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Os estágios de desenvolvimento Freud

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Os estágios do desenvolvimento Psicossexual de Freud
	
	
ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL DE FREUD
Introdução
 As ideias de Freud, apesar de terem recebido duras críticas por enfrentarem ideias dominantes até o momento, tiveram- e tem- uma grande influência na forma de ver o indivíduo.
 Freud introduz a ideia de que o homem não possui total controle de suas ações sendo guiado pelos instintos , estímulos poderosos, que independem de sua vontade racional. Na época essa afirmação causou grande polêmica em virtude de modificar a visão do homem sobre si.
O homem de acordo com este ponto de vista teria seu aparelho psíquico dividido entre consciente, inconsciente e pré-consciente. Atuando nestes, estariam o Id, o Ego e o Superego. O Id seria a representação dos desejos primitivos do homem, o superego a internalização das normas e o ego aquele que e possui o senso da realidade e busca um equilíbrio entre os outros atuantes do aparelho psíquico.
 Cada um possui mecanismo de defesas que são recursos psíquicos do inconscientes, que atenuam o ego da tensão exercida pela disputa do Id com o superego, essa competição realizada por esses dois polos opostos pode provocar o surgimento desses mecanismo um desses é a(recalcamento) ansiedade que se encarrega de indicar perigo interno, esse mecanismo fornece ao ego a soluções dos conflitos.
A criança perde a imagem inocente que tinha até então, pois ela é praticamente dominada pelos seus instintos, procurando satisfazer seus prazeres. A medida que seus desejos não são realizados, a criança age emocionalmente, podendo fazer o uso da fantasia, sonhos e imaginação para aliviar a tensão. Em seus estudos Sigmund Freud percebeu que a sexualidade se inicia desde a infância e que alguns comportamentos nessa fase é moldado por ela .
 Não é necessariamente uma teoria do desenvolvimento humano, porém também explica como o sujeito se desenvolve. A teoria escolhida trabalha com a ideia de estágios ou fases. 
 
 Desenvolvimento humano 
 A psicologia do desenvolvimento humano é uma ciência que investiga e explica as regularidades comportamentais desde a formação do indivíduo, com o estágio inicial a fecundação até o estágio terminal da vida, a velhice. Filósofos do século XVII e XVIII inspiraram ideias no que logo se constituiria a ciência do desenvolvimento humano, no final do século XIX. Estas ideias influenciaram na formação das teorias da psicologia do desenvolvimento, como os modelos mecanicistas no qual o indivíduo é visto como máquina que reage ao meio inserido e modelos organicistas onde o ser humano é funcional, organizado e ativo. 
 A partir século XX as teorias da psicologia do desenvolvimento visavam estabelecer modelos ou padrões que explicam como ocorriam às mudanças na infância, adolescência, vida adulta e velhice, o desenvolvimento foi diversas vezes organizado por etapas, processo e/ou estágios evidenciando aspectos do ser: biológico, histórico, motor, cognitivo, psicológico e social. 
 Nessa ciência alguns modelos teóricos ganham destaque por contribuírem consideravelmente para a investigação da psicologia do desenvolvimento humano como as teorias comportamentais, cognitivas, psicossexuais. 
Teorias comportamentais defendem que o desenvolvimento ocorre através das experiências, têm como objeto de estudo as respostas comportamentais ou as reações de um indivíduo a estímulos externos. Teorias do desenvolvimento cognitivo estudam a origem e o desenvolvimento da cognição analisam os padrões de aprendizagem e pensamento de uma criança. Teorias psicossexuais examinam a origem e desenvolvimento mental.
· Freud 
 Sigmund Freud viveu entre maio de 1856 e setembro de 1939 e foi o fundador da Psicanálise. Por mais que tenha começado a estudar medicina em 1873, sempre esteve mais inclinado a estudar questões humanas que às da natureza. O século XIX foi caracterizado por avanços nas ciências naturais(como a teoria evolucionista) e pela sociologia de Comte (que era positivista, ou seja, acreditava que a ciência só pode lidar com fatos observáveis. Freud tentou aplica-la a mente buscando dar precisão a algo abstrato), e de alguma forma Freud sofreu influências destes avanços uma tradição determinista e mecanicista. (Osborne, 2001)
 Freud não irá trabalhar diretamente com o desenvolvimento humano, porém algumas suas ideias envolvem etapas do curso de vida do indivíduo. Sua obra pode ser dividida em quatro fases: Seus estudos sobre histeria durante sua prática profissional (1886-1895); Autoanálise e princípios básicos de sua teoria (1895-1899); Psicologia do Id, primeiro sistema de psicanálise (1900-1914); Psicologia do ego, ampliação e modificação das ideias anteriores( Osborne, 2001). 
· O aparelho psíquico
 No meio de várias ideias de que o homem agia de acordo com sua razão, surge por Freud a ideia de inconsciente, que mostraria que o homem não tem total controle sobre si mesmo. Começa a estudar os sonhos, onde se manifestam os desejos recalcados do inconsciente de maneira disfarçada e enigmática. Ficou conhecida como Primeira Tópica Freudiana a divisão entre consciente, inconsciente e pré-consciente, e estes são parte do aparelho psíquico.
 Inconsciente: Seu conteúdo representa as pulsões. São regidos pelos mecanismos do processo primário, principalmente condensação (demonstração única que representa várias cadeias associativas) e deslocamento ( quando a importância de uma representação se liga a outra por uma cadeia associativa). São os elementos que não estão situados no campo consciente, são conteúdos recalcados. (Laplanche & Pontalis, 1970). Nele há representações que não respeitam as coações da razão, da realidade ou tempo. (Nasio, 1999) 
 Pré-consciente: Se diferem do inconsciente por serem acessíveis ao campo consciente. É separado do inconsciente também pela censura. São como lembranças ou conhecimentos não atualizados.O recalcamento é a chapa energética que impede que os conteúdos passem do inconsciente para o pré-consciente. 
 Consciente: A consciência é a superfície do aparelho mental e diz respeito à capacidade de ter percepção dos sentimentos e sensações(percepções que são recebidas de fora e de dentro), pensamentos, lembranças e fantasias do momento.
 Enquanto a primeira tópica tem caráter descritivo, a Segunda tópica terá caráter estrutural, e aí entram os conceitos de Id, Ego e Superego. 
Id : É o polo pulsional (pressão ou força que faz o organismo tender para um objetivo) da personalidade. o reservatório inicial da energia psíquica (Laplanche & Pontalis, 1970) O Id desconhece o julgamento de valores, o bem e o mal, a moralidade. Responsável pelos nossos impulsos primitivos como a paixão, a libido e a agressividade. O id está conosco desde o nascimento e é guiado pelo “princípio do prazer”, mas seus desejos são muitas vezes reprimidos.
Ego: O ego é como um mediador entre as reivindicações do id, as ordens do superego e exigências da realidade. Se encarrega dos interesses da totalidade da pessoa, e possui relativa autonomia. É construído dentro do processo de desenvolvimento. Representa o eu. "Diante do caráter urgente dos desejos do id, o entorno social da criança pequena impõe toda uma série de costumes, normas, crenças e valores que se desdobrarão do ego dentro do aparato psíquico dando lugar ao superego."(Coll,2004)
Superego: É uma das instâncias da personalidade e que atua como juiz .O superego é definido como o herdeiro do complexo de Édipo e tem a função de conter os impulsos do id. Suas regras sociais e morais não nascem com o indivíduo são aprendidas na sociedade para que se possa conviver nela corretamente. Representa o ideal do ego dentro de seu contexto cultural. 
· Alguns conceitos importantes: 
Na teoria psicanalítica, o bebê perde sua alma inocente que é preenchida por Freud de instintos, alguns destes em forma de pulsão. São centrais no início da formação da personalidade. São o objeto de estudoda teoria psicanalítica as pulsões sexuais, de uma energia (libido) que busca satisfazer-se e que não se limita aos órgãos genitais (Coll,2004) 
 O conceito de “sexual” refere-se a toda conduta que, partindo de uma região erógena do corpo (boca, ânus, olhos, voz, pele etc.), e apoiando-se numa fantasia, proporciona um certo tipo de prazer. A mudança do objetivo ou trajetória da pulsão é chamada sublimação. O objetivo sexual ideal, o incesto, por um objetivo de valor social. Muitas das relações sociais, culturais e artísticas são expressões das pulsões desviadas de seu objetivo. Quando é mudado o objeto e não o objetivo , a barreira utilizada é a fantasia. No lugar do objeto real é instalado um objeto fantasiado. ( Nasio, 1999) Quando o eu-pulsão ama a si mesmo como objeto sexual se é usado o termo narcisismo.(Laplanche & Pontalis, 1970)
· O desenvolvimento do homem de acordo com a teoria freudiana 
 As zonas erógenas são fontes de várias pulsões. As pulsões parciais eram os elementos últimos a que se podia chegar na análise da sexualidade e não partes da pulsão considerada como uma totalidade. Começam a funcionar num estado inorganizado onde se caracteriza o autoerotismo. Enquanto algumas pulsões estão ligadas a uma zona erógena determinada, outras são independentes e definidas pelo seu alvo. (Garcia-Roza,2009) . Freud chama de amnésia infantil o esquecimento dos acontecimentos dos primeiros anos de vida. 
Fase Oral (0-1 ano) : Nesta fase o prazer está ligado a ingestão de alimentos e à excitação da mucosa dos lábios e da cavidade bucal ."O prazer sexual está ligado de forma predominante à excitação da cavidade bucal e dos lábios que acompanha a alimentação. " (Laplanche & Pontalis, 1970) Será feita uma ligação entre o desejo e a satisfação. A atividade de sucção não-nutritiva é a primeira manifestação da libido e a primeira conduta com marca sexual. O aparecimento dos dentes permitirá, depois, o desenvolvimento de uma segunda forma da atividade oral, a oral-sádica. 
Fase Anal(2-4 anos): É uma fase cheia de valor simbólico, ligado sobretudo às fezes. Reveste a atividade de dar e receber ligada a retenção e expulsão das fezes. Do mesmo modo que se distinguido o prazer de comer do prazer sexual da sucção, é necessário aqui separar o prazer orgânico do alívio da necessidade corporal do prazer sexual de reter as fezes para, em seguida, expulsá-las bruscamente. É nela que a criança procura realizar e impor mais suas vontades.
Fase Fálica (3-6 anos): No curso da fase fálica, o órgão genital masculino tem o papel dominante. Na menina, o clitóris é considerado um atributo fálico, fonte de excitação. À semelhança das outras fases, o objeto real é transformado no objeto fantasiado. Aqui, o pênis e o clitóris são apenas os suportes concretos e reais de um objeto fantasiado chamado falo. De fato, não é o órgão peniano que prevalece nessa fase, mas a fantasia desse órgão, ou seja, sua superestimação enquanto símbolo do poder.(Nasio, 1999) Na menina essa constatação determina o surgimento da "inveja do pênis" e consequentemente ressentimento para com a mãe, e este será compensado com o desejo de ter um filho. ( Garcia-Roza,2009).
Complexo de Édipo: surge nesse estágio e é um conjunto de desejos amorosos e ciúmes sentidos pela criança em relação aos pais.Apresenta-se pelo de modo inverso: amor pelo progenitor do mesmo sexo e ódio ciumento ao progenitor do sexo oposto.A criança buscará formas de satisfazer seus desejos de uma forma ativa, no qual ela irá fazer o uso da fantasia se posicionando no lugar do outro, ou seja, do progenitor almejado, o menino irá se colocar no lugar do pai e a menina no lugar da mãe, a outra será passiva onde ela vai assumir a personalidade da mãe ou pai, desse modo sendo amado pelo sexo oposto.(Freud , 1924).O desaparecimento do complexo de Édipo é determinado pela ameaça de castração. 
Complexo de castração: A resposta da diferença entre os sextos é atribuída pela criança a amputação do pênis da menina. O menino teme ser castrado pelo pai por conta da atração que sente pela mãe. Ele deve escolher entre uma parte do próprio corpo ou seu objeto de pulsão. Nesta fase então ele cria um interesse narcísico pelo próprio pênis. A menina já vê essa descoberta como um dano sofrido que ela deve negar ou compensar. Estes desejos serão recalcados e contidos pelo superego. 
Estágio de latência ( 6 a 11 anos): Há pausa na evolução da sexualidade.. O superego se desenvolve e amplia seus conteúdos, que não serão somente as limitações e imposições vindos dos pais, mas também às aprendidas na escola e nas relações com os amigos no processo de socialização.(Coll, 2004) Observa-se nessa fase o surgimento do pudor ou da repugnância. O período de latência se origina no declínio do complexo de Édipo e corresponde a uma intensificação do recalque.(Laplanche & Pontalis, 1970)
 Fase Genital (a partir dos 12 anos): Nesta fase, para Freud, a obtenção do prazer se une a função reprodutora. O prazer continua sendo o objeto final da sexualidade, porém agora há um valor altruístico. É superada a fase exclusivamente auto-erótica. Agora é vista também a manutenção da espécie e não só a simples satisfação individual.A estimulação apropriada de uma zona erógena sempre produz prazer (que seria obtido se o aparelho conseguisse escoar imediatamente toda a energia e eliminar a tensão) .Assim, existe um estágio em que tensão e prazer se dão conjuntamente, mas que, se não foram acompanhados de uma descarga motora, resultam em desprazer(aumento da tensão). No indivíduo adulto, essa descarga é caracterizada pelo orgasmo, único capaz de proporcionar uma satisfação final ou “ prazer final” . (Garcia-Roza,2009) 
Uma das falhas desta teoria é o fato de não levar em conta o contexto sociocultural. Por mais que Freud afirme que é sua teoria é universal , isto não foi comprovado em diferentes culturas. 
· Conclusão
 A teoria Freudiana possui até hoje grande importância na visão que temos do homem.O nosso consciente é só a ponta de um grande iceberg, onde muito do que se passa pela nossa mente fica escondida e também influencia nossas ações. 
Freud foi um dos primeiros a explorar o inconsciente humano, divulgando um dinamismo na psique, graças ao seus trabalhos pode-se examinar que alguns problemas derivam das primeiras etapas do curso de vida do ser, ainda analisou que as experiências nessa etapa são de grande importância no desenvolvimento para as que se seguem.
 Seus estudos sobre a mente humana e a sexualidade infantil foi sua contribuição mais significativa para a psicologia, seus conceitos sobre a psique revolucionaram esse campo, pai da Psicanálise, que visa a entender a personalidade , moral e as ações humanas . Suas teorias gerou interesse por cientistas que deram continuidade aos seus trabalhos são eles : Melanie Klein , Anna Freud, Donald Winnicott. 
· Referências
COLL, César. Desenvolvimento psicológico e educação (Vols 1 e 2). Porto Alegre: Artes Médicas, 2004.
FREUD, Sigmund (1924). Neurose e Psicose. In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 2007. v. III.
GARCIA-ROZA, Luiz Alfredo. Freud e o inconsciente. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009.
LAPLANCHE, Jean & PONTALIS, Jean. Vocabulário da psicanálise. Lisboa: Moraes Ed. 1970.
NASIO, Juan-David. O prazer de ler Freud. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1999.
OSBORNE, Richard. Freud para principiantes. Rio de Janeiro:Objetivo,2001.
	
	
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