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Babesia: um protozoário transmitido por carrapatos

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 O gênero Babesia compreende protozoários 
parasitas de hemácias de humanos e diferentes 
animais domésticos e silvestres. Esse piroplasma 
tem significado histórico especial por ter sido o 
primeiro protozoário reconhecidamente transmitido 
por um artrópode (no caso o carrapato), o que 
possibilitou importantes estudos posteriores sobre a 
transmissão de outros protozoários de animais e 
seres humanos. 
 Levando em consideração o seu tamanho dentro da 
hemácia, as babésias são divididas em pequenas (< 3 
μm) ou grandes (> 3 μm). 
 Multiplicam-se por divisão binária e, após a 
multiplicação, tipicamente apresentam um formato 
piriforme, daí serem conhecidas popularmente 
como piroplasmas. 
 O diagnóstico molecular de Babesia spp. tem 
demonstrado que a especificidade de 
pirosplasmídeos com relação aos hospedeiros é 
menor do que se pensava anteriormente. Nos 
últimos anos, foram descritas novas espécies de 
Babesia, novas áreas endêmicas para antigas 
espécies e, até mesmo, espécies em hospedeiros 
não usuais. 
 
 
Babesia vogeli: 
 
Hospedeiro intermediário: cães 
Hospedeiro definitivo: carrapato Rhipicephalus 
sanguineus; transmissão transovariana e transetadial. 
 
Babesia bovis e Babesia bigemina: 
 
Hospedeiro Intermediário: bovinos 
Hospedeiro Definitivo: carrapato Rhipicephalus microplus. 
 
 
 
 
 O carrapato, ao se alimentar do sangue do 
hospedeiro vertebrado, ingere os merozoítos e os 
gamontes. 
 Os merozoítos são destruídos no intestino do 
carrapato, enquanto os gamontes se diferenciam 
em gametas masculinos e femininos e iniciam a 
reprodução sexuada, ou gametogonia. O produto da 
fusão dos gametas é um zigoto, que, por ter 
motilidade, é chamado de oocineto. 
 O oocineto penetra nas células do tubo digestivo do 
carrapato e nelas se multiplica por divisão binária ou 
múltipla, originando os esporocinetos, também 
chamados de vermículos (organismos claviformes, 
alongados). As células infectadas se rompem e 
liberam os esporocinetos, que também são móveis e 
migram, pela hemolinfa, para os tecidos do 
carrapato. 
 No caso das fêmeas de carrapatos, os 
esporocinetos atingem os ovários e, a partir destes, 
os ovos e larvas (transmissão transovariana). Os 
esporocinetos também podem atingir as glândulas 
salivares, onde novamente se multiplicarão de 
forma assexuada pelo processo de esporogonia, 
dando origem às formas infectantes para os 
hospedeiros vertebrados, que são os esporozoítos. 
 O carrapato, ao sugar o sangue do hospedeiro, 
inocula os esporozoítos, que penetram nas 
hemácias do animal, transformam-se em 
trofozoítos e dividem-se assexuadamente, por 
divisão binária, formando merozoítos. A célula se 
rompe e os merozoítos são liberados e penetram 
em novas hemácias, reiniciando a multiplicação. Uma 
pequena porcentagem dos merozoítos não se divide 
e se transforma em gamontes esféricos, que, ao 
serem ingeridos pelo carrapato vetor, iniciarão o 
ciclo sexuado. 
BBaabbeessiiaa 
 
 
 
O tipo de transmissão varia conforme a espécie de 
Babesia e a espécie de vetor. 
 
 Transedial: É aquela em que a infecção persiste por 
duas ecdises do carrapato, isto é, que ocorre de um 
estágio do carrapato para outro. Ocorre na maioria 
das espécies de Babesia. 
 Transovariana :É aquela em que as fêmeas 
infectadas transmitem a Babesia para seus ovos e 
progênie. É também chamada de transmissão 
vertical e é importante nas babesioses transmitidas 
por carrapatos monoxenos, como Rhipicephalus 
microplus e Dermacentor nitens. Por terem um 
único hospedeiro, a transmissão ocorrerá da fêmea 
para seus ovos, e estes darão origem a larvas e 
ninfas parasitadas, que, por sua vez, irão 
contaminar outros animais. 
 Intraestadial: É aquela em que o mesmo estágio do 
parasita adquire o protozoário de um animal 
infectado e o transmite para outro animal 
suscetível. É um modo de transmissão que ocorre 
principalmente com os carrapatos machos. 
 
 
 A patogenia da doença causada por esse 
protozoário está relacionada à hemólise intra e 
extravascular, que leva a um quadro clínico de 
febre, anemia, anorexia e hemoglobinemia, além de, 
em casos mais graves, icterícia e hemoglobinúria, 
entre outros. A gravidade das manifestações 
clínicas está associada à patogenicidade da espécie 
ou cepa de Babesia, à intensidade da infecção, à 
resposta imune e à idade do hospedeiro. 
 Além da destruição das hemácias, que causa 
anemia, observam-se lesões em outros órgãos. O 
baço filtra hemácias parasitadas e hemácias não 
parasitadas, mas que foram marcadas com 
antígenos das babésias. Ele acaba por aumentar de 
tamanho, levando à esplenomegalia. A destruição 
das hemácias não parasitadas intensifica a anemia, 
que passa a ter um caráter autoimune, e as 
hemácias se rompem, liberando hemoglobina. Nos 
rins, ocorre hemoglobinúria quando a capacidade de 
absorver a hemoglobina é ultrapassada. A Babesia 
também leva a desordens circulatórias com a 
liberação de peptídeos vasoativos, que provocam 
vasodilatação, aumento de permeabilidade dos vasos 
e estase circulatória. No quadro de babesiose 
cerebral bovina, ocorre obstrução dos capilares 
cerebrais e se observa sintomatologia nervosa. 
 A babesiose causa um grande prejuízo à criação 
nacional, seja pelas perdas associadas à queda da 
produção de leite, diminuição do crescimento e 
morte dos animais, seja pelo custo do controle e 
tratamento das babesioses e de seus vetores.

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