Buscar

Resumo de Estranhos no Exterior: Fora da varanda

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ESTRANHOS NO EXTERIOR: FORA DA VARANDA – PARTE I.
	Essa primeira parte do filme lembra bastante a própria obra do Malinowski por explicar como ela aconteceu, como fora escrita e por estar sempre fazendo citações diretas. 
	A obra fala de como surgiu o interesse do polonês pela antropologia, especialmente que sua formação era em física e matemática, de como ele descaracterizou a antropologia que já era conhecida e modificou o modo de pesquisa para a pesquisa em campo e a mudança até nisso, conseguindo notar que ele não só observou aquele povo do pacífico sul, mas fez parte dele em vários momentos.
	Algo importante de se dizer sobre o filme é de como retratam Malinowski, ele se tornou quase um símbolo da antropologia moderna, e é falado de como jovens do mundo inteiro buscariam ouvir suas palestras e de como ele havia superado Frazer, pois ele de fato criou uma nova ideia de antropologia em que era necessário observar como se também fizesse parte daquilo, um estilo de “como fazer” antropologia.
	Talvez Malinowski tenha tido um grande incentivo intelectual de seu pai, que era professor universitário, da mãe, que sempre lia para ele obras importantes, como a de Frazer, e dele mesmo, que sempre fora dedicado e um bom aluno. 
	Em 1910 chegou à Inglaterra em busca de treinamento antropológico, admito na London School of Economics onde lecionou por vários anos, seu desempenho foi bom o suficiente para chamar a atenção o suficiente para que ele tivesse um financiamento para estudar no exterior, fazendo ele ir parar na Austrália, e aí começando o que é realmente importante.
	Quando Malinowski chegou a uma comunidade em Nova Guiné ele não tinha ninguém para ajuda-lo, aconselhá-lo ou guia-lo, mas isso já sabíamos com sua obra, o interessante desse filme é nos mostrar em imagens como isso aconteceu e também o impacto que a comunidade teve sobre ele, mas não somente, também o impacto que ele teve sobre a comunidade.
	No exato momento que ele escolheu estar inserido naquela comunidade, mesmo desconhecendo seus costumes, suas tradições e mais que isso, sua língua, ele conseguiu absorver coisas que somente ele poderia ter absorvido pois outra pessoa talvez sequer estivesse ali e como dito no filme, ele começou a aprender uma nova língua para se comunicar melhor com os ditos selvagens.
	De maneira geral, Malinowski ainda é um símbolo da antropologia e da pesquisa de campo mais de cem anos depois dado seu impacto com seu diário de campo e do seu olhar sob uma nova sociedade que anteriormente era dita como simples e selvagem mas mostrou-se complexa e desenvolvida.
Na segunda parte da obra se começa falando sobre as coisas consideradas de valor para o povo Kula, coisas que tem um valor impagável se usado em nosso modelo econômico de compra e venda, esses colares, braceletes, etc, somente podem ser conseguidos através das expedições que acontecem nas ilhas.
	Essas expedições fazem parte da tradição do povo, que muitas vezes passam meses se preparando em construção de canoas que não podem levar comida nem nada mais, apenas as pessoas e os objetos, que devem ser entregues aos chefes da tribo se for algum objeto raro e/ou valioso. Esses rituais acontecem exatamente da mesma forma que aconteciam na época em Malinowski registrou até os dias atuais, com intenção de voltar com produtos ainda mais valiosos.
	Isso é muito importante na representação cultural do povo que era tido como selvagem e estava sendo observado por Malinowski, eles tinham seu próprio comércio independente e o faziam há anos o suficiente para virar uma cadeia de tradição, contatando outros nativos que possuíam até mesmo outros idiomas.
	Nesse contexto ainda é importante falar que esses “prêmios” eram entregues aos chefes pois o povo tinha medo de sofrer represálias de magia, um ponto importantíssimo na cultura Kula, o mago da tribo falava sobre como a população deveria agir com essas coisas valiosas, o que nos mostra que a magia não estava apenas na agricultura, ou saúde, mas como base de comportamento.
	Esse mago era a representação do sucesso ou infortúnio de tudo que acontecia na tribo, sendo assim uma imagem de respeito.
	Na obra fala que um dos interesses maiores de Malinowski foram os mitos que ele ouvira falar do povo nativo que era usado para explicar como as coisas aconteciam nos tempos antigos, em que o povo vivia no subterrâneo, saindo com o corpo pintado e usando magia – que ainda existe -, obedecneod leis e costumes, mas fora isso não se sabe nada sobre a vida de baixo da terra. Parece algo inventado, exceto pelo chefe da tribo ter 75 gerações anteriores às suas, chegando até esse povo subterrâneo.
	Enquanto Malinowski registrava a vida e a morte do povo das ilhas Trobriand ele também sofreu uma perda, sua mãe, a quem era muito próximo, acabou falecendo, e o fazendo escrever sobre sua visão sobre a religiosidade, inclusive a religiosidade do povo selvagem que ele observava, de como daria tudo para acreditar na imortalidade da alma, e aí a obra fala de como os Kula enxergam a morte, como uma viagem a uma ilha em que se vive como sempre viveu, porém sem tristezas.
	E ainda se tratando de luto, as representações culturais de luto com suas diferenças. Os Kula representam seu luto até mesmo fisicamente, raspando a cabeça, cobrindo o corpo com colares de luto, etc.
	Outro fator que aparentemente chamou muita atenção de Malinowski foi a sexualidade daquele povo, da promiscuidade masculina e da pouca vestimenta feminina, fazendo-o escrever algumas obras sobre isso. De fato, faz sentido que chame atenção já que causa estranhamento se comparada à sexualidade com bases religiosas de seu país de origem, a Polônia, um dos mais cristãos do mundo, como de toda a Europa cristã no geral.
	De toda forma o grande impacto de Malinowski foi que ele, realmente, transformou toda a ideia de antropologia afirmada antes dele, como sua pesquisa de campo impactou sua vida profissional de tal maneira que ele virou um ponto a ser seguido, ouvido em palestras consecutivas vezes, e transformando a própria disciplina da antropologia em Antropologia Social, um jeito totalmente novo de abordar.

Continue navegando