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Conceitos Básicos de Microeconomia para Empresas

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ECONOMIA EMPRESARIAL - MICROECONOMIA 1
O texto apresenta os conceitos microeconômicos básicos sobre o comportamento do
consumidor e a determinação da demanda individual e de mercado dos bens e serviços;
sobre a tecnologia de produção, custos de produção e determinação da oferta; bem como
sobre a formação de preços em mercados competitivos (concorrência pura) e pouco ou não
competitivos (oligopólio e monopólio).
Esta apresentação se justifica pela importância da economia para o quotidiano das
pessoas físicas e jurídicas, uma vez que muitas utilizam os conceitos econômicos, mas não
os conhecem. Se os conceitos fossem conhecidos e bem interpretados, poderiam contribuir
para a sobrevivência e expansão das empresas, na melhoria do poder aquisitivo dos
cidadãos e na formação de estruturas institucionais mais eficientes e menos burocráticas.
1 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E DEMANDA DOS BENS E
SERVIÇOS
1.1 Comportamento do Consumidor, Demanda Individual e Demanda de Mercado,
Curvas de Engel e relação entre bens em mercados correlacionados
A teoria do comportamento do consumidor combina a análise dos gostos e
preferências das pessoas com suas restrições orçamentárias (renda e preços dos bens) e as
escolhas racionais daí decorrentes. Em outras palavras, dadas as preferências e limitações
de renda das pessoas, quais seriam as combinações de produtos adquiridos pelo consumidor
que maximizam sua satisfação? A partir daí pode-se determinar a demanda individual de
um bem ou serviço, a demanda de mercado, as curvas de Engel e explicar as razões das
relações entre as quantidades demandadas e os preços e as quantidades demandadas e a
renda das pessoas.
1.1.1 Gostos e preferências
A visualização dos gostos e preferências parte das seguintes premissas: que o
consumidor tem pleno conhecimento do seu poder aquisitivo, dos bens e serviços
disponíveis no mercado e dos preços de venda; que o consumidor apresenta uma escala de
preferência ou de indiferença, ou seja, que ele consegue ordenar suas preferências em
relação às várias combinações de bens e serviços que proporcionam maior, igual ou menor
satisfação; e que quantidades maiores de mercadorias são preferíveis a quantidades
menores.
Destas premissas, que conferem características de racionalidade a teoria, é possível
apresentar os gostos e preferências em relação a duas mercadorias ou duas cestas de
mercadorias A e B através de um conjunto de curvas de indiferença, denominado mapa de
indiferença. Cada curva de indiferença evidencia as diferentes combinações dos bens que
geram igual nível de satisfação ao consumidor, ou as quais o consumidor é indiferente.
Logicamente, curvas de indiferença mais altas representam combinações de bens que geram
maior nível de satisfação do que curvas de indiferença mais baixas.
Cada curva de indiferença é negativamente inclinada, mostrando a possibilidade de
substituição de um bem por outro pelo consumidor, mantendo o seu nível de satisfação;
duas curvas não se interceptam, porque seria uma irracionalidade econômica; apresentam
1 Eugenio Libreloto Stefanelo. Doutor em Engenharia de Produção e professor da FAE Centro Universitário e
da UFPR, nos cursos de graduação e pós graduação.
ordenação apenas ordinal, mostrando combinações de bens mais, menos ou igualmente
preferidas pelo consumidor, sem especificar o quanto; e com taxa marginal de substituição
de um bem por outro, ao longo de cada curva, normalmente decrescente, evidenciando que
a maioria dos bens são substitutos imperfeitos e que a curva é convexa em relação a origem
dos eixos. Gráfico e tabela.
A taxa marginal de substituição de um bem por outro representa o quanto o
consumidor está disposto a substituir uma mercadoria por outra, mantendo o seu nível de
satisfação. Sempre é calculada ao longo de uma curva de indiferença, como mostrado na
tabela abaixo.
Quantidade de A Quantidade de B TMgSA/B
20 2
14 4 3
10 6 2
7 8 1,5
5 10 1
4 12 0,5
Se os produtos fossem substitutos perfeitos, a mesma quantidade de um produto
seria substituída por unidades adicionais de outro e a taxa seria constante ao longo da curva
de indiferença, que neste caso seria uma linha reta, como mostrado no gráfico e tabela
abaixo.
Mas se os produtos fossem complementares perfeitos a curva de indiferença
formaria um ângulo reto e as taxas seriam ou zero ou infinito, porque uma única
combinação de bens seria adequada ao consumidor, como, por exemplo, um sapato pé
esquerdo e outro pé direito, ou uma cabine de cobrança de pedágio e uma pista para
passagem dos carros nos postos de pedágio.
Quantidade de A Quantidade de B TMgSA/B
20 2
16 4 2
12 6 2
8 8 2
4 10 2
0 12 2
1.1.2 Restrições Orçamentárias.
São representadas pela renda que o consumidor recebe e pelos preços que ele paga
na aquisição dos bens e serviços, limitando as possibilidades das suas escolhas.
As combinações de bens que o consumidor pode adquirir com uma renda disponível
e dados os preços destes bens pode ser mostrada através de uma função de orçamento (ou
de uma reta de orçamento se forem dois produtos): R = A PA + B PB, onde R representa a
renda da pessoa que é gasta na aquisição dos produtos A e B, cujos preços são PA e PB. Por
exemplo, se o consumidor tiver uma renda de R$ 2.000,00 mensais e se os preços de A e B
forem de R$ 10,00 e de R$ 5,00 a unidade, respectivamente, a reta de orçamento é
representada pela equação: 2.000 = 10A + 5B ou A = 200 – 5/10B
A inclinação da reta de orçamento (5/10 na equação acima) é igual à razão entre os
preços das mercadorias e nos informa a proporção que as mesmas podem ser trocadas sem
a ocorrência de alteração no montante total de dinheiro gasto (0,5 unidades de A podem ser
trocadas por uma unidade de B).
Se a renda aumenta, mantidos os preços dos bens, a reta de orçamento se desloca
para a direita, mas sem mudar sua inclinação, evidenciando um aumento do poder
aquisitivo do consumidor. Se a renda reduz ocorre um deslocamento para a esquerda,
reduzindo o poder aquisitivo.
Se o preço de um bem reduz, mantidos constantes a renda e o preço do outro bem, a
reta de orçamento faz uma rotação para a direita, aumentando o poder aquisitivo do
consumidor. Em caso contrário, a reta de orçamento faz uma rotação para a esquerda,
reduzindo o poder aquisitivo.
Se a renda e os preços aumentam ou reduzem na mesma proporção, o poder
aquisitivo não se altera, evidenciando apenas um efeito inflacionário sobre a economia.
Tais fatos destacam os determinantes do poder aquisitivo de uma pessoa ou de suas
possibilidades de adquirir bens e serviços. Estes são sua renda e os preços dos produtos, e o
poder aquisitivo do consumidor aumenta sempre que a renda aumenta e os preços
permanecem constantes ou se os preços reduzem e a renda permanece constante.
1.1.3 A escolha racional do consumidor
Dadas as preferências representadas por duas curvas de indiferença I e I0, no
primeiro gráfico a seguir, e a restrição orçamentária representada pela renda R de R$ 20,00,
PA que é preço de A de R$ 2,00 e PB que é preço de B de R$ 1,00, a combinação de bens
de máxima satisfação do consumidor deve se situar no ponto onde a reta de orçamento
tangenciar a curva de indiferença mais alta (a quantidade de B arbitrada em 13 unidades
(não foi especificada no gráfico a quantidade de A). Isto significa dizer que o consumidor,
dado seu poder aquisitivo, pode adquirir a combinação de bens que está sobre a reta de
orçamento e é a combinação preferida (que gera a máxima satisfação). No entanto, se o
preço do bem B aumentar para R$ 2,00, mantida a renda em R$ 20,00 e o preço do bem A
em R$ 2,00, a reta de orçamento se deslocará para a esquerda, evidenciando uma redução
do poder aquisitivo do consumidor e a quantidade adquirida do bem B reduzirá para uma
quantidade arbitrada em 4 unidades. Dessa situação descrita é possível estabelecer a
demanda individual do bem B pelo consumidor. Ela mostra a relação entre as diferentes
quantidades deste bem que o consumidor está disposto e apto adquirir, aos vários níveis de
preços, num determinado períodode tempo, outros fatores mantidos constantes (ceteris
paribus). Esta relação está mostrada no segundo gráfico a seguir, que relaciona os preços do
bem B de R$ 1,00 e R$ 2,00 e as quantidades adquiridas deste bem nas combinações de
máxima satisfação, de 13 e 4 unidades, respectivamente, mantidos constantes os gostos e
preferências, a renda e os preços dos outros bens e serviços (neste caso do bem A).
A demanda de mercado do mesmo produto ou serviço representa a soma das
demandas individuais, ou seja, ela informa a quantidade total que os consumidores
participantes daquele mercado desejam comprar a cada preço unitário que tenham que
pagar, num certo período de tempo, dado um determinado cenário (ceteris paribus). Além
do preço que aumenta ou reduz a quantidade demandada, este cenário é representado por
diversas outras variáveis como o número dos consumidores, suas rendas, os gostos e
preferências, os preços dos outros bens e serviços, conforme verificado na teoria do
comportamento do consumidor, além de diversas outras variáveis a serem discutidas nos
fatores deslocadores da demanda.
Nota-se que as quantidades demandadas de um produto, tanto na demanda individual
quanto na de mercado, são uma função inversa dos preços. Tal situação se explica por dois
motivos principais. Primeiro, o efeito renda, onde a queda do preço do produto aumenta a
renda real ou o poder aquisitivo do consumidor, mesmo com a renda mensal da pessoa
permanecendo inalterada. O mesmo ocorre quando a renda do consumidor aumenta,
permanecendo inalterados os preços dos bens e serviços, levando-o a dispor das condições
para comprar maior quantidade da mercadoria. O efeito renda pode ser positivo ou
negativo. É positivo, quando a quantidade demandada do produto varia no mesmo sentido
da variação da renda, e tais produtos são denominados ou superiores ou normais. Quando a
quantidade demandada varia em sentido inverso ao da renda (reduz a quantidade quando a
renda aumenta) o produto é denominado inferior e o efeito renda é negativo. O segundo, o
efeito substituição, leva o consumidor a trocar o produto mais caro, cujo preço aumentou,
por outro mais barato e que satisfaça a mesma necessidade, cujo preço ficou relativamente
menor. Este efeito é sempre negativo, pois se o preço do produto aumenta a quantidade
demandada do mesmo diminui, sendo trocado por outro mais barato. Existem outros
efeitos, como a utilidade marginal decrescente dos bens, pois à medida que a pessoa vai
adquirindo maior quantidade de uma mercadoria os acréscimos de satisfação tendem a ser
cada vez menores, induzindo ao pagamento de preços também menores; e o efeito novos
compradores e novos usos, uma vez que a preços menores novos consumidores passam a
ter condições de adquirir o produto e novos usos podem ser encontrados para o produto.
1.1.5 Curvas de Engel
A mesma teoria do comportamento do consumidor é usada para explicar a origem
da Curva de Engel, que relaciona as quantidades demandadas de um bem ou serviço com os
vários níveis de renda do consumidor. Como exercício, sugere-se repetir os gráficos
anteriores mostrando duas curvas de indiferença, duas retas de orçamento em função da
variação da renda e mantidos os preços dos bens constantes, as combinações de máxima
satisfação e a derivação da curva de Engel.
A relação entre estas duas variáveis possibilita a classificação dos bens e serviços
em três categorias: superiores, normais ou inferiores. Nos dois primeiros casos, o consumo
e a renda variam no mesmo sentido e para os bens inferiores quando a renda aumenta o
consumo reduz. Um bem inferior não significa necessariamente que ele é qualitativamente
inferior, ele apenas apresenta algumas características que as classes de maior renda não
desejam. Uma discussão mais apurada será efetuada quando for dado o conceito de
elasticidade renda da procura.
1.1.6 Bens Substitutos e Complementares
Para muitos produtos, a demanda de um deles está relacionada ao consumo e ao
preço de outro, evidenciando a existência de efeitos do preço de um bem sobre o mercado
de outro bem correlacionado.
São denominados de substitutos os bens cujo aumento do preço de um provoca um
aumento da quantidade demandada do outro. Por exemplo: o aumento do preço da gasolina
induz ao aumento do consumo de álcool como combustível, nos carros com tecnologia flex.
O mesmo ocorre entre o preço da carne bovina e o consumo da carne de frango.
São denominados complementares os bens quando o aumento do preço de um
provoca a redução na quantidade demandada do outro, como, por exemplo, a relação entre
a redução do preço dos equipamentos de informática e o aumento da quantidade
demandada de programas de computador. Outro exemplo atual é o aumento do preço da
energia que provocou a queda na quantidade demandada de carros com alto consumo de
combustível.
Por fim, se a variação do preço de um bem não influenciar a quantidade demandada
do outro, estes bens são denominados de independentes.
1.2. Elasticidades da demanda
Entre as variáveis que afetam a quantidade demandada (Q) de um produto
destacam-se o preço (P) do produto, a renda dos consumidores (R) e os preços dos demais
bens substitutos (Ps) e complementares (Pc).
Para medir qual a variação na quantidade demandada decorrente da variação em
qualquer uma destas variáveis usa-se o conceito de elasticidade, que determina a forma das
curvas de demanda e das curvas de Engel. Embora pareça um palavrão, é importante que
consumidores, empresas e governo, ao adotarem uma política em relação ao mercado de
um produto, tenham antes uma noção da sua elasticidade, para não colherem resultados
desastrosos e inversos aos inicialmente pretendidos.
Três elasticidades são a seguir estudadas, a elasticidade preço da procura, a
elasticidade renda da procura e a elasticidade cruzada da procura.
1.2.1 Elasticidade preço da procura (EPP)
A EPP mede a variação percentual na quantidade demandada decorrente da variação
percentual no preço de venda do produto. Por exemplo, se o aumento de 20% no preço de
mercado, de R$ 10,00 para R$ 12,00 à unidade, provocar a redução de 10% na quantidade
demandada, de 500 para 450 mil unidades, a EPP é –0,5, ou seja, 10% / 20%. O sinal
menos (-) indica que a quantidade demandada varia no sentido inverso ao do preço e o
resultado mostra que a quantidade demandada aumenta ou reduz em 0,5% se o preço de
venda do produto reduz ou aumenta em 1%.
Existem duas maneiras, matematicamente falando, de calcular a EPP: no arco (entre
duas observações de preços e quantidades, como no exemplo anterior) e no ponto (quando
existe a equação matemática da curva de demanda, como, por exemplo, Q = a – bP). No
arco, usa-se a fórmula EPP = Q/Q / P/P, onde o numerador representa a variação
percentual na quantidade demandada e o denominador a variação percentual no preço do
bem. O cálculo da EPP no ponto é efetuado através da fórmula EPP = δQ/δP * P/Q, ou seja,
a derivada da quantidade em relação ao preço multiplicado pela relação preço/quantidade.
Os produtos podem apresentar demanda inelástica a preço, como no exemplo dado
anteriormente, porque a quantidade demandada varia numa proporção menor do que o
preço. Em outras palavras, a quantidade demandada é pouco sensível às variações do preço.
Neste caso, os resultados da EPP variam entre zero e -1 (lembre que a EPP sempre
apresenta sinal negativo). Enquadram-se nesta categoria os bens essenciais – como os
alimentos básicos e remédios de uso continuado, os produtos diferenciados e com pouca
disponibilidade de substitutos no mercado ou aqueles produtos onde os consumidores são
muito fiéis à marca, os bens com poucos usos alternativos – como os alimentos, os bens
cujo preço representa muito pouco da renda do consumidor – como o sal ou uma caixa de
fósforos, e a demanda dos bens em curto prazo, quando as pessoas têm pouco tempo para
conhecerem e se ajustarem às alternativas existentes no mercado. Graficamente é fácil
perceber que quanto mais acentuada for a inclinação da curva de demanda menor será a
elasticidadeda demanda (mais inelástica a preço)
Os produtos podem apresentar demanda elástica a preço quando a quantidade
demandada varia numa proporção maior do que o preço. Neste caso o resultado é menor do
que a unidade, em valores relativos. Por exemplo, se a quantidade demandada de um
produto reduz em 15% quando o preço de venda aumenta em 5%, o valor da EPP é de –3.
Enquadram-se nesta categoria os produtos industrializados e com significativa
disponibilidade de marcas substitutas – como o arroz de uma marca X, os produtos
considerados supérfluos, os produtos onde os consumidores são pouco fiéis à marca, os
produtos com muitos usos alternativos, os bens cujos preços representam uma grande
parcela da renda dos consumidores – como os automóveis e televisores, e a demanda dos
bens no longo prazo, quando os consumidores conseguem ajustar seus padrões de consumo
às novas alternativas lançadas no mercado. Por outro lado, bens duráveis como automóveis
e refrigeradores têm demanda mais elástica a preço em curto do que no longo prazo. Estes
bens têm alto estoque possuído pelos consumidores em relação a produção anual e, como
consequência, uma pequena variação no estoque que os consumidores queiram manter pode
resultar numa grande variação percentual das compras no curto prazo. Graficamente
também é fácil verificar que quanto menor for a inclinação da curva de demanda maior a
EPP (mais elástica a preço).
Quando a quantidade demandada de um produto varia na mesma proporção da
variação do preço, a demanda tem elasticidade unitária a preço e o resultado da EPP = -1.
Existem ainda dois casos extremos. Se a quantidade demandada não varia com a
variação do preço, o produto tem demanda perfeitamente inelástica a preço e o resultado da
EPP é zero. Por outro lado, se o preço não varia com a variação da quantidade demandada o
produto apresenta demanda perfeitamente elástica a preço e o resultado da EPP é infinito.
É fundamental ressaltar que existe uma relação direta entre a receita das empresas
(preço x quantidade vendida), o gasto dos consumidores (preço x quantidade comprada) e a
elasticidade preço da procura. Se um produto tem demanda elástica a preço (se a
quantidade demandada for sensível às variações do preço), uma pequena redução do preço
gera um grande aumento da quantidade demandada e, como consequência, da receita da
empresa e do gasto do consumidor. Se a demanda for inelástica a preço (se a quantidade
demandada for pouco sensível às variações do preço), um significativo aumento do preço
gera uma pequena redução da quantidade demandada, elevando também a receita da
empresa e o gasto do consumidor.
Por último, deve-se ressaltar que uma mesma curva de demanda apresenta valores
diferentes de EPP dependendo do ponto onde se analisa a relação preço e quantidade ao
longo da curva. Para exemplificar esta situação e a relação entre a EPP e a receita da
empresa ou o gasto dos consumidores toma-se a demanda hipotética Q = 6 – P, mostrada na
tabela e no gráfico a seguir. A inclinaçãoQ/P ou δQ/δP é constante e igual a –1, mas a
relação P/Q varia ao longo da reta. Assim, o preço e a quantidade 3 geram a máxima receita
ou gasto e, neste ponto, a EPP = -1. Para os preços superiores a R$ 3 a demanda é elástica a
preço e a redução dos mesmos provoca um aumento na receita ou nos gastos. Para preços
inferiores a R$ 3 a demanda é inelástica a preço e a redução dos mesmos gera a redução da
receita ou dos gastos dos consumidores.
Preço P Quantidade Q Receita ou Gasto: P*Q EPP
6 0 0 ∞
5 1 5 -5
4 2 8 -2
3 3 9 -1
2 4 8 -0,5
1 5 5 -0,2
0 6 0 0
1.2.2 Elasticidade Renda da Procura (ERP)
A elasticidade renda da procura relaciona a variação da quantidade demandada
decorrente da variação na renda das pessoas. Ela mostra a resposta dos consumidores a
variações em suas rendas, ao longo da curva de Engel.
Matematicamente: ERP = Q/Q / R/R
Se um aumento na renda (por exemplo de 5%) provoca um aumento maior na
quantidade demandada (por exemplo de 10%), o produto é chamado de superior e a ERP =
2, ou seja, o aumento de 1% na renda das pessoas gera um aumento de 2% na quantidade
demandada do produto. Para esta categoria de bens o valor da ERP é positivo e maior do
que 1.
Se o valor da ERP for positivo e menor do que 1 (exemplo ERP = 0,4), o aumento
de 1% na renda provoca um aumento de apenas 0,4% na quantidade demandada, e o
produto é denominado normal.
No entanto, existem produtos onde a quantidade demandada reduz com o aumento
da renda, gerando um valor de ERP negativo (menor do que zero). Estes são denominados
de inferiores e quem mais os compram são as classes de menor renda.
De forma geral a maioria dos produtos é normal ou superior e apresentam aumento
de consumo à medida que a renda das pessoas aumenta, como os automóveis,
eletrodomésticos, roupas, imóveis, alimentos processados e muitos outros. Mas alguns são
consumidos pelas classes de menor renda como a carne de segunda, roupas comuns (sem
marca), automóveis populares, serviço de transporte urbano, enquadrando-se na categoria
de inferiores.
A maioria dos produtos citados tem ERP maior em longo prazo, mas os bens
duráveis, como automóveis e eletrodomésticos, cujos estoques possuídos pelos
consumidores são elevados, apresentam maior ERP em curto prazo. Por exemplo, se os
consumidores desejarem aumentar as compras de automóveis em 5%, considerando o
estoque de 25 milhões de carros, isto representa 1,25 milhão de unidades (ou
aproximadamente metade da produção anual brasileira). É por esta razão que a demanda
por bens duráveis flutua acentuadamente com as variações anuais do PIB (ou da renda), e
as indústrias produtoras de tais bens são tão dependentes das condições da política
macroeconômica adotada pelo governo.
1.2.3 Elasticidade Cruzada da Procura (ECP)
A ECP evidencia os efeitos sobre a demanda de um produto resultante das variações
nos preços de outro produto a ele relacionado, complementar ou substituto. Mostra o
quanto varia a quantidade demandada de um produto A (por exemplo, automóvel) se
ocorrer uma variação no preço de outro produto relacionado, complementar ou substituto –
Pc ou Ps (exemplo combustível).
Matematicamente: ECP = QA/QA / Ps/Ps ou QA/QA / Pc/Pc
Conforme explicado no item 1.6 percebe-se claramente que os bens substitutos
apresentam o resultado da ECP positivo (maior do que zero), os complementares negativo
(menor do que zero) e os produtos considerado independentes igual a zero.
1.3. Fatores deslocadores da demanda
Uma curva de demanda, numa determinada posição, mostra as máximas
quantidades demandadas pelos consumidores aos possíveis preços alternativos, outros
fatores mantidos constantes.
Além do preço, que afeta a quantidade demandada ao longo da curva de demanda,
muitos outros fatores deslocam a própria curva de demanda, para a direita (aumentando) ou
para a esquerda (diminuindo), implicando, portanto, em alteração na posição da mesma.
Alguns dos fatores já foram anteriormente citados. Agora estes e outros são discutidos mais
detalhadamente, porque conhecer o consumidor, estar atento a todos os fatores que
determinam a demanda de um produto ou serviço e ter rápida capacidade de adequação e
resposta evidenciam a dificuldade em se atender à soberania do consumidor e encantá-lo.
1.3.1 Demografia
A demografia estuda a população, onde ela vive e como vive.
Os 210 milhões de brasileiros apresentam uma taxa de crescimento demográfica de
0,9% ao ano, o que provoca igual expansão média da demanda dos produtos (deslocamento
da demanda para a direita em 0,9% ao ano).
A urbanização da população brasileira vem crescendo continuamente, embora a
taxas decrescentes a partir do final dos anos 80, atingindo 86% do total da população, e
exercendo significativa pressão sobre a demanda de bens e serviços urbanos e sobre a
forma e a logística de distribuição dos produtos.
O aumento do nível de instrução das pessoas (da educação) cria novas necessidades
e, conseqüentemente, a gama e variedade de bens e serviços à sua disposição. Tendem
também ademandar produtos de melhor qualidade e com maior valor agregado.
Da mesma forma, a composição etária da população brasileira está passando por
uma mudança significativa, a partir da redução da taxa de crescimento demográfica e do
aumento da expectativa de vida. Vêm diminuindo, no total da população, a participação das
pessoas com menos de 15 anos e aumentando a participação dos idosos (acima de 60 anos).
Isto muda também o perfil da demanda dos bens e serviços, pois as pessoas de meia idade
(os adultos) tendem a consumir mais, em média, do que as crianças e os idosos, com
exceções como o leite, tênis, brinquedos e medicamentos.
Outro fenômeno significativo é a mobilidade geográfica das pessoas, saindo de suas
regiões de nascimento para outras, como os fluxos migratórios do Sul para o Brasil Central
e Centro Oeste e do Nordeste para o Sudeste. Neste processo, levam hábitos e costumes da
região de origem para as regiões receptoras. Também, embora recente, é a tendência de
reversão dos fluxos anteriormente verificados, agora dos grandes centros metropolitanos
para as cidades de porte médio do interior.
1.3.2 Renda e sua distribuição
Além do tamanho e da taxa de crescimento, a demanda dos bens e serviços depende
fundamentalmente da capacidade de compra da população ou do seu poder aquisitivo.
A renda per capita no Brasil é baixa, comparativamente aos países desenvolvidos,
atingindo o valor de R$ 32.747,00 no ano de 2018 e pouco mais de R$ 34.533,00 mil em
2019, e mal distribuída, fatores que reduzem a magnitude da demanda efetiva, ou das
pessoas com renda para adquirirem os bens e serviços desejados. No entanto, nos últimos
anos, até 2013, tanto a renda per capita aumentou gradativamente quanto a distribuição da
renda melhorou. A partir de 2014 até o presente este processo se inverteu. Apesar disto, a
parcela dos 10% da população com maior renda detém aproximadamente 43% da renda e
os 90% restantes 57%. Pior, o 1% da população mais rica detém pouco menos de 12% da
renda e os 50% mais pobres 19%. Caso a renda per capita fosse maior e melhor distribuída,
a demanda da maioria dos bens e serviços seria maior.
De forma geral, os alimentos in natura são bens normais e tem ERP entre 0,1 a 0,3
(1% de aumento na renda provoca um acréscimo de 0,1 a 0,3% no consumo). Já, os
alimentos processados, carnes mais nobres e derivados de leite mais elaborados, frutas e
verduras selecionadas, roupas, automóveis, eletrodomésticos, serviços de educação, saúde e
lazer, entre outros, tem ERP maior ou são considerados como bens superiores.
1.3.3 Preços dos produtos concorrentes
A abertura da economia brasileira às importações e a globalização da produção, do
comércio e das finanças, ocorridas a partir dos anos de 1990, aumentaram a disponibilidade
de bens e serviços substitutos no mercado interno e o seu grau de competitividade. Como
conseqüência, vem diminuindo o poder de mercado das empresas sobre os preços ou as
mesmas vem se deparando com demandas mais elásticas a preços. Muitas empresas que
não se ajustaram a esta situação, diminuindo os preços dos bens e serviços transacionados,
experimentaram uma redução da demanda no mercado interno.
Antes da abertura da economia a demanda dos produtos transacionáveis era menos
elástica ou mais inelástica a preço, porque havia menos opções disponíveis no mercado, o
que tornava o consumidor menos sensível a preços. Agora, com maior disponibilidade de
marcas e tipos ou de serviços, e com o consumidor menos fiel a uma marca específica, o
consumidor substitui mais facilmente os produtos cujos preços são relativamente maiores,
ampliando a demanda dos seus substitutos.
1.3.4 Marketing
Os gostos e preferências dos consumidores variam com o passar do tempo e novas
necessidades são criadas, afetando a demanda dos produtos e serviços. O marketing de
sucesso provoca dois efeitos sobre a demanda. Primeiro, traz novos consumidores para o
produto ou amplia a quantidade demandada dos atuais e novos consumidores, deslocando a
demanda para a direita, ou seja, aos mesmos preços os consumidores passam a consumir
maior quantidade de produto. Segundo, torna o consumidor mais fiel a uma marca,
tornando a demanda menos elástica ou mais inelástica a preço e conferindo à empresa
maior poder sobre os preços.
1.3.5 Outros fatores deslocadores da demanda
A exportação amplia a demanda internacional sobre os produtos das empresas e
pode se constituir em alternativa a uma redução da demanda interna, provocada por
mudanças na política econômica (como alta nos juros e redução do crédito) ou nas variáveis
aqui descritas.
A sazonalidade implica em maior demanda em determinadas épocas do ano e menor
em outras, obrigando as empresas a adotarem processos adequados de logística e estocagem
e de distribuição dos produtos.
A política macro e microeconômica de combate a inflação tende a reduzir a
demanda dos bens e serviços, implicando inclusive em redução do nível da atividade
econômica. Por outro lado, uma política de estímulo ao crescimento econômico tende a
ampliar a demanda interna e o nível de emprego.
Muitos outros fatores afetam a demanda dos bens e serviços, como a
disponibilidade da mercadoria, sua qualidade e variedade, design, ergonomia, tipo, gosto,
sabor, cor e todas as demais características intrínsecas ou extrínsecas, os prazos de entrega,
a existência de serviços de apoio, o tipo de atividade ou de ocupação desempenhado pela
pessoa, a expectativa de variação dos preços do produto no futuro, a moda, a região
geográfica de residência ou de trabalho do consumidor, o clima e as estações do ano, o sexo
(mulheres tendem a comprar mais do que os homens), a idade, a religião e a origem étnica.
1.4 Excedente do consumidor
Diferentes consumidores têm poder aquisitivo também diferente e atribuem valores
diferenciados ao consumo de cada mercadoria ou serviço. O excedente do consumidor para
uma unidade de um determinado produto corresponde à diferença entre o máximo preço
que o consumidor está disposto a pagar (sobre a curva de demanda) e o preço efetivamente
pago (de mercado) para adquiri-la. Para o conjunto de unidades adquiridas de um produto,
corresponde a soma dos excedentes de cada unidade. A soma dos excedentes de todos os
consumidores de um produto gera o excedente do consumidor em nível de mercado. Ele
mede o bem-estar das pessoas ao adquirirem um bem ou serviço no mercado.
1.5 Demanda ao nível do Produtor
Até aqui foi analisada a demanda primária, em nível do consumidor ou de varejo,
que é quem determina a forma e a posição da curva de demanda dos bens e serviços finais.
No entanto, o mercado é composto por um conjunto de cadeias de produção, onde nenhuma
empresa opera isoladamente dos seus supridores ou fornecedores e dos segmentos de
distribuição no mercado interno ou externo.
As demais demandas relacionadas a esta, dentro das cadeias de produção, são
denominadas derivadas, inclusive a demanda ao nível dos produtores. Por exemplo: porque
ocorre a demanda de pão pelos consumidores existe uma demanda derivada de farinha
pelas panificadoras e outra de trigo pelos moinhos.
Quando se considera este sistema como um todo, a influência dos operadores sobre
os preços e os termos de troca tende a aumentar a medida que os mesmos se situam mais
próximos dos consumidores finais.
2- PRODUÇÃO, CUSTOS DE PRODUÇÃO, NÍVEL ÓTIMO DE PRODUÇÃO E
OFERTA
Este tópico analisa a oferta, ou o comportamento dos produtores. A teoria da
produção e do custo é de fundamental importância para a gestão econômica das empresas,
porque a oferta, em curto prazo, está relacionada ao custo de produção e este à tecnologia
de produção e aos preços dos fatores empregados na produção. Em mais longo prazo,
quando as empresas podem alterar suas escalas de produção (seu tamanho) bem como o
número das empresas existentes no mercado, relaciona-se às economias e deseconomias de
escala. Estas análises evidenciam, portanto, o comportamento dos produtores em suas
decisões do que, quanto e como produzir, além do tamanho de projeto de empresaa ser
implementado.
2.1 Produção
Durante o processo produtivo as empresas empregam e transformam fatores de
produção em bens ou serviços. A representação desta relação física entre a quantidade de
fatores empregados (Xn) e a quantidade de produto obtido (Q) é efetuada através de uma
função de produção, que mostra uma determinada tecnologia de processo de produção:
Q = F(X1, X2, ...Xn).
Os fatores de produção (Xn) são os recursos naturais (encontrados na natureza), os
recursos humanos (competências, habilidades, conhecimentos e capacidade braçal), o
capital (infraestrutura econômica e social, máquinas, equipamentos, ferramentas,
construções, matérias-primas), a tecnologia (knov how, conhecimentos sobre métodos e
técnicas de produção – tecnologia de processo, melhorias na qualidade dos produtos –
tecnologia de produto e na gestão – tecnologia de gestão) e a capacidade empresarial (de
organizar os fatores dentro de um negócio sustentável em termos econômicos, sociais e
ambientais).
Estes recursos, quanto a sua variabilidade, são classificados em fixos e variáveis.
São fixos quando a quantidade empregada na produção, em curto prazo, não é alterada,
como o capital da empresa - máquinas e construções e a mão de obra fixa. São
considerados variáveis os insumos cuja quantidade empregada aumenta com o aumento da
produção da empresa, como as matérias primas, energia e mão de obra variável.
Pelo exposto se observa, quanto ao período de tempo, que o processo de produção
pode ser considerado em curto ou em longo prazo. Considera-se de curto prazo quando a
quantidade de alguns fatores empregados pela empresa é fixa e de outros é variável. Na
prática, altera-se o nível de produção e de emprego dos fatores variáveis, mas considerando
um determinado tamanho de empresa bem como o número fixo de empresas participantes
do mercado. No longo prazo todos os fatores são variáveis, ou seja, pode ser alterado tanto
o tamanho de cada empresa e seu nível de produção, quanto a tecnologia empregada na
produção, bem como o número de empresas participantes do mercado. Obviamente que
num curtíssimo espaço de tempo praticamente todos os fatores são fixos e quanto maior for
o período de tempo considerado maior o número de fatores que são variáveis.
2.1.1 Tecnologia de produção em curto prazo
Para mostrar as principais relações físicas existentes numa função de produção, o
impacto do principio dos rendimentos decrescentes ou dos rendimentos constantes sobre o
comportamento destas relações e o significado de uma evolução tecnológica, adota-se a
função de produção simplificada, mostrada na tabela abaixo, onde a produção Q depende
das quantidades empregadas de um insumo variável X (exemplo matéria prima) e de um
insumo fixo k (exemplo capital).
X K Q PmeX = Q/X PMgS = Q/X
0 10 0 - -
1 10 10 10 10
2 10 30 15 20
3 10 60 20 30
4 10 80 20 20
5 10 95 19 15
6 10 108 18 13
7 10 112 16 4
8 10 112 14 0
9 10 108 12 -4
Existem três relações físicas importantes numa função de produção: a produção
total, o produto médio e o produto marginal.
A produção total Q é o total de produto resultante das diferentes combinações dos
fatores empregados. Mostra que o aumento da produção depende de maior quantidade
empregada de fatores variáveis, considerando um determinado tamanho de empresa (fatores
fixos).
O produto médio da matéria prima representa a produção por unidade do insumo
variável, ou sua produtividade. É calculado pela divisão da produção total pela quantidade
empregada do insumo (= Q/ X).
O produto marginal da matéria prima evidencia a variação da produção (Q)
decorrente do emprego de uma unidade adicional do insumo variável (X). É o resultado
da divisão Q/X e mostra inclinação da curva do produto total. A produção com mais
de 8 unidades do insumo variável não é tecnicamente eficiente, porque o processo de
produção eficiente não admite a ocorrência de produto marginal negativo, ou decréscimo da
produção total devido ao excesso de emprego do insumo variável (desperdício).
O comportamento destas relações físicas à medida que a produção aumenta depende
do principio dos rendimentos decrescentes ou dos rendimentos constantes na função de
produção.
A lei dos rendimentos decrescentes informa que, à medida que aumento o emprego
de determinado insumo, mantidos os demais fixos, a produção tende a crescer mais do que
proporcionalmente ao emprego do insumo numa primeira fase (dos rendimentos
crescentes), numa segunda fase a produção adicional obtida tende decrescer (dos
rendimentos decrescentes) e numa terceira fase a produção pode inclusive reduzir (dos
rendimentos negativos). Na primeira fase a produtividade do insumo é crescente (PmeX
crescente e PMgX maior do que o médio) e na segunda é decrescente (PmeX decrescente e
PMgX menor do que o médio, mas ambos positivos).
No principio dos rendimentos constantes, a cada unidade de insumo variável
empregado, os acréscimos de produção são os mesmos, evidenciando a produtividade
constante do insumo (PmeX e PMgX constantes e iguais), conforme verificado na tabela
abaixo.
X K Q PmeX = Q/X PMgX = Q/X
0 8 0 - -
1 8 10 10 10
2 8 20 10 10
3 8 30 10 10
4 8 40 10 10
5 8 50 10 10
6 8 60 10 10
7 8 70 10 10
8 8 80 10 10
9 8 90 10 10
Estes princípios são aplicados a uma tecnologia específica. Ao longo do tempo, no
entanto, podem ocorrer inovações tecnológicas de processo ou de gestão que resultam em
maior produção com as mesmas quantidades dos insumos empregados, ou em igual
produção com menor quantidade de insumos. Estas provocam um aumento do produto total
e da produtividade dos insumos (deslocamento para cima da função de produção - do
produto total, médio e marginal).
O conhecimento do comportamento destas relações é fundamental para
compreensão do comportamento dos custos de produção, tratado mais adiante.
2.1.2 Tecnologia de produção em longo prazo
Quando a escala de produção de cada empresa e o número de empresas no mercado
é variável, a questão básica diz respeito ao tamanho de empresa a ser desenvolvido. Neste
caso, é fundamental o conhecimento sobre a possibilidade de substituição de insumos no
processo produtivo e sobre os rendimentos de escala crescentes, constantes ou decrescentes
e seu impacto na decisão sobre o tamanho das empresas. Adota-se novamente uma função
de produção simplificada, mostrada na tabela a seguir, onde a produção Q depende das
quantidades empregadas de dois insumos variáveis X e K (exemplo mão de obra e capital
variando de 1 a 5 unidades). Nota-se que cada linha ou cada coluna da tabela mostra uma
função de produção em curto prazo e, na diagonal, quando ambos os insumos são variáveis,
a função em longo prazo.
Mão de Obra X Capital K1 2 3 4 5
1 20 40 55 65 75
2 40 60 75 85 90
3 55 75 90 100 105
4 65 85 100 110 115
5 75 90 105 115 120
Esta mesma função de produção pode ser mostrada graficamente através de um
mapa de isoproduto ou de isoquantas, onde cada curva de isoproduto ou isoquanta mostra
as diferentes combinações de insumos que geram igual nível de produção. As isoquantas
ordenam os níveis de produção. Ao longo de cada curva se constata a possibilidade de
substituição de um insumo por outro, como, por exemplo, da mão de obra por máquinas.
Isto evidencia a flexibilidade que as empresas têm ao tomarem decisões sobre a produção,
quando determinado volume de produção pode ser obtido por várias combinações de
insumos, motivo pelo qual cada curva é negativamente inclinada.
A taxa pelo qual um insumo é substituído pelo outro se denomina taxa marginal de
substituição técnica e é calculada pela divisão na taxa de variação de um insumo pelo outro.
Por exemplo, a taxa marginal de substituição do trabalho pelo capital (TMgSX/K =
-X/K, onde o sinal – é acrescentado para resultar num número positivo), na curva de
isoquanta correspondente ao nível de produção 75, entre as combinações 5 e 1 e 3 e 2
unidades de trabalho e capital, respectivamente, é 2, mostrando que duas unidades de mão
de obra podem ser substituídas por uma unidade de capital, na produção de75 unidades da
mercadoria. Se os insumos forem substitutos imperfeitos a taxa é decrescente ao longo da
curva de isoproduto, resultando numa curva convexa em relação a origem dos eixos. Caso
os insumos fossem substitutos perfeitos, a taxa seria constante em todos os pontos da
isouquanta, que teria o formato de uma linha reta, evidenciando que o produto poderia ser
obtido pelo uso um insumo ou pelo outro, ou por qualquer combinação dos mesmos. Mas
se o processo de produção fosse em proporção fixa, onde apenas uma combinação
específica de insumos pode ser usada, a isoquanta apresenta o formato em L Por exemplo,
um certo número de vias de passagem num posto de pedágio exige o mesmo número de
cabines de cobrança, ou a seguinte combinação de insumos: uma via de passagem e uma
cabine de cobrança.
Agora passamos a analisar os rendimentos de escala, ou a forma como varia a
produção de uma empresa à medida que o seu tamanho varia (todos os insumos são
proporcionalmente aumentados, inclusive instalações e equipamentos). Quando a produção
aumentar numa proporção maior do que o emprego de todos os insumos, os rendimentos de
escala são crescentes, indicando aumento na produtividade dos insumos com maiores
tamanhos de empresa (PMe e PMg em relação a cada insumo crescentes). Isto pode ser
obtido, por exemplo, pela operação em maior escala que possibilita o uso de mão de obra e
de equipamentos mais especializados, tornando uma grande empresa mais vantajosa
economicamente do que várias pequenas.
Se o tamanho da empresa não influencia a produtividade dos insumos (PMe e PMg
dos insumos constantes), uma unidade de produção poderia ser facilmente copiada, de
modo que duas produziriam o dobro. Neste caso, os rendimentos de escala são constantes.
Finalmente, se o acréscimo de produção não duplicar com a duplicação do tamanho
da empresa, resultando em redução da produtividade dos insumos (PMe e PMg de cada
insumo decrescentes), ocorrem rendimentos decrescentes de escala. Neste caso, empresas
menores seriam mais eficientes economicamente. Poderiam levar a esta situação, por
exemplo, as dificuldades administrativas e a complexidade organizacional e gerencial das
operações em grande escala.
Os rendimentos de escala variam significativamente entre empresas e setores, e
quanto maiores forem os rendimentos de escala, provavelmente maiores serão as empresas
daquele setor. A produção de soja ou milho para comércio, no setor primário, a indústria
automobilística, no setor secundário, e os hipermercados, no setor terciário, são bons
exemplos desta situação.
2.2- Custo de Produção
O tópico inicia pela definição e mensuração dos custos. Analisa como a tecnologia
de produção e os preços dos fatores de produção determinam o custo de produção da
empresa, auxiliando o administrador a decidir como produzir os produtos. Analisa-se,
também, a influência da produção sobre os custos, a forma de escolha de uma combinação
ótima de insumos (minimizadora de custos) e a maneira como os custos podem variar com
o decorrer do tempo.
2.2.1- Quais custos considerar e conceito de custo.
Os contadores consideram os custos contábeis ou explícitos, que abrangem os
custos variáveis e os custos fixos, como depreciação das instalações e equipamentos e
impostos fixos.
Economistas e administradores se preocupam com outros itens adicionais como os
custos de oportunidade da mão de obra própria e do capital próprio. O custo de
oportunidade de um bem corresponde ao valor dos produtos renunciados que poderiam ser
produzidos com igual quantidade de recursos. Por exemplo, o custo de oportunidade do
dono da empresa administrar seu próprio negócio corresponde ao salário que receberia se
trabalhasse em outra empresa, empregando a mesma capacidade.
A definição de custo exige a compreensão da diferença entre gasto, custo, despesa,
desembolso e investimento.
O gasto corresponde ao valor dos recursos disponibilizados pela empresa, usados ou
não na produção do produto e de forma eficiente ou não. Engloba, portanto, as perdas.
O custo de produção de um produto corresponde ao valor dos recursos usados na
sua produção, dentro da melhor tecnologia disponível, ou seja, com perda zero. Este
conceito evidencia que o custo é composto de duas variáveis: a tecnologia de processo
empregada (que determina a quantidade necessária de insumos para se produzir uma
determinada quantidade de produto, ou a produtividade dos insumos) e os preços dos
insumos.
As perdas correspondem a diferença entre o gasto e o custo. Podem ser por
ociosidade (não uso dos insumos) ou por ineficiência (mau uso dos insumos, pelo emprego
de tecnologias de processo defasadas).
O desembolso corresponde aos valores pagos, ou dinheiro que saiu do caixa, porque
a compra ou o aluguel dos fatores de produção pode ser a prazo.
As despesas abrangem os valores pagos para se obter receita, como embalagem,
transporte, propaganda, estocagem, classificação, rotulagem, ou aos custos de
comercialização do produto da porta da empresa até o consumidor.
Os investimentos correspondem à formação dos ativos da empresa, seu patrimônio.
2.2.2- Custos em curto prazo.
O custo total de produção pode ser definido considerando o grau de variabilidade
dos insumos ou o grau de rateio dos custos. É a soma do custo dos fatores fixos (custo fixo
– que não varia com a produção) e do custo dos fatores variáveis (custo variável – que
aumenta com o aumento da produção). Também pode ser considerado como a soma do
custo das matérias-primas e da mão-de-obra direta (custos diretos) e dos custos indiretos de
fabricação, que exigem um critério de rateio para serem atribuídos ao produto.
Saber quais custos são fixos ou variáveis depende do período de tempo. No
curtíssimo prazo praticamente todos os custos são fixos e no longo prazo todos são
variáveis.
Tais valores de custos podem ser expressos em valores por unidade de produto. O
custo médio é o custo por unidade produzida do bem e se obtém pela divisão do custo total
pela quantidade produzida do produto, ou pela soma do custo fixo médio (custo fixo
dividido pela quantidade produzida) e do custo variável médio (custo variável dividido pela
quantidade produzida do bem).
O custo marginal corresponde ao aumento do custo total (CT) ou do custo
variável (CV) decorrente da produção de mais uma unidade do produto (Q).
Matematicamente: CT/Q ou CV/Q.
Um exemplo simples é apresentado nas tabelas a seguir, onde a produção do
produto Q é uma função de um fator variável X e de um fator fixo K. A única diferença é
que na primeira tabela a função de produção apresenta o principio dos rendimentos
decrescentes e na segunda o principio dos rendimentos constantes (duas unidades a mais do
insumo X acrescentam 40 unidades na produção). O preço do insumo variável é de R$
40,00 a unidade e do fator fixo de R$ 20,00 a unidade. Estão calculados o produto médio e
o produto marginal em relação ao insumo X (PMeX e PMgX), o custo fixo CF, o custo
variável CV, o custo total CT, o custo fixo médio CFMe, o custo variável médio CVMe, o
custo médio Cme e o custo marginal CMg.
X K Q PMe
X
PMg
X
CF CV CT CFM
e
CVM
e
CMe CMg
0 10 0 - - 200 0 200 - - -
2 10 40 20 20 200 80 280 5 2 7 2
4 10 128 32 44 200 160 360 1,56 1,25 2,81 0,91
6 10 216 36 44 200 240 440 0,93 1,11 2,04 0,91
8 10 256 32 20 200 320 520 0,78 1,25 2,03 2
10 10 260 26 2 200 400 600 0,77 1,54 2,31 20
X K Q PMe
X
PMg
X
CF CV CT CFM
e
CVM
e
CMe CMg
0 10 0 - - 200 0 200 - - -
2 10 40 20 20 200 80 280 5 2 7 2
4 10 80 20 20 200 160 360 2,5 2 4,5 2
6 10 120 20 20 200 240 440 1,67 2 3,67 2
8 10 160 20 20 200 320 520 1,25 2 3,25 2
10 10 200 20 20 200 400 600 1 2 3 2
2.2.2.1 Determinantes e formato das curvas de custo
O custo fixo ocorre mesmo sem a empresa produzir, e só pode ser eliminado de
forma conjunta, com o encerramento das atividades da empresa. È óbvio que com o
aumento do tamanho da empresa, numa visão de mais longo prazo, o custo fixo também
seria maior.
O custo variável aumenta com o aumento dos preços dos insumos variáveis ecom o
aumento do nível de emprego dos insumos necessários para aumentar a produção.
O custo total aumenta com o aumento da produção devido ao aumento do custo
variável, dado um determinado tamanho de empresa (custo fixo).
O como o custo variável e o custo total aumentam com o aumento da produção
depende da natureza do processo produtivo, basicamente da existência do principio dos
rendimentos decrescentes ou dos rendimentos constantes para os insumos variáveis.
Quando ocorre a fase de rendimentos crescentes dos insumos variáveis, os mesmos
acréscimos no emprego dos insumos geram cada vez maiores incrementos na produção
(PMgX crescente) e, consequentemente, o CV e o CT aumentam proporcionalmente menos
que o aumento da produção. Quando ocorre a fase dos rendimentos decrescentes, os
mesmos acréscimos no emprego dos insumos geram cada vez menores incrementos na
produção (PMgX decrescente) e, consequentemente, o CV e o CT crescem mais
rapidamente do que o aumento da produção. Já, se ocorrer o princípio dos rendimentos
constantes na função de produção, a produtividade dos insumos é constante e o CV e o CT
crescem linearmente à medida que a produção aumenta.
O custo fixo médio é sempre decrescente com o aumento da produção, porque o
mesmo custo fixo é diluído por um maior volume de unidades de produto.
A lei dos rendimentos decrescentes ou dos rendimentos constantes cria uma ligação
direta entre o comportamento do custo variável médio e do produto médio do insumo
variável, ou a produtividade dos insumos. O custo variável médio corresponde ao CV/Q, e
o CV é obtido através da multiplicação da quantidade empregada do insumo variável X
pelo seu preço Px. Assim: CV = Px * X/Q (lembrar que Q/X corresponde ao PMeX ou a
produtividade do insumo). Portanto, o custo variável médio é uma função direta do preço
dos insumos variáveis e uma função inversa da produtividade dos insumos, ou seja,
aumenta quando o preço dos insumos aumenta ou quando a produtividade dos insumos
reduz. Se a produtividade dos insumos for constante o custo variável médio também será
constante à medida que a produção aumenta, mantido constante os preços dos insumos.
A mesma ligação ocorre entre o produto marginal e o custo marginal. O produto
marginal é igual a Q/X e o custo marginal a CV/Q, ou a Px * X/Q (lembrar
que o CV é obtido através da multiplicação da quantidade empregada do insumo variável X
pelo seu preço Px). Portanto, o custo marginal também é uma função direta do preço dos
insumos variáveis e uma função inversa do produto marginal dos insumos, ou seja, aumenta
quando o preço dos insumos aumenta ou quando PMgX reduz. Se PMgX for constante o
custo marginal também será constante à medida que a produção aumenta, mantido
constante os preços dos insumos.
Os formatos destas curvas de custos totais e de custos por unidade do produto, aos
vários níveis de produção Q, para a função de produção que apresenta o princípio dos
rendimentos decrescentes, são apresentados nos gráficos a seguir. Exercício: fazer os
gráficos para uma função que apresenta o princípio dos rendimentos constantes.
2.2.3- Custos em longo prazo
Neste tópico se aborda a escolha de insumos minimizadora de custos e a relação
entre os custos em longo prazo (custo total, custo médio e custo marginal) e o nível de
produção decorrente de variação no tamanho da empresa, onde todos os fatores são
variáveis.
2.2.3.1- Escolha de insumos de menor custo e custo total
Para mostrar a seleção dos insumos necessários à obtenção de determinado nível de
produção com o mínimo custo parte-se, novamente, de uma função de produção
simplificada, onde a produção Q depende de dois insumos variáveis X e K, cujos preços
são, respectivamente, Px e Pk, e CT é o valor aplicado pela empresa na aquisição ou no
aluguel dos insumos, ou o custo total.
Uma função de isocusto (ou reta de isocusto porque são apenas dois insumos)
mostra as diferentes combinações de insumos que a empresa pode adquirir com um
determinado custo total, dados os preços dos insumos. Sua inclinação corresponde a relação
entre os preços destes insumos Pk/Px.
Um exemplo é mostrado no gráfico, onde os custos totais são de R$ 10.000,00 e de
R$ 20.000,00 e os preços dos insumos Px e Pk de R$ 1.000.00 e R$ 500,00 a unidade,
respectivamente. Os eixos X e K evidenciam as quantidades destes insumos que podem ser
adquiridas e empregadas pela empresa.
Para qualquer nível de produção, mostrado no gráfico por duas curvas de isoproduto
ou de isoquanta, a combinação de fatores de menor custo é aquela onde este nível seja
alcançado pela combinação de insumos de menor custo possível (pontos A e B no gráfico).
È fácil de verificar que se o preço de um insumo variar, o custo total aumenta ou
reduz e a reta de isocusto modifica sua inclinação, alterando-se a combinação de insumos
de menor custo. Esta inclui maior quantidade do insumo cujo preço reduziu (ponto C no
gráfico, onde a reta de isocusto foi construída considerando uma redução no preço do fator
K e a reta de isocusto fez uma rotação para a direita).
O gráfico também evidencia que o aumento da produção, pela ampliação do
tamanho da empresa e maior emprego dos insumos (passagem do ponto A na curva de
isoproduto mais baixa para o ponto B na curva mais alta), implica em maior custo total
(passagem da combinação de fatores de menor custo da reta de isocusto mais baixa para
outra mais alta, mantendo-se inalterados os preços dos insumos).
Os pontos A e B (e outros que poderiam ser mostrados) evidenciam, ainda, a
adequada trajetória de expansão de uma empresa, ou seja, para qualquer tamanho de
empresa ou nível de produção este deve ser alcançado por combinações de fatores de menor
custo.
Em ambos os pontos referentes às combinações de fatores de menor custo, a
inclinação da curva de isoproduto (taxa marginal de substituição de um insumo por outro
X/K ou PMgK/PMgX) é igual a inclinação da reta de isocusto (Pk/Px). Isto evidencia
que, quando os custos são minimizados, cada R$ aplicado em qualquer dos insumos
adiciona uma quantidade equivalente de produto para a empresa.
2.2.3.2 Custo médio e custo marginal e economias e deseconomias de escala
Os mais importantes determinantes do comportamento do custo médio (CT/Q) e do
custo marginal (CT/Q), à medida que a produção aumenta pelo estabelecimento de
maiores tamanhos da empresa, são os rendimentos de escala e as economias ou
deseconomias de escala, além dos preços dos insumos.
Se os preços dos insumos permanecerem inalterados, os rendimentos constantes de
escala (onde a produção aumenta na mesma proporção do emprego de todos os insumos)
geram custo médio e marginal também constantes e iguais (CMe = CMg). Os rendimentos
de escala crescentes (onde a produção aumenta numa proporção maior do que a quantidade
empregada de todos os insumos) geram custo médio decrescente e, conseqüentemente, o
custo marginal será menor do que o custo médio. Da mesma forma, os rendimentos
decrescentes de escala resultam num custo médio crescente e, neste caso, num custo
marginal maior do que o custo médio.
Os rendimentos de escala exigem que todos os insumos sejam alterados na mesma
proporção. Quando a proporção entre o emprego dos insumos é diferente, o caso mais
coerente com a realidade, a empresa apresenta economias ou deseconomias de escala.
Ocorrem economias de escala quando a produção aumenta numa proporção maior
do que o custo total, resultando numa redução do custo médio. Neste caso, maiores
tamanhos de empresas são mais eficientes economicamente do que empresas de menor
tamanho.
Mas se a produção aumentar numa proporção menor do que o custo total, resultando
em crescimento do custo médio, ocorre deseconomias de escala.
Os termos economias e deseconomias de escala podem abranger os rendimentos
crescentes e decrescentes de escala como casos especiais, onde a proporção na quantidade
empregada dos insumos se mantém a mesma.
O formato de U da curva de custo médio é coerente com o fato de as empresas
apresentarem economias de escala para pequenostamanhos e deseconomias para muito
grandes tamanhos de empresa, como mostrado no gráfico a seguir.
2.3- Nível ótimo de produção, oferta de um produto por uma empresa e oferta de
mercado de um produto
Para a maioria dos empresários, o interesse pela produção de maior lucro ou de
menor prejuízo domina a maioria das decisões, embora a maximização do valor de mercado
da empresa (fluxo de lucros através do tempo) seja o objetivo mais apropriado. No entanto,
grandes corporações, em curto prazo, podem ter outros objetivos em mente, como a
maximização da receita ou a ampliação do market share.
O lucro ou o prejuízo, considerando um determinado nível de produção,
corresponde à diferença entre a receita total (preço multiplicado pela quantidade de produto
vendida) e o custo total. Portanto, para maximizar lucro ou minimizar prejuízo, a empresa
opta pelo nível de produção onde esta diferença for máxima ou mínima. Neste ponto, o
acréscimo de receita por unidade de produto vendida (receita marginal) é igual ao
acréscimo de custo para produzi-la (custo marginal). Isto porque, raciocinando em termos
de custo e receita por unidade de produto, vale a pena aumentar a produção enquanto o
acréscimo de receita decorrente da venda de uma unidade adicional de produto for maior do
que o acréscimo de custo para obtê-la. Caso o custo marginal seja maior do que a receita
marginal, a empresa deveria reduzir sua produção. Esta regra econômica, em curto prazo,
tem uma exceção: quando a receita total for menor do que o custo variável ou o preço de
venda do produto não cobrir o custo variável médio, a empresa, para minimizar prejuízo,
neste caso, deveria parar de produzir e ter um prejuízo apenas equivalente ao custo fixo. Se
continuasse a produzir teria um prejuízo igual ao custo fixo e mais uma parcela do custo
variável. Se o preço de mercado for maior do que o custo variável médio a empresa deveria
continuar a produzir em curto prazo, aguardando uma reação no preço do produto ou
buscando uma redução em seu custo de produção.
Produção Custo
Total
CMg Preço Pe
ou RMg
Receita
Total
Lucro
0 1000 5 0 -1000
100 1400 4,00 5 500 -900
200 1680 2,80 5 1000 -680
300 1840 1,60 5 1500 -340
400 1955 1,15 5 2000 5,00
500 2075 1,20 5 2500 425,00
600 2275 2,00 5 3000 725,00
700 2605 3,30 5 3500 895,00
800 3055 4,50 5 4000 945,00
900 3630 5,75 5 4500 870,00
1000 4405 7,75 5 5000 595,00
O gráfico acima se referem ao caso de um produtor perfeitamente competitivo, onde
o preço Pe é determinado pelo mercado (oferta e demanda) e ele, individualmente, não tem
nenhum poder sobre o mesmo, ou seja, pode vender qualquer quantidade do produto Q pelo
preço de mercado Pe, se defrontando com uma curva de demanda perfeitamente elástica a
preço na venda do produto. Portanto, o acréscimo de receita (receita marginal) corresponde
ao próprio preço de mercado. Dada uma estrutura de custos unitários (CVMe, CMe e
CMg), a produção de máximo lucro seria Q1 onde RMg = CMg. Observe que aos preços de
mercado P2, P1 e P0 o produtor incorreria em prejuízo, pois tais preços são inferiores ao
custo médio, mas somente ao preço Po o mesmo deveria parar de produzir em curto prazo
(preço menor do que o custo variável médio). O preço P1(igual ao custo variável médio)
seria o menor preço capaz de induzir o produtor a produzir alguma quantidade do produto
Q (Qo no gráfico).
No mesmo gráfico é possível identificar a curva de oferta do produto Q por este
produtor. A curva de oferta mostra as diferentes quantidades do produto que este produtor
estaria disposto a produzir e vender aos vários níveis de preços, num determinado período
de tempo, outros fatores mantidos constantes (como sua tecnologia e o custo de produção).
Esta curva corresponde à curva de custo marginal superior ao custo variável médio. Ela é
positivamente inclinada, mostrando que maiores produções com custo marginal crescente
requerem maiores preços de mercado para serem viabilizadas.
A tabela acima também evidencia a situação de produção e custo total de um
empresário perfeitamente competitivo (o custo total no nível zero de produção corresponde
ao custo fixo de R$ 1000,00), que vende o produto pelo preço de mercado de R$ 5,00. Ele
pode aumentar o lucro aumentando a produção enquanto a receita marginal (ou o preço de
mercado) for maior do que o custo marginal. Se aumentar ainda mais a produção, o lucro
reduz. A receita marginal e o custo marginal correspondem a variação da receita total ou a
variação do custo total dividido pela variação da produção (RT/Q ou CT/Q).
A oferta de mercado de um produto corresponde à soma das ofertas das empresas. É
o quanto de produto todas as empresas participantes daquele setor ou segmento industrial
estão dispostas a produzir e vender a cada nível de preço, num certo período de tempo,
dentro de um determinado cenário estável. Este cenário é composto por outras variáveis que
aumentam ou reduzem a oferta, tratadas mais adiante. Existe novamente uma relação direta
entre preço e quantidade ofertada, porque o aumento do preço estimula outras empresas a
entrarem no mercado em longo prazo e as existentes a ampliarem sua produção em curto
prazo, em função da maior perspectiva de lucro, mantido constante a estrutura de custo das
empresas.
2.3.1- Elasticidade preço da oferta
A elasticidade preço da oferta evidencia a sensibilidade da quantidade ofertada a
variações no preço de venda do produto. Ela corresponde a relação entre a variação
percentual da quantidade ofertada decorrente de uma variação percentual no preço de venda
do bem. Matematicamente seu resultado é positivo e obtido pela fórmula: EPO = Q/Q /
P/P.
A oferta é elástica a preço se um pequeno aumento do preço provocar um
significativo aumento na quantidade ofertada, resultando em um valor de elasticidade
superior a unidade. Mostra que este aumento na produção se faz com um pequeno
acréscimo de custo, de tal forma que um pequeno aumento no preço de venda do produto o
viabiliza economicamente.
É inelástica a preço quando um pequeno incremento na produção só ocorre
mediante significativo incremento no preço de venda do bem, resultando num valor menor
do que a unidade. Evidencia que o incremento na produção provoca significativo
incremento no custo, exigindo um grande aumento no preço de venda do bem para
viabiliza-lo economicamente.
Quando a produção é sazonal (ocorre em épocas definidas), como os produtos
agropecuários, ou quando a empresa está operando a plena capacidade, a oferta não
aumenta em curto prazo com a elevação do preço de mercado do produto. Esta situação
caracteriza uma oferta perfeitamente inelástica a preço e o valor da elasticidade é zero.
Mas se a empresa produzir qualquer quantidade de um produto a um preço de
mercado, a oferta é perfeitamente elástica a preço e o valor da elasticidade é infinito. Isto
caracteriza uma empresa com custo variável médio e custo marginal constante, em curto
prazo, ou custo médio constante em longo prazo.
Com a abertura da economia brasileira às importações, a globalização dos mercados
e a evolução da tecnologia gerando incrementos na produtividade dos insumos, a oferta dos
bens e serviços tende a se tornar mais elástica a preços, beneficiando os consumidores.
Outros fatores que afetam a elasticidade preço da oferta são o formato da curva de custo
marginal das empresas, a diferença entre o custo marginal das empresas existentes no
mercado e a dos potenciais entrantes, o período de tempo, o grau de estabilidade das
expectativas dos empresários, as condições de infraestrutura de escoamento e de apoio à
comercialização, e a facilidade de realocação dos recursos, entre outras.
Tendem a tornar a oferta dos produtos mais elástica a preços as seguintes situações:
se a expansão da produção das empresas ocorrer com pequenos aumentos no custo
marginal, se a diferença no custo de produção entre as empresas existentes no mercado e a
dos potenciais entrantes for pequena, se o período de tempo considerado para o ajustamento
da produção for longo, se as expectativas dosprodutores quanto às mudanças nos preços
dos produtos (com tendência de crescimento) e da política econômica (de estabilidade)
forem adequadas, se as condições de infraestrutura forem satisfatórias e se houver
facilidade na realocação dos recursos. Os casos opostos tendem a tornar a oferta dos
produtos mais inelástica a preços.
2.3.2- Fatores deslocadores da oferta
Além do preço, que determina a quantidade ofertada, outros fatores ampliam ou
reduzem a própria oferta, deslocando-a para a direita ou para a esquerda e fazendo com que
aos mesmos preços as quantidades ofertadas sejam maiores ou menores. Estes fatores são
os preços dos insumos e a tecnologia de processo (componentes do custo de produção), o
número de produtores participantes do mercado e sua escala de produção, as expectativas
futuras do mercado, os preços dos outros produtos que podem ser produzidos com os
mesmos recursos, a política econômica, as importações, o clima e a sazonalidade da
produção, entre outros.
2.3.2.1- Preços dos insumos
A queda dos preços dos insumos provoca redução no custo variável e no custo total
de produção, bem como nos custos por unidade produzida (CVMe, CMe e CMg). Caso o
preço de venda do produto se mantenha constante, a perspectiva de maior lucro induz cada
produtor a ampliar sua produção de máximo lucro (no curto prazo), ou a ampliar o número
de produtores e sua escala de produção (no longo prazo), levando ao aumento da oferta de
mercado do produto (deslocamento da curva de oferta para a direita). O aumento do custo
de produção gera o oposto, a redução da produção de cada produtor e da oferta de mercado
do produto.
2.3.2.2- Tecnologia de processo
A inovação tecnológica de processo, de produto e de gestão é um dos mais
importantes fatores de ampliação da oferta, notadamente no longo prazo.
O impacto da evolução tecnológica de processo ocorre primeiro na função de
produção, depois no custo de produção e finalmente na oferta. Ela capacita as empresas a
produzirem mais com os mesmos insumos ou a produzirem a mesma quantidade de produto
com menos insumos, deslocando para cima as funções de produção. Este aumento na
produtividade dos insumos impacta diretamente na redução do custo por unidade de
produto, aumentando a competitividade do produto no mercado, porque o custo variável e o
custo total crescem menos do que proporcionalmente ao aumento da produção. Se o preço
de venda do produto se mantiver constante, a redução dos custos unitários provoca uma
elevação da produção de máximo lucro de cada produtor e, conseqüentemente, da oferta de
mercado do produto. Exemplos de inovações tecnológicas é a descoberta da máquina a
vapor, do motor de combustão interna, da eletricidade, da fabricação de produtos sintéticos
pela química, da biologia, da biotecnologia, da informática e da telemática.
2.3.2.3- Outros fatores
A expansão da oferta também ocorre com o aumento do número das empresas
participantes de um setor e de suas escalas de produção; com a adoção de uma política
macroeconômica favorável ao crescimento da produção (redução da taxa de juros, aumento
do crédito, aumento dos gastos do governo, redução da carga tributária sobre a cadeia
produtiva, concessão de subsídios governamentais, aumento da taxa de câmbio, proteção do
mercado interno contra a concorrência predatória desleal); com as expectativas futuras
favoráveis dos produtores em relação aos preços do produto e as condições de expansão do
mercado (crescimento da economia interna e mundial); com a redução dos preços dos
produtos competidores pelos mesmos recursos (redução do preço do milho tende a
aumentar a oferta da soja) com o aumento das importações; com o clima e a sazonalidade
favorável à expansão da produção, no caso do agronegócio e do turismo, entre outros
fatores.
2.3.3- Oferta ao nível dos consumidores
A oferta secundária ao nível dos consumidores finais (SV) pode ser derivada da
oferta primária ao nível dos produtores (SP) e nos custos e margens de comercialização do
produto até os consumidores finais (C). Assim SV = SP + C, conforme mostrado no
gráfico, pressupondo que os custos de comercialização sejam constantes para qualquer
quantidade do produto Q. A diferença entre os preços recebidos pelos produtores Pp e
pagos pelos consumidores Pc mostram os custos de comercialização e os lucros da
intermediação, dos agentes operadores do mercado entre os produtores e os consumidores.
3- ANÁLISE DE MERCADO
Com os conhecimentos acumulados é possível responder a pergunta que todas as
empresas se defrontam no curto prazo e em longo prazo: quanto produzir ou em que escala
ou tamanho de empresa operar?
O mercado é formado pela interação entre os compradores e vendedores, ou pelas
forças de demanda e de oferta, que determinam preços e trocas, normalmente de bens e
serviços por dinheiro. Para caracterizar a amplitude de um mercado é necessário especificar
a área geográfica onde se localizam os compradores e vendedores, o bem ou o serviço e o
período de tempo, como, por exemplo, o mercado paranaense (brasileiro ou mundial) de
automóveis novos no ano de 2018.
Três pressupostos fundamentam a análise do mercado: a) o livre funcionamento do
mercado, ou a ausência de restrições externas como as intervenções governamentais,
lembrando que aproximadamente 30% dos preços na economia brasileira são administrados
e não livres; b) a maximização do lucro pelos produtores, embora possam perseguir outros
objetivos em curto prazo como a participação no mercado (market share), a maximização
da receita e dos retornos por ação ou a eliminação ou enfraquecimento dos competidores; e
c) a racionalidade dos consumidores ao maximizarem sua satisfação, pela alocação de suas
rendas nos diversos bens ou serviços disponíveis, com preços e qualidades diferentes.
3.1- Estruturas de mercado
O termo se refere às características organizacionais que os mercados apresentam e
que são determinantes no estabelecimento das relações entre os participantes do mercado,
compradores, vendedores e novos entrantes, quanto ao tipo de concorrência e formação dos
preços.
Estas características são:
1- O grau de concentração, ou o número e o tamanho dos vendedores e
compradores participantes do mercado. Uma das medidas mais utilizadas é o
índice de concentração do mercado das 4 a 8 maiores empresas participantes
(índice C4 a C8). É calculado pelo somatório dos market shares Cn destas
empresas. Por exemplo: C4 = C1 + C2 + C3 + C4. Quanto mais próximo de 100
for o resultado, maior é a concentração do mercado.
2- O grau de diferenciação ou homogeneidade do bem ou serviço. A diferenciação
é uma das mais importantes estratégias das empresas e pode ser buscada através
da marca, embalagem, inovação do produto (tecnologia de produto), qualidade,
design, serviços prestados aos compradores, marketing. Quanto mais o
consumidor perceber o produto de uma empresa como diferente e melhor,
menos elástica a preço (ou mais inelástica) será sua demanda.
3- A existência ou não de barreiras a novos entrantes. As principais são as
economias de escala; as desvantagens de custo dos novos entrantes, como a
pouca experiência, o pouco domínio tecnológico, a necessidade de despesas em
propaganda para tornar o produto conhecido, a necessidade de montar a rede de
suprimento dos insumos; as patentes de invenção; a legislação governamental; o
domínio sobre um insumo estratégico para a fabricação do produto, entre outras.
Considerando estas características, na venda dos produtos, as principais estruturas
de mercado são a concorrência pura, o monopólio, o oligopólio e a concorrência
monopolística. Na compra dos fatores de produção temos a concorrência pura, o
monopsônio, o oligopsônio e a concorrência monopsonística.
3.2- Formação de preços nos mercados competitivos ou de concorrência pura
Esta estrutura de mercado apresenta as seguintes características:
- produto homogêneo, ou o produto de um produtor é igual (perfeitamente
substituto) ao dos demais (commodities);
- grande número de compradores e vendedores, de tal maneiraque nenhum deles,
individualmente, consegue influenciar o preço de mercado (sem poder de
mercado), implicando que cada um se defronta com uma curva de demanda
perfeitamente elástica a preço na venda do seu produto;
- ausência de barreiras à entrada de novas empresas no mercado, ou livre entrada
e saída de empresas do mercado;
- ausência de restrições à oferta, à demanda e aos preços, ou seja, o preço de
mercado é o resultado das forças de oferta e de demanda.
Os produtores agropecuários na venda de suas mercadorias, as feiras livres e o
comércio ambulante são exemplos de mercados competitivos.
3.2.1- Formação do preço e decisão de produção de cada produtor
Nesta estrutura de mercado, o preço de um produto corresponde a um leilão entre as
necessidades e renda dos compradores e a disponibilidade de produto pelos vendedores, ou
pela interação entre a demanda e a oferta de mercado daquele produto. A este preço de
equilíbrio Pe não há excedente nem falta de produto no mercado, pois a quantidade ofertada
é igual a quantidade demandada Qe.
Qualquer preço superior a Pe geraria um excesso de oferta no mercado (excedente
de oferta, devido a quantidade ofertada maior do que a quantidade demandada) e,
conseqüentemente, redução do preço pelos vendedores para colocar o estoque no mercado.
E qualquer preço inferior a Pe geraria um excesso de demanda (escassez, devido a
quantidade demandada maior do que a quantidade ofertada), provocando disputa do
produto pelos consumidores e a elevação do preço de mercado.
Cada produtor participante deste mercado, isoladamente, não tem poder de mercado,
se constituindo num tomador de preço, porque ele pode vender qualquer quantidade de
produto pelo preço de mercado, sem que suas decisões particulares consigam influenciar tal
preço. Assim, se defronta com uma demanda perfeitamente elástica a preço na venda do
produto, que é igual ao preço de mercado ou a receita marginal (acréscimo de receita
decorrente da venda de uma unidade adicional de produto). Ele deve aumentar a produção
se o acréscimo de receita com a venda de uma unidade do produto for maior do que o
acréscimo de custo para produzi-lo (RMg maior do que o CMg), e reduzi-la em caso
oposto.
O lucro total corresponde a diferença entre a receita total (preço x quantidade
vendida) e o custo total (L = RT – CT), e o lucro por unidade de produto, à diferença entre
o preço de venda do produto e o custo médio (L/um = P – Cme).
Convém notar que o produtor pode incorrer em prejuízo, caso o custo total seja
maior do que a receita total ou o preço de venda inferior ao custo médio de produção.
O ponto de equilíbrio ou ponto de nivelamento corresponde ao nível de produção
onde a receita total se equivale ao custo total, ou ao lucro zero. Matematicamente, esta
quantidade é igual ao custo fixo dividido pela diferença entre o preço de venda do produto e
o custo variável médio (Q = CF / P – CVMe).
A resposta de cada produtor a elevação no custo de produção (elevação nos preços
dos insumos, na tributação, na taxa de juros do crédito, na taxa de câmbio), dado um preço
de venda do produto, é a redução da quantidade de produzida.
Como o produtor, isoladamente, não consegue influenciar o preço de venda do
produto, suas únicas alternativas para aumentar o lucro são aquelas ligadas a redução do
custo, pela evolução tecnológica de processo (maior produtividade) ou pelo barateamento
da compra dos insumos (redução do preço dos insumos), e o aumento da quantidade
produzida pelo aumento da escala do empreendimento. Quem não reduzir custos tenderá a
cair fora do mercado, quando as condições forem desfavoráveis (preço de mercado menor
do que o custo médio). Todas as demais ações redutoras de custos também são importantes,
como o treinamento e qualificação das pessoas, evitar perdas, retrabalhos e desperdícios,
entre outras.
3.2.2- Posição da oferta e da demanda e efeitos sobre o mercado
Quando a oferta e a demanda de mercado se alteram, devido às mudanças nas
variáveis que as deslocam, anteriormente estudadas, os preços de mercado também variam.
Aumento da oferta e redução da demanda provoca movimento de baixa no preço de
mercado; e redução da oferta e aumento da demanda eleva o preço de mercado.
Se num determinado período de tempo a oferta aumenta mais do que a demanda, o
preço de mercado reduz e cada produtor individual reage a este movimento produzindo
menor quantidade de produto. Mas se a demanda aumenta mais do que a oferta o preço de
mercado aumenta, induzindo cada produtor a produzir maior quantidade de produto.
3.2.3- Formas da oferta e da demanda e efeitos sobre o mercado
Foi comentado que a globalização e a abertura da economia brasileira, que resultam
em maior fluxo de exportações e de importações, tornam a demanda e a oferta dos produtos
no mercado interno mais elásticas a preço. Quando isto ocorre, deslocamentos na oferta ou
na demanda provocam menor variação no preço de mercado do que na quantidade de
equilíbrio, resultando em preços de mercado mais estáveis. È o que se verificou na
economia brasileira, no caso dos alimentos e dos produtos industrializados transacionáveis,
após o Plano Real.
Se a oferta e a demanda de mercado forem inelásticas a preço, deslocamentos na
oferta ou na demanda são acompanhados por significativas variações no preço de mercado
do produto. É o caso dos produtos agropecuários vendidos pelos produtores, que
apresentam maior variabilidade nos preços comparativamente aos produtos industriais.
3.2.4- Excedente do produtor
Trata-se de um benefício que o produtor aufere por vender o produto por preço de
mercado superior ao custo marginal. Portanto, para uma determinada quantidade de produto
vendida, corresponde a diferença entre a receita total e o custo variável de produção. Em
nível de mercado, para a totalidade de produto vendido, é equivalente a área acima da curva
de oferta até o preço de mercado Pe.
.
3.2,5- Escolha do nível de produção em longo prazo
Um mercado está em equilíbrio competitivo em longo prazo quando as seguintes
condições forem satisfeitas: o preço do produto corresponde ao equilíbrio entre a oferta e a
demanda, cada produtor participante do setor está produzindo a quantidade de produto de
máximo lucro e o lucro econômico é zero (preço = custo médio). No gráfico, o preço P2
decorrente da oferta O2 e demanda D1 e a produção q2 da empresa satisfazem estas
condições.
Tal situação hipotética evidencia um fato relevante. Se os produtores estiverem
auferindo lucro (no gráfico, ao preço P1 decorrente da oferta O1 e demanda D1 e a
produção q1 da empresa), a produção de cada um tende a aumentar e novos produtores
tendem a entrar no setor, provocando, em conjunto, um aumento na oferta de mercado do
produto e queda no preço de mercado até que os lucros desapareçam. Caso incorram em
prejuízo, cada produtor produzirá menor quantidade de produto e os mais ineficientes
tendem a sair do setor, provocando uma redução da oferta de mercado do produto e
aumento do preço, até que os prejuízos desapareçam.
Cada produtor deve escolher o nível de produção onde a receita marginal for igual
ao custo marginal, como explicado anteriormente para o curto prazo.
Este produtor, no entanto, tem outra decisão importante relacionada a escala ou ao
tamanho de sua empresa. Caso ocorram economias de escala (ou rendimentos crescentes de
escala como um caso especial), tamanhos maiores de empresas são mais eficientes do que
tamanhos menores, porque implica em custo médio menor de produção. Em tal situação,
quando as condições do mercado forem vantajosas, o gestor deve buscar a ampliação da
escala do empreendimento. Em situação oposta, de deseconomias de escala, é aconselhável
a redução do tamanho da empresa.
3.3- Formação de preços nos mercados pouco competitivos (oligopólios) ou não
competitivos (monopólios)
Essas estruturas de mercado têm como características, no oligopólio, a presença de
poucas empresas, normalmente com grande escala de produção, e interdependentes (a ação
de uma no mercado provoca reação

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