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FISIOLOGIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO MARCELO GURGEL UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE UNIDADE ACADÊMICA DE MEDICINA MÓDULO: SISTEMA RESPIRATÓRIO COMPONENTE: FISIOLOGIA MONITOR: MARCELO VICTOR FERREIRA GURGEL TRANSPORTE DE OXIGÊNIO E DIÓXIDO DE CARBONO NO SANGUE E NOS LÍQUIDOS TECIDUAIS A hemoglobina permite o transporte de 30 a 40 vezes mais oxigênio; Transporte de oxigênio e dióxido de carbono pelo sangue depende tanto da difusão quanto do fluxo de sangue; Diferença de pressão inicial de O2 entre alvéolos e a. pulmonares é 104 – 40 mmHg (64 mmHg), essa que aumenta nos capilares a medida que vai passando pelo alvéolo, chegando a 104 mmHg. Durante exercício intenso o corpo precisa de 20 vezes mais oxigênio, promovendo redução no tempo em que o sangue fica na a. pulmonar. Porém, pra isso, existe um fator de segurança, o qual, no terço inicial, no processo ventilatório normal, o PO2 já atinge seus níveis ideais. Ou seja, o sangue fica em contato com o alvéolo 3x mais tempo que o necessário. TRANSPORTE DE OXIGÊNIO NO SANGUE ARTERIAL 98% do sangue que chega ao átrio esquerdo acabou de ser oxigenado, 2% vem da circulação brônquica (que irriga órgãos internos do pulmão), chamado “fluxo de derivação”. Ele faz com que o PO2 passe a ser 95 mmHg, ao invés de 104 mmHg. DIFUSÃO DE OXIGÊNIO DOS CAPILARES PULMONARES PARA O LÍQUIDO INTERSTICIAL PO2: arterial 95 mmHg ; intersticial 40 mmHg ; intracelular ; 23 mmHg ; venoso 40 mmHg. Quando o sangue chega aos tecidos periféricos, com sua PO2 de 95 mmHg, o PO2 do líquido intersticial é 40 mmHg, ou seja, quando o sangue oxigena uma célula, o sangue venoso sai com uma PO2 de 40 mmHg. DIFUSÃO DE O2 DOS CAPILARES PERIFÉRICOS PARA AS CÉLULAS TECIDUAIS 1 a 3 mmHg de PO2 são necessários para o suporte total dos processos químicos na célula. 23 mmHg, como normalmente é a PO2 intracelular, é mais do que suficiente. Quanto maior o fluxo sanguíneo, maior a quantidade de oxigênio transportada para os tecidos. Mais oxigênio usado no metabolismo das células = redução do PO2 no líquido intersticial. PO2 tecidual é determinada por: intensidade do transporte de oxigênio e a intensidade da utilização do oxigênio pelos tecidos. FISIOLOGIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO MARCELO GURGEL DIFUSÃO DE CO2 DAS CÉLULAS TECIDUAIS PERIFÉRICAS PARA OS CAPILARES E DKS CAPILARES PULMONARES PARA OS ALVÉOLOS O CO2 difunde-se em direção oposta ao oxigênio. Além de ser 20 x mais rápido que o O2, a diferença de pressão para causar a difusão de dióxido de carbono são menores do que as necessárias à difusão de oxigênio. PCO2: arterial 40 mmHg ; intersticial 45 mmHg ; intracelular 46 mmHg ; venoso 45 mmHg. PCO2 do sangue capilar pulmonar diminui quase se igualando á PCO2 alveolar de 40 mmHg, antes de ter percorrido 1/3 do percurso pelos capilares. Aumento do fluxo sanguíneo >>> diminuição a PCO2 intersticial. Redução do fluxo sanguíneo >> aumenta a PCO2 tecidual periférica. Aumento da atividade metabólica tecidual >> aumenta PCO2 intersticial Diminuição da atividade metabólica tecidual >> diminui PCO2 intersticial PAPEL DA HEMOGLOBINA NO TRANSPORTE DO O2 Transporta 97% do O2 dos pulmões >> tecidos, 3% restante é dissolvido no plasma e células sanguíneas. COMBINAÇÃO REVERSÍVEL DE OXIGÊNIO COM HEMOGLOBINA Molécula de O2 combina-se frouxamente com a porção heme da hemoglobina, pois quando a PO2 é alta, o oxigênio liga-se à hemoglobina, quando baixa, o oxigênio é liberado. Percentual de saturação de hemoglobina: % de hemoglobina ligada ao oxigênio. Saturação usual no sangue: arterial 97% ; venoso 75%. Sangue normal = 15 gramas de hemoglobina/ 100ml de sangue. Cada grama de hemoglobina pode ligar-se a 1,34 ml de oxigênio. Ou seja, 100ml de sangue transporta quase exatos 20 ml de oxigênio. Vista a diferença de saturação usual do sangue arterial (97% = 19,4ml ; e venoso 75% = 14,4ml), 5ml de oxigênio são transportados dos pulmões para os tecidos em cada 100 ml de fluxo sanguíneo. Durante exercício intenso, as células musculares utilizam oxigênio com intensidade acelerada, fazendo com que o PO2 do líquido intersticial caia de 40 mmHg para 15 mmHg, nesse ponto apenas 4,4 ml de oxigênio ficam ligados à hemoglobina, assim 19,4 – 4,4, 15 ml é a quantidade de oxigênio que é liberada para os tecidos. Coeficiente de utilização: % de sangue que libera seu oxigênio ao passar pelos capilares teciduais. Normal = 25%. Exercício intenso = 75 a 85%. EFEITO TAMPÃO DA HEMOGLOBINA NA PO2 TECIDUAL Hemoglobina possui efeito tampão que estabiliza a pressão do oxigênio nos tecidos. Durante exercício intenso, quantidade extra de oxigênio precisa ser liberada da hemoglobina. Quando a concentração atmosférica de O2 muda acentuadamente, a hemoglobina mantém a PO2 tecidual constante. FATORES QUE DESVIAM A CURVA DE DISSOCIAÇÃO DE OXIGÊNIO – HEMOGLOBINA – SUA IMPORTÂNCIA FISIOLOGIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO MARCELO GURGEL NO TRANSPORTE DO OXIGÊNIO Curva de dissociação de oxigênio (Saturação da hemoglobina em % / PO2 sanguíneo) Fatores que a deslocam para direita (quando fica menos saturada, liberando mais O2): diminuição do pH; maior [ ] de Co2; aumento da temperatura corporal; aumento do 2,3 – bifosfoglicerato (BPG); exercício físico. Representa o efeito Bohr, quando há a tendência do oxigênio de deixar a corrente sanguínea quando a concentração de dióxido de carbono aumenta. UTILIZAÇÃO METABÓLICA DO OXIGÊNIO PELAS CÉLULAS Fator limitante é a concentração de difosfato de adenosina (ADP). Quanto maior a [ ] de ADP, maior a utilização metabólica de oxigênio. Ocasionalmente as células se encontram distantes dos capilares, e a difusão do oxigênio para essas células fica tão lenta que o PO2 intracelular pode cair a níveis críticos, sob essas condições a utilização de oxigênio é limitada pela difusão. Quantidade total de oxigênio disponível é determinada pelas quantidade de oxigênio que pode ser transportada, e pela intensidade do fluxo sanguíneo. O monóxido de carbono se combina a hemoglobina diminuindo a capacidade de transporte de oxigênio do sangue. Ele se liga à hemoglobina cerca de 250 vezes mais facilmente que o oxigênio. TRANSPORTE DE DIÓXIDO DE CARBONO NO SANGUE Quantidade de CO2 no sangue tem muito a ver com o balanço acidobásico dos líquidos corporais. A média de 4ml de CO2 são transportados dos tecidos para os pulmões em cada 100 ml de sangue. FORMA QUÍMICA NAS QUAIS O CO2 É TRANSPORTADO 0,3 ml de CO2 é transportado na forma dissolvida, por cada 100 ml de fluxo sanguíneo (7% do CO2 transportado) Nas hemácias, o CO2 reage com a água, por meio da anidrase carbônica existente nas hemácias, para formar ácido carbônico. Este se dissocia em íons hidrogênio e íons bicarbonato. Íons H+ se combina com a hemoglobina das hemácias para compor o tampão acidobásico. O carreador bicarbonato-sódio especial, da hemácia, permite a difusão de íons cloreto para as hemácias e bicarbonato para o plasma. A combinação reversível de CO2 com água, nas hemácias, corresponde a 70% do transporte de CO2 dos tecidos para o pulmão. CO2 reage reversivelmente com a hemoglobina, formando carbaminoemoglobina (CO2Hgb). Compondo 30% do transporte do CO2. FISIOLOGIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO MARCELO GURGEL Efeito Haldane: quando a ligação de oxigênio com a hemoglobina tende a deslocar CO2 do sangue. Resulta do fato que ligação de oxigênio com a hemoglobina, a faz ficar mais ácida. Quanto mais ácida há menos tendência dela se ligar com CO2. Maior acidez da hemoglobina a faz liberar íon H+, que se ligam aos íons bicarbonatos do plasma, formando ácido carbônico, que se dissocia em água e dióxido de carbono, o qual é liberado do sangue para os alvéolos e, assim, para o ar. Esse efeito duplica aquantidade de CO2 liberada do sangue, nos pulmões e praticamente duplica a captação de CO2 nos tecidos. Ácido carbônico formado quando o CO2 entra no sangue, reduz o pH do sangue. PROPORÇÕES DE TROCAS RESPIRATÓRIAS Transporte normal de O2 do sangue para o tecido, por cada 100ml, é 5 ml. Enquanto o transporte inverso, no caso do CO2 é 4ml. Assim 82% do CO2 são expirados pelos pulmões, do que oxigênio é captado. A proporção do débito de CO2 em relação à captação de O2 é denominada proporção de trocas respiratórias (R), chamado também de quociente respiratório. R = débito de CO2/captação de O2 . Esse valor muda sob condições metabólicas diferentes. Em dietas normais esse valor é 0,825.