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Universidade Federal de Juiz de Fora Faculdade de Engenharia Departamento de Transportes e Geotecnia MECÂNICA DOS SOLOS II – PRÁTICA Ensaio de Índice Suporte Califórnia (Califórnia Bearing Ratio) (Ensaio ISC ou CBR) Prof. Roberto L. Ferraz 2014 Sumário ENSAIO DE ÍNDICE SUPORTE CALIFÓRNIA 1 INTRODUÇÃO 1 2 METODOLOGIA DE EXECUÇÃO DO ENSAIO CBR 3 2.1 Aparelhagem 3 2.2 Energias de compactação 5 2.3 Execução do ensaio 6 2.3.1 Preparação de amostras para o ensaio CBR 6 2.3.2 Moldagem dos corpos-de-prova 6 2.3.3 Medida da expansão dos corpos-de-prova 8 2.3.4 Penetração dos corpos-de-prova 9 2.3.5 Cálculos do ensaio 10 2.3.6 Apresentação de resultados 13 3 VALORES TÍPICOS DE CBR 14 4 EXEMPLOS DE ESPECIFICAÇÕES DE CBR 15 8 EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO 17 REFERÊNCIAS 18 1 Ensaio de Índice Suporte Califórnia 1 INTRODUÇÃO O Ensaio de Índice Suporte Califórnia (ISC), também denominado de “Ensaio CBR” (Califórnia Bearing Ratio), é um ensaio para avaliação das características de expansão e de resistência mecânica dos materiais empregados nas camadas de pavimentos rodoviários. Na Figura 1 é mostrada uma seção típica de um pavimento flexível com todas as camadas que podem estar presentes no mesmo, as quais são definidas após a figura. Segundo o Manual de Pavimentação do DNIT publicado em 2006, pavimento flexível é aquele em que todas as camadas sofrem deformação elástica significativa sob o carregamento aplicado e, portanto, a carga se distribui em parcelas equivalentes entre as camadas. Figura 1 - Seção transversal típica das camadas de um pavimento flexível Subleito: Constitui-se o terreno de fundação do pavimento (DNIT, 2006). Regularização do subleito: operação destinada a conformar o leito estradal, transversal e longitudinalmente, obedecendo às larguras e cotas constantes das notas de serviço de regularização de terraplenagem do projeto, compreendendo cortes ou aterros até 20 cm de espessura (Norma DNIT 137/2010-ES). Reforço do subleito: Camada estabilizada granulometricamente, executada sobre o subleito devidamente compactado e regularizado, utilizada quando se torna necessário reduzir espessuras elevadas da camada de sub-base, originadas pela baixa capacidade de suporte do subleito (Norma DNIT 138/2010-ES). Estabilização granulométrica: Processo de melhoria da capacidade resistente de materiais “in natura” ou mistura de materiais, mediante emprego de energia de compactação adequada, de forma a se obter um produto final com propriedades adequadas de estabilidade e durabilidade (DNIT 138/2010-ES). 2 Sub-base: Camada de pavimentação, complementar à base e com as mesmas funções desta, executada sobre o subleito ou reforço do subleito, devidamente compactado e regularizado (Norma DNIT 139/2010-ES). Base: Camada de pavimentação destinada a resistir aos esforços verticais oriundos dos veículos, distribuindo-os adequadamente à camada subjacente, executada sobre a sub-base, subleito ou reforço do subleito devidamente regularizado e compactado (Norma DNIT 141/2010-ES). Revestimento: Camada, tanto quanto possível impermeável, que recebe diretamente a ação do rolamento de veículos e destinada a melhorá-la, quanto à comodidade e segurança e a resistir ao desgaste (DNIT, 2006). O ensaio de ISC foi originalmente proposto por O. J. Porter, do Departamento de Estradas de Rodagem da Califórnia, em 1929, sendo posteriormente desenvolvido e modificado por outros órgãos rodoviários americanos. Por ocasião da Segunda Guerra Mundial, este ensaio foi muito utilizado e aperfeiçoado pelos engenheiros norte-americanos, por se mostrar simples e de rápida execução, permitindo dessa forma uma rápida obtenção de parâmetros para a construção das pistas de pouso dos aviões militares. A partir da experiência adquirida pelos norte-americanos, e devido à sua rapidez e simplicidade de execução, este ensaio foi adotado por grande parte dos órgãos rodoviários de diversos países, inclusive no Brasil, para a obtenção dos parâmetros utilizados no dimensionamento de pavimentos flexíveis. Basicamente, o ensaio consiste na compactação do solo em um cilindro e posterior submersão do mesmo em água por um período de 4 dias, após o qual são feitas as seguintes determinações: - Expansão do solo compactado em condições de imersão; - Índice de Suporte Califórnia (ISC) ou CBR (Califórnia Bearing Ratio). Para a determinação do Índice de Suporte Califórnia (ISC) o solo compactado é levado a uma prensa onde é feita a penetração do corpo-de-prova com um pistão de dimensões padronizadas (Área da base 19,35 cm2) e numa velocidade de 1,27 mm/min, registrando-se as pressões no solo em determinados intervalos de tempo. O ISC ou CBR do solo é definido como sendo a relação entre a pressão necessária para produzir uma penetração de 2,54 mm (ou de 5,08 mm em alguns casos), e a pressão necessária para produzir a mesma penetração numa mistura padrão de brita estabilizada granulometricamente. O valor do ISC deve ser expresso em porcentagem, e ser o maior dos dois valores calculados para as penetrações citadas acima (2,54 mm ou 5,08 mm). Assim, na verdade o valor do ISC (ou CBR) de um solo expressa a comparação entre a sua resistência à penetração (na umidade de moldagem) e a resistência de um material padrão, que no caso é uma brita de boa qualidade da Califórnia (EUA). Se já forem conhecidos os parâmetros de compactação do solo (umidade ótima, wótima, e a massa específica aparente seca máxima, d máx), o ensaio pode ser executado moldando-se um 3 corpo-de-prova com esses parâmetros para a determinação do seu CBR. Em função da forma de execução desse tipo de ensaio, o mesmo geralmente é denominado de Ensaio CBR com 1 ponto. Se ainda não forem conhecidos os parâmetros de compactação do solo, o ensaio pode ser executado para cada ponto da curva de compactação, obtendo-se dessa forma a curva de variação do CBR com a umidade. Em função da forma de execução do ensaio, este recebe a denominação de Ensaio CBR com 5 pontos ou Ensaio CBR completo. Nesse caso, também é obtida a curva de compactação do solo. 2 METODOLOGIA DE EXECUÇÃO DO ENSAIO CBR Basicamente, o ensaio CBR tem por objetivo determinar, em laboratório, o valor do Índice de Suporte Califórnia (ISC ou CBR) e a expansão de solos compactados, sendo que no Brasil este ensaio pode ser realizado tomando-se como base uma das normas relacionadas a seguir: - ABNT NBR 9895/87 - Solo - Índice de Suporte Califórnia; - DNER-ME 049/94 - Solos - determinação do índice de Suporte Califórnia utilizando amostras não trabalhadas. Por questões de uniformidade de procedimentos e notações, o texto apresentado a seguir tomou como referência a norma NBR 9895/87 da ABNT. 2.1 Aparelhagem Alguns dos itens que constam da aparelhagem necessária para a execução do ensaio de Índice de Suporte Califórnia são os seguintes: - balanças que permitam pesar nominalmente 20 kg, 1500 g e 200 g, com resoluções de 1 g, 0,1 g e 0,01 g, respectivamente; - peneiras de 19 e 4,8 mm; - extensômetro de curso mínimo de 10 mm, graduado em 0,01 mm; - porta-extensômetro; - disco anelar de aço para sobrecarga, dividido diametralmente em duas partes, com (2270 ± 10) g de massa total, com diâmetro externo de 149 mm e diâmetro interno de 54 mm; - prensa para execução da penetração; - cilindro (compreende os seguintes itens: o molde cilíndrico de bronze, latão ou ferro galvanizado, a base perfurada, o cilindro complementar de mesmo diâmetro (colarinho) e o disco espaçador, conforme ilustrado na Figura 2). - soquete metálico grande (Massa = 4536 10g e altura de queda de 457 ± 2mm); - prato perfurado (149 mm de diâmetro e 5 mm de espessura) com haste central ajustável; 4 Figura 2 - Dimensões do cilindro metálicoutilizado no ensaio CBR (cilindro grande) Tabela 1 - Dimensões e volume do molde cilíndrico usado no ensaio CBR Discriminação Cilindro Grande Altura útil (mm) 114,3 0,3 Diâmetro (mm) 152,4 0,6 Volume (cm3) 2085 22 Figura 3 - Alguns itens da aparelhagem para execução do ensaio CBR Extensômetro Prensa para execução da penetração Pistão de penetração Cilindro grande Tripé porta extensômetro Prato da prensa Prato perfurado com haste central Discos anelares Soquete grandee Cilindro grande 5 - estufa capaz de manter a temperatura entre 105oC e 110oC; - cápsulas metálicas, com tampa, para determinação da umidade; - bandejas metálicas de 75 x 50 x 5 cm; - régua de aço biselada com comprimento de 30 cm; - extrator de corpo-de-prova; - papel filtro circular com cerca de 150 mm de diâmetro; - provetas de vidro (1000 cm3, 200 cm3,100 cm3); - conchas metálicas com capacidade de 1000 e 500 cm3; - base rígida, preferencialmente de concreto, com massa superior a 100 kg; - tanque ou recipiente com capacidade tal que permita a imersão total do corpo-de-prova. Figura 4 - Demais itens da aparelhagem para execução do ensaio CBR 2.2 Energias de compactação As energias de compactação especificadas pela NBR 9895/87 são a normal, a intermediária e a modificada, com 12, 26 e 55 golpes por camada, respectivamente, num total de 5 camadas, conforme definidas pela NBR 7182/86 (Solo ensaio de compactação). Tabela 2 - Energias de compactação (NBR 7182/86) Cilindro Características inerentes a cada energia de compactação Energia de compactação Normal Intermediária Modificada Grande Soquete grande grande grande No de camadas 5 5 5 No de golpes por camada 12 26 55 Altura do disco espaçador (mm) 63,5 63,5 63,5 Provetas Estufa Extrator de amostra Recipiente para imersão dos corpos de prova 6 2.3 Execução do ensaio São as seguintes as etapas necessárias para a execução do ensaio CBR: a) preparação da amostra; b) moldagem dos corpos-de-prova; c) ensaio de expansão; d) ensaio de penetração. 2.3.1 Preparação de amostras para o ensaio CBR A preparação de amostras para o ensaio CBR deve ser realizada de acordo com a norma ABNT NBR 6457/86 (Amostras de solo - preparação para ensaios de compactação e ensaios de caracterização). Como o ensaio é feito sem reuso de material, podem ser utilizados três processos para a preparação das amostras a serem compactadas: a) preparação com secagem prévia até a umidade higroscópica; b) preparação a 5% abaixo da umidade ótima presumível; c) preparação a 3% acima da umidade ótima presumível. Os métodos de preparação de amostras citados acima foram descritos com detalhes no tópico referente ao ensaio de compactação. A quantidade mínima de material recomendado para a execução do ensaio CBR completo (com cinco pontos) é de 50 kg. Tabela 3 - Procedimento após peneiramento (NBR 6457/86) Peneira (mm) Material retido (% em peso) Observação 4,8 menor que 7 Desprezar o material retido 19,1 menor que 10 Desprezar o material retido 19,1 maior que 10 ver nota abaixo 19,1 maior que 30 não ensaiar de acordo com a norma NBR 9895/97 (Solo - Índice de Suporte Califórnia) Nota: Passar o material retido na peneira de 19,1 mm através da de 76,2 mm e desprezar o material retido nesta última. Substituir o material retido na peneira de 19,1 mm e que passou na de 76,2 mm por igual quantidade de material retido na peneira 4,8 e que passe na de 19,1 mm. 2.3.2 Moldagem dos corpos-de-prova A etapa inicial para a moldagem dos corpos-de-prova do ensaio CBR (com 5 pontos) compreendem as mesmas descritas para o ensaio de compactação sem reuso de material, ou seja: - estimar a umidade ótima presumível do solo; - calcular as quantidades de água necessárias para obter as umidades correspondentes aos 5 pontos do ensaio (w1, w2, w3, w4 e w5), com incremento de 2% de uma para a outra. 7 Após a etapa inicial, a moldagem dos corpos-de-prova compreenderá os seguintes passos: a) fixar o molde cilíndrico à sua base e colocar o disco espaçador. Se necessário, colocar uma folha de papel filtro com diâmetro igual ao do molde utilizado, de modo a evitar a aderência do solo compactado à superfície metálica do disco espaçador; b) colocar a amostra preparada na bandeja metálica e, com auxílio da proveta de vidro, adicionara quantidade de água necessária para obter o teor de umidade correspondente ao corpo-de-prova a ser moldado (w1, w2, w3, w4ou w5); c) homogeneizar o material na bandeja metálica; d) compactar o solo, em cinco camadas com o soquete grande, observando o número de golpes por camada correspondentes à energia desejada (vide Tabela 2): d.1) os golpes do soquete devem ser aplicados perpendicularmente e distribuídos uniformemente sobre a superfície de cada camada, sendo que as alturas das camadas devem resultar aproximadamente iguais; d.2) a compactação de cada camada deve ser precedida de uma ligeira escarificação da camada subjacente para melhorar a aderência entre as mesmas; d.3) imediatamente após a compactação da segunda camada deve ser retirada uma porção da amostra remanescente na bandeja para a determinação do teor de umidade; d.4) após a compactação da última camada, antes de retirar o cilindro complementar deve-se escarificar o material em contato com a parede do mesmo, com auxílio de espátula. Deve haver um excesso de, no máximo, 10 mm de solo compactado acima do molde. e) remover e rasar o excesso de solo compactado na face superior do molde com auxílio da régua biselada. Feito isso, remover o molde cilíndrico de sua base. f) pesar o conjunto, com resolução de 1g, e, por subtração da massa do molde cilíndrico, obter a massa de solo úmido compactado; f) repetir as operações anteriores para teores crescentes de umidade tantas vezes quantas necessárias para caracterizar a curva de compactação com um mínimo de cinco corpos- de-prova, os quais serão utilizados nos ensaios de expansão e de penetração. (a) Compactação do solo (b) Solo compactado Figura 5 - Etapas da moldagem de um corpo-de-prova para o ensaio CBR (c) Detalhe do corpo-de-prova compactado no molde cilíndrico 8 2.3.3 Medida da expansão dos corpos-de-prova Terminadas as moldagens necessárias para caracterizar a curva de compactação, retirar o disco espaçador de cada corpo-de-prova, inverter os moldes e fixá-los nos respectivos pratos-base perfurados, conforme ilustrado na figura a seguir. Figura 6 - Preparação do corpo-de-prova para o ensaio de expansão Colocar, em cada corpo-de-prova, no espaço deixado pelo disco espaçador, o prato perfurado com a haste de expansão e sobre ele dois discos anelares cuja massa total deve ser de (4540 ± 20) g. Colocar o tripé porta-extensômetro (já com o extensômetro acoplado ao mesmo) na borda superior do cilindro e apoiara haste do extensômetro na haste de expansão do prato perfurado. Anotar a leitura inicial e imergir o corpo-de-prova no recipiente com água. Figura 7 - Corpos-de-prova em imersão durante o ensaio de expansão Cada corpo-de-prova deve permanecer em imersão por no mínimo quatro dias e as leituras no extensômetro devem ser efetuadas de 24 em 24 horas. Essas leituras podem ser indicadas conforme sugestão na Tabela 4. Finalizado o período de imersão, retirar cada corpo-de-prova da imersão e deixar escoar a água por 15 minutos. Após esse tempo, o corpo-de-prova estará preparado para a penetração. Haste doextensômet Tripé porta- extensômetro 9 Tabela 4 - Leituras durante o período de imersão Tempo decorrido (dias) Data Hora Leitura no extensômetro (mm) Diferença de leitura no extensômetro (mm) Início 1 2 3 4 -------- Altura inicial do corpo-de-prova(mm) 2.3.4 Penetração dos corpos-de-prova A penetração dos corpos-de-prova é realizada em uma prensa conforme ilustrado na Figura 8. Antes do início da penetração deve ser colocado no topo de cada corpo-de-prova, e dentro do molde cilíndrico, as mesmas sobrecargas utilizadas no ensaio de expansão. A penetração deve ser realizada de acordo com os seguintes procedimentos: a) colocar o conjunto (corpo-de-prova + sobrecargas) no prato da prensa e proceder ao assentamento do pistão de penetração no solo, pela aplicação de uma carga de aproximadamente 45 N (4,59 kgf), controlada pelo deslocamento do ponteiro do extensômetro do anel dinamométrico; b) a seguir, zerar o extensômetro do anel dinamométrico e aquele que mede a penetração do pistão no solo (vide Figura 8); c) acionar a manivela da prensa com a velocidade de 1,27 mm/min e proceder à penetração do corpo-de-prova realizando as leituras no extensômetro do anel dinamométrido. Cada leitura neste extensômetro é função de uma penetração do pistão no solo e de um tempo especificado para o ensaio, conforme ilustrado na tabela a seguir. Tabela 5 - Leituras efetuadas durante a penetração do corpo-de-prova Tempo (min) Penetração (mm) Leitura (mm) Carga (N) Pressão (MPa) 0,5 0,63 1,0 1,27 1,5 1,90 2,0 2,54 2,5 3,17 3,0 3,81 3,5 4,44 4,0 5,08 5,0 6,35 6,0 7,62 7,0 8,89 8,0 10,16 9,0 11,43 10,0 12,70 10 Figura 8 - Montagem para realização da penetração do corpo-de-prova 2.3.5 Cálculos do ensaio Os cálculos referentes ao ensaio CBR podem ser realizados conforme descrito nos itens a seguir: a) Massa específica aparente seca Determinar a massa específica aparente seca (d) de cada corpo-de-prova, utilizando a expressão a seguir, onde é a massa específica aparente úmida, w é o teor de umidade de compactação, Mu é a massa de solo úmido compactada no cilindro e V é o volume útil do cilindro de compactação. (%)w100 100 V M w1 u d (1) b) Expansão Calcular a expansão de cada corpo-de-prova, utilizando a expressão a seguir, onde Lf e Li são, respectivamente, as leituras final e inicial no extensômetro durante o período de imersão e Hi é a altura inicial do corpo-de-prova. (%)100. H LL (%)Expansão i if (2) Cilindro com o solo compactado Pistão (A = 3 pol 2 ) A = 19,35 cm 2 Velocidade de subida do prato (v = 0,05 pol/min ou 1,27 mm/min) Anel dinamométrico calibrado Extensômetro do anel dinamométrico Extensômetro que mede a penetração do pistão no solo Prensa Manivela da prensa 11 c) Índice de Suporte Califórnia (ISC ou CBR) c.1) Para cada corpo-de-prova traçar a curva pressão aplicada pelo pistão versus penetração do pistão. c.2) Se a curva pressão-penetração, referente ao corpo-de-prova em análise, não apresentar ponto de inflexão (vide Figura 9), o valor do CBR correspondente a este corpo-de-prova será calculado utilizando a seguinte expressão: (%)100. padrãoPressão calculadaessãoPr (%)CBR (3) Nota: Devem ser calculados os valores de CBR para as penetrações de 2,54 mm (pressão padrão = 6,90 MPa ( 70 kgf/cm2)) e 5,08 mm (pressão padrão = 10,35 MPa ( 105 kgf/cm2)), e ser adotado o maior dos dois valores para o CBR do corpo-de-prova considerado. Figura 9 - Cálculo do CBR para curva pressão-penetração sem ponto de inflexão c.3) Se a curva pressão-penetração apresentar um ponto de inflexão (vide Figura 10), deve-se inicialmente proceder à correção da mesma antes de calcular o CBR do corpo-de-prova. Figura 10 - Curva pressão-penetração com ponto de inflexão O passo inicial para a correção da curva pressão-penetração consiste em traçar uma tangente à curva passando pelo ponto de inflexão, até a interseção desta com o eixo das abscissas. A 12 curva corrigida será então esta tangente mais a porção convexa da curva original, tendo-se dessa forma um deslocamento da origem para o ponto onde a tangente corta o eixo das abscissas, conforme ilustrado na Figura 11. Figura 11 - Curva pressão-penetração com ponto de inflexão Com o deslocamento da origem referente ao eixo das abscissas, as pressões corrigidas, correspondentes às penetrações de 2,54 mm e 5,08 mm, podem ser obtidas como segue: i) medir a distância c (valor da correção) entre a origem dos eixos e o ponto onde a tangente corta o eixo das abscissas. A seguir, basta somar a distância “c” às abscissas dos pontos correspondentes às penetrações de 2,54 mm e 5,08 mm, para obter as abscissas corrigidas dessas penetrações (Figura 12). ii) a partir das duas abscissas corrigidas, obter na curva pressão-penetração novos valores de pressões, que serão as pressões corrigidas para as penetrações de 2,54 mm e de 5,08 mm, a serem utilizadas no cálculo do CBR (Figura 12). (%). padrãoPressão corrigidaessãoPr (%)CBR 100 (4) Figura 12 - Correção da curva pressão-penetração com ponto de inflexão Penetração (mm) Pressão (MPa) 2,54 5,08 P1 calculada P1 corrigida P2 calculada P2 corrigida c (correção medida no gráfico) c (correção) c (correção) Tangente pelo ponto de inflexão Nova origem para medição da penetração no corpo-de-prova (%). MPa6,90 P CBR corrigida 11 100 (%). MPa10,35 P CBR corrigida 22 100 CBRcorpo-de-prova = Maior (CBR1, CBR2) 13 Portanto, com base no descrito neste item, a expressão geral para cálculo do CBR de um corpo-de-prova qualquer, pode ser escrita como: (%). padrãoPressão corrigidapressãooucalculadaessãoPr (%)CBR 100 (5) 2.3.6 Apresentação de resultados A NBR 9895/87 recomenda que na apresentação de resultados seja observado: a) Curva de compactação: traçar a curva de compactação (em coordenadas cartesianas normais), marcando-se nas abscissas os teores de umidade, w, e nas ordenadas as massas específicas aparentes secas correspondentes, d (pode ser utilizado também o peso específico aparente seco d). A curva resultante deve ter um formato aproximadamente parabólico. b) Massa específica aparente seca máxima: é o valor correspondente à ordenada máxima da curva de compactação, expresso com aproximação de 0,01 g/cm3. c) Umidade ótima: é o valor de umidade correspondente, na curva de compactação, ao ponto de massa específica aparente seca máxima, expresso com aproximação de 0,1%. d) Índice de Suporte Califórnia (ISC ou CBR): na mesma folha em que for apresentada a curva de compactação, usar a mesma escala de umidades de moldagem e registrar em escalas adequadas os valores dos Índices de Suporte Califórnia e expansão obtidos (Ex.: Figura 13). Nota: O valor do ISC do ensaio deve ser obtido da curva segundo critérios de projeto. e) Características do ensaio: indicar o processo de preparação da mostra e a energia utilizada na compactação dos corpos-de-prova. Figura 13 - Exemplo de resultados obtidos em um ensaio CBR 14 3 VALORES TÍPICOS DE CBR Os valores esperados de CBR para solos argilosos são baixos, geralmente em torno de 10% ou abaixo deste. Com o aumento da fração granular do solo, observa-se também aumento dos valores de CBR, que podem atingir valores elevados em materiais de boa qualidade e bem graduados. Para dar uma ideia da ordem de grandeza dos valores de CBR, apresenta-se a seguir uma tabela do Manual de Pavimentação do DNIT (DNIT, 2006), onde constam os valores prováveis de CBR para os grupos de solos do Sistema Unificado de Classificação de Solos (SUCS). Tabela 6 - Valores prováveis de CBR para os grupos de solos do SUCS (DNIT, 2006) Os significados dos símbolos dos grupos de solos são apresentados a seguir, sendo recomendada a leitura do Manual citado para um melhor entendimento da classificação SUCS. GW = Cascalho bem graduado, cascalho e areia sem muitos finos; GP = Cascalho mal graduado,cascalho e areia sem muitos finos; GM = Cascalho siltoso com areia; GC = Cascalho argiloso com areia; SW = Areia bem graduada, com cascalho e sem muitos finos; SP = Areia mal graduada, com cascalho e sem muitos finos; SM = Areia siltosa, mistura de areia e silte ou limo; SC = Areia argilosa, mistura de areia e argila; ML = Material siltoso e areias muito finas, pó-de-pedra, areias finas siltosas ou argilosasou siltes argilosos com baixa plasticidade; CL = Argilas magras, argilas de plasticidade baixa ou média, argilas com cascalho, areia ou silte; CH = Argilas gordas, de plasticidade média ou alta; 15 MH = Siltes, limos, areia finas micáceas ou diatomáceas, solos siltosos, siltes elásticos; OL = Siltes orgânicos, argilosos ou não, com baixa plasticidade; OH = Argilas orgânicas de plasticidade média ou alta, siltesorgânicos. 4 EXEMPLOS DE ESPECIFICAÇÕES DE CBR Como exemplos de especificações técnicas de compactação, com base em valores de expansão e CBR, citam-se aquelas direcionadas à execução de aterros para plataformas de rodovias, constantes na Norma DNIT 108/2009 – ES (Terraplenagem – Aterros – Especificação de Serviço). Segundo esta norma, para o material usado na execução do corpo do aterro e das camadas finais (Figura 14) deve-se ter: Figura 14 – Terminologia usada em serviços de execução de aterros rodoviários - Corpo dos aterros: para efeito de execução do corpo de aterro, o material deve apresentar capacidade de suporte adequada (ISC 2%) e expansão menor ou igual a 4% (Obs.: Para a energia normal para a compactação). - Camadas finais: Para estas camadas o material deve apresentar melhor capacidade de suporte e expansão inferior a 2% ( 2%). (Obs.: Deve ser usada a energia intermediária para a compactação). O atendimento aos preceitos mencionados deve ser efetivado a partir de análise técnico-econômica, considerando as alternativas de disponibilidade de materiais ocorrentes e incluindo-se, pelo menos, 01 (uma) alternativa com a utilização de material com CBR 6%. Quanto à regularização do subleito, a Norma DNIT 137/2010-ES (Pavimentação – regularização do Subleito) especifica que: - Os materiais empregados na regularização do subleito serão os do próprio. Em caso de substituição ou adição de material, estes deverão ser provenientes de ocorrências de materiais indicados no projeto e a apresentar as seguintes características: - não possuir partículas com diâmetro máximo acima de 76 mm; - possuir CBR maior ou igual aos indicados no projeto e expansão 2% (Obs.: Deve ser usada a energia normal no ensaio). 16 Quanto aos valores de CBR para o dimensionamento das camadas de pavimento flexíveis, segundo o Manual de Pavimentação do DNIT (DNIT, 2006) tem-se que: - Os materiais do subleito devem apresentar uma expansão, medida no ensaio C.B.R., menor ou igual a 2% e um CBR ≥ 2%. Classificação dos materiais empregados no pavimento. a) Materiais para reforço do subleito, os que apresentam CBR maior que o do subleito e expansão ≤1% (medida com sobrecarga de 10 Ib (4,54 kg)); b) Materiais para sub-base, os que apresentam CBR ≥ 20%, Índice de Grupo IG = 0 e expansão ≤ 1%(medida com sobrecarga de 10 lb (4,54 kg)) c) Materiais para base, os que apresentam: CBR ≥ 80% e expansão ≤ 0,5% (medida com sobrecarga de 10 Ib), Limite de liquidez ≤ 25% e Índice de plasticidade ≤ 6%. Caso o limite de liquidez seja superior a 25% e/ou o índice de plasticidade seja superior a 6; o material pode ser empregado em base (satisfeitas as demais condições), desde que o Equivalente de Areia (EA) seja superior a 30. Para um número de repetições do eixo-padrão, durante o período do projeto N ≤ 5 x 106, podem ser empregados materiais com C.B.R. ≥ 60%. Figura 15 - Esquema da seção transversal de um pavimento Subleito 17 5 - EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO Exercício 1: Para um determinado solo foi realizado um ensaio de CBR com um ponto compactado na umidade ótima, cujos resultados são apresentados abaixo. Tempo ensaio (min) Penetração do pistão (mm) Pressão padrão (kgf/cm2) Pressão (kgf/cm2) CBR ou ISC (%) Valores obtidos no ensaio de expansão Calculada Corrigida 0 0 - 0 Altura inicial do corpo-de- prova: Hi = 114,3 mm Medidas de expansão (4 dias): Leitura inicial: Li = 0,00 mm Leitura final: Lf = 1,37 mm 0,5 0,63 - 0,6 1,0 1,27 - 2,1 1,5 1,90 - 5,5 2,0 2,54 70 7,6 2,5 3,17 - 9,2 3,0 3,81 - 10,2 3,5 4,44 - 11,1 4,0 5,08 105 11,8 5,0 6,35 - 12,8 6,0 7,62 132 13,6 7,0 8,89 - 14,2 8,0 10,16 161 14,8 9,0 11,43 - 15,2 10,0 12,70 182 15,6 Com base nos dados acima obter o valor do Índice de Suporte Califórnia (ISC) e da expansão, correspondentes ao corpo-de-prova ensaiado. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 P re ss ão ( kg f/ cm 2 ) Penetração do pistão (mm) 18 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6457: Amostras de solo - Preparação para ensaios de compactação e ensaios de caracterização. Rio de Janeiro, 1986a ______. ABNT NBR 7182: Solo - Ensaio de compactação. Rio de Janeiro, 1986b. ______. ABNT NBR 9895: Solo - Índice de Suporte Califórnia. Rio de Janeiro, 1987. CAPUTO, H. P. Mecânica dos solos e suas aplicações - fundamentos. 6a edição. Vol. 1. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora, 1988. DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM. DNER-ME 049/1994: Solos - determinação do índice de Suporte Califórnia utilizando amostras não trabalhadas, 1994. DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES. NORMA DNIT 108/2009 – ES: Terraplenagem – Aterros – Especificação de Serviço. Rio de Janeiro, 2009. ______. NORMA DNIT 137/2010-ES: Pavimentação – Regularização do subleito – Especificação de serviço. Rio de Janeiro, 2010. ______. NORMA DNIT 138/2010-ES: Pavimentação – Reforço do subleito – Especificação de serviço. Rio de Janeiro, 2010. ______. NORMA DNIT 139/2010-ES: Pavimentação – Sub-base estabilizada granulometricamente – Especificação de serviço. Rio de Janeiro, 2010. ______. NORMA DNIT 141/2010-ES: Pavimentação – Base estabilizada granulometricamente – Especificação de serviço. Rio de Janeiro, 2010. ______. Manual de pavimentação. 3a edição. Rio de Janeiro, 2006. VARGAS, M. Introdução à mecânica dos solos. São Paulo: MCgraw-Hill do Brasil, 1977.
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