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Multivix_Bioetica_FULL (2)

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BIOÉTICA
A Faculdade Multivix está presente de norte a sul do 
Estado do Espírito Santo, com unidades presenciais 
em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, 
Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória, 
e com a Educação a Distância presente 
em todo estado do Espírito Santo, e com 
polos distribuídos por todo o país. 
Desde 1999 atua no mercado capixaba, 
destacando-se pela oferta de cursos de 
graduação, técnico, pós-graduação e 
extensão, com qualidade nas quatro 
áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, 
Humanas e Saúde, sempre primando 
pela qualidade de seu ensino e pela 
formação de profissionais com consciência 
cidadã para o mercado de trabalho.
Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo de 
Instituições de Ensino Superior que 
possuem conceito de excelência junto ao 
Ministério da Educação (MEC). Das 2109 
instituições avaliadas no Brasil, apenas 
15% conquistaram notas 4 e 5, que são 
consideradas conceitos de excelência em 
ensino. Estes resultados acadêmicos 
colocam todas as unidades da Multivix 
entre as melhores do Estado do Espírito 
Santo e entre as 50 melhores do país.
 MISSÃO
Formar profissionais com consciência cidadã para o 
mercado de trabalho, com elevado padrão de quali-
dade, sempre mantendo a credibilidade, segurança 
e modernidade, visando à satisfação dos clientes e 
colaboradores.
 VISÃO
Ser uma Instituição de Ensino Superior reconhecida 
nacionalmente como referência em qualidade 
educacional.
R E I TO R
GRUPO
MULTIVIX
R E I
2
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
3
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
BIBLIOTECA MULTIVIX (Dados de publicação na fonte)
Marcela Santos Procópio
Bioética / PROCÓPIO, M. S. - Multivix, 2020
Catalogação: Biblioteca Central Multivix 
 2020 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei.
4
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LISTA DE FIGURAS
UNIDADE 1
 Relação entre ética, moral e deontologia 12
 Obra dos principais idealizadores da teoria “principialista” 
da Bioética: Tom Beanchamp e James Childress 13
 Van Rensselaer Potter 16
 Código de ética do embriologista 17
 Direito à saúde 18
 Crescimento da população brasileira até o ano de 2010 20
 Esquema da bioética principialista 25
UNIDADE 2
 Assento dos réus durante o julgamento de Nuremberg 29
 Pesquisa científica 33
 Busto de Aristóteles 39
 British Cruelty Animal Act 40
 Peter Singer 41
UNIDADE 3
 Colheita de trigo� 52
 Protocolo de Cartagena em biossegurança 53
 Fecundação de óvulo por espermatozoide 57
 Representação�da�tecnologia�de�fertilização in vitro 59
 Injeção intracitoplasmática de espermatozoides 60
 Embrião humano de 10mm na quinta semana de gestação 61
5
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
UNIDADE 4
 Ovelha Dolly empalhada no Royal Museum of Scotland, em 
Edimburgo, Escócia. 67
 Diagrama demonstrando o procedimento de clonagem 
reprodutiva e terapêutica 70
 Células-tronco embrionárias de camundongo 76
 Esquema básico das primeiras etapas da maturação do ovócito 
humano, a fertilização e a nidação 77
 Embrião de 8 células 79
 Embrião humano masculino, de sete semanas de idade ou nove 
semanas de idade gestacional 80
 Terapia de células-tronco para esclerose múltipla 82
UNIDADE 5
 Identificação humana 87
 Reação em cadeia da polimerase (PCR) 89
 Resultado da PCR após ser realizada uma eletroforese em gel 
de agarose 90
 Enchente 91
 Tubos de PCR 92
 Identificação de pessoas 94
 Escala de comparação de tamanho de nanomateriais 98
 Nanotubos de carbono 102
 Lipossomo obtido por nanotecnologia para revestimento de 
medicamentos 104
UNIDADE 6
 Aborto realizado por aspiração a vácuo com equipamento elétrico 111
 Feto humano de três meses 113
 Protestos contra a permissão do aborto em caso de fetos anencéfalos 115
 Reconstituição do primeiro transplante de coração humano, 
realizado em 1967 123
6
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
1UNIDADE
2UNIDADE
3UNIDADE
4UNIDADE
5UNIDADE
SUMÁRIO
1 BIOÉTICA: CONCEITOS, PERSPECTIVAS HISTÓRICAS, DESAFIOS E 
RESPONSABILIDADES 10
1.1 O QUE É BIOÉTICA? 10
1.2 DESAFIOS E RESPONSABILIDADES 17
2 BIOÉTICA E PESQUISA 28
2.1 BIOÉTICA E PESQUISA COM SERES HUMANOS 28
2.2 ASPECTOS CONCEITUAIS SOBRE OS TIPOS DE PESQUISA EM 
SERES HUMANOS 32
2.3 ASPECTOS JURÍDICOS NACIONAIS E INTERNACIONAIS EM 
RELAÇÃO ÀS PESQUISAS COM SERES HUMANOS 36
2.4 BIOÉTICA E PESQUISA COM ANIMAIS 39
3 BIOÉTICA: ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS E A 
REPRODUÇÃO HUMANA ASSISTIDA 47
INTRODUÇÃO 47
3.1�ORGANISMOS�GENETICAMENTE�MODIFICADOS�(OGMS) 48
3.2 REPRODUÇÃO HUMANA ASSISTIDA 56
4 BIOÉTICA: CLONAGEM, CÉLULA-TRONCO 66
4.1 INTRODUÇÃO 66
4.2 CLONAGEM GERMINATIVA E TERAPÊUTICA 66
4.3�CÉLULAS-TRONCO 75
5 BIOÉTICA: GENÉTICA E NANOTECNOLOGIA 86
5.1 INTRODUÇÃO 86
5.2 A GENÉTICA NA IDENTIFICAÇÃO HUMANA 86
5.3 NANOTECNOLOGIA 97
7
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
6UNIDADE 6 BIOÉTICA NA MEDICINA: ABORTO E TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS 108
6.1 INTRODUÇÃO 108
6.2 ABORTO 108
6.3 TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS 118
8
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
ATENÇÃO 
PARA SABER
SAIBA MAIS
ONDE PESQUISAR
DICAS
LEITURA COMPLEMENTAR
GLOSSÁRIO
ATIVIDADES DE
APRENDIZAGEM
CURIOSIDADES
QUESTÕES
ÁUDIOSMÍDIAS
INTEGRADAS
ANOTAÇÕES
EXEMPLOS
CITAÇÕES
DOWNLOADS
ICONOGRAFIA
UNIDADE 1
OBJETIVO 
Ao final desta 
unidade, 
esperamos que 
você possa:
9
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Bioética
> de ampliar seus 
conhecimentos 
sobre os contextos 
históricos em 
destaque; e
> de localizar os 
movimentos sociais 
abordados como 
fruto de cada 
contexto histórico.
10
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Bioética
1 BIOÉTICA: CONCEITOS, 
PERSPECTIVAS HISTÓRICAS, 
DESAFIOS E RESPONSABILIDADES 
A disciplina de bioética tem como principal objetivo introduzir o pensamento 
ético aplicável as diversas profissões da área da saúde.
Por se tratar de um tema multidisciplinar, envolvendo a biologia, saúde, di-
reito e filosofia, primeiro temos que entender conceitos básicos sobre ética e 
moral. Depois de entendido esses conceitos um breve contexto histórico para 
explicar como o pensamento ético se desenvolveu na sociedade mundial.
Também daremos início aos estudos dos princípios da bioética. Será aborda-
do, principalmente a teoria principialista de Beuachamp e Childress publi-
cada em 1979. Nesta unidade será abordado os desafios e responsabilidades 
que é trabalhar com ciência e vida, uma vez que a bioética também se aplica 
a estudos clínicos, ambientais e animais.
Por fim será abordado como essa teoria foi aceita pela sociedade brasileira e 
como ela se aplica ao Sistema Único de Saúde (SUS).
1.1 O QUE É BIOÉTICA?
A origem da palavra ética vem do grego “éthos”, que significa o modo de ser, 
o caráter. Já os romanos traduziram o “éthos” para o latim como “mos” (ou no 
plural mores) que quer dizer costume dando origem a palavra moral.
No cotidiano não há distinção entre ética e moral, as palavras são usadas 
como sinônimos. Porém os cientistas e filósofos fazem a distinção entre elas. 
Ética é tido como o estudo do comportamento moral, ou seja, tenta explicar 
justificar e até criticar a moral de uma sociedade. O conceito de moral é de-
finido como um conjunto de normas, conceitos, costumes e valores de uma 
determinada sociedade. Agora que entendemos um pouco dos conceitos po-
demos trabalhar com a bioéticapropriamente dita.
11
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Bioética
Para quem tem interesse em entender melhor 
os conceitos filosóficos e suas aplicações no 
cotidiano, de uma forma lúdica e de fácil leitura, o 
livro “O mundo de Sofia”, é um romance que exala 
conteúdo de uma forma simples e suave. Publicado 
pela primeira vez em 1991 pelo escritor, professor 
e filósofo Jostein Gaarder. Traduzido em diversas 
línguas, atualmente, no Brasil é publicado pela 
editora Companhia das letas.
1.1.1 CONCEITO DE BIOÉTICA
A bioética  é uma área de estudo que envolve a ciência humana usando o 
princípio da ética e as ciências biológicas. Fundamentando os princípios éti-
cos que regem a vida quando essa pode ser colocada em risco pela medici-
na ou pelas ciências. A palavra bioética é uma junção dos radicais “bio”, de 
origem grega “bios” que significa vida e “éthos”, que diz respeito à conduta 
moral como já mencionado anteriormente.
O estabelecimento de uma profissão em seu significado pleno está extrema-
mente associado à existência de um código de ética profissional: os códigos 
deontológicos. Cada profissão tem sua conduta regida pelos conselhos fede-
rais (CFM - Conselho federal de Medicina; CFR – Conselho federal de farmácia) 
e regionais (CREF- Conselho regional de Educação física; CREFITO - Conselho 
Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional), como pode ser observado no 
esquema abaixo.
12
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Bioética
RELAÇÃO ENTRE ÉTICA, MORAL E DEONTOLOGIA
Deontologia
Aplicação às profissões
Moral
Aplicação ao comportamento
humano e social
Ética
Princípios gerais
Fonte:�Mattar�(2010,�p.�241). 
#PraCegoVer 
Esquema que mostra a hierarquia e sobreposições dos conceitos de deontologia, 
legislação que se aplica nas diferentes profissões seguido da moral que está vinculado ao 
comportamento social e a ética um termo mais abrangente e teórico.
1.1.2 FUNDAMENTAÇÃO DA ÉTICA E BIOÉTICA
A Bioética nasce em um ambiente científico, como uma necessidade sentida 
pelos próprios profissionais da saúde, em seu sentido mais amplo, de prote-
ger a vida humana e seu ambiente.
Uma segunda característica é o seu caráter interdisciplinar, pois abrange pro-
fissionais da área médica, teólogos, sociólogos, juristas, psicólogos, filósofos, 
dentre outros.
Por fim, mas sem esgotar suas características, é um ramo do conhecimento 
humano que se apoia mais na razão e no bom juízo moral de seus investi-
gadores do que em alguma corrente filosófica ou autoridade religiosa. Daí 
serem seus princípios de caráter autônomo e universal.
13
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Bioética
Um dos modelos de análise bioética mais divulgados é certamente o “princi-
palista” (que será abordado mais profundamente ao longo do texto), apresen-
tado por Tom Beanchamp e James Childress, em Principles of Biomedical 
Ethics (BEAUCHAMP; CHILDRESS, 2002). Os autores propõem a existência de 
quatro princípios como norteadores da ação que se quer boa. São eles: o da 
beneficência, o da não-maleficência, o 
da justiça e o da autonomia. Estes princí-
pios encontram as suas raízes na história 
da filosofia ou na tradição da ética médi-
ca, a partir do que ganham a sua justifi-
cação como princípios. Eles não obede-
cem a qualquer disposição hierárquica e 
são válidos prima facie. Em caso de con-
flito entre si, a situação em causa e as 
suas circunstâncias definirão o que indi-
carão o que deve ganhar precedência. O 
princípio da autonomia parece, então, 
receber a preferência dos autores.
OBRA DOS PRINCIPAIS IDEALIZADORES DA TEORIA “PRINCIPIALISTA” DA BIOÉTICA: TOM 
BEANCHAMP E JAMES CHILDRESS
Fonte: Journal of Medical Ethics (2013).
#PraCegoVer 
Fotografia da sétima edição do livro Princípios da Ética Biomédica.
Prima Facie
Que se pode constatar de 
imediato, sem ser necessário 
examinar melhor; claro, 
evidente, óbvio.
14
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Bioética
Outros modelos de reflexão e análise atualmente aplicados em Bioética são: o 
modelo casuístico, o modelo do cuidado, o modelo contemporâneo do direito 
natural e o modelo contratualista.
O modelo casuístico
Apresentado por Albert Jonsen e Stephen Toulmin em The abuse 
of casuistry, preconiza uma análise de caso a caso. Cada caso deve 
ser examinado nas suas características individuais, estabelecendo-se 
comparações e analogias com outros casos.
O modelo do cuidado
Apresentado por Carol Gilligan em In a different voice, partindo do 
estudo da psicologia evolutiva, é mais de natureza psicológica do que 
filosófica. O cuidado é mais personalizado e atende aos valores dos 
indivíduos envolvidos. 
O modelo contemporâneo do direito natural
Apresentado por John Finnis em Natural law and natural 
rights, estabelece a existência de alguns bens fundamentais. O 
conhecimento, a vida estética, a vida lúdica, a racionalidade, a 
religiosidade e a amizade não supõem qualquer organização 
hierárquica entre si. Moral será toda a ação que contribui para o 
desenvolvimento destes valores. 
O modelo contratualista
Apresentado por Robert Veatch em A theory of medical ethics, parte 
da denúncia das várias insuficiências de fundo que a ética hipocrática 
condena. É baseado em um triplo contrato: entre médico e pacientes, 
entre médicos e a sociedade e um contrato mais amplo acerca dos 
princípios orientadores da relação médico-paciente. Para regular 
estas relações deve-se obedecer a algumas regras fundamentais: o 
da beneficência, o da proibição de matar, o de dizer a verdade e o de 
manter as promessas.
15
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Bioética
1.1.3 EVOLUÇÃO DO CONCEITO E CONTEXTO 
HISTÓRICO
Em meados do século XX diante de um colapso ecológico global, quando fo-
ram identificadas as primeiras consequências das mudanças climáticas, do 
aumento exponencial da população após a Segunda Guerra Mundial, da ex-
ploração demasiada de recursos naturais não renováveis e da evolução de 
novas tecnologias, principalmente atômicas, químicas e biológicas, que con-
feriram ao ser humano o poder inédito de destruir o próprio planeta. Foi neste 
contexto que o termo bioética foi mencionado pela primeira vez (HECK, 2005).
A história da Bioética teve início em 1971, 
quando Van Rensselaer Potter, bioquí-
mico e professor de oncologia da Escola 
Médica da Universidade de Wisconsin, 
publicou o livro Bioethics: Bridge to The 
Future, que apenas mais tarde seria re-
conhecido como a principal obra da bio-
ética, um campo de atuação científica, 
normativa e institucional estabelecido 
nos Estados Unidos da América do Nor-
te (EUA). A consolidação deste campo 
da ética aplicada ocorreu, sobretudo, 
após a publicação do Belmont Report 
(1978), documento que sintetizou orien-
tações éticas para a realização de pes-
quisas biomédicas e comportamentais 
envolvendo seres humanos naquele país. A repercussão pública sobre abusos 
em investigações científicas envolvendo grupos de minorias é considerada 
fator importante para o estabelecimento da bioética como um campo de dis-
cussão pública sobre conflitos éticos envolvendo as ciências biomédicas e as 
práticas clínicas A publicação da Encyclopedia of Bioethics, em 1978, e do livro 
Principles of Biomedical Ethics, em 1979, consolidaram no âmbito acadêmi-
co a identidade biomédica que até hoje caracteriza a bioética naquele país 
(DALL’AGNOL, 2005; HECK, 2005).
Mídias Integradas
Tem interesse em aprender 
mais sobre o relatório 
Belmont e a ética em 
pesquisa com seres 
humanos? Para maiores 
informações, leia a matéria 
“O Relatório Belmont e a 
ética em pesquisa com seres 
humanos”, clicando aqui.
https://www.labbioetica.com.br/post/coluna-o-relat%C3%B3rio-belmont-e-a-%C3%A9tica-em-pesquisa-com-seres-humanos16
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Bioética
VAN RENSSELAER POTTER
Fonte: Wikimedia Commons (2020).
#PraCegoVer 
Foto em preto e branco do criador do termo bioética, Van Rensselaer Potter.
O início das discussões bioéticas no Brasil deu-se, tardiamente, no fim da 
década de 1980 e início dos anos 1990 no cenário de redemocratização, que 
criava a expectativa de que o novo campo fosse ferramenta útil para atingir 
objetivos políticos, coletivos, sensíveis às necessidades de grandes mudanças. 
O caráter crítico é apontado no surgimento da bioética no Brasil pelo reco-
nhecimento de seu forte vínculo com movimentos sociais em defesa da de-
mocracia, dos direitos sociais e civis, e da grande parcela da população social-
mente desfavorecida. As marcas dessa 
origem operam tanto como pontos de 
ruptura quanto de consolidação de dis-
cursos e prática.
Além do contexto político e de seu as-
pecto multidisciplinar, outra caracterís-
tica que marca o início da bioética no 
Brasil é a capacidade de produzir novos 
pensamentos e agregar múltiplos sujei-
tos (Corrêa A.P.R; Garrafa V, 2005).
Em 1995 foi criada a Sociedade Brasileira 
de Bioética, bem como cursos de pós-
-graduação. Essa criação e essa implan-
Mídias Integradas
Para manter-se atualizado 
sobre o código de ética 
brasileiro acesse o site da 
Sociedade Brasileira de 
Bioética, clicando aqui.
http://www.sbbioetica.org.br/
17
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Bioética
tação foram os fatores determinantes para agregar a esse campo de estudos 
profissionais, diferentes áreas do conhecimento.
1.2 DESAFIOS E RESPONSABILIDADES
A disciplina de bioética trata de temas específicos como nascer/não nascer 
(aborto), morrer/não morrer (eutanásia), saúde/doença (ética biomédica), 
bem-estar/mal-estar (ética biopsicológicas) e se ocupa de novos campos de 
atuação do conhecimento, como clonagem (ética genética), irresponsabilida-
de perante os pósteros (ética de gerações), depredação da natureza extra-
-humana circundante e agressões ao equilíbrio sistêmico das espécies (ecoé-
tica). Dentre as diversas práticas da bioética destacam-se atividades 
terapêuticas em todo e qualquer exercício das relações profissionais de médi-
cos, enfermeiros, dentistas, psicólogos, nutricionistas, biólogos, fisioterapeu-
tas farmacêuticos, biomédicos terapeutas ocupacionais e demais técnicos 
especializados em saúde e doença, bem como os usuários das novas técnicas 
biomédicas e farmacológicas tornam-se subordinados ao discurso. Podemos 
citar como exemplo, o recente código de ética dos profissionais embriologis-
tas, com a primeira edição publicada em 2018.
CÓDIGO DE ÉTICA DO EMBRIOLOGISTA 
Fonte: Pronúcleo (2020).
#PraCegoVer 
Imagem ilustrativa da capa do Código de Ética e Conduta da Associação Brasileira de 
Embriologistas.
Mídias Integradas
Para melhor contextualização 
da história e desenvolvimento 
do SUS no Brasil assista o 
vídeo no link a seguir.
O SUS do Brasil - um projeto para a 
saúde 
https://www.youtube.com/watch?v=Cb-cslNmGnE
https://www.youtube.com/watch?v=Cb-cslNmGnE
18
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Bioética
O Brasil dispõe de um sistema público 
de saúde, o Sistema Único de Saúde 
(SUS), que foi implementado com a lei n. 
8.080, de 19 de setembro de 1990 homo-
logada pelo então presidente Fernando 
Collor de Melo. Um dos grandes desa-
fios para a saúde, desde então, é aplicar 
a bioética na sua forma de contemplar 
toda a população brasileira. Para enten-
der melhor como a bioética, seu contex-
to, aplicabilidade, desafios e responsa-
bilidades também temos que entender 
como as diretrizes do SUS funciona. Este 
será abordado mais profundamente no 
decorrer do texto.
DIREITO À SAÚDE
Fonte: Pikist (2020).
#PraCegoVer: 
Imagem ilustrativa do martelo do juiz, também chamado de malhete, representando o 
direito à saúde.
tação foram os fatores determinantes para agregar a esse campo de estudos 
profissionais, diferentes áreas do conhecimento.
1.2 DESAFIOS E RESPONSABILIDADES
A disciplina de bioética trata de temas específicos como nascer/não nascer 
(aborto), morrer/não morrer (eutanásia), saúde/doença (ética biomédica), 
bem-estar/mal-estar (ética biopsicológicas) e se ocupa de novos campos de 
atuação do conhecimento, como clonagem (ética genética), irresponsabilida-
de perante os pósteros (ética de gerações), depredação da natureza extra-
-humana circundante e agressões ao equilíbrio sistêmico das espécies (ecoé-
tica). Dentre as diversas práticas da bioética destacam-se atividades 
terapêuticas em todo e qualquer exercício das relações profissionais de médi-
cos, enfermeiros, dentistas, psicólogos, nutricionistas, biólogos, fisioterapeu-
tas farmacêuticos, biomédicos terapeutas ocupacionais e demais técnicos 
especializados em saúde e doença, bem como os usuários das novas técnicas 
biomédicas e farmacológicas tornam-se subordinados ao discurso. Podemos 
citar como exemplo, o recente código de ética dos profissionais embriologis-
tas, com a primeira edição publicada em 2018.
CÓDIGO DE ÉTICA DO EMBRIOLOGISTA 
Fonte: Pronúcleo (2020).
#PraCegoVer 
Imagem ilustrativa da capa do Código de Ética e Conduta da Associação Brasileira de 
Embriologistas.
Mídias Integradas
Para melhor contextualização 
da história e desenvolvimento 
do SUS no Brasil assista o 
vídeo no link a seguir.
O SUS do Brasil - um projeto para a 
saúde 
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%208.080-1990?OpenDocument
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%208.080-1990?OpenDocument
https://www.youtube.com/watch?v=Cb-cslNmGnE
https://www.youtube.com/watch?v=Cb-cslNmGnE
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Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Bioética
1.2.1 DESAFIOS DA BIOÉTICA
Desde a Grécia Antiga, segunda metade do século XX até o presente, a bioé-
tica interage com múltiplos fatores circunstanciais na medicina. Por um lado, 
os desafios à vida no micro e macrouniverso em escala planetária e, por outro, 
o desenvolvimento tecnológico desenfreado levantam uma série de pergun-
tas acerca da capacidade humana de sentir, julgar e agir adequadamente em 
relação a um patrimônio que vem dos primórdios da vida sobre o planeta. A 
abordagem da bioética vai além de uma ética médica e herda boa parte das 
tarefas da filosofia ocidental no afã de monitorar a conduta humana.
A medida, porém, que o espectro temático se distende para fora da medicina, 
a bioética corre o risco de perder contorno, mascarar realidades e desenten-
der seus agentes, razão pela qual importa explicitar seu caráter interdiscipli-
nar, sua demanda científica e seu desafio filosófico mais instigante.
Dentre os muitos desafios que, de fato, o mundo contemporâneo nos apre-
senta, será considerado especialmente três: um primeiro, provocado pela 
mesma estrutura da ciência moderna e que exige uma ética da ciência; um 
segundo, consequência do anterior, provocado pelo impacto da ciência e da 
técnica na ação dos homens e que exige uma ética da solidariedade univer-
sal; e um terceiro, provocado pelo fenômeno da globalização e que exige uma 
resposta ético-política capaz de responsabilizar-se pelas consequências de 
nossas ações a nível planetário (HECK, 2005).
O Brasil é uma país de dimensões continentais e a estrutura socioeconômi-
ca é bem variante. De acordo com dados do IBGE 2020 (Instituto Brasileiro 
de Geografia e Estatística), atualmente 
a população brasileira conta com mais 
de 212 milhões de habitantes.
O boom populacional brasileiro teve 
seu marco nas décadas de 1950 e 1960. 
Com a crescente demanda populacio-
nal frente a serviços de saúde e higiene 
sanitária, vem o grande desafio. Ofertar 
saúde, educação e dignidade a todos.
Mídias Integradas
Para mais informações 
sociodemográficas,acesse o 
link do site do IBGE.
https://www.ibge.gov.br/
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Bioética
CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA ATÉ O ANO DE 2010
Fonte: IBGE (2010).
#PraCegoVer 
Gráfico referente a quantidade de habitantes x ano, demonstrando o crescimento 
populacional do Brasil até o ano de 2010.
1.2.2 RESPONSABILIDADES DA BIOÉTICA
Responsabilidade é um conceito moderno. Responsabilizar-se por algo sig-
nifica, originariamente, responder em juízo por seus atos, defendendo e/ou 
justificando comportamentos oficialmente questionados. Cada um é respon-
sável por suas ações a serem legitimadas perante instância superior, a quem 
cabe pronunciar-se favorável ou desfavoravelmente. O conceito de responsa-
bilidade, usual na tradição, está familiarizado com ilicitude, culpa e reparação. 
Quem é chamado à responsabilidade transgrediu uma ordem estabelecida 
por leis, normas ou valores, é forçado a encontrar explicações para sua con-
duta e submete-se a decisões superiores (MARTINS-COSTA; LUDWIG, 2009).
As responsabilidades bioéticas no Brasil estão intrinsicamente associadas aos 
princípios e diretrizes que regem o SUS. Podemos dizer isso, pois ambas fo-
ram estruturadas e implementadas no país da década de 1990.
O Sistema Único de Saúde (SUS), também chamada de “Lei Orgânica da Saú-
de”, é a tradução prática do princípio constitucional da saúde como direito de 
todos e dever do Estado e estabelece, no seu artigo 7o, que “as ações e servi-
ços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou conveniados que 
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Bioética
integram o Sistema Único de Saúde (SUS) são desenvolvidos de acordo com 
as diretrizes previstas no art. 198 da Constituição Federal, (Brasil. Lei n. 8080), 
obedecendo ainda aos seguintes princípios:
Princípio 1
Universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de 
assistência;
Princípio 2
Integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e 
contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e 
coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade 
do sistema;
Princípio 3
Preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade 
física e moral;
Princípio 4
Igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de 
qualquer espécie;
Princípio 5
Direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde;
Princípio 6
Divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde 
e a sua utilização pelo usuário;
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Bioética
Princípio 7
Utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a 
alocação de recursos e a orientação programática;
Princípio 8
Participação da comunidade;
Princípio 9
Descentralização político-administrativa, com direção única em cada 
esfera de governo: a) ênfase na descentralização dos serviços para os 
municípios; b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de 
saúde;
Princípio 10
Integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e 
saneamento básico;
Princípio 11
Conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e 
humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios 
na prestação de serviços de assistência à saúde da população;
Princípio 12
Capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de 
assistência; e
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Bioética
Princípio 13
Organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de 
meios para fins idênticos.
1.2.3 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA BIOÉTICA
O modelo de análise bioética comumente utilizado e de grande aplicação na 
prática clínica na maioria dos países é o “principialista”, introduzido por 
Beauchamp e Childress, em 1989.
Os�princípios,� as� regras� e� os� direitos� precisam� ser,� além�de� especificados,�
ponderados. Os princípios (e coisas do gênero) nos orientam para certas 
formas�de�comportamento;�porém,�por�si�mesmos,�eles�não�resolvem�conflitos�
de� princípios.� Enquanto� a� especificação� promove� um� desenvolvimento�
substantivo�da�significação�e�do�escopo�de�normas,�a�ponderação�consiste�
na deliberação e na formulação de juízos acerca dos pesos relativos das 
normas. (BEAUCHAMP; CHILDRESS, 2002, p. 299).
O princípio da autonomia
Requer que os indivíduos capacitados de deliberarem sobre suas 
escolhas pessoais, devam ser tratados com respeito pela sua 
capacidade de decisão. Esses têm o direito de decidir sobre as 
questões relacionadas ao seu corpo e à sua vida. Quaisquer atos 
médicos devem ser autorizados pelo paciente;
O princípio da beneficência
Diz respeito à obrigação ética de maximizar o benefício e minimizar 
o prejuízo. O profissional deve ter a maior convicção e informação 
técnicas possíveis que assegurem ser o ato benéfico ao paciente (ação 
que faz o bem);
Exemplo
Em um paciente com 
risco iminente de vida, 
justifica-se a aplicação de 
medidas salvadoras (diálise, 
amputação, histerectomia, 
ventilação assistida, 
transplantes etc.) mesmo que 
tragam consigo algum grau 
de sofrimento, prevalecendo 
assim o princípio da 
beneficência sobre o da não-
maleficência. O primeiro 
objetivo neste momento é a 
preservação da vida.
24
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Bioética
Princípio 13
Organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de 
meios para fins idênticos.
1.2.3 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA BIOÉTICA
O modelo de análise bioética comumente utilizado e de grande aplicação na 
prática clínica na maioria dos países é o “principialista”, introduzido por 
Beauchamp e Childress, em 1989.
Os�princípios,� as� regras� e� os� direitos� precisam� ser,� além�de� especificados,�
ponderados. Os princípios (e coisas do gênero) nos orientam para certas 
formas�de�comportamento;�porém,�por�si�mesmos,�eles�não�resolvem�conflitos�
de� princípios.� Enquanto� a� especificação� promove� um� desenvolvimento�
substantivo�da�significação�e�do�escopo�de�normas,�a�ponderação�consiste�
na deliberação e na formulação de juízos acerca dos pesos relativos das 
normas. (BEAUCHAMP; CHILDRESS, 2002, p. 299).
O princípio da autonomia
Requer que os indivíduos capacitados de deliberarem sobre suas 
escolhas pessoais, devam ser tratados com respeito pela sua 
capacidade de decisão. Esses têm o direito de decidir sobre as 
questões relacionadas ao seu corpo e à sua vida. Quaisquer atos 
médicos devem ser autorizados pelo paciente;
O princípio da beneficência
Diz respeito à obrigação ética de maximizar o benefício e minimizar 
o prejuízo. O profissional deve ter a maior convicção e informação 
técnicas possíveis que assegurem ser o ato benéfico ao paciente (ação 
que faz o bem);
Exemplo
Em um paciente com 
risco iminente de vida, 
justifica-se a aplicação de 
medidas salvadoras (diálise, 
amputação, histerectomia, 
ventilação assistida, 
transplantes etc.) mesmo que 
tragam consigo algum grau 
de sofrimento, prevalecendo 
assim o princípio da 
beneficência sobre o da não-
maleficência. O primeiro 
objetivo neste momento é a 
preservação da vida.
O princípio da não-maleficência
Esse, estabelece que a ação do médico sempre deve causar o menor 
prejuízo ou agravos à saúde do paciente (ação que não faz o mal). 
A finalidade é reduzir os efeitos adversos ou indesejáveis das ações 
diagnósticas e terapêuticas no ser humano;
O princípio da justiça
Estabelece como condição fundamental a equidade, ou seja, 
obrigação ética de tratar cada indivíduo conforme o que é 
moralmente correto e adequado, de dar a cada um o que lhe é devido. 
Os profissionais da saúde devem atuar com imparcialidade, evitando 
ao máximo que aspectos sociais, culturais, religiosos, financeiros ou 
outrosinterfiram na relação profissional-paciente. Os recursos devem 
ser equilibradamente distribuídos, com o objetivo de alcançar, com 
melhor eficácia, o maior número de pessoas assistidas.
Em relação à criança ou indivíduos men-
talmente incapazes, o princípio da auto-
nomia deve ser exercido pela família ou 
responsável legal. Entretanto, estes não 
têm o direito de forçá-las a receber tra-
tamentos e/ou intervenções nocivos ou 
desproporcionalmente penosos, às ve-
zes, por motivos religiosos. Consequen-
temente, os profissionais devem intervir 
ou negar-se a adotar condutas especí-
ficas quando as decisões dos pais ou 
responsáveis legais forem contrárias aos 
melhores interesses da criança.
Os princípios bioéticos estabelecem pa-
drões que orientam, guiam e avaliam 
condutas, enquanto não são sobrepos-
tos pela alegação de fatos ou argumen-
tos dos quais, novamente, resulta prima 
facie um bem maior, mais útil, mais jus-
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Bioética
to, e assim por diante. Assegurada a universalidade de seu objeto, a bioética 
não pode furtar-se ao confronto com a diversidade cultural que mundo afora 
determina condutas, sustenta razões, plasma indivíduos e agrega multidões 
(CORRÊA; GARRAFA, 2005).
ESQUEMA DA BIOÉTICA PRINCIPIALISTA
PrincipialismoBeneficência Não-maleficência
Autonomia
Justiça
Fonte: Elaborada pelo autor (2020).
#PraCegoVer: 
Esquema circular demonstrando que a ética principialista funciona em ciclo e não em 
uma hierarquia.
CONCLUSÃO
Uma vez consolidada como ciência, com objeto e métodos não mais restritos 
ao universo da medicina, a bioética fica em condição de hospedar múltiplas 
disciplinas com conteúdo acadêmicos diversos para interagir, na teoria e na 
prática, com as diferentes áreas do conhecimento sem abdicar da identidade, 
refazer objetivos e/ou descartar métodos. Dada sua destinação interdisciplinar, 
a ciência da bioética tem a tarefa de aplicar a pluralidade de seus princípios e 
suas regras às várias frentes de geração, elaboração e administração do saber. 
O progresso intelectual avança com mais rapidez do que o processo moral (éti-
co). Porém, hoje em dia a bioética ampliou a sua abrangência, gerando inte-
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Bioética
resses instituições privadas e públicas. Em razão disto, ganha uma aceitação 
em escala global, em parte como uma tentativa de apresentar sinais de como 
lidar com os novos problemas éticos que o mundo técnico-científico levanta 
ao interferir vida de todos. É possível perceber, com criações de Comissões Na-
cionais de Bioética, centros de estudos, publicações na área e os congressos 
realizados ou projetados são uma evidência desta amplitude. Observa-se que a 
bioética tem como principais objetivos o respeito e a conservação da dignidade 
da pessoa humana. Ela compreende o estudo das dimensões morais das ciên-
cias da vida, utilizando diversas metodologias éticas em contexto mais amplo.
No Brasil, apesar de ser mais recente do que nos Estados Unidos, por exem-
plo, já possuímos inúmeras iniciativas e estudos sobre este tema. Prova dis-
so, são os próprios estudos que vão de encontro aos problemas do mundo 
contemporâneo, ou seja, da ciência e da vida, do pedagógico ao jurídico, do 
biológico ao social. Com isso, surge sob vários paradigmas, que tratam das 
questões primordiais ligadas ao início da vida, do desenvolvimento da pessoa, 
como por exemplo, aborto, eutanásia, doação de órgãos, bem como temas 
relacionados com a engenharia genética, ecologia, saúde etc.
UNIDADE 2
OBJETIVO
Ao final desta 
unidade, 
esperamos que 
seja capaz:
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Bioética
> Compreender os 
aspectos éticos e 
jurídicos relativos 
à realização 
de pesquisas 
envolvendo seres 
humanos.
> Compreender 
os aspectos 
éticos e jurídicos 
que envolvem 
a realização 
de pesquisas 
envolvendo a 
experimentação 
animal.
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Bioética
2 BIOÉTICA E PESQUISA
Olá, pessoal! Bem-vindos a mais uma importante unidade de estudos da dis-
ciplina de Bioética!
A partir de agora nossos olhares serão voltados para a bioética e para a pes-
quisa, buscando compreender os embasamentos éticos e jurídicos que en-
volvem este importante e amplo campo de estudos.
Vamos aprofundar nossos conhecimentos acerca das realizações de pesqui-
sas que ocorrem tanto em seres humanos, quanto em animais, compreender 
quais são os limites para esses experimentos e de que forma eles ocorrem.
Fiquem atentos para descobrir ainda mais sobre esses importantes assuntos 
que podem ser tema de grandes debates para a atualidade!
Bons estudos!
2.1 BIOÉTICA E PESQUISA COM SERES HUMANOS
2.1.1 CONTEXTO HISTÓRICO E ABORDAGEM 
DOS DOCUMENTOS BÁSICOS DE ÉTICA 
EM PESQUISA: CÓDIGO DE NUREMBERG, 
DECLARAÇÃO DE HELSINQUE E RELATÓRIO 
BELMONT
A bioética, como temática de estudo e ciência qualitativa na área da filosofia, 
direito e saúde, tem o seu início no Brasil durante a década de 1990. Isso se 
decorreu no contexto da redemocratização do país, em que se observou o 
aumento do debate sobre direitos individuais, sociais, e também as questões 
de ética em saúde pública.
Ao falar de ética na medicina ou em pesquisa com seres humanos temos 
que recuperar alguns fatos que marcaram a história e deram início à regula-
mentação da experimentação com humanos. Dentre os documentos básicos 
sobre a ética podemos citar o Código de Nuremberg, a Declaração de Helsin-
que e o Relatório Belmont, que iremos explorar adiante.
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Bioética
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O Tribunal de Nuremberg, em 9 de dezembro de 1946, julgou vinte e três pes-
soas, vinte das quais, médicos que foram considerados criminosos de guerra, 
pelos experimentos realizados em seres humanos, durante a Segunda Guer-
ra Mundial. Em 19 de agosto de 1947, as sentenças foram divulgadas, e sete 
pessoas foram acusadas e condenados à morte. Com a sentença, também foi 
publicado um documento que ficou conhecido como Código de Nuremberg. 
Esse documento tornou-se um marco na história da humanidade que, pela 
primeira vez, estabeleceu-se um conjunto de recomendações internacionais 
sobre os aspectos éticos envolvidos na pesquisa em seres humanos.
ASSENTO DOS RÉUS DURANTE O JULGAMENTO DE NUREMBERG
Fonte: Wikicommons (2020).
#PraCegoVer: 
Fotografia colorida de uma vista superior do banco de réus do tribunal de Nuremberg.
O documento estabelece que um indivíduo dotado de plena capacidade de 
tomada de decisões precisa ter os seus desejos respeitados. O pesquisador, 
por sua vez, deve proteger os interesses do seu paciente.
Além disso, o Código de Nuremberg (SHUSTER, 1997), aborda outros princí-
pios, que podem ser observados abaixo:
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Bioética
1. O consentimento voluntário do ser humano é absolutamente 
essencial.
2. O experimento deve ser tal que produza resultados vantajosos para 
a sociedade, que não possam ser buscados por outros métodos 
de estudo, mas não podem ser feitos de maneira casuística ou 
desnecessariamente.
3. O experimento deve ser baseado em resultados de experimentação 
com animais e no conhecimento da evolução da doença ou outros 
problemas em estudo; dessa maneira, os resultados já conhecidos 
justificam a condição do experimento.
4. O experimento deve ser conduzido de maneira a evitar todo 
sofrimento e danos desnecessários, quer físicos, quer mentais.
5. Não deve ser conduzido nenhum experimento quando existirem 
razões para acreditar que possa ocorrer morte ou invalidez 
permanente; exceto, talvez, quando o próprio médico pesquisador 
se submeter ao experimento.
6.O grau de risco aceitável deve ser limitado pela importância do 
problema que o pesquisador se propõe resolver.
7. Devem ser tomados cuidados especiais para proteger o 
participante do experimento de qualquer possibilidade de dano, 
invalidez ou morte, mesmo que remota.
8. O experimento deve ser conduzido apenas por pessoas 
cientificamente qualificadas.
9. O participante do experimento deve ter a liberdade de retirar-se no 
decorrer do experimento.
10. O pesquisador deve estar preparado para suspender os 
procedimentos experimentais em qualquer estágio, se ele tiver 
motivos razoáveis para acreditar que a continuação do experimento 
provavelmente causará danos, invalidez ou morte para os 
participantes.
Infelizmente o Código de Nuremberg não obteve tanto sucesso quanto espe-
rado. A mídia não deu a devida atenção ao assunto e os médicos e cientistas 
acharam que este código somente se aplicava aos condenados pelos crimes 
que ocorreram durante a Segunda Guerra Mundial. Então até a década de 
1970, os aspectos éticos em torno da pesquisa clínica com seres humanos ain-
da eram muito negligenciados (DINIZ; CORRÊA, 2001).
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Bioética
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[...] o julgamento dos médicos nazistas em Nuremberg recebeu pouca 
cobertura da imprensa e, antes da década de 70, o próprio código raramente 
era citado ou discutido nas revistas médicas. Pesquisadores e clínicos 
americanos aparentemente consideravam Nuremberg irrelevante para seu 
próprio trabalho [...] (ROTHMAN, 1991, p. 62).
Em 1964, a Associação Médica Mundial (AMM), um órgão regulador das as-
sociações médicas internacionais, publicou a Declaração de Helsinque, um 
documento que não possui poderes legais ou normativos, mas que, pelo con-
senso conquistado, é uma referência ética importante para a regulamenta-
ção de pesquisas médicas envolvendo seres humanos (DINIZ, 2005).
A declaração de Helsinque traz em seu conteúdo alguns princípios a serem 
considerados ao conduzir uma pesquisa com seres humanos. Tendo 12 princí-
pios, em resumo, o documento preza em primeiro lugar que a pesquisa bio-
médica deve seguir uma hierarquia de ensaios, in vitro, in vivo e depois trans-
lacionar para humanos. Somente profissionais cientificamente treinados 
devem conduzir pesquisas com humanos. Em qualquer pesquisa com seres 
humanos, cada participante em potencial deve ser adequadamente informa-
do sobre os objetivos, métodos, benefícios previstos e potenciais perigos e 
incômodos que o experimento possa acarretar. Deve ser informado de que é 
livre para retirar seu consentimento em participar, a qualquer momento 
(AMM,1964).
Como abordado anteriormente, o Rela-
tório Belmont foi essencial para o desen-
volvimento da bioética mundial (LEONE; 
PRIVITERA; CUNHA, 2001). Publicado por 
Van Potter em 1978, esse relatório tinha 
como objetivo analisar princípios ético 
básicos que possam nortear pesquisas 
com seres humanos e desenvolver pro-
tocolos técnicos, garantindo que a pes-
quisa seja administrada e aplicada diante 
tais princípios. Dentre os princípios cita-
dos no relatório devemos citar os quatro 
mais importantes: Respeito à autonomia, 
beneficência, justiça e não maleficência 
(BEAUCHAMP; CHILDRESS, 2002).
Saiba Mais
Para acessar a Declaração de 
Helsinque na íntegra e ver as 
suas modificações, desde a 
primeira publicação, acesse o 
link aqui.
https://www.ifgoiano.edu.br/home/images/Documentos/Pesquisa/CEP/DECLARAO-DE-HELSINQUE.pdf
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Bioética
O princípio da autonomia
O indivíduo, desde que com plena capacidade e consciência, possui o 
direito de decidir sobre as questões relacionadas ao seu corpo e à sua 
vida. Quaisquer atos médicos devem ser autorizados pelo paciente, ou 
em alguns casos pelo responsável legal.
O princípio da beneficência
Diz respeito à obrigação ética de prevalecer o benefício em detrimento 
ao prejuízo. Dessa forma, o pesquisador ou médico necessita sempre 
prezar pela preservação da saúde do paciente.
O princípio da não-maleficência
Tem por objetivo reduzir ao máximo os danos causados à saúde e a 
moral dos indivíduos.
O princípio da justiça
Tem por finalidade garantir a equidade. A obrigação ética de tratar 
cada indivíduo com o que é moralmente adequado, oferecer o que é 
necessário dentro da individualidade do paciente. O profissional da 
saúde deve atuar de forma imparcial.
2.2 ASPECTOS CONCEITUAIS SOBRE OS TIPOS DE 
PESQUISA EM SERES HUMANOS
A pesquisa científica pode ser definida como uma classe de atividades cujo 
objetivo é desenvolver ou contribuir para o conhecimento generalizável. O 
conhecimento generalizável consiste em teorias, relações ou princípios ou no 
acúmulo de informações sobre as quais estão baseados, que possam ser cor-
roborados por métodos científicos aceitos de observação e inferência (Reso-
lução 196/96 item II).
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Bioética
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PESQUISA CIENTÍFICA
Fonte: Plataforma Deduca (2021).
#PraCegoVer: Imagem de um homem com jaleco branco, representando um cientista, 
manuseando equipamentos de laboratório, caracterizando a pesquisa científica.
Podemos citar três que são muito frequentes na área da saúde: pesquisas 
epidemiológicas, pesquisas de comportamento, atitudes e crenças e os testes 
de novos remédios e procedimentos.
Pesquisas Epidemiológicas
São estudos que têm como objetivo a produção do conhecimento 
sobre as características dos agravos de saúde na população. 
Geralmente utilizam dados secundários, tais como documentos, 
declarações de óbito, fichas produzidas pelos próprios serviços de 
saúde, prontuários médicos, ou até mesmo artigos publicados em 
revistas científicas.
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Bioética
Pesquisa sobre comportamento, atitudes e crenças
Buscam entender a maneira como as pessoas vivem, como agem 
e o que pensam sobre determinada temática, que seria o objeto do 
estudo. O contato entre a equipe de pesquisa e os participantes ocorre 
por meio de entrevistas, grupos de discussão ou questionários.
Testes de novos remédios e procedimentos
Esses estudos são pagos frequentemente pelos laboratórios 
farmacêuticos, que possuem como objetivo a testagem de novos 
medicamentos. Nessas pesquisas, a equipe de profissionais 
possui contato com os participantes que, geralmente, passam por 
procedimentos médicos e laboratoriais, antes e após a utilização do 
novo medicamento, para avaliar o efeito da substância.
A epidemiologia contribui com o desenvolvimento de diferentes metodolo-
gias de pesquisa, com a finalidade de responder a perguntas clínicas. O co-
nhecimento adequado desses delineamentos de pesquisa é fundamental 
no planejamento de uma pesquisa, e também na leitura e na interpretação 
dos estudos, para as quais recomendamos revisões recentes sobre o assunto 
(BUEHLER; et al., 2009)
De acordo com Nedel e Silveira, 2009, podemos classificar os estudos epide-
miológicos das seguintes formas:
Ensaio clínico randomizado (ECR)
Estudo intervencionista e prospectivo. Os participantes devem ter a 
mesma oportunidade de receber, ou não, a intervenção proposta e 
esses grupos devem ser os mais parecidos possíveis, de forma que a 
única diferença entre eles seja a intervenção em si, podendo-se, assim, 
avaliar o impacto na ocorrência do desfecho em um grupo sobre o 
outro. É o padrão de excelência em estudos que pretendem avaliar o 
efeito de uma intervenção no curso de uma situação clínica.
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Ensaio clínico não randomizado (quase experimental)
Neste tipo de estudo há um grupo intervenção e um grupo controle, 
mas a designação dos participantes para cada grupo não se dá de 
forma aleatória,como no ECR, mas conveniência do pesquisador.
Estudos de prevalência (transversais)
As mensurações dos fatores de risco e dos desfechos analisados 
ocorrem em um mesmo momento, concomitantemente, não 
podendo inferir no que veio primeiro (exposição ou desfecho).
Caso-controle
Observacional, longitudinal e retrospectivo. Seleciona-se uma 
população com determinado desfecho de interesse (casos) e 
outra, semelhante ao primeiro grupo, sem o desfecho de interesse 
(controles). Comparando-se os dois grupos, avaliam-se os fatores que 
poderiam estar relacionados à ocorrência do desfecho pesquisado.
Estudos de coorte
Observacional longitudinal, prospectivo ou retrospectivo. Selecionam-
se populações exposta e não exposta a determinado fator, fazendo seu 
acompanhamento por um determinado período de tempo, ao final do 
qual deve ser analisado o efeito do fator de exposição no aparecimento 
do desfecho.
Revisão sistemática com metanálise
O objeto de análise deixa de ser os pacientes e passa a ser as pesquisas 
já realizadas anteriormente sobre determinado objeto de pesquisa. 
Os trabalhos originais publicados na literatura são revisados e 
selecionados de maneira sistemática, e os resultados deles podem 
ser sumarizados sob um único parâmetro de magnitude de efeito (a 
metanálise).
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Bioética
2.3 ASPECTOS JURÍDICOS NACIONAIS E 
INTERNACIONAIS EM RELAÇÃO ÀS PESQUISAS 
COM SERES HUMANOS
Um dos vários modelos utilizados em Bioética é o modelo principialista. Este 
serve de fundamentação à vários documentos internacionais e, no Brasil, à 
Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), que regulamenta a 
pesquisa em seres humanos no país.
Essa é a resolução que dá as diretrizes e normas reguladoras para pesquisa 
com seres humanos no Brasil. Ela foi elaborada por um grupo de pessoas 
com diferentes profissões, inclusive com representantes de usuários. É neste 
documento que está descrito o funcio-
namento da Comissão Nacional de Ética 
em Pesquisa (CONEP), dos Comitês de 
Ética em Pesquisa (CEP) e os princípios 
que devem ser respeitados em todas as 
pesquisas que envolvem seres humanos 
(BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho 
Nacional de Saúde. Resolução n. 196, de 
10 out. 1996).
Além da Resolução 196/96, o Conselho 
Nacional de Saúde aprovou as seguintes 
resoluções complementares:
Resolução CNS n. 240, de 5 de junho de 1997
Considerando�a�necessidade�de�definição�do�termo�“usuários”�
para efeito de participação nos comitês de ética em pesquisa das 
instituições.
Resolução CNS n. 251, de 7 de agosto de 1997
Aprova normas de pesquisa envolvendo seres humanos para a área 
temática de pesquisa com novos fármacos, medicamentos, vacinas e 
testes diagnóstico.
Saiba Mais
Quer ter acesso integral à 
resolução nº. 196/96? Acesse 
aqui o link.
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/1996/res0196_10_10_1996.html
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Bioética
MULTIVIX EAD
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Resolução CNS n. 292, de 8 de julho de 1999
Pesquisas coordenadas do exterior ou com participação estrangeira 
e pesquisas que envolvam remessa de material biológico para o 
exterior.
Resolução n. 301, de 16 de março de 2000
Contempla o posicionamento do CNS e CONEP contrário a 
modificações�da�Declaração�de�Helsinque.
Resolução CNS n. 303, de 6 de junho de 2000
Reprodução humana.
Resolução CNS n. 304, de 9 de agosto de 2000
Populações indígenas. Resolução CNS n. 340, de 8 de julho de 2004 
– Diretrizes para a Análise Ética e Tramitação do Projetos de Pesquisa 
da Área Temática Especial de Genética humana.
Resolução CNS n. 346, de 13 de janeiro de 2005
tramitação de projetos de pesquisa multicêntricos no sistema 
Comitês de Ética em Pesquisa (CEPs) e (CONEP).
Resolução CNS n. 347, de 13 de janeiro de 2005
Aprova as diretrizes para análise ética de projetos de pesquisa 
que envolva armazenamento de materiais ou uso de materiais 
armazenados em pesquisas anteriores.
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MULTIVIX EAD
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Bioética
Resolução CNS n. 370, de 8 de março de 2007
O registro e credenciamento ou renovação de registro e 
credenciamento do CEP.
Resolução CNS n.404, de 1 de agosto de 2008
Declaração de Helsinque.
Resolução CNS n.421, de 18 de junho de 2009
Reestrutura a composição da Comissão Nacional de Ética em 
Pesquisa – CONEP.
Por mais de uma década a resolução196/96 do Conselho Nacional de Saúde 
(CSN) foi o Norte para a bioética na saúde e condução de ensaios clínicos no 
Brasil. Porém em 12 de setembro de 2011, por meio de coletas de sugestões via 
eletrônica e correios a resolução sofreu modificações. As sugestões em ques-
tão foram submetidas a uma análise técnica no Encontro Nacional dos Comitês 
de Ética em pesquisa (ENCEP), que posteriormente enviaram suas considera-
ções ao CSN. O Conselho Nacional de Saúde, em reunião em plenário, decidiu 
pela revogação das resoluções 196/96, 303/2000 e 404/2008. Isso ocorreu no 
dia 12 de setembro de 2012. Todas as resoluções revogadas foram substituídas 
pela nova resolução n.466, que entrou em vigor a partir de 13 de junho de 2013.
O recente documento tem um caráter mais ético pois leva em consideração 
os princípios básicos da bioética como o respeito a autonomia, justiça, benefi-
cência e não maleficência. Com isso deu-se a entender e a garantir os deveres 
que a comunidade científica tem para com a sociedade e com os participan-
tes de pesquisa.
Saiba Mais
Quer ter acesso a integral à 
resolução n. 466/12 e explorar 
mais o seu conteúdo? Acesse 
o link aqui.
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2013/res0466_12_12_2012.html
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Bioética
MULTIVIX EAD
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2.4 BIOÉTICA E PESQUISA COM ANIMAIS
2.4.1 CONTEXTO HISTÓRICO
Investigações na área da saúde tem embasamento teórico nos pensamen-
tos de Hipócrates (450 a.C.), Aristóteles (384-322 a.C.) e Galeno (201-131 a.C.) 
precursores da análise entre órgão de humanos e animais. Talvez a primeira 
pesquisa científica foi desenvolvida por William Harvey publicada em 1638 
que diz respeito a circulação sanguínea em mais de 80 espécies (RAYMUN-
DO; GOLDIM, 2006).
BUSTO DE ARISTÓTELES
Fonte: Wikicommons (2020).
#PraCegoVer: Cópia romana do busto de Aristóteles esculpido por Líspio, artista grego do 
século IV a.C.
A utilização de modelos animais na ciência possibilitou muitos avanços na 
área biomédica. Por muitos anos pouco se questionou sobre a ética em ex-
perimentação animal, que até então eram usados de forma indiscriminada.
No século XIX surgiram os primeiros movimentos organizados em favor dos 
direitos dos animais. A Inglaterra foi pioneira em regulamentar o uso de ani-
mais em pesquisas científicas (RAYMUNDO; GOLDIM, 2006). O conhecido 
British Cruelty Animal Act, que ocorreu em 1876, resultou em uma emenda 
complementar na Lei relacionada a crueldade aos animais, incluindo o capí-
tulo 77, que regulamentava os aspectos éticos a serem considerado na utili-
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MULTIVIX EAD
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Bioética
zação de animais para a experimentação médica, fisiológica ou científica. O 
trecho da lei britânica pode ser observado na figura a seguir:
BRITISH CRUELTY ANIMAL ACT
Fonte: UK Public General Acts (1876).
#PraCegoVer: Imagem do capítulo 77 da lei sobre crueldade aos animais que 
regulamentava os aspectos éticos a serem considerado na utilização de animais para a 
experimentação médica, fisiológica ou científica.
O princípio dos 3Rs (do inglês: Replacement, Reduction and Refinement), 
criado por Russell and Burch em 1959 tem como premissa uma pesquisa hu-
manitária para os animais. Com o passar dos anos, estes princípios foram in-
corporados em algumas leis que regulamentam a utilização de animais para 
pesquisa científica.Os princípios dos 3Rs são a substituição, redução e refina-
mento, e as suas definições podem ser observadas a seguir.
1 Replacement
Pode ser traduzido como substituição. Propor uma alternativa a 
experimentação animal, ou seja, se houver possibilidade substituir o 
uso de animais por outra ferramenta.
41
Bioética
MULTIVIX EAD
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2 Reduction
sendo traduzido como redução. O pesquisador deve utilizar um 
método que reduza o número de animais usados em experimentos ou 
pesquisas, permitindo, porém, que permita os pesquisadores obter um 
nível comparável de informações de um número menor de animais.
3 Refinement
com tradução literal para refinamento. Métodos para minimizar a 
dor, tortura, sofrimento ou danos duradouros que um animal pode 
sofrer. O refinamento se aplica a todos os aspectos do uso de animais, 
incluindo alojamento e criação para procedimentos científicos. 
Exemplos perfeitos incluem o uso de anestésicos e analgésicos 
adequados para evitar o estresse.
A discussão sobre o uso de animais em experimentação volta em 1975 quando 
Peter Singer publica o livro Animal Libertation. O autor cita que a justificativa 
dos que utilizam animais em pesquisa e dos que aceitam essa prática consis-
te que os resultados provenientes de um estudo podem auxiliar no avanço e 
entendimento das questões humanas.
PETER SINGER
Fonte: Wikicommons (2020).
#PraCegoVer: Fotografia do filósofo e autor da obra Animal Libertation.
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Bioética
2.4.2 ASPECTOS JURÍDICOS NACIONAIS
No Brasil não havia legislação específica que tratasse da experimentação com 
animal. A primeira norma brasileira sobre animais foi o Decreto n. 16.590, de 
1924, baseado nas normas de países europeus.
A primeira lei brasileira a tratar de experimentação animal, Lei n. 6.638 foi pu-
blicada em 1979 e estabeleceu normas para a prática de ensino e científica da 
dissecação de animal vivo. Biotérios e centros de experiências deveriam ser re-
gistrados. No entanto, apesar de previsão de regulamentação em 90 dias pelo 
Poder Executivo, que não ocorreu, o que resultou na não efetividade da norma.
A Constituição Federal da República Federativa do Brasil 1988 tem seu 
fundamento na dignidade da pessoa humana, trazendo como direito difuso 
o meio ambiente ecologicamente equilibrado. Especificamente o artigo 225, 
§1º, V I I dispõe que todos t êm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de 
vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e 
preservá-lo para as presentes e futuras gerações. E para assegurar a efetivi-
dade desse direito incumbe ao Poder Público, proteger a fauna e a flora, ve-
dadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológi-
ca, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade.
Para entender melhor como os cientistas aplicam 
a ética na experimentação animal, assista ao vídeo, 
clicando aqui.
Somente após 10 anos da promulgação da constituição de 88 foi publicada 
a Lei de Crime Ambiental (Lei n. 9.605/98) que trouxe como causa de agrava-
mento de pena se o crime for praticado com emprego de métodos cruéis para 
abate ou captura de animais. Criminalizando por meio dos artigos 31 e 32 as 
condutas: introduzir espécimes no País sem parecer técnico e licença; praticar 
abuso, maus tratos, experiência dolorosa ou cruel em animais vivos, ainda que 
para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.
https://youtu.be/X8chBWysKFw?t=149
43
Bioética
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O marco regulatório da experimentação 
animal no Brasil aconteceu com a pu-
blicação da lei Arouca (n. 11.794/2008), 
que regulamentou o inciso VII do §1º do 
Art. 225 da Constituição Federal. Essa 
lei estabeleceu os procedimentos para 
uso científico de animais em atividade 
de ensino e pesquisa. Além disso, criou 
o Conselho Nacional de Controle de Ex-
perimentação Animal (CONCEA) e as 
Comissões de Ética no Uso de Animais 
(CEUAs). Os direitos e deveres das Co-
missões de Ética em animais está deter-
minado no artigo 5º da lei Arouca, con-
forme descrito a seguir.
I
Formular e zelar pelo cumprimento das normas relativas à utilização 
humanitária de animais com finalidade de ensino e pesquisa 
científica;
II
Credenciar instituições para criação ou utilização de animais em 
ensino e pesquisa científica;
III
Monitorar e avaliar a introdução de técnicas alternativas que 
substituam a utilização de animais em ensino e pesquisa;
Saiba Mais
Quer saber mais sobre a lei n. 
9.605/98? Basta acessar o link 
disponível aqui.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm
44
MULTIVIX EAD
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Bioética
IV
Estabelecer e rever, periodicamente, as normas para uso e cuidados 
com animais para ensino e pesquisa, em consonância com as 
convenções internacionais das quais o Brasil seja signatário;
V
Estabelecer e rever, periodicamente, normas técnicas para instalação 
e funcionamento de centros de criação, de biotérios e de laboratórios 
de experimentação animal, bem como sobre as condições de trabalho 
em tais instalações;
VI
Estabelecer e rever, periodicamente, normas para credenciamento de 
instituições que criem ou utilizem animais para ensino e pesquisa;
VII
Manter cadastro atualizado dos procedimentos de ensino e pesquisa 
realizados ou em andamento no País, assim como dos pesquisadores, 
a partir de informações remetidas pelas Comissões de Ética no Uso de 
Animais (CEUAs), de que trata o art. 8o desta Lei;
VIII
Apreciar e decidir recursos interpostos contra decisões das CEUAs;
IX
Elaborar e submeter ao Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia, 
para aprovação, o seu regimento interno;
45
Bioética
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X
Assessorar o Poder Executivo a respeito das atividades de ensino e 
pesquisa tratadas nesta Lei.
CONCLUSÃO
A partir da leitura proposta e levando em consideração todo o conteúdo dis-
cutido, pode-se concluir que o respeito à vida e o respeito às pessoas devem 
prevalecer em todas as esferas, e as pesquisas científicas envolvendo seres 
humanos devem basear-se na justiça. Isso também é benéfico porque é in-
justo permitir que certas categorias de pessoas (minorias étnicas, prisioneiros, 
pacientes, etc.) aceitem pesquisas simplesmente por causa de sua vulnerabi-
lidade, fácil acesso ou porque são mais fáceis de manipular. O uso racional de 
seres humanos para pesquisas científicas baseia-se na avaliação cuidadosa 
da relação risco / benefício, que está intimamente relacionada a cada princí-
pio estudado.
Os benefícios do uso de animais em pesquisas são inegáveis. Porém, para 
solucionar os problemas relacionados à condução dessas pesquisas, é eficaz 
adotar e seguir os princípios éticos e, por fim, refletir sobre a validade dos re-
sultados. Combinar os três princípios “R” no estágio de planejamento da pes-
quisa animal pode disseminar melhor os padrões comportamentais dos ex-
perimentos com animais na comunidade científica e para toda a sociedade.
Cada país é responsável por regulamentar as leis que orientam o uso de ani-
mais em pesquisas, contanto que estejam em consonância com os padrões 
científicos internacionais. No Brasil, a regulamentação final nessa área ainda 
em fase de elaboração, o que dificulta a padronização de procedimentos e, 
principalmente, retarda o cumprimento das normas (e legislações) éticas na 
pesquisa animal.
UNIDADE 3
OBJETIVO 
Ao final desta 
unidade, 
esperamos que 
seja capaz:
46
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Bioética
>Elucidar os aspectos 
éticos e jurídicos que 
envolvem as pesquisas 
e a comercialização 
de organismos 
geneticamente 
modificados.
> Compreender os 
aspectos éticos e 
jurídicos que envolvem a 
realização de pesquisas 
envolvendo a utilização 
de embriões humanos 
e os procedimentos de 
reprodução assistida.
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Bioética
3 BIOÉTICA: ORGANISMOS 
GENETICAMENTE MODIFICADOS 
E A REPRODUÇÃO HUMANA 
ASSISTIDA
INTRODUÇÃO
Esta unidade traz uma abordagem integrada da bioética, destacando os te-
mas de organismos geneticamente modificados (OGMs) e a reprodução hu-
mana assistida. Serão apresentados os conceitos de OGMs, sua aplicação na 
indústria e sociedade, bem como os dilemas éticos envolvendo os riscos de 
manipulação e consumo de organismos geneticamente modificados. Para 
melhor caracterizar os aspectos bioéticos envolvendo OGMs, veremos ainda a 
principal legislação internacional e nacional que regula sua produção, comér-
cio e consumo.
Essa parte da disciplina também versa sobre a reprodução humana assistida 
e serão apresentadas as principais técnicas amplamente utilizadas na área, 
bem como os dilemas éticos que envolvem a manipulação de gametas e em-
briões, além das possibilidades que se abrem com as tecnologias inovadoras: 
doação de gametas, cessão temporária de útero e seleção de embriões. Dian-
te disso, a legislação sobre o tema é fundamental para normatizar e garan-
tir procedimentos éticos e seguros. No entanto, veremos que ainda existem 
poucas normas internacionais e nacionais sobre o assunto, sendo que vários 
países atuam sem qualquer tipo de regulação.
Desse modo, esta unidade tem a intenção de proporcionar reflexões sobre os 
aspectos bioéticos envolvendo OGMs e reprodução humana assistida. Espe-
ramos que seja possível compreender que os avanços tecnológicos trazem 
conflitos éticos que devem ser amplamente discutidos e regulados, a fim de 
garantir a segurança da sociedade e do meio-ambiente.
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Bioética
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3.1 ORGANISMOS GENETICAMENTE 
MODIFICADOS�(OGMS)
O advento de avanços tecnológicos em biomedicina nos séculos XX e XXI pro-
piciaram a manipulação genética e o surgimento de organismos genetica-
mente modificados, que constituem um importante campo de discussão em 
bioética. Como será apresentado ao longo desta unidade, o uso da engenha-
ria genética permite a alteração do material genético em laboratório para que 
organismos apresentem características de interesse, seja agronômico ou in-
dustrial. Tal manipulação genética traz riscos inerentes e, consequentemente, 
dilemas bioéticos envolvendo as vantagens e desvantagens da produção e 
consumo deste tipo de organismo. Por isso, diversas normas internacionais e 
nacionais têm sido aprovadas, a fim de regulamentar a produção, o comércio 
e o consumo de OGMs no mundo.
3.1.1 O QUE SÃO ORGANISMOS 
GENETICAMENTE MODIFICADOS
Organismos geneticamente modificados (OGMs) são seres vivos, cujo mate-
rial genético (DNA ou RNA) tenha sido modificado por qualquer técnica de 
engenharia genética. Os OGMs podem ser obtidos por meio da transgênese 
ou transgenia, que é a manipulação genética em que uma sequência de DNA 
(total ou parcial) de um organismo exógeno transferida para outro organismo 
de espécie distinta do primeiro. São, portanto, variedades que tiveram seu 
genoma alterado, permitindo que o organismo transgênico expresse uma ca-
racterística relevante desejada, uma vez que determinará a produção de uma 
proteína nova de interesse.
Exógeno significa aquilo que é externo ao 
organismo, ou seja, que se originou externamente 
ao organismo. É oposto a endógeno, que significa o 
que é interno ao organismo, produzido por ele.
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Bioética
Organismos geneticamente modificados não são 
sinônimos de transgênicos. A transgenia é uma das 
técnicas de produção de OGMs, mas existem outras 
técnicas, como a cisgenia, em que a transferência de 
DNA ocorre entre organismos da mesma espécie.
Essa nova proteína pode conferir vantagens ao ser vivo manipulado geneti-
camente, como a expressão de características de relevante valor agronômico 
ou industrial. É o caso da soja Roundup Ready, um tipo de semente de soja 
que foi desenvolvida pela Monsanto na década de 1980, resistente a herbici-
das e à base de glifosato. No Brasil, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agrope-
cuária, Embrapa, destaca-se como importante local de pesquisa e produção 
de OGMs na agricultura. Um exemplo é o feijão Embrapa 5.1, geneticamente 
modificado para resistência ao mosaico dourado, doença que causa amarele-
cimento das folhas, nanismo e severa deformação das vagens e grãos (FARIA, 
ARAGÃO, 2013; LIMA, SILVA FILHO, OLIVEIRA, 2018).
Outra aplicação relevante da transgenia é a geração de micro-organismos 
geneticamente modificados para a produção de proteínas humanas de inte-
resse na indústria farmacêutica. É o caso da insulina humana recombinante, 
que hoje é produzida por OGMs. Previamente ao surgimento desta tecnolo-
gia, a indústria farmacêutica utilizava pâncreas de suínos para obter a insu-
lina que era utilizada em humanos, o que levava a menor especificidade da 
enzima utilizada, além de ser necessária uma quantidade enorme de órgãos 
do animal para a extração da proteína. Atualmente, com o advento da en-
genharia genética, a indústria farmacêutica utiliza a bactéria Escherichia coli 
geneticamente modificada com a inserção do gene da insulina humana, o 
que permite a produção, em escala industrial, de insulina específica humana. 
Assim, tem-se um produto mais barato e de maior eficácia.
Portanto, os OGMs são amplamente difundidos na sociedade atual, sendo 
importantes mecanismos biotecnológicos para melhorar a produtividade 
agrícola e industrial. Os OGMs têm permitido o desenvolvimento de plantas 
resistentes a doenças e pragas, com o potencial de tornar a agricultura menos 
dependente de agrotóxicos, além de permitirem a produção de proteínas de 
interesse humano em escala industrial.
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Bioética
MULTIVIX EAD
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Soja
Roundup Ready, da Monsanto = tolerante a herbicida.
Feijão
Embrapa 5.1, da Embrapa = resistente ao vírus do mosaico dourado do 
feijoeiro.
Algodão
Twinlink, da Bayer = resistente a insetos e tolerante a herbicida.
Milho
MON89034xMON88017, da Monsanto = resistente a insetos e tolerante 
a herbicida.
3.1.2 DILEMAS ÉTICOS QUE ENVOLVEM OS 
OGMS
Desde o começo de sua comercialização, em 1996, a área global de planta-
ções transgênicas aumentou mais de cinquenta vezes, passando de 1,7 mi-
lhão de hectares cultivados em seis países para 90 milhões de hectares em 
21 países em 2005 (JAMES, 2005). Além disso, são utilizados OGMs em vários 
outros setores da economia, como na indústria farmacêutica e na produção 
de animais geneticamente modificados em pesquisa científica. Por isso, são 
levantadas diversas questões a respeito da segurança e dos possíveis riscos da 
manipulação, ingestão e liberação de OGMs na natureza.
A manipulação do genoma de organismos permite o melhoramento na pro-
dução agroindustrial, a partir da inserção de proteínas de interesse humano. 
Entretanto, além das novas características, os OGMs adquirem um conjunto 
de novas qualidades, advindas tanto da regulação gênica, quanto dos possí-
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Bioética
veis efeitos secundários da inserção de um gene exógeno no genoma de ou-
tra espécie. Dessa forma, segundo Costa e Marin (2011), os riscos do consumo 
e produção de OGMs podem ser classificados em três: alimentar, ecológico e 
agrotecnológico.
O risco alimentar compreende os pos-
síveis efeitos adversos da ingestão de 
OGMs noorganismo humano. Podem 
ser efeitos imediatos, como o de pro-
teínas tóxicas produzidas pelo OGM 
ou efeitos pleiotrópicos das proteínas 
transgênicas no metabolismo da planta 
ou, ainda, riscos mediados pela acumu-
lação de herbicidas e seus metabólitos 
nas variedades e espécies resistentes a 
herbicida (COSTA, MARIN, 2011).
Em relação aos riscos ecológicos, são 
aqueles que podem alterar as relações 
ambientais e evolutivas naturais. Dentre 
eles, tem-se a redução da diversidade das culturas de plantas, já que os OGMs 
derivam de um grupo limitado de variedades parentais. Outro risco possível 
é a transferência não controlada de vantagens evolutivas (como resistência 
a pragas e doenças) para espécies selvagens. Isto pode ocorrer em razão de 
polinização cruzada com plantas selvagens, o que pode ocasionar o declínio 
da biodiversidade natural. Há ainda o risco de efeitos adversos na biodiversi-
dade em função da produção de possíveis toxinas pelo OGM, que pode afetar 
espécies de insetos e a microbiota do solo, alterando a cadeia trófica. Outro 
risco ecológico importante é o desenvolvimento de resistência por insetos e 
bactérias às toxinas produzidas pelo OGM, em razão da pressão seletiva, o que 
pode alterar o processo evolutivo natural (COSTA, MARIN, 2011).
Os riscos agrotecnológicos estão relacionados a alterações e possíveis adversi-
dades no processo produtivo utilizando OGMs. Um destes riscos é a mudança 
imprevisível em propriedades e características não alvo em OGMs, devido aos 
efeitos pleiotrópicos de um gene. Outro risco é a perda ou diminuição da efi-
ciência do transgênico resistente a pragas em razão do cultivo extensivo das 
variedades OGMs por muitos anos (COSTA, MARIN, 2011).
Pleiotropia
Pleiotropia é o conjunto 
de múltiplos efeitos de um 
gene, quando um único 
gene controla diversas 
características do fenótipo.
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Bioética
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COLHEITA DE TRIGO
Fonte: Wikipedia (2021).
#PraCegoVer: 
Imagem de uma colheitadeira acompanhada por um trator e um reboque colhendo trigo.
Portanto, a utilização de OGMs e seu consumo trazem diversos dilemas éti-
cos, devido aos riscos da manipulação genética e da seleção artificial de varie-
dades mais vantajosas aos interesses humanos.
O cultivo de OGMs suscita discussões científicas, éticas, econômicas e políti-
cas. Por um lado, ativistas e alguns cientistas afirmam que os conhecimentos 
científicos sobre os impactos do uso de plantas transgênicas em larga esca-
la para o cultivo comercial são ainda insuficientes (COSTA, MARIN, 2011). Por 
outro lado, grandes empresas do ramo agropecuário têm produzido diver-
sas variedades de plantas geneticamente modificadas, cada vez mais utiliza-
das no consumo humano e animal. Estas empresas afirmam que os OGMs 
trazem vantagens ao produtor e/ ou consumidor, tais como menor custo de 
produção, menor preço, maior valor nutricional e durabilidade do produto. 
Além disso, para serem disponibilizados à sociedade, estes OGMs são rigoro-
samente avaliados quanto a sua biossegurança e potenciais riscos (OMETTO, 
TOLEDO, 2004).
https://pt.wikipedia.org/wiki/Colheita
https://pt.wikipedia.org/wiki/Trigo
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MULTIVIX EAD
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Bioética
3.1.3 ASPECTOS JURÍDICOS NACIONAIS E 
INTERNACIONAIS EM RELAÇÃO AOS OGMS
As crescentes produções de organismos geneticamente modificados em todo 
o mundo, bem como seu comércio internacional, têm gerado importantes dis-
cussões acerca da regulamentação mundial de sua produção e consumo. Den-
tre as diretrizes internacionais, cabe destacar o Protocolo de Cartagena sobre 
biossegurança, de 2003, o qual apresenta dispositivos restritivos sobre o co-
mércio internacional de transgênicos. Dentre eles, a obrigação de procedimen-
tos específicos para a identificação, embalagem e transporte de transgênicos 
e a exigência de que os países que exportarem organismos vivos modificados, 
para introduzi-los no meio ambiente, deverão informar à parte compradora, 
para que a primeira entrega inclua informações suficientes para que o com-
prador possa tomar as decisões adequadas. O protocolo ainda faz referência 
ao princípio da precaução, considerando-o norteador para a transferência de 
OGMs em situações de risco, sendo necessário aplicá-lo quando houver incer-
teza científica quanto aos danos ao meio ambiente (COSTA, MARIN, 2011).
PROTOCOLO DE CARTAGENA EM BIOSSEGURANÇA
Fonte: Convention on Biological Diversity (2000).
#PraCegoVer: 
Imagem da capa de um livro, com o título à direita, em inglês: Protocolo de Cartagena em 
Biossegurança da Convenção em Diversidade Biológica – textos e anexos.
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Bioética
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
No Brasil, o marco inicial da regulamentação dos organismos geneticamente 
modificados foi estabelecido pela Constituição Federal de 1988, em seu artigo 
225 (SILVA, 2010).
Segundo o artigo 225, da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988),
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de 
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao 
poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as 
presentes e futuras gerações. 
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público: 
[...] 
II – preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País 
e�fiscalizar� as� entidades�dedicadas�à�pesquisa�e�manipulação�de�material�
genético;
[...]
V – controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, 
métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida 
e o meio ambiente.
O tema é, ainda, regulado pela Lei de Biossegurança nº. 11.105/ 2005, que dis-
põe sobre o tratamento acerca de organismos geneticamente modificados 
e derivados, estimula o avanço científico na área de biossegurança, biotec-
nologia, proteção à vida e à saúde humana, ambiental e vegetal. Além disso, 
esta lei cria dois importantes órgãos: o Conselho Nacional de Biossegurança, 
órgão de assessoramento superior do Presidente da República para formu-
lação e implementação da Política Nacional de Biossegurança, e a Comissão 
Técnica Nacional de Biossegurança, que é uma instância colegiada multidis-
ciplinar que presta apoio técnico ao governo federal (BRASIL, 2005).
O Conselho Nacional de Biossegurança reúne-se 
sempre que convocado pelo Ministro de Estado 
Chefe da Casa Civil da Presidência da República ou 
mediante provocação da maioria de seus membros, 
sendo composto pelos seguintes membros:
I. Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presi-
dência da República, que o presidirá;
II. Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia;
III. Ministro de Estado do Desenvolvimento Agrário;
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Bioética
IV. Ministro de Estado da Agricultura, Pecuária e 
Abastecimento;
V. Ministro de Estado da Agricultura, Pecuária e 
Abastecimento;
VI. Ministro de Estado da Justiça;
VII. Ministro de Estado da Saúde;
VIII. Ministro de Estado do Meio Ambiente;
IX. Ministro de Estado do Desenvolvimento, Indús-
tria e Comércio Exterior;
X. Ministro de Estado das Relações Exteriores;
XI. Ministro de Estado da Defesa;
XII. Secretário Especial de Aquicultura e Pesca da 
Presidência da República.
Segundo o artigo 1° da Lei de Biossegurança (BRASIL, 2005),
Esta� Lei� estabelece� normas� de� segurança� e� mecanismos� de� fiscalização�
sobre a construção, o cultivo, a produção, a manipulação, o transporte, a 
transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a 
comercialização, o consumo, a liberação no meio ambiente e o descarte de 
organismos� geneticamente�modificados� –� OGMs� e� seus� derivados,� tendo�
como�diretrizes�o�estímulo�ao�avanço�científico�na�área�de�biossegurança�
e biotecnologia, a proteção

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