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Resumo Argonautas do pacífico ocidental

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MALINOWSKI – ARGONAUTAS DO PACÍFICO OCIDENTAL.
	Na introdução do livro, Malinowski nos conta sobre sua expedição às Ilhas do sul do Pacífico, fala de suas populações que foram construídas de navegadores e comerciantes e que os habitantes de ilhas periféricas da Nova Guiné não fogem a regra. Começa falando dos centros de manufatura de artigos regionais importantes que é possível encontrar em diversas partes dessas ilhas, de acordo com as habilidades de cada um.
	Há também entre tribos, ilhas, etc., o comércio de maneira notável, viajam em canoas construídas por eles mesmos, centenas de milhas, levando e trazendo artefatos de cerâmica entre outras coisas e recebendo em troca o sagu e troncos. Um comércio de trocas, assim como acontecia há milhares de anos. Malinowski fala também do elo entre o extremo leste e as tribos da costa central. Ele fala, de maneira surpresa, sobre o comércio de maneira complexa, não em desenvolvimento como ele parecia esperar de “selvagens”.
	Quando começa a explicar sua experiência, nos pede para imaginar-nos estando na mesma situação do etnógrafo, sozinho com seu material e com pessoas tão diferentes dos habituais homens brancos com cultura já conhecida. Explica que consegue um lugar para ficar no alojamento de um homem branco – homem este comerciante, missionário, ou qualquer opção -, sendo assim a única coisa que se tem para fazer é iniciar sua pesquisa, sem ninguém disposto a auxiliá-lo. É claro que não o parecia uma tarefa fácil já que foram necessárias diversas tentativas de aproximação, inúteis, e assim conseguir material de pesquisa.
	Ainda que houvesse de alguma forma a ajuda de um homem branco – que parecia com ele, tinha seus costumes, saberia ajuda-lo – as rotinas eram muito diferentes e muitas vezes o homem branco sequer mostrava interesse naqueles nativos, sua rotina de como conviver com eles também era muito própria e não havia preocupação em como o etnógrafo teria de fazer isso.
	Para Malinowski, essa aproximação se deu mais por atitude e observação do que de contato pessoal e direto, apesar de usar o inglês pidgin que ele cita diversas vezes no texto, foi somente com o tabaco e a observação de instrumentos que ele pôde, de fato, se aproximar daquela tribo. Então finalmente entra seu insight sobre como a pesquisa deveria acontecer: ele fala que antes de mais nada, o etnógrafo deveria se afastar do convívio com o homem branco pois isso o deixaria em uma zona de conforto que provavelmente não conseguiria se emergir diretamente na cultura.
	Como poderia entrar em contato mais íntimo com aquela população nativa se só aparecia na hora de “estudar” aquele povo, quais coisas perderia se não estivesse realmente lá? Malinowski fala sobre sentir vontade da companhia de nossos iguais e que se sair dessa zona de conforto, você poderá achar companhia em outros povos e pessoas, procurando então, ao invés do usual homem branco, a companhia de um nativo, como se faria com qualquer outra pessoa.
	Com esse relacionamento pessoal as coisas se tornariam mais íntimas e os acontecimentos iriam se apresentar de maneira mais natural, ele iria se familiarizar com os costumes e crenças muito melhor do que se fosse através de informações de outras pessoas que muitas vezes não tinham nenhum interesse naquela população.
	Para Malinowski, estudar e estar em contato com algo vai além de somente ver aquilo, é necessário viver aquilo como sua própria vida, ainda que no começo pareça estranha e desagradável, mas que logo entra em harmonia com o ambiente. Ele fala sobre como somente vivendo ali ele poderia enxergar coisas que não poderia se não estivesse sendo de maneira natural: detalhes íntimos da vida familiar, fazendo suas higienes básicas, suas necessidades – como cozinhar para comer, os preparativos que faziam ao longo do dia... Tornou a atmosfera de seus dias igual a dos nativos que ele observava.
	Ao longo desse tempo ele deixou de se tornar um espetáculo e se tornou parte daquele ambiente tal qual o resto das pessoas que ali viviam, ele transformou o lugar, alterou com a própria aproximação como acontece em qualquer comunidade selvagem (o que discordo, não é somente em comunidades selvagens que essa alteração acontece com a chegada de uma coisa nova, até em comunidades ditas “civilizadas” qualquer coisa pode se tornar um espetáculo.).
	Ao contrário do que se esperava, as sociedades nativas são complexas e bem estruturadas assim como a civilização, nada como a ciência moderna esperava. São regidas por leis, autoridades, relações públicas, e que tem laços intrínsecos complexos de raças e parentesco. Há nessas sociedades a existência de deveres, funções e privilégios associados a organização tribal e familiar bastante complexa.
	Malinowski faz uma sutil crítica, quase passiva, à visão e conhecimento teórico que se davam a comunidades nativas em que eles não possuíam costumes – por talvez não serem associados aos costumes da comunidade civilizada -, mas que o etnógrafo moderno consegue provar a existência de uma vasta organização e que há código de comportamento e boas maneiras tão rigorosos que a vida nas cortes de Versalhes parece bastante informal.
	Um ponto que pareceu muito importante para o autor era como essa comunidade lidava com os criminosos, ou aqueles que de alguma forma pudessem ser dados como culpados de algo. Malinowski não sabia como perguntar diretamente e nem esperava que isso fosse dar todas as respostas que ele esperava, apenas uma situação hipotética ou uma situação real poderia fazer os nativos falarem de suas opiniões de maneira natural, comentários que expressem indignação e aí sim poderá ver uma grande variedade de pontos de vista. 
O etnógrafo tem o poder de decidir o que é importante ou não na pesquisa, de conhecer o mecanismo social. Diferentemente dessas opiniões, o etnógrafo também pode e deve usar de métodos indutivos e baseados em dados concretos, podendo entender diferentes aspectos dessa vida nativa, como empreendimento econômicos, festividades, tendo dados necessários para formular teorias.
De maneira resumida, Malinowski expôs suas dificuldades em estabelecer o que era importante ou não para ser datado em seu diário de bordo, tendo em vista que a sociedade, ainda que considerada primitiva, era muito complexa e exigia mais tempo do que ele ficou (por isso foi outras vezes a outras expedições), tanto que ele teve de reescrever várias vezes, pois quando relia encontrava deficiências em seu estudo, mas que ainda assim estava longe de ser um trabalho vazio, já que a observação foi muito valiosa.
Ele afirma que é desnecessário dizer que a pesquisa de campo realizada de maneira científica supera qualquer trabalho de amadores, já que alguns aspectos somente podem ser vistos em uma relação estreita com essas comunidades nativas e que de maneira amadora só poderia se observar o esqueleto dessa comunidade, sem imaginar trejeitos de humanidade ali.
De maneira sutil, mais uma vez, Malinowski faz críticas ao fato de que mesmo havendo homens brancos ali, apenas olham os nativos como algo a transformar, mudar ou usar, como fazem os missionários, comerciantes, etc., não os olhando como indivíduos com suas próprias crenças e complexidade.

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