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M1 - TEO05 - Fenômeno Religioso e História das Religiões (1)

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Prévia do material em texto

Curso de Graduação a Distância 
 
 
 
Fenômeno 
Religioso e 
História das 
Religiões 
 
(2 créditos – 40 horas) 
 
 
 
Autor: 
Ana Luisa Alves Cordeiro 
Márcio Bogaz Trevizan 
 
 
 
Universidade Católica Dom Bosco Virtual 
www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 
 
 
289- 07029 
 
 
 
2 
www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 
Missão Salesiana de Mato Grosso 
Universidade Católica Dom Bosco 
Instituição Salesiana de Educação Superior 
 
 
Chanceler: Pe. Ricardo Carlos 
Reitor: Pe. José Marinoni 
Pró-Reitora de Graduação e Extensão: Profa. Rúbia Renata Marques 
Diretor da UCDB Virtual: Prof. Jeferson Pistori 
Coordenadora Pedagógica: Profa. Blanca Martín Salvago 
 
 
Direitos desta edição reservados à Editora UCDB 
Diretoria de Educação a Distância: (67) 3312-3335 
www.virtual.ucdb.br 
UCDB -Universidade Católica Dom Bosco 
Av. Tamandaré, 6000 Jardim Seminário 
Fone: (67) 3312-3800 Fax: (67) 3312-3302 
CEP 79117-900 Campo Grande – MS 
 
 
CORDEIRO, Ana Luisa Alves; TREVIZAN, Márcio Bogaz. 
 
Fenômeno Religioso e História das Religiões / Ana Luisa 
Alves Cordeiro; Márcio Bogaz Trevizan. Campo Grande: 
UCDB, 2014. 65 p. 
 
Palavras-chave: 1. Teologia 2. História das Religiões 3. 
Filosofia 
 
 
 
0221
 
 
3 
www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 
 
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO 
 
Este material foi elaborado pelo professor conteudista sob a orientação da equipe 
multidisciplinar da UCDB Virtual, com o objetivo de lhe fornecer um subsídio didático que 
norteie os conteúdos trabalhados nesta disciplina e que compõe o Projeto Pedagógico do 
seu curso. 
Elementos que integram o material 
Critérios de avaliação: são as informações referentes aos critérios adotados para 
a avaliação (formativa e somativa) e composição da média da disciplina. 
Quadro de Controle de Atividades: trata-se de um quadro para você organizar a 
realização e envio das atividades virtuais. Você pode fazer seu ritmo de estudo, sem ul-
trapassar o prazo máximo indicado pelo professor. 
Conteúdo Desenvolvido: é o conteúdo da disciplina, com a explanação do pro-
fessor sobre os diferentes temas objeto de estudo. 
Indicações de Leituras de Aprofundamento: são sugestões para que você 
possa aprofundar no conteúdo. A maioria das leituras sugeridas são links da Internet para 
facilitar seu acesso aos materiais. 
Atividades Virtuais: atividades propostas que marcarão um ritmo no seu estudo. 
As datas de envio encontram-se no calendário do Ambiente Virtual de Aprendizagem. 
 
Como tirar o máximo de proveito 
Este material didático é mais um subsídio para seus estudos. Consulte outros 
conteúdos e interaja com os outros participantes. Portanto, não se esqueça de: 
· Interagir com frequência com os colegas e com o professor, usando as ferramentas 
de comunicação e informação do Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA; 
· Usar, além do material em mãos, os outros recursos disponíveis no AVA: aulas 
audiovisuais, vídeo-aulas, fórum de discussão, fórum permanente de cada unidade, etc.; 
· Recorrer à equipe de tutoria sempre que precisar orientação sobre dúvidas quanto 
a calendário, atividades, ferramentas do AVA, e outros; 
· Ter uma rotina que lhe permita estabelecer o ritmo de estudo adequado a suas 
necessidades como estudante, organize o seu tempo; 
· Ter consciência de que você deve ser sujeito ativo no processo de sua aprendiza-
gem, contando com a ajuda e colaboração de todos. 
 
 
 
4 
www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 
Objetivo Geral 
Apresentar ao educando os aspectos gerais do fenômeno religioso, bem como 
abordar algumas das grandes tradições religiosas que incidem diretamente no modo de 
pensar contemporâneo. 
 
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO - SUMÁRIO 
 
UNIDADE 1 – RELIGIÃO E FENÔMENO RELIGIOSO ............................................ 10 
1.1 Conceitos Gerais sobre Religião .............................................................................. 10 
1.2 O Fenômeno Religioso e seus elementos ................................................................. 12 
1.3 Tipos e Formas de Religiões ................................................................................... 17 
1.4 Breve Panorama Religioso Brasileiro ....................................................................... 19 
 
UNIDADE 2 – AS PRINCIPAIS RELIGIÕES ORIUNDAS DA ÍNDIA ....................... 25 
2.1 Hinduísmo ............................................................................................................ 25 
2.2 Budismo ............................................................................................................... 31 
 
UNIDADE 3 – O JUDAÍSMO E O ISLAMISMO ....................................................... 38 
3.1 O Judaísmo .......................................................................................................... 38 
3.2 O Islamismo ......................................................................................................... 44 
 
UNIDADE 4 – O CRISTIANISMO E SUAS RAMIFICAÇÕES ................................... 49 
4.1 Surgimento do Cristianismo ................................................................................... 49 
4.2 Quem foi Jesus de Nazaré? .................................................................................... 50 
4.3 Profissão de Fé ..................................................................................................... 51 
4.4 As ramificações do Cristianismo .............................................................................. 53 
 
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 59 
EXERCÍCIOS E ATIVIDADES ............................................................................... 61 
 
Avaliação 
 
A UCDB Virtual acredita que avaliar é sinônimo de melhorar, isto é, a finalidade da 
avaliação é propiciar oportunidades de ação-reflexão que façam com que você possa 
aprofundar, refletir criticamente, relacionar ideias, etc. 
 
 
5 
www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 
A UCDB Virtual adota um sistema de avaliação continuada: além das provas no final de 
cada módulo (avaliação somativa), será considerado também o desempenho do aluno ao longo 
de cada disciplina (avaliação formativa), mediante a realização das atividades. Todo o processo 
será avaliado, pois a aprendizagem é processual. 
Para que se possa atingir o objetivo da avaliação formativa, é necessário que as 
atividades sejam realizadas criteriosamente, atendendo ao que se pede e tentando sempre 
exemplificar e argumentar, procurando relacionar a teoria estudada com a prática. 
As atividades devem ser enviadas dentro do prazo estabelecido no calendário de 
cada disciplina. 
 
Critérios para composição da Média Semestral: 
Para compor a Média Semestral da disciplina, leva-se em conta o desempenho 
atingido na avaliação formativa e na avaliação somativa, isto é, as notas alcançadas nas 
diferentes atividades virtuais e na(s) prova(s), da seguinte forma: Somatória das notas 
recebidas nas atividades virtuais, somada à nota da prova, dividido por 2. Caso a disciplina 
possua mais de uma prova, será considerada a média entre as provas. 
Média Semestral: Somatória (Atividades Virtuais) + Média (Provas) / 2 
Assim, se um aluno tirar 7 nas atividades e 5 na prova: MS = 7 + 5 / 2 = 6 
Antes do lançamento desta nota final, será divulgada a média de cada aluno, dando 
a oportunidade de que os alunos que não tenham atingido média igual ou superior a 7,0 
possam fazer a Recuperação das Atividades Virtuais. 
Se a Média Semestral for igual ou superior a 4,0 e inferior a 7,0, o aluno ainda 
poderá fazer o Exame Final. A média entre a nota do Exame Final e a Média Semestral 
deverá ser igual ou superior a 5,0 para considerar o aluno aprovado na disciplina. 
Assim, se um aluno tirar 6 na Média Semestral e tiver 5 no Exame Final: MF = 6 + 5 
/ 2= 5,5 (Aprovado). 
 
 
 
6 
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FAÇA O ACOMPANHAMENTO DE SUAS ATIVIDADES 
 
O quadro abaixo visa ajudá-lo a se organizar na realização das atividades. Faça seu 
cronograma e tenha um controle de suas atividades: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
* Coloque na segunda coluna o prazo em que deve ser enviada a atividade (consulte o 
calendário disponível no ambiente virtual de aprendizagem). 
** Coloque na terceira coluna o dia em que você enviou a atividade. 
 
AVALIAÇÃO PRAZO * DATA DE ENVIO ** 
Atividade 1.1 
Ferramenta: Tarefa 
 
Atividade 2.1 
Ferramenta: Tarefa 
 
Atividade 3.1 
Ferramenta: Tarefa 
 
Atividade 4.1 
Ferramenta: Tarefa 
 
 
 
7 
www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 
BOAS VINDAS 
 
Olá, bem-vindo/a à Disciplina de História das Religiões e Fenômeno Religioso. 
Esperamos que este material possa ajudá-lo a conhecer algumas das principais religiões e a 
compreender que cada religião traz consigo aspectos importantes para se compreender o 
modo de pensar e os costumes de um povo. 
Desejamos a todos/as um bom estudo! 
 
 
 
Fonte: http://migre.me/j29cO 
 
 
8 
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Pré-teste 
 
A finalidade deste pré-teste é fazer um diagnóstico quanto aos conhecimentos 
prévios que você já tem sobre os assuntos que serão desenvolvidos nesta 
disciplina. Não fique preocupado com a nota, pois não será pontuado. 
 
1. Por ‘religião’ pode-se compreender: 
a) Conjunto de práticas estritamente monoteístas. 
b) Conjunto de crenças, leis e ritos. 
c) Conjunto de atividades realizadas somente dentro da Igreja. 
d) Conjunto de ações centradas apenas no indivíduo. 
 
2. A crença do pós-morte comum no Hinduísmo e no Budismo é: 
a) A ressurreição. 
b) O nada absoluto. 
c) A reencarnação. 
d) Algo desconhecido. 
 
3. Quantos livros compõem a Bíblia Hebraica: 
a) 23 
b) 22 
c) 24 
d) 27 
e) 26 
 
Submeta o pré-teste por meio da ferramenta Questionário.
 
 
9 
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INTRODUÇÃO 
 
Na presente disciplina apresentaremos um panorama geral da História das Religiões 
e Fenômeno Religioso. Na Unidade 1, abordaremos os conceitos gerais e algumas reflexões 
sobre a religião, o fenômeno religioso e seus elementos. Abordaremos também, de forma 
breve, o panorama religioso brasileiro. Na unidade 2, estudaremos as origens e algumas 
doutrinas de duas das principais religiões oriundas da Índia, o Hinduísmo e o Budismo. Na 
Unidade 3, discorreremos sobre o Judaísmo e o Islamismo, apontando brevemente alguns 
elementos que dão consistência a estas religiões milenares. Na Unidade 4, enfocaremos 
alguns elementos que contribuíram para a formação das diversas tradições cristãs. 
 
 
 
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UNIDADE 1 
RELIGIÃO E FENÔMENO RELIGIOSO 
 
OBJETIVO DA UNIDADE: Apresentar os conceitos gerais e reflexões sobre religião, 
fenômeno religioso e seus elementos, bem como um breve panorama religioso brasileiro. 
 
1.1 Conceitos Gerais sobre Religião 
A utopia está lá no horizonte. 
Aproximo-me dois passos, ela se afasta dois passos. 
Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. 
Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. 
Para que serve a utopia? 
Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar. 
(Fernando Birri citado por Eduardo Galeano) 
 
Ao iniciar a reflexão sobre História das 
Religiões e Fenômeno Religioso, nada melhor que 
refletir sobre a eterna busca, a eterna procura, de 
Deus, do Sagrado, do Transcendente, do Mistério, 
presente no ser humano. Uma busca de sentido e 
significado para a vida e as coisas, inerente ao ser 
humano, que por mais que se tente alcançar é 
Mistério que o ultrapassa. 
Fonte: http://migre.me/iSd07 
 No entanto, essa busca é plural e diversa. E 
quem está na academia não deve mais ficar no 
senso comum de que “religião e futebol não se 
discutem”, conforme ditado popular brasileiro. Pelo 
contrário, o diálogo e o respeito às diferenças são 
importantes para construção de uma cultura de paz, 
num mundo com tantas posturas 
fundamentalistas, violências em nome da religião 
e negativização do/a outro/a. 
Fundamentalismo – é uma 
resposta violenta ao processo de 
secularização. É um movimento 
carregado de sentido que visa 
manter a unidade doutrinária e a 
identidade religiosa. Não permite 
interpretação dos textos sagrados, 
leis ou dogmas, sendo que os 
mesmos devem ser seguidos à risca. 
Os fundamentalistas não se 
consideram fundamentalistas. 
 
 
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 Uma analogia interessante para pensar sobre a diversidade religiosa é o exemplo 
que Marcus Bach (2002, p. 15-18) traz em seu livro “As Grandes Religiões do Mundo”. Ao 
destacar a religião como eterna busca, ele usa a metáfora da montanha. O Sagrado seria 
como uma montanha e os seres humanos os alpinistas espirituais, que coletivamente se 
unem na escalada da mesma, sendo que os caminhos de escalada, as paisagens e os guias 
são diversos. Por isso, “a religião significa diferentes coisas para diferentes pessoas” e é “a 
eterna busca, manifestada sob diversas formas”. 
 Etimologicamente a palavra ‘religião’ vem do latim, mas não há um consenso quanto 
ao seu significado. Para Cícero, no século I a.C., vem do latim re-leger (re-ler); para 
Lactâncio, no século III e IV d.C, do latim re-ligare (re-ligar); e para Agostinho, no século IV 
d.C., do latim re-eligiere (re-eleger). Em sentido objetivo, religião é o “conjunto de crenças, 
leis e ritos” e em sentido subjetivo é o reconhecimento do ser humano de sua “dependência 
de um Ser Supremo pessoal, pela aceitação de várias leis e ritos atinentes a este Ser” 
(WILGES, 1989, p. 10-11). 
 Peter Berger (1985), destaca em seus estudos 
a função social da religião. Para ele a religião é 
estruturada e estruturante das relações sociais, 
contém e é contida do ethos. Uma de suas funções 
sociais é ser fornecedora de sentido, de coesão e 
nomia social (ordem significativa). A sociedade seria produto do ser humano e o ser 
humano produto dessa sociedade, uma relação dinâmica que originaria o que se denomina 
cultura. Assim, a religião enquanto parte da cultura, também seria produto do ser humano, 
sempre em processo de elaboração e transformação, contribuindo na manutenção do 
mundo e na legitimação que ordena a sociedade. A religião tem uma tendência socializadora 
e pode tanto conduzir à alienação, quanto à desalienação. 
 Isso quer dizer que a religião tem sido sim uma forma de construir um mundo 
melhor, mas que muitas vezes é usada para legitimar desigualdades (social, econômica, 
política, gênero, geração, étnico-raciais, etc.). Neste sentido, Pierre Bourdieu (1998), 
ressalta aspectos importantes da religião enquanto um sistema simbólico estruturado e 
legitimador da ordem social, que cumpre funções sociais, que legitima quando confere às 
coisas uma aura sagrada e induz simbolicamente as aspirações, justificando uma posição 
social determinada. Em uma sociedade dividida em classes, por exemplo, a religião, suas 
representações e suas práticas podem servir para perpetuar uma determinada ordem social, 
por isso se diz que ela muitas vezes legitima a dominação e impõe aos/às dominados/as o 
reconhecimento desta dominação. A subversão simbólica da ordem simbólica pode afetar a 
ordem política das coisas e contribuir com a transformação deste ordenamento. 
Ethos – conteúdo da experiência 
religiosa. Conjunto de valores, visão 
de mundo que faz com que a pessoa 
faça o que ela faz. 
 
 
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 Para além desse aspecto legitimador que a religião pode conferir socialmente, que 
deve ser constantemente problematizado, é 
preciso destacá-la também como uma 
dimensão que faz com que o ser humano 
caminhe, dê sentido à vida e às coisas. A 
religião como libertadora, transformadora e 
saudável, uma força motivadorapara a luta 
contra as desigualdades e enfrentamento das 
dificuldades. 
 Fonte: http://migre.me/iSfMO 
 
 Por isso, o estudo de História das Religiões e Fenômeno Religioso exige uma postura 
de diálogo e respeito às diferenças. E diante de aspectos difíceis de compreender na própria 
religião e na do/a outro/a, principalmente quando ferem os direitos humanos, o caminho é 
colocar como critério a vida, em todas as suas dimensões. 
A religião compreende, portanto, um conjunto de crenças, mitos, ritos e símbolos, 
com teologia, doutrina e burocracia específicas. É experiência do Sagrado. E o fenômeno 
religioso, se refere assim a tudo aquilo que se manifesta no âmbito da experiência religiosa 
e é expressão carregada de significado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.2 O Fenômeno Religioso e seus elementos 
 
 Pode-se definir o fenômeno religioso como tudo aquilo que se manifesta porque 
existe, tudo aquilo no âmbito da experiência religiosa que é carregado de sentido e de 
significado. Os elementos que o compõe são: 
 
Sugestão para seu aprofundamento: 
Assista ao Documentário EU MAIOR, identificando a experiência religiosa nos 
depoimentos. Depois poste no espaço interativo suas impressões sobre o documentário. 
Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=V0gquwUQ-b0>. Acesso em: 19 jun. 
2019. 
 
http://www.youtube.com/watch?v=V0gquwUQ-b0
 
 
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a) Sagrado 
O Sagrado é o significado por excelência, aquilo que está saturado de significado. A 
relação Sagrado e ser humano acontece por meio da experiência religiosa, da crença, que 
se expressa nos mitos, ritos e símbolos. 
Rudolf Otto (1985) ressalta que “a religião não se esgota em enunciados racionais”. 
Mesmo as religiões mais racionais que pensam a divindade por meio de noções racionais 
não conseguem esgotar a essência da divindade. “O sagrado é antes de mais nada, 
interpretação e avaliação do que existe no domínio exclusivamente religioso”, e o numinoso 
é o elemento vivo em todas religiões, a parte mais íntima sem a qual a religião perderia as 
suas características. 
O autor destaca que este elemento se manifesta no sentimento de ser criatura, 
objeto do numinoso. Por exemplo, no texto sagrado judaico-cristão, Abraão afirma: 
“Certamente sou ousado em falar a meu Senhor, eu que sou pó e cinzas” (Gênesis 18,27). 
O sentimento de ser criatura é antes de tudo um elemento subjetivo, sombra de outro 
sentimento, o medo. É o mysterium tremendum, o mistério que faz tremer. O tremor diante 
do sagrado, do numen, pode ser sintetizado na 
inacessibilidade absoluta, que é acompanhada do 
elemento do poder, da força e da preponderância 
absoluta, o majestas. O mesmo mistério que faz 
tremer, fascina e cativa. É o mistério fascinante. 
Horror e esplendor, dimensões de um mesmo 
objeto. Para descrever a categoria do mysterium 
só é possível por meio da analogia, através de um 
termo que não pertença a esfera religiosa, mas a 
estética, ao sentimento do “sublime”. 
Fonte: http://migre.me/iSpCL 
 Isso quer dizer que o ser humano só consegue falar do Sagrado por meio de 
analogias, utilizando aquilo que conhece em seu cotidiano. Por exemplo, quando se diz que 
Deus é Pai e Mãe, se usa duas figuras importantes na vida de qualquer ser humano, que 
simbolizam a experiência profunda de amor, ternura e cuidado, para falar do Sagrado, e 
todos/as compreendem de alguma forma, sentem algo quando a analogia é utilizada. 
 Mircea Eliade (1992) aponta que a primeira definição de sagrado é que ele se opõe 
ao profano. E que é por meio da hierofania, da manifestação do sagrado, o ser humano 
conhece o sagrado. Por isso existem espaços significativamente sagrados como os templos 
religiosos e outros não. 
 
 
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 Quase sempre há uma história hierofânica que justifica um espaço físico sagrado. No 
México, por exemplo, existe o Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, da Religião 
Católica Apostólica Romana. Conta-se que Nossa Senhora apareceu ao índio cristão Juan 
Diego, em Tepeyac, em 1531, e lhe pediu que construísse um templo em sua honra1. O 
santuário de Guadalupe é hoje um dos mais visitados na América Latina. 
 Jerusalém é outro exemplo, pois lá atualmente estão no mesmo espaço sagrado três 
grandes religiões, o Judaísmo (Muro das Lamentações que circundava o Segundo Templo), 
o Cristianismo (Igreja do Santo Sepulcro) e o Islamismo (Mesquita de al-Aqsa), e cada 
espaço sagrado, cada qual de sua religião, possui a sua hierofania própria. 
 Assim, para Eliade (1992), a revelação de um espaço sagrado permite que haja um 
“ponto fixo”, que oriente na homogeneidade caótica, o viver real. Diferente da experiência 
profana, que mantém a homogeneidade e relativiza o espaço. Significa que “todo espaço 
sagrado implica uma hierofania, uma irrupção do sagrado que tem como resultado destacar 
um território do meio cósmico que o envolve e torná-lo qualitativamente diferente”. O 
Templo seria uma reprodução terrestre de um modelo 
transcendente, a cópia de um arquétipo celeste, que 
ressantifica o Mundo na sua totalidade. 
 
b) Mitos 
A palavra ‘mito’ vem do grego mythos e é uma narrativa de uma experiência 
fundante, daquilo que realmente conta, que é fundamental para o ser humano se perceber 
como ser humano, por isso é verdadeira. 
Porém, é uma história criada, uma forma 
de contar a realidade. Na contramão de 
uma concepção que trata os mitos como 
uma ilusão ou ficção, Mircea Eliade (1972) 
aponta alguns horizontes da significação 
dos mitos, importante em qualquer 
reflexão sobre o tema. 
Fonte: http://migre.me/j2aee 
 
 Mircea Eliade (1972) destaca que o mito é uma realidade cultural complexa, com 
interpretações múltiplas e complementares, não podendo ser enclausurado em uma única 
interpretação. O mito é a narrativa de uma ‘criação’, do modo como algo foi produzido e 
 
1 Confira a história na íntegra. Disponível em: <http://santuarionsguadalupe.org.br/site/index.php/o-
santuario/padroeira.html>. Acesso em: 21 abr. 2019. 
Arquétipo – refere-se a um 
modelo, paradigma. 
http://santuarionsguadalupe.org.br/site/index.php/o-santuario/padroeira.html
http://santuarionsguadalupe.org.br/site/index.php/o-santuario/padroeira.html
 
 
15 
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começou a ser, fazendo com que o ser humano seja o que é hoje, “um ser mortal, sexuado, 
organizado em sociedade, obrigado a trabalhar para viver, e trabalhando de acordo com 
determinadas regras”. As personagens do mito são entes sobrenaturais. 
Para Mircea Eliade (1972) não só a memória dos mitos é importante, mas a 
reatualização destes que se dá por meio do poder dos ritos. “Ao rememorar os mitos e 
reatualizá-los, ele [o ser humano] é capaz de repetir o que os Deuses, os Heróis ou 
Ancestrais fizeram ab origine”. A reatualização do mito permite a saída de um tempo 
cronológico profano e a entrada em um tempo significativamente diferente, ‘sagrado’. 
 
c) Símbolos 
A palavra ‘símbolo’ vem do grego sym-ballo 
e significa reunir. Os símbolos estão presentes em 
diversas áreas, visam dar significado à vida e às 
coisas. Por isso, para Berger (1985), “a religião é a ousada tentativa de conceber o universo 
inteiro como humanamente significativo”. 
As construções simbólicas são o material primordial dos mitos e dos ritos, que em 
seu conjunto constituem o que chamamos de religião. Assim, o símbolo é 
 
[...] qualquer coisa que toma o lugar de outra coisa ou ainda qualquer coisa 
que substitui e evoca uma outra coisa [...] o símbolo implica três 
elementos: 1.º um significante, que é o objeto que toma o lugar de 
outro, quer dizer, o próprio símbolo, no sentido concreto da palavra; 2.º um 
significado, a coisa que o significante substitui; 3.º a significação, que é 
a relação entre o significante e o significado, relação que deveser 
apreendida e interpretada pelo menos pela pessoa ou pessoas a quem se 
dirige o símbolo (ROCHER, 1971, p. 156-157). [grifo próprio] 
 
São funções essenciais do símbolo a comunicação (transmissão de mensagens) e a 
participação (evocar sentimento de pertença coletiva, modos de pertença e organização). 
Os símbolos influenciam a vida social, tornam visíveis e tangíveis realidades abstratas, 
mentais ou morais, da sociedade, ligando as pessoas e os valores entre si, bem como, 
recriando a participação e a identificação das pessoas e grupos às coletividades que 
pertencem (ROCHER, 1971). 
 Exemplificando, temos símbolos nacionais como a Bandeira do Brasil, o Hino 
Nacional, o Brasão da República, etc., que evocam sentimentos de pertença à nação 
brasileira, de patriotismo. Já na religião, pode-se citar a cruz, um símbolo para o 
Cristianismo, a estrela de Davi para o Judaísmo, a roda dharmica para o Budismo, a lua 
O contrário de sym-ballo é dia-
bollos, que significa espalhar, dividir. 
 
 
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crescente com uma estrela para o Islamismo, enfim, cada religião com seus diversos 
símbolos para evocar o Sagrado. 
 
 
Fonte: http://migre.me/j2aiL 
 
d) Ritos 
Etimologicamente, a palavra ‘rito’ vem do latim ritus, designando as cerimônias 
ligadas às crenças relativas ao sobrenatural, bem como aos simples hábitos sociais, aos 
usos e aos costumes. Remete a uma ação social, individual ou coletiva, com regras e 
padrões estabelecidos, mas com margem para o improviso (CAZENEUVE, s/d). 
Os ritos compõem a experiência religiosa, revivem e reatualizam os mitos, e se 
constituem de inúmeros símbolos. No catolicismo, por exemplo, tem-se o batizado, a missa, 
etc. e no judaísmo, o bar mitzvah, o shabat, etc. 
 Conforme Claude Rivière (1996), o rito é uma forma pela qual o social garante e 
enuncia sua permanência, visto que a ordem social se mantém não só pela coerção e pela 
legitimação das forças, mas pela imagem que projeta de si mesma. Assim, além do rito 
sagrado, o rito profano é o que influi diretamente nas relações sociais. 
 O rito pode cair num formalismo, ser usado para legitimar o poder ou uma ideologia, 
inserindo o indivíduo na coletividade. Ele inspira segurança e liberta das tensões. A 
ritualidade profana concentra a atenção de quem a vive, encanta a vida cotidiana, dá 
sentido às coisas e aos acontecimentos e, por fim, implica numa profunda adesão ética. “O 
http://migre.me/j2aiL
 
 
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rito tem um poder de estruturação dos comportamentos, representações e atitudes. Quem 
vier a controlar o rito, controlará o que o rito controla” (RIVIÈRE, 1996). 
 Um exemplo de rito profano seriam os ritos de passagem na academia. Para obter 
uma titulação acadêmica (graduação, especialização, mestrado e/ou doutorado), o/a 
estudante passa por uma banca que o/a avalia, numa etapa que funciona como um rito de 
passagem, sem o qual, devidamente aprovado/a, não se obtém o grau, a titulação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.3 Tipos e Formas de Religiões 
A organização religiosa nasce a partir de uma experiência religiosa específica de 
determinados/as fundadores/as e de seus/suas discípulos/as. Dessa experiência fundante 
desemboca a associação religiosa que futuramente dará origem a organização religiosa, que 
é mais institucionalizada e permanente (O’DEA, 1969). 
 A institucionalização acontece a partir de três aspectos: no nível intelectual (mito), 
no nível do culto e no nível da organização. O desenvolvimento das teologias racionais faz 
parte da passagem do mythos para o logos, 
constituem as mudanças internas da organização 
religiosa, na qual o segmento clerical se diferencia 
aos poucos dos/as seguidores/as. Assim, a 
rotinização e a institucionalização são parte do 
processo de aparecimento da organização religiosa (O’DEA, 1969). 
Wach (1990) afirma que a religião pode enfrentar protestos que acontecem “em 
todos os três campos de expressão religiosa – na teologia, no culto e na organização”, que 
podem conduzir a cisões ou serem acatados pela organização, bem como serem isolados, 
uma crítica individual e levar ao desvio na prática do restante da comunidade ou serem 
coletivos. 
O sucesso do protesto, para Wach (1990), depende do carisma de quem lidera e da 
competência do/a líder em empreender uma organização dentro ou fora da organização 
Sugestão para seu aprofundamento: 
Leia a notícia publicada pelo IBGE (Censo 2010), que traz resultados do último 
Censo Demográfico do IBGE 2010 sobre a diversidade de grupos religiosos no Brasil. 
Disponível em: <https://censo2010.ibge.gov.br/noticias-
censo.html?busca=1&id=3&idnoticia=2170&t=censo-2010-numero-catolicos-cai-
aumenta-evangelicos-espiritas-sem-religiao&view=noticia >. Acesso em: 19 jun. 2019. 
Logos – termo de origem grega, 
que significa palavra falada ou 
escrita (o Verbo). Com os filósofos 
passou a significar Razão. 
 
 
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maior. Uma das consequências são grupos que se formam dentro da própria organização 
eclesiástica como, por exemplo, a vida monástica. No entanto, além dessas consequências 
pode haver a separação e o surgimento de grupos independentes, que seriam novas igrejas 
ou seitas. A seita é um movimento social espontâneo que se separa do grupo, passa por um 
período de isolamento e de integração no qual uma forma de vida comunitária tende a se 
desenvolver, bem como pode com o tempo ser absorvida pelo grupo maior. 
 As formas religiosas mais abrangentes são o teísmo e o deísmo. O teísmo se refere à 
crença numa divindade ou deuses/as, podendo ser dividido em monoteísmo (uma só 
divindade), politeísmo (vários deuses/as) ou henoteísmo (veneração de uma divindade 
suprema, porém sem negar a existência de outras). O oposto do teísmo é o ateísmo (Deus 
não existe). O deísmo é mais uma posição filosófica e se refere à aceitação de uma 
divindade que não intervém na criação e não possui revelação sobrenatural. 
Outras formas religiosas são o panteísmo, no qual Deus, o universo e a natureza são 
idênticos; o animismo, uma crença, uma mentalidade, que enxerga por detrás dos objetos 
uma vida que pode entrar em relação com o ser humano; o magismo, que é uma crença 
num poder oculto que certas pessoas podem se apropriar e produzir; o manismo, que é o 
culto às almas de defuntos; e o totemismo, que acredita num parentesco entre o clã e uma 
espécie de animal ou vegetal, o qual daria o nome ao totem do clã (WILGES, 1989). 
 As ciências da religião dividem as religiões em três categorias: religiões primais 
(‘primitivas’, povos tribais, com a crença em deuses/as, culto aos antepassados e realização 
de ritos de passagem); religiões nacionais (religiões históricas como a germânica, grega, 
egípcia e assírio-babilônica, politeístas, com sacerdócio permanente, mitologia definida, 
culto sacrificial e que não são mais praticadas, porém podemos encontrar seus vestígios em 
outras religiões), e as religiões mundiais/ universais (monoteístas, que enfatizam a relação 
do indivíduo com Deus e sua salvação) (WILGES, 1989). 
 Assim, temos religiões oriundas da Índia, como o Hinduísmo e o Budismo; do 
Extremo Oriente, como o Confucionismo, o Taoísmo e o Xintoísmo; do Oriente Médio, como 
o Judaísmo, Islamismo e Cristianismo; e 
Africanas. No Brasil, as religiões de matriz 
africana mais populares são o Candomblé e a 
Umbanda. Além do Espiritismo e uma série de 
novos movimentos religiosos (Esotérica, 
Astrologia, Ufologia e Movimentos Alternativos), 
sem esquecer as expressões religiosas indígenas. 
 Fonte: http://migre.me/j2atE 
 
 
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1.4 Breve Panorama Religioso Brasileiro 
 Uma breve reflexão sobre o panorama religioso brasileiro precisa levar em conta o 
processo de secularização que tem influenciado a experiência religiosa. 
Por secularizaçãoentende-se, a partir de Peter Berger (1985, p. 119), “o processo 
pelo qual setores da sociedade e da cultura são subtraídos à dominação das instituições e 
símbolos religiosos”. Esse processo se caracteriza por: pessoas vivendo suas vidas sem 
recorrer mais as interpretações religiosas; legitimações religiosas perdendo sua 
plausibilidade; fim dos monopólios religiosos; crise de credibilidade na religião; crise de 
significado; desenvolvimento do fenômeno chamado “pluralismo”; competição entre os 
diferentes grupos religiosos e sociais; religiões que não podem mais contar com a 
submissão de suas populações, pois ela agora é voluntária; tradição religiosa sendo 
colocada no mercado; conteúdos religiosos sujeitos à “moda”; progressiva burocratização 
das instituições religiosas; ênfase na família, na vizinhança e nas “necessidades” 
psicológicas do indivíduo; crise da teologia; e crise da Igreja. Existe o que Berger chama de 
“desencantamento do mundo”. 
É interessante perceber que esse processo de secularização impulsionou a 
pluralidade de religiões. Zygmunt Bauman (1998) destaca que com o espírito pós-moderno, 
as tentativas exaustivas e os esforços frenéticos em busca de “definir a religião”, sofrem 
uma pausa, porém, continuam inabaláveis. No espírito pós-moderno dá-se conta de que a 
experiência vai além dos muros das definições nas quais tentamos enclausurá-la, retê-la ou 
até mesmo somente captá-la. 
O nascimento da identidade, do indivíduo, da liberdade de escolha diante de infinitas 
possibilidades, trouxe um complexo de incertezas e a busca pelo aconselhamento, no qual 
não se procura tanto a religião, mas especialistas na identidade. Este é o mundo pós-
moderno, de indivíduos em busca de algo que lhes dê sentido em suas escolhas. 
 Essa realidade plural, de busca por sentido à vida, se intensifica na atualidade. A 
existência de inúmeras possibilidades, de inúmeros caminhos, permite ao ser humano, ora 
Sugestão para seu aprofundamento: 
Leia a Cartilha Diversidade Religiosa e Direitos Humanos 
(2004), da Secretaria de Direitos Humanos. Depois poste no espaço interativo 
suas observações. Disponível em: 
<http://www.ensinoreligioso.seed.pr.gov.br/arquivos/File/cartilha/cartilha_diver
sidade.pdf>. Acesso em: 19 jun. 2019. 
 
 
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estar aqui, ora estar ali, ou frequentar vários lugares sem que isso seja um problema, 
vivenciando uma experiência religiosa plural, que atenda às suas necessidades. 
Porém, sempre há o perigo do fundamentalismo, como já foi destacado. Numa 
sociedade moderna que relegou o indivíduo a um estado de anomia, os movimentos 
religiosos fundamentalistas são uma resposta à procura de sentido, de significado para vida, 
um porto seguro, uma caixa de respostas prontas e acabadas que concede ao indivíduo a 
sensação de segurança e de estar fazendo o certo. O fundamentalismo é a afirmação da 
identidade religiosa. É a sobrevivência da religião na modernidade. No fundo, o que está em 
questão é a intenção de reislamizar, recristianizar e rejudaizar a modernidade, e não o 
inverso (KEPEL, 1995). 
O momento seria o de implosão do conceito de religião, que inclui o movimento da 
Nova Era, mas não se reduz somente a ele. Nessa nova realidade as instituições 
fragilizaram-se, os limites entre magia e religião dissolveram-se e diversas formas religiosas, 
ou fontes de transcendência surgiram capazes de dar sentido à vida e à sociedade. A nova 
realidade mostra que há uma 
 
[...] autonomia religiosa dos atores em busca de desinstitucionalização da 
religião, circulando entre os grupos e construindo, por conta própria, sua 
religiosidade, numa espécie de bricolagem (arranjo pessoal do religioso ou 
espiritualmente errante, religiosidade difusa, modelo holístico individual, 
coexistência de paradigmas). Busca-se cura, autoaperfeiçoamento e 
autorrealização (SIQUEIRA, 2003, p. 45). 
 O Brasil é um país diversificado culturalmente e por isso um contexto privilegiado 
para o diálogo e respeito às diferenças. Encontramos no Brasil uma infinidade de 
organizações religiosas, católicas, protestantes, pentecostais e neopentecostais, espíritas2 e 
afro-brasileiras. Também, em 
menor número, expressões 
religiosas como o Judaísmo, o 
Islamismo, Hare Krishna, 
Xintoísmo. Sem esquecer as 
inúmeras expressões religiosas 
indígenas, esotéricas, etc. 
 Fonte: http://migre.me/j2aLW 
 
2 Estimou-se em 2012, 13 milhões de adeptos/as do espiritismo no mundo. Disponível em: 
<http://super.abril.com.br/blogs/superlistas/as-8-maiores-religioes-do-mundo/>. Acesso em: 23 fev. 
2019. 
 
 
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a) Religiões Afro-brasileiras 
As religiões afro-brasileiras são chamadas assim por se originarem com os escravos 
trazidos da África para o Brasil. Até meados do século XX funcionavam como preservação da 
memória da população negra formada por antigos/as escravos/as e seus/suas 
descendentes. O Movimento Negro as reconhece como religiões negras, que hoje tem 
adeptos/as brancos/as, descendentes de japoneses, coreanos, etc. Elas formaram-se em 
diversas partes do Brasil e em diferentes épocas, por isso diferem também nas formas 
rituais, nome e versões mitológicas: Candomblé (Bahia), Xangô (Pernambuco e Alagoas), 
Tambor de Mina (Maranhão e Pará), Batuque (Rio Grande do Sul) e Umbanda (Rio de 
Janeiro) (GAARDER; HELLERN; NOTAKER, 2000). 
 As religiões afro-brasileiras são uma parte 
importante da cultura brasileira, da resistência do 
povo negro, da preservação de uma memória e 
afirmação de uma identidade. Em 2003, por meio 
da Lei 10.639, ficou estabelecido que a rede de 
ensino, tanto pública como particular, deve incluir 
em seu currículo a História e Cultura Afro-
brasileira. Esse é um passo importante para 
desconstruir todo um processo de negativização 
e demonização que instituições tradicionais 
construíram sobre a cultura e as religiões afro-
brasileiras. 
 Fonte: http://migre.me/iSVig 
 
 
 
 
 
 
 
b) Novos Movimentos Religiosos (NMR) 
 Os ‘novos movimentos religiosos’ são uma terminologia utilizada para falar sobre 
diferentes grupos religiosos, que são independentes uns dos outros, fragmentados muitas 
vezes e se caracterizam pela crítica às instituições tradicionais. Em algumas vertentes, a 
Sugestão para seu aprofundamento: 
Leia a Lei 10.639/2003 que torna obrigatório o ensino sobre História e 
Cultura Afro-Brasileira, na rede de ensino, pública e privada. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm>. Acesso em: 19 jun. 
2019. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm
 
 
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religião pode de ser vista como um item de consumo. Trazem traços de retorno ao passado, 
de sincretismo e/ou de fundamentalismo. 
 O pentecostalismo surgiu nos Estados Unidos, com as Igrejas Batistas, Metodistas e 
outras. Baseia-se na doutrina cristã do batismo do espírito santo, à modelo do que ocorreu 
em Jerusalém, no dia de Pentecostes, quando o espírito santo desceu sobre os apóstolos e 
eles falaram em línguas. São chamados de pentecostais, pois suas práticas são carregadas 
de emoção, de reavivamento espiritual, na qual ocorreria a comunicação com o espírito 
santo, levando ao êxtase espiritual, fazendo o/a crente falar em línguas estranhas (WILGES, 
1989). 
 A doutrina pentecostal enfatiza a separação do mundo, a proibição dos prazeres 
comuns. As mulheres não devem usar roupas curtas e os cabelos devem ser longos. 
Todos/as pagam 10% do que ganham para manter a igreja. As orientações são de não 
beber, fumar, pular carnaval, jogar futebol, dançar, cantar músicas mundanas, ir ao cinema, 
nem ter rádio ou televisão (WILGES, 1989). 
 Todos/as os/as pentecostais devem se entregar a três experiências: arrependimento 
da vida de pecado, conversão seguida de batismodas águas, e santificação no batismo pelo 
espírito santo. Possuem os sacramentos do batismo e partilha do pão, e seguem preceitos 
cristãos: Escrituras, Trindade, salvação pela graça, ressurreição e vida eterna para os/as 
justos/as. Aqui a religião oferece uma função terapêutica, toda cura é dom de Deus 
(WILGES, 1989). 
As primeiras igrejas pentecostais chegaram ao Brasil, no início do século XX. Em 
1910, no Paraná e São Paulo, surgiu a primeira igreja pentecostal brasileira, a Congregação 
Cristã do Brasil. Em 1911, dois missionários suecos fundaram a Assembleia de Deus, em 
Belém do Pará. As duas denominações se difundiram por todo o país, constituindo hoje as 
duas maiores frentes do pentecostalismo no Brasil (GAARDER; HELLERN; NOTAKER, 2000). 
 Na segunda metade do século XX, os/as evangélicos/as pentecostais cresceram e se 
diversificaram, correspondendo na década de 1990 a 10% da população de adultos/as no 
Brasil, sendo que os/as protestantes históricos correspondiam a 3%. Pode-se diferenciar 
dois formatos do movimento pentecostal no país: os pentecostais “clássicos” e os 
“neopentecostais” (GAARDER; HELLERN; NOTAKER, 2000). 
 As maiores igrejas pentecostais no Brasil são: 
* Congregação Cristã do Brasil (desde 1910 no Brasil); 
* Assembleia de Deus (desde 1911 no Brasil); 
* Igreja do Evangelho Quadrangular (desde 1953 no Brasil); 
* Igreja Pentecostal O Brasil para Cristo (fundada em 1955); 
* Deus é Amor (fundada no Brasil em 1962), e 
* Casa da Bênção (fundada no Brasil em 1964) (GAARDER; HELLERN; 
NOTAKER, 2000, p. 288). 
 
 
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A religiosidade neopentecostal se propõe um meio eficiente e prático de religião, 
exigindo pouco em relação a ética e doutrina. Ela conserva do pentecostalismo clássico o 
estilo de culto, carregado emocionalmente, direcionado ao êxtase, destacando o dom de 
línguas, o exorcismo e o milagre, procurando sempre resultados concretos e imediatos 
(GAARDER; HELLERN; NOTAKER, 2000). 
 As igrejas neopentecostais mais representativas e criadas no Brasil são: 
* Igreja de Nova Vida (fundada em 1960); 
* Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra (fundada em 1976); 
* Igreja Universal do Reino de Deus (fundada em 1977); 
* Igreja Internacional da Graça de Deus (fundada em 1980), e 
* Renascer em Cristo (fundada em 1986) (GAARDER; HELLERN; NOTAKER, 
2000, p. 289). 
 
Atualmente podemos encontrar movimentos com tendências neopentecostais dentro 
das instituições tradicionais. Um exemplo é a Renovação Carismática Católica, movimento 
dentro da Igreja Católica Apostólica Romana. 
 O neopentecostalismo enfatiza, ainda, a doutrina da prosperidade, o poder da fé 
como meio para obter uma vida feliz, com saúde, sucesso e prosperidade material. O 
contrário disso é sinal de maldição, de falta de fé. Por isso, o/a fiel está em constante 
batalha espiritual entre o bem e o mal. 
 O grande desafio, diante de uma realidade mundial e brasileira tão plural e diversa 
religiosamente, continua sendo o respeito à diferença, combatendo qualquer tipo de 
intolerância religiosa, em qualquer espaço social (família, escola, trabalho, igreja, etc.), 
inclusive uma intolerância religiosa que potencializa outras intolerâncias e discriminações 
(gênero, raça, classe, geração, etc.). É preciso restaurar o diálogo e o respeito mútuo, 
resguardar o direito e a liberdade que todo/a cidadão/ã tem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dicas de aprofundamento 
Assista ao Documentário “Intolerância Religiosa – Ameaça à Paz”. 
Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=AabbtL3Wl00 >. Acesso em: 19 jun. 
2019. 
Leia o texto “Intolerância religiosa é crime de ódio e fere a dignidade”. 
Disponível em: < http://www2.senado.leg.br/bdsf/item/id/496197 >. Acesso em: 19 
jun. 2019. 
Após assistir ao vídeo e ler o texto, partilhe suas observações no espaço 
interativo. 
https://www.youtube.com/watch?v=AabbtL3Wl00
 
 
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Antes de continuar seu estudo, realize o Exercício 1 e 
a Atividade 1.1. 
 
 
 
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UNIDADE 2 
AS PRINCIPAIS RELIGIÕES ORIUNDAS DA 
ÍNDIA 
 
OBJETIVO DA UNIDADE: Apresentar informações sobre as origens, rituais e doutrinas 
de duas das principais religiões oriundas da Índia, o Hinduísmo e o Budismo. 
 
2.1 Hinduísmo 
Tudo o que vive, vive para sempre. 
Somente o invólucro, o que é perecível, desaparece. 
O espírito não tem fim. É eterno. Imortal. 
(Bhagavad Gita) 
 
O Hinduísmo é uma religião que não possui fundador, nem credo fixo e nem 
organização de espécie alguma, caracteriza-se 
pela diversidade. A palavra hinduísta significa 
“indiano/a” (GAARDER; HELLERN; NOTAKER, 
2000). Esse termo não é aceito pelos hindus, 
pois foi o Ocidente que convencionou chamar 
assim. Em 2012, estimou-se que o Hinduísmo 
possui cerca de 900 milhões de adeptos/as.3 
 
Fonte: http://migre.me/iTFFa 
 
 Culturalmente, a História da Índia pode ser dividida nos seguintes períodos: 
 
Védico: que vai de 2000 a 800 a.C., caracterizado pela influência dos 
escritos védicos. 
Upanishádico: que vai de 800 a.C. a 400 a.C., caracterizado pela 
especulação dos sábios, da qual surgem os conceitos de advaita (não-
dualidade), do karman, do samsâra etc. 
Clássico: que vai de 400 a.C. a 500 d.C., caracterizado pelo florescimento 
das letras e das artes, bem como pelo culto crescente dos grandes deuses 
populares: Vasudeva, Shiva, Vishnu. 
Medieval: que vai de 500 d.C. a 1800 d.C., caracterizado pelas escolas 
filosóficas e seitas religiosas. 
Moderno: desde 1800 d.C., caracterizado pela crescente influência das 
ideologias do ocidente. O hinduísmo toma então as seguintes atitudes: 
 
3 Fonte: <http://super.abril.com.br/blogs/superlistas/as-8-maiores-religioes-do-mundo/>. Acesso em: 
21 abr. 2019. 
 
 
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ortodoxo, aceitando os Vedas, 
popular, aceitando o Mahabharata, o Ramayana, os Puranas (PIAZZA, 
2005, p. 236). 
Por ser uma religião nacional, só pode ser hindu quem nasce hindu. O Hinduísmo 
existe na Índia e onde há hindus (Indonésia, Paquistão, Ceilão, Birmânia, Malásia, África do 
Sul, etc.). Benares é a principal cidade do Hinduísmo e 
o rio Ganges o principal rio sagrado, onde são 
realizadas abluções (WILGES, 1989). 
 
2.1.1 Origem do Hinduísmo 
 
 O Hinduísmo originou-se entre os anos 1500 a.C e 200 a.C., época em que os povos 
arianos (“nobres”) subjulgaram o vale do Indo. As crenças desses povos tinham ligação com 
outras religiões indo-europeias (grega, germânica e romana). Os hinos védicos (da palavra 
Veda, que significa “conhecimento”) eram recitados por sacerdotes nos sacrifícios aos 
deuses. A época do período védico tardio, de 1000 a.C. até 500 a.C., foi significativa para o 
desenvolvimento religioso da Índia. Os Upanishads são os textos hinduístas mais lidos e 
foram escritos sob a forma de conversa entre o mestre e o discípulo, introduzindo a noção 
de Brahman. “Todos os seres vivos nascem do Brahman, vivem no Brahman e ao morrer 
retornam ao Brahman” (GAARDER; HELLERN; NOTAKER, 2000). 
 
2.1.2 Alguns Rituais Sagrados 
 O Hinduísmo moderno abarca uma diversidade de ideias e formas de culto. Porém, 
os hinduístas têm em comum: as castas, as vacas e o carma. 
O sistema de castas consiste na distinção e estratificação da sociedade em 
classes. Na Índia essas classes4 sociais se dividem em quatro: sacerdotes (brâmanes); 
guerreiros; agricultores, comerciantes e artesãos; e servos. Porém, com o desenvolvimento 
da sociedade indiana, as pessoas foram sendo divididas em novas castas, sendo que no 
início do século XX havia cerca de 3 mil castas (GAARDER; HELLERN; NOTAKER, 2000). 
O termo ‘castas’, na Índia, se associa a profissões especiais. Cada casta possui suas 
regras e costumes, cuja base religiosa esta associada à noção de pureza eimpureza. Ser 
expulso da casta é o pior castigo que pode existir. O nível mais baixo na estrutura de castas 
é o dos/as “intocáveis” ou “sem casta”, chamados também de “párias”. Os/as criminosos/as, 
lixeiros/as ou os/as que trabalham curtindo o couro de animais, são exemplo de 
 
4 A palavra empregada é varna, que significa “cor”. 
O termo ‘ablução’ vem do latim 
ablutio e significa "lavagem". 
 
 
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“intocáveis”. Apesar de a Constituição indiana de 1947 estabelecer medidas contra a 
discriminação por casta, as antigas divisões sociais e religiosas permanecem influenciando a 
cultura indiana (GAARDER; HELLERN; NOTAKER, 2000). 
 Atualmente, pertencer a casta dos/as “intocáveis” não significa necessariamente ser 
pobre ou miserável como por muito tempo foi. Sobre as castas, conta-se que: 
Brahma criou primeiro o homem, depois a mulher. Desde o início houve 
diferentes castas. Da cabeça de Manu (homem) vieram as pessoas 
melhores, os sacerdotes (Brahmanes). Das mãos vieram os reis e os 
guerreiros. Das coxas, os artesãos (negociantes e agricultores) e dos pés 
veio o resto do povo (súditos), que pertence à classe mais baixa e, abaixo 
de qualquer casta, estão os párias (escravos). Estas são as quatro 
principais castas da Índia. Quanto mais alta a classe tanto mais privilégios. 
Não se pode passar de uma casta para outra. Um homem de casta mais 
elevada não come e nem bebe na companhia de um de casta mais baixa. 
Não entra no mesmo templo. As crianças não podem brincar juntas 
(WILGES, 1989, p. 22). 
 Na Índia, a vaca é um animal sagrado e é adorada em algumas festas religiosas. 
Essa adoração possivelmente remonta um antigo culto de fertilidade. Nos Vedas há hinos à 
vaca, como mantenedora da vida, e por ser um símbolo da vida é proibido matá-la. 
Cultualmente, a vaca é mais “pura” que o brâmane. Uma pessoa que toca uma vaca está 
ritualmente limpa. Tudo que deriva da vaca é utilizado em cerimônias de purificação (leite, 
manteiga, excrementos, urina, etc.). Os/as hinduístas têm ainda outros animais sagrados, 
como o macaco, o crocodilo e a cobra. Por 
isso, são vegetarianos, pois não gostam de 
tirar a vida de animais, o que ajudou a 
propagar um ideal de não-violência, que ficou 
bastante difundido no Ocidente com a luta de 
Ghandi pela independência da Índia, contra o 
colonialismo britânico (GAARDER; HELLERN; 
NOTAKER, 2000). 
 Fonte: http://migre.me/iTHcC 
 A vaca é sagrada por também simbolizar a deusa do amor Lakhismi e a 
maternidade. Ela representa o último estágio da alma no mundo antes de atingir a 
divindade, e acredita-se que quem comer a carne de vaca ficará tantos anos no inferno 
quanto forem os pêlos da vaca (WILGES, 1989). 
 Em relação ao carma e reencarnação, na filosofia dos Upanishads o ser humano 
tem uma alma imortal, que após a morte renasce numa nova criatura vivente, podendo ser 
em uma outra casta ou animal. O ciclo da vida é ordenado pelo movimento do karma 
 
 
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(palavra sânscrita - significa “ato”), que se refere a pensamentos, palavras, sentimentos e 
ações. Acredita-se que todas as ações têm consequências e que essas consequências 
podem aparecer depois da morte. O carma é como uma lei natural, lei de causa e efeito, e a 
responsabilidade pela vida do/a hinduísta, no agora e na sua próxima encarnação, é sempre 
dele/a mesmo/a. Ele/a tem o livre-arbítrio para melhorar seu carma e isso explicaria as 
diferenças sociais, como por exemplo, a do sistema de castas (GAARDER; HELLERN; 
NOTAKER, 2000). 
 No Hinduísmo, o conceito de divindade é o Brahman (substância/ essência), 
presente em todas as coisas (pedra, vaca, etc.). Este conceito panteísta no hinduísmo 
denota que a divindade é uma energia. Porém, o conceito politeísta também se encontra 
presente, na forma de inúmeros deuses e deusas, sendo que as aldeias têm sua divindade 
local. 
 A adoração divina se concentra em duas divindades, de raízes védicas: Vishnu e 
Shiva. Vishnu é representado como um belo jovem, como senhor onipresente, um pastor de 
ovelhas vivendo aventuras eróticas com as pastoras, o que é interpretado como o amor de 
Deus pelo ser humano. Sua maior importância está nas suas revelações ou “avatares”, 
como Rama e Krishna. Já Shiva é a divindade da meditação e dos iogues, retratada como 
um asceta, uma divindade do desvario e do êxtase, criador e destruidor, que traz a doença 
e a morte, mas que também cura. No ambiente acadêmico é comum ver Vishnu 
(sustentador) e Shiva (destruidor) formando uma trindade com Brahma (criador), o que tem 
pouca relevância na devoção popular (GAARDER; HELLERN; NOTAKER, 2000). 
Na religião indiana, as deusas também têm uma importância, tanto que a “Mãe 
Índia” (Bhárata Mata) foi escolhida como divindade nacional do moderno Estado da Índia, 
cujo templo em sua dedicação encontra-se na cidade de Varanasi. Nas aldeias são 
veneradas divindades menores, muitas de origem humana, ou seja, heróis de guerra, ou 
esposas que se ofereceram para morrer queimadas na pira funerária do marido. Venerando 
esses espíritos como divindades, acredita-se controlar e neutralizar o mal (GAARDER; 
HELLERN; NOTAKER, 2000). 
Outra expressão de devoção é o culto no lar, que varia de casa para casa. Os/as 
hinduístas têm em casa uma sala ou canto que dedicam a uma ou mais divindades, onde 
colocam estampas e esculturas destas, tendo à frente um pequeno altar para a família 
celebrar o serviço divino. O culto pode ocorrer diversas vezes ao dia ou uma vez por 
semana, quase sempre na sexta-feira, compreendendo o sacrifício, a oração, a recitação de 
textos sagrados e a meditação. O primeiro passo é um banho purificador, passa-se ao 
sacrifício (arroz, frutas ou flores), depois as pessoas se inclinam até o chão, com as mãos 
unidas, diante das imagens. Repete-se o nome da divindade e recitam-se textos sagrados, 
 
 
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podendo haver ainda orações espontâneas e pessoais. Os frutos oferecidos são comidos 
pela família ou ofertados às visitas (GAARDER; HELLERN; NOTAKER, 2000). 
 O/a hinduísta não é obrigado a ir ao templo. Porém, existe um templo em cada 
aldeia, com muitos serviços populares. A rotina do templo começa com música para 
despertar as divindades, depois as imagens divinas são lavadas. No decorrer do dia as 
divindades são alimentadas várias vezes e quem chega ao templo reza à sua divindade, 
oferece sacrifício de flores ou outros presentes, ou escuta a interpretação das escrituras 
dada pelo sacerdote (GAARDER; HELLERN; NOTAKER, 2000). 
 Existem outros ritos como a celebração do matrimônio, na qual, 
 
[...] A data é marcada segundo observações astrológicas. Mensageiros 
conduzem o noivo à casa de sua futura esposa. O pai a confia a ele, depois 
que ele a ungiu e lhe entregou um vestido novo e um espelho. Oblação de 
sementes torradas, ligação das vestes e das mãos, e marcha dos sete 
passos são os últimos ritos na casa da noiva. Conduzida então para sua 
nova casa, ela leva o fogo doméstico, senta-se em uma pele de boi 
vermelho e divide com o esposo as comidas da oferenda. O matrimônio é 
consumado depois de três dias de castidade. Na manhã seguinte, um rito 
de “impregnação” abençoa a suposta concepção; três meses mais tarde, 
segue-se o sacramento de “engendramento”, destinado a obter uma 
criança do sexo masculino (SAMUEL, 1997, p. 98). 
 Além de todas essas cerimônias que envolvem o rito do matrimônio, a cultura hindu 
ainda tem ritos que envolvem o nascimento, a entrada da criança aos oito ou dez anos na 
comunidade bramânica, os funerais, entre outros. 
 
2.1.3 Principais Doutrinas 
 No Hinduísmo, os livros sagrados mais conhecidos são: Os Vedas, os Brahmanas e 
os Upanichades. O escrito religioso hindu mais influente é Bhagavadgita (Canto Sublime) 
(WILGES, 1989). Sãotextos que foram escritos na língua antiga dos/as hindus, o sâncristo. 
No período védico, a doutrina do carma e da reencarnação, era vista como algo 
positivo, sendo que por meio dos sacrifícios e das boas ações se podia garantir a existência 
em várias vidas. No entanto, mais tarde o Hinduísmo considerou isso como algo negativo, 
um ciclo vicioso a ser quebrado (GAARDER; HELLERN; NOTAKER, 2000). 
 Não há uma doutrina clara sobre salvação, de como o ser humano pode se livrar do 
interminável ciclo de reencarnações. Existem muitos movimentos dentro do Hinduísmo com 
opiniões diferentes sobre isso. No Hinduísmo moderno é possível visualizar três caminhos: 
do sacrifício, do conhecimento e da devoção. A via do sacrifício consiste em tentar obter 
felicidade terrena, saúde, riqueza e copiosa descendência, com objetivo de se libertar do 
ciclo vicioso de transmigração do espírito. A via da compreensão e conhecimento consiste 
 
 
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em compreender a natureza da existência, pois só quando o ser humano adquire o reto 
conhecimento ele pode ser redimido do inevitável ciclo de transmigração (samsara). O 
conhecimento que salva é o de que a alma humana (atmã) e o mundo espiritual (Brahman) 
são uma coisa só. A libertação do ser humano está ligada à compreensão dessa unidade. A 
via da devoção é o caminho cuja expressão clássica é o Bhagavad Gita, que é um livro 
sagrado importante na Índia moderna. Todas as três vias de salvação têm base na doutrina 
do carma. O caminho da devoção expressa que independente de sexo ou casta, todas as 
pessoas podem conseguir a graça se se devotarem a divindade, sendo que é a misericórdia 
divina que salva a pessoa do ciclo e não seus esforços. O importante é não fazer as coisas 
com intuito de ganhar algo em troca (GAARDER; HELLERN; NOTAKER, 2000). 
 Outra doutrina é darma, uma lei ou ética comum, que não consiste na igualdade 
entre as pessoas, mas na responsabilidade com a própria família, casta e comunidade. O 
Bhagavad Gita reforça o valor das três vias de salvação e que cada pessoa deve cumprir 
seus deveres para com a família e a comunidade. A vida é assim dividida em quatro 
estágios, sobretudo, relevante aos brâmanes do sexo masculino. O primeiro estágio 
corresponde ao oitavo ano de vida do menino brâmane, ele passa por um rito de passagem, 
no qual recebe o “fio sagrado”, simbolizando que nasceu pela segunda vez e que agora é 
um discípulo, entregue ao mestre (guru), para estudar os textos sagrados. O segundo 
estágio é quando o jovem completa seu tempo como discípulo e se torna pai de família. 
Casa-se, tem filhos, cumpre suas responsabilidades com a casta, realiza os sacrifícios, e 
goza dos prazeres da vida. A fase dura até os/as netos/as crescerem. No terceiro estágio, o 
homem sozinho ou junto com a esposa se retira(m) para outro local, para entrar num 
estágio contemplativo de vida, quase sempre um monastério ou um centro religioso 
(ashram). E, por fim, no quarto estágio se tornam santos/as andarilhos/as, sem moradia 
fixa, sobrevivendo de esmolas, em busca do autoconhecimento (GAARDER; HELLERN; 
NOTAKER, 2000). 
 No que se refere às mulheres, apesar do Livro 
dos Vedas afirmar que homem e mulher são iguais 
“como duas rodas de carroça”, a prática tem sido 
diferente. São quase sempre entendidas como 
“propriedade” do marido. Mulheres solteiras ou casadas, 
sem filhos passam por dificuldades. Porém, a Índia foi 
um dos primeiros países a ter como primeiro-ministro 
uma mulher (Indira Ghandi). 
 Fonte: http://migre.me/i0hAv 
 
 
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Muitas mulheres usufruem de influência pública, trabalham fora de casa, além de 
que o culto a numerosas deusas contribui para elevar a consciência das mulheres 
(GAARDER; HELLERN; NOTAKER, 2000). 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.2 Budismo 
Somos o que pensamos. 
 Tudo o que somos surge com nossos 
pensamentos. 
Com nossos pensamentos, fazemos o nosso 
mundo. 
(Buda) 
 
O Budismo (do sânscrito Buddha Dharma) tem como fundador Sidarta Gautama, 
conhecido como Buda (560-480 a.C.), que não deixou nenhum escrito. A palavra ‘Buda’ vem 
do sânscrito e significa “o iluminado”. O Budismo caracteriza-se como uma religião, pois 
possui tudo que uma religião tem: mosteiros, ritos, religiosos/as que se dedicam aos ritos, 
etc. 
Em 2012, estimou-se que existem aproximadamente 376 milhões de adeptos/as do 
Budismo no mundo.5 O país com maior número de budistas é a Tailândia, que possui 18 mil 
mosteiros e 240 mil monges e monjas. 
 
2.2.1 Origem do Budismo 
 Sidarta Gautama foi filho de um rajá e viveu no Nordeste da Índia. Sobre sua vida 
existem inúmeras histórias, mais ou menos lendárias, porém que destacam em comum que 
Sidarta cresceu em meio ao luxo e fortuna, que seu pai ouviu a profecia de que seu filho se 
tornaria um governante poderoso ou seguiria um caminho oposto, abandonando o mundo 
por completo, o que aconteceria se fosse permitido que ele testemunhasse o sofrimento do 
 
5 Fonte: <http://super.abril.com.br/blogs/superlistas/as-8-maiores-religioes-do-mundo/>. Acesso em: 
21 abr. 2019. 
Dica de aprofundamento 
 
Assista ao vídeo “Hinduísmo-introdução”. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=2zVm9OwScBQ>. Acesso em: 19 jun. 2019. 
https://www.youtube.com/watch?v=2zVm9OwScBQ
 
 
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mundo. O rajá procurou proteger o filho do mundo, mantendo-o entre as muralhas do 
palácio e cercando-o de delícias e diversões. Sidarta se casou jovem, com sua prima, e tinha 
um harém de lindas dançarinas (GAARDER; HELLERN; NOTAKER, 2000). Conta uma das 
lendas que Sidarta foi gerado no ventre de sua mãe na forma de um pequeno elefante, que 
é símbolo da encarnação de Buda. 
 Contrariando as ordens de seu pai, quando tinha 29 anos, Sidarta saiu do palácio e 
viu, pela primeira vez, um velho, um homem doente e um cadáver em decomposição. 
Depois viu um asceta com uma expressão radiante de alegria, o que lhe fez constatar que a 
vida de riqueza e prazer é vazia e sem sentido. Indagou então: “haverá alguma coisa que 
transcenda a velhice, a doença e a morte?”. Tomou-se de compaixão pela humanidade e 
sentiu-se chamado a livrá-la do sofrimento, voltando ao palácio e renunciando para isso sua 
vida de príncipe. Sem despedidas, deixou a esposa e o filho, e seguiu para uma vida de 
andarilho (GAARDER; HELLERN; NOTAKER, 2000). 
 Após deixar a vida de príncipe, conta a lenda que Sidarta passou a fazer exercícios 
ascéticos, comendo cada vez menos, até que conseguiu sobreviver com apenas um grão de 
arroz por dia. Seu objetivo era dominar o sofrimento por meio do ascetismo e da ioga, mas 
isso não aconteceu. Foi então que adotou o “caminho do meio”, buscando a salvação pela 
meditação. Aos 35 anos, depois de seis anos de vida 
ascética, atingiu a iluminação (bodhi), no momento 
em que meditava sob uma figueira à margem do rio 
Ganges. Sidarta transformou-se num Buda 
(“iluminado”), percebendo que todo sofrimento do 
mundo é causado pelo desejo e que somente a 
supressão do mesmo faz com que o ser humano 
escape de outras encarnações (GAARDER; HELLERN; 
NOTAKER, 2000). 
 Fonte: http://migre.me/iUTpM 
 Por sete dias e sete noites, Buda ficou embaixo da figueira, compreendendo que a 
realidade não é transitória, mas absoluta acima do tempo e espaço, o que o Budismo chama 
de nirvana. Ao dominar o desejo de viver, que o prendia à existência, Buda parou de 
produzir o carma e de estar sujeito à lei do renascimento. Alcançou a salvação para si 
mesmo, abrindo o caminho para abandonar o mundo e entrar no nirvana final. Porém, o 
deus Brahma pediu que ele difundisse seus ensinamentos. Buda sentiu compaixão pelos 
seres humanos e decidiu “abrir o portão da eternidade” para quem quisesse ouvi-lo, se 
tornando assim um guia para a humanidade (GAARDER;HELLERN; NOTAKER, 2000). 
 
 
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 Buda seguiu para a cidade de Benares, centro religioso da época, e fez seu famoso 
sermão, o qual contém seus principais ensinamentos. Vários monges mendigos seguiam 
Buda, e por mais de quarenta anos ele e seus discípulos/as andaram pelo nordeste da 
Índia. Os/as seguidores/as de Buda se dividiam em dois grupos: os/as leigos/as e os 
monges e as monjas. Aos 80 anos, Buda adoeceu e se despediu de seus/as discípulos/as, 
dizendo-lhes: “Talvez alguns de vós estejam pensando: ‘As palavras do mestre pertencem 
ao passado, não temos mais mestre’. Mas não é assim que deveis ver as coisas. O darma 
(instrução) que vos dei deve ser o vosso mestre depois que eu partir” (GAARDER; 
HELLERN; NOTAKER, 2000). 
 
2.2.2 Alguns Rituais Sagrados 
Com relação ao matrimônio, no Budismo, o casamento não é sagrado, mas um 
simples acordo entre as partes, devendo o homem respeitar a mulher, e a mulher cumprir 
com os afazeres domésticos. Considera-se menos vantajoso nascer como mulher do que 
como homem (GAARDER; HELLERN; NOTAKER, 2000). 
Buda criou a ordem monástica, formada por monges e monjas que deixaram tudo 
para trás, seguindo uma conduta mais estrita que a dos/as leigos/as, vivendo de esmolas. 
Para um/a leigo/a, dar esmola a um monge ou monja é uma honra. Os mosteiros ficam 
próximos às cidades, em determinados dias os/as leigos/as são instruídos/as sobre os 
ensinamentos de Buda. Pessoas comuns podem realizar retiros nos mosteiros, meditar e 
receber instruções. Em países de devoção budista, como Birmânia e Tailândia, é comum os 
meninos passarem um tempo no mosteiro aprendendo budismo (GAARDER; HELLERN; 
NOTAKER, 2000). 
Na antiguidade, o culto budista era feito com a veneração de relíquias de Buda ou de 
outras pessoas santas. As relíquias eram guardadas em pequenos montes de terra (stupas), 
que se transformaram com o tempo nas construções em forma de sino ou domo, que 
atualmente são chamadas de ‘pagodes’. A partir do século I a.C. passou-se a produzir 
imagens e estátuas de Buda, presentes tanto nos templos como nos lares, diante das quais 
o/a budista faz sua confissão, “As Três Joias”: Procuro refúgio no Buda; Procuro refúgio nos 
ensinamentos; Procuro refúgio na comunidade monástica (GAARDER; HELLERN; NOTAKER, 
2000). 
Diante das imagens de Buda, os/as budistas colocam incensos, flores e oferendas. A 
maior festa religiosa é a que comemora o aniversário de Buda, em abril ou maio, na lua 
cheia. Acredita-se que esse também foi o dia da iluminação dele, da entrada no nirvana. E 
 
 
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apesar de Buda não negar a existência dos deuses, pois um deus mesmo o exortou a levar 
a mensagem para a humanidade, ele acreditava que a existência dos deuses também é 
transitória, e que os mesmos estão atrelados aos renascimentos (GAARDER; HELLERN; 
NOTAKER, 2000). “Na arte primitiva, ele não é representado em figura humana, mas 
lembrado por símbolos: a árvore da iluminação e da sabedoria e a roda da lei, sinal de 
majestade e do encadeamento sem fim das causas e dos efeitos” (SAMUEL, 1997, p. 114). 
 
2.2.3 Principais Doutrinas 
 O Budismo se desenvolveu dentro do Hinduísmo como um caminho individual para 
salvação, de modo que ambas as religiões têm conceitos comuns: as doutrinas do 
renascimento, do carma e da salvação. Para Buda o ser humano é subjugado pelos 
renascimentos, sendo que os pensamentos, as palavras e os atos são o que produzem a 
dinâmica do ciclo nascimento-morte-renascimento. Por isso, o ser humano colhe aquilo que 
plantou, de modo que a lei do carma é vista tanto no Hinduísmo como no Budismo de 
forma negativa. A salvação seria a possibilidade de libertação do círculo vicioso de 
renascimentos, que separam o ser humano do nirvana. O Budismo tem por objetivo 
encontrar a “passagem” por onde atravessar para a outra margem (GAARDER; HELLERN; 
NOTAKER, 2000). Entretanto, apesar de compartilhar com o Hinduísmo da ideia do carma, o 
Budismo nega a ideia da divisão da sociedade em castas sociais. 
 Inicialmente, a doutrina budista foi difundida de forma oral, depois por textos, como 
os sutras (fios condutores), nos quais Buda fala em primeira pessoa e que são atribuídos a 
Ananda, seu discípulo preferido. Alguns autores atribuem ao discípulo Shâriputra a 
elaboração da Doutrina da Sabedoria (praj-nã), que expõe de maneira mais sistematizada o 
ensinamento de Buda. Apenas no século I a.C. surge 
na língua pali (falada por Buda) o texto Tripitaka (três 
cestos), tido como primeiro cânon da doutrina budista. 
Possui três coleções de livros: Vinaya (regras 
monásticas), Sutra (expõe doutrina atribuída a Buda e 
a seus discípulos/as), Abhidharma (dharma 
explanado). No século II d.C. os monges do norte da 
Índia elaboram texto expondo a doutrina em sânscrito, 
originando o cânon sânscrito, que abrange extensa 
literatura budista (PIAZZA, 2005). 
 Fonte: http://migre.me/iUUzd 
 
 
 
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 O Budismo rompe com a doutrina hinduísta que acredita que o ser humano tem uma 
alma individual eterna (atmã) que sobrevive de uma existência para outra, sendo essa alma 
considerada idêntica, de forma total ou parcial, ao espírito universal (Brahman). Para o 
Budismo, a alma é fugaz como tudo no mundo, e pensar numa alma individual eterna é 
provocar o desejo, e o desejo é a fonte do carma. A vida humana seria uma série 
ininterrupta de processos mentais e físicos que modificam o ser humano a cada instante, 
sendo que tudo é passageiro (GAARDER; HELLERN; NOTAKER, 2000). 
 Em Benares, Buda realiza um sermão apresentando as quatro nobres verdades sobre 
o sofrimento: 1. Tudo no mundo é sofrimento; 2. O sofrimento é causado pelo desejo do 
ser humano; 3. O sofrimento pode ser levado ao fim quando o desejo acaba, assim pode-se 
entrar no nirvana; 4. O ser humano pode se libertar do sofrimento (e do renascimento) 
seguindo o caminho das oito vias (GAARDER; HELLERN; NOTAKER, 2000). O desejo, a 
vontade de viver, de existir e de se perpetuar, o medo de perder o que se é, é a causa do 
sofrimento (SAMUEL, 1997). 
 Buda orienta que o ser humano precisa evitar todos os extremos da vida. O caminho 
para acabar com o sofrimento é o “caminho do meio”, representado pelas oito vias: 1. 
Perfeita compreensão (compreender as verdades sobre o sofrimento e o ensinamento de 
que o ser humano não tem alma); 2. Perfeita aspiração (lutar contra o desejo, o ódio e a 
luxúria, olhando para Buda como ideal); 3. Perfeita fala (evitar mentiras, intrigas e 
conversas vazias, falar de forma verdadeira, amigável e carinhosa, e silenciar quando 
preciso); 4. Perfeita conduta (seguir os cinco mandamentos – não matar nenhum ser 
vivo, não roubar, não ser sexualmente promíscuo, não mentir e não tomar estimulantes); 5. 
Perfeito meio de subsistência (escolher um trabalho que não contrarie nenhum dos 
cinco mandamentos); 6. Perfeito esforço (não deixar que pensamentos ou estados de 
espírito destrutivos aconteçam, e se acontecer 
eliminá-los antes que tenham efeitos 
concretos); 7. Perfeita atenção (a 
autocontemplação como meio de controle do 
corpo e da mente); 8. Perfeita 
contemplação (caminho para alcançar a 
compreensão das “quatro nobres verdades” e 
atingir o nirvana) (GAARDER; HELLERN; 
NOTAKER, 2000). 
Fonte: http://migre.me/i0WUy 
 
 
 
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 A palavra nirvana significa “apagar” e se refere à extinção do desejo, cujo 
combustível é a luxúria, o ódio e a ilusão. O nirvana é visto como algo fora do sofrimento e 
descrito em termos negativos, pois não se pode compará-lo a nada da vida cotidiana, sendo 
apenas possível dizer o que o nirvana não é. Apenas boas obras não bastam para atingir o 
nirvana, é preciso a iluminação. Boas obras levam a bons renascimentos. 
Segundo o Budismo, Buda nasceu 547 vezes antes de alcançar o nirvana. Onirvana consistiria no esgotamento do carma e no rompimento da lei do renascimento, 
estágio que pode ser vivenciado aqui e agora. O nirvana final, atingido quando a pessoa 
morre, é irreversível, chamado de parinirvana (extinção última e absoluta) (GAARDER; 
HELLERN; NOTAKER, 2000). 
 Por volta de 380 a.C., devido a divergências entre os/as discípulos/as de Buda, foi 
realizado um concílio, que terminou com a divisão entre um grupo mais conservador e outro 
mais liberal. Pode-se distinguir duas tendências principais: Theravada (“a escola dos 
antigos”), predominante no Sul da Ásia (Birmânia, Tailândia, Sri Lanka, Laos e Camboja), 
que enfatiza a salvação individual através da meditação e que prega que na prática somente 
os monges e as monjas podem atingir o nirvana; e MahayanaI (“o grande veículo”), 
predominante no Norte da Ásia (China, Japão, Mongólia, Tibet, Coréia e Vietnã), enfatiza a 
ideia que uma pessoa pode ser salva de seu carma pelos méritos alheios, de que é possível 
conduzir todas as pessoas à redenção (GAARDER; HELLERN; NOTAKER, 2000). 
 No Tibet o Budismo se misturou com ideias totêmicas e animistas, dando origem ao 
Lamaísmo, no qual Buda é visto como encarnado no chefe Dalai-Lama. No Japão o Budismo 
virou Zen-Budismo (WILGES, 1989). 
 Em relação a realidade das mulheres no Budismo, é interessante destacar que 
conforme Buda, “uma monja, ainda que tenha cem anos, deve reverenciar um monge, 
levantar-se à sua chegada, saudá-lo com as mãos juntas e honrá-lo, ainda que tenha sido 
recebido na ordem nesse mesmo dia” (SAMUEL, 1997, p. 121). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sugestão para seu aprofundamento: 
Assista ao Documentário “História das Religiões”, a parte que aborda o 
Budismo. Depois poste no espaço interativo suas observações. Disponível em: 
<http://www.youtube.com/watch?v=nVWWhYkbyP8>. Acesso em: 19 jun. 2019. 
http://www.youtube.com/watch?v=nVWWhYkbyP8
 
 
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Antes de continuar seu estudo, realize o Exercício 2 e a 
Atividade 2.1. 
 
 
 
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UNIDADE 3 
O JUDAÍSMO E O ISLAMISMO 
 
OBJETIVO DA UNIDADE: apresentar aos acadêmicos o Judaísmo e o Islamismo, 
abordando brevemente alguns elementos que dão consistência a estas religiões 
milenares, ambas de origem abraâmicas, isto é, com fundamento em Abraão. 
 
3.1 O Judaísmo 
“Ouve, Israel! O Senhor nosso Deus é o único 
Senhor” (Dt. 6,4). 
 
O surgimento do Judaísmo remonta a Abraão e 
Moisés. Abraão teria vivido possivelmente por volta do 
ano 2000 a. C, na Mesopotâmia e migrou para a terra de 
Canaã, situada no Mediterrâneo oriental. Moisés, por sua 
vez, teria vivido por volta de 1140, a. C, e foi considerado 
pelos israelitas, como sendo “o primeiro e o maior de todos 
os profetas” (COWLING, 1996, p. 282). Contudo, apesar de 
ambos os personagens serem fundamentais na religião 
judaica, podemos afirmar que o surgimento do judaísmo se 
deu com “Abraão, que reconheceu Deus como o Criador do 
Universo” (HARLEY, 1996, p. 272) e confiando no 
Altíssimo “migrou da Ur dos Caldeus para Canaã” 
(HARLEY, 1996, p. 272). Segundo o que relata o livro do Gênesis, Abraão era um homem 
de profunda fé, e por ser o primeiro que confiou nas palavras do Deus verdadeiro, foi 
considerado o pai do judaísmo. 
O centro da fé judia, está no monoteísmo, isto é, na crença de que existe um único 
Deus, e sendo assim consequentemente rejeita 
todas as teorias que insistem em reforçar e 
apresentar concepções contrárias a esta, tais 
como o politeísmo e o triteísmo. 
O politeísmo é a crença em vários deuses 
e o triteísmo é a crença em três deuses 
distintos. 
 
Fonte: http://migre.me/iTo5w 
http://migre.me/iTo5w
 
 
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A referida religião não possui um credo 
formal, isto é, doutrinas meticulosamente 
sistematizadas; porém ela pode ser sintetizada 
no Shema Israel, que proclama a unicidade 
de Deus e exige a lealdade dos israelitas ao 
Deus verdadeiro. O líder espiritual da 
comunidade é o Rabino; sua função é dirigir, pregar educar, aconselhar, etc. 
 
3.1.2 Os Livros Sagrados 
A Bíblia Hebraica é formada por 24 livros, e 
é denominada de TANACH, que é um acrônimo, 
uma sigla, formada a partir das palavras Torah, 
Neviím e Chetuvím, que se referem as categorias 
nas quais as escrituras são divididas. A primeira 
categoria é formada pelos Cinco Livros de Moisés, isto é a Torah; a segunda é composta 
pelo Neviím (livros dos profetas) e a terceira pelos Chetuvím (Escritos). 
 Esta organização foi consolidada a partir de uma decisão “tomada pelas lideranças 
rabínicas e eruditas que se reuniram em um sínodo (assembleia) na cidade de Iavne, 
aproximadamente no ano 100 E.C” (BLECH, 1999, p. 90). Este modo de organizar a Bíblia 
permanece até os dias de hoje e é aceito de forma inquestionável, pois os rabinos que 
tomaram tal decisão eram considerados homens dotados de grande experiência e respeito. 
De acordo com o pensamento judaico, os livros revelados são apenas 24 porque logo após 
a destruição do segundo Templo de Jerusalém, “o espírito da profecia não estava mais 
garantido pela humanidade” (BLECH, 1999, p. 90). 
 
3.1.2.1 Divisão dos livros Bíblicos 
 
a) A Torah: é composta por cinco livros 
também chamados de Chumásh e é 
considerada como a “comunicação direta 
entre Deus e o homem” (BLENC, 1999, p. 
91). Segundo Wilkinson (2011) “a Torá 
contém 613 instruções, regulando desde 
comida e roupa até rituais e festas” 
(WILKINSON, 2011, p. 67). Para a tradição judaica, a Torah foi escrita por um único 
Shema Israel: “Ouve, Israel! O Senhor 
nosso Deus é o único Senhor. Amarás o 
Senhor teu Deus com todo o teu coração, 
com toda a tua alma e com todas as tuas 
forças. E trarás gravadas no teu coração 
todas estas palavras que hoje te ordeno” 
(Dt. 6, 4-6). 
O número 24 “é um múltiplo de 12, o 
número das Tribos de Israel” (BLECH, 
1999, p. 92). Dado que 24 é a soma 
de 12+12, o referido número significa 
que “através dos seus livros, os filhos 
de Israel tornam-se duas vezes o que 
são!” (BLECH, 1999, p. 92). 
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autor, aproximadamente no século 13 a. C e é composta pelos seguintes livros: 
Bereshít, Shemót, Vayikrá, Bamidbar e Devarim. Os referidos nomes, em hebraico, 
possuem significados, e se referem a palavra mais importante que se encontra no 
primeiro versículo de cada livro. No quadro abaixo, apresentamos os nomes em 
hebraico, o seu significado e o assunto que aborda cada livro. 
 
Hebraico 
transliterado 
Tradução 
Versículo da 
Torah 
Aspectos de Fé 
1.Bereshít 
(Gênesis) 
No 
princípio... 
“No princípio criou 
Deus o céu e a 
terra”. 
Gênesis: relata parte da Criação e do 
princípio da história do mundo, passando 
pelos patriarcas do povo judeu e pelo 
começo da história do povo de Israel. 
2.Shemót 
(Êxodo) 
Nomes... “E estes são os 
nomes dos filhos 
de Israel que 
vieram ao Egito 
com Jacob; cada 
um com a sua 
família veio”. 
Êxodo: trata principalmente da saída dos 
Judeus do Egito, onde foram escravos. 
3.Vaicrá 
(Levítico) 
E 
chamou... 
“E chamou a 
Moisés e falou-lhe 
o Eterno...” 
Levítico: fornece instruções detalhadas 
dos serviços e dos sacrifícios que eram 
realizados pelos levitas, designados para 
servir o Templo. 
4.Bamidbár 
(Números) 
No 
Deserto... 
“E falou o Eterno a 
Moisés no deserto 
de Sinai, na tenda 
da reunião, no 
primeiro dia do 
segundo mês, no 
segundo ano da 
sua saída da terra 
do Egito...” 
Números: mostra o censo dos judeus no 
deserto e acompanha os acontecimentos 
que precederam a chegada à Terra 
Prometida. 
5. Devarim 
(Deuteronômio) 
Palavras “Estas são as 
palavras que falou 
Moisés a todo 
Israe, de além do 
Jordão.” 
Deuteronômio: consiste em um último e 
longo discurso de Moisés ao seu

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