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Diretrizes para Solução dos Problemas Relacionados aos Prédios Construídos em Alvenaria Resistente na Região Metropolitana do Recife

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Diretrizes para Solução dos Problemas 
Relacionados aos Prédios Construídos 
em Alvenaria Resistente na Região 
Metropolitana do Recife 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Recife – Pernambuco 
Fevereiro de 2009 
 
 
 
 
COMISSÃO DE SISTEMATIZAÇÃO 
 
 
Eng. Alexandre Duarte Gusmão (Universidade de Pernambuco) 
Eng. Carlos Fernando de Araújo Calado (Universidade de Pernambuco) 
Eng. Carnot Leal Nogueira (Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco) 
Eng. Fernando Artur Nogueira Silva (Universidade Católica de Pernambuco) 
Eng. Romilde Almeida de Oliveira (CREA-PE) 
Eng. Sérgio Osório Cerqueira (Assoc. Bras. de Engenharia e Consultoria Estrutural) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
A ocorrência de diversos acidentes com edifícios construídos em alvenaria 
resistente, ou popularmente conhecidos como prédios caixão, tem chamado a 
atenção da comunidade técnica local para a necessidade de se estabelecer critérios 
de investigação, estudo e reabilitação deste tipo de edificação, dentro de níveis de 
confiabilidade aceitáveis. 
 
Diversas manifestações patológicas têm sido observadas nos prédios da Região 
Metropolitana do Recife (RMR), já tendo ocorrido, em alguns casos, desabamentos 
com vítimas fatais. 
 
Desde o ano de 1999, quando ocorreram os acidentes com os Edifícios Éricka e 
Enseada de Serrambi em Olinda, onde morreram 12 pessoas, que várias ações 
foram conduzidas por diferentes entidades (públicas ou não) sem se conseguir, no 
entanto, chegar a uma solução para o problema. 
 
Os números mostram que se trata de um dos maiores problemas urbanos na Região 
Metropolitana do Recife. São cerca de 6.000 prédios em situação de risco de 
desabamento, envolvendo 250.000 moradores. Não se trata de um problema 
somente técnico, mas também social. 
 
Este documento apresenta uma metodologia para o enfrentamento definitivo e 
responsável do problema, contemplando não apenas os aspectos técnicos, mas 
questões referentes ao financiamento e gestão dos riscos. Com isso se espera 
resgatar a dignidade e a segurança dos moradores dos prédios, através de 
intervenções que tenham como base conceitos técnicos e científicos consagrados 
na Engenharia. São signatárias deste documento as mais representativas entidades 
ligadas à Engenharia de Pernambuco. 
 
 
 
Prof. Eng. Carlos Fernando de Araújo Calado 
Reitor da Universidade de Pernambuco 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. METODOLOGIA 
 
Desde 1999 já houve várias ações de diferentes entidades da sociedade civil na 
tentativa de uma discussão sobre os acidentes associados aos prédios em alvenaria 
resistente na RMR. Apesar de todas representarem algum tipo de avanço, não se 
tem ainda uma metodologia consistente para o enfrentamento do problema. 
 
Um aspecto que parece claro é que a discussão não pode se restringir apenas aos 
aspectos técnicos das causas e das formas de recuperação dos prédios. Por 
exemplo, de que adianta serem desenvolvidas soluções tecnicamente perfeitas, se 
não houver financiamento das obras de recuperação? 
 
É nesse contexto, que esse trabalho propõe uma metodologia diferente, onde a 
discussão deva envolver toda a cadeia produtiva que esteja relacionada a tais 
construções: empreendedores, financiadores e seguradoras, projetistas, 
construtores, consumidores e poder público. Trata-se de um fórum onde todas as 
ações devam ser validadas pelas entidades participantes. 
 
A metodologia proposta consistiu nas seguintes etapas: 
 
• Formatação inicial da proposta através da Comissão de Qualidade e 
Segurança do Ambiente Construído do CREA/PE, em Janeiro de 2008; 
• Coordenação da proposta pela Universidade de Pernambuco a partir de Maio 
de 2008; 
• Apresentação da proposta de metodologia em uma reunião em 26/06/2008 
com várias entidades representativas da cadeia produtiva. Na ocasião as 
seguintes entidades participaram e validaram a proposta: 
 
o Universidade de Pernambuco (UPE) 
o Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) 
o Universidade Federal de Pernambuco (UFRPE) 
o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de 
Pernambuco (Crea-PE) 
o Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE/PE) 
o Ministério Público Federal (MPF) 
o Ministério Público do Estado de Pernambuco (MPPE) 
o Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural – 
ABECE 
o Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia 
Geotécnica – ABMS 
o Instituto Tecnólogico do Estado de Pernambuco – ITEP 
o Sindicato Nacional das Empresas de Engenharia e Arquitetura 
Consultiva – SINAENCO/PE 
o Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco – 
ADEMI/PE 
o Prefeitura Municipal de Camaragibe 
o Prefeitura do Recife 
o Prefeitura Municipal do Paulista 
 
 
 
 
Foram, então, criados 04 (quatro) comitês: 
 
• Comitê de Novos Projetos: tinha como função estabelecer as condições 
técnicas necessárias aos projetos de novas edificações (materiais, sistemas 
construtivos e normas). 
 
• Comitê de Recuperação de Estruturas: tinha como função estabelecer as 
condições técnicas necessárias aos projetos de recuperação das estruturas com 
riscos de desabamento (materiais, sistemas construtivos e normas). 
 
• Comitê de Financiamento: tinha como função estabelecer as alternativas de 
financiamento para o projeto e execução da recuperação dos prédios (fontes, plano 
de desembolso ao longo do tempo e critérios para hierarquização dos prédios). 
 
• Comitê de Gestão de Riscos: tinha como função estabelecer as políticas de 
gestão de riscos de desabamento para os órgãos públicos, especialmente a Defesa 
Civil (estrutura, quadro técnico, recursos tecnológicos, logística, entre outros). 
 
Também foi estabelecida uma Comissão de Sistematização, cujo função foi 
centralizar as informações dos comitês, bem como fazer com que os seus trabalhos 
ficassem concatenados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. HISTÓRICO 
 
 
 
 
 
Introdução 
 
A ocorrência de diversos acidentes com edifícios construídos em alvenaria 
resistente, caracterizada como edificações em alvenaria que utilizam blocos (tijolos 
vazados) de vedação com finalidade estrutural, tem chamado a atenção da 
comunidade técnica local para a necessidade de se estabelecer critérios de 
investigação, estudo e reabilitação deste tipo de edificação, dentro de níveis de 
confiabilidade aceitáveis. 
 
Diversas manifestações patológicas têm sido observadas na Região Metropolitana 
do Recife (RMR), já tendo ocorrido, em alguns casos, desmoronamentos com 
vítimas fatais. 
 
Números aproximados apontam que cerca de 250.000 pessoas habitam edificações 
de alvenaria resistente, significando que cerca de 10% da população da RMR 
encontra-se potencialmente exposta à perda do patrimônio e ao risco de vida. O 
quadro instalado se constitui num grave problema de ordem social que demanda 
intervenções firmes e urgentes para a sua solução. 
 
No que diz respeito às estratégias de recuperação, são escassas as informações na 
literatura sobre o tema e o que se tem observado na prática é o emprego de 
soluções de recuperação fundamentadas em conhecimentos empíricos que carecem 
de reflexão mais aprofundada sobre sua eficácia e aplicabilidade. Trata-se de um 
problema de grande envergadura, comparável em dimensões aos resultantes de 
grandes catástrofes internacionais. 
 
Segundo estimativas, que estão sendo confirmadas pelos recentes levantamentos 
cadastrais, a RMR conta com aproximadamente 6.000 (seis mil) edifícios 
construídos em alvenaria resistente, regionalmente referidos como prédios tipo 
caixão, numa alusão natural à forma da construção que se assemelha a uma grande 
caixa. Neste tipo de edificação, geralmente se utilizam blocos cerâmicos vazados 
assentados com furos na horizontal ou blocos de concreto, ambos de pequena 
espessura, com baixa resistência à compressão, da ordem de 3,0 MPa, como valor 
máximo. 
 
Esta prática construtiva teve importante impulso a partir do início da décadade 70. A 
sua aceitação deveu-se, em grande parte, ao menor custo em relação às obras com 
estrutura convencional de concreto armado, à rapidez na execução, à grande 
aplicabilidade e baixo custo dos blocos cerâmicos e de concreto produzidos no 
estado de Pernambuco, naquela ocasião. 
 
Por outro lado, a busca pela minimização dos custos, a falta de controle de 
qualidade dos componentes e dos procedimentos construtivos, aliados à inexistência 
de norma técnica específica, vem causando, ao longo dos últimos anos, uma série 
de patologias e acidentes. A freqüência destes sinistros e a natureza brusca da 
ruptura, com colapso progressivo, têm gerado inquietação à comunidade técnica 
local e, principalmente, aos moradores destas edificações, que hoje vivem em 
sobressalto pela incerteza das condições de segurança de suas residências. 
 
 
 
 
 
A relação entre o número de acidentes ocorridos e o número de edificações 
existentes resulta numa probabilidade de falha de 1:500. Este é um valor 
socialmente inaceitável, uma vez que o correspondente indicador para o caso em 
que envolve riscos de vidas humanas é de no máximo 1:10.000, sendo 1:100.000 
um valor desejável. Há que se considerar que atualmente existem dezenas de 
edifícios desta natureza interditados e que, pelo menos, dez edifícios foram 
demolidos por se ter diagnosticado não oferecerem as mínimas condições de 
segurança para habitação, o que eleva mais ainda o nível de risco mencionado. 
 
 
Construções de Edifícios em Alvenaria Resistente no Estado de Pernambuco 
 
Com a criação do Banco Nacional de Habitação, a partir da década de 70, houve um 
importante impulso na construção de habitações populares, em larga escala, no 
Brasil. Naquela época, começaram a ser produzidos edifícios residenciais de até 
quatro pavimentos empregando, com razoável freqüência, blocos caracterizados 
como de vedação com finalidade estrutural. Trata-se de extensão das construções 
que vinham sendo produzidas com menor número de pavimentos. 
 
A maior parte destas edificações foi executada de forma empírica, sem atendimento 
aos requisitos de normas técnicas específicas que possibilitassem o 
estabelecimento de padrões de confiabilidade estrutural aceitáveis, sendo este o 
principal problema com este tipo de construção. Some-se a isto, o fato de os 
moradores efetuarem intervenções sem orientação técnica, a qualidade de muitos 
materiais e componentes utilizados, que é efetivamente muito variável e, com 
freqüência, falha sob o ponto de vista técnico e está criado um quadro propício ao 
mau desempenho destas edificações. 
 
Além disso, em decorrência das sucessivas crises financeiras pelas quais o país 
atravessou, a partir do início da década de 80, houve a redução do poder aquisitivo 
dos potenciais usuários deste tipo de moradia e, na tentativa de viabilizar 
economicamente as unidades, elementos essenciais como cintas, pilaretes, vergas e 
contravergas, foram suprimidos, em grande número de casos. Complementarmente, 
ainda na linha da redução de custos, foram adotadas soluções tecnicamente 
inadequadas, como é o caso do uso do piso não aterrado (“caixão vazio”). 
 
Diante destes fatos, resultou um processo de degradação muito acelerado das 
obras, um envelhecimento precoce e inúmeras manifestações patológicas, desde as 
mais simples até as mais complexas com comprometimento da segurança das 
edificações. 
 
Nos duas últimas décadas, foram registrados mais de dez casos de desabamentos 
de edifícios residenciais construídos com esta técnica e interditados dezenas de 
prédios. Doze vítimas fatais e vários feridos resultaram destes sinistros que 
contribuíram para a geração de um quadro de insegurança e incerteza generalizado, 
cujas repercussões ainda estão sendo contabilizadas. 
 
 
 
 
 
Dentre os casos mais recentes, destacam-se os edifícios Aquarela, Ijuí e Sevilha, 
em Jaboatão dos Guararapes, e os edifícios Éricka e Enseada de Serrambi em 
Olinda. Nestes casos, foram identificados pela primeira vez fenômenos de 
degradação nunca antes discutidos no meio técnico local, muito embora não se 
constituam em temas inéditos sob o ponto de vista do conhecimento técnico-
científico. É o caso da Expansão por Umidade no Edifício Aquarela e a degradação 
dos componentes cimentícios (blocos e argamassas à base de cimento) por ataque 
das águas agressivas do subsolo, no caso do Edifício Éricka. 
 
 
Características Típicas da Alvenaria Resistente 
 
A alvenaria resistente é uma técnica construtiva que se caracteriza pela utilização de 
unidades de vedação (cerâmicas ou de concreto) com finalidade estrutural, ou seja, 
com o objetivo de suportar cargas além do seu próprio peso. 
 
As lajes são na sua maioria nervuradas, pré-moldadas tipo volterrana, com blocos 
cerâmicos ou de concreto e com capeamento de concreto. São assentadas 
diretamente sobre as paredes ou sobre cintas de concreto executadas no 
coroamento das paredes. 
 
As fundações são geralmente construídas em alvenaria simples ou dobrada, em 
continuidade às paredes da edificação, geralmente assentadas sobre sapatas 
corridas na forma de T invertido de concreto armado ou sobre componentes de 
fundação pré-moldados assentados sobre camada de concreto magro. 
 
Tem sido constatada a execução do piso do pavimento térreo em laje pré-moldada, 
semelhante às empregadas nos demais pisos da edificação, em substituição ao 
preenchimento do caixão da obra com aterro compactado. O porão assim formado 
cria um ambiente potencialmente agressivo aos elementos do embasamento e à 
própria laje. É agravado pela inexistência de saneamento, em muitos casos. 
 
Neste tipo de edificação é freqüente não se dispor cintas de concreto armado na 
interface fundação-parede de elevação ou mesmo nas interfaces parede-laje em 
cada pavimento. É comum também a ausência de vergas e contravergas nos vãos 
de aberturas de portas e janelas. 
 
As paredes de elevação são construídas em alvenaria singela de blocos cerâmicos 
ou de concreto, com espessura média de 9 cm, com juntas verticais descontínuas, 
assentadas com argamassa mista de cimento, cal e areia, de cimento saibro e areia 
ou simplesmente cimento e areia. Esta espessura das paredes é responsável, em 
grande parte, pela redução da já pequena capacidade de carga destes elementos 
resistentes devido à sua elevada esbeltez. Para os valores de pé-direito usualmente 
empregados neste tipo de construção – 2,60 m – tem-se uma esbeltez próxima de 
30 que é consideravelmente superior ao valor 20, admitido para construções em 
alvenaria estrutural. 
 
 
 
 
 
Geralmente os revestimentos externos e internos são constituídos de argamassas 
mistas de cimento. 
 
A caixa de escada, muitas vezes posicionada na parte central do bloco, é 
geralmente estruturada em pórtico de concreto armado e serve de sustentação do 
reservatório superior. Em alguns casos são observadas escadas apoiadas 
diretamente sobre as paredes da edificação. 
 
A estrutura de telhado, geralmente em madeira, assenta-se sobre as paredes 
através de pilaretes ou barrotes de madeira, sendo a coberta em telhas de 
fibrocimento ou telhas cerâmicas. 
 
 
Os Desabamentos mais Significativos de Edificações em Alvenaria Resistente 
 
Em março de 1994, um dos blocos do Conjunto Residencial Bosque das Madeiras, 
localizado no bairro de Engenho do Meio ruiu ainda na fase de construção. A 
alvenaria da edificação era singela em blocos cerâmicos de oito furos e a fundação 
em caixão vazio. Não houve vítimas. O laudo de avaliação do acidente foi conduzido 
pelo Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de Pernambuco (CREA-PE) e 
apontou como causa principal do colapso a execução de rasgos horizontais para 
instalação de eletrodutos ao longo de toda extensão de uma parede divisória central. 
A Figura 1 mostra uma visão da edificação em ruína. 
 
Três anos mais tarde, em 1997, ocorreu o desabamento do Edifício Aquarela, 
localizado no bairro de Piedade, no município de Jaboatão dos Guararapes. O 
colapso ocorreu onzeanos após sua construção. A estrutura da edificação era em 
alvenaria singela de blocos cerâmicos vazados, assentados à galga na 
superestrutura com os furos na horizontal. As lajes eram pré-moldadas do tipo 
volterrana apoiadas sobre cintas de concreto armado, corridas ao logo de todas as 
paredes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 1 – Conjunto Residencial Bosque das Madeiras 
A fundação deste edifício, em caixão vazio, foi construída em alvenaria singela de 
blocos cerâmicos de seis furos (19cm x 11cm x 9cm) assentados ao chato, 
constituindo uma trama de paredes. Os embasamentos então formados não foram 
 
 
 
 
aterrados em seu interior, apresentando em alguns pontos vazios de até 1,40m do 
solo à laje de piso. A laje de piso do pavimento térreo era também do tipo volterrana. 
 
A existência de cintas de amarração evitou o desmoronamento da edificação, 
mantendo os níveis dos pisos praticamente horizontais, na ocasião do colapso da 
estrutura. Não houve vítimas. 
 
O laudo de avaliação foi conduzido pelo CREA-PE e indicou como causa principal 
da ruptura a perda de resistência dos blocos de fundação decorrente da expansão 
por umidade. Também foram observadas na edificação reduções das dimensões 
das alvenarias de embasamento projetadas. A Figura Fig. 2 mostra detalhes do 
colapso da edificação. 
 
 
Fig. 2 – Edifício Aquarela 
 
Em novembro de 1999, ruiu em Jardim Fragoso, Olinda, o Edifício Éricka causando 
a morte de cinco pessoas. O edifício era construído em alvenaria singela mista, 
envolvendo blocos cerâmicos e blocos de vedação em concreto. 
 
A fundação desta edificação foi executada em caixão vazio e as paredes em 
alvenaria singela mista. Foram observados em alguns pontos vazios de até 1,70 m, 
entre o solo natural e a laje de piso do pavimento térreo. 
 
O laudo de avaliação foi conduzido pela Coordenação de Defesa Civil de 
Pernambuco (CODECIPE) e apontou como causa principal da ruína a perda de 
resistência decorrente da degradação produzida pela ação continuada de íons de 
sulfatos sobre os componentes do cimento. A Figura Fig. 3 mostra detalhes do 
colapso da edificação. 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 3 – Edifício Éricka 
 
 
Em dezembro de 1999, colapsou também em Jardim Fragoso, o Bloco B do 
Conjunto Enseada de Serrambi causando sete vítimas fatais. O edifício era 
construído em alvenaria singela de blocos cerâmicos vazados assentados com furos 
na horizontal. 
 
A fundação deste prédio foi também executada em caixão vazio com paredes em 
alvenaria singela e a laje de piso do pavimento térreo em laje do tipo volterrana. 
 
O laudo de avaliação foi conduzido pela Coordenação de Defesa Civil de 
Pernambuco (CODECIPE) e apontou como causa principal da ruína a falha dos 
blocos de fundação. A Figura Fig. 4 mostra detalhes do colapso da edificação, onde 
se pode observar a fragmentação generalizada da mesma, decorrente da 
inexistência de cintas de concreto armado nos níveis dos pisos. 
 
Em maio de 2001, o Edifício Ijuí, localizado em Candeias, Jaboatão dos Guararapes, 
também construído em alvenaria resistente de blocos de concreto e fundação em 
caixão vazio, ruiu sem deixar vítimas. O laudo de avaliação foi conduzido pela 
Prefeitura Municipal de Jaboatão dos Guararapes contando com a participação do 
ITEP, CREA e CODECIPE. A Figura 5 ilustra as condições do edifício após o 
colapso. A ruptura se deu a partir dos embasamentos provocados pelo 
descalçamento das sapatas corridas em decorrência da passagem das águas 
servidas e pluviais devido à inclinação do terreno natural e pelo fato da fundação 
não ser aterrada. 
 
 
Fig. 4 – Bloco B do Conjunto Enseada de Serrambi 
 
 
 
 
 
Fig. 5 – Edifício Ijuí 
 
Mais recentemente, em dezembro de 2007, a parte posterior do Bloco B do Edifício 
Sevilha, situado em Jaboatão dos Guararapes colapsou no nível das paredes que 
constituíam os embasamentos da edificação. A fundação era também construída em 
caixão vazio em alvenaria singela formada por blocos vazados de oito furos 
assentados ao chato. A Figura 6 ilustra as condições do edifício após o colapso. 
 
 
Fig. 6 – Edifício Sevilha 
 
 
Ações Desenvolvidas 
 
Diante deste quadro, diversas ações de natureza técnica e política foram esboçadas 
para tentar solucionar o problema, tais como: 
 
a) Documento encaminhado ao CREA-PE, em 2000, por um grupo de 
engenheiros que participaram da maioria dos eventos relevantes relacionados com 
os prédios caixão e que, na condição de engenheiros e cidadãos denunciaram a 
gravidade do problema e propuseram soluções. Em conseqüência, o CREA-PE 
promoveu várias reuniões técnicas com componentes do setor da construção civil, e 
que resultaram em um documento similar ao proposto; 
b) Instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara Municipal de 
Olinda com a finalidade de investigar os casos dos desabamentos ocorridos no 
município; 
c) Realização de Seminário Técnico em nível regional promovido pela CREA-
PE em maio de 2000; 
 
 
 
 
d) Criação de comissões de trabalho em diversas entidades representativas da 
comunidade técnica; 
e) Criação de disciplinas específicas relativas a Alvenaria Estrutural em níveis 
de graduação e pós-graduação nos cursos de engenharia civil; 
f) Cancelamento de linhas de financiamento para construção de prédios em 
alvenaria resistente (iniciativa da Caixa Econômica Federal); 
g) Desenvolvimento de projeto de pesquisa para estudo de modelos para 
recuperação de edifícios construídos com alvenaria resistente, conduzido pela 
Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP), Associação Instituto de 
Tecnologia de Pernambuco (ITEP), Universidade de Pernambuco (UPE), Secretaria 
de Ciência e Tecnologia do Governo do Estado de Pernambuco (SECTMA) e 
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); 
h) Ação civil pública impetrada pelo Ministério Público Estadual e Federal contra 
prefeituras de cinco municípios da RMR e a Caixa Econômica Federal, 
determinando o cadastramento e avaliação do grau de risco de desabamento de 
todos os prédios em alvenaria resistente; 
i) Criação de legislação específica por parte das prefeituras, regulamentando a 
construção de edificações em alvenaria estrutural e vedando a licença de construção 
de obras em alvenaria resistente; 
j) Criação da lei 13.341 pela Assembléia Legislativa do Estado de Pernambuco 
tornando obrigatórias as inspeções periódicas dos edifícios de múltiplos andares, 
residenciais ou não, públicos e privados, obrigando as inspeções e manutenções 
periódicas; 
k) Criação de fórum permanente de discussão sobre a qualidade e segurança 
do ambiente construído pelo CREA-PE; 
l) Como resultado da ação civil pública, anteriormente referida, foi efetuado o 
levantamento dos prédios tipo caixão da cidade do Recife e estimativas do grau de 
risco de cada um deles. Este trabalho está sendo levado a efeito para os municípios 
de Paulista, Jaboatão dos Guararapes e Camaragibe; 
m) Formação de comissão técnica pela UPE para formulação de soluções 
relativas aos prédios caixão; 
n) Criação de Grupo de Trabalho pela Secretaria das Cidades para o 
equacionamento de soluções relacionadas com os prédios caixão. 
 
 
Pesquisas Realizadas 
 
Poucas pesquisas em nível local e nacional têm sido realizadas na temática da 
recuperação de obras de alvenaria resistente. Uma das mais abrangentes encontra-
se em andamento sob a responsabilidade executiva da Universidade Católica de 
Pernambuco e proposta pela Associação Instituto de Tecnologia de Pernambuco 
(ITEP), envolvendo a Universidade de Pernambuco (UPE), a Secretaria de Ciências 
e Tecnologia do Governo do Estado de Pernambuco (SECTMA) e a Universidade 
Federal de Santa Catarina (UFSC). A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), 
embora não integre formalmente a equipe responsável pelo desenvolvimento da 
pesquisa, tem participação com alunos de mestrado e doutorado do seu Programa 
de Pós-graduação em Engenharia Civil. 
 
 
 
 
 
Os objetivos da pesquisa, apoiada pela Financiadora de Estudos e Projetosdo 
Ministério da Ciência e Tecnologia (FINEP), podem ser sumarizados em três 
grandes linhas de ação, a saber: 
 
• Análise do comportamento estrutural de paredes construídas em alvenaria 
resistente; 
• O desenvolvimento de modelos para recuperação de edifícios construídos 
com alvenaria resistente; 
• O desenvolvimento de modelos e processos de recuperação para uso em 
situações típicas. 
 
A pesquisa busca contribuir para o entendimento do comportamento estrutural das 
edificações de alvenaria resistente através de ensaios experimentais e numéricos 
em modelos representativos (blocos, prismas e paredinhas). Quantidade significativa 
de ensaios estatisticamente fundamentados já foi realizada, inclusive alguns com 
avaliação de possíveis soluções de recuperação. 
 
A pesquisa contempla o estudo de elementos de alvenaria resistente constituídos de 
blocos cerâmicos e de concreto, submetidos exclusivamente à carga compressiva, 
que se constitui no tipo de carregamento usualmente imposto a estes elementos na 
prática executiva. 
 
Dentro do universo da pesquisa em desenvolvimento, várias dissertações de 
mestrado já foram desenvolvidas e outras estão em fase de conclusão. Também 
inserida no contexto da alvenaria estrutural, uma tese de doutorado foi concluída em 
2006 e duas outras se encontram em andamento. 
 
Um manual com indicações de estratégias para avaliação e recuperação de obras 
em alvenaria resistente será produzido, bem como um Simpósio em nível nacional 
para apresentação e discussão dos resultados alcançados. Estas ações estão 
previstas para acontecer até meados de 2009. 
 
 
Considerações Críticas sobre a Pesquisa em Andamento e seus Resultados 
 
Um aspecto primordial que deve ser inicialmente salientado é que praticamente não 
se têm estudos que permitam o conhecimento das formas pela quais as paredes de 
alvenaria construída com blocos destinados a vedação, usadas com função 
estrutural, resistem aos esforços a que são submetidas. Há uma forte razão para 
isto, que reside na contradição intrínseca em se usar o componente de forma 
inadequada. Não há interesse científico em se promover uma investigação desta 
natureza se não houver uma forte motivação. Há, no caso pernambucano (e 
nacional), importantes razões para o desenvolvimento de pesquisas pelo fato de que 
existe um significativo passivo de construções executadas dentro deste princípio, 
com altíssimas faixas de risco, expondo cerca de 60.000 famílias a possibilidades de 
perdas de vida e/ou do seu patrimônio. Este quadro se constitui num grave problema 
social a ser equacionado e resolvido, o que justifica amplamente os esforços 
empregados nesta direção. 
 
 
 
 
É oportuno lembrar que até recentemente, antes da lei municipal da Prefeitura da 
Cidade do Recife em 2006, proibindo a construção de edificações contendo mais de 
dois pavimentos, não se tinha a prática da construção de alvenaria estrutural 
racionalizada, executada com princípios internacionalmente testados e validados. 
 
Seguindo a metodologia utilizada no estudo de alvenaria estrutural e de vedação, 
foram realizados ensaios de blocos, prismas e paredinhas em diversas composições 
de argamassas de assentamento e de revestimento, objetivando a determinação de 
suas propriedades e comportamentos estruturais. Os resultados destes estudos 
permitiram determinar as razões pelas quais, apesar dos cálculos indicarem que as 
paredes dos edifícios do tipo caixão sejam instáveis, milhares deles se encontram 
em “aparente” estabilidade. Alguns resultados obtidos são a seguir sumarizados: 
 
• Os blocos cerâmicos e de concreto pesquisados apresentaram importante 
variabilidade dimensional denunciando um precário controle de qualidade no 
seu processo de fabricação; 
• A resistência à compressão dos blocos ensaiados se mostrou 
excessivamente baixas – da ordem de 2 MPa – aspecto que os caracteriza 
como blocos que deveriam ter utilização restrita como elementos de vedação. 
Nenhum dos blocos ensaiados apresentou resistência compatível para 
suportar cargas além do próprio peso da parede; 
• Os ensaios de compressão realizados em componentes, prismas e 
paredinhas de blocos cerâmicos mostraram ruptura brusca; 
• Os ensaios realizados em prismas e paredinhas indicaram que o chapisco e o 
revestimento contribuem para o aumento da capacidade de carga destes 
elementos e a sua existência pode ser um dos responsáveis pela 
“estabilidade” aparente de grande parte das edificações em alvenaria 
resistente no Estado; 
• Apesar de ter sido constatada melhoria na capacidade de carga gerada pelos 
revestimentos, a natureza brusca da ruptura dos elementos ensaiados ainda 
se constitui em um problema a ser superado; 
• Os ensaios realizados em prismas e paredinhas indicaram que a colocação 
de armaduras no interior da camada de revestimento, desde que adotados 
critérios adequados de disposição e fixação, pode contribuir para o 
incremento da capacidade de carga dos elementos ensaiados, bem como 
promover ductilidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. COMITÊ DE NOVOS PROJETOS 
 
Em termos construtivos, daqui por diante, a alvenaria resistente deverá se resumir 
ao seu papel de alvenaria de vedação. Apesar da lei promulgada pela Prefeitura da 
Cidade do Recife permitir o seu uso para edificações de até dois pavimentos, há que 
se considerar as cargas, os vãos e os contraventamentos. Não se pode limitar 
apenas no que se refere ao número de pavimentos da construção. 
 
Obras futuras executadas em alvenaria devem seguir as normas técnicas 
específicas para a Alvenaria Estrutural, tanto no que se refere aos procedimentos de 
cálculo quanto no que se refere às características mínimas de desempenho, 
qualidade dos materiais utilizados e procedimentos construtivos adotados. 
 
Para obras em alvenaria de blocos de concreto, tem-se a NBR 10837 - Cálculo de 
alvenaria estrutural de blocos vazados de concreto, em vigor desde 1989 e que 
atualmente se encontra em processo de revisão. Além desta norma, deverão ser 
obedecidas as especificações dos componentes que já se encontram normatizadas. 
 
Para o caso de obras de alvenaria de blocos cerâmicos, se encontra em fase de 
consulta pública para aprovação final. Tem-se em vigor, no entanto, normas que 
regulam a qualidade dos componentes (blocos e argamassas de assentamento). 
 
Para que se possam utilizar blocos cerâmicos em obras de alvenaria estrutural, em 
uma fase transitória, até a aprovação e publicação da norma nacional sobre o tema, 
poder-se-ia recorrer, por exemplo, ao Eurocódigo 6 - Projeto de Estruturas de 
Alvenaria - que tem características similares à versão da norma brasileira que 
deverá entrar em vigor no país. Outra hipótese também possível seria adotar uma 
extensão da norma NBR 10.837, a exemplo da Norma Americana 
ACI/ASCE/TMS/2008, que trata estas duas alvenarias de forma unificada e que em 
muito se assemelha à norma NBR 10.837. 
 
Na elaboração de novos projetos em alvenaria estrutural é recomendada 
a utilização do seguinte referencial normativo mínimo: 
 
• Projeto de Norma: 02:123.03-001/1, Janeiro 2009 - Parte 1 - Projetos; 
• Projeto de Norma: 02:123.03-001/2, Janeiro 2009 - Parte 2 – Execução e 
controle de obras; 
• NBR 15270-1 – Componentes cerâmicos – Parte 1: Blocos cerâmicos para 
alvenaria de vedação – Terminologia e requisitos; 
• NBR 15270-2 – Componentes cerâmicos – Parte 2: Blocos cerâmicos para 
alvenaria estrutural – Terminologia e requisitos; 
• NBR 15270-3 – Componentes cerâmicos – Parte 3: Blocos cerâmicos para 
alvenaria estrutural e de vedação – Métodos de ensaio; 
• NBR 10837 – Cálculo de alvenaria estrutural de blocos vazados de concreto; 
• NBR 13281 – Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e 
Tetos – Requisitos; 
 
 
 
 
• NBR 13280 – Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e 
tetos – Determinação da densidade de massa aparente no estado 
endurecido; 
• NBR 13279 – Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e 
tetos– Determinação da resistência à tração na flexão e à compressão; 
• NBR 13278 – Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e 
tetos – Determinação da densidade de massa e do teor de ar incorporado; 
• NBR 13277 – Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e 
tetos – Determinação da retenção de água; 
• NBR 13281 – Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e 
tetos – Preparo da mistura e determinação do índice de consistência; 
• NBR 7480 – Barras e fios de aço destinados a armaduras para concreto 
armado; 
• NBR 6738 – Concreto – Procedimento para moldagem e cura de corpos-de-
prova; 
• NBR 8949 – Paredes de alvenaria estrutural – Ensaio à compressão simples; 
• NBR 15575-1 – Edifícios habitacionais de até cinco pavimentos – 
Desempenho – Parte 1: Requisitos gerais; 
• NBR 15575-2 – Edifícios habitacionais de até cinco pavimentos – 
Desempenho Parte 2: Requisitos para os sistemas estruturais; 
• NBR 15575-3 – Edifícios habitacionais de até cinco pavimentos – 
Desempenho Parte 3: Requisitos para os sistemas de pisos internos; 
• NBR 15575-4 – Edifícios habitacionais de até cinco pavimentos – 
Desempenho Parte 4: Sistemas de vedações verticais externas e internas; 
• NBR 15575-5 – Edifícios habitacionais de até cinco pavimentos – 
Desempenho Parte 5: Requisitos para sistemas de coberturas; 
• NBR 15575-6 – Edifícios habitacionais de até cinco pavimentos – 
Desempenho Parte 6: Sistemas hidrossanitários. 
 
Diante de todas estas considerações, parte-se da premissa de que a indústria local 
esteja habilitada a fornecer os componentes para obras de alvenaria estrutural, tanto 
de blocos cerâmicos quanto de blocos de concreto. Sabe-se, entretanto, que esta 
não é a realidade local e que raras são as obras executadas efetivamente em 
alvenaria estrutural na RMR. O mercado produtivo local deste setor ainda se 
encontra numa fase muito incipiente. 
 
Por outro lado, as indústrias de blocos cerâmicos ou de concreto só realizarão 
investimentos para adequar o seu parque produtivo se houver demanda e a 
demanda, por sua vez, só ocorrerá se os construtores tiverem a segurança na 
qualidade dos insumos e custos compatíveis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Este impasse precisa ser adequadamente tratado por todos que integram o setor 
produtivo da construção civil (empresas e profissionais de projeto e construção, 
fornecedores de materiais, agentes do sistema financeiro, universidades e agentes 
de formação de mão-de-obra) e a sua superação representará um salto de 
qualidade que o setor terá que dar na direção da melhoria do padrão das 
construções de alvenaria estrutural no estado de Pernambuco. 
 
Naturalmente, este processo exigirá um árduo esforço coletivo, mas, sem dúvida 
alguma, os benefícios decorrentes serão de suma importância para o setor da 
construção civil do Estado e para a população em geral. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. COMITÊ DE RECUPERAÇÃO DOS PRÉDIOS 
 
As obras que já se encontram construídas estão atualmente em fase de 
caracterização, com estimativa do seu grau de risco, em decorrência dos processos 
judiciais movidos pelo Ministério Público Estadual e Federal. Esta classificação de 
risco deve ser entendida apenas como uma escala de prioridade para a adoção de 
intervenções que conduzam a níveis de segurança compatíveis com o que é moral e 
eticamente defensável socialmente, quando se trata de vidas humanas. 
 
Em princípio, todos os edifícios do tipo caixão deverão ser reforçados e, para tanto, 
faz-se necessário um diagnóstico aprofundado empregando ensaios e demais 
recursos técnicos que permitam a realização de projetos de recuperação 
adequados. Estes projetos e as obras decorrentes deles deverão ser executados por 
profissionais legalmente habilitados pelo Sistema CONFEA/CREA e, principalmente, 
com capacitação específica para esse tipo de serviço. 
 
Adicionalmente, deve ser registrado que as obras em alvenaria resistente 
executadas na RMR possuem uma vida útil inferior às correspondentes em concreto 
armado, e que estimativas efetuadas em consonância com as recomendações da 
norma ISO 15.286 mostram resultados preocupantes. O quadro assim instalado 
demanda ações urgentes já que com o passar do tempo a situação de risco destas 
edificações se agrava. Sua vida útil pode ser atingida, ou mesmo ultrapassada, a 
depender dos fatores envolvidos em seu projeto, construção e utilização. 
 
Recomenda-se que as vistorias e os laudos atendam aos requisitos do Termo de 
Referência intitulado “Inspeções e Laudos sobre Prédios em Alvenaria Resistente – 
Requisitos Mínimos”, que está anexado a esse documento. 
 
De tudo que foi exposto anteriormente, podem ser formuladas as seguintes 
conclusões: 
 
• Antes que qualquer ação seja tomada, é necessário se estender o cadastro 
(inclusive social) e a caracterização das edificações em alvenaria resistente 
no Estado de Pernambuco, em andamento, para todo o universo existente; 
• Ações no sentido de proibir a utilização de blocos de vedação com finalidade 
estrutural nas edificações de alvenaria em todo o Estado de Pernambuco 
necessitam ser implementadas; 
• A alvenaria resistente não pode ser pensada, em nenhuma hipótese, como 
um processo construtivo capaz de suportar cargas além de seu peso próprio. 
Consistentemente com esta afirmação, todos os prédios do tipo caixão, 
construídos dentro desta técnica, devem ser recuperados, conforme o projeto. 
Os fatores de risco determinados por qualquer que seja a metodologia devem 
servir meramente como indicadores da ordem ou seqüência em que os 
prédios devem ser recuperados. Fornecem, portanto, apenas uma escala de 
prioridades para as intervenções a serem efetuadas, a ser utilizada com 
critério pelo gestor do processo de recuperação; 
 
 
 
 
 
• O fato constatado de que a argamassa de revestimento contribui para a 
resistência de uma parede de alvenaria serve meramente para explicar as 
razões pelas quais a respectiva parede não colapsou. A literatura 
internacional mostra através de estimativas que a vida útil de rebocos é da 
ordem de vinte anos, razão pela qual não se pode atestar a segurança da 
edificação que padece de falha congênita, ou seja, ter sido executada com 
alvenaria de vedação com finalidade estrutural; 
• Em grande número de desabamentos, a ruptura não se deu necessariamente 
a partir da parede mais carregada. A deterioração dos materiais poderá ser 
determinante. Daí, não se poder estabelecer coeficientes de segurança 
baseados apenas em critérios de resistência mecânica; 
• Os prédios construídos com alvenaria resistente estão sujeitos a ruptura 
brusca e colapso progressivo. 
 
Os projetos de recuperação devem ter, para merecer esta designação, 
necessariamente, capacidade de redistribuição de esforços decorrente de uma 
possível ruína de um dos elementos estruturais. A estrutura resultante não poderá 
ser suscetível à ruptura brusca, nem ao colapso progressivo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5. COMITÊ DE GESTÃO DOS RISCOS 
 
Considerações Iniciais 
 
O levantamento divulgado recentemente pelo ITEP, mostra que o número de prédios 
em situação de risco alto e muito alto a desabamento na RMR é muito expressivo. 
Mesmo que sejam viabilizados recursos técnicos e financeiros para a recuperação 
dos prédios, será necessário um prazo estimado entre 5 e 10 anos para que os 
serviços sejam concluídos. 
 
Isso significa que será necessária a implantação de um sistema de gestão dos 
riscos, que envolva não apenas o poder público, mas também os próprios. Portanto, 
municípios devem estar estruturados através dos seus órgãos de Defesa Civil para 
fazer essa gestão. 
 
 
Elementos para a Gestão do Risco 
 
A experiência internacional e brasileira em gestão de riscos de fenômenos naturais 
(deslizamentos, inundações, terremotos, entre outros) mostra que o êxito da gestão 
depende fundamentalmente do reconhecimento de sua importânciapelos gestores 
públicos, do fortalecimento das instituições e da consciência pró-ativa das 
populações ameaçadas. 
 
Propõe-se que para os prédios em alvenaria resistente seja seguido o mesmo 
modelo de gerenciamento do risco proposto pelo UNDRO (1991), e que tem sido 
usado com êxito em encostas urbanas. O modelo inclui os seguintes procedimentos: 
 
• Identificação dos processos de instabilização 
• Análise de riscos de desabamento 
• Medidas preventivas: 
o Estruturais – urbanização e obras de recuperação dos prédios 
o Não estruturais – Defesa Civil 
• Planejamento para situações de emergência 
• Informações públicas e treinamento 
 
A identificação dos processos de instabilização dos prédios compreende a 
caracterização do sistema construtivo dos prédios e o modo como se comporta a 
longo prazo. Nessa fase são feitos os estudos para a compreensão do desempenho 
do sistema estrutural, e também o processo de degradação dos materiais e a sua 
interação com o meio físico, incluindo a influência da forma de uso e manutenção 
dos prédios. 
 
A análise de riscos de desabamento é a fase de apropriação dos principais fatores 
relacionados à suscetibilidade dos prédios a desabamento, e à vulnerabilidade das 
famílias e das estruturas sujeitas a perdas. 
 
 
 
 
 
As medidas estruturais preventivas referem-se às obras e intervenções nos prédios 
que reduzem o risco e evitam a ocorrência de acidentes, enquanto as medidas não 
estruturais, também de caráter preventivo, se dão através da ação continuada da 
Defesa Civil, junto aos moradores dos prédios de maior risco, evitando mortes e 
reduzindo as perdas materiais nos locais onde há maior probabilidade de ocorrerem 
acidentes. 
 
O planejamento para situações de emergência é feito através dos Planos de 
Contingência e de outras formas de organização dos esforços municipais de modo 
preventivo, para lidar com situações de acidentes dos prédios. 
 
As informações públicas e treinamento referem-se aos sistemas de alerta à 
população devidamente preparada para responder às recomendações feitas pela 
Defesa Civil. Inclui também todas as formas de capacitação técnica e administrativa 
voltadas para as ações preventivas e emergenciais, com os grupos voluntários 
regularmente instituídos, além do tratamento das bases de dados, os sistemas de 
geo-informação e as relações com os meios de comunicação. 
 
 
Instrumentos Formais para a Prevenção e Redução de Desastres 
 
A impossibilidade de eliminação completa do risco em um curto espaço de tempo, 
impõe a necessidade de montagem de um sistema de gerenciamento que permita 
conviver com o risco com o mínimo de sofrimento e de perdas por parte da 
população atingida. 
 
Para o estabelecimento de medidas não estruturais voltadas para a redução do risco 
é de grande importância a montagem de instrumentos que definam o modelo de 
gerenciamento e contenha o diagnóstico dos problemas, a estrutura municipal a ser 
envolvida, os condicionantes técnicos e sociais que contribuem para a existência do 
risco, bem como aqueles que preparam o município para enfrentar as situações 
emergenciais. 
 
 
Propostas para o Gerenciamento de Risco 
 
Um dos principais problemas observados nos órgãos de Defesa Civil dos municípios 
é o pequeno número de técnicos para dar suporte à avaliação de risco, a falta de um 
sistema de suporte à decisão que dê mais agilidade aos trabalhos da Defesa Civil e, 
a insuficiência dos recursos destinados anualmente para os serviços de execução 
direta, no orçamento das prefeituras. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As proposições para o gerenciamento de risco são as seguintes: 
 
• Ampliar o quadro técnico de modo a garantir um número suficiente de 
equipes, que devem ser compostas por engenheiros civis devidamente 
qualificados nas áreas de estruturas, tecnologia dos materiais e geotecnia, 
além de técnicos da área social, para aprofundar a avaliação de risco, dando 
suporte às equipes de campo; 
 
• Ampliar a participação comunitária na solução dos problemas, através da 
construção consciente do processo de Defesa Civil, estruturando Núcleos 
Descentralizados de Defesa Civil – NUDECs (ou aproveitando os já que 
existirem); 
 
o capacitar e consolidar os NUDECs e fortalecer os grupos voluntários 
de apoio à Defesa Civil já existentes: 
o capacitar os agentes que trabalham em outras áreas (por exemplo, 
saúde e meio ambiente) para a ação complementar preventiva e 
emergencial de Defesa Civil; 
 
• Fortalecer os vínculos institucionais entre as secretarias e outros órgãos e 
setores municipais com interface na Defesa Civil: 
 
o criar um Fórum Permanente, com a participação dos órgãos municipais 
diretamente envolvidos (planejamento, manutenção urbana e obras 
públicas), bem como o setor produtivo da construção civil, para dar 
maior agilidade às ações preventivas e particularmente às 
emergenciais; 
 
o realizar oficinas de sensibilização e troca de experiências na ação de 
Defesa Civil, com a participação dos parceiros do sistema municipal; 
 
• Implantar um sistema de suporte à decisão a partir do sistema computacional 
de geoinformação, para dar suporte à Defesa Civil: 
 
o criar uma divisão de Geoinformação com a infra-estrutura mínima para 
seu funcionamento (rede elétrica e lógica, computadores, impressoras, 
GPS e câmeras digitais); 
 
o capacitar e sensibilizar a equipe técnica para o uso do sistema de 
geoinformação, para a alimentação da base de dados do sistema, e 
para a obtenção de informações que dêem agilidade à Defesa Civil e 
seus parceiros nas atividades de prevenção e nas respostas às 
emergências; 
 
 
 
 
 
 
 
• Montar um Plano Preventivo de Defesa Civil a partir dos dados do 
levantamento de riscos feito pelo Itep, com planejamento, controle e 
hierarquização das intervenções nos prédios com maior risco; 
 
• Estabelecer metas de investimento em ações estruturais de redução de risco 
para um horizonte de 10 anos, definidas nos Planos Anuais de Defesa Civil, e 
nos Planos Plurianuais do Município – PPA, de modo a garantir recursos para 
investimentos contínuos, para os setores mais críticos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
6. COMITÊ DE FINANCIAMENTO 
 
Estimativa dos Custos 
 
Ainda não há estudos conclusivos sobre o custo para recuperação de um prédio em 
alvenaria resistente. Imagina-se que tal valor dependa do grau de risco do prédio. 
Dados preliminares, no entanto, mostram que são cerca de 6.000 prédios em 
situação de risco, com 250.000 moradores. 
 
A maioria dos prédios tem entre 08 e 16 apartamentos com valor de venda variando 
entre R$ 25.000,00 (vinte mil reais) e R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). Admitindo-
se que o custo da recuperação do prédio possa chegar a 2/3 do valor de venda, e 
que se tenha como média 12 apartamentos por prédio com valor de venda de R$ 
37.500,00 (trinta e sete mil e quinhentos reais), tem-se um custo estimado para a 
recuperação dos prédios da ordem de R$ 1,8 bilhões. 
 
A esse valor devem ser acrescidos outros custos, tais como os projetos de 
recuperação, custos de relocação de moradores, aluguel, entre outros, que podem 
ser estimados em cerca de 10%. Com isso, chega-se a um total da ordem de 
R$ 2 bilhões. 
 
 
Fontes de Financiamento 
 
Embora ainda não haja um cadastro social da população atingida, pode-se afirmar 
que a maioria da população que mora nos prédios em situação de risco não possui 
condições de financiar sequer os estudos e projetos necessários à recuperação dos 
seus prédios. Por outro lado, os municípios também têm limitações orçamentárias 
para a execução das medidas necessárias, especialmente as medidas estruturais 
que incluem os projetos e a execução dos serviços de recuperação dos prédios. 
 
Propõe-se que os recursos financeiros necessários sejam alocados pelo Estado de 
Pernambuco, pela União e por outros agentes, tais como seguradoras dos prédios. 
Aos municípios seria exigida como contrapartida a reestruturação dos seus órgãos 
de Defesa Civil, para dar suporte às medidas não estruturais.Embora nem sempre voltados para o financiamento de ações estruturais, os 
programas identificados a seguir apresentam possibilidades de interface na redução 
do risco, mesmo onde os investimentos objetivem ações de caráter educativo, social 
ou econômico nos prédios em situação mais precária. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Planos e Programas Federais 
 
• Ministério das Cidades / Ministério da Integração Nacional (OGU) 
 
o Habitação de Interesse Social; 
o Prevenção para Emergências e Desastres – PPED; 
o Resposta aos Desastres – PDR. 
 
• Ministério do Planejamento e Orçamento / Caixa Econômica Federal 
 
o Habitar-Brasil (OGU – BID – BIRD); 
o Pró-Moradia (FGTS); 
o Pró-Sanear. 
 
 
Planos e Programas Metropolitanos e Municipais 
 
• Estratégia de Desenvolvimento da RMR – Metrópole Estratégica do Governo 
do Estado de Pernambuco / Agência Condepe-Fidem; 
• Planos plurianuais dos municípios envolvidos; 
• Programa Habitar – Brasil / BID. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Cerca de 250.000 pessoas habitam 6.000 edificações de alvenaria resistente na 
Região Metropolitana do Recife, onde diversas manifestações patológicas têm sido 
observadas, já tendo ocorrido desabamentos com vítimas fatais. Isso significa que 
cerca de 10% da população encontra-se potencialmente exposta à perda do 
patrimônio e ao risco de vida. 
 
Ocorreram dez desabamentos espontâneos, o que corresponde a uma probabilidade 
de falha aproximada de 1:500. Este indicador de risco deve ser ainda maior, se for 
considerado que várias demolições foram realizadas e dezenas de interdições de 
prédios efetuadas, por não oferecerem condições de segurança para o seu uso. 
Pode-se considerar como limite socialmente aceitável, valores de no máximo 
1:10.000. 
 
O quadro instalado se constitui num grave problema de ordem social que demanda 
intervenções firmes e urgentes para a sua solução. 
 
Este documento apresenta uma metodologia para o enfrentamento definitivo e 
responsável do problema. São apresentadas, não apenas recomendações quanto 
aos requisitos técnicos para a construção de novos prédios e recuperação dos 
prédios já construídos, mas também quanto ao financiamento e gestão dos riscos. 
 
Com isso se espera resgatar a dignidade e a segurança dos moradores dos prédios, 
através de intervenções que tenham como base conceitos técnicos e científicos 
consagrados na Engenharia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXO 1: Termo de Referência 
 
“Inspeções e Laudos sobre Prédios em Alvenaria Resistente – Requisitos 
Mínimos” 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
As presentes diretrizes têm como objetivo fornecer os requisitos mínimos a serem 
considerados nos serviços de inspeção para elaboração de laudos técnicos com 
vistas ao atendimento da Lei 13341 que dispõe sobre a obrigatoriedade de vistorias 
periciais e manutenções periódicas, em edifícios de apartamentos e salas 
comerciais no âmbito do Estado de Pernambuco. 
 
Todos os ensaios e procedimentos deverão atender às normas da ABNT. Também 
deve ser considerado, onde necessário, a NBR 5674 – Manutenção de edificações – 
Procedimentos, a NBR 14037 – Manual de operações, uso e manutenção das 
edificações e a norma de desempenho NBR 15575 – Edifícios habitacionais de até 
cinco pavimentos – Desempenho, Parte-1 a Parte-6, em suas últimas versões. 
 
 
2. CARACTERIZAÇÃO DA EDIFICAÇÃO 
 
Dados Cadastrais 
 
• Nome da edificação; 
• Endereço; 
• Data da construção/Habite-se; 
• Motivo da solicitação; 
• Nome do síndico ou órgão responsável pela edificação. 
 
 
Informações Gerais 
 
• Verificar a existência de projetos/manuais da edificação; 
• Verificar a utilização da edificação em relação à concepção de projeto; 
• Caracterizar a edificação (número de pavimentos, número de apartamentos, 
tipo de lajes, croqui e tipo da fundação, entre outros); 
• Verificar registros de intervenções anteriores (data de execução; empresa 
responsável; projeto; motivo e locais de intervenção); 
• Analisar os projetos da edificação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Questionário: Condôminos e Administração 
 
• Entrega de questionários apropriados à edificação, através do síndico ou 
administrador, sucinto para cada unidade, para que os condôminos indiquem 
os problemas existentes nas unidades (fissuras nas paredes, nos pisos tetos 
e nos elementos estruturais, problemas com portas e janelas, deformações, 
infiltrações, entre outros), e ao administrador para que forneça informações 
semelhantes das áreas comuns; 
• Filtragem dos questionários e seleção das unidades a serem vistoriadas. 
 
 
3. REGISTRO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS 
 
Levantamento de Manifestações Patológicas 
 
Os aspectos mais importantes deverão ser documentados mediante registro 
fotográfico: 
 
• Manchas de umidade, formação de bolor e de eflorescência; 
• Fissuras devido à corrosão de armaduras; 
• Fissuras por deformações em elementos estruturais; 
• Fissuras nos elementos de vedação, em pisos e tetos; 
• Descolamentos de revestimentos; 
• Outros. 
 
Além disso, algumas considerações preliminares podem ser feitas: 
 
• Classificar a gravidade das manifestações patológicas presentes nas 
estruturas vistoriadas, separando por elemento estrutural, localização, 
orientação e micro-clima (condições de umidade, presença de agentes 
agressivos, entre outros); 
• Levantar possíveis causas das manifestações patológicas encontradas; 
• Estimar níveis de comprometimento relacionados à segurança, funcionalidade 
e durabilidade. 
 
 
Definição dos Pontos de Inspeção 
 
Para essa definição devem ser considerados os seguintes aspectos: 
 
• Pontos críticos da estrutura, observando possíveis falhas construtivas; 
• Condições de umidade, insolação, orientação e posicionamento dos 
elementos; 
• Ambiente interno ou externo; 
• Condições de exposição a agentes agressivos; 
• Intervenção ou recuperação anterior; 
• Outros. 
Aspectos Relacionados à Segurança Estrutural 
 
 
 
 
 
Quando forem necessários, deverão ser considerados: 
 
• Elaboração de croqui identificando os elementos estruturais com indicativo 
das seções; 
• Tipos e direções das lajes; 
• Tipo de fundação; 
• Identificação das fissuras ou deformações excessivas que indiquem 
comportamento estrutural inadequado dos elementos investigados; 
• Identificação das perdas de seção de aço nos elementos estruturais; 
• Extração de testemunhos de concreto/prismas de alvenaria; 
• Dureza superficial do concreto; 
• Posicionamento da armadura nos elementos estruturais armados; 
• Velocidade de propagação de ondas ultra-sônicas e resistência à compressão 
de testemunhos extraídos; 
• Prova de carga; 
• Outros. 
 
 
Aspectos Relacionados à Segurança de Revestimentos e Vedações 
 
Quando forem necessários, deverão ser considerados: 
 
• Caracterização dos tipos e posicionamento dos revestimentos de fachada; 
• Levantamento das manifestações patológicas dos revestimentos; 
• Mapeamento por percussão dos revestimentos aderentes de fachada; 
• Resistência de aderência dos revestimentos aderentes; 
• Verificação dos elementos de fixação dos revestimentos não aderentes; 
• Levantamento das manifestações patologias das vedações; 
• Outros. 
 
 
Aspectos Relacionados à Durabilidade 
 
Quando forem necessários, deverão ser considerados: 
 
• Posicionamento e cobrimento da armadura; 
• Potencial de corrosão e resistividade elétrica; 
• Profundidade de carbonatação; 
• Teor de íons cloreto; 
• Reconstituição de traço de concreto; 
• Extração de testemunhos; 
• Índice de vazios, absorção de água por imersão e massa específica; 
• Agressividade das águas nas fundações; 
• Microscopia eletrônica; 
• Outros. 
Aspectos Relacionados à Funcionalidade 
 
 
 
 
 
Quando forem necessários, deverão ser considerados: 
 
• Identificação de desaprumo; 
• Identificação de problemas de movimentação de portas e janelas; 
• Mapeamento de falhas em revestimentos (fachadas e pisos); 
• Verificação das instalações elétricas,hidráulicas, hidro-sanitárias, drenagem e 
pára-raios; 
• Identificação de problemas com impermeabilização; 
• Verificação da funcionalidade e manutenção dos elevadores; 
• Outros. 
 
 
4. ANÁLISE E DIAGNÓSTICO 
 
Nesta fase, devem ser formuladas hipóteses sobre as possíveis causas das 
manifestações patológicas encontradas, e também devem ser buscadas evidências 
que comprovem as hipóteses levantadas nas investigações realizadas. 
 
Investigação sobre as Condições de Agressividade 
 
Havendo indícios de degradação nos elementos estruturais de concreto armado, se 
faz necessário investigar e caracterizar os potenciais agentes de degradação do 
meio e/ou intrínsecos aos materiais constituintes, tais como: 
 
• Ações de cloretos; 
• Ações de sulfatos; 
• Carbonatação; 
• Reações álcali-agregados; 
• Ações de águas agressivas; 
• Ações de águas ácidas; 
• Outros. 
 
Nessa etapa, devem ser coletadas informações que forneçam subsídios para o 
prognóstico da deterioração da estrutura, e identifiquem os mecanismos e as causas 
que provocaram as manifestações patológicas e a degradação da edificação. 
 
Também deve ser feita uma simulação sobre as conseqüências da não realização 
de uma intervenção ao longo do tempo baseado em um estudo detalhado e coerente 
que tenha resultado em um diagnóstico do problema. Além do diagnóstico, são 
necessárias informações sobre a cinética do mecanismo que esteja afetando a 
estrutura. 
 
 
 
 
Investigação sobre as Intervenções Realizadas 
 
 
 
 
 
Devem ser investigados os locais e os processos de intervenções realizadas 
posteriores à construção original, principalmente as que se referem a: 
 
• Tipos de reparos realizados; 
• Tipos de reforço; 
• Obras que resultaram na alteração de uso e/ou carregamento adicional da 
estrutura. 
 
 
Investigação sobre Ações Externas à Edificação 
 
Havendo indícios de movimentação das fundações se faz necessário investigar 
possíveis intervenções realizadas no entorno imediato posteriores à construção da 
edificação, principalmente as que se referem à: 
 
• Construção de edificações adjacentes; 
• Movimentação de solo; 
• Execução de obras subterrâneas; 
• Alteração no nível de tráfego; 
• Ações sísmicas; 
• Vazamentos no sistema hidro-sanitário (tubulações, caixas de passagem, 
entre outros); 
• Outros. 
 
 
Investigação sobre Ações de Degradação dos Elementos Estruturais 
 
Havendo indícios sobre degradação de elementos estruturais, se faz necessário 
investigar as seguintes influências, principalmente nos elementos indicados: 
 
• Verificar áreas de infiltrações e/ou presença constante de água (pilares, lajes 
e fundações); 
• Potenciais de corrosão de armaduras; 
• Formação de pilhas galvânicas; 
• Baixa resistividade do concreto; 
• Elevada porosidade do concreto; 
• Baixa espessura de cobrimento; 
• Proximidade das frentes de carbonatação e perfil de cloretos da armadura; 
• Potenciais de reação álcali-agregado (caixas d´água e fundações); 
• Mapeamento com posicionamento e abertura de fissuras; 
• Retira de testemunhos para ensaios de caracterização; 
• Realização de ensaios específicos; 
• Potenciais de reação de águas agressivas (caixas de esgotamento e 
fundações). 
 
Investigação sobre Ações de Degradação dos Elementos de Fachada 
 
 
 
 
 
Havendo indícios sobre degradação de elementos de fachada, se faz necessário 
investigar as seguintes influências, principalmente nos elementos indicados: 
 
• Acúmulo de umidade em argamassas de revestimentos externos; 
• Falha nos rejuntamentos; 
• Acúmulo de água dentro das irregularidades dos tardozes; 
• Caixas de ar condicionado e brises; 
• Ausência de chapins; 
• Ausência de drenagem de caixas de ar condicionado; 
• Destacamento dos elementos de revestimento. 
 
 
Investigação sobre Falhas Construtivas 
 
Sendo observadas falhas construtivas, quer sejam oriundas de conceitos 
equivocados ou de processo construtivo deficiente, devem ser levantadas as 
seguintes informações: 
 
• Falhas de concretagem e segregação; 
• Ninhos de concretagem; 
• Má vibração; 
• Concreto poroso, com baixa resistência. 
 
 
Investigação sobre Patologias do Último Pavimento e Coberta 
 
Devem ser verificados os seguintes elementos: 
 
• Calhas; 
• Telhado/madeiramento; 
• Fissuras de origem térmica; 
• Impermeabilização; 
• Isolamento térmico; 
• Algerozes; 
• Chapins; 
• Reservatório superior; 
• Casa de máquinas; 
• Fixação dos ganchos na laje de coberta; 
• Existência de trincas na ligação da estrutura de concreto armado da laje de 
coberta e alvenarias; 
• Guias de elevadores. 
 
 
 
 
Investigação sobre Impermeabilização 
 
 
 
 
 
Havendo indícios sobre degradação dos sistemas de impermeabilização, se faz 
necessário investigar os elementos indicados: 
 
• Jardineiras; 
• Play-ground; 
• Áreas vazadas; 
• Juntas de dilatação; 
• Reservatórios inferiores. 
 
 
Investigação das Fundações 
 
Não havendo registro documentado de investigações anteriores acerca das 
fundações, são obrigatórias as inspeções destas, considerando as recomendações 
apresentadas a seguir. 
 
Para edifícios com até 20 anos de construção, deve ser realizada uma inspeção dos 
elementos de fundação (sapatas ou blocos), independentemente de apresentarem 
sintomas ou não na superestrutura. O número mínimo recomendado de elementos 
de fundação a ser inspecionado é de 30% das sapatas ou blocos e pescoços de 
pilares pertencentes à lâmina do edifício. 
 
A fundação deverá ser investigada sempre que houver indicadores, tais como trincas 
e manifestações típicas de recalques. 
 
É obrigatória a inspeção de pilares, sapatas e/ou blocos, especialmente próximo aos 
seguintes locais: 
 
• Tubulações caixas de passagem; 
• Sistema de fossa, filtro, sumidouros, valas de infiltração; caixas de visita; 
• Reservatório inferior; 
• Sistema de drenagem. 
 
 
Investigação sobre os Sistemas de Instalações 
 
Instalações hidráulicas: 
 
• Condições visuais da estanqueidade das tubulações, conexões e barriletes; 
• Identificação de áreas que apresentem vazamentos. 
 
 
 
 
 
 
Sistema de esgotamento sanitário: 
 
 
 
 
 
• Condições visuais das tubulações de esgotamento e ventilação; 
• Condições visuais das caixas de passagem e vala de infiltração e 
sumidouros. 
 
Instalações elétricas: 
 
• Condições visuais do sistema de entrada de energia e quadro de forças; 
• Condições visuais dos quadros de disjuntores e distribuição nas unidades. 
 
Instalações de combate a incêndio 
 
• Presença e validade dos extintores nas áreas comuns; 
• Condições visuais das mangueiras e caixas de incêndio; 
• Condições visuais das portas corta-fogo e rotas de fuga; 
 
Instalações de gás: 
 
• Condições visuais das instalações do suprimento de gás; 
• Condições visuais das tubulações e conexões. 
 
Instalações de pára-raios: 
 
• Condições visuais das instalações da rede e dispositivos de pára-raios. 
 
Investigação da casa de máquinas e elevadores: 
 
• Integridade estrutural e estanqueidade das lajes de piso e teto das casas de 
máquinas; 
• Condições de manutenção dos elevadores; 
• Integridade das guias através de percepção sensorial ao longo do percurso. 
 
 
Investigação de Edificações Construídas em Alvenaria 
 
Deverão ser considerados os seguintes itens: 
 
• Investigação e caracterização dos elementos de fundação, com atenção 
especial de indicativos de degradação; 
• Retirada de amostras para avaliação da capacidade resistente; 
• Análise de agressividade do solo e da água do subsolo; 
• Análise da super-estrutura, com atenção especial na identificação e 
caracterização dos elementos estruturais (tipos de laje, existência de cintas e 
pilaretes, estruturação da caixa de escada e apoio do reservatório superior); 
• Retirada de amostras das paredes para determinação das densidades e 
capacidade resistente; 
• Consideração da existência de alterações internas e externas realizadas na 
edificação; 
 
 
 
 
• Análise dos demais aspectos que constituem a edificação, tomando como 
referênciaos itens anteriormente considerados. 
 
Em princípio, o número mínimo de ensaios a serem efetuados, por prédio é: 
 
• Sondagens de reconhecimento a percussão: 03 (a depender do julgamento 
do consultor); 
• Amostras de paredes: 
 
o Fundação/embasamento: 06; 
o Super-estrutura: 06; 
o Amostras de água do subsolo: 02 
 
Obs.: Devem prevalecer os valores recomendados nas normas da ABNT. 
 
 
5. ELABORAÇÃO DE RELATÓRIO 
 
Todo estudo de campo e elaboração de relatórios de inspeção necessita ser 
conduzido por profissionais devidamente habilitados para realização deste tipo de 
investigação. São aspectos importantes: 
 
• Detalhar todas as patologias encontradas no trabalho de campo; 
• Descrever todos os procedimentos de ensaio empregados no trabalho de 
inspeção; 
• Apresentar o diagnóstico de forma clara e objetiva, com a identificação das 
causas, origens e mecanismos de ocorrências; 
• Apresentar recomendações relativas às intervenções a serem efetuadas; 
• Mencionar eventuais obstáculos encontrados que impediram ou dificultaram a 
investigação, citando as causas e os nomes das pessoas que criaram 
obstáculos ao trabalho, se for o caso; 
• Apresentar o prognóstico da estrutura, indicando o que deve ocorrer no caso 
de não se realizar as intervenções recomendadas. 
 
 
6. ELABORAÇÃO DO PROJETO EXECUTIVO DE RECUPERAÇÃO 
 
O relatório servirá de base para a elaboração do Projeto Executivo de Recuperação. 
Deverão ser apresentados no mínimo os seguintes aspectos: 
 
• Detalhamento da solução proposta através de plantas baixas, cortes e 
fachadas, em escala adequada à compreensão da intervenção a ser 
realizada, em meio digital e impressa; 
• Justificativa da solução de recuperação proposta com apresentação da 
respectiva memória de cálculo; 
• Na memória de cálculo deve ser demonstrada, de forma clara que, após a 
recuperação, a estrutura terá capacidade de redistribuição de esforços 
decorrente de uma possível ruína de um dos elementos estruturais. A 
 
 
 
 
estrutura resultante não poderá ser suscetível à ruptura brusca, nem ao 
colapso progressivo; 
• Memorial descritivo dos procedimentos; 
• Especificação dos materiais; 
• Outros esclarecimentos que se façam necessários. 
 
 
7. PLANILHA ORÇAMENTÁRIA E CRONOGRAMA FÍSICO-FINANCEIRO 
 
Devem ser obrigatoriamente observados em todos os itens: 
 
• Completa caracterização dos quantitativos, sendo vedada a utilização da 
expressão “verba”; 
• Definição de composições de custo ou origem dos preços unitários adotados.