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Resumo - Metafísicas Canibais elementos para uma antropologia pós-estrutural - Eduardo Viveiros de Castro

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Resumo: “Perspectivismo, em Metafísicas 
Canibais: elementos para uma 
antropologia pós-estrutural" de Eduardo 
Viveiros de Castro. 
 
O autor, para tratar do perspectivismo propriamente, passa pelas 
concepções da simbologia e da semiótica propostas por Roy Wagner, antes 
evidenciadas por Lévi-Strauss na parábola sobre a conquista da América em 
Raça e História, em que o autor apresenta a distinção da dimensão do 
conhecimento e da curiosidade de índios e europeus em relação uns aos 
outros, observando o fato de que a negação de sua generalidade é um 
dos aspectos mais típicos da natureza humana. Essa prerrogativa encaminha 
Viveiros de Castro a construir uma análise acerca do reconhecimento do 
"outro" enquanto humano. Diante do conhecimento, europeus buscavam 
conhecer o outro nas bases das ciências sociais, enquanto indígenas 
confiavam nas ciências naturais para explicar esse "outro". Dessa maneira, 
as reflexões acerca desses fatos sugerem que a essência epistemológica dos 
ameríndios se difere dos europeus quanto aos papéis que assumem as 
categorias de "corpo" e "alma". 
 
Utilizando-se da semiótica de Roy Wagner, a onto-antropologia 
européia concebe o corpo enquanto ente espontâneo da dimensão do inato 
(natureza), ao passo que a alma é uma construção fruto de uma simbolização 
diferenciante. O contrário ocorre aos ameríndios, cuja alma se faz ente inato 
e pertencente a todos, enquanto ao corpo sua construção da simbolização 
diferenciante. Destacando os dois modos de simbolização - convencional e 
inventivo-, Wagner destaca o primeiro enquanto signos que simbolizam algo 
diferente de si mesmos, enquanto o inventivo percebe símbolos que 
representam a si mesmos pelo uso de outros signos. As culturas então se 
distinguem por aquilo que denotam como responsabilidade dos agentes - 
"construído" -, e aquilo que se pensa como "inato" ou "dado", distinção 
bastante evidenciada pela dicotomia sujeito-objeto. 
 
Diante do exposto, o autor confere o surgimento do perspectivismo 
ao momento em que se pode dar conta de uma imagem de nós mesmos na 
qual não nos reconhecemos, manifesta por nosso "outro", em contraponto 
com a representação do animismo e a proposta de se fazer uma antropologia 
indígena que considerasse os aspectos mais subjetivos dessas sociedades. O 
autor utiliza-se, então, das expressões "multiculturalismo" e 
"multinaturalismo" para abarcar o entendimento cosmológico em que o 
primeiro se configura como uma perspectiva na qual vigora a unicidade dos 
corpos e a diversidade das culturas, enquanto o último, ao contrário, trata da 
unidade do espírito e da diversidade dos corpos. 
 
Nesse sentido, a etnografia da América indígena sugere uma teoria 
que dota o mundo enquanto um ambiente onde humanos e não-humanos são 
providos de toda uma disposição perceptiva, apetitiva e cognitiva 
semelhante. Sendo assim, animais e não-humanos dotados de alma "se 
veem" como pessoas, destacando um problema filosófico diante dos aspectos 
que envolvem a percepção e a mente do "outro". A semelhança das almas, 
ainda assim, não implica, segundo o autor, a homogeneidade ou identidade 
que elas exprimem, dado que esses entes possuem uma constituição e um 
contexto diferentes. Existe então, a potencialidade ontológica na qual 
permite que qualquer animal e componente cósmico se transforme em pessoa 
a despeito da metafísica amazônica. 
 
O fato de que a condição de pessoa que se estende a outros seres e 
recusada a outros coletivos, diante dessas contradições evidenciadas pelos 
povos indígenas e não indígenas se trata de um conceito anterior e superior 
logicamente ao conceito de humano. A humanidade, então, coloca-se na 
dimensão derivada das posições primárias de predador ou presa, envolvendo 
outros coletivos e multiplicidades em situação de alteridade perspectiva. O 
“humano” diz respeito à uma relação e não uma substância.

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