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Unidade II - Os Marcos Regulatórios da Infância e Juventude no Brasil

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Prévia do material em texto

Oficinas e Estudos Temáticos: 
Infância e Adolescência
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Dra. Maria Raimunda Chagas Vargas Rodriguez
Revisão Textual:
Profa. Dra. Rosemary Toffoli
Os Marcos Regulatórios da Infância e Juventude no Brasil
5
•	 A	Construção	Histórica	do	Conceito	“Menor”
•	 Breve	Histórico	da	Legislação	da	Infância	e	Adolescência
•	 O	Código	de	Menores	de	1927
•	 O	Estatuto	da	Criança	e	do	Adolescente	(Lei	n°8.069/1990)
 · Estudar a criança e o adolescente na trajetória histórica brasileira baseando-
se nas mudanças legais e sociais abrangendo desde o Código de Menores ao 
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA – Contexto histórico da criação 
do ECA/ movimento nacional de meninos(as) de rua, componentes políticos 
e sociais da sociedade brasileira na década de 80) e o Sistema Nacional de 
Atendimento Socioeducativo 
Nesta unidade, estudaremos a trajetória da legislação que envolve a criança e o adolescente 
no Brasil. Resgataremos historicamente os principais marcos regulatórios até chegar ao 
Estatuto da Criança e do Adolescente através do estudos de vários autores.
 Nesse sentido, sua participação é fundamental para o bom aproveitamento da disciplina. 
•	 Faça	a	leitura	do	conteúdo	com	atenção.
•	 Realize	as	atividades	propostas	para	fixação	do	aprendizado.
•	 Participe	do	Fórum	da	disciplina.
•	 Acesse	o	material	complementar	direcionado	pelo	tutor.
•	 Em	caso	de	dúvidas,	contate	a	equipe	do	campus	virtual.
Até breve e bons estudos! 
Os Marcos Regulatórios da Infância e 
Juventude no Brasil
6
Unidade: Os Marcos Regulatórios da Infância e Juventude no Brasil
Contextualização
Observe a imagem e reflita sobre o seguinte artigo do Estatuto da Criança e do 
Adolescente (ECA):
Título I
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 4° É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do 
poder	 público	 assegurar,	 com	 absoluta	 prioridade,	 a	 efetivação	 dos	 direitos	
referentes	à	vida,	à	saúde,	à	alimentação,	à	educação,	ao	esporte,	ao	 lazer,	
à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à 
convivência familiar e comunitária.
Na sua opinião, todos esses direitos são garantidos para as crianças e 
adolescentes atualmente?
7
A Construção Histórica do Conceito “Menor”
Londoño,	em	seu	texto	“A	origem	do	conceito	menor”,	apresenta-nos	o	contexto	sobre	
o	 surgimento	 desse	 conceito,	 principalmente	 no	 Brasil;	 “a	 partir	 do	 fim	 do	 século	 XIX	 e	
começo	do	XX	a	palavra	menor	aparecia	frequentemente	no	vocabulário	jurídico	brasileiro.”	
(Londoño: 129)
Pelos estudos do autor, o ano de 1920 delimitou o período em que a palavra menor 
começou a se referir às crianças que viviam na marginalidade, abandonadas e também definia 
quais	 os	 direitos	 que	 teriam	 legalmente	 e	 socialmente.	 Então,	 “Nasceu	 ali	 o	 interesse	 de	
localizar	 a	 origem	 jurídica	 da	 expressão	 no	Brasil,	 durante	 a	 transição	 do	 Império	 para	 a	
Primeira	República”	(Londoño:	129).
No	 século	 XIX,	 a	 primeira	 explicação	 para	 o	 uso	 do	 conceito	 menor para crianças 
relacionava-se	 à	 faixa	 etária	 intrinsecamente	 conectada	 ao	 fator	 da	 emancipação	 paterna,	
momento no qual, em tese, a pessoa começa a ser responsabilizada pelos seus atos, seja 
legalmente, politicamente ou socialmente, uma herança atual.
Foi	a	partir	dessa	primeira	conceituação	que	começaram	a	surgir	as	“famosas”	casas	de	correção	
para	menores	no	final	do	século	XIX,	o	que	hoje	conhecemos	como	a	antiga	FEBEM1 e atual 
Fundação	Casa2.	Foram	criados	vários	critérios	para	a	“correção”	das	crianças	e	adolescentes	
naquele período que se baseavam principalmente na idade nos planos civil e criminal.
“Esses	 critérios	 supunham,	 pois,	 uma	 grande	 disparidade	 com	
respeito à idade civil, que estabelecia a maioridade a partir dos 
21. Assim, a pessoa ficava submetida ao pátrio poder até os 21 
anos, enquanto sua responsabilidade penal podia começar aos 7 
ou 9 anos, dependendo do juiz. Na prática, a serem essas as idades 
passavam	a	marcar	a	entrada	na	vida	adulta”	
(Londoño,1992 131 apud Octaviano Vieira)
De acordo com o autor, nem com o Código Penal de 1890 a situação das crianças 
melhorou	com	relação	à	idade	penal.	Partia-se	do	pressuposto	da	consciência	das	ações,	do	
discernimento	“devendo	os	maiores	de	9	(nove)	e	menores	de	14	(catorze)	ficar	submetidos	a	
um	regime	educativo	e	disciplinar”	(LONDOÑO,	1992:132)
A	palavra	“menor”,	assim,	começou	a	fazer	parte	da	jurisdição	brasileira.	Com	as	mudanças	
econômicas e sociais do Brasil neste período, principalmente no tocante a sua inserção no 
mercado mundial. A partir de então se começava a procura por modelos internacionais 
de	 instituições	regeneradores	para	menores; afinal de contas, o país precisava estar a par 
dos	“avanços”	mundiais.	Os	principais	modelos	buscados	pelos	 juristas	brasileiros	foram	os	
europeus e dos Estados Unidos.
O	modelo	norte-americano	é	o	mais	expressivo,	“as	primeiras	instituições	especificamente	
criadas para atender aos chamados menores criminosos surgiram nos Estados Unidos a partir 
de	1825”	(Londoño,	1992:133)
1			Fundação	Estadual	do	Bem-	Estar	do	Menor.
2			Fundação	Centro	de	Atendimento	Socioeducativo	ao	Adolescente
8
Unidade: Os Marcos Regulatórios da Infância e Juventude no Brasil
Essas	instituições	possuíam	uma	disciplina	rigorosa	que	buscava	reabilitar	e	educar	os	menores	
infratores visando à reinserção social através do trabalho nas fábricas e do estudo. Nesse sentido, 
“A	escola,	a	fábrica	e	a	prisão	misturam-se	num	único	espaço	e	numa	mesma	disciplina	que	
regula	toda	a	vida	da	criança	em	torno	do	trabalho	regenerador.”	(Londoño:	133	apud	Foucault) 
Os	primeiro	 indícios	de	“leis	protetivas”	para	crianças	e	adolescentes	 surgiram	nos	Estados	
Unidos	e	serviram	como	exemplo	para	as	 leis	europeias,	principalmente	na	 Inglaterra,	com	o	
“children act”,	no	século	XX.	Mesmo	com	uma	visão	preconceituosa	da	pobreza	como	vinculadora	
à criminalidade, elas foram o início de um pensamento mais humanizado com relação às crianças.
“As	 crianças	 infratoras,	 órfãos	 ou	membros	 de	 lares	 e	 famílias	
julgadas desfeitas ou desajustadas, deviam, pois ser atendidas 
por especialistas (assistentes sociais, médicos, educadores) 
considerados	 substitutos	 idôneos	para	 cumprirem	as	 funções	 do	
lar.”	(Londoño,	1992:134)
Voltando	ao	contexto	brasileiro,	ao	fim	do	século	XIX,	os	“menores	criminosos”	foram	associados	
à pobreza. Normalmente eram crianças e adolescentes abandonados que viviam nas ruas, pelo 
centro	 da	 cidade	praticando	 “delitos”,	 o	 que	 atualmente	 denominamos	 ato	 infracional.	O	que	
desde	então	configura-se	com	a	desresponsabilização	do	Estado	frente	a	juventude	abandonada.
Fonte: Thinkstock/Getty Images
Com essa visualização dos jovens, através 
dos meios massivos de comunicação (jornais, 
revistas, entre outros) foi sendo definida a imagem 
estigmatizada daqueles que eram considerados 
menores	 “que	 se	 caracterizava	 principalmente	
como criança pobre, totalmente desprotegida moral 
e materialmente por seus pais, seus tutores, pelo 
Estado	e	pela	sociedade”	(LONDOÑO,	1992:135)
O	contexto	desenhado	pelo	autor	nesse	período	
mostra como a situação de abandono das crianças 
era defrontada com a falta de autoridade dos pais, em 
uma tentativa de encontrar alguém para culpabilizar; 
característica presente também nos dias atuais. As 
ruas foram então se tornando o espaço que abrigaria 
essa parcela jovem dos brasileiros
Assim, a infância e a adolescência eram vistas como grandes oportunidades para 
a vagabundagem e que deveriam ser tratadas como caso de polícia a partir de uma visão 
higienista,	limpavam-se	as	praças,	as	ruas,	e	as	crianças	e	os	adolescentes,	de	futuro	incerto,	
eram recolhidos desses espaços, muitas vezes eram detidos e ficavam nas casas de detenção 
junto aos adultos em um cenário de total descaso por parte do Estado.
[...] A infância abandonada, que vivia entre a vadiagem e a gatunice, 
era tratada,a opinião dos juristas, como um caso de policia e de 
simples	repressão	urbana.	(LONDOÑO,	1992:140)
9
Frente	a	essa	situação	de	desrespeito,	era	necessária	a	criação	de	leis	de	proteção	ao	menor,	
muitas propostas de criação de leis foram negadas sem ao menos serem analisadas até 1927, 
quando foi constituído o Código de Menores. Mesmo perante as recusas do Legislativo, foram 
criadas	instituições	para	abrigar	temporariamente	os	jovens	recolhidos	das	ruas.
A	discussão	para	 regulamentar	essas	 instituições	circundaram	o	caráter	ora	punitivo,	
ora	preventivo	da	violência.	No	sentido	preventivo,	ao	fomentar	a	criação	de	instituições	
destinadas à formação e educação e, no sentido punitivo, ao se moldar esses locais a 
punição e o castigo, apenas. 
O	viés	preventivo	mostrou	ser	a	forma	mais	racional	e	econômica	frente	ao	“problema”,	
que	deveria	ser	extinto	da	sociedade	através	da	assistências	aos	menores.
A prevenção, assim apresentada, supunha que a criança deveria ser 
torada da rua e colocada na escola. Afastado o menor dos focos 
de	contágio,	correspondia	depois	às	instituições	dirigir-lhe	a	índole,	
educá-los	formar-lhe	o	caráter,	por	meio	de	um	sistema	inteligente	
de	medidas	preventivas	e	corretivas.	(LONDOÑO,	1992:141)
Porém	o	caráter	preventivo	para	obter	êxito,	como	aponta	Londoño,	“exigia	um	plano	
de Assistência e Proteção à Infância”,	 o	 que	 necessitava	 de	 um	 consistente	 suporte	
legislativo. Houve algumas mudanças neste período, entre elas, a mudança da maioridade 
penal para 18 anos, o que visava primordialmente a retirar os jovens do convívio das 
prisões	para	adultos.
A partir de então, a questão da infância e da adolescência passou a ser encarada no âmbito 
protetivo que deveria ser garantido pelo Estado, através de serviços especializados para 
esse	 público	 juntamente	 ao	 trabalho	 de	 várias	 áreas	 profissionais.	O	 que	 acontece	 com	o	
atendimento	da	Fundação	Casa	atualmente.
Isso	significava	a	participação	de	saberes	como	os	do	higienista,	
que	devia	cuidar	da	saúde,	nutrição	e	higiene;	os	do	educador,	
que devia cuidar de disciplinar, instruir, tornando o menor 
apto para reintegrar à sociedade; e os do jurista, que devia 
conseguir que a lei garantisse essa proteção e essa assistência. 
(LONDOÑO,	1992:142)
Nessa	perspectiva,	o	autor	descreve	que	a	palavra	menor	deixa	de	ser	associada	à	idade	e	ao	
abandono e passa a ser utilizada para a responsabilização dos indivíduos perante a lei. Porém, 
percebemos que esse conceito ainda resiste em nossa cultura, pois ainda associamos crianças 
e	adolescentes	a	menores	infratores,	ao	famoso	“de	menor”,	mesmo	que	esteja	associado	à	
maioridade penal.
Após	essa	primeira	contextualização,	iremos	ao	debate	da	criança	e	do	adolescente	como	
sujeitos de direitos.
10
Unidade: Os Marcos Regulatórios da Infância e Juventude no Brasil
Breve Histórico da Legislação da Infância e Adolescência
A	partir	da	trajetória	do	conceito	“menor”	e	suas	repercussões	para	a	sociedade,	precisamos	
visualizar quais foram os marcos regulatórios para os direitos que envolvem a infância e a 
adolescência no Brasil.
A	Constituição	 Federal	 Brasileira	 de	 1988,	 no	 art.	 227,	 e	 o	 Estatuto	 da	Criança	 e	 do	
Adolescente,	no	art.	104,	delimitam	que,	até	completar	dezoito	anos,	o	indivíduo	é	inimputável,	
ou seja, só responde por seus atos frente à justiça a partir dessa idade.
Essa	 delimitação,	 segundo	o	 autor,	 sofreu	 fortes	 influências	 da	Revolução	Francesa	 que	
delimitou de forma mais humanizada o que deveria ser aplicado legalmente à porcentagem 
jovem da população. Além disso, também tomamos conhecimento do início das casas de 
correção	para	esse	público	na	França,	e	em	outros	países	europeus,	que	disseminariam	esse	
modelo mundialmente, desde o século 19.
Foi	 na	 França	 que,	 em	 1891,	 o	 Código	 Penal	 mostrou	 a	
necessidade da separação dos infratores da lei penal, levando a 
cabo os pressupostos do direito romano de discernir as diferenças 
de	 grau	 na	 criminalidade.	 Desde	 1850,	 primeiro	 na	 França	 e,	
depois, em toda a Europa, já se instalavam os estabelecimentos 
correcionais	para	jovens	infratores.	(PASSETTI:	148)
Prosseguindo com os marcos regulatórios, a partir de 1820, o Código brasileiro começou 
a sofrer mudanças frequentes com relação às crianças e aos adolescentes considerando alguns 
pontos importantes como: a idade, as fases da infância e o grau de discernimento frente às 
infrações	cometidas.	Começando	pelo	Código	de	1820,	eram	considerados	inimputáveis	os	
menores de catorze anos, que poderiam permanecer em casas de correção até os dezessete 
anos, caso não apresentassem discernimento. 
No	Código	 de	 1890,	 foram	 estabelecidas	 faixas	 etárias	 por	 fases	 da	 infância,	 eram	
inimputáveis os indivíduos menores de nove anos, levados para casas de correção aqueles 
cuja	idade	variava	entre	nove	e	catorze	anos,	a	faixa	que	variava	entre	catorze	e	vinte	e	um	
anos recebiam atenuantes em suas penas por não atingirem a maioridade penal vigente 
no período.
Este	Código	 foi	 alterado	 em	1921,	 a	 partir	 da	 lei	 4242,	 que	 considerava	 inimputáveis	 os	
indivíduos	até	14	anos,	mantendo	o	processo	de	atenuantes	para	a	faixa	dos	18	aos	21	anos.	Em	
1940,	o	Código	sofre	nova	alteração	a	partir	do	decreto	lei	2848	em	que	a	idade	de	18	anos	foi	
estabelecida	como	marco	legal	“que separa a menoridade da responsabilidade penal”(Cf.	
Edson	Passetti,	p.	148)
11
O Código de Menores de 1927
No	Brasil,	o	século	XX	representa	um	grande	marco	para	a	expansão	capitalista	através	da	
modernização,	principalmente	através	da	industrialização.	Formou-se,	a	partir	de	então,	um	
grande contingente de trabalhadores nos centros urbanos.
Porém	esse	avanço	capitalista	trouxe	como	consequência	a	expansão	da	pobreza,	pois	nem	
todos	do	exército	industrial	de	reserva	teriam	a	oportunidade	de	trabalho,	o	que	iremos	ver	
com relação à juventude brasileira.
Como vimos anteriormente, a questão do trabalho e da educação para inserção no mercado 
de trabalho sempre permearam o histórico constitucional brasileiro com relação às crianças e 
adolescentes. Os quesitos trabalho e estudo surgem como meios de adequação desses jovens 
à sociedade.
[...] O antigo Código de Menores apenas faz transparecer que se 
não	há	condições	para	absorver	toda	a	população	infanto-juvenil	no	
trabalho,	deve-se	garantir	a	adequação	constante	dos	comportamentos	
desviantes	ao	padrão	normativo,	tornando-os	capazes	à	competição.	
A	exclusão	do	mercado	de	trabalho	é,	portanto,	um	dado	normal	
que	em	si	não	explica	o	desvio	de	conduta,	pois	a	fonte	do	desvio	se	
ancora	na	família.	(PASSETTI,	p.150)
A criação do primeiro Código de Menores, também conhecido 
como Código Mello Matos, surgiu da união entre médicos e juristas 
em 1925. O Código trazia como premissa a problematização das 
crianças e adolescentes que viviam nas ruas e não estavam inseridos 
no mundo do trabalho e também das que estavam inseridas. 
Redigido por Cândido Mello Matos, nomeado primeiro juiz 
de	menores,	em	1923,	e	publicado	por	meio	de	decreto	em	
1926, esse Código sintetiza a transformação em questão 
social da infância e da adolescência pobres vivendo pelas ruas 
e fora do mundo do trabalho, consolidando a emergência do 
doravante conhecido problema do menor 
(Ver	ALVAREZ	1989;	ALVIM	E	VALLADARES,	1988	in	PAULA,	2011:	29).
A	 grande	 questão	 que	 envolvia	 aqueles	 que	 não	 trabalhavam	 era	 o	 “perigo”	 que	
representavam para a sociedade. O Código teria a função de controle social dos delinquentes, 
utilizando a força policial para realizar a gestão da pobreza e a higienização dos centros 
urbanos recolhendo as crianças e adolescentes da rua que seriam institucionalizados nas 
primeiras casas correcionais para a infância e juventude. Nesse sentido, a questão social 
tornava-se	questão	de	polícia.
Diálogo com o Autor
Enquanto	controle	social,	o	Código	permitia	ao	poder	 judiciário	articular-se	
com a ação repressiva da polícia, que recolhia das ruas criançase adolescentes 
pobres	 em	 situação	 de	 não-trabalho.	 Como	 gestão	 dessa	 parcela	 da	
população, o Código viabilizava a articulação entre poder judiciário e serviços 
de assistência e proteção, os quais deveriam passar a serem organizados pelo 
poder	executivo.	(PAULA,	2011:	30)
12
Unidade: Os Marcos Regulatórios da Infância e Juventude no Brasil
No tocante ao trabalho, o Código de Menores de 1927 regulamentava o uso da força 
de	 trabalho	 infanto-juvenil,	 momento	 em	 que	 a	 educação	 para	 o	 trabalho	 tornou-se	 um	
investimento, como ressalta Liana de Paula (2011)
Com	a	Constituição	Federal	de	1934,	começam	a	surgir	preocupações	com	os	“menores”.	
Ficava	proibido:	o	trabalho	dos	menores	de	14	anos,	o	trabalho	noturno	para	os	menores	de	
16 anos e o trabalho em locais insalubres para os menores de 18 anos.
A partir disso, começam a surgir, então, várias escolas que preparassem os jovens para 
o mercado de trabalho, entre elas um dos sistemas de aprendizagem mais conhecidos é o 
Sistema S: SENAI, SESI, SESC e SENAC,	que	surge	a	partir	de	1942.
Por	parte	das	ações	filantrópicas	de	auxílio	à	pobreza,	houve,	em	
um	primeiro	momento,	a	expansão	de	escolas	primárias	e	colégios	
administrados	principalmente	por	instituições	de	cunho	religioso.	
Em	 um	 segundo	 momento,	 já	 na	 década	 de	 1940,	 surgiu	 o	
chamado	Sistema	S,	oriundo	da	iniciativa	privada,	principalmente	
dos industriais, e voltado para a formação e qualificação profissional 
de	jovens	para	o	trabalho.	(PAULA,	2011:37)
Com relação às crianças e adolescentes infratores e que viviam pelas ruas, surgem serviços 
na	área	de	assistência	social	voltados	para	esse	público.	Destacam-se	as	criações,	do	Serviço	
Social	 dos	Menores	Abandonados	 e	Delinquentes,	 em	São	Paulo,	 no	 ano	 de	 1938,	 e	 do	
Serviço	de	Assistência	ao	Menor	(SAM),	no	Rio	de	Janeiro,	em	1941.
Linha	do	Tempo
1932	–	Criação	do	Centro	de	Estudos	e	Ação	Social	(CEAS).
1934	–	Criado	o	Departamento	de	Assistência	Social	(Decreto	Estadual	n°	6.476).
1936	 –	Criação	da	primeira	Escola	de	Serviço	Social	do	país	que,	em	1946,	 foi	
incorporada	à	Pontifícia	Universidade	Católica	de	São	Paulo	–	PUC/SP.
1938	–	O	Departamento	de	Assistência	Social	é	substituído	pelo	Serviço	Social	dos	
Menores Abandonados e Delinquentes.
1941	–	Criação	do	Serviço	de	Assistência	ao	Menor	(SAM),	no	Rio	de	Janeiro.
1942 – Começa a construção do Sistema	S:	SENAI,	SESI,	SESC	e	SENAC.
1946 -	UNICEF	 (assistência	 emergencial	 à	 crianças	 na	Europa,	Oriente	Médio	 e	
China	que	eram	vítimas	da	Segunda	Guerra	Mundial).
Com	base	em	Liana	De	Paula	no	texto	“Liberdade assistida:	punição	e	cidadania	na	cidade	de	São	Paulo”,	p.38-39,	2011.
O	Código	de	Menores	da	década	de	30	utilizava	medidas	corretivas	através	da	punição.	Havia	
a culpabilização da vítima (pobres) pelo seu estado de pobreza. A educação deveria ser através da 
pedagogia do trabalho pelo treino de ofícios, só com a mente ocupada as crianças e adolescentes 
poderiam	sair	da	delinquência.	A	juventude	estava	sendo	preparada	como	mão-de-obra	capitalista.
Código de Menores de 1927 – Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1910-1929/d17943a.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1910-1929/d17943a.htm
13
O Código de Menores de 1979 continuava considerando as crianças e adolescentes 
como tutelados pelo Estado. Como aponta Liana de Paula (2011), houve um crescimento de 
instituições	sociais	e	correcionais	entre	os	anos	1930	e	1960.
Com	o	Golpe	Militar	de	1964,	o	Serviço	Social	de	Menores	de	São	Paulo	e	o	SAM	(RJ)	
foram	substituídos	pelos	projetos	da	Política	Nacional	 do	Bem-estar	do	Menor	 (PNBEM)	e	
da	 Fundação	Nacional	 do	 Bem-estar	 do	Menor	 (Funabem).	 A	 pretensão	 do	 projeto	 era	 a	
unificação do sistema de atendimento a crianças e adolescentes.
Nesse	 sentido,	 pensava-se	 na	 Funabem	 como	 o	 órgão	 de	
proposição	de	diretrizes	e	concepções	do	atendimento,	deixando	
a	operacionalização	para	as	Fundações	Estaduais	do	Bem-Estar	do	
Menor	(Febem)	que	seriam	criadas.	(PAULA,	2011:43-44)
Contextualizando	 esse	 período	 brasileiro,	 o	movimento	 de	modernização	 que	 veio	 pós-
golpe	de	64,	o	qual	Netto	intitula	como	“modernização	conservadora”,	caracterizou-se	pela	
forte influência estrangeira no modelo econômico do Brasil, além de grandes investimentos na 
industrialização	pesada.	Segundo	Netto,
As	 linhas-mestras	desse	“modelo”	concretizam	a	“modernização	
conservadora”	conduzida	no	interesse	do	monopólio:	benesses	ao	
capital estrangeiro e aos grandes grupos nativos, concentração e 
centralização	em	todos	os	níveis	etc.	(NETTO,	2011:31).
Ainda segundo o autor, esse modelo gerou profundas desigualdades regionais e um 
complexo	processo	de	pauperização	em	detrimento	de	um	“país	desenvolvido”	nos	moldes	
internacionais do grande capital.
Liana	de	Paula	ressalta	que	a	pobreza	era	vista	como	“um	potencial	fator	de	desordem,	além	de	
símbolo	dos	entraves	ao	desenvolvimento	que	o	regime	autoritário	propunha	superar	(2011:45)”.
Ou seja, a gestão da pobreza deveria seguir em frente para o bom funcionamento social. Os 
pobres eram considerados incapazes e impotentes por estar fora do mercado de trabalho o que 
impossibilitava a compra de mercadorias, o que não condizia mais com o padrão econômico 
de consumo imposto pelo período.
A partir desse momento, o discurso para a marginalização da infância e adolescência pobres 
estavam baseadas em uma situação irregular3 de abandono que gerava o envolvimento 
da	 juventude	com	contravenções	penais	que	 seriam	priorizados	pela	PNBEM,	Funabem	e,	
posteriormente,	pela	Febem.
Código de Menores de 1979 – Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/L6697.htm
3			Segundo	Liana	de	Paula	 (2011),	são	consideradas	a	ausência	de	cuidados	parentais,	o	abandono	material	e	moral	e	o	envolvimento	
precoce	com	a	criminalidade	(p.47)
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/L6697.htm
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Unidade: Os Marcos Regulatórios da Infância e Juventude no Brasil
O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n°8.069/1990)
A	Lei	nº	8.069/1990,	institui	o	Estatuto	da	Criança	e	do	Adolescente	(ECA)	que		substituiu	todas	
as	Lei	anteriores	relacionados	à	Infância	e	à	adolescência	no	Brasil,	como	por	exemplo,	os	Códigos	
de Menores ( 1927, 1979). O termo menor	desaparece	desta	lei	Federal,	passando	a	denominar-
se criança (até 12 anos incompletos) e adolescente (12 anos a 18 anos) como determina a lei.
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES DO ECA
Art. 1º	Esta	lei	dispõe	sobre	a	proteção	integral	à	criança	e	ao	adolescente.
Art. 2º	Considera-se	criança,	para	os	efeitos	desta	lei,	a	pessoa	até	doze	
anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos 
de idade.
Parágrafo único.	Nos	casos	expressos	em	lei,	aplica-se	excepcionalmente	
este estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.
O ECA garante a cidadania e a proteção integral à criança e ao adolescente através dos 
direitos	fundamentais	da	pessoa	Humana;	constituindo	OBRIGAÇÃO	ESTATAL,	DA	FAMILIA	
E	DA	SOCIEDADE	A	PROTEÇÃO	DA	CRIANÇA	E	DO	ADOLESCENTE,	haja	vista	que	são	
pessoas em processo de desenvolvimento, necessitando ser protegido no rigor da lei.
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais 
inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta 
lei,	assegurando-se-lhes,	por	lei	ou	por	outros	meios,	todas	as	oportunidades	
e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, 
espiritual	e	social,	em	condições	de	liberdade	e	de	dignidade.
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do 
poder	 público	 assegurar,	 com	 absoluta	 prioridade,	 a	 efetivação	 dos	 direitos	
referentes	à	vida,	à	saúde,	à	alimentação,	à	educação,	ao	esporte,	ao	 lazer,	
à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à 
convivência familiar e comunitária.
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
a) primazia de receber proteçãoe socorro em quaisquer circunstâncias;
b) precedência	de	atendimento	nos	serviços	públicos	ou	de	relevância	
pública;
c) preferência	na	formulação	e	na	execução	das	políticas	sociais	públicas;
d) destinação	privilegiada	de	 recursos	públicos	nas	áreas	 relacionadas	
com a proteção à infância e à juventude.
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma 
de	 negligência,	 discriminação,	 exploração,	 violência,	 crueldade	 e	 opressão,	
punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus 
direitos fundamentais.
Art. 6º	Na	interpretação	desta	lei,	levar-se-ão	em	conta	os	fins	sociais	a	que	
ela	se	dirige,	as	exigências	do	bem	comum,	os	direitos	e	deveres	individuais	e	
coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em 
desenvolvimento.
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O ECA se divide em partes (títulos) como:
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
Direito	 à	 educação,	 saúde,	 lazer,	 segurança,	 convivência	 familiar,	
profissionalização e etc.
DA POLÍTICA DE ATENDIMENTO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE
Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente 
far-se-á	 através	 de	um	conjunto	 articulado	de	 ações	 governamentais	 e	não-
governamentais,	da	União,	dos	estados,	do	Distrito	Federal	e	dos	municípios.
DAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO
Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis pela manutenção das 
próprias	unidades,	assim	como	pelo	planejamento	e	execução	de	programas	
de proteção e socioeducativos destinados a crianças e adolescentes, em regime 
de:
I - orientação e apoio sociofamiliar;
II - apoio socioeducativo em meio aberto;
III - colocação familiar;
IV - abrigo;
V - liberdade assistida;
VI - semiliberdade;
VII - internação.
DAS MEDIDAS DE PROTEÇÃO
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis 
sempre que os direitos reconhecidos nesta lei forem ameaçados ou violados:
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
III - em razão de sua conduta.
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade 
competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas:
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de 
responsabilidade;
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III - matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino 
fundamental;
IV -	 inclusão	em	programa	comunitário	ou	oficial	de	auxílio	à	 família,	à	
criança e ao adolescente;
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime 
hospitalar ou ambulatorial;
VI -	inclusão	em	programa	oficial	ou	comunitário	de	auxílio,	orientação	e	
tratamento	a	alcoólatras	e	toxicômanos;
VII - abrigo em entidade;
VIII - colocação em família substituta.
Parágrafo único.	O	abrigo	é	medida	provisória	e	excepcional,	utilizável	como	
forma de transição para a colocação em família substituta, não implicando 
privação de liberdade.
16
Unidade: Os Marcos Regulatórios da Infância e Juventude no Brasil
DA PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL
Art. 103.	 Considera-se	 ato	 infracional	 a	 conduta	 descrita	 como	 crime	 ou	
contravenção penal.
Art. 104.	São	penalmente	inimputáveis	os	menores	de	dezoito	anos,	sujeitos	
às medidas previstas nesta lei.
Parágrafo único. Para os efeitos desta lei, deve ser considerada a idade do 
adolescente à data do fato.
Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corresponderão às medidas 
previstas no art. 101.
DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente 
poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:
I - advertência;
II - obrigação de reparar o dano;
III - prestação de serviços à comunidade;
IV - liberdade assistida;
V - inserção em regime de semiliberdade;
VI - internação em estabelecimento educacional;
VII -	qualquer	uma	das	previstas	no	art.	101,	I	a	VI.
§ 1o A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade 
de	cumpri-la,	as	circunstâncias	e	a	gravidade	da	infração.
§	2o	Em	hipótese	alguma	e	sob	pretexto	algum,	será	admitida	a	prestação	de	
trabalho forçado.
§	3o	Os	adolescentes	portadores	de	doença	ou	deficiência	mental	receberão	
tratamento	individual	e	especializado,	em	local	adequado	às	suas	condições.
Art. 113. Aplica-se	a	este	capítulo	o	disposto	nos	arts.	99	e	100.
Art. 114. A	imposição	das	medidas	previstas	nos	incisos	II	a	VI	do	art.	112	
pressupõe	a	existência	de	provas	suficientes	da	autoria	e	da	materialidade	da	
infração, ressalvada a hipótese de remissão, nos termos do art. 127.
Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre que houver 
prova da materialidade e indícios suficientes da autoria.
Seção II - AS MEDIDAS SOCIEDUCATIVAS SÃO: 
DA ADVERTÊNCIA
Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal, que será reduzida a 
termo e assinada.
DA OBRIGAÇÃO AO REPARAR O DANO
Art. 116.	 Em	 se	 tratando	 de	 ato	 infracional	 com	 reflexos	 patrimoniais,	 a	
autoridade poderá determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, 
promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo 
da vítima.
Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida poderá ser 
substituída por outra adequada.
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Seção IV
DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE
Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na realização de 
tarefas	gratuitas	de	interesse	geral,	por	período	não	excedente	há	seis	meses,	
junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos 
congêneres, bem como em programas comunitários ou governamentais.
Parágrafo único.	 As	 tarefas	 serão	 atribuídas	 conforme	 as	 aptidões	 do	
adolescente,	 devendo	 ser	 cumpridas	durante	 jornada	máxima	de	oito	horas	
semanais,	aos	sábados,	domingos	e	feriados	ou	em	dias	úteis,	de	modo	a	não	
prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal de trabalho.
DA LIBERDADE ASSISTIDA
Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida 
mais	adequada	para	o	fim	de	acompanhar,	auxiliar	e	orientar	o	adolescente.
§ 1o A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar o caso, a 
qual poderá ser recomendada por entidade ou programa de atendimento.
§	 2o	 A	 liberdade	 assistida	 será	 fixada	 pelo	 prazo	 mínimo	 de	 seis	 meses,	
podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra 
medida,	ouvido	o	orientador,	o	Ministério	Público	e	o	defensor.
Art. 119.	Incumbe	ao	orientador,	com	o	apoio	e	a	supervisão	da	autoridade	
competente, a realização dos seguintes encargos, entre outros.
DO REGIME DE SEMILIBERDADE
Art. 120. O regime de semiliberdade pode ser determinado desde o início, 
ou como forma de transição para o meio aberto, possibilitada a realização de 
atividades	externas,	independentemente	de	autorização	judicial.
§ 1o É obrigatória a escolarização e a profissionalização, devendo, sempre que 
possível,	ser	utilizados	os	recursos	existentes	na	comunidade.
§	2o	A	medida	não	comporta	prazo	determinado,	aplicando-se,	no	que	couber,	
as	disposições	relativas	à	internação.
DA INTERNAÇÃO
Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita 
aos	 princípios	 de	 brevidade,	 excepcionalidade	 e	 respeito	 à	 condição	
peculiar de pessoa em desenvolvimento 
§	1o	Será	permitida	a	realização	de	atividades	externas,	a	critério	da	equipe	
técnica	da	entidade,	salvo	expressa	determinação	judicial	em	contrário.
§ 2o A medida não comporta prazo determinado, devendo sua 
manutenção	ser	reavaliada,	mediante	decisão	fundamentada,	no	máximo	
a	cada	seis	meses.	§	3o	Em	nenhuma	hipótese	o	período	máximo	de	
internação	excederá	a	três	anos.
§	4o	Atingido	o	limite	estabelecido	no	parágrafo	anterior,	o	adolescente	
deverá ser liberado, colocado em regime de semiliberdade ou de 
liberdade assistida.
§ 5o A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade.
§ 6o Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de autorização 
judicial,	ouvido	o	Ministério	Público.
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Unidade:Os Marcos Regulatórios da Infância e Juventude no Brasil
Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quando:
I -	 tratar-se	 de	 ato	 infracional	 cometido	 mediante	 grave	 ameaça	 ou	
violência a pessoa;
II -	por	reiteração	no	cometimento	de	outras	infrações	graves;
III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida 
anteriormente imposta.
§	1o	O	prazo	de	internação	na	hipótese	do	inciso	III	deste	artigo	não	
poderá ser superior a três meses.
§ 2o Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, havendo outra 
medida adequada.
Estatuto da Criança e do Adolescente 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm
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Material Complementar
Livros:
LONDOÑO,	Fernando	Torres.	A	Origem	do	Conceito	Menor.	 In:	PRIORE,	Mary	Del	
(org.). História da criança no Brasil.	2ª	ed.	São	Paulo:	Contexto,	1992.
NETTO,	José	Paulo.	Ditadura e Serviço Social –	Uma	análise	do	Serviço	Social	no		
Brasil	pós-64.	16ed.	São	Paulo:	Cortez,	2011.
PASSETTI,	Edson.	O	Menor	no	Brasil	Republicano.	In	História da Criança no Brasil. 
4	ed.	São	Paulo:	Contexto,	2004.
PAULA, Liana de. Liberdade Assistida:	punição	e	cidadania	na	cidade	de	São	Paulo.		
USP:	São	Paulo,	2011.
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Unidade: Os Marcos Regulatórios da Infância e Juventude no Brasil
Referências
LONDOÑO,	Fernando	Torres.	A	Origem	do	Conceito	Menor.	In:	PRIORE,	Mary	Del	(org.).	História 
da criança no Brasil.	2ª	ed.	São	Paulo:	Contexto,	1992.
NETTO,	José	Paulo.	Ditadura e Serviço Social –	Uma	análise	do	Serviço	Social	no		Brasil	pós-64.	
16ed.	São	Paulo:	Cortez,	2011.
PASSETTI,	Edson.	O	Menor	no	Brasil	Republicano.	 In	História da Criança no Brasil.	4	ed.	São	
Paulo:	Contexto,	2004.
PAULA, Liana de. Liberdade Assistida:	punição	e	cidadania	na	cidade	de	São	Paulo.	 	USP:	São	
Paulo, 2011.
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Anotações

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