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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Biblioteconomia Curso: Fundamentos da Biblioteconomia Prof: Janaina 2020.1 – Matutino Leticia Ferreira Resumo - ORTEGA Y GASSET, José. Missão do bibliotecário. No texto pode ser observado três ideais particulares: o primeiro tem um sentido filosófico - Ortega expõe sua concepção de vida humana, de missão pessoal, e a missão profissional do homem. O segundo é destinado a explicar a origem e o desenvolvimento do ofício de bibliotecário. E no terceiro, Ortega tenta definir qual seria a missão do bibliotecário de acordo com suas concepções. Descartes deixou a seguinte frase aos seus vinte anos: “Quod vitae sectabor iter?” que significa, “qual caminho de vida devo seguir?”. Segundo definição, missão abrange tudo que um homem deve fazer em sua vida. É constatável então, que a pessoa deve escolher uma vocação num certo ponto de sua vida, o que chega a ser estarrecedor, pois isso confirma o fato do humano ser a única criatura a qual o universo não lhe atribuiu uma orientação predefinida. Como missão é algo inevitável ao indivíduo, sem missão não há homem. Ortega parte de um ponto de vista bastante existencial: o ser humano severamente confronta suas decisões, e enfrenta uma luta interna a fim de escolher um caminho dentre várias opções que competem entre si. A capacidade do homem, portanto, não será a escolha de seu ser, mas adaptação. Ele deve ligar a liberdade com a necessidade. Sabe-se que a natureza do homem é constituída basicamente por uma essência variável, migratória, evolutiva. Sendo assim, estamos mergulhados numa espécie de plano concreto real, onde precisa-se fazer aquilo que deve ser feito, e isto é previamente definido. Junto com a missão individual, Ortega define a missão profissional, ou seja, o conjunto de ações que levam a um desempenho eficiente da profissão. As profissões são a estrutura que constitui o conjunto de missões ou necessidades social. Segundo o autor, a profissão começou como uma inspiração legal e criadora da faceta humana, e isso mudou a forma de como a sociedade enxerga seus indivíduos. Cada pessoa é julgada de acordo com sua ocupação, e a ela são impostas obrigações. O cidadão atua sob sua própria responsabilidade nas obrigações de seu contrato perante a sociedade: isso remete ao conceito de Contrato Social do filósofo Rousseau. Portanto, de acordo com Ortega, a liberdade imposta na escolha da missão individual, é restrito e mediado quando o ser humano se torna profissional, pois esse título traz uma série de direitos e obrigações provenientes de relacionamentos sociais. Entende-se que a missão do bibliotecário não é determinada de acordo com os critérios de cada pessoa, e sim, de acordo com as necessidades dos serviços sociais que ela presta, e do período histórico. Qualquer vocação é determinada pelo período histórico e a mesma evolui juntamente a outras. Se os livros não forem sentidos como uma necessidade social, a existência do bibliotecário será inútil. Historicamente, o livro apareceu como uma necessidade de se comunicar no espaço tempo. O mesmo transmite pensamentos, ideias e sentimentos, os quais resultam na evolução e progresso da sociedade. Porém, vê-se que a partir da invenção da imprensa, a quantidade de livros disponíveis se tornou ampla, gerando uma inevitabilidade de um apoio profissional que comprisse as funçoes de conservar, catalogar, classificar, distribuir e divulgar as obras. O livro então ganha uma nova valia capaz de libertar o homem da medievalidade, e aperfeiçoar os conceitos de filosofia, sociedade, economia e cultura, resultando no nascimento de um novo ser humano sapiente e capaz de pensar sozinho. O novo homem tipográfico é perito em registrar sua experiência através do sentido visual, com a leitura de um objeto (o livro). Isso faz com que o homem adquira uma novo método de vivenciar a realidade. A psique humana foi transformada, o tempo se tornou linear e abandonou-se o pensamento fantástico, modificando-o para o lógico racional. E o núcleo disso tudo é a biblioteca, a qual se torna essencial na distribuição dos materiais necessários para essa transição. É com a Revolução Francesa - e seus ideais de igualdade, democracia e dessacralização cultural - que Ortega manifesta a conexão entre soberania popular e erudição. Foi nesse contexto histórico que o ofício de bibliotecário se oficializa. O livro se torna um dispositivo imprescindível a favor da educação e difusão da superfluidade de opiniões. Interpreta-se que Ortega induz um certo otimismo ao apresentar uma nova missão para o bibliotecário. Sendo assim, imerso neste ambiente, ele projetou o novo compromisso, cujo a ação será orientada em três direções: A primeira, seria a criação de uma técnica bibliográfica automação rigorosa, por meio do catálogo. O autor indica a necessidade de construir uma sistema de enumeração bibliográfico padronizado, permitindo a corporificação da informação de todos os impressos, a fim de identificar os conteúdos. A segunda está fundamentada na organização de impressos. Nessa base, convém a função do bibliotecário em preparar bibliografias que irão permitir ao leitor uma certa simplicidade. Será função do bibliotecário de não controlar e crie a produção, mas peneirar, selecionando e definindo o que é mais útil para o leitor. A terceira é baseada na orientação do leitor, convertendo o bibliotecário em um "filtro” que auxilia o fluxo entre o legente e as obras. Os conhecimentos de psicologia permitem ao bibliotecário a guiar, aconselhar e canalizar as preocupações intelectuais do usuário. Em conclusão, pode-se considerar Ortega como um dos precursores da “onda” bibliográfica, juntamente a Robert Estival, o executor da obra “Bibliologie” - a qual definiu a disciplina bibliometria, responsável pela estatística bibliográfica que demonstrou a existência de ciclos de criação intelectual e artística. O autor finaliza enunciando que a nova missão da biblioteca não é a administração simples do livro e sim da função indispensável do que é o livro. O impresso é uma pensamento escrito capaz de materializar a memória humana. Sendo assim, a biblioteca cumpre seu ofício quando os livros presentes nas estantes personificam seus escritores e liberam sons, imagens sentimentos, ideias e informações que viabilizam o conhecimento, reflexões e difusão de pensamentos. Considerar a biblioteca como uma “depósito”, significa afastá-la da sociedade. Ela deve informar, comunicar, circular e emprestar. Deve ser um centro cultural da comunidade com fóruns de discussão, debates e exposições. Enfim, ela deve ser um cerne de vida tão proativo quanto a sociedade que a utiliza.
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