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Bioeletrogênese e Potencial de Ação Organização e Comunicação no sistema nervoso O sistema nervoso é uma rede complexa de comunicação do organismo com o meio ambiente. Componentes: • Sensorial: detecta variação que o meio ambiente estimula • Motores: geram movimento. Exemplo: músculo esquelético, secreção, etc • Integrativos: recebe informação do sensorial, armazenam e processam; elabora resposta motora apropriada • Sistema nervoso central: encéfalo e medula espinhal. • Sistema nervoso periférico: receptor sensorial, nervos sensoriais e motores, gânglios fora do sistema nervoso central. O sistema nervoso central e periférico se comunicam extensamente para que respostas ocorram de forma adequada. O potencial de ação é essencial para que haja resposta. Célula Nervosa – Neurônio Dendritos: recebe estímulo Sinapse: comunica células Bainha de mielina: facilita condução Axônio: conduz estímulo Bioeletrogênese Ocorre no sistema nervoso e nos músculos. A diferença de potencial através da membrana plasmática é o que permite realização. Todas as células apresentam diferença de potencial elétrico através da membrana (voltagem). Alteração na permeabilidade iônica da membrana varia nível do potencial. Experimentos Estudos da eletrofisiologia dos neurônios começaram a ser feitos com Hodgkin e Huxley usando neurônios gigantes de lula como modelo de estudo Neurônio era colocado em banho de solução semelhante ao líquido extracelular. Colocava dois eletrodos do lado de fora do neurônio e a diferença de potencial era de 0 mV. Mas quando um dos eletrodos atravessava a membrana plasmática do neurônio a diferença de potencial ficava -60mV (valor do meio intracelular negativa em relação à externa). Outro experimento foi usar corrente elétrica para estimular o neurônio. Todo estímulo chegava ao voltímetro que era medido. O estímulo gerou despolarização e passava de -60mV para -50mV. Dando um estímulo maior houve uma resposta maior, ficando com a diferença de potencial positivo de 40mV (membrana interna). Isso foi chamado de potencial de ação. Cada célula tem seu próprio potencial de ação: Neurônio: -90mV Músculo esquelético: -80mV Músculo cardíaco: -80mV Músculo liso: -55mV Membrana plasmática Canais são seletivos para cátions ou ânions (depende de sua própria carga). Podem estar sempre abertos ou em resposta a um estímulo Carreadora tem velocidade máxima porque sofrem saturação. Bomba ativa mantem diferença de potencial colocando íons contra gradiente de concentração. Potencial de equilíbrio eletroquímico (E) de um íon (J/mol) Diferença de energia potencial do íon entre dois compartimentos. Membrana permeável apenas ao cátion, apenas aos ânions ou ao cátion e ânions simultaneamente (nesse último caso ambos potenciais de equilíbrio se anulam). Equação de Nernst Mede o potencial de equilíbrio de um determinado íon específico. Quando se usa essa formula assume que o potencial liquido extracelular vale 0mV e o potencial Nernst é o potencial do lado interno da membrana. O sinal é positivo se o íon, difundindo- se de dentro para fora, for negativo e negativo se o íon for positivo. O potássio é um íon de grande importância na determinação do potencial de membrana. O potencial de repouso é determinado pela grande permeabilidade da membrana ao potássio. 0 mV -90mV + + - - Equação de Hodgkins-Katz-Goldman Leva em consideração diversos íons, descobre o equilíbrio de vários íons. Nesse caso, depende da polaridade das cargas elétricas de cada íon, a permeabilidade da membrana para cada íon e as concentrações dos respectivos íons no lado externo e interno da membrana. O grau de importância de cada um desses íons na determinação da voltagem é proporcional à permeabilidade da membrana para cada íon em particular. Isso é, se a membrana tiver permeabilidade zero para os íons potássio e cloreto, o potencial de membrana passa a ser totalmente dominado pelo gradiente de concentração dos íons sódio, e o potencial de Nernst para o sódio. A proporção de íons sódio através da membrana corresponde ao potencial calculado de Nernst no lado de dentro da membrana de +61mV enquanto que na difusão do potássio é de - 94mV. Se a membrana for muito permeável ao potássio, mas apenas levemente ao sódio, a difusão do potássio contribuirá muito mais para o potencial de membrana. Na fibra nervosa, a permeabilidade da membrana ao potássio é cerca de 100 vezes maior que a permeabilidade do sódio. Ao usar a equação de Goldman, será obtido o potencial do lado de dentro da membrana de -86mV que se aproxima do potencial de potássio. A bomba de sódio e potássio irá contribuir para criar um grau adicional da eletronegatividade, o que faz o potencial de membrana efetivo ser cerca de -90mV. Transporte Ativo • Gera potencial elétrico, ou seja, eletrogênico. • Na+/K+ ATPase Funcionamento do Na+/K+ ATPase • 3 sítios de ligação Na+ • 2 sítios de ligação K+ • Sítio para atividade ATPase Três sítios de ligações de sódio da enzima são preenchidos e ocorre fosforilação. Os íons sódio vão para região extracelular devido mudança de conformação enzimática que desencadeia a saída do sódio e acontece a ligação do potássio nos dois sítios de ligação. Ocorre desfosforilação e a volta da conformação original, colocando íons potássio para meio intracelular. Essa bomba é eletrogênica, mas a contribuição para o potencial da membrana plasmática é pequena. A inibição da Na/K ATPase por digitálicos cardíacas (oubaína) despolariza a célula por poucos milivolts (6-16), em média. Funções da Na+/K+ ATPase Controle de volume, manutenção do potencial de membrana por ser eletrogênica. Dentro da célula contém um alto número de proteínas e outras moléculas orgânicas com carga negativa. Isso atrai sódio, potássio e outros íons positivos, além de a água ir junto deles devido ao efeito osmótico. Sem o Na+/K+ ATPase a água entraria dentro da célula num volume grande, o que resultaria em morte celular. Células excitáveis Altera ativamente o potencial de membrana. Os principais tipos de células excitáveis são neurônios e fibras musculares. A membrana das células excitáveis responde ativamente a estímulos. A resposta mais típica é o potencial de ação. O potencial de ação serve para contração muscular, liberação de neurotransmissores e secreção de outras substâncias por células neurais e neuroendócrinas. Fases do potencial de ação: • Repouso: polarizada, antes do potencial de ação. • Despolarização: pode ou não gerar potencial de ação. Deixa interior positivo. Essa etapa fica muito permeável aos íons sódio, se difundem no interior do axônio, e o potencial de membrana ultrapassa rapidamente o nível zero e torna-se positivo. • Pico • Repolarização: canais de sódio começam e se fechar e os de potássio se abrem mais que o normal. A rápida difusão dos íons potássio para o exterior restabelece o potencial de repouso negativo da membrana. • Hiperpolarização: quando a repolarização deixa interior muito negativo. O potencial de ação ocorre quando atinge limiar de excitabilidade (mais ou menos 15 a 30 mV do potencial de membrana em repouso). Se estímulo for pequeno e não atingir o limiar ocorre despolarização, mas não o potencial de ação. • Ativação do canal de sódio: Quando o potencial de membrana se torna menos negativo que durante o estado de repouso, aumentando de -90mv até zero, ele atinge a voltagem (em geral, cerca de -70mv a -50mv), o que provoca alteração na conformação da comporta de ativação, fazendo com que o canal fique totalmente aberto. Chama-se estado ativado e aumenta a permeabilidade da membrana ao potássio por 500 a 5000 vezes. • Inativação do canalsódio: o mesmo aumento de voltagem que abre a comporta também a fecha. A comporta de inativação é ativada milésimos de segundo após o canal ser aberto. O processo de inativação é mais lento que o de ativação. A comporta de inativação só vai ser desativada novamente quando o potencial de membrana retornar ou se aproximar do potencial de repouso na condição original. Nesse momento a comporta de ativação substitui a comporta de inativação para deixar o canal fechado. • Canal de potássio: Quando o potencial de membrana aumenta de -90mv para zero provoca a abertura conformacional de comporta, permitindo aumento da difusão de potássio para fora. Entretanto, devido ao pequeno retardo na abertura dos canais de potássio, em sua maioria eles só abrem exatamente no mesmo momento em que os canais de sódio estão começando a se fechar em função de sua inativação. Assim, a redução da entrada de sódio na célula e o aumento simultâneo da saída de potássio da célula fazem com que o processo de repolarização seja acelerado, levando à completa recuperação do potencial de repouso da membrana dentro de poucos décimos de milésimo de segundo. Condutância de Sódio e Potássio No primeiro momento de despolarização o “Canal de sódio dependente de voltagem” abre e aumenta condutância de sódio para dentro da célula. Num segundo momento, os “Canais lentos de potássio” abrem e aumentam condutância de potássio para fora da célula. Os canais de sódio demoram para abrir e fechar, por isso sua curva é menos acentuada que os canais de sódio e facilitam para que ocorra a hiperpolarização com o efluxo de potássio. Período refratário Após o disparo de um potencial de ação, a célula necessita de um tempo antes de disparar um próximo potencial de ação. Esse período chama período refratário. Há dois tipos de período refratário: • Absoluto: não ocorre novo potencial de ação, pois independe da intensidade do estímulo. • Relativo: pode ocorrer novo potencial de ação, depende da intensidade do estímulo. Precisa ter estímulo com intensidade maior que o primeiro que gerou potencial de ação visto que ainda está ocorrendo o efluxo de potássio, por isso, o influxo de sódio precisa superar a saída. Círculo vicioso de feedback positivo Caso ocorra um evento capaz de aumentar o potencial de -90mv para próximo a zero, a voltagem crescente causa a abertura de vários canais de sódio regulados pela voltagem. Isso permite o influxo rápido de íons sódio, aumentando cada vez mais o potencial e desencadeando a abertura maior de canis de sódio. Esse processo é um circulo vicioso de feedback positivo e, uma vez que ele seja suficientemente intenso, continua ate que todos os canis de sódio estejam abertos. Então, em outra fração de milissegundos, o aumento do potencial de membrana causa o fechamento dos canais de sódio e a abertura dos canais de potássio, e o potencial de ação termina. O limiar para o inicio do potencial de ação O potencial de ação só vai ocorrer se o aumento inicial do potencial de membrana for suficientemente intenso para gerar o feedback positivo. Isso ocorre quando o numero de Na+ que entram na fibra fica maior que o número de K+ que sai da fibra. Assim, qualquer aumento abrupto do potencial de membrana de fibra nervosa calibrosa de -90mv para cerca de -65mv usualmente provoca o explosivo desenvolvimento do potencial de ação. Propagação do potencial de ação Um potencial de ação normalmente provoca a excitação das suas partes adjacentes, resultando em uma propagação por toda a membrana. As cargas positivas entram e aumentam a voltagem, como consequência, os canais de sódio se abrem e o explosivo potencial de ação se propaga. Essa transmissão do processo de despolarização por fibra nervosa ou muscular é referida como impulso nervoso ou muscular. A membrana excitável não tem direção única de propagação, mas o potencial de ação trafega por todas as direções, afastando -se da região estimulada ate que toda a membrana tenha sido despolarizada. Como o impulso nervoso é gerado e propagado? A mudança do potencial no cone axonal (região de transição do corpo do neurônio e o axônio) causa a despolarização de toda a membrana. O impulso vai do cone até o botão terminal (local da sinapse). Uma vez que o potencial de membrana chegou no cone, canais de voltagem dependentes passam a se abrir. Sódio entra, muda voltagem, muda potencial adjacente até chegar na porção terminal. Por que pode ser considerado unidirecional? A partir da entrada do sódio no cone e sua propagação até a porção terminal, o local por onde passou ainda está no processo de repolarização, ou seja, a comporta de inativação de sódio ainda está fechando o canal, portanto, não tem como ocorrer outro potencial de ação, o que faz propagação ter apenas uma direção. Bainha de mielina • Isolante elétrico que envolve o axônio • Oligodendrócito ou células de schwann • Nódulos de Ranvier – região sem mielina onde ocorre o potencial de ação e há uma concentração de canais de sódio • Condução saltatório (salta de um nódulo para o outro) • Aumenta a velocidade de propagação Imagem mostra axônio sem bainha de mielina Imagem mostra axônio com bainha de mielina Princípio tudo ou nada O processo de despolarização trafega por toda a membrana se as condições forem adequadas ou não se propagam de qualquer modo, se as condições não forem adequadas. Isso se aplica a todos os tecidos excitáveis normais. Ocasionalmente, o potencial de ação atinge uma região que não gera voltagem suficiente para estimular a área seguinte da membrana, quando isso ocorre a despolarização é interrompida. Para que ocorra a propagação contínua do impulso, a proporção entre o potencial de ação e o limiar de excitação deve ser sempre maior que 1. Este requisito é referido como fator de segurança para a propagação. O platô em alguns potenciais de ação Em alguns casos a membrana não se repolariza imediatamente após a despolarização. O potencial permanece como platô perto do pico do potencial em ponta e prolonga o processo de despolarização. Esse tipo de potencial de ação ocorre nas fibras musculares do coração, onde o platô dura 0,2 a 0,3 segundo e faz contração do coração durar esse período. A causa disso é a combinação de vários fatores. Primeiro, no coração há dois tipos de canais, os usuais de sódio dependentes de voltagem (canais rápidos) e os canais de cálcio-sódio (canis lentos). Os canais lentos permitem o influxo de íons cálcio para a fibra e são responsáveis em grande parte pelo platô. Em segundo lugar, a abertura de canais de potássio regulados pela voltagem é mais lenta que o normal, só se abrindo por completo no final do platô. Isso retarda o retorno do potencial de membrana a seu valor negativo normal. Na fibra muscular ou células musculares, o potencial de ação ocorre de maneira similar, porém o principal íon envolvido é o cálcio. O sarcômero é a unidade de contração das miofibrilas, composto pelos filamentos delgados de actina, tropomiosina e troponina, intercalados pelos filamentos espessos de actina e miosina. No momento da contração, os filamentos delgados deslizam sobre os filamentos espessos, gerando um encurtamento na fibra muscular que é a contração muscular. Quando a fibra muscular recebe o estímulo advindo dos nervos, ocorre a sua despolarização, ativando canais de cálcio dependentes de voltagem, permitindo, assim, o influxo do cálcio. Isso estimula a liberação de cálcio intracelular, que fica retido no retículo sarcoplasmático, aumentando ainda mais a concentração de cálcio intracelular. Os íons Ca2+ então se ligam à troponina, induzindo uma alteração conformacional dessa proteína que permite o deslizamento dos filamentos e consequente contração muscular. De maneira reversa, orelaxamento muscular ocorre quando o cálcio é bombeado de volta para o retículo sarcoplasmático, e é preciso que ocorra o relaxamento muscular para que haja nova contração da fibra. O estímulo para a contração muscular advém da passagem do sinal nervoso às fibras musculares. Esse mecanismo é dependente da acetilcolina, neurotransmissor que também atua na transmissão dos impulsos nervosos entre os neurônios. Ritmicidade de alguns tecidos excitáveis Descargas repetitivas espontâneas ocorrem normalmente no coração, na maior parte dos músculos lisos e em muitos neurônios do sistema nervoso central. Essas descargas rítmicas causam batimento ritmado, o peristaltismo e alguns eventos neuronais como o controle ritmado da respiração. Quase todos os outros tecidos excitáveis podem descarregar repetitivamente se o limiar de excitabilidade dos tecidos celulares for suficientemente reduzido. Para que ocorra a ritmicidade espontânea a membrana mesmo em seu estado natural deve ser suficientemente permeável aos íons sódio ou cálcio e sódio para permitir a despolarização automática da membrana.
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