriundos apenas dos ensaios de campo? Não! Os engenheiros podem, alternativamente (ou melhor, complementarmente), extrais amostras de solo no campo e ensaiá-las em laboratório, afim de desvendar uma série de propriedades que serão utilizadas na elaboração das premissas de projeto. Existem diversos ensaios de laboratório, alguns dos quais foram apresentados no curso de Mecânica dos Solos. Eles podem se dividir em dois grupos, os ensaios de laboratório realizados com amostras deformadas e os realizados com amostras indeformadas. Tanto os ensaios, como as técnicas de extração das amostras indeformadas são bem mais complexas do que aquelas que se referem aos ensaios com amostras deformadas. Contudo, os ensaios com amostras indeformadas oferecem parâmetros relacionados à resistência e a compressibilidade dos solos, os quais dependem da preservação do índice de vazios original. INVESTIGAÇÕES DE LABORATÓRIO Principais ensaios com amostras deformadas: • Umidade natural • Densidade do solo • Granulometria e sedimentação (define a curva granulométrica de um solo) • Limites de Atterberg (teor de umidade para mudança de fase das argilas) • Compactação (obtenção da umidade ótima) Tais amostras podem ser obtidas através de investigação a trado ou de abertura de poços e trincheiras. INVESTIGAÇÕES DE LABORATÓRIO Principais ensaios com amostras indeformadas: • Ensaio de Cisalhamento Direto (parâmetros de resistência) • Ensaio Triaxial (parâmetros de resistência, adensamento, permeabilidade) • Ensaio Edométrico (coeficiente de compressibilidade do solos) Tais amostras podem ser obtidas através de investigação com amostrador tipo Shelby, tipo Denison ou através de aberturas de poços ou trincheiras. AMOSTRAGEM Abertura de poços/trincheiras para extração de amostras (inclusive, indeformadas) AMOSTRAGEM Trados para extração de amostras deformadas Imagens obtidas na internet AMOSTRAGEM Cravação para extração de amostras indeformadas (amostrador tipo Shelby) Links: https://www.youtube.com/watch?v=6HWi6iZKciU https://www.youtube.com/watch?v=TDpdugVY_Ug Vídeo 1 (cravação do amostrador), Vídeo 2 (extração da amostra) AMOSTRAGEM Cravação para extração de amostras indeformadas (amostrador tipo Denison) Possui a extremidade cortante. Ao combinar a rotação com a prensagem, é capaz de extrair amostras indeformadas de solos mais resistentes. Bibliografia para investigações de campo Qual a bibliografia recomendada para este tema? Sugestão de bibliografia Os livros aqui sugeridos encontram-se na biblioteca virtual da Anhembi Morumbi, a qual todos os alunos tem acesso. Basta ingressar no link abaixo utilizando seu RA e senha. https://plataforma.bvirtual.com.br/Account/Login?redirectUrl=%2F A principal referência é o Livro“Ensaios de Campo”. Sugestão de bibliografia Os livros aqui sugeridos encontram-se na biblioteca virtual da Anhembi Morumbi, a qual todos os alunos tem acesso. Basta ingressar no link abaixo utilizando seu RA e senha. https://plataforma.bvirtual.com.br/Account/Login?redirectUrl=%2F O livro “Fundações – Ensaios Estáticos e Dinâmicos” é uma boa referência. Atentar ao fato deste livro abordar também alguns ensaios específicos de fundações diretas e profundas Sugestão de bibliografia Os livros aqui sugeridos encontram-se na biblioteca virtual da Anhembi Morumbi, a qual todos os alunos tem acesso. Basta ingressar no link abaixo utilizando seu RA e senha. https://plataforma.bvirtual.com.br/Account/Login?redirectUrl=%2F O capítulo 3 do livro Fundações é apresentado de forma muito bem feita para o objetivo do tema. Embora o livro “Ensaios de Campo” seja uma referência mais completa, a sugestão é que o aluno inicie os estudo do tema por aqui. Assim, fica a sugestão de leitura do referido capítulo! INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Investigação a Trado É a mais simples das investigações geotécnicas. Possui de baixo custo, porém, permite apenas a identificação do tipo de solo ao longo da profundidade e a extração de amostras deformadas para o emprego posterior em ensaios de laboratório. Uma das limitações é a impossibilidade de se investigar regiões abaixo do nível do lençol freático. As investigações a trado, embora simples, são regulamentadas pela norma NBR 9603 e devem, necessariamente, serem realizadas por empresas idôneas. Normalmente, elas são identificadas em planta pela simbologia ST, seguida do número da investigação. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Investigação a Trado Abaixo, são ilustrados três diferentes tipos de trado: a) cavadeira, b) espiral e c) helicoidal. imagem extraída do livro Fundações, dos profs. Dirceu Velloso e Francisco Lopes INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Investigação a Trado (Exemplo de boletim de sondagem) INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) Trata-se da investigação de campo mais corriqueira no Brasil e no resto do mundo. A sondagem a percussão é a investigação protagonista na maior parte dos projetos de geotecnia (ao menos, nos projetos de complexidade mediana executados sobre solos “comuns”), por este motivo, é preciso ter uma atenção especial com este ensaio. No Brasil, é regulamentada pela norma técnica ABNT NBR 6484. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) De forma bem generalista, o ensaio consiste em introduzir no solo um amostrador cilíndrico e oco, com cerca de 45cm de comprimento, e um diâmetro externo de 50,8mm e um diâmetro interno de 34,9mm. Tal introdução é feita mediante aplicação de golpes, sob uma energia que, em teoria, é padronizada. À medida que os golpes são aplicados, o solo vai penetrando dentro do amostrador, sendo por tanto, recuperado para análise tátil-visual, bem como para eventuais ensaios de laboratório INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) O ensaio pode ser realizado manualmente ou de forma mecanizada. Esta segunda opção varia muito em termos de complexidade, podendo se tratar de um ensaio onde apenas o erguimento da massa que aplicará energia será feita de forma mecânica, ou ser realizado por equipamento especial que executa diversas partes do ensaio, reduzindo a interação humana. No Brasil e em outros locais da América Latina há o predomínio do ensaio manual. Já nos EUA e na Europa, costuma-se adotar a versão mecanizada. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) Nas imagens acima, a esquerda, sondadores executam uma investigaçãorealizada com o sistema manual. A direita, um equipamento Geoprobe 7822DT para execução de sondagens mecanizada. Um vídeo curto e didático produzido pela empresa Damasco Penna ilustra a diferença entre os dois sistemas. link: https://youtu.be/fQbwMUoardI INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) A seguir, serão descritos os procedimentos do ensaio manual. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) A execução do ensaio consiste em, inicialmente, identificar a localização onde a investigação deverá ser realizada. Em seguida, o tripé deverá ser instalado. Com o auxílio do trado, deverá ser realizada uma perfuração com a profundidade de 1,00m. Atente-se a este detalhe: a percussão propriamente dita inicia-se a partir do primeiro metro. A razão para isso é o fato da superfície do solo ser contaminada com detritos e restos orgânicos. Além disso, devido aos processos erosivos naturais e artificiais, as leituras da superfície não seriam muito representativas. Assim, opta-se por desprezar as leituras de SPT do metro inicial, substituindo-a pelo avanço com o trado. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) Abertura do furo de sondagem com auxílio de trado helicoidal. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) Em seguida, deve-se apoiar o amostrador sobre o furo de sondagem (com profundidade de 1,00m), apoiar a massa de 65kg sobre ele, e anotar a penetração do amostrador no solo (sem que nenhum golpe tenha sido aplicado). Cabe ressaltar que o amostrador não possuí um comprimento padrão definido, podendo variar, mas eles devem ter mais de 50cm. A medida que o ensaio avança, hastes com o comprimento de 1m são acopladas, etapa pós etapa, de tal modo que o amostrador possa atingir profundidades muito elevadas. A massa de 65kg irá cair de uma altura de 75cm. Ela possui um pino comprido em sua extremidade inferior, a qual “desliza” dentro da haste que está acoplada ao amostrador. Trata-se de um pino guia para que o golpe da massa seja centralizado. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) Pino guia Haste Massa Tripé Cabeça de bater Cabo INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) Em seguida, o operador deverá erguer a massa 75cm acima da cabeça de bater (nome dado a uma protuberância metálica acoplada na extremidade da haste e que tem a finalidade de absorver os impactos da queda da massa) Deverão ser realizados tantos golpes quanto necessários até que o amostrador penetre 15cm no solo. O número de golpes aplicados deverá ser registrado em uma caderneta de campo (recentemente, essas cadernetas estão começando a ser substituídas por smartphones, tablets, ou aparelhos similares). Este procedimento deverá se repetir 3 vezes, totalizando assim uma penetração de 45cm. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) Realizado esta etapa, o conjunto hastes-amostrador deverá ser retirado do solo. O operador irá extrair a amostra de solo (o amostrador é bi-partido, o que facilita a extração. A amostra (ela é deformada!) então deve ser armazenada em filme plástico para não perder ser umidade natural e etiquetada. O operador poderá adicionar informações complementares no boletim, tais como cor, odor ou qualquer outro dado relevante que observe a respeito da amostra. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) Em seguida, dever-se-á realizar o avanço com trado, até que se complete o acréscimo de 1,00m de investigação. É de se esperar que a etapa de percussão tenha 45cm (isto nem sempre ocorre, devido a limitações do solo) de tal forma que o avanço com o trado, e situações normais, deverá ser de 55cm. As vezes pode ocorrer do solo ser pouco resistente e o avanço da percussão termina além dos 45cm. Ou então, o solo pode ser muito resistente, sendo impenetrável ao amostrador e, por este motivo, o operador decida avançar com o trado. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) Essa alternância entre percussão e trado se dará enquanto não se observar a presença do lençol freático. A partir deste momento, porém, o trado dará lugar a um instrumento chamado trépano. Trata-se de uma ferramenta pontiaguda (similar a uma faca) acoplada a uma haste vazada, com um orifício pelo qual sai água. A combinação entre a desagregação mecânica feita pelo trépano, junto da percolação de água, transporta o solo para fora do furo de sondagem (a água injetada não tem outro caminho que não o de retornar furo acima e, no processo, acaba transportando os sedimentos de solo). Convém ressaltar que, se necessário (e quase sempre é) a operação abaixo do lençol freático deverá ser realizada com revestimento do furo de sondagem. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) Trépano Haste acoplada ao trépano Injeção de água Retorno da água com sedimento do furo de sondagem INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) Esquema com equipamentos: INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) Esquema com Procedimento: INVESTIGAÇÕES DE CAMPO 1 5 c m 1 5 c m 1 5 c m 5 5 c m 1 0 0 c mT ra d o 1 5 c m 1 5 c m 1 5 c m 5 5 c m P e rc u s s ã o T ra d o 1 5 c m P e rc u s s ã o T ra d o S u p e r f íc ie d o T e rre n o N S P T = n º g o lp e s / ú lt im o s 3 0 c m S o n d a g e m a P e rc u s s ã o N S P T = n º g o lp e s / ú lt im o s 3 0 c m 1 m 2 m 3 m INVESTIGAÇÕES DE CAMPO 1 5 c m 1 5 c m 1 5 c m 5 5 c m P e rc u s s ã o T ra d o 1 5 c m 1 5 c m 1 5 c m 5 5 c m P e rc u s s ã o T ré p a n o N S P T = n º g o lp e s / ú lt im o s 3 0 c m N S P T = n º g o lp e s / ú lt im o s 3 0 c m N S P T = n º g o lp e s / ú lt im o s 3 0 c m 1 5 c m 1 5 c m 1 5 c m 5 5 c m P e rc u s s ã o T ré p a n o 4m 5 m 6m N .A . (N ív e l d o L e n ç o l F re á t ic o ) INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) As sondagens a percussão são frequentemente identificadas pela nomenclatura SP, seguida de algum outro nome ou número de referência (ex: SP-01, SP-02, SP-177). Naturalmente, é crucial que durante a execução de uma sondagem sejam registradas as coordenadas geográficas do local, a altitude com respeito ao nível do mar, a data, o local e o número de designação da sondagem. Essas informações são utilizadas para se gerar um arquivo de pontos que, ao ser exportado para o cad, permite que todas as investigações possam ser identificadas em planta. Além disso, representações gráficas com as informações relevantes da investigação, denominadas “Logs”, são criadas a partir dos boletins e inseridas nas seções (cortes no terreno). INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) A introdução de dois ou mais logs em uma mesma seção permite, portanto, que os engenheiros comparem o resultado das sondagens e esboce o perfil geológico da região, como exemplificado nas ilustrações a seguir. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) NSPT Superfície topográfica INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) Perfil geológico INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) Alocação da sondagem em planta INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) Imagem de um boletim de sondagem para coleta dos dados em campo INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) Boletim de sondagem a percussão. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) Os picos de resistênciaocorrem quando o amostrador encontra algum fragmento de rocha, ganho, ou qualquer objeto com resistência mais elevada que esteja inserido na matriz de solo. Segunda o prof. Dikran Berberian, em seu livro “Engenharia de Fundações”, alguns solos siltosos podem gerar um efeito de embuchamento no amostrador, produzindo, também, um pico de resistência. Desta forma, ter-se-á uma leitura não representativa para a resistência do solo avaliado. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) Segundo as recomendações destacadas por Berberian, recomenda-se homogeneizar os perfis de sondagens, eliminando os picos de resistência com espessuras menores que 2,00m. No caso do SPT, define-se: • Picos de resistência são números de golpes que crescem de forma abrupta e discrepante, e considera-se como pico, o número de golpes que dobra de valor numa camada de pequena espessura (<2,00m) • Só se corrige os picos que ocorrem que ocorrem em zonas de resistência não muito elevado, mais especificamente, onde o valor de N for inferior a 20golpes/30cm nas camadas de solo imediatamente antes e após o pico. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) Picos de resistência. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) O nome original do ensaio na língua inglesa “Standard Penetration Test” é a tradução direta para “Ensaio de Penetração Padrão”, que na verdade, acaba por não ser tão padronizado como se gostaria. Há diferenças entre equipamentos, manutenção, e de técnicas e procedimentos executivos entre as empresas que executam o ensaio, especialmente quando se comparam as sondagens realizadas por empresas de países diferentes. Muitos operadores desenvolvem vícios executivos que acabam interferindo nos resultados. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) Schnaid e Odebrecht indicam os seguintes fatores que, de forma isolada ou associada, contribuem para essa falta de padronização que interfere no resultado das sondagens: • Aplicação de diferentes técnicas de perfuração (método de perfuração, fluido estabilizante, diâmetro do furo) • Utilização de diferentes equipamentos e procedimentos (mecanismo de levantamento e liberação de queda do martelo, rigidez das hastes, geometria do amostrador e método de cravação) • Influência das características e condições do solo nas medidas de SPT, em especial, no que diz respeito a sua permeabilidade e, consequentemente, a forma com que se dissipa a poropressão desenvolvida durante o esforço cisalhante de penetração do amostrador. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) Somam-se a isso a competência e a idoneidade das empresas contratadas para a realização dos serviços que, naturalmente, impactam de forma significativa nas leituras obtidas. Uma forma clara de se perceber o impacto do problema levantado, é a comparação entre as campanhas de sondagens realizadas em um mesmo local por empresas diferentes, as quais por vezes, apresentam resultados bastante discrepantes. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) Os boletins apresentados a seguir ilustram tal afirmação. Trata-se de sondagens que foram executadas por duas diferentes empresas para a realização de um empreendimento na região norte do Brasil. A primeira campanha, que foi realizada cerca de dois anos antes, apresentou valores de Nspt mais elevados, cujos valores de N são compatíveis com os de uma rocha sedimentar branda, o que sugeria recalques muito discretos nas fundações diretas das edificações (algumas estruturas, dada a natureza de seu uso, eram muito sensíveis aos recalques). A segunda campanha, porém, mostrou uma realidade distinta, com um horizonte pedológico mais profundo, e valores de Nspt mais discretos. Ela se mostrou mais desfavorável no que tange a capacidade de carga e à magnitude dos recalques previstos. Como consequência, o projeto de fundações precisou ser revisto, resultando em atrasos, retrabalhos e gastos adicionais. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) Boletim da empresa A INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) Boletim da empresa B INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) O referido empreendimento foi projetado com fundações diretas (sapatas) Isto significa que as tensões estimadas para provocar a ruptura do solo de fundação, ou recalques superiores ao admitido pelo projeto, fora baseados nos valores de Nspt provenientes da primeira campanha de sondagem. A incerteza que se gera diante do boletim da segunda campanha (realizada pela empresa B), que apresenta um cenário mais desfavorável, levou a necessidade de se readequar o projeto em função deste novo resultado (um enorme desperdício de tempo e recursos). INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) A Energia do ensaio SPT A energia teórica utilizada para que o amostrador penetre o solo é resultado do produto da massa do martelo por sua altura de queda. A energia prática transferida, naturalmente, é inferior a esta, em razão de todas as perdas que ocorrem durante o processo, e dentre as quais, pode-se destacar o atrito existente entre o cabo e a roldana, o sistema de elevação e liberação do martelo e a sua geometria. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) No Brasil, onde atualmente, a maior parte das sondagens são realizadas com sistema manual, estima-se que a perda média de energia nos ensaios realizadas pelas diferentes empresas de sondagem gire em torno dos 28%, ou seja, a eficiência do ensaio a percussão brasileiro é de cerca de 72%. Nos EUA e na Europa, onde o sistema é predominantemente automatizado, esta eficiência é menor, ao redor dos 60%. Por este motivo, o ensaio SPT brasileiro recebe muitas vezes a designação de N72, enquanto os ensaios internacionais recebem a nomenclatura de N60. Há uma recomendação internacional para que o número N seja normalizado com base na eficiência característica dos países que adotam, predominantemente, os sistemas automatizados (de 60%). INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) Isso significaria multiplicar o valor de Nspt dos ensaios brasileiros por 1,2, obtendo-se assim, números mais altos. Evidente, isso não significa que os solos brasileiros são mais resistentes do que se pensava, apenas que a escala tipicamente adotada é diferente daquela praticada no exterior. Realizar este tipo de conversão implicaria na necessidade de se corrigir também as correlações frequentemente utilizadas para se estimar as capacidades de carga de fundação pelos métodos empíricos brasileiros baseados no SPT, bem como na estimativa dos parâmetros de resistência do solo. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) Sondagem a percussão com torque (SPT-T) Frente a essas dificuldades (com relação a discrepância de energias entre diferentes investigações), no final da década de 1980, o engenheiro e professor Stévio Ranzini, propôs uma metodologia complementar praticada no ensaio a percussão, que forneceria um parâmetro adicional sobre a resistência mecânica do solo. O professor Ranzini observou que os operadores da sondagem a percussão usavam uma chave presa a haste para girar o amostrador e facilitar a sua extração entre os estágios da investigação. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a percussão com torque (SPT-T) Ele teve, então, a ideia de acoplar um torquímetro (instrumento capaz de registrar a magnitude de um torque) na chave e, desta forma, protocolou uma variação do ensaio onde a leitura do torque necessário para girar o amostrador cravado no solo fosse registrada. Desta maneira, permitiu que a sondagem a percussão, sem grandes alterações ou gastos dispendiosos, fosse capaz de fornecer umparâmetro relacionada à resistência por atrito lateral entre o solo e o amostrador. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) Sondagem a percussão com torque (SPT-T) Ao ensaio a percussão com verificação da resistência de atrito lateral mediante a aplicação de um torque, dá-se o nome de SPT-T. Passado mais de 30 anos desde seu advento, este ensaio não se popularizou, embora seja amplamente ofertado por empresas executoras de investigações geotécnicas. Dentre os grandes entusiastas do SPT-T, o maior destaque talvez seja o engenheiro Luciano Decourt, considerado um dos maiores colaboradores no desenvolvimento da engenharia de fundação, não apenas no Brasil, mas a nível mundial. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) Sondagem a percussão com torque (SPT-T) Decourt sugeriu utilizar a relação T/N, ou seja, a divisão entre as leituras de Nspt e do torque, para um determinado estágio do ensaio. Para o caso particular dos solos da Bacia Sedimentar de São Paulo, Decourt sugere que a razão entre T e N seja de 1,2: INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) Sondagem a percussão com torque (SPT-T) Isso significa que é possível obter um valor equivalente a N apenas com a medição do torque, bastando dividir o valor de T por 1,2 e, desta forma, obter um parâmetro definido por ele como Neq. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a Percussão ou Standard Penetration Test (SPT) Sondagem a percussão com torque (SPT-T) Assim, por exemplo, em um ensaio realizado na região da Bacia Sedimentar de São Paulo, cuja leitura do torque máximo foi de 18kgf.m, o valor de N equivalente seria de 18/1,2 igual a 15 golpes/30cm. A vantagem desta metodologia é que por não se tratar de um ensaio dinâmico, os erros resultantes das dissipações, durante o processo de percussão, não ocorrem. Para informações detalhadas a respeito do ensaio SPT-T, recomenda-se a leitura da dissertação de doutorado da prof. Dra. Anna Silvia Palcheco Peixoto INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a percussão com torque (SPT-T) – Exemplo de um boletim Torque máximo e residual (pós a ruptura) INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a percussão (SPT): Correlações empíricas entre o Nspt e os parâmetros do solo Tipicamente, engenheiros geotécnicos costumam estimar os parâmetros de um solo, em especial, os parâmetros de resistência do critério Morh-Coulomb (coesão e ângulo de atrito) com base nos boletins das sondagens a pecurssão, associados a: • sua própria sensibilidade (resultado de suas experiências profissionais), • ao conhecimento prévio de parâmetros adotados em outros empreendimentos na região, • às correlações semiempíricas desenvolvidas por pesquisadores que se dedicam ao tema. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a percussão (SPT): Correlações empíricas entre o Nspt e os parâmetros do solo De fato, é comum que se desenvolvam tabelas com parâmetros de solo em função dos valores de Nspt, as quais é importante deixar claro, são válidas para o solo da região estudada. Isso significa que não é conveniente adotar os parâmetros de correlação entre as propriedades de um solo e o resultado do Nspt apresentados em uma determinada tabela, como se fossem válidos para o solo de qualquer lugar. Um exemplo pode ser obtida no livro Fundações do professor Ivan Joppert Jr. A crítica que se faz a ela são duas: o fato de não estar atrelada a uma região específica e o valor dado ao ângulo de atrito das argilas orgânicas, o qual a sugestão da tabela é adotar 15°, valor muito elevado. Ao invés disso, sugere-se utilizar φ = 0°. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a percussão (SPT): Correlações empíricas entre o Nspt e os parâmetros do solo γ (Nat) γ (Sat) 0 - 4 20000 - 50000 17 18 25° - 5 - 8 40000 - 80000 18 19 30° - 9 - 18 50000 - 100000 19 20 32° - 19 - 41 80000 - 150000 20 21 35° - ≥ 41 160000 - 200000 20 21 38° - 0 - 4 20000 17 18 25° 0,0 5 - 8 40000 18 19 28° 5,0 9 - 18 50000 19 20 30° 7,5 19 - 41 100000 20 21 32° 10,0 0 - 2 2000 - 5000 15 17 20° 7,5 3 - 5 5000 - 10000 16 17 23° 15,0 6 - 10 10000 - 20000 17 18 25° 30,0 ≥ 10 20000 - 30000 18 19 25° 30 a 70 0 - 2 1000 17 18 20° 7,5 Coesão (kPa) Módulo de Elasticidade (kN/m²) Faixa de SPT (N72) Peso específico (kN/m³)Descrição do solo ângulo de atrito ϕ° Areia pouco siltosa / pouco argilosa Areia média e fina muito argilosa Argila porosa vermelha e amarela INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a percussão (SPT): Correlações empíricas entre o Nspt e os parâmetros do solo γ (Nat) γ (Sat) Coesão (kPa) Módulo de Elasticidade (kN/m²) Faixa de SPT (N72) Peso específico (kN/m³)Descrição do solo ângulo de atrito ϕ°≥ 10 20000 - 30000 18 19 25° 30 a 70 0 - 2 1000 17 18 20° 7,5 3 - 5 1000 - 2500 18 19 23° 15,0 6 - 10 2500 - 5000 19 19 24° 20,0 11 - 19 5000 - 10000 19 19 24° 30,0 20 - 30 30000 - 100000 20 20 25° 40,0 ≥ 30 100000 - 150000 20 20 25° 50,0 0 - 2 5000 15 17 15° 10,0 3 - 5 5000 - 15000 17 18 15° 20,0 6 - 10 15000 - 20000 18 19 18° 35,0 11 - 19 20000 - 35000 19 19 20° 50,0 ≥ 20 35000 - 50000 20 20 25° 65,0 Argila Siltosa pouco arenosa (terceário) Argila arenosa pouco siltosa INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a percussão (SPT): Correlações empíricas entre o Nspt e os parâmetros do solo γ (Nat) γ (Sat) Coesão (kPa) Módulo de Elasticidade (kN/m²) Faixa de SPT (N72) Peso específico (kN/m³)Descrição do solo ângulo de atrito ϕ° 0 - 1 400 - 1000 11 11 15° 5,0 2 - 5 1000 - 1500 12 12 15° 10,0 5 - 8 80000 18 19 25° 15,0 9 - 18 100000 19 20 26° 20,0 19 - 41 150000 20 20 27° 30,0 ≥ 41 200000 21 21 28° 50,0 Tabela de Parâmetros médios de Solos (adaptado de Fundações e Contenções de Edifícios, Ivan Jopper Jr.) Adotem ϕ = 0° Silte arenoso pouco argiloso (residual) Turfa / argila orgânica (quaternário) INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a percussão (SPT): Correlações empíricas entre o Nspt e os parâmetros do solo A seguir, apresentam-se algumas correlações semiempíricas de relevância entre o Nspt e os parâmetros do solo ensaiado. Para solos granulares (Areias): INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a percussão (SPT): Tensão admissível para fundações diretas Os métodos teóricos para se estimar a capacidade de carga das fundações diretas são obtidos a partir dos parâmetros de resistência do solo. Estimar os parâmetros de resistência ϕ e c para aplicar nestas equações, significa estimar a capacidade da função a partir dos resultados das sondagens de forma indireta. Contudo, essa não é a única maneira de estimar a capacidade de carga das fundações. Durante muitos anos era comum que os engenheiros fizessem uso equações empíricas, validadas pela prática laboral e aceitas pela comunidade técnica, e que a partir da última revisão da norma ABNT NBR 6122:2019 – Projeto e Execução de Fundações, passar a ser “institucionalizados”. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a percussão (SPT): Correlações empíricas entre o Nspt e os parâmetros do solo Uma das formulações mais difundidas entre os profissionais da área de fundação é dada por: Onde q é a tensão provocada pelo peso do solo existente acima da cota de arrasamento da sapata (ver explicação no capítulo 4). O prof. Victor de Mello, que foi um dos maiores nomes da geotecnia brasileira, propôs a seguinte relação: INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a percussão (SPT): Correlações empíricas entre o Nspt e os parâmetros do solo Outra correlação entre Nspt e tensão admissível foi proposta por Ruver e Consoli (2006). Os autores elaboraram um limite inferior e superior, com intervalo de confiança de 99%, e um valor médio entre estas duas curvas: , , , é INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a percussão (SPT): Correlações empíricas entre o Nspt e os parâmetros do solo No caso de ensaio típico, executado no Brasil com equipamento manual, assumir que: De tal forma que: , é INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a percussão (SPT): Correlações empíricas entre o Nspt e os parâmetros do solo No casode ensaio típico, executado no Brasil com equipamento manual, assumir que: De tal forma que: , é INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a percussão (SPT): Compacidade e consistência em função do Nspt A norma técnica ABNT NBR 6484 trás em seu Anexo A a Tabela A.1 – Estado de compacidade e consistência – que correlaciona estes índices com o valor de Nspt. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a percussão (SPT): Compacidade e consistência em função do Nspt INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a percussão (SPT): Compacidade e consistência em função do Nspt Cabe fazer aqui uma crítica sobre os valores fornecidos, os quais não informam a energia de Nspt para a qual a relação é feita, além de serem muito simplistas e até mesmo, superados por investigações mais recentes a respeito do tema. Abaixo está apresentado uma outra tabela que compila algumas correlações empíricas entre compacidade/consistência com o Nspt. Destaca-se os valores propostos por Clayton (1993), que são sugeridos pelos professores Schnaid e Odebrecht, os quais foram incluídos conforme o trabalho original (baseados no N60), bem como convertidos para a energia padrão brasileira (N72) INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem a percussão (SPT): Compacidade e consistência em função do Nspt INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem Rotativa (SR) Quando se deseja obter informações a respeito de materiais altamente coesivos (rochas), os quais são impenetráveis ao amostrador da sondagem a percussão, costuma-se programar as investigações com sondagens rotativas. Trata-se de uma investigação que utiliza um conjunto motomecanizado, dotado de uma coroa diamantada, capaz de cortar a rocha e possibilitando, assim, a recuperação de amostras de materiais rochosos, contínuas e com formato cilíndrico, de testemunho. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem Rotativa (SR) INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem Rotativa (SR) De forma resumida e simplificada, o sistema é composto por uma haste metálica acoplada a um tubo cilíndrico denominado barrilete, o qual tem a função de armazenar o testemunho. Na extremidade do barrilete localiza-se a coroa que, ao girar e pressionar o material geológico (pela ação mecânica do equipamento) é capaz de cortá-lo, produzindo assim as amostras (que normalmente são armazenadas no interior de uma camisa metálica, situada dentro do barrilete). Dependendo da necessidade observada em campo, adotam-se diferentes tipos de coroas. As que são feitas de pastilhas de vídia (Aglomerado de carbonetos de metais raros de alta dureza) são empregadas nos cortes de rochas mais brandas, enquanto para rochas mais resistentes costuma-se utilizar coroas dotadas de pequenos grãos de diamantes industriais (coroa diamantada). INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem Rotativa (SR) Os diâmetros das coroas e dos barriletes é variado. Normalmente os furos das investigações apresentam variação telescópica do seu diâmetro, isto é, à medida que a profundidade aumenta o diâmetro vai se reduzindo gradativamente. Isto é feito para auxiliar o processo de revestimento do furo (o revestimento é feito de cima para baixo e cada novo nível deve ser capaz de deslizar por dentro do nível anterior), garantindo assim a estabilidade estrutural do furo de sondagem. A Tabela a seguir, (elaborada a partir de uma obtida na internet), apresenta uma relação de diâmetros comerciais para a obtenção dos testemunhos. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem Rotativa (SR) 36,0 36,0 22,0 35,0 35,0 29,0 1,4 46,0 46,0 32,0 44,0 44,0 37,0 3,5 56,0 56,0 42,0 54,0 54,0 47,0 4,4 66,0 66,0 52,0 64,0 64,0 57,0 5,2 76,0 76,0 62,0 74,0 74,0 67,0 6,3 86,0 86,0 72,0 84,0 84,0 77,0 7,2 101,0 101,0 84,0 98,0 98,0 89,0 10,5 116,0 116,0 86,0 113,0 113,0 104,0 12,4 131,0 131,0 101,0 128,0 128,0 119,0 13,8 146,0 146,0 116,0 143,0 143,0 134,0 15,4 Si st em a M ét ric o (C ra el iu s) Sistema Diâmetro do Furo (mm) Diâmetro da Perfuração (mm) Diâmetro do Testemhunho (mm) Tamanho (mm) Diâmetro Interno (mm) Diâmetro Externo (mm) Peso (kg/m) Coroas Revestimentos INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem Rotativa (SR) A avaliação do ensaio se dá, justamente, através da análise do material recuperado. É importante frisar que, quando o material prospectado se encontra muito fragmentado, é possível que a recuperação não consiga ser realizada. As principais informações que este ensaio fornece são o tipo de rocha investigada e o grau de faturamento do maciço rochoso. Ao se executar uma campanha de ensaios rotativos, os engenheiros podem posicionar os logs conforme suas posições topográficas, e assim, estimar o cenário geológico existente. Isto é particularmente útil em projetos de túneis e de barragens, onde o grau de fragmentação do maciço rochoso e as propriedades mecânicas do material existente são de grande importância para que se estabelece as premissas de projeto. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem Rotativa (SR) Além disso, se necessário, as amostras de rochas recuperadas podem ser utilizadas em ensaios específicos de laboratório, de modo que muitas de suas propriedades podem ser estudadas. Por exemplo, é possível obter informações relacionadas à permeabilidade, índice de vazios, peso específico, minerais constituintes e até a estimativa de seus parâmetros de resistência. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem Rotativa (SR) Testemunhos INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Testemunhos INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem Rotativa (SR) – Links com informações complementares: Vídeo de execução de sondagem rotativa (empresa APL): https://youtu.be/WMkPmUSqq0A Equipamentos versáteis de investigação (Damasco Penna): https://damascopenna.com.br/equipamentos/ Barriletes, coroas e afins – padrões comerciais (ICEMS) http://www.icems.com.br/ INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem Rotativa (SR) A imagem ao lado ilustra testemunhos de rochas obtidas a partir de sondagens rotativas. A partir da análise deles é possível definir um índice denominado RQD (Rock Quality Designation), cuja finalidade é proporcionar um critério quantitativo para especificar o nível de integridade do maciço investigado. Por exemplo, conforme a imagem ao lado: 37cm 17cm 20cm 60cm 13cm 200cm Testemunho INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem Rotativa (SR) Além disso, os testemunhos podem ser classificados quanto ao grau de alteração, faturamento e coerência, conforme apresentado nas tabelas a seguir. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem Rotativa (SR) INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem Rotativa (SR) INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem Rotativa (SR) INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Sondagem Mista (SM) As sondagens mistas nada mais são do que a combinação entre as sondagens a percussão e as sondagens rotativas. O engenheiro deve contratá-la sempre quando o conhecimento do solo e do embasamento rochoso subjacente forem pertinentes para o desenvolvimento do projeto (o que é comum em projetos especiais de maior porte, tais como construção de portos, barragens, tuneis, transposições de rios e, as vezes, até em algumas estruturas de contenção. O boletim de sondagem fornece as informações típicas da sondagem a percussão nos trechos onde o avanço da investigação for feito por este tipo de ensaio e, da mesma forma, fornece as características de um boletim de sondagem rotativa nos trechos onde se empregar esta técnica de prospecção INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Ensaio de Penetração do Cone in Situ (CPT e CPTU) O Ensaio de Penetração do Cone in Situ, ou simplesmente ensaio CPT (Cone Penetration Test) é uma técnica que visa caracterizar algumas propriedades do solo no campo. Entre 1991 e 2015, este ensaio foi regulamentado no Brasil pela norma técnica NBR 12069, a qual foi cancelada por estar muito defasada. Por ainda não ter sido atualizada, é comum que os profissionais do ramo se apoiem nas recomendações de normas técnicas estrangeiras, com destaque para a ASTM D3441. O ensaio se consiste em introduzir um cone dotado de sensores que são capazes de medir a força (e a tensão) durante a sua cravação no solo, a qual é correlacionada com a resistência dosolo. O ensaio CPTU, ao contrário do CPT, possui ainda um sensor capaz de estimar a poropressão, sendo assim um ensaio mais completo. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Ensaio de Penetração do Cone in Situ (CPT e CPTU) INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Ensaio de Penetração do Cone in Situ (CPT e CPTU) O cone é introduzido no solo sob uma velocidade constante, tipicamente, algo entorno de 2cm/s, através de um sistema hidráulico instalado em um veículo cujo peso próprio atua como apoio para a reação da força de cravação. A penetração das hastes, que possuem comprimento de 1m, é feita continuamente, alternando-se com a retração do pistão hidráulico para que seja realizada a instalação da haste subsequente. O equipamento é capaz de medir a resistência de ponta (qt) e por atrito lateral (ql) (sendo a razão de fricção definida como fs = ql/qt ) bem como a medição da poropressão, quando se tratando do ensaio CPTU. As leituras são fornecidas através de estratigrafia impressas nos boletins do ensaio. É conveniente solicitar, previamente, ao executor do ensaio que seja disponibilizado, além da estratigrafia, uma planilha com os resultados numéricos obtidos, de tal forma que os dados do ensaio possam ser trabalhados de forma mais adequada pelos projetistas. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Ensaio de Penetração do Cone in Situ (CPT e CPTU) INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Ensaio de Penetração do Cone in Situ (CPT e CPTU) O ensaio CPT, ao contrário da sondagem a percussão, não fornece amostras do material. Todavia, a correlação entre as leituras da resistência da ponta do cone e na luva responsável por medir o atrito lateral podem ser utilizadas para se estimar o tipo de solo atravessado, com auxílio do ábaco apresentado na imagem ao lado. Desta forma, tem-se uma análise indireta do perfil geológico investigado. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Ensaio de Penetração do Cone in Situ (CPT e CPTU) 1 Solo fino sensível 2 Matéria Orgânica 3 Argila 4 Argila siltosa a argilosa 5 Silte argiloso a argila siltosa 6 Silte arenoso a silte argiloso 7 Areia siltosa a silte arenoso 8 Areia a areia siltosa 9 Areia 10 Areia a Areia com pedregulho 11 Solo fino muito rijo 12 Areia a areia argilosa INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Ensaio de Penetração do Cone in Situ (CPT e CPTU) O CPT é um ensaio particularmente adequado para estimar os parâmetros dos solos moles (onde o SPT é pouco eficiente), ou ainda, para ser diretamente aplicado no projeto de fundações profundas, afinal, a penetração do cone estático cria esforços que muito se assemelham à cravação de uma estática, dando indícios do comportamento de um elemento de fundação desta natureza. Como se verá adiante, no capitulo referente ao dimensionamento de fundações, o resultado do ensaio CPT é utilizado para estimar a capacidade de carga de fundações profundas através do emprego de diferentes metodologias semiempíricas, as quais vem sendo propostas, ao longo dos anos, por diversos pesquisadores que se dedicam ao tema. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Ensaio de Penetração do Cone in Situ (CPT e CPTU) INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Ensaio de Penetração do Cone in Situ (CPT e CPTU) INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Dynamic Probe Light (DPL) O DPL (Dynamic Probe Light ou Penetrômetro Dinâmico Leve) é um equipamento relativamente leve e portátil utilizado para realizar uma investigação geotécnica com processo executivo parecido com a da sondagem a percussão. Uma massa de 10kg, liberada a partir de uma altura de 50cm transfere a energia necessária para que uma ponteira cônica com área de 10cm² seja capaz de penetrar o solo. O número de golpes necessários para um avanço de 10cm do amostrador é medido, o qual é caracterizado pela sigla N10. Todavia, o DPL é capaz de detectar a estratigrafia do solo e aferir a resistência de ponta, bem como lateral, a exemplo de um ensaio CPT, permitido assim que se obtenha a razão entre essas duas resistências. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Dynamic Probe Light (DPL) Uma modificação deste ensaio, conhecida como DPL de Nilsson, foi desenvolvida no Brasil logo no começo do século XXI, agregando um torquímetro e dispensando o uso de motorização, entre outras alterações. Desta forma, o ensaio permite a obtenção da medida de torque, a exemplo do SPT-T. A principal desvantagem deste ensaio é o fato dele ainda não ser amplamente difundido na comunidade geotécnica, o que só pode ser superado através do tempo, à medida que pesquisadores e projetistas forneçam cada vez mais subsídios teóricos para embasar a obtenção dos parâmetros geotécnicos através desta técnica investigativa. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Dynamic Probe Light (DPL) Outra grande limitação do DPL é que a profundidade limite da investigação é de apenas 12 metros, limitando o seu emprego a situações de projetos que não influenciem o comportamento mecânico do solo a profundidades superiores a esta. O DPL, contudo, não deve ser visto como um mero substituto da sondagem a percussão ou do cone de penetração estático, tendo seu emprego recomendado em situações onde se deseja investigar solos argilosos de consistência mais baixa. Isso não significa, entretanto, que o ensaio não possa ser realizado em solos granulares ou mais rígidos. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Dynamic Probe Light (DPL) Um ponto a favor de convém ser lembrado é o porte do equipamento, o qual permite que ele seja utilizado em locais cobertos (como o subsolo de uma edificação) onde a altura do pé direito inviabiliza a instalação do equipamento para sondagem a percussão. A representação de um boletim de sondagem DPL é apresentada na imagem a seguir. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Dynamic Probe Light (DPL) (DPL de Nilsson. Fonte: Waldemar Sacramento Neto, dissertação USP, 2015) INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Dynamic Probe Light (DPL) Boletim de sondagem → INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Ensaio da Palheta (Vane Test) Este ensaio consiste na medição do torque necessário para produzir a rotação de um molinete ou uma palheta cravada no solo, sob velocidade constante. Possui o objetivo indicar o valor da resistência ao cisalhamento de materiais argilosos, sob condições não drenadas (Su). Costuma ser realizado em paralelo às sondagens a percussão, onde a informação obtida no vane test é confrontada com a análise tátil visual obtida pela percussão. Este ensaio é amplamente realizado, sobretudo, em projetos de aterros sobre solos moles. É considerado um ensaio econômico, prático e simples. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Ensaio da Palheta (Vane Test) O aparelho é constituído de um torquímetro acoplado a um conjunto de hastes cilíndricas rígidas e tem na outra extremidade uma palheta formada por duas lâminas retangulares, delgadas, dispostas perpendicularmente entre si. Se não for possível cravar o conjunto palheta-hastes no solo, devido à existência de uma camada superficial resistente, realiza-se um pré-furo (o próprio furo da sondagem a percussão, quando executados juntos) e utiliza-se um tubo de revestimento. Essa inserção do tubo provocará o amolgamento do solo e, por isso o ensaio deverá ser executado a uma profundidade mínima de 5 vezes o diâmetro do tubo, abaixo da sua ponta. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Ensaio da Palheta (Vane Test) O ensaio deve ser realizado apenas em solos muito brandos (Nspt <2), predominantemente argilosos (mais de 50% da matriz) e sem a presença de lentes de areia (é conveniente fazer uma investigação preliminar antes de decidir a locação dos pontos de ensaio). INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Ensaio da Palheta (Vane Test) d h M INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Ensaio da Palheta (Vane Test) INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Ensaio da Palheta (Vane Test) INVESTIGAÇÕES DE CAMPO Ensaio da Palheta (Vane Test) 𝑆𝑡 = 34,17 20,03 = 1,70 (𝑝𝑜𝑢𝑐𝑜 𝑠𝑒𝑛𝑠í𝑣𝑒𝑙)
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