Buscar

TCC Completo raniry

Prévia do material em texto

51
 FACULDADE ADELMAR ROSADO (FAR)
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
 RANIRY NEVES DA SILVA
Acolhimento Institucional para Crianças e Adolescentes:
História da Infância no Brasil
 
TERESINA (PI)
2020
Cidade
Ano
 
 
 
 
 
 
BARREIRINHAS
2020
raniry neves da silva
 
acolhimento institucional para crianças e adolescentes:
HISTÓRIA DA INFÂNCIA NO BRASIL
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Adelmar Rosado-FAR, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Serviço Social. 
Orientador: Prof. Marcio Ferreiro
 TERESINA (PI) 
2020
RANIRY NEVES DA SILVA
acolhimento institucional para crianças e adolescentes:
história da infância no brasil
 FOLHA DE APROVAÇÃO 
 BANCA EXAMINADORA
 _______________________________________________________
 Orientador 
 _________________________________________________________
 1° Examinador
 __________________________________________________________
 2° Examinadora
DATA DE DEFESA: ___/___/___
NOTA: _____________
 TERESINA (PI)
 2020
	
Dedico este trabalho ao meu marido por seu companheirismo, compreensão pelo amor, por fazer deste sonho algo nosso, por me incentivar a ser sempre melhor, por me fazer acreditar que tudo é possível. 
AGRADECIMENTOS 
Agradeço primeiramente a Deus por tudo que tem feito em minha vida. Por me tornar forte, por me fazer acreditar, agradeço a Deus por não permitir que eu desistisse deste sonho.
Agradeço imensamente a minha mãe Claudia, pelo seu apoio, dedicação e amor, esta conquista é nossa. A você todo meu amor e gratidão.
Aos meus amigos e familiares que me apoiaram no decorrer desta grande caminhada. 
Em especial a professora Celene Liseux por se fazer presente em todas as questões da faculdade, pela sua orientação, apoio e força. 
Ao professor Márcio por sua orientação, pela sua compreensão, apoio, paciência e toda sua contribuição nesta jornada. 
 A esta faculdade e todos os docentes, obrigada pela dedicação e amor pelos seus trabalhos, por me dá a hora de contar com seus conhecimentos que contribuirão imensamente para meu trabalho e desenvolvimento pessoal. 
Aos professores desta banca examinadora por me proporcionar a honra de compartilhar este trabalho com vocês.
Tenho que agradecer imensamente meus colegas que sempre foram bases de apoio em momentos difíceis e uma mão amiga para os inúmeros momentos maravilhosos que passamos juntos. Obrigada meus companheiros terei muitas saudades. Meu muitíssimo obrigado!
“Que todos os esforços estejam sempre focados no desafio a impossibilidade”.
(Charles Chaplin)
RESUMO
O presente trabalho de conclusão do curso aborda a história da infância no Brasil desde seu período colonial com o início a chamada cultura do abandono levando milhares de crianças a serem abandonadas em locais públicos, igrejas e até lixões, focando nas políticas públicas e assistências de institucionalização de crianças e adolescentes, abordando as mudanças da legislação, do Estado, da sociedade e da família. Com contexto a cultura da internação de crianças e adolescentes buscando compreender as razoes que os levam ao abandono, ressaltando a história de lutas pelo direito infanto-juvenil e os efeitos do ECA para a proteção de crianças e adolescentes; trajetória tal marcada por lutas, violência e opressão do Estado e da sociedade; busca analisar as instituições de abrigo para crianças e adolescentes atuais e sua evolução ao logo da história; identificar o perfil as crianças institucionalizadas. Fundamentada com pesquisas bibliográficas, seu processo metodológico consiste na realização deste trabalho a pesquisas quantitativas por meios bibliográficos com resultado de concepção das mazelas vivenciadas pelas crianças e adolescentes ao longo da história do Brasil desde a vinda dos portugueses, marcada por lutas o direito constitucional de crianças e adolescentes vieram como um divisor de águas compreendendo sobre a as necessidades de enfrentamento os descasos da lei.
Palavras-chave: Abandono; Assistência; Luta; Institucionalização; Proteção.
ABSTRACT
The present work of conclusion of the course addresses the history of childhood in Brazil since its colonial period with the beginning of the so-called culture of abandonment leading thousands of children to be abandoned in public places, churches and even dumps, focusing on public policies and institutionalization assistance children and adolescents, addressing changes in legislation, the state, society and the family. With the to contextualize the culture of hospitalization of children and adolescents, seeking to understand the reasons that lead them to abandonment, and with to highlight the history of struggles for children's rights and the effects of ECA for the protection of children and adolescents such trajectory marked by struggles, violence and oppression by the State and society, seeks to analyze the shelter institutions for children and adolescents today and their evolution throughout history; identify the profile of institutionalized children. Based on bibliographic research, its methodological process consists of carrying out this work to quantitative research through bibliographic means, resulting in the conception of the problems experienced by children and adolescents throughout the history of Brazil since the arrival of the Portuguese, marked by struggles for the constitutional right of children and teenagers came as a game-changer, understanding the.
Key-words: Abandonment; Assistance; Fight; Institutionalization; Protection.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
CIP	CONGRESSO INTERNACIONAL DAS PRISÕES
CMM CÓDIGO MELLO MATOS
DUDH	Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
DNCr	DEPARTAMENTO NACIONAL DA CRIANÇA
ECA ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
FEBEM	 FUNDAÇÃO ESTADUAL DO BEM ESTA DO MENOR
FUNABEM FUNDAÇÃO NACIONAL DO BEM-ESTAR DO MENOR
ONU ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS 
PNBEM	POLITICA NACIONAL DE BEM ESTA DO MENOR
15
SUMÁRIO
1.	INTRODUÇÃO	14
2.	a INFÂNCIA NO BRASIL 	15
2.1	aspectos historicos das politicas de acolhimento intitucional PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES no brasil	16
2.2.	 contextualização da contrução dos direitos da criança e do adolescente ................................................................................................18
2.3 codigo dE menor (1927-1979) ...................................................................20
2.3 CONTITUIÇÃO FEDERAL E GARANTIA DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE.......................................................................................................25 
3. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: MEDIDAS DE PROTEÇÃO INTEGRAL...............................................................................................................26
3.1 SITUAÇÃO ATUAL DAS FAMÍLIAS NO BRASIL: COM BASE NO QUE DIZ O ECA.......................................................................................................................30 
3.2 O SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS E O ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL A CRIANÇAS E ADOLESCENTES............................................324. CONSIDERAÇÕES FINAS....................................................................................33
5.REFERÊNCIAS....................................................................................................35
INTRODUÇÃO
O abandono de crianças e adolescente é uma realidade antiga na história do brasil. O processo de Institucionalização das crianças e dos adolescentes devido ao abandono, violência ou alguns sofrimentos teve grandes mudanças ao longo de sua construção. Com a constituição Federal de 1988(CF/88) tornando a criança e adolescente como sujeitos de direito tendo uma doutrina de proteção Integral em seu artigo 227que foi base para a promulgação do ECA.
Transformando não só o sistema de direitos infanto-juvenil mas a concepção da infância com seus aspectos e necessidades, dando fim ao Código do Menor e sua expressão pejorativa, o ECA estabeleceu como criança os da faixa etária abaixo de 12 como incompleto e para os acima de 12 até seus 18 anos. (BRASIL, 1990).
O ECA tornou-se um marco para a história dos direitos infanto-juvenil com medidas de proteção integral, o que não foi e não é o suficiente pra erradicar com a violência e os maus-tratos sofrido diariamente de crianças e adolescentes com mostra os dados do (DISQUE 100).
Assim este trabalho de conclusão de curso surgiu como intuído de compreender a contextualização da história da infância seus aspectos, discursos, objetivos, lutas e avanços até os dias atual focando na institucionalização no processo dos direitos fundamentas, sendo o acolhimento institucional uma medida excepcional garantindo a convivência familiar da criança ou adolescente.
O acolhimento institucional visa proteger crianças e adolescentes em situação de risco ou vulnerabilidade, compreendendo o serviço de acolhimento institucional ou familiar.
O interesse pelo tema surgiu a partir de realizações de projeto feitos na faculdade, onde por meio de pesquisas e trabalhos de campo com casos reis, pude me identificar com o tema principalmente por me levar por meio de livros e artigos a uma viagem na história da infância no Brasil mesmo cheia de situações negativas, pretendo pontuar os fatores principais desta história.
Assim tendo como objetivo geral a: institucionalização de crianças e adolescentes ao logo da história
 Compreendendo como objetivo especifico:1 contextualizar a cultura da internação de crianças e adolescentes buscando compreender as razoes que os levam ao abandono; 2 ressaltar a história de lutas pelo direito infanto-juvenil e os efeitos do ECA para a proteção de crianças e adolescentes; trajetória tal marcada por lutas, violência e opressão do Estado e da sociedade; busca analisar as instituições de abrigo para crianças e adolescentes atuais e sua evolução ao logo da história; identificar o perfil as crianças institucionalizadas. 
Segundo estudos realizados pelo Censo do Sistema Único de Saúde Socia
(Censo SUAS, 2017) sobre a realidade dos abrigos governamentais, observando aspectos quantitativos, fornecendo dados da quantidade de crianças e adolescentes aptos para adoção. Foram divididos por cor ou raça, faixa etária e localidade.
1. 	CONTEXTUALIZAÇÃO DA INFÂCIA NO BRASIL 
 Este capitulo busca relatar o contexto histórico das crianças e adolescentes no Brasil, sua trajetória de lutas é marcada por abusos, trabalho forçado, abandono e um grande índice de mortalidade infantil, destacando assim a necessidade de políticas públicas de atendimento aos direitos das crianças e adolescentes, com início no período colonial até os dias atuais. Contextualizando o abandono e seus motivos, trazendo a necessidade da concepção da infância e dos cuidados essências as crianças e adolescentes. O escritor Phelipe Ariés (1978) relatar como riqueza de detalhes em seu livro História Social da Criança e da Família, a ideia tida da criança sendo considerado adultos em miniaturas, eles eram tratados e se vestiam como adultos sem receber o cuidado e atenção necessária para o seu desenvolvimento físico mental e psicológico sua existência não era se suma importância a sociedade ou aos seu pais que entendiam que se a criança morresse nascia outra sem da importância ao indivíduo podendo substitui-lo se assim fosse necessário, as mães não os incumbia de cuidados o que levava as crianças a serem mais independentes aos primeiros passos. O que claramente impulsionou as elevadas formais de maus tratos vivenciados pelas crianças e adolescentes deste de o período colonial (ARIÉS,1978). 
2.1	aspectos historicos das politicas de acolhimento institucional PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES no brasil
 Neste capítulo, buscou contextualizar os primeiros relatos de abandono e maus tratos sofridos por crianças e adolescente desde o período colonial no Brasil, com o objetivo de compreender o contexto atual, focalizando no acolhimento institucional, resgatando as raízes históricas da institucionalização de crianças e adolescentes no brasil. Com início no período colonial até os dias atuais para uma melhor compreensão. 
 
2.2 RAÍZES HISTORICAS DA INSTITUCIONALIÇÃO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES NO BRASIL
 
 A história do sofrimento de crianças e adolescentes no Brasil começa em Portugal com a vinda de inúmeras crianças em embarcações portuguesas que traziam com eles além de homens e mulheres uma grande quantidade de crianças. Del Priore afirma que muitas crianças eram colocadas nos navios pelos seus pais que acreditavam em um futuro melhor, avia muitos órfãos que para fugir de sua situação entravam nos navios com a permissão do comandante.
 Dentro das embarcações estas crianças sofriam muitos maus tratos, trabalho escravo e abusos sexuais, elas eram divididas entre pagens e grumetes. Os pagens eram submetidos a trabalhos forçados porem menos arriscadas e pesados, eles tinham locais para dormir e poderiam exercer algum trabalho como membro da tripulação caso algum tripulante morresse no decorrer da viagem, já os grumetes exerciam trabalhos pesados e arriscados, dormiam ao relento, as meninas exerciam trabalho escravo além de serem submetidas a abusos diários, quando não, eram levadas por pitadas que as abusavam e após as vendiam á prostíbulos.
 Era constante o falecimento destas crianças que não aguentavam todas estas situações adversas os poucos que conseguiam chegar ao brasil, mesmo após pisarem em terra brasileira algum morriam com poucos dias ou eram novamente submetidos a trabalhos e diversas formais de explorações, os pagens que conseguiram fazer parte da tripulação voltava com a embarcação e as meninas com eram forçadas a casamentos ou eram entregues a própria morte.
 
Como define DEL PRIORE:
 Em uma época em que meninas de 15 anos eram consideradas aptas para casar, e meninos de nove anos plenamente capacitados para o trabalho pesado, o cotidiano infantil a bordo das embarcações portuguesas eram extremamente penosas para os pequeninos”. (DEL PRIORE, 2007, p. 48). 
 
 Com a chegado dos português em solo brasileiro ouvi grandes mudanças tanto no meio ambiente com a construção de moradias, como social com a vinda de pessoas com cultura diferente dos que aqui abitavam, logo no início da colonização portuguesa no Brasil, se inicia a escravidão indígena pelos português, sendo a primeira tentativa de escravidão da coroa no Brasil com o objetivo de explorar a mão de obra local o que seria economicamente maravilhoso pra coroa portuguesa que economizaria com mão de obra, porém os índios apesar de ingênuos pós aceitavam escambo sem valores, porém os indígenas não tiram costume de trabalhar de forma tão cansativa o os levavam a fugir dos centros escravista por conhecerem melhor o território, além da dificuldade de os captura-lo (BAPTISTA, 2006)
 Segundo Baptista: 
Há relatos quenos contam como os portugueses formularam um projeto de exploração das novas terras e de aculturação de seus moradores, quando chegaram ao Brasil, no século XVI, e depararam com as nações indígenas que ocupavam o território. A estratégia incluía a vinda dos jesuítas para catequizar os nativos e facilitar a colonização. Diante da resistência dos índios à cultura europeia e à formação cristã, os padres resolveram investir na educação e na catequese das crianças indígenas, consideradas “almas menos duras” (BAPTISTA, 2006, p. 25).
 Com a vinda dos jesuítas ao Brasil por volta de 1549, com o objetivo de catequizar a população indígena com o apoio da coroa real de Portugal os jesuítas com objetivos religiosos e Portugal com intenções de colonizar o Brasil e levar os índios a obter a cultura Europeia por meio da catequização dos mesmos. O grupo de jesuítas eram formados por seis padres liderados pelo padre Manoel da Nobrega eles faziam parte da campanha de jesus que foi fundada por Inácio de Loyola que futuramente foi reconhecido como Santo Inácio de Loyola (ARRUDA ,2006).
 Marcílio ressalta: 
“Os jesuítas que foram enviados ao Brasil com plenos poderes missionários e de civilização dos índios desinteressaram-se inteiramente pela existência e pela sorte das crianças abandonadas, assim como das ilegítimas, das escravas e das mulheres. Logo que aqui chegaram, eles se ocuparam dos 19 indiozinhos, tendo desenvolvido uma pedagogia especial, de tipo autoritário e de comportamentos, fundada na proposta humanista de Erasmo, em seu teto básico A Civilidade Pueril (1530), de imenso sucesso. Por três séculos, essa foi a pedagogia que garantiu as “boas maneiras”, a disciplina das almas e um código geral de ética e de ensino fundamental” (MARCÍLIO, 2006, p. 131). 
 A campanha de jesus foi criada na contrarreforma em 1534 para combater ao movimento protestante, com o intuito espalhar o evangelho no mundo com o lema ‘’ Para a Maior Glória de Deus’’ , a campanha de jesus veio ao Brasil para catequizar todos os nativos pós os viam como seres inferiores que precisavam ser convertidos ao catolicismo afim de que suas almas não fossem condenadas , porém os índios adultos eram mais resistentes que as crianças, devida a isso os padres separavam as crianças de seus pais e as colocavam em uma moradia com o intuito a de lhes ensinar a ler, escrever e os introduzir a cultura europeia o que logo deu início as Casas de Muchachos iniciando-se a construção de colégios para educar os índios e crianças órfãs vindas de Portugal. No século XVI com a construção das casas de ensino para nativos com o apoio da coroa real de Portugal iniciou-se também neste período as instituições superiores em prol da classe alta da sociedade. (CHAMBOULEYRON,2000).
 Os padres jesuítas se colocavam contra a escravidão indígena desde que fossem convertidos ao catolicismo defendendo os índios com o propósito de os catequizar, os padres jesuítas tiveram grande proximidade com os índios e vendo que os colonos não desistiram de escraviza-los fugiram com os índios para o interior do Brasil, dando início as missões jesuítas se espalhando pelo território brasileiro fundando aldeias missionarias, casas de acolhimento infanto-juvenil no decorrer de vários séculos. Com tantas dificuldades os colonos optaram pelos escravos africanos (CHAMBOULEYRON, 2000).
 No século XVII foi implantado no Brasil a escravidão africana com o tráfico negreiro , onde os escravos africanos crianças e adultos eram tratados como inferiores, nas embarcações era comum a presença de crianças, porem para os senhores as crianças não traziam lucros devido aos custos de alimentação porém em alguns casos as crianças juntos com a mãe o que não garantias sua sobrevivência já que muitas não conseguiam sobreviver ou eram entregues a uma rede de acolhimento entre os escravos composta por seus familiares evitando sua institucionalização em abrigos.(ARRUDA,2006).
 A igreja católica com o apoio do rei de Portugal constrói em 1582, pelo Padre José de Anchieta, a primeira instituição de abrigo, onde eram abrigados, além de crianças nativas e crianças órfãos vindas de Portugal mandadas pelo rei, as crianças de Portugal tinham como objetivo de atrair as crianças nativas aos que eram deixados lá (BENTO, 2014, p. 25) 
 A coroa de Portugal terceiriza responsabilidade do cuidado de crianças no período colonial, passando as câmeras municias a responsabilidade de cuidado o que levou as câmeras municipais delegarem a proteção as crianças principalmente as santas casas de misericórdia, destaca a importância da instituição Irmandade de Nossa Senhora que ficou popularmente conhecida como Santa Casa de Misericórdia sendo a primeira casa de abrigo com o propósito de proteger a infância, era uma instituição com caráter religioso criando pela igreja católica com o feito voltado a caridade, foi a instituição de abrigo para crianças e adolescentes mais duradoura do Brasil sendo extinta somente na década de 1950 (MARCIO,2011P.57)
 A Santa Casa de Misericórdia foi a primeira casa de abrigo a implantar a Roda dos Exposto no Brasil, O nome roda dos expostos, provém de sua forma que era composta de um cilindro giratório, dividido ao meio por uma divisória onde colocava a criança pelo lado de fora, sem precisar se identificar e ao girar o dispositivo a criança já estaria do lado de dentro da Santa Casa de Misericórdia, protegendo assim a imagem e reputação de quem as colocasse ali (ARRUDA,2006).
Para Venâncio (1999):
[...] entrega do filho a uma instituição, o que supostamente inibiria o abandono. Além disso, a transferência de responsabilidade não era uma solução “nova” nem muito menos “colonial”, pois há muito tempo era praticada em Portugal. Havia, contudo, uma compreensível relutância por parte das Santas Casas em estabelecer o dispendioso auxílio aos abandonados. A instalação da Casa da Roda ou Casa dos Expostos só era deliberada quando surgiam benfeitores ou quando a Câmara acertava contratos “com a Misericórdia passando-lhe a administração dos expostos mediante o pagamento de soma anual” (VENÂNCIO, 1999, p.27-28).
 A Roda dos Expostos ou Roda dos Enjeitados era fixados na parede com fácil acesso a população, que colocava a criança principalmente bebês devido ao tamanho do cilindro sem nem um tipo de documentação ou identificação, após colocar a criança a mãe acionava um sino que ficava ao lado e quem estava dentro do abrigo girava o cilindro colocando a criança para dentro do abrigo, após serem entregues as crianças passavam a serem cuidadas pelas amas de leite. Esse sistema foi tão aceito que foi regulamentada no Brasil sendo a principal forma de assistencialismo as crianças, sua importância se deu pela grande quantidade de crianças abandonadas na época, foi instalada em Salvador, Recife, São Paulo e Maranhão, entre o século XVII e XIX. (MARCIO,2011. p. 57).
Venâncio (1999) afirma que: 
O modelo administrativo pelo qual o auxílio da Santa Casa deveria se pautar apresentava várias diferenças em relação ao proporcionado pelo poder camarário, a começar pela instalação da Roda dos Expostos, que implicava subordinar o abandono a uma visível ruptura dos laços familiares. Uma vez acolhidas as crianças, os hospitais encarregavam vários funcionários de cuidar delas (VENÂNCIO, 1999, p.28).
 As instalações das rodas dos expostos ganha uma grande dimensão sendo espalhadas em diversas cidades do brasil nas Casas de acolhimento e que impulsionou as instalações da roda em hospitais ali eram colocadas na roda dos expostos pelo lado de fora e ao soar do sino as porteiras ou as ”ama rodeira” as recolhiam a Santa Casa de Misericórdia. As crianças abandonadas na roda dos expostos eram previamente “matriculadas” em uma espécie de livro com precárias informações, normalmente contava-se o dia de entrega e algumascaracterísticas como algum bilhete, corrente ou roupa (MARCIO, 2011. p 59) 
 Em meio ao período colonial o número de abandono de crianças e adolescentes tem um grande crescimento por vários fatores entre eles a pobreza, escravas que tinham filhos com seus senhores, filhos fora do casamento, mães solteiras entre outros fatores. Venâncio (1999, p. 85) afirma que “a historiografia que debate o abandono infantil no Brasil sugere, pelo menos, três hipóteses centrais sobre o ato de enjeitar: a censura social ao nascimento ilegítimo; a miséria; a morte de pelo menos um dos pais”. Essas crianças eram abandonadas em locas públicos, porta de casa, igrejas e até lixões impondo a necessidade de casas de abrigos. Neste período através da igreja católica se inicia um movimento de caridade que abriu mais instituições de abrigo institucional para crianças e adolescentes (MARCIO,2006 P.227).
Segundo Baptista (2006):
Durante o período colonial, a proteção à criança abandonada no Brasil tinha por referência as determinações de Portugal e era prevista nas três Ordenações do Reino: formalmente, era responsabilidade das câmaras municipais encontrar os meios para criar as crianças sem família, sendo obrigadas a lhes destinar um sexto de seus recursos. Função que frequentemente era exercida a contragosto, com evidências de omissão, relutância, negligência e falta de interesse: limitavam-se a pagar quantias irrisórias a amas-de-leite para amamentar e criar essas crianças ou delegavam serviços especiais de proteção a outras instituições, sobretudo às Santas Casas de Misericórdia. (BAPTISTA, 2006, p.26)
 A igreja tem o apoio da coroa de Portugal e das câmeras municipais, após pressão popular devido sua grande quantidade de crianças e adolescente moradores de rua ou em situação de rua o os levou a criação de mais instituições e o apoio financeiro o que manteve variais instituições gerando assim a lei dos municípios que foi reformulada em 1828, após a independência do Brasil. A lei dos municípios abrange as obrigações e deveres das câmeras afim de estabelecer normas as cidades onde havias as instituições da Santa Casa de Misericórdia passando para as câmeras o dever de cuidar das crianças abandonadas. 
 De acordo com Marcílio (2006, p. 227):
O Estado e a Igreja, no período colonial, atuaram com o controle legal e jurídico da assistência às crianças abandonadas, além de prestar alguns apoios financeiros. As Câmaras Municipais, oficialmente, possuíam a responsabilidade de prestar assistência às crianças, de acordo com a legislação portuguesa e em algumas situações, a população da época precisava solicitar a intervenção do rei para que estas cumprissem com suas obrigações (MARCÍLIO, 2006, p. 227). 
 Nessas instituições as crianças eram acolhidas por amas de leite, as amas de leite ficaram conhecidas desta forma por acolherem na sua maioria bebês que ainda precisavam de leite materno, as amas de leites eram mulheres que normalmente moravam em vilas pobres ou de localidades próximas que cuidavam das crianças para receber uma quantia pré-determinada pela instituição (Marcilio,2006 p.227).
 Como medida de “proteção” há criança e ao adolescente, foi instituída a Lei do Ventre Livre, em 1871, que determinava que crianças nascidas a partir desta data seria livre da escravidão, o que na verdade não aboliu a escravidão de crianças e adolescentes do período colônia no Brasil onde muitos continuaram a serem explorados até completara idade de 21 anos, porém muitas crianças filhas de escravas eram deixadas nas rodas dos expostos como forma de fugir da escravidão mais não somente como forma de fugir da escravidão e sim um forma dos senhores de engenho se livrar das crianças que apesar de obter sua mão de obra, não seria o suficiente para suprir os gastos de sua criação até os 21 anos, o que levou muitos bebês serem entregues logo após seu nascimento de forma forçada ou não, essa pratica de entregar os bebês assim que nasciam levou a muitas encravais a serem amas de lei de suas senhoras. Após a lei do ventre livre o número de crianças e adolescentes em situação de rua teve um grande aumento, pois além de crianças pobres, as crianças, filhos de escravos também viviam nas ruas, o que causou um grande desconforto na população que não enxergavam as crianças como alguém que precisasse de proteção e sim como um motivo de vergonha para cidade, pressionando governo que criou institucionalizações públicas e privadas para amenizar a situação (MARCILIO E FREITAS ,1999).
 As Casas de Misericórdias abrigavam principalmente bebês entre brancos, pardos e negros que eram entreguem através da roda dos exposto e ali ficavam somente até completarem idade de nove anos, o que se constituía a uma nova questão, o que fazer com essas crianças quanto alcançassem a idade de nove anos? 
 Este problema social levou o Sargento-mor Antônio Simões de Sousa a lutar através de campanhas em prol da instalação de unidades de acolhimento ou recolhimento dos expostos. Antônio de Sousa se preocupava principalmente com o grande número de meninas nas ruas expostas a diversas formais de abusos, segundo Antônio de Sousa "privadas na amora da vida da solicitude materna, e abandonadas aos nove anos por esta Santa Casa ali tem ficado expostas aos perigos quase inevitáveis de uma vida oprobriosa e miserável" (Livro Copiador de Correspondência da Meza, p.70). Antônio de Sousa executa de forma contundente seu antigo projeto para a execução da criação da Casa de Recolhimento dos Expostos inaugurada em 1870 após quatro anos da moto de seu iniciador e fundador Antônio Simões de Sousa por meio de produtos das loterias e o patrimônio deixado em testamento pelo mesmo. 
 O Recolhimento das Expostas eram casas de acolhimento de meninas voltadas a abrigar as meninas desvinculadas das Santas Casa de Misericórdia lhes oferecendo: abrigo, alimentação, vestuário, instruções, dote e enxovais no caso de casamento além de lhes ensinar a costurar, bordar, cozinhar e tocar instrumentos musicais (Alvarenga, p. 150).
 O crescimento dos médicos higienista e os juristas que contatavam a ineficiência das Rodas dos Expostos e das amas de leite foram essências para o fim da era das casas de misericórdia que no início do século XX foi fechada a última das Casas de Misericórdia, após a abolição das amas de leite que foram acusadas de serem responsáveis pelo alto índice de mortalidade das crianças. Marcílio (1998, p. 157) afirma que “a roda de São Paulo foi fechada em três de outubro de 1951, tendo sido a última a ser extinta no país’’. Chegando ao fim após mais de um século de história. Com o fim das Casas de Misericórdia iniciou-se um sistema de escritório para administrar e identificar quem entregava a criança, não sendo mais usado a roda do exposto como acesso as casas de abrigo o que ampliou a faixa etária das crianças as os abrigos onde antes só era possível a entrada de bebês (MARCILIO 1998, p 157). 
 Em 1848 o governo imperial sanciona por meio de regulamento que direcionando as câmeras municipais a elaboração e conservação das casas de caridade, cabendo a elas o cuidado não só de crianças abandonadas ampliando os cuidados aos doentes, necessitados e o controle da vacinação de todo o distrito, seu projeto “assistencialista”, voltado a infância exclui de forma categórica novamente os adolescentes que até então não são visto pela sociedade como seres que necessitam de alguma forma de cuidado, havendo várias instituições para “os infante desvalidos” porém voltadas ao trabalho infantil com uma educação industrial aos meninos e domestica as meninas com o intuito de estabelecer um controle social.
 (RIZZINI 2004) 
 A industrialização do mercado chega ao Brasil com grande necessidade de mão de obra, sendo vista com bons olhos a institucionalização de crianças e adolescentescom o intuito de lhes ensina e qualifica-los tonado os capazes de executar trabalhos (RIZZINI, 2004). A industrialização contribuiu pra um grande aumento de instituições constitucionais para crianças e adolescentes, com o objetivo de além de retira-los das ruas, os ensinar uma profissão que os permitissem entra no mercado de trabalho isso para os meninos já para as meninas era ensinado afazeres domésticos , o que contribuiu para a retirada de um grande número de crianças e adolescentes das rua, as crianças e adolescentes em situação de rua ou moradores de rua eram vistos como a classe excluída, a classe marginalizada da população. Nesses casos muitas crianças eram levadas para reformatórios que visavam corrigir e reeduca-los por meio de punições e trabalho forçado.
 A permanência de crianças e adolescentes nas ruas teria grande vínculo com a criminalidade dos mesmos, com a inexistência de políticas públicas voltadas ao público infanto-juvenil o que ocasionou a descriminalização da pobreza, no código criminal da república de 1890 atribui as crianças e adolescentes a teoria do discernimento com critério biopsicológico para crianças e adolescentes de 9 aos 14 anos, onde as crianças ou adolescentes seriam submetidos a uma avaliação pra saber se ela teria entendimento de seus atos, sendo imputável se apresentasse inconsciência de seus atos, porém aquelas acima de quatorze anos de idade poderia ser julgados e presos se os juízes reconhecerem que a eles eram conscientes ou tinham entendimento de seus atos podendo assim ser julgados como adulto, o que na verdade já era tido como Código penal Brasileiro desde de 1830 quando foi fixado a idade de no mínimo 9 anos ir a cadeia se assim fosse entendido que ele tinha conhecimento de seus atos e após os 14 anos já responderia com um adulto. Em um período onde a sociedade se preocupava mais com a beleza das cidades, apoiando a retirada das crianças e adolescentes das ruas sem questionar a forma que eles sairiam das ruas o que levou muitos desses jovens a serem presos simplesmente por morar nas ruas, por não ter nem uma política de proteção a criança e ao adolescente a preocupação por uma certa organização ou beleza da cidade se tornavam mais importante que o bem esta as crianças e os adolescentes (OLIVEIRA, 2007). 
 
 A repercussão do caso do menino Bernardino de doze anos que trabalhava nas ruas como engraxate, ele foi parar no xadrez após sujar de graxa a roupa de um homem que se recusou a pagar pelos seus serviço, o homem foi quem supostamente chamou a polícia, que levou o menino a delegacia e lá o menino ficou em uma prisão com vinte homens que o violentaram de variais formais inclusive sexualmente e após, foi jogado na rua, muito debilitado menino foi socorrido e levado ao hospital, no hospital devido gravidade da situação Bernardino foi procurado por um jornalista que publicou seu caso na manchete do jornais da época tendo grande repercussão deixando a população chocada com o ocorrido. Este caso se tornou muito importante pois foi através dele que se inicia diversas discussões focadas na falta de políticas públicas que amparassem essas crianças. O que levou a população a pressionar o poder público, levando o presidente Washington Luiz pressionado pela opinião pública um ano depois o caso do menino Bernardino assinar o código de menores (JORNAL DO BRASIL, 1926).
CÓDIGO DO MENOR DE (1927-1979) 
 Em 12 de outubro de 1927 foi assinado pelo presidente Washington Luiz o decreto n° 17.943-A criando o Código do Menor, estabelecendo Leis de assistência e proteção ao menor, o código do menor seria até em tão a primeira e única lei do Brasil focado no público infanto-juvenil. 
 
 
 3.1 xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx 
 
 
 Em meio aos debates e manifestações nacionais e internacionais com foco no Congresso Internacional das Prisões (CIP) voltados em organizar ações para a proteção de crianças e adolescentes no mundo, sendo colocada em convergência o procedimento do sistema de justiça onde os adolescentes eram colocados juntos dos adultos nas prisões com o mesmo sistema penal. O maior objetivo seria a reforma penal para separar as crianças e adolescentes dos adultos com o intuito de salvar o menor lhe colocando em um local onde fosse possível uma ressocialização deste menor, em meio a diversas ações voltadas ao assistencialismo e proteção a criança e ao adolescente foi promulgado o primeiro código do menor em 1927 pelo General João Figueiredo (Decreto n°17.943/27), o que seria o primeiro sistema de proteção infanto-juvenil, porém este sistema separava as crianças pobres e negros das crianças ricas brancas e de elite, sendo um sistema discriminatório e opressivo, onde a pobreza representava delinquência, o código era focado nas crianças pobres e negras que eram vistas na época como ‘delinquentes’’ sendo mais um sistema de controle social, que as crianças e adolescentes eram chamados pelo nome pejorativo de “menor’’ sendo uma medida que marginalizava a pobreza (RIZZINI, 2009).
 
 O código ficou popularmente conhecido como Código Mello Matos como homenagem ao primeiro juiz de “menores’’ defendendo causas de crianças e adolescentes. O CMM estabelecia uma dupla visão uma higienista tal qual teve grandes críticas por seus argumentos pô acreditar e defender que o meio social ou familiar poderia marginalizar as crianças se assim fossem prejudiciais ao seu desenvolvimento e a visão jurídica que coibia e estabelecia a moralidade com meios repressivos o que ficou muito conhecido por seus internatos sendo seu maior proposito a retirada de crianças e adolescentes das ruas o que representava para a população um risco, pois os viam como delinquentes. Bulcão relata que o estado não pode estabelecer a ordem almejada de repressão contra todas as crianças em situação irregular.
 Segundo Bulcão Nascimento 2002:
Apesar de a intenção do Estado, através do Código de Menores de 1927, ser controlar toda a população infanto-juvenil identificada como elemento de desordem, representando uma ameaça ao futuro da nação, esse controle, 26 inicialmente, só vai atingir alguns, sobretudo crianças e adolescentes que perderam os vínculos de proteção por proximidade, passando a perambular pelas ruas (BULCÃO; NASCIMENTO, 2002, p. 57). 
 O estado agia de forma repressiva tendo a permissão do código onde o estado poderia retirava da família o poder absoluto sobre as crianças e os adolescentes podendo assim intervir e retira-los do convívio familiar quando entendido que a família contribuiu para a delinquência do menor infrator. Faleiros (2011, p.54) afirma que na época ficou entendido que: “se a família não pode ou falha no cuidado e proteção do menor, o Estado toma para si esta função” cabia ao Juiz determinar o poder absoluto sobre a família, com medidas especiais para os menores de 18 anos sempre com determinações associadas ao trabalho como meio de se ressocializar (FALEIROS, 2001, p. 54).
Nos casos em que a provada negligencia a incapacidade, o abuso de poder, os maus exemplos, a crueldade, a exploração, a perversidade, ou o crime do pai, mãe ou tutor podem comprometer a saúde, segurança ou moralidade do filho ou pupilo, a autoridade competente decretará a suspensão ou a perda do pátrio poder ou a destituição da tutela, como no caso couber (BRASIL, 1970, p. 1)
 
Os inúmeros casos de crianças e adolescente abandonadas na rua e sua problemática na aceleração desfreada da urbanização de centros que rodeavam fabricas tais as quais ofereciam trabalhos quase que/ou escravos pra as crianças e adolescentes mesmo após o CMM de 1927 e a constituição Federal de 1934 que proíbe o trabalho a menores de quatorze anos, o que só destaca a necessidade de mais centros assistências para estas crianças e adolescentes sendo colocado pelo poder pública como um problema nacional, principalmente na vigênciade um Estado Novo(1937-1945) sendo ressaltada desde a Constituição de 1937, como ressalta o artigo 127: 
 A infância e a juventude devem ser objeto de cuidados e garantias especiais por parte do Estado, que tomará todas as medidas destinadas a assegurar-lhes condições físicas e morais de vida sã e de harmonioso desenvolvimento das suas faculdades. O abandono moral, intelectual ou físico da infância e da juventude importará falta grave dos responsáveis por sua guarda e educação, e cria ao Estado o dever de provê-las do conforto e dos cuidados indispensáveis à preservação física e moral. Aos pais miseráveis assiste o direito de invocar o auxílio e proteção do Estado para a subsistência e educação da sua prole (BRASIL, 1937).
 
 Apesar do código do menor ter sido promulgada em 1927, não foi possível pelo governo a implementação de todas as modificações previstas no código de menores, somente no governo de Getúlio Vargas é que temos de fato a iniciação de políticas públicas de assistência as crianças e aos adolescentes prestando uma Política voltada a área educacional com o ensino fundamental e o trabalho como forma educativa. Foi também na era Vargas que se inicia uma preocupação voltada as informações de quem abandonavam as crianças, nome dos pais e seu protocolo que até então era resguardado ou não era preciso informações pessoais para identificação do histórico daquelas crianças. (RIZZINI; PILOTTI, 2009, p .25).
 Somente no governo de Vargas e que de fato a população passa a se preocupar com o futuro destas crianças preocupando-se com um assistencialismo que lhes oferecem recursos para uma vida saudável e digna. De acordo com Rizzini (1995, p. 262), que afirma preocupação do presidente Getúlio Vargas com as percepções da elite em volta ao assistencialismo infanto-juvenil “[...] expressava as grandes preocupações das elites da época com relação à assistência à infância, tais como a defesa da nacionalidade e a formação de uma raça sadia de cidadãos úteis” (RIZZINI; PILOTTI, 1995, p.262).
 O mecanismo de um assistencialismo as crianças e aos adolescentes com foco na educação por meio de ações dirigidas, foi o que objetivou o Departamento Nacional da Criança (DNCr) (1940-1945). Criada em edição do Diário Oficial no Decreto-Lei n° 2.024, no dia 17 de fevereiro de 1940. Este artigo com bases higienista abri o leque de atribuições de necessidades das crianças atribuído discussões nas políticas públicas e privadas de assistencialismo jurídico, médico e pedagogo de proteção as crianças e adolescentes em situação irregular (SILVEIRA, 2003 p.164). Em pronunciamento Getúlio Vargas afirma que: 
	
Nenhuma obra patriótica, intimamente ligada ao aperfeiçoamento da raça ao progresso verdadeiramente nacional. Os poderes políticos, aliados à iniciativa particular e guiados pelo estudo atento e científico dos fatos, têm no amparo à criança um problema de maior transcendência (Jornal A Ordem 1, outubro de 1940, p.359).
 No ano de 1941 foi criado o (SAM) Serviço de Atendimento ao Menor, através do Decreto-lei 3.799 que seria um sistema penitenciário voltados as menores de 18 anos sendo um órgão do Ministério da Justiça os institutos SAM eram um ambiente correcional e extremamente repressivo próximo ao sistema de reformatórios e casas correcionais, o SAM tinha caráter de ressocialização, seu modelo correcional foi extremamente rejeitado pela população que na sua maioria reprovava seus métodos correcionais e repressivo. Sua finalidade era expressa em seu decreto que:
Art. 2º O S. A. M. terá por fim: a) sistematizar e orientar os serviços de assistência a menores desvalidos e delinquentes, internados em estabelecimentos oficiais e particulares ; b) proceder à investigação social e ao exame médico-psicopedagógico dos menores desvalidos e delinqüentes; c) abrigar os menores, á disposição do Juízo de Menores do Distrito Federal; d) recolher os menores em estabelecimentos adequados, afim de ministrar-lhes educação, instrução e tratamento sômato-psíquico, até o seu desligamento; e) estudar as causas do abandono e da delinquência infantil para a orientação dos poderes públicos; f) promover a publicação periódica dos resultados de pesquisas, estudos e estatísticas(BRASIL, 1941)
 Com a articulação do SAM, Serviço Nacional de Assistência ao Menor que seria um sistema penitenciário a menores vinculado ao regime militar, seu nome assistência ao menor não fez juiz ao nome, apresentando-se mais como um sistema de correção sendo associado a um sistema de ordem e desocupação das ruas focando na retirada das crianças e adolescentes das ruas e internando as no intuito de lhes tornar adultos trabalhadores e disciplinados o que só reforçou o sistema de trabalho infantil como meio de ressocialização (RIZZINI, 1999,p. 379).
 Rizzine conceitua a política de ação do Estado com uma:
Política voltada para ordenamento do espaço urbano e de sua população, por meio do afastamento dos indivíduos indesejáveis para transformá-los nos futuros trabalhadores da nação, mas que culminava no uso imediato e oportunista do seu trabalho. A história destes institutos mostra que o preparo do jovem tinha mais um sentido político-ideológico do que de qualificação para o trabalho, pois o mercado (tanto industrial quanto agrícola) pedia grandes contingentes de trabalhadores baratos e não qualificados, porém dóceis, facilmente adaptáveis ao trabalho (RIZZINI, 1999, p. 380)
 O SAM ficou mais conhecido como escola para o crime devido as grandes falhas de estrutura, falta de recursos e precariedade de servidores qualificados, Saraiva (2005) define o sistema do SAM como “antes de tudo, correcional-repressiva, e seu sistema baseava-se em internatos (reformatórios e casas de correção) para adolescentes autores de infração penal e de patronatos agrícolas e escolas de aprendizagem de ofícios ” a precariedade do sistema permitia que internados com conflito com a lei e os ao internados como crianças carentes ou abandonados permanecessem juntos o que influenciou severamente a fama do SAM como escola do crime (SARAIVA, 2005 p. 43).
Mas foi em relação aos chamados transviados que o SAM fez fama, acusado de fabricar criminosos. No imaginário popular, o SAM acaba por ser transformar em uma instituição para prisão de menores transviados e em uma escola do crime. A passagem pelo SAM tornava o rapaz temido e indelevelmente marcado (RIZZINI; 2004 p.34).
 Tendo sua continuidade mesmo após a Assembleia Geral da Organização das Nações (ONU) que prever em 1948 a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) que estabelece medida de proteção aos direitos das crianças e a aprovação da declaração da ONU em 1959 que declara que as crianças como sujeitos de direito. Somente após 20 anos chega ao fim o SAM, em meio a muitas lutas da sociedade para o seu fim, devido ao seu caratê repressivo, abrindo espaço para a Política Nacional de Bem-Estar do Menor (PNBEM) Oliveira relata com tom de crítica ao desenvolvimento da instituição: “A instituição desenvolveu péssima reputação à vista do público e da imprensa, que passou a chamá-la de “universidade do crime” e “sucursal do inferno”, com verdadeiras prisões onde imperavam torturas, drogas, violência, abuso sexual e corrupção administrativa”. O PNBEM destacou se de forma negativa por ter admitido internações por período indeterminado passando do menor que completasse maioridade para a justiça criminal pelo código de menores de 1979 pala Lei 6.697/79 e 4.513/64 o que se tornou um grande retrocesso aos direitos da criança e do adolescente (OLIVEIRA, 2007, p. 138).
 O SAM teve seu fim em 1960 após quatro anos foi substituído pelo (FUNABEM), no primeiro ano do regime militar foi estabelecido uma nova política voltada ao assistencialismo denominada de Política Nacional de Bem-Estar do Menor (PNBEM) criada em 1964 pela Lei Federal n°4.513/64. Sendo implementada pela FundaçãoNacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM). A PNBEM foi uma política nacional tendo instituições em algumas capitais e centros urbanos, para Faleiros a instituição tinha o intuito de “assegurar prioridades aos programas que visem à integração do menor na comunidade, através da assistência na própria família e da colocação familiar em lares substitutos” (FALEIROS, 2011, p. 65).
 O que deveria ser um sistema de ressocialização se tornou em um sistema repressivo e autoritários devido ao novo modelo expresso pelo regime militar, funcionando como um regime punitivo e exclusivo aonde era visto mais como um lugar para esconder aqueles as quais eram tidas como marginalizadas colocando como prioridade a segurança da população como um sistema de segurança nacional aprisionando os que eram vistos como marginalizados e perigosos à saciedade o que contraria seu objetivo principal que seria ressocializar as crianças e adolescentes a voltarem a ter um bom convívio com a sociedade
(BAPTISTA, 2006).
 Os governos estaduais criam a Fundação Estadual para o Bem-Estar do Menor (Febem) com objetivos educacionais de ressocializar os menores em situação irregular. O que para Costa (1999, p.11) não funcionou bem assim, sendo descrito por ele com: “[...] depósitos de crianças e jovens que, na esteira da execução da política do bem-estar do menor, foram criados em todo o país, sob o rótulo pomposo de programas socioterapêuticos”.
 Em 1979 o código do menor foi restruturado sendo promulgado pela Lei n° 6.697 após mais de quarenta anos da criação do primeiro código do menor, o novo código estabelece e descreve como uma nova categoria do “menor em situação irregular”. Como visto no seu art.2° (BRASIL, 1979):
Art. 2º Para os efeitos deste Código, considera-se em situação irregular o menor: 
I - privado de condições essenciais à sua subsistência, saúde e instrução obrigatória, ainda que eventualmente, em razão de: a) falta, ação ou omissão dos pais ou responsável; b) manifesta impossibilidade dos pais ou responsável para provê-las;
 Il - vítima de maus tratos ou castigos imoderados impostos pelos pais ou responsável;
 III - em perigo moral, devido a: a) encontrar-se, de modo habitual, em ambiente contrário aos bons costumes; b) exploração em atividade contrária aos bons costumes; 
IV - privado de representação ou assistência legal, pela falta eventual dos pais ou responsável;
 V - Com desvio de conduta, em virtude de grave inadaptação familiar ou comunitária;
 VI - autor de infração penal (BRASIL,1979, s/p).
O Código do Menor cria, define e categoriza esta nova definição aos menores em situação de rua ou marginalizados como “menor em situação irregular” sendo categorizados e divididos em seis. O que de fato não modificou quase nada pois não avia esta mesma divisão no processo de institucionalização dos mesmos, sendo todos institucionalizados. Com êxodo na esfera penal, com a promulgação do CMM tornou os menores de 14 imputáveis determinado pelo art. 68: 
Art. 68. O menor de 14 anos, indigitado autor ou cumplice de facto qualificado crime ou contravenção, não será submetido a processo penal de, especie alguma; a autoridade competente tomará somente as informações precisas, registrando-as, sobre o facto punível e seus agentes, o estado físico, mental e moral do menor, e a situação social, moral e econômica dos pais ou tutor ou pessoa em cujo guarda viva. 
 Com a promulgação do código de menor as crianças e adolescentes seriam, inimputável até seus 17 anos, a menoridade passou a ser a 18 anos o que resguardava as crianças e jovens menores de dezoito anos a não irem parar na delegacia junto com os adultos. Porém todas as crianças acima de 14 anos e menores de 18 seriam internados obrigatoriamente a partir do CMM internados em centros oficiais de ressocialização (MARCILIO 2006). 
Art. 69. O menor indigitado autor ou cumplice de facto qualificado crime ou Contravenção, que contar mais de 14 anos e menos de 18, será submetido a processo especial, tomando, ao mesmo tempo, a autoridade competente as precisas informações, a respeito do estado físico, mental e moral dele, e da situação social, moral e econômica dos pais, tutor ou pessoa incumbida de sua guarda. § 1º Si o menor sofrer de qualquer forma de alienação ou deficiência mental, for epiletico, surdo, mudo e cego ou por seu estado de saúde precisar de cuidados especiais, a autoridade ordenará seja submetido ao tratamento apropriado. 9 § 2º Si o menor não for abandonado, nem pervertido, nem estiver em perigo de o ser, nem precisar do tratamento especial, a autoridade o recolherá a uma escola de reforma pelo prazo de cinco anos. § 3º Si o menor for abandonado, pervertido, ou estiver em perigo de o ser, a autoridade o internará em uma escola de reforma, por todo o tempo necessário a sua educação, que poderá ser de três anos, no mínimo e de sete anos, no máximo (BRASIL,1927).
 O CMM estabelecia ao de 16 anos e menores de 18, a possibilidade de um tratamento penal comum aos casos de:
Art. 71. Se for imputado crime, considerado grave pelas circunstancias do facto e condições pessoas do agente, a um menor que contar mais de 16 e menos de 18 anos de idade ao tempo da perpetração, e ficar provado que se trata de individuo perigoso pelo seu estado de perversão moral o juiz Ihe aplicar o art. 65 do Código Penal, e o remeterá a um estabelecimento para condenados de menor idade, ou, em falta deste, a uma prisão comum com separação dos condemnados adultos, onde permanecerá até que se verifique sua regeneração, sem que, todavia, a duração da pena possa exceder o seu maximo legal (BRASIL, 1927).
 
 O Código de Menores estabelece aos maiores de 14 a jovens de até 17 como seres inimputáveis cabendo a eles apenas medidas socioeducativas o que é observado no artigo 69 e seus parágrafos é a medidas estabelecidas ao tempo de máximos nos reformatórios não passando de sete anos caso sejam sãos , sendo somente a partir dos 18 anos responsáveis por seus crimes podendo ser condenados à prisão como adultos, sendo inimputáveis todos os menores de 18 anos, artigo este discutido até os dias atuas com inúmeras discussões no senado, congresso e na sociedade, com tentativas de emendas a favor da redução da maioridade penal para os 16 anos principalmente após a Constituição Federal de 1988 e o ECA de 1990 que impõe que o menor só poderá ser internado em dois casos “a) flagrante delito de infração penal; ou b) ordem expressa e fundamentada do juiz.”(BRASIL, 1990).
 
Dispondo dos referentes artigos a respeito das internações as crianças e adolescentes:
Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente
Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido serão incontinenti comunicados à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada.
 108. A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias. Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear-se em indícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada a necessidade imperiosa da medida.
 Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será submetido à identificação compulsória pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo dúvida fundada. 
2.4 CONSTITUIÇÃO FEDERAL (1988)
 Ao longo da história as crianças e adolescentes foram tratados como seres sem direitos, excluídos da sociedade, o que no decorrer dos séculos XX é possível observa uma reviravolta no conceito da sociedade, que passou a buscar e desenvolve no Brasil e no mundo um movimento de luta a favor das crianças e adolescente, uma elaboração de política pública que estabelecessem os seus direitos como pessoa. Com mobilizações de vários movimentos que levou o Brasil a promulgaçãoda Constituição Federal de 1988 (CF/88). que estabelece os direitos fundamentais das crianças e adolescentes como sujeitos de direito,
 A doutrina da proteção integral assegura e estabelece que a criança e o adolescente são de responsabilidade da família, sociedade e do estado, garantindo seus direitos e para seu desenvolvimento integral conforme no que diz o art.227:
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, a dignidade, ao respeito, à liberdade a convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (BRASIL,1988, Art. 227). 
 A promulgação da Constituição Federal tornou-se um marco dos direitos infanto-juvenil, pois previa que toda a criança e adolescente seria um ser de direitos, sem descriminações ou vantagens classistas sendo acolhidos sem distinção de raça, cor, religião ou condição social. Um outro grande marco foi a Declaração dos Direitos da criança em 1959 sendo uma declaração internacional que estabelece não só direitos a crianças como a gestantes como descrito no seu Art.25 “a maternidade e a infância têm direito a cuidados especiais. Toda criança nascida dentro ou fora do matrimônio gozará da mesma proteção social” (ONU, 1948).
 Em 1959 a ONU estabelece a Declaração dos Direitos da Criança que foi aprovada por vários países que assumiram a responsabilidade de proteger à infância, sendo um marco internacional para a proteção dos direitos da criança. Segundo Santos (2013) “o ano de 1979 foi indicado pela ONU como o Ano Internacional da Criança, com o objetivo de chamar a atenção para os problemas que afetam as crianças em todo o mundo”. Apesar de várias medidas de enfretamento e busca por direitos a criança e o adolescente, somente com a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que foi possível ver colocar mesmo que de forma lenta os termos da lei as medidas e proteção integral as crianças e adolescentes (SANTOS 2013, p. 4).
 O movimento de lutas pelos direitos da criança serviu para a formação do Fórum Nacional Permanente de Entidades Não Governamentais de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Fórum DCA) que foi formado com o objetivo de organizar o funcionamento do movimento de lutas, como o apoio de diversões atores e organizações entre elas: o Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua, a Pastoral do Menor, as entidades de direitos humanos (Faleiros, 20011).
 O enfretamento de lutas por mudanças das políticas públicas ganhou força em meados de 1980 com questionamentos as políticas públicas na institucionalização de crianças e adolescentes o que já vem sido questionado pela a população a década atrás.
Rizzini e Rizzini destaca que:
 O país adquiriu uma tradição de institucionalização de crianças, com altos e baixos, mantida, revista e revigorada por uma cultura que valoriza a educação da criança por terceiros – cultura que permite amplos setores da sociedade, desde os planejadores até grupos sociais de onde saem os internos (RIZZINI e RIZZINI, 2004,p.22)
3. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
 Em 13 de julho de 1990 foi promulgado o Estatuto da Criança e do adolescente (ECA), Lei Federal n° 8.069/1990, trazendo princípios e garantias constitucionais para uma proteção integral como dispões em seu primeiro artigo “Art. 1.º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente” (ECA 1990)
 
 Segundo Silveira: 
Ao abordar o direito de crianças e de adolescentes, entende-se como um desdobramento dos direitos humanos, porém, voltados especificamente à população que necessita ser tratada com ‘absoluta prioridade’, tendo respeitadas suas condições de ‘sujeitos de um processo histórico’ e pessoas em ‘condição peculiar de desenvolvimento’. (2004; p. 60).
 O ECA estabeleceu a coletividade do seu público sem impor condições miseráveis, toda e qualquer criança ou adolescentes teria o mesmo direito sem distinção por raça, cor, gênero ou situação financeira, compartilhando todas as crianças do mesmo direito levando ao princípio da coletividade, da igualdade com relação as leis jurídicas, não havendo mais a dualidade do ordenamento jurídico. 
 Santo elogia o ECA por: 
[...] o de criar um sistema de justiça para a infância e a juventude, tendo por suporte a "absoluta prioridade" das ações, mediante a criação dos Conselhos Municipal e Tutelar, das Curadorias da Infância e da Juventude, da redefinição da atuação dos Juízes de Direito, Juízes da Infância e da Juventude, cabendo, ao Conselho Municipal, definir as políticas de atendimentos, ao Conselho Tutelar, a sua execução (SANTOS,2013, p 4)
 O ECA abrange todos os direitos das crianças e adolescentes entre eles vida, saúde, liberdade, respeito, dignidade(...) dando início aos primeiros conselhos, e extinto o Código do Menor assim como também o termo pejorativo usado a menores de 18 anos. Foi estabelecido por meio do ECA a classificação da faixa etária determinando como crianças os abaixo de 12 anos incompleto e adolescentes os acima de 18 anos completos, não havendo distinção de raça, cor, gênero ou qualquer particularidade da pessoa humana, como afirma Cury “A proteção integral tem como fundamento a concepção de que crianças e adolescentes são sujeitos de direitos, frente à família, à sociedade e ao Estado” (CURY, 2002, p 21).
Sendo todas as crianças e adolescentes titulares de direitos sem distinção perante a Lei, conforme abaixo:
Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que vivem. (BRASIL, 2017, p.10).
 Como a promulgação da constituição de 1988 e o ECA de 1990 estabeleceu-se não só os direitos infanto-juvenil mas a sua cidadania de fato dando a este público não somente a proteção mas a dignidade de viver. São descritos cinco direitos fundamentais da criança e do adolescente divididos em cinco capítulos, no livro l: I - vida e saúde (art. 7º a 14) :descrito no ECA o direito à vida sendo incluso inclusivo ao feto, que mesmo antes do seu nascimento já é sujeito de direito, sendo previsto não somente o direito à vida a saúde a um desenvolvimento em condições dignas; II – liberdade, respeito e dignidade (art. 15 a 18) sendo previsto o direito a se expressar, mobilidade em espaços públicos, direito a religiosidade o direito a escolha , sendo determinado no Art.18 como dever de todos seja o Estado a comunidade ou a família, é dever de todos proteger integralmente de qualquer violação de seus direitos; III – convivência familiar e comunitária uma das mais importantes a do acesso a comunidade e ao seio familiar mesmo estando em qualquer forma de abrigo se assim for possível (art. 19 a 52) sendo direito sua criação e convivência no seio familiar e comunitário; IV – educação, cultura, esporte e lazer (art. 53 a 59) facilidade no aceso aos meios de ensino, aceso a escola pública, sendo dever dos municípios a elaboração de programas e projetos que envolva praticas esportivas e culturais; V – profissionalização e proteção no trabalho (art. 60 a 69) proíbe e determina meios de proteção física e psicológica permitindo apena trabalhos compatíveis das crianças sem interferir em seu desenvolvimento físico, mental ou social (BRASIL, 1990).
 O ECA dispõem em seus artigos direitos e deveres, com dispositivos para o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes o que compete ao Estadoe aos municípios a responsabilidade de oferecer serviços de atendimento e proteção integral a seu desenvolvimento cabendo a eles oferecer atendimento a criança ao adolescente e a sua família oferendo se assim necessários meios que possibilitem que a família possa oferecer o melhor para a criança, sendo um dois mais importantes o direito a interação família. 
 O ECA coloca de forma compartilhada a responsabilidade da criança e do adolescente em meio a sociedade estabelecendo direitos e deveres em todos os âmbitos. Como refere o artigo 4°do ECA (Brasil 1990):
 Art. 4.º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude (BRASIL, 1990).
 Sendo altamente importante por dividir e expor essa necessidade de ampliar o sistema de garantias que dividiu-se em três sendo elas:
a) Sistema primário, que dá conta das políticas públicas de atendimento a crianças e adolescentes (especialmente arts. 4 e 85/87). b) Sistema Secundário que trata das medidas de proteção dirigidas a crianças e adolescentes em situação de risco pessoal ou social, não autores de atos infracionais, de natureza preventiva, ou seja, crianças e adolescentes enquanto vítimas, enquanto violados em seus direitos fundamentais (especialmente arts. 98 e 101). c) Sistema Terciário, que trata das medidas socioeducativas, aplicáveis a adolescente em conflito com a lei, autores de atos infracionais, ou seja, quando passam à condição de vitimizadores (especialmente arts. 103 e112) (SARAIVA 2003, p. 63- 64).
 Sendo através do ECA que pela a primeira estabeleceu-se o encaminhamento aos pais com termo de responsabilidade, na segunda medida de. A terceira está focada na obrigatoriedade do ensino fundamental, a quarta expressa a necessidade de inclusão por meio de programas comunitário. Na quinta atribui ao Estado o dever de proporcionar atendimento á saúde. A sexta atendimento a vícios. Na sétima o Estado por meio de abrigos e instituições de acolhimento assegurando a criança da família, mais somente em casos extremos, ou na oitava que atribui não só a criança mais toda a família a uma proteção do Estado por meio do acolhimento familiar. A como um meio ao acolhimento a colocação em família substituta até que a criança possa voltar ao seu seio familiar. (BRASIL, 1990). 
 O ECA através da Lei n°12.010/2009, que modifica o termo abrigamento para acolhimento institucional:
§ 1º As entidades governamentais e não governamentais deverão proceder à inscrição de seus programas, especificando os regimes de atendimento, na forma definida neste artigo, no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual manterá registro das inscrições e de suas alterações, do que fará comunicação ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária. 
§ 2º Os recursos destinados à implementação e manutenção e dos programas relacionados neste artigo serão previstos nas dotações orçamentárias dos órgãos públicos encarregados das áreas de Educação, Saúde e Assistência Social, dentre outros, observando-se o princípio da prioridade absoluta à criança e ao adolescente preconizado pelo caput do art. 227 da Constituição Federal e pelo caput e parágrafo único do art. 4º desta Lei. 
§ 3º Os programas em execução serão reavaliados pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, no máximo, a cada 2 (dois) anos, constituindo-se critérios para renovação da autorização de funcionamento.
1.1 O REFLEXO DA REALIDADE SOCIAL DAS FAMILIAS 
A realidade social das famílias no Brasil destaca-se pela sua desigualdade, em um país que se caracteriza na péssima distribuição de seus recursos e sua aplicação de políticas públicas, não conseguindo ampliar ou estabelecer meios para a elaboração de projetos os quais levassem a população a desfrutar dos direitos fundamentais expressos na Constituição Federal de 1988.
O Brasil é um país que convive com um padrão econômico em que a riqueza socialmente produzida concentra-se em sua maioria nas mãos de poucos, por conseguinte gerando a pobreza ao restante da população. O desemprego, a falta de alimentação, as situações de vulnerabilidade social, além do uso de substâncias psicoativas, são fatores do dia-a-dia das famílias que deixam de desempenhar com seu papel protetivo, em muitas vezes mesmo com o apoio da rede socio assistencial, estas demandas acabam se agravando, gerando assim a 32 medida excepcional de afastamento do convívio familiar através do acolhimento institucional ou familiar de crianças e adolescentes (GOMES; PEREIRA, 2004, p.360)
 É predominante no Brasil o grande índice de desigualdade onde predomina-se a pobreza, em mais de um terço da população, o que desencadeia o aumento desenfreado da pobreza da população, ocasionando o desemprego, a falta de alimentação, as situações de vulnerabilidade social e econômica. O que coloca muitas famílias em situação de vulnerabilidade social necessitando assim do apoio do Estado com a proteção e assistência para o seu desenvolvimento em suas diversas áreas. O que não condiz com o art.226 da constituição federal, que “a família é a base da sociedade, tem especial proteção do Estado” não é notável medidas de garantias para uma estabilidade familiar evitado o abandono de crianças e adolescentes por famílias impossibilitadas de obter meio para garanti aos seus filhos o que esta previsto no ECA (Hollmann, 2009, p. 52).
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. (ECA 1990)
 A assistência a crianças e adolescentes no Brasil pontua-se principalmente a pobreza dos mesmo, não vinculando as suas famílias que devido a sua precariedade não encontravam outra alternativa a não ser a institucionalização de seus filhos, para Rizzini e outros (2007, p. 24) a “história da assistência à infância no Brasil foi marcada pela facilidade com que se internava crianças devido a dificuldades financeiras dos pais” esta questão até nos dias atuas é o grande percentual ao abandono de crianças e adolescentes no brasil(RIZZINI,2007,p.25).
Fáveró (2008) retrata que :
É possível afirmar que, historicamente e na realidade atual, os maiores índices de motivos de abrigamento de crianças e adolescentes relacionamse a impossibilidades materiais da família para mantê-los em sua companhia – objetivadas, geralmente, pela ausência de trabalho, renda, condições de acesso a educação, a saúde, habitação, assistência social, lazer, bem como pela responsabilidade e responsabilização da mulher pelos cuidados e supostos descuidos com os filhos (FÁVERÓ et al., 2008, p. 106).
 A inexistência e ineficiência de políticas voltadas a família configurasse no maior empecilho para a permanência das crianças e adolescentes em seu vinculo familiar, mesmo após o ECA prevê e estabelece a importância da família para o desenvolvimento da criança, sendo a família a base para o desenvolvimento saudável em suas diversas arias sendo elas espiritual, emocional, físico, mental e social, aspectos com a preservação da família mesmo em situações onde a criança por medida excepcional teria sido retirada do seio familiar.Como ressalta o artigo 19:
Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes (BRASIL 1990).
 Apesar do artigo 19 priorizar a convivência familiar, há muitos casos em que torna - se necessário a retirada de crianças e adolescentes do seio familiar para resguardar a sua integridade sendo colocadas em abrigos institucionais até que seja possível retorna ao seio familiar. Anterior ao ECA era normal a retirada de crianças e adolescentes do seu seio familiar alegando a pobreza como fator para a marginalização usando seu estado socioeconômico como fator de relevância, sendo retirados pelo Estado e entregues a instituições institucionais, estas ações passar a ser institucionais após a criação do ECA, a pobreza familiar não e motivo suficiente para a retirada se seu seio familiar e se for contatado a existência de miséria caberá ao estado fornecer meio possíveis para a melhoria da situação família, de forma que garanta a criança e/ou adolescente um bom convívio familiar como prevê o art. 23 do ECA (1990):
 A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do pátrio poder. Parágrafo único. Não existindo outro motivo que por si só autorize a decretação da medida, a criança ou o adolescente será mantido em sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída em programas oficiais de auxílio (BRASIL. 1990).
O acolhimento familiar como medida de proteção 
“O ECRIAD instituiu novas concepções sobre a infância e a adolescência, compreendendo que crianças e adolescentes devem ter o direito de conviver e serem protegidos em suas famílias de origem” (SANTOS, 2013, p. 4-5) com respaldos da autora que visa que a pobreza não é o motivo para encarretar a perda da guarda das crianças e adolescentes ou da supremacia da família. 
Pereira (2004) pontua as controversas da institucionalização questionando os problemas que a institucionalização do público infanto-juvenil poderá acarretar as suas vidas em várias arias sendo elas: psicológica, mental e social.
 
 
3.2 A NEGLIGÊNCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DO ECA: SEU REFLEXO NA INFANCIA E NA ADOLESCENCIA 
 A constituição Federal (1988) trouxe a sociedade, a família e ao Estado uma visão focada na fragilidade da infância e suas necessidades de cuidados com a infância e adolescência sendo eles prioridade absoluta. O ECA (1990) veio recheado de leis e artigos fundamentas com isso a criança e adolescente passaram a ser considerados como sujeitos de direito, procurando respeitar o desenvolvimento saudável durante a infância e por fim na adolescência com descrito no Art. 7 do ECA “A criança e adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.
(BRASIL,1990, p 11).
 Com a promulgação do ECA trouxe ao Estado não só o ideário dos direitos ali estabelecidos mas sim a concepção da importância que da infância como a “fase” de maior importância para a vida do indivíduo sendo assim necessário um cuidado integral. 
 Como descrito do art.3 do ECA:
Art. 3 A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando – se - lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que vivem (BRASIL,1990,P 12).
 O dever de cuidar e proteger a criança e o adolescente passou a ser dividido entre família, Estado e sociedade como descrito no ECA, o que de fato não amenizou de forma repressiva as negligências sofridas por crianças e adolescentes, não é difícil ver, saber ou presenciar um ato de negligencia da família ou do Estados. Apesar de descrito no ECA a descriminação qualquer forma de negligencia como descrito no art.5 que diz “Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais” (BRASIL, 1990, p 12).
 Para Guerra (1988, p. 32):
[...] todo ato ou omissão praticado por pais, parente ou responsável contra estes, que - sendo capaz de causar dano físico, sexual e/ou psicológico à vítima - implica, de um lado, uma transgressão do poder/dever de proteção do adulto e, de outro, uma coisificação da infância, isto é, uma negação do direito que crianças e adolescentes têm de ser tratados como sujeitos e pessoas em condição peculiar de desenvolvimento.
 Após o ECA fazer mais de trinta anos é claramente visível a grande dificuldade do Estado de estabelecer ações que possam possibilitar de fato a execução de todas as leis de garantias, as crianças e adolescentes como previsto no ECA, seus fatores são diversos entre eles a falta de integração do Estado e família, falta de ações do Estado e até mesmo a falta exigência e luta social, direitos fundamentais como a educação são violados pelo Estado com falta de recursos essências para a educação. 
 Os direitos da criança e do adolescente são frequentemente violados os que torna-se essencial a população saber como proceder diante desta situação como previsto no ECA. E estabelecido no ECA orientação de que forma proceder de ante de algumas situações hipotéticas previstas no art. 98 cabendo as autoridades competentes a determinação, das seguintes medidas do art.101 do ECA:
I - Encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;
II - Orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III – matrícula e frequência obrigatória em estabelecimento oficial de ensino fundamental;
IV – Inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao adolescente;
V – Requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;
VI – Inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
VII – Acolhimento institucional;
VIII – Inclusão em programa de acolhimento familiar;
IX – Colocação em família substituta (BRASIL, p.33, 1990).
 A institucionalização de crianças e adolescentes passou por várias transformações ao longo da história estando atualmente regida com amparados ao ECA que 
Gulassa(2010) afirma que :
É preciso analisar corajosamente como o acolhimento institucional está desempenhando seu papel social, pensar claramente à luz das leis e das reflexões atuais sobre qual é a sua verdadeira função, analisar os seus paradigmas, as suas bases conceituais, sua filosofia educacional e construir metodologias, traçando uma proposta consistente de ação social e educativa.
 Como também afirma Gulassa (2010) que:
É preciso analisar corajosamente como o acolhimento institucional está desempenhando seu papel social, pensar claramente à luz das leis e das reflexões atuais sobre qual é a sua verdadeira função, analisar os seus paradigmas, as suas bases conceituais, sua filosofia educacional e construir metodologias, traçando uma proposta consistente de ação social e educativa.
 3 O SISTEMA DE GARANTIA DE DIREITOS E O ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL A CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Continue navegando