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Crime e Castigo Dostoievski - Resumo e trabalho avaliativo

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(TRABALHO AVALIATIVO)
· Segundo Octavio Ianni, em seu texto, Sociologia e Literatura, há convergências, ressonâncias, coincidências... que aproximam a sociologia e a literatura criando pensamentos e visões de mundo que retratam épocas e conjunturas. Baseados nessa reflexão disserte sobre as aproximações entre Sociologia e Literatura na obra de Fiódor Dotoiévski, “Crime e Castigo”. Para isso, demonstre a partir de seu enredo, cenários, argumentos, construção de personagens, de que forma a obra nos auxilia a entender uma época, uma visão de mundo, uma conjuntura relacionada à sociedade brasileira de forma particular ou à sociedade contemporânea, de forma mais ampla.
Quando se fala da obra Crime e Castigo já existe uma visão sobre ela cheia de imaginativos e opiniões já que ela foge e ao mesmo tempo está inserida no padrão dos clássicos. Uma das características e principais e a que é a primeira que se nota é o clima fúnebre que o personagem vive dentro de si, uma angústia psicológica que causa incômodo a quem lê já que os pensamentos e sentimentos são compartilhados de maneira seca e limpa com o leitor.
Quando se fala do protagonista já é possível enxerga características de uma vida miserável (apesar do estilo de Dotoiévski acabei por lembrar de Jean Valjean de Os Miseráveis e d’O conde de Montecristo) vivendo apenas de pequenas traduções apesar de ser um rapaz muito fechado. O grande lance da história é como o Raskólnikov enxerga o mundo e a própria vida ao seu redor, formulando uma tese sobre homens que foram considerados heróis mas na verdade podiam ocupar o espaço de grandes vilões que mataram direta ou indiretamente milhares de pessoas e juntando esse pensamento com sua mente já mostrada neurótica, Dotoiévski nos faz ver e sentir Raskólnikov como um ser também oprimido pelas coisas ao redor, em especial a humanização do capitalismo que o autor já detestava.
Dotoiévski não só escreveu a obra como se firmou e se mostrou nela em pequenos aspectos, fazendo seu protagonista, na verdade, refletir si mesmo: Raskólnikov começa a fazer questionamentos sobre a visão de mundo das outras pessoas sobre homens, por exemplo, como Napoleão, trazendo esses pensamentos para si mesmo, questionando-se o que poderia acontecer se ele estivesse “fazendo o bem” matando quem tanto o oprimia e provando que as ideias moviam as atitudes dos homens e não o contrário.
Depois da cena do assassinato começa a grande pressão psicológica que o personagem sente, mas não sozinho, o leitor consegue acompanhar nas palavras e nas entrelinhas tudo isso... o sentimento de culpa, a falta de uma sensibilidade primária, o fato do personagem não conseguir superar o que tinha feito e com isso Raskólnikov sente, de maneira incoerente se posso dizer, o desejo da punição de seu erro. Mesmo na obra sendo dito e repetido várias vezes sobre a ausência de culpa, a leitura nos mostra o contrário, o protagonista sente desejo de ser punido no mesmo segundo que comete o crime entrando em estado de delírio, fora a situação inconsciente que o fazia quase se entregar diversas vezes durante o interrogatório.
Como se segue o desenrolar do livro importa apenas para mostrar as faces que o protagonista tem, o desejo ardente de euforia, a punição, o sentimento de grandeza, um possível complexo de inferioridade e o prazer em se sentir esperto.
Se Dotoiévski tivesse seguido apenas com isso a história não teria sido considerada um clássico, mas o que a transforma em um dos maiores romances da história é a significação que o autor nos passa com cada acontecimento, e o sequente que é Sônia, quase como um símbolo religioso e aproximação com o divino e com a ideia de perdão, abnegação e redenção. Terminando o livro ele indo preso em busca de ter de volta sua moral.
Ao procurar algumas análises de teóricos eu vi diversas críticas ao personagem principal, entre elas a ideia de que Raskólnikov era, na verdade, um frouxo que mal podia suportar a própria existência, vivia de maneira vagabunda e ociosa, não possuía critérios e se perdia aos poucos. De uma visão religiosa ele havia cometido um pecado acometido por, na verdade, malícia e que por isso este pecado se tornou pior, pois não foi por nenhum motivo ou razão de impulso.
O que pude notar, de maneira resumida, foram alguns pontos: o primeiro deles, um psicológico totalmente abalado pelo sentimento de estar sendo esmagado por uma sociedade miserável pré revolução russa, via-se sempre pressionado mesmo com coisas que nada tinham a ver com ele (como o noivo da irmã, com sua reação escandalizada e invejosa) e esta como sendo a visão de Dotoiévski também representava o imaginário russo da própria sociedade; o segundo é um pensamento filosófico sobre o próprio crime: podia explica-lo se baseando na teoria de Durkheim sobre a violência? A velha era a representação do capitalismo, que de maneira simbólica significava o Estado, este que quase sempre era autoritário e opressor e o assassinato era nada mais que uma resposta a angústia que o protagonista estava inserido, e nesse mesmo plano podemos notar também o pensamento sobre o castigo do crime, o questionamento se há algum crime que não haja uma punição/castigo e com isso, mesmo com o protagonista em algum momento acreditar que está correto e não se sinta culpado existe uma pressão em cima dele, seja ela da sociedade, seja ela a sua própria moralidade, mas em especial a pressão da sociedade, baseando-se nas características da Rússia da época que era muito católica e moralidades baseadas na fé, czarista e aristocrática de um peso moral muito grande, principalmente as influências pessoais que a pessoa pode sofrer.
Exemplo no livro é como o protagonista lida com duas pessoas muito especiais: sua irmã e sua mãe, que são o rosto representativo dessa moral catolicista e o medo de que essas pessoas o descubram acaba dando-lhe preocupação.
O outro ponto é o que o afeta saindo de seu interno, o problema do protagonista com “os outros”, opiniões e contextos que causam reflexões no personagem (exemplo o discurso de Sônia que acabou fazendo Raskólnikov se entregar) e bagunçam sua crise interna e seu psicológico desgastado e atormentado. Até mesmo os personagens de certa forma antagonista têm sua própria singularidade que ajudam a desenrolar a história.
Essa, como outras obras de Dotoiévski, mostram algumas de suas próprias vivências e nessa em específico houveram muitas relações com a vida, como quando o autor foi preso, acusado de conspirar contra o czar, exilado na Sibéria e depois Cazaquistão, passou quase dez anos. Convivendo com criminosos de roubos e assassinatos acabou usando como inspiração para a base de Crime e Castigo; basicamente essa obra reflete muito mais de Fiódor Dotoiévski que as outras obras, além de colocar suas opiniões sobre a situação da Rússia pré revolução russa.

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