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TECIDO ÓSSEO (HISTOLOGIA) 1. INTRODUÇÃO O tecido ósseo constitui-se numa va riedade de um tecido conjuntivo es pecializado cuja matriz é formada por uma substância extracelular a qual se apresenta calcificada, envolvendo as células que a secretam. Para que você entenda melhor, faça uma associação com aquilo que ca racteriza os tecidos conjuntivos de forma mais marcante: a presença de abundante matriz extracelular. No caso do tecido ósseo não é diferente, no entanto a referida matriz, produto da atividade metabólica de suas cé lulas constituintes, se mostra essen cialmente calcificada. Evidentemente que, a matriz óssea, por ser calcifica da, não permite a ocorrência de nutri ção por difusão célula a célula. Assim, a nutrição dos osteócitos depende diretamente de canalículos que exis tem na matriz os quais possibilitam as trocas de moléculas e íons entre os capilares sanguíneos e os osteócitos. Em resumo é isso: o tecido ósseo é composto por células que estão con tidas dentro de uma matriz extracelu lar que se tornou calcificada! Convém lembrar que a qualidade da matriz extracelular se traduz na fun cionalidade de determinado tipo de tecido conjuntivo. Sendo assim, o fato de o tecido ósseo ser caracterizado pela sua dureza reflete, na verdade, a qualidade dos elementos constitu tivos de sua uma base estrutural e, ao contrário do que se possa pensar, por conta dessa dureza que expres sa, trata-se de um tecido dinâmico, exibindo mudanças morfológicas de caráter adaptativo em função do tipo de estresse mecânico sofrido por ele, seguindo, dessa forma, uma notável capacidade de ajustamento. Levan do-se em conta tantos atributos que conferem resistência ao tecido ósseo, você consegue encontrar justificati vas para as funções que ele exerce. Assim, ele atua como componente principal do esqueleto, serve de su porte para os tecidos moles e pro tege órgãos vitais, como os contidos nas caixas craniana e torácica, bem como no canal raquidiano. Além dis so, aloja e protege a medula óssea, formadora das células do sangue, proporciona apoio aos músculos esqueléticos, transformando suas contrações em movimentos úteis, e constitui um sistema de alavancas que amplia as forças geradas na con tração muscular. Não podemos es quecer que os ossos ainda funcionam como depósito de cálcio, fosfato e outros íons, armazenando-os ou li berando-os de maneira controlada, para manter constante a concentra ção desses importantes íons nos lí quidos corporais. São capazes ainda de absorver toxinas e metais pesa dos, minimizando assim seus efeitos adversos em outros tecidos. TECIDO ÓSSEO (HISTOLOGIA) 4 TECIDO ÓSSEO Funções Suporte para tecidos moles Proteção para órgão vitais Depósito de cálcio e fósforo Apoio aos músculos esqueléticos Suporte para medula óssea Um bom domínio sobre os conheci mentos agregados ao tecido ósseo requer que tenhamos em mente a principais porções que o integram, isto é, seus componentes integrados à matriz, tanto orgânica quanto mine ral, e seus componentes celulares. A matriz óssea é composta por fi bras e substância fundamental. As fi bras que são formadas, basicamente, por colágeno do tipo I. A substância fundamental, ao seu tempo, é rica em proteoglicanos com cadeias laterais de condroitinosulfato e queratan- -sulfato. É possível encontrar, ainda, glicoproteínas, como a osteonec tina, osteocalcina, osteopontina e sialoproteína óssea. As células integrantes do tecido ósseo são: as células osteoproge nitoras, as quais se diferenciam em osteoblastos, responsáveis pela sín tese da parte orgânica da matriz e lo calizadas perifericamente; os osteó citos, que se situam em cavidades ou lacunas no interior da matriz; e os os teoclastos, células gigantes, móveis e multinucleadas que reabsorvem o tecido ósseo, participando dos pro cessos de remodelação dos ossos. Agora que tivemos uma apresenta ção geral dos constituintes do tecido ósseo, vamos especificar cada um deles, dando ênfase à perspectiva funcional. TECIDO ÓSSEO (HISTOLOGIA) 5 ao longo das regiões lacunares das fibrilas colágenas, mas também es tão presentes ao longo das regiões de sobreposição. A superfície livre dos cristais está envolta por substân cia fundamental amorfa. Os íons da superfície dos cristais atraem H2O e formam uma capa de hidratação, que permite trocas de íons com o fluido extracelular. Figura 1. Fotomicrografia de tecido ósseo compacto descalcificado (540×). Osteócitos (Oc) podem ser ob servados dentro das lacunas (L). Note também o ósteon (Os), as células osteoprogenitoras (Op) e as linhas cimentantes (LC). Fonte: Gartner, LP; Hiatt, JL – Tratado de Histologia em Cores – 3ª Edição 2. MATRIZ ÓSSEA A matriz óssea tem constituintes inor gânicos e orgânicos. Componente inorgânico Os constituintes inorgânicos da ma triz óssea representam um percentual muito expressivo da sua massa total constitutiva, representados essen cialmente por cristais de hidroxiapa tita [Ca10(PO4)6(OH)2], os quais são compostos principalmente por cálcio e fósforo. Outros componentes tam bém estão presentes na matriz mine ral, tais como citrato, magnésio, sódio e potássio. Os cristais de hidroxiapa tita estão dispostos de um modo or denado ao longo das fibras de colá geno do tipo I; eles estão depositados Componente orgânico O componente orgânico da matriz óssea é constituído por fibras que são quase exclusivamente constitu ídas por colágeno do tipo I o qual é muito rico em ligações cruzadas, conferindo resistência considerável. Glicosaminoglicanos integrantes da matriz formam pequenas moléculas de proteoglicanos com curtos eixos proteicos, aos quais os glicosamino glicanos estão ligados de modo cova lente. Várias glicoproteínas também estão presentes na matriz óssea. Elas parecem estar restritas ao tecido ós seo e incluem a osteocalcina, que se liga à hidroxiapatita, e a osteo pontina, que também se liga à hidro xiapatita, mas tem locais de ligação adicionais para outros componentes, assim como para integrinas presen tes nos osteoblastos e osteoclastos. A vitamina D estimula a síntese des tas glicoproteínas. A sialoproteína óssea, outra proteína da matriz, tem locais de ligação para componentes TECIDO ÓSSEO (HISTOLOGIA) 6 da matriz e para integrinas de os teoblastos e osteócitos, o que sugere sua participação na adesão destas células à matriz óssea. Proteoglicanos 3. CÉLULAS DO TECIDO ÓSSEO Células Osteoprogenitoras As células osteoprogenitoras de rivam de células mesenquimais em brionárias e preservam sua capacida de de efetuar mitoses, apresentando, ainda, o potencial de se diferenciar em osteoblastos. As células osteo progenitoras localizam-se na cama da celular interna do periósteo, re vestindo os canais de Havers, e no endósteo. Essas células são mais ati vas durante o período de crescimento ósseo intenso. Osteoblastos Os osteoblastos são originados a partir das células osteoprogenito ras e se desenvolvem sob a influên cia da família de proteínas morfoge néticas ósseas (BMP) e do fator de crescimento transformante β (TG F-β). Os osteoblastos são as células TECIDO ÓSSEO (HISTOLOGIA) 7 que sintetizam a porção orgânica da matriz óssea cuja constituição bá sica já mencionamos acima. Vamos relembrar, então? Colágeno tipo 1, proteoglicanos e glicoproteínas! Sintetizam, assim, osteocalcina, os teopontina e osteonectina, além de sialoproteína óssea. Adicionalmen te, produzem RANKL (receptor de ativação do fator nuclear kappa B) e o fator estimulante de colônia de macrófagos (M-CSF). CORRELAÇÕES CLÍNICAS A tetraciclina se deposita com grande afinidade sobre a matriz óssea recém- -formada. Esse antibiótico é fluorescen te, e isso possibilita a realização de uma técnica para avaliar a velocidade de for mação óssea, um parâmetro importan te para o estudo do crescimento ósseo e para o diagnóstico de determinadas doenças ósseas. O método consiste em duas injeções de tetraciclina, sendo o in tervalo entre uma e outra de 5 dias. Em seguida, é feita uma biópsia óssea, e os cortessão examinados ao microscópio de fluorescência. A distância entre as duas faixas fluorescentes é proporcional à velocidade de aposição (crescimento) óssea. Esse procedimento de biópsia óssea tem utilidade no diagnóstico de certas doenças como a osteomalácia, na qual a mineralização está prejudicada, e a osteíte fibrosa cística, quando ocorre aumento na atividade dos osteoclastos, resultando em remoção de matriz óssea. A osteonectina facilita a deposi ção de cálcio, enquanto que a os teocalcina estimula a atividade dos osteoblastos. Como parte da osteocalcina produzida é transpor tada pelo sangue, atua tanto nos osteoblastos locais como nos locali zados à distância. A osteopontina re laciona-se com a formação da zona de vedação entre os osteoclastos e o compartimento subosteoclástico e a sialoproteína óssea é empregada para efetuar a ligação de osteoblas tos à matriz extracelular. Os osteoblastos são capazes de concentrar fosfato de cálcio, parti cipando da mineralização da matriz, dispondo-se sempre nas superfícies ósseas. CORRELAÇÕES CLÍNICAS As membranas plasmáticas dos os teoblastos são ricas na enzima fosfa tase alcalina. Durante a formação ativa de tecido ósseo, estas células secretam altos níveis de fosfatase alcalina, elevan do os níveis desta enzima no sangue. Assim, o clínico pode acompanhar a for mação de tecido ósseo medindo o nível da fosfatase alcalina no sangue. Os osteoblastos estendem curtos prolongamentos que entram em con tato com os osteoblastos vizinhos, assim como prolongamentos longos que estabelecem contato com os pro longamentos dos osteócitos. Apesar de estes prolongamentos formarem junções comunicantes uns com os outros, o número de junções comu nicantes entre osteoblastos é muito menor do que o existente entre os osteócitos. TECIDO ÓSSEO (HISTOLOGIA) 8 À medida que os osteoblastos reali zam a exocitose de seus produtos de secreção, cada célula fica envolvida pela matriz óssea que ela acabou de produzir, isto é, a matriz recém-sin tetizada pelo osteoblasto irá aprisio na-lo e é justamente a partir daí que ele passará a ser chamado de oste ócito. Portanto, a matriz se deposita ao redor do corpo da célula e de seus prolongamentos, formando assim as lacunas e os canalículos. A despeito disso, os osteoblastos estão sempre separados da substância calcificada por uma delgada camada não-calci ficada denominada osteóide (matriz óssea não-mineralizada). Quando os osteoblastos da superfície deixam de produzir matriz, eles revertem para um estado de quiescência e são de nominados células do revestimen to ósseo. Dentre as várias moléculas específicas presentes na membrana plasmática dos osteoblastos, desta cam-se por seu significado biológico as integrinas e os receptores para o paratormônio (PTH). Quando O PTH estabelece ligação com esses receptores, determina um estímulo aos osteoblastos no sentido de que passem a secretar o ligante da os teoprotegerina (OPGL), um fator que induz a diferenciação dos pré- -osteoclastos em osteoclastos e isso aumenta a expressão do RANKL. Osteoblastos secretam ainda um fator estimulante de osteoclastos. Os osteoblastos também secretam enzimas responsáveis pela remoção da osteóide para que os osteoclastos possam entrar em contato com a su perfície óssea mineralizada. Osteócitos Os osteócitos são células ósse as maduras, originadas a partir dos osteoblastos, residentes em lacunas dentro da matriz óssea calcificada. Os osteócitos são as células encon tradas no interior da matriz óssea, ocupando as lacunas das quais par tem canalículos. Lembrando que cada lacuna contém apenas um osteócito. A passagem de pequenas moléculas e íons de um osteócito para o outro depende de prolongamentos emiti dos por esses osteócitos dentro do canalículo, sendo o transporte efe tuado por meio de junções comu nicantes. Os osteócitos se adaptam ao formato de suas lacunas, exibin do pequena quantidade de retículo endoplasmático granuloso, comple xo de Golgi pouco desenvolvido e núcleo com cromatina condensada. Embora essas características ultra estruturais possam sugerir pequena atividade sintética, os osteócitos são essenciais para a manutenção da matriz óssea, estando implicadas na mecanotransdução, pela qual elas respondem a estímulos que exercem tensão sobre o tecido ósseo liberan do monofosfato cíclico de adenosi na (AMPc), osteocalcina e fator de TECIDO ÓSSEO (HISTOLOGIA) 9 crescimento semelhante à insulina. A liberação destes fatores facilita o recrutamento de pré-osteoblastos para auxiliar na remodelação do es queleto (acréscimo de tecido ósseo), não somente durante o crescimento e desenvolvimento, mas também para fazer frente às tensões persistentes sobre o esqueleto. A remodelação dessas células é seguida por reabsor ção da matriz. Figura 2. Micrografia eletrônica, em pequeno aumento, de um corte de tecido ósseo mostrando um osteócito com seus prolongamentos circundados por matriz. A pequena quantidade de retículo endoplasmático gra nuloso indica que se trata de uma célula com reduzida síntese proteica. Fonte: Junqueira, LC; Carneiro, J – His tologia Básica – Texto e Atlas – 12ª Edição Osteoclastos Os osteoclastos são células multi nucleadas derivadas de progenito res da linhagem dos macrófagos e desempenham papel na reabsorção óssea e após concluírem essa tarefa, provavelmente sofrem apoptose. A existência de um precursor comum entre os osteoclastos e os monócitos permite que os primeiros possam in tegrar o chamado sistema mononu clear fagocitário. Caracteristicamen te, apresentam receptores para o fator estimulante de osteoclastos, fator estimulador de colônias 1, os teoprotegerina (OPG) e calcitoni na, entre outros. As referidas células precursoras são estimuladas pelo fa tor estimulante de colônia de macró fagos para entrarem em mitose. Em síntese, temos que na presença de tecido ósseo, estes precursores de osteoclastos fundem-se e produzem osteoclastos multinucleados. Os os teoclastos são células móveis, gigan tes, multinucleadas, com extensas e irregulares ramificações. Nas áreas de reabsorção de tecido ósseo en contram-se porções dilatadas dos osteoclastos, colocadas em depres sões da matriz escavadas pela ativi dade dos osteoclastos e conhecidas como lacunas de Howship, atuando, assim, como indicadores das regiões onde a reabsorção se processou. TECIDO ÓSSEO (HISTOLOGIA) 10 Um osteoclasto ativo em reabsorção óssea pode ser dividido em quatro re giões morfologicamente distintas: A zona basal, localizada mais distan te da lacuna de Howship, contém a maior parte das organelas, incluindo os múltiplos núcleos e seus aparelhos de Golgi associados e centríolos. Mi tocôndrias, REG e polissomas estão distribuídos por toda a célula, mas são mais numerosos perto da borda pregueada. A borda pregueada é a parte da cé Figura 5. Fotomicrografia mostrando três osteoclastos (setas) digerindo matriz óssea. O osteoclasto é uma célula grande com muitos núcleos e apresenta prolon gamentos citoplasmáticos numerosos localizados nas proximidades da matriz óssea em reabsorção. Note o compartimento claro onde se dá a erosão da matriz. Esse compartimento é acidificado por uma bomba de prótons localizada na membrana do osteoclasto e é onde ocorre a dissolução dos minerais e a digestão da matriz orgânica. Fonte: Junqueira, LC; Carneiro, J – His tologia Básica – Texto e Atlas – 12ª Edição Figura 4. Fotomicrografia de uma área de ossificação intramembranosa (540×). Osteoblastos (Ob) revestem a espícula óssea e estão secretando osteóide sobre o tecido ósseo. Osteoclastos (Oc) podem ser observados ocupando as lacunas de Howship. Fonte: Gartner, LP; Hiatt, JL – Tratado de Histologia em Cores – 3ª Edição lula diretamente envolvida na reab sorção de matriz óssea. Seus prolon gamentos digitiformes são ativos e dinâmicos, mudando continuamente de formato ao se projetarem no com partimento de reabsorção, denomi nado compartimento subosteoclásti co. A zona clara é a região da célula que se dispõe imediatamenteao re dor da periferia da borda preguea da. Ela não tem organelas, mas con tém muitos filamentos de actina, que formam um anel de actina e parece funcionar ajudando as integrinas da membrana plasmática da zona cla ra a manter contato com a periferia óssea da lacuna de Howship. Real mente, a membrana plasmática desta região está tão intimamente aplica da ao tecido ósseo que forma uma zona de vedação do compartimento subosteoclástico. A zona vesicular do osteoclasto é constituída por numerosas vesículas TECIDO ÓSSEO (HISTOLOGIA) 11 de endocitose e de exocitose que transportam enzimas lisossômicas e metaloproteinases para o comparti mento subosteoclástico e os produ tos da degradação óssea para dentro da célula. A zona vesicular fica entre a zona basal e a borda pregueada. Figura 5. Fotomicrografia de fatia de tecido ósseo seco e desgastado até se tornar muito fina. As lacunas e os canalículos, cheios de ar, desviam a luz e aparecem escuros. Os canalículos se comunicam e constituem a via de intercâmbio de moléculas entre os osteócitos e o sangue dos capilares do periósteo e do endósteo. (Médio aumento.). Fonte: Junqueira, LC; Carneiro, J – Histologia Básica – Texto e Atlas – 12ª Edição CORRELÇÕES CLÍNICAS A osteopetrose é uma doença genéti ca onde os osteoclastos não possuem a borda pregueada. Consequentemen te, estes osteoclastos não podem reab sorver o tecido ósseo e as pessoas com osteopetrose demonstram um aumento da densidade óssea. Indivíduos que so frem desta doença podem apresentar anemia resultante da diminuição do espaço medular, assim como ceguei ra, surdez e o envolvimento de nervos cranianos por compressão devido ao estreitamento dos forames. TECIDO ÓSSEO (HISTOLOGIA) 13 Mecanismo de Reabsorção Óssea Dentro dos osteoclastos, a enzima anidrase carbônica catalisa a forma ção intracelular de ácido carbônico (H2CO3) com a sua subsequente dis sociação em H+ e HCO3−. Bombas de prótons da membrana plasmática da borda pregueada dos osteoclastos transportam ativamente íons H+ para o compartimento subosteoclástico, reduzindo o pH do microambiente. Em consequência do baixo pH, correrá a dissolução dos cristais de hidroxia patita; os minerais liberados vão para o citoplasma do osteoclasto, de onde seguem para os capilares mais próxi mos. A degradação dos componentes orgânicos da matriz descalcificada é efetuada pelas hidrolases lisossô micas e metaloproteinases, como a colagenase e a gelatinase. 4. REVESTIMENTO DE TECIDO CONJUNTIVO Todos os ossos são revestidos em suas superfícies externas e internas por membranas conjuntivas que con têm células osteogênicas, o periós teo e o endósteo, respectivamente. Na sua porção profunda, o periósteo é mais celular e apresenta células osteoprogenitoras, morfologicamen te parecidas com os fibroblastos. As células osteoprogenitoras se multipli cam por mitose e se diferenciam em osteoblastos, desempenhando papel importante no crescimento dos os sos e na reparação das fraturas. O endósteo é geralmente constituído por uma camada de células osteogê nicas achatadas, que reveste as ca vidades do osso esponjoso, o canal medular, os canais de Havers e os de Volkmann. As principais funções do endósteo e do periósteo são a nutri ção do tecido ósseo e o fornecimento de novos osteoblastos para o cresci mento e a recuperação do osso. As fi bras de Sharpey são feixes de fibras colágenas do periósteo que penetram o tecido ósseo e prendem firmemen te o periósteo ao osso. O periósteo não se faz presente nas articulações sinoviais. TECIDO ÓSSEO (HISTOLOGIA) 14 TECIDO ÓSSEO Revestimento de tecido conjuntivo Superfície interna Superfície externa Endósteo Funções Periósteo Células osteogênicas achatadas Nutrição do tecido ósseo Fornecimento de novos osteoblastos Fibras colágenas Células osteoprogenitoras 5. CONTROLE HORMONAL DA REABSORÇÃO ÓSSEA No sangue, a maior parte do fosfato está na forma ionizada do ácido fos fórico, denominada fosfato inorgânico (Pi). As duas principais fontes de Ca2+ e Pi circulantes são os alimen tos e o esqueleto. Dois hormônios, a 1,25-di-hidroxivitamina D (tam bém chamada de calcitriol) e o hor mônio paratireóideo (PTH), regulam a absorção intestinal de Ca2+ e Pi e a liberação desses elementos para a circulação após a reabsorção óssea. Os principais processos responsá veis pela remoção do Ca2+ e do Pi do sangue são a excreção renal e a Fibras de Sharpey formação óssea. A 1,25-dihidroxivi tamina D e o PTH regulam ambos os processos. Participando, ainda, sobre a homeostase do cálcio, temos a cal citonina, a qual, por sua vez, reduz a [Ca2+] e a [Pi] séricos basicamente por meio da inibição da reabsorção ós sea. Assim, temos que a atividade de reabsorção óssea dos osteoclastos é regulada por dois hormônios, o para tormônio e a calcitonina, produzidos pelas paratireoides e pela tireoide, respectivamente. Outros hormônios e fatores de crescimento parácrinos também regulam a homeostase do TECIDO ÓSSEO (HISTOLOGIA) 15 Ca2+ e do Pi. Mais adiante, voltare mos a discutir mais sobre os efeitos hormonais. 6. ESTRUTURA DOS OSSOS Classificação de acordo com a for ma anatômica Ossos longos possuem uma haste (diáfise) situada entre duas extre midades dilatadas (epífises) (p.ex., a tíbia). Ossos curtos apresentam aproxi madamente a mesma largura e o mesmo comprimento (p. ex., os os sos do carpo). Ossos chatos possuem pequena es pessura, são delgados e semelhan tes a uma placa (p. ex., ossos que formam a caixa craniana). Ossos irregulares têm um formato irregular que não pode ser incluído em nenhuma das outras classes (p. ex., os ossos esfenoide e etmoide do crânio). Ossos sesamóides desenvolvem-se dentro de tendões, onde aumentam a capacidade mecânica do múscu lo (p. ex., a patela) através de uma articulação. ) TECIDO ÓSSEO (HISTOLOGIA) 16 7. TIPOS DE TECIDO ÓSSEO Estrutura Macroscópica do Osso Se você tomar como referência a diá fise um osso longo como o fêmur, por exemplo, a fim de seccioná-lo longi tudinalmente, é possível verificar que o tecido ósseo se apresenta muito denso na superfície externa - teci do ósseo compacto -, enquanto que na sua cavidade medular ele tem as pecto poroso – tecido ósseo espon joso ou trabecular. No tecido ósseo esponjoso temos, então, trabéculas ósseas ramificadas e espículas as quais se projetam da superfície inter na do tecido ósseo compacto para a cavidade medular. Não há sistemas de Havers no tecido ósseo esponjoso, mas há arranjos regulares de lamelas. Figura 6. A. Corte grosso de um osso seco, que Ilustra o osso cortical compacto e o osso esponjoso. B. Corte histoló gico de osso esponjoso com sua distribuição irregular de fibras colágenas. (Coloração pelo picrosirius. Fotomicrografia com luz polarizada). Fonte: Junqueira, LC; Carneiro, J – Histologia Básica – Texto e Atlas – 12ª Edição A medula óssea existe sob duas for mas: a medula óssea vermelha, na qual se formam os elementos figu rados do sangue, e a medula óssea amarela, constituída principalmente por tecido adiposo unilocular e pouca quantidade de elementos figurados do sangue em formação. Nos ossos longos, as extremidades articulares denominam-se epífises e são formadas por osso esponjoso com uma delgada camada superfi cial compacta (cortical óssea) sobre a qual repousa a cartilagem hialina articular, altamente polida, que reduz a fricção ao movimentar-se contra a TECIDO ÓSSEO (HISTOLOGIA) 17 cartilagem articular da contraparte óssea da articulação. A conformação dilatada da epífise permite cooptá-la adequadamente à articulação. A por ção que se mostra como uma haste cilíndrica é conhecida como diáfise, sendo quase totalmente compacta, com pequena quantidade de osso es ponjoso na parte que delimita o canal medular. Os ossos curtos têm o cen tro esponjoso, sendo recobertos em toda a sua periferia por uma cama da compacta. SE LIGA! Em uma pessoa que ainda se encontra em crescimento, a diáfise é se parada das epífises pelos discos epifi sários de cartilagem hialina.A área de transição entre o disco epifisário e a diá fise é denominada metáfise, onde ficam localizadas colunas de tecido ósseo es ponjoso. O disco epifisário e a metáfise são responsáveis pelo crescimento do osso em comprimento. RELEMBRANDO ANATOMIA! Nos ossos chatos, que constituem a abóbada craniana, existem duas cama das de osso compacto, as tábuas in terna e externa, separadas por osso es ponjoso que, nesta localização, recebe o nome de díploe. Estrutura Microscópica do Osso Microscopicamente, podemos classi ficar o tecido ósseo como tecido ósseo primário, ou imaturo, ou ainda, tecido ósseo entrelaçado; e tecido ósseo se cundário, ou maduro, ou lamelar. Tecido Ósseo Primário Trata-se do primeiro tecido ósseo a se formar durante o desenvolvimen to fetal e durante a reparação óssea. Ele é rico em osteócitos e em feixes irregulares de fibras colágenas. O teor mineral do tecido ósseo primário também é muito menor do que o do tecido ósseo secundário. de Havers Tecido Ósseo Secundário Sua principal característica é conter fibras colágenas organizadas em lamelas de 3 a 7 μm de espessura, que ficam paralelas umas às outras ou se dispõem em camadas con cêntricas em torno de canais com vasos formando os sistemas de Ha vers ou ósteons. Os osteócitos estão dispostos nas lacunas em intervalos regulares entre as lamelas ou, ocasio nalmente, dentro das lamelas. O que temos, na diáfise dos ossos, portanto, são lamelas ósseas que se organizam em arranjo típico, constituindo os sis temas de Havers, além dos circun ferenciais interno e externo e os in termediários. Em resumo, podemos afirmar que se trata de uma apresen tação estruturalmente mais organiza da na qual os canalículos, que abrigam os prolongamentos dos osteócitos, ligam lacunas vizinhas umas com as outras formando uma rede de canais intercomunicantes, que facilitam o TECIDO ÓSSEO (HISTOLOGIA) 19 fluxo de nutrientes, hormônios, íons e produtos do catabolismo dos e para os osteócitos. Além disso, ela é mais Trajeto helicoidal das fibras colágenas Lamelas circunferenciais internas forte do que a do tecido ósseo pri mário por conta de uma matriz mais calcificada. Vaso sanguíneo Sistema de Havers Lamelas circunferenciais externas Canal de Volkmann Vaso sanguíneo Periósteo Endósteo Canal de Havers Figura 7. Esquema da parede da diáfise dos ossos longos. Aparecem três tipos de tecido ósseo lamelar. Os sistemas de Havers e as lamelas circunferenciais externas e as internas. O sistema de Havers desenhado em três dimensões, no alto e à esquerda, mostra a orientação das fibras colágenas nas lamelas. O sistema de Havers saliente, à esquerda, mostra a direção das fibras colágenas em cada lamela. À direita, observe um sistema de Havers isolado, que mostra um capilar sanguíneo central (há também nervos, que não foram mostrados no desenho) e muitos osteócitos com seus prolongamentos. Fonte: Junqueira, LC; Carneiro, J – Histologia Básica – Texto e Atlas – 12ª Edição Sistema de Havers ou Ósteons Cada sistema de Havers ou ósteon é um cilindro longo, às vezes bifurca do, paralelo à diáfise e formado por 4 a 20 lamelas ósseas concêntricas, sendo delimitado por uma delgada linha cimentante, composta princi palmente por substância fundamen tal calcificada e uma pequena quan tidade de fibras colágenas. No centro TECIDO ÓSSEO (HISTOLOGIA) 20 desse cilindro ósseo existe um canal revestido de endósteo, o canal de Havers, que abriga um feixe neuro vascular. Os canais de Havers co municam-se entre si, com a cavidade medular e com a superfície externa de osso por meio de canais transversais ou oblíquos, os canais de Volkmann. Esses se distinguem dos de Havers por não apresentarem lamelas ósse as concêntricas. Figura 8. Fotomicrografia de um fragmento de tecido ósseo compacto obtido por desgaste, não-descalcifi cado (270×). Observe o sistema de Havers contendo um canal de Havers (C) e lamelas concêntricas (L) com lacunas e seus canalículos (setas). Fonte: Gartner, LP; Hiatt, JL – Tratado de Histologia em Cores – 3ª Edição Canal de Havers Lamelas Lacunas Cimento Osteócitos Prolongamentos celulares Figura 10. Esquema que mostra parte de um sistema de Havers e dois osteócitos (esquerda). Nas lamelas contíguas do sistema de Havers, as fibras colágenas são cortadas segundo diferentes incidências, porque têm diferentes orientações (embora isso não apare ça claramente neste diagrama simplificado). Note os numerosos canalículos que estabelecem comunicação entre as lacunas, onde estão os osteócitos, e com o canal de Havers. As fibras com curso alternado de uma lamela para outra conferem grande resistência ao osso, sem grande aumento de peso. Fonte: Junqueira, LC; Carneiro, J – Histologia Básica – Texto e Atlas – 12ª Edição TECIDO ÓSSEO (HISTOLOGIA) 21 durante toda vida, embora em menor velocidade. Ossificação Intramembranosa A ossificação intramembranosa ocor re em meio a uma membrana de teci do mesenquimal, sendo a maioria dos ossos chatos do crânio formada por ossificação dessa natureza. O cresci mento dos ossos curtos e o aumento da espessura dos ossos longos tam bém se processam dessa forma. As células mesenquimais se diferenciam em osteoblastos, que secretam ma Figura 10. Fotomicrografia de um fragmento de tecido ósseo compacto descalcificado (162×). Podem ser observados vários ósteons (Os) com suas lamelas con cêntricas (L). Também aparece um canal de Volkmann (V). As estruturas coradas em escuro e dispersas por toda parte são os núcleos dos osteócitos (Oc). Fonte: Gartner, LP; Hiatt, JL – Tratado de Histologia em Cores – 3ª Edição 8. HISTOGÊNESE ÓSSEA Durante o desenvolvimento embrio nário, os processos de ossificação podem ocorrer de duas maneiras: por ossificação intramembranosa e por ossificação endocondral. Como sa bemos, o primeiro tecido ósseo a se formar é o tecido ósseo primário, o qual mais tarde é reabsorvido e subs tituído por tecido ósseo secundário. Sendo assim, verificamos um proces so combinado de formação e remo ção de tecido ósseo persiste durante o crescimento do osso. O tecido ósseo secundário continua a ser reabsorvido triz óssea ainda não mineralizada (os teoide), formando uma malha de es pículas e trabéculas cujas superfícies são cobertas por estas células. Esta região de osteogênese inicial é deno minada centro primário de ossificação onde verificamos uma confluência das traves ósseas formadas, confe rindo ao osso um aspecto esponjoso. As fibras colágenas destas espículas e trabéculas em formação têm orien tação aleatória, como se espera da estrutura histológica do tecido ósseo primário. A calcificação segue-se ra pidamente à formação do osteóide, e os osteoblastos presos em meio à matriz tornam-se osteócitos. Os pro longamentos destes osteócitos tam bém ficam envolvidos pela matriz ós sea em formação, estabelecendo um sistema de canalículos. A contínua atividade mitótica das células mesen quimais cria um suprimento de células TECIDO ÓSSEO (HISTOLOGIA) 22 osteoprogenitoras indiferenciadas, as quais dão origem a osteoblastos. Com o estabelecimento da rede de trabéculas, semelhante a uma espon ja, o tecido conjuntivo vascularizado situado nos interstícios transforma-se em medula óssea. OSSIFICAÇÃO INTRAMEMBRANOSA Ossificação Endocondral A ossificação endocondral tem iní cio sobre uma peça de cartilagem hialina, de forma parecida à do osso que se vai formar, porém de tamanho menor. Esse tipo de ossificação é o principal responsável pela formação dos ossos curtos e longos e consis te, essencialmente, em dois proces sos. No primeiro, a cartilagem hialina sofre modificações, havendo hiper trofia dos condrócitos, redução da matriz cartilaginosa a finos tabiques, sua mineralização e a morte dos con drócitos por apoptose. No segundo, as cavidades previamente ocupadas pelos condrócitos são invadidas por capilares sanguíneos e células oste ogênicas vindas do conjuntivo adja cente. Essas células diferenciam-se em osteoblastos, que depositarãomatriz óssea sobre os tabiques de cartilagem calcificada. Esse tipo de osteogênese pode ser resumido nas seguintes etapas: • Formação de um molde de car tilagem hialina em miniatura, do mesmo formato do futuro osso a ser formado. • Crescimento contínuo do mo delo de cartilagem, o qual ser ve como um arcabouço estrutural para o desenvolvimento do osso. • Reabsorção final e substituição da cartilagem por tecido ósseo. Eventos que ocorrem no centro primário de ossificação O crescimento do centro primário de ossificação é rápido, em sentido longitudinal e ocupa toda a diáfise, constituindo, assim, a sua formação óssea. O desenvolvimento desse centro primário é acompanhado pelo crescimento do cilindro ósseo que se formou a partir do pericôndrio e que cresce também na direção das epí fises. Desde o início da formação do centro primário surgem osteoclastos e ocorre absorção do tecido ósseo for mado no centro da cartilagem, apare cendo, assim, o canal medular, o qual também cresce longitudinalmente à medida que a ossificação progride. Figura 13. Fotomicrografia de uma área de ossificação de um osso longo (14×). A metade superior da fotografia mostra cartilagem (C) contendo condrócitos, que ama durecem, hipertrofiam e calcificam a matriz cartilaginosa na interface com o tecido ósseo; a metade inferior mostra onde o complexo cartilagem calcificada-tecido ósseo (setas) está sendo reabsorvido e tecido ósseo (b) está sendo formado. P, periósteo. Fonte: Gartner, LP; Hiatt, JL – Tratado de Histologia em Cores – 3ª Edição Eventos que ocorrem no centro secundário de ossificação Os centros secundários de ossifica ção começam a se formar nas epífi ses em ambas as extremidades do osso em formação através de um pro cesso semelhante ao da diáfise sem que, no entanto, ocorra a formação de um colar ósseo. As células osteo progenitoras invadem a cartilagem e começam a secretar matriz óssea so bre o arcabouço cartilaginoso. Enfim, a cartilagem da epífise é substituída por tecido ósseo, exceto na superfície articular e no disco epifisário ou carti lagem de conjugação. TECIDO ÓSSEO (HISTOLOGIA) 26 Desaparecimento da Molde de cartilagem Cilindro (colar ósseo) Broto vascular (osteogênico) Matriz cartilaginosa calcificada Centro primário de ossificação Ossificação endocondral Epífise Cartilagem epifisária Diáfise Epífise Centro secundário de ossificação Centro secundário de ossificação cartilagem epifisária Osso compacto Tecido ósseo esponjoso Osso adulto Figura 14. Formação de um osso longo a partir de um osso cartilaginoso. Fonte: Junqueira, LC; Carneiro, J – Histologia Básica – Texto e Atlas – 12ª Edição DESCRIÇÃO SISTEMÁTICA DOS EVENTOS CONSTITUINTES DA OSSIFICAÇÃO ENDOCONDRAL EVENTO DESCRIÇÃO Molde de cartilagem hialina formado. Molde em miniatura de cartilagem hialina, formado na região onde haverá a formação de um osso por ossificação endocondral no embrião em desenvolvi mento; alguns condrócitos amadurecem, hipertrofiam e morrem; a matriz da cartilagem se torna calcificada. CENTRO PRIMÁRIO DE OSSIFICAÇÃO (DIÁFISE) O pericôndrio da parte média da diáfise torna-se vascularizado. A vascularização do pericôndrio transforma-o em periósteo. Células condrogênicas se tornam células osteoprogenitoras. Osteoblastos secretam matriz, formando um colar ósseo subperióstico. O colar ósseo subperióstico é formado por tecido ósseo primário (ossificação intramembranosa). Condrócitos na parte central da diáfise hipertrofiam, morrem e degeneram. A presença de periósteo e de tecido ósseo impede a difusão de nutrientes para os condrócitos; sua dege neração deixa lacunas, abrindo grandes espaços nos septos de cartilagem. Osteoclastos escavam buracos no colar ósseo subpe rióstico, tornando possível a entrada do broto vascu lar osteogênico. Os buracos permitem a invasão do molde cartilagino so, agora calcificado, por células osteoprogenitoras e capilares, e tem início a produção de matriz óssea. Formação do complexo cartilagem calcificada/tecido ósseo calcificado. A matriz óssea depositada sobre os septos de car tilagem calcificada forma este complexo (histologi camente, a cartilagem calcificada cora-se em azul, o tecido ósseo calcificado cora-se em vermelho). Osteoclastos começam a reabsorver o complexo car tilagem calcificada/tecido ósseo calcificado. A destruição do complexo cartilagem calcificada/teci do ósseo calcificado aumenta a cavidade medular. O colar ósseo subperióstico fica mais espesso e co meça a crescer na direção das epífises. Durante um certo tempo, este evento substituí com pletamente a cartilagem da diáfise por tecido ósseo. TECIDO ÓSSEO (HISTOLOGIA) 27 CENTROS SECUNDÁRIOS DE OSSIFICAÇÃO EVENTO DESCRIÇÃO Começa a ossificação das epífises (geralmente, as epífises proximais se ossificam primeiro que as distais). O início do processo é semelhante ao do centro primário, exceto pela ausência de um colar ósseo; os teoblastos depositam matriz óssea sobre o arcabouço de cartilagem calcificada. Crescimento de osso no disco epifisário. A superfície articular cartilaginosa permanece; o dis co epifisário persiste – o crescimento da cartilagem ocorre no lado epifisário do disco epifisário. O teci do ósseo é acrescentado no lado diafisário do disco epifisário. As epífises e a diáfise se tornam contínuas. No fim do crescimento do osso, a cartilagem do disco epifisário deixa de proliferar; o desenvolvimento do osso continua unindo a diáfise às epífises. Crescimento dos Ossos em Comprimento O alongamento contínuo está subor dinado aos discos epifisários (carti lagem de conjugação). Os condró citos do disco epifisário proliferam e participam do processo de ossifica ção endocondral. A proliferação ocorre no lado epi fisário, enquanto que a substituição por tecido ósseo se dá no lado dia fisário do disco. Histologicamente, o disco epifisário é dividido em cin co zonas distintas. Essas zonas, que começam pelo lado epifisário, são as seguintes: • Zona da cartilagem de reserva: Condrócitos distribuídos aleato riamente pela matriz são mitotica mente ativos. • Zona de proliferação: Condróci tos em proliferação rápida formam fileiras de células (grupos isógenos axiais) paralelas à direção do cres cimento do osso. • Zona de maturação e hipertro fia: Os condrócitos amadurecem, hipertrofiam, iniciam a mineraliza ção da matriz cartilaginosa e acu mulam glicogênio no citoplasma. A matriz entre as lacunas fica mais estreita com o crescimento corres pondente das próprias lacunas, e começa a ser mineralizada. • Zona de calcificação: As lacunas tornam-se confluentes, os con drócitos hipertrofiados morrem e a matriz cartilaginosa, agora, se apresenta calcificada, sob a forma de finíssimos tabiques ou traves. • Zona de ossificação: Células os teoprogenitoras invadem a zona de cartilagem calcificada e dife renciam-se em osteoblastos, os TECIDO ÓSSEO (HISTOLOGIA) 28 quais produzem matriz óssea que se calcifica na superfície da car tilagem calcificada. Em seguida, há reabsorção do complexo car tilagem calcificada/tecido ósseo calcificado. Crescimento dos Ossos em Largura O crescimento da diáfise em largura ocorre por crescimento aposicional. As células osteoprogenitoras da ca mada osteogênica do periósteo proli feram e se diferenciam em osteoblas tos, que começam a depositar matriz óssea sobre a superfície subperioste al do osso. Este processo ocorre con tinuamente durante todo o período de crescimento e desenvolvimento Figura 19. Desenho esquemático que mostra a estrutura tridimensional das espículas ósseas do disco epifisá rio que, na realidade, são paredes, aparecendo como espículas nos cortes histológicos. Cartilagem hialina, em roxo; cartilagem calcificada, em vinho; tecido ósseo, em amarelo. Fonte: Junqueira, LC; Carneiro, J – Histologia Básica – Texto e Atlas – 12ª Edição do osso, de modo que, em um osso longo maduro, a diáfise é construída através da ossificação intramembra nosa subperiosteal. A deposiçãode tecido ósseo vai sendo acompanha da por reabsorção a exemplo do que pode ser visto na porção externa da diáfise onde a atividade osteoclástica vai se processando internamente, de modo que o espaço da medula óssea possa ser aumentado. TECIDO ÓSSEO (HISTOLOGIA) 31 Calcificação do tecido ósseo A calcificação começa quando há de posição de fosfato de cálcio sobre as fibrilas colágenas da matriz óssea. Sabe-se que esse processo é esti mulado por alguns proteoglicanos e pela osteonectina, uma glicoproteí na ligante de Ca2+, assim como pela sialoproteína óssea. A teoria da nu cleação heterogênea preconiza que as fibrilas colágenas da matriz óssea constituem os locais de nucleação da solução metastável de cálcio e fosfa to, e que esta solução começa a cris talizar-se na região lacunar das fibrilas colágenas. Uma vez que esta região tenha sido “nucleada”, a calcificação ocorre. A teoria mais aceita da calci ficação defende que os osteoblastos liberam pequenas vesículas da ma triz a partir de sua membrana plas mática. A membrana das vesículas da matriz possui numerosas bombas de cálcio, que transportam íons Ca2+ para dentro dela. Com o aumento da concentração de íons Ca2+ dentro da vesícula, ocorre cristalização e o cris tal de hidroxiapatita em crescimento rompe a membrana, estourando a ve sícula da matriz, liberando seu con teúdo. Os cristais de hidroxiapatita de cálcio liberados das vesículas da matriz agem como ninhos de crista lização. A alta concentração de íons em sua vizinhança, juntamente com a presença de fatores de calcificação e proteínas ligantes de cálcio, promove a calcificação da matriz. A mineralização ocorre em torno de numerosos ninhos de cristalização dispostos muito pró ximos uns aos outros; à medida que a cristalização avança, estes centros crescem e fundem-se uns aos outros. Desta maneira, uma região cada vez maior da matriz torna-se desidratada e calcificada. Remodelação óssea A conformação arquitetônica geral dos ossos é, em grande parte, pre servada desde a sua formação até o término do crescimento no adulto de vido à remodelação da superfície da qual depende de um sutil equilíbrio entre a deposição de tecido ósseo em algumas regiões e a reabsorção con comitante em outras. Sendo assim, a remodelação óssea pode ser definida como um processo de aposição no qual há remoção lo calizada do osso antigo (reabsorção) e substituição por osso recentemente formado. Esse evento se verifica no tecido ósseo por toda a vida adulta do indivíduo, promovendo a manuten ção da integridade anatômica do osso e a renovação do esqueleto, sendo regulada por diversos fatores, como mecanismos regulatórios intra celulares, influência hormonal, fatores locais e externos. Vale ressaltar que o tecido ósseo cortical (compacto) e o tecido ósseo esponjoso não são re modelados da mesma maneira, pro vavelmente porque os osteoblastos TECIDO ÓSSEO (HISTOLOGIA) 32 e as células osteoprogenitoras do te cido ósseo esponjoso estão contidos dentro dos limites da medula óssea e, por isso, estão sob a influência pa rácrina direta das células da medula óssea próxima. Reparo Ósseo O reparo ósseo envolve eventos tan to de ossificação intramembranosa como de ossificação endocondral. Os danos decorrentes de uma fratura envolvem destruição da matriz ós sea, morte de células, rompimento do periósteo e do endósteo, e um possível deslocamento das extremi dades quebradas do osso (fragmen tos). Vasos sanguíneos são rompidos perto lesão e uma hemorragia loca lizada preenche a zona da fratura a qual será invadida por pequenos ca pilares e por fibroblastos provenien tes do tecido conjuntivo circundante, havendo formação de tecido de gra nulação. A falta de um leito capilar abundante resulta em baixa tensão de oxigênio e as células osteopro genitoras tornam-se células condro gênicas, originando condroblastos, que formam cartilagem hialina nas partes externas do colar. A camada mais profunda das células osteopro genitoras em proliferação do periós teo se diferencia em osteoblastos e começa a produzir um colar ósseo, cimentando-o ao tecido ósseo morto em volta do local da lesão. Esse colar ósseo é formado por três zonas que se fundem (uma camada de novo tecido ósseo cimentado ao tecido ósseo do fragmento, uma camada intermediária de cartilagem e uma camada superficial osteogênica em proliferação), formando um só colar, denominado calo externo, levando à união destes fragmentos. O cresci mento continuado do colar externo deriva principalmente da proliferação de células osteoprogenitoras e, em certo grau, do crescimento intersticial da cartilagem da zona intermediária. Os colares formados sobre as extre midades de cada fragmento se fun dem à matriz da cartilagem adjacente ao novo tecido ósseo formado na re gião mais profunda do colar, torna-se calcificada e acaba sendo substituída por tecido ósseo esponjoso. Final mente, toda a cartilagem acaba sendo substituída por tecido ósseo primário formado por ossificação endocondral. Subsequentemente, será necessário remodelar o local da lesão pela substi tuição do tecido ósseo primário por te cido ósseo secundário e reabsorver o calo. Parece que o processo de cicatri zação e de remodelamento do local da fratura é uma resposta direta às ten sões aplicadas sobre ele; finalmente, a região da fratura que sofreu reparo retoma sua forma e força originais. É interessante observar que o reparo ósseo envolve a formação de carti lagem e os processos de ossificação intramembranosa e endocondral. TECIDO ÓSSEO (HISTOLOGIA CORRELAÇÕES CLÍNICAS Os enxertos ósseos constituem uma estratégia importante quando a repara ção se torna impossibilitada por perda de segmentos ósseos ou lesões muito severas. Tal estratégia pode se apresen tar em algumas modalidades, tais como os autoenxertos (enxertos autólogos) que são os mais bem-sucedidos porque o receptor do transplante também é o seu doador, os homoenxertos, os quais envolvem indivíduos diferentes da mes ma espécie e que são passíveis de rejei ção por causa da resposta imunológica, além dos heteroenxertos, que empre gam enxertos de espécies diferentes, são os menos bem-sucedidos, apesar de ter sido demonstrado que ossos de bezerros perdem parte de sua antige nicidade depois de terem sido refrige rados, tornando-se um enxerto ósseo valioso, quando outras modalidade, por alguma razão, não são possíveis. 9. HISTOFISIOLOGIA DO TECIDO ÓSSEO Manutenção dos níveis de cálcio no sangue Sabemos que o cálcio exerce um pa pel fundamental no desenvolvimento de reações metabólicas essenciais para a preservação da homeostase, viabilizando, por exemplo, a atividade de diversas enzimas, além de partici par de modo significativo na permea bilidade das membranas biológicas. O cálcio ainda atua na adesão celular, na coagulação do sangue, na trans missão do impulso nervoso e na contração muscular. Considerando, ele, justifica-se que o organismo te nha desenvolvido estratégias que as segurassem a manutenção de níveis adequados de cálcio para atender ao nosso padrão funcional. Para tanto, é necessário manter rigidamente con trolada a concentração de cálcio do plasma sanguíneo entre 9 e 11 mg/ dL. Lembre-se de que os ossos são um importante reservatório de cálcio e, assim sendo, uma contínua troca en tre os ossos e o sangue deverá ser efetuada a fim de que a homeostasia seja mantida. Os íons cálcio removi dos do tecido ósseo para a manuten ção dos níveis de cálcio do sangue provêm de ósteons novos e jovens, nos quais a mineralização é incom pleta. Como a remodelação óssea é constante, novos ósteons estão sem pre se formando, nos quais íons cálcio lábeis estão disponíveis para esta fi nalidade. Parece que os ósteons mais velhos estão mineralizados de modo mais intenso e, por causa disso, seus íons cálcio são menos disponíveis. Efeitos hormonais Como acabamos de ver, as concen trações séricas de cálcio dependem de uma dinâmica que orienta con tinuamente o seu trânsito entre os depósitos formadosno tecido ós seo e o sangue, de tal modo que aos osteoclastos é atribuída a tarefa de TECIDO ÓSSEO (HISTOLOGIA) 36 assegurar a manutenção de um supri mento constante de íons cálcio para o corpo. As células parenquimatosas da glândula paratireoide - células principais - são sensíveis aos níveis de cálcio do sangue. Assim, quando estes caem abaixo do normal, o pa ratormônio (PTH) é secretado. Esse hormônio ativa receptores dos os teoblastos, suprimindo a formação de matriz e iniciando a produção e secreção do ligante de osteoprote gerina (OPGL), do RANKL e do fator estimulante de osteoclastos pelos osteoblastos. Estes fatores induzem a formação de osteoclastos e esti mulam osteoclastos quiescentes a se tornarem ativos, levando à reabsor ção óssea e à liberação de íons cálcio. SE LIGA! A membrana celular dos os teoblastos contém receptores para o paratormônio (PTH), o qual é secre tado pelas paratireoides quando os ní veis de cálcio no sangue caem. Com a ligação desse hormônio, os osteoblastos deixam de produzir a matriz óssea e sin tetizam fatores, como o M-CSF, inter leucinas (IL-1, IL-6 e IL-11) e o ligante da osteoprotegerina (OPGL), que fazem com que os precursores dos osteoclas tos proliferem e se diferenciem. O pró prio paratormônio atua sobre os precur sores dos osteoclastos estimulando a sua diferenciação e fusão. Os osteoclas tos reabsorvem a matriz óssea liberando o cálcio para o sangue. A contraparte endócrina promoto ra do antagonismo necessário para a homeostasia do cálcio é represen tada pelas células parafoliculares (ou células C) da glândula tireoide às quais também monitoram os ní veis de íons cálcio no plasma. Quan do esses níveis se tornam elevados, estas células secretam calcitonina, um hormônio polipeptídico que ativa receptores nos osteoclastos, inibin do-os a reabsorver tecido ósseo. Adicionalmente, os osteoblastos são estimulados a aumentar a síntese de osteóide, e, assim, a deposição de cálcio é aumentada. SAIBA MAIS! Os osteoclastos contêm receptores para a calcitonina, secretada pelas células parafoliculares da tireoide quando os níveis séricos de cálcio estão elevados. A calcitonina estimula a ativi dade da adenilato-ciclase, a qual gera um acúmulo de AMPc que resulta na imobilização dos osteoclastos e na sua contração para longe da superfície do osso, assim não ocorre a reab sorção óssea. Esse hormônio também inibe a formação dos osteoclastos. TECIDO ÓSSEO (HISTOLOGIA) 37 SE LIGA! A acromegalia ocorre em adultos que produzem um excesso de somatotrofina, causando um aumento anormal da deposição óssea sem a re absorção normal de tecido ósseo. Esta doença produz o espessamento dos os sos, especialmente os da face, além de desfigurar os tecidos moles. CORRELAÇÕES CLÍNICAS A osteoporose é caracterizada por ex pressivo decréscimo da massa óssea o qual se intensifica após a menopausa, uma vez que a secreção de estrogênio cai apreciavelmente. A ligação do es trogênio com receptores específicos dos osteoblastos ativa estas células a produzirem e secretarem matriz óssea. Com a diminuição da secreção de estro gênio, a atividade osteoclástica torna-se maior do que a deposição de tecido ós seo, reduzindo potencialmente a massa óssea até o ponto em que o osso não consegue resistir a forças e se quebra com facilidade. CORRELAÇÕES CLÍNICAS A maturação do esqueleto também é influenciada por hormônios produzi dos pelas gônadas masculinas e femi ninas. Normalmente, o fechamento dos discos epifisários é bastante estável e constante, e está relacionado à matura ção sexual. A maturação sexual precoce interrompe o crescimento do esqueleto porque os discos epifisários são esti mulados a se fecharem cedo demais. Em pessoas cuja maturação sexual está retardada, o crescimento do esqueleto continua além dos limites normais por que os discos epifisários não se fecham. CORRELAÇÕES CLÍNICAS A osteomalácia, ou raquitismo do adul to, é o resultado de uma deficiência pro longada de vitamina D. Quando isso ocorre, o tecido ósseo recém-formado no processo da remodelação óssea não se calcifica de modo adequado. Esta doença pode tornar-se grave du rante a gravidez, porque o feto requer cálcio, que precisa ser suprido pela mãe. Efeitos Nutricionais Existe uma sensível interferência de vários fatores nutricionais sobre o crescimento normal do osso. Se você considerar a natureza dos compo nentes essenciais do tecido ósseo, fica fácil entender que a manutenção deles em proporções adequadas es tabelece uma relação importante com a nossa nutrição. Assim, na eventua lidade de baixa ingestão de proteínas, minerais e vitaminas, haverá falta dos aminoácidos essenciais para a sín tese do colágeno pelos osteoblastos e redução da formação do colágeno. Uma ingestão insuficiente de cálcio e fósforo leva a ossos pouco minerali zados, tornando-os suscetíveis a fra turas. Uma deficiência de vitamina D impede a absorção de cálcio pelos intestinos, causando raquitismo em crianças. As vitaminas A e C também são necessárias para o desenvolvi mento adequado do esqueleto. TECIDO ÓSSEO (HISTOLOGIA) 39 CORRELAÇÕES CLÍNICAS O raquitismo é uma doença de crianças com deficiência de vitamina D. Sem a vitamina D, a mucosa intestinal não con segue absorver cálcio, mesmo havendo a ingestão de uma dieta adequada. Isto leva a distúrbios da ossificação das cartilagens dos discos epifisários e desorientação das células da metáfise, com formação de uma matriz óssea pouco calcificada Crianças com raquitismo apresentam ossos defor mados, particularmente das pernas, sim plesmente porque os ossos não resistem ao próprio peso. CORRELAÇÕES CLÍNICAS O escorbuto é uma condição resultan te da deficiência de vitamina C. Um de seus efeitos é uma produção deficiente de colágeno, causando uma redução na formação da matriz óssea e do desen volvimento ósseo. Processos de cicatri zação também se tornam demorados. u n i õ e s o u Sinostoses Sincondroses Sindesmoses Nenhum movimento Discreto movimento Discreto movimento O tecido ósseo é o tecido interposto A cartilagem hialina é o tecido interposto O tecido conjuntivo denso é o tecido interposto Ocorrência: Crânio dos idosos Ocorrência: 1ª Costela como o esterno Ocorrência: Sínfise púbica DIARTROSES Grandes movimentos com alto teor de ácido hialurônico Ação lubrificante Transporte de nutrientes Dialisado do plasma sanguíneo para a cavidade articular Delimita a cavidade articular Líquido sinovial União de ossos longos Presença de cápsula articular Camada externa: fibrosa Camada interna: Membrana sinovial Células do tipo A Células do tipo B Semelhantes ao macrófago Semelhantes ao fibroblasto Remoção de resíduos da cavidade articular Atividade secretora TECIDO ÓSSEO (HISTOLOGIA) TECIDO ÓSSEO (HISTOLOGIA) 43 A maioria das articulações das ex CORRELAÇÕES CLÍNICAS Artroscopia - A cavidade de uma ar ticulação sinovial pode ser examinada por meio da introdução de uma cânula e um artroscópio (um pequeno telescó pio) em seu interior. Esse procedimento cirúrgico — artroscopia — permite que os cirurgiões ortopédicos examinem anormalidades articulares, como a rup tura de meniscos (discos articulares par ciais do joelho). Durante a artroscopia também podem ser realizadas algumas intervenções cirúrgicas (p. ex., mediante introdução de instrumentos através de incisões perfurantes). Como a abertura na cápsula articular necessária para a introdução do artroscópio é pequena, a cicatrização após esse procedimento é mais rápida do que após a cirurgia arti cular tradicional. • Sinostoses - Há pouco ou ne nhum movimento, e o tecido ósseo é o tecido interposto (Ex.: ossos do crânio do adulto). • Sincondroses - Há pouco movi mento, e a cartilagem hialina é o tecido interposto (Ex.: articulação da primeira costela com o esterno). • Sindesmoses - Há pouco movi mento, e o tecido interposto é o te cido conjuntivo denso (Ex.: sindes mose tibiofibular). tremidades é de diartroses. Os ossos que constituem estas articulaçõessão recobertos por cartilagem hialina per sistente, ou cartilagem articular. Usu almente, ligamentos mantêm contato entre os ossos da articulação, a qual é vedada pela cápsula articular. Esta cápsula é composta por uma camada fibrosa externa de tecido conjuntivo denso, que é contínua com o periós teo dos ossos, e por uma camada ce lular interna, a camada sinovial, que cobre todas as superfícies não-arti culares. Alguns preferem denominá- -la de membrana sinovial. Dois tipos de células estão presentes na camada sinovial: • As células do tipo A são macrófa gos que possuem um aparelho de Golgi bem desenvolvido e muitos lisossomos, mas somente uma pe quena quantidade de REG. Estas células fagocitárias são responsá veis pela remoção de resíduos na cavidade articular. • As células do tipo B assemelham- -se aos fibroblastos, possuindo um REG bem desenvolvido; acredita- -se que estas células secretem o líquido sinovial. TECIDO ÓSSEO (HISTOLOGIA) 44 TECIDO ÓSSEO (HISTOLOGIA) 45 Discos intervertebrais CORRELAÇÕES CLÍNICAS Artrite reumatoide é uma doença crônica autoimune, caracterizada por um processo inflamatório iniciado na membrana sinovial, resultando em de formidade e destruição das estruturas articulares (cartilagens e ossos subja centes) além de tendões e ligamentos justapostos à articulação. Em geral, aco mete pequenas e grandes articulações em associação a manifestações sistê micas como rigidez matinal, fadiga e perda de peso. Quando envolve outros órgãos (coração, pulmões, rins etc.), a morbidade é maior. Acomete mais as mulheres do que os homens, e sua inci dência aumenta coma idade. Com a pro gressão da doença, os pacientes podem desenvolver incapacidade de executar atividades diárias e profissionais, sendo assim o diagnóstico precoce e o início imediato do tratamento fundamentais para prevenir ou impedir lesão articular permanente e irreversível. Localizado entre os corpos das vér tebras e unido a elas por ligamentos, cada disco intervertebral é formado por dois componentes: o anel fibroso e uma parte central, derivada da no tocorda do embrião, o núcleo pulpo so. O anel fibroso contém uma porção periférica de tecido conjuntivo den so, porém em sua maior extensão é constituído por fibrocartilagem, cujos feixes colágenos formam camadas concêntricas. Na parte central do anel fibroso existe um tecido formado por células arre dondadas, dispersas em um líquido viscoso rico em ácido hialurônico e contendo pequena quantidade de colágeno tipo II. Esse tecido constitui o núcleo pulposo. Discos intervertebrais TECIDO ÓSSEO (HISTOLOGIA) 46 lubrificados que previnem o desgas te do osso das vértebras durante os movimentos da coluna espinal. O nú cleo pulposo, rico em ácido hialurô nico, é muito hidratado e absorve as pressões como se fosse uma almo fada, protegendo as vértebras contra impactos. Disco intervertebral Figura 25. Exemplo de um tipo es pecial de articulação. Corte da cauda No jovem, o núcleo pulposo é relativa mente maior, sendo gradual e parcial mente substituído por fibrocartilagem com o avançar da idade. Os discos in tervertebrais funcionam como coxins CORRELAÇÕES CLÍNICAS A ruptura do anel fibroso, mais fre quente na sua parte posterior, na qual os feixes colágenos são menos densos, resulta na expulsão do núcleo pulpo so e no achatamento concomitante do disco. Frequentemente este se desloca de sua posição normal entre os corpos vertebrais. Quando o disco se movi menta na direção da medula espinal, pode comprimir nervos, provocando for tes dores e distúrbios neurológicos. Na maioria dos casos a dor se estende pela parte inferior da região lombar. 47 TECIDO ÓSSEO (HISTOLOGIA) ↑ Liberação de Ca2+ ↑ Reabsorção óssea ↓ Absorção intestinal do Ca2+ ↓ Excreção ↑ Calcemia Células C da tireoide Calcitonina Apoio aos músculos esqueléticos Depósito de cálcio e fósforo Osteopontina Sialoproteína óssea Osteonectina Osteocalcina Glicoproteínas Deposição de cálcio na matriz Transportado pelo sangue Núcleo com cromatina condensada Nutrição por canalículos Presentes em lacunas na matriz Células achatadas RE pouco desenvolvido renal do Ca2+ Estimula osteoclastos PTH ↓ Calcemia Suporte para tecidos moles Suporte para medula óssea Proteoglicanos Colágeno tipo I Estimula a produção de osteoblastos à distância Complexo de Golgi pouco desenvolvido Células gigantes, multinu-cleadas, ramificadas e móveis Amortecimento contra choques mecânicos Anel fibroso Constituído por pro teoglicanos e água Proteção para órgão vitais Síntese de matriz orgânica Osteoblastos Osteócitos Remodelação óssea Reabsorção de Citoplasma granuloso com vacúolos Núcleo pulposo Composto por células residuais da notocorda Funções Componentes celulares Osteoclastos Matriz óssea Matriz orgânica tecido ósseo Colágeno tipo I Derivam de precursores mononu Intervertebrais Discos intervertebrais Efeitos hormonais Articulações TECIDO Revestimento de Matriz Inorgânica Proteo glicanos cleados Maduro: acidófilo Ação lubrifi cante Líquido sinovial Atividade secretora Semelhantes ao Avaliação Macroscópica ÓSSEO tecido conjuntivo Classificação dos ossos Glicopro teínas Jovem: basófilo Transporte de nutrientes Remoção de fibroblasto Células do tipo B Ossificação Avaliação microscópica Endósteo Periósteo Células osteogênicas achatadas Fibras colágenas Células osteoprogenitoras resíduos da cavidade articular Semelhante ao macrófago Camada externa: fibrosa Células do tipo A Delimita a cavidade articular Camada inter na: membrana sinovial Intramembranosa Formação dos ossos chatos do crânio Endocondral Parâmetro histológico Tecido ósseo secundário Tecido ósseo primário Funções Fibras de Sharpey Nutrição do tecido ósseo Fornecimento de novos osteoblastos Ossos Pneumáticos Presença de cápsula articular Crescimento dos ossos Pouco Zona de repouso Quanto à forma Ossos curtos Sinostoses Sincondroses Grandes movimentos curtos Formação de ossos curtos e longos mineralizada Fibras colágenas Zona de proliferação Ossos longos Ossos irregulares Ossos sesamóides Sindesmoses Movimentos limitados Diartroses Sinartroses Processamento sobre um molde de cartilagem hialina sem organização definida Zona de carti lagem hipertrófica Zona de Haste: Diáfise Medula óssea amarela Extremidades articulares: Epífise Medula Osso esponjoso Osso compacto Canais de Havers Canais de Volkmann calcificação Zona de ossificação Discos epifisários Atividade hematogênica óssea vermelha TECIDO ÓSSEO (HISTOLOGIA) 48 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Junqueira, LC; Carneiro, J – Histologia Básica – Texto e Atlas – 12ª Edição – Editora Guana bara Koogan 2013. Gartner, LP; Hiatt, JL – Tratado de Histologia em Cores – 3ª Edição – Saunders/Elsevier 2007. Montanari, T. Histologia: texto, atlas e roteiro de aulas práticas (Recurso eletrônico) - 3ª Edi ção – Edição da autora 2016. Guyton, AC; Hall. JE – Tratado de Fisiologia Médica – 13ª Edição – Elsevier 2017. Andrade, FG; Ferrari, O – Atlas Digital de histologia Básica (Recurso eletrônico) – Universida de Estadual de Londrina – 1ª Edição 2014. TECIDO ÓSSEO (HISTOLOGIA) 49
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