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Lei 8 429-92 [Improbidade Administrativa]

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Lei 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa – LIA)
 A LEI 8.429/1992 dispõe sobre as SANÇÕES aplicáveis ao AGENTE PÚBLICO, SERVIDOR OU NÃO, em razão de ATOS DE IMPROBIDADE PRATICADOS CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
 Segundo MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO, geralmente, associa-se o conceito de improbidade ao de MORALIDADE. Em verdade, para os fins de aplicação da lei, o conceito de IMPROBIDADE é MAIS AMPLO, pois abrange não só atos desonestos ou imorais, praticados com ofensa aos princípios da Administração Pública, mas também atos ilegais em sentido estrito, ou seja, praticados com ofensa às regras positivadas em leis, normas e regulamentos. Além disso, ato de improbidade pode referir-se NÃO APENAS a um ATO ADMINISTRATIVO, no sentido jurídico do termo, mas também a uma CONDUTA ou mesmo a uma OMISSÃO.
 Para o Professor JOSÉ AFONSO DA SILVA, entende como PROBIDADE ADMINISTRATIVA,
“O dever de o funcionário servir a administração com honestidade, procedendo no exercício das suas funções, sem aproveitar os poderes ou facilidades delas decorrentes em proveito pessoal ou de outrem a quem queira favorecer”
 Para o Professor, o desrespeito a esse dever (probidade administrativa) é que caracteriza a improbidade administrativa. Cuida-se de uma IMORALIDADE ADMINISTRATIVA QUALIFICADA pelo dano ao erário e correspondente vantagem ao ímprobo ou a outrem.
Disposições Constitucionais
 Esta lei tem seu fundamento constitucional no ART. 37, § 4º:
ART. 37, §4º. Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário (cofres públicos), na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
· PERDA OU SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS:
ART. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:
 V – Improbidade administrativa, nos termos do art. 37, §4.
 Ou seja, conforme nos mostra os artigos mencionados, é VEDADA a CASSAÇÃO DE DIREITOS POLÍTICOS, porém, poderá ocorrer tanto a PERDA DE DIREITOS POLÍTICOS, quanto a SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS em outros casos dispostos na Constituição. A improbidade administrativa se trata de um caso de SUSPENSÃO DE DIREITOS POLÍTICOS!
· CRIMES DE RESPONSABILIDADE:
ART. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra:
 V – A probidade na administração
· CRIMES PROTEÇÃO EM CASO DE INELEGIBILIDADE:
ART. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: (...)
 § 9º – Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 4, de 1994)
 O ART. 14, § 9º, trata a proteção da probidade administrativa como um dos parâmetros para definição dos casos de inelegibilidade.
Natureza das Sanções
 A punição (SEM PREJUÍZO DA AÇÃO PENAL CABÍVEL) para atos de improbidade administrativa está prevista na própria Constituição Federal, em seu ART. 37, § 4º:
ART. 37, §4º. Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário (cofres públicos), na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
 Nesse sentido, a Lei de Improbidade institui as sanções previstas na Constituição:
· PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA;
· SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS;
· RESSARCIMENTO AO ERÁRIO; 
· INDISPONIBILIDADE DOS BENS.
 Adicionalmente, relaciona outras penalidades. Entretanto, nem todas as consequências estabelecidas pela LEI 8.429/1992 são penalidades. Por exemplo, a INDISPONIBILIDADE DE BENS, sendo, uma medida de NATUREZA CAUTELAR cuja finalidade não é punir alguém, e sim evitar que a pessoa se desfaça de seus bens a fim de frustrar uma eventual execução judicial.
 Quanto à natureza da ação de improbidade, alguns doutrinadores a consideram como de NATUREZA CIVIL (E NÃO DE ORDEM PENAL). Todavia, a Prof.ª MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO ensina que o ato de improbidade administrativa caracteriza um ilícito de natureza ADMINISTRATIVA, CIVIL E POLÍTICA, uma vez que pode implicar a suspensão dos direitos políticos, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário.
	ADMINISTRATIVA
	CIVIL
	POLÍTICA
	Perda de Função Pública
Proibição de Contratar com o Poder Público
Proibição DE Receber Benefícios Fiscais ou Creditícios
	Perda dos Bens e Valores Acrescidos ao Patrimônio
Ressarcimento ao Erário
Multa Civil
	Suspensão dos Direitos Políticos
 Perceba que a Lei de Improbidade NÃO INSTITUI SANÇÕES PENAIS. O ato de improbidade, em si, não constitui crime. Contudo, PODE CORRESPONDER TAMBÉM, mas não necessariamente, a um crime definido em lei. Nesse caso, além das penalidades previstas na LEI 8.429/92, o agente TAMBÉM RESPONDERÁ NA ESFERA PENAL, estando sujeito às penas nela cominadas. Ademais, um ato de improbidade pode corresponder, igualmente, a uma INFRAÇÃO DISCIPLINAR ADMINISTRATIVA, hipótese na qual os respectivos processos (o de improbidade, o disciplinar e o penal, se for o caso), correrão INDEPENDENTEMENTE UM DO OUTRO.
Com efeito, devemos notar que as sanções por atos de improbidade NÃO SÃO APLICADAS NA ESFERA ADMINISTRATIVA. Vale dizer: as sanções SÃO APLICADAS NO ÂMBITO JUDICIAL, EM PROCESSO PRÓPRIO, INSTAURADO POR INICIATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO OU DA PESSOA JURÍDICA ATINGIDA PELO ATO. Dessa forma, ainda que a sanção possa ter repercussão na esfera administrativa (como ocorre com a perda da função pública, com a proibição de contratar com o Poder Público e com a proibição de receber do Poder Público benefícios fiscais ou creditícios), a sanção em si é aplicada no âmbito judicial. Independentemente do que se considera por “natureza”, o fato é que os atos de improbidade administrativa não geram sanções penais, sendo necessário, para tanto, a interposição de ação própria.
 Havendo a CUMULAÇÃO DE INSTÂNCIAS, a regra geral é a independência entre as instâncias (o resultado da ação de improbidade não influencia o resultado da ação penal ou da administrativa), porém, a ESFERA PENAL (somente ela) PODE INTERFERIR NAS DEMAIS INSTÂNCIAS, nos casos em que houver CONDENAÇÃO CRIMINAL (também acarreta a condenação nas esferas cível e administrativa) ou ABSOLVIÇÃO PENAL EXCLUSIVAMENTE quando fundada na INEXISTÊNCIA DO FATO OU AUSÊNCIA DE AUTORIA (também acarreta a absolvição nas demais esferas).
 No que se refere a crimes e sanções penais, a Lei de Improbidade apenas tipifica a “representação por ato de improbidade contra AGENTE PÚBLICO ou TERCEIRO BENEFICIÁRIO, QUANDO O AUTOR DA DENÚNCIA O SABE INOCENTE”. Ou seja, nessa hipótese, o autor do crime é a PESSOA QUE OFERECE DENÚNCIA SOBRE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA SABIDAMENTE INFUNDADA, e não o agente público que pratica ato de improbidade. O denunciante está sujeito a detenção de 6 A 10 MESES E MULTA, bem como a ter de INDENIZAR o denunciado pelos DANOS MATERIAIS, MORAIS ou à IMAGEM que houver provocado (ART. 19).
ART. 19. Constitui crime a representação por ato de improbidade contra agente público ou terceiro beneficiário, quando o autor da denúncia o sabe inocente, passível de pena de detenção de 6 a 10 meses e multa. 
 PARÁGRAFO ÚNICO. Além da sanção penal, o denunciante está sujeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais ou à imagem que houver provocado.
 As penalidades previstas na Lei de Improbidade são aplicadas INDEPENDENTEMENTE de outras sanções PENAIS, CIVIS e ADMINISTRATIVAS previstasna legislação específica. Assim, um agente público penalizado pelo Tribunal de Contas por ter causado prejuízo ao erário também pode ser punido pelo mesmo motivo no Judiciário, com fulcro na Lei de Improbidade Administrativa. O mesmo vale, como já assinalado, para eventuais cominações na esfera penal ou, ainda, na esfera administrativa, conforme previsto na legislação do funcionalismo público de cada ente da federação.
 Por outro lado, o enquadramento na Lei de Improbidade Administrativa exige DOLO ou CULPA, ou seja, deve-se avaliar o ELEMENTO SUBJETIVO da conduta do agente. Assim, por exemplo, o descumprimento de uma lei não pode ser classificado como ato de improbidade sem antes ser avaliada a intenção do transgressor e concluir-se pela presença de comportamento doloso ou culposo.
 Na verdade, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) possui jurisprudência consolidada no sentido de que “para que seja reconhecida a tipificação da conduta do réu como incurso nas previsões da Lei de Improbidade Administrativa, é NECESSÁRIA a demonstração do ELEMENTO SUBJETIVO, consubstanciado pelo DOLO para os tipos previstos nos ARTIGOS 9º (ENRIQUECIMENTO ILÍCITO) e ARTIGO 11 (VIOLAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA), ARTIGO 10-A (ATOS QUE DECORREM DE CONCESSÃO INDEVIDA DE BENEFÍCIO FINANCEIRO OU TRIBUTÁRIO), e AO MENOS, pela CULPA, nas hipóteses do ARTIGO 10 (PREJUÍZO AO ERÁRIO)” (AGRG NO ARESP 20.747/SP).
 No caso dos atos de improbidade administrativa, SÓ SE ADMITE CONDUTA CULPOSA NAQUELES QUE CAUSAM LESÃO AO ERÁRIO (RESP 805080/SP); enquanto, nos outros casos (os que importam enriquecimento ilícito, os que atentam contra os princípios da Administração Pública e os que concedem benefício financeiro ou tributário irregular) só admitem conduta dolosa. O DOLO, no entanto, conforme entendimento do STJ, NÃO PRECISA TER FINALIDADE ESPECÍFICA (DOLO ESPECÍFICO), BASTA O DOLO GENÉRICO (RESP 951389/SC).
Abrangência
 Uma vez que se insere no texto constitucional, essa norma alcança a administração pública direta e indireta, de qualquer dos Poderes, de todos entes da Federação. Por conseguinte, foi editada a LEI 8.429/1992, norma de CARÁTER NACIONAL, alcançando, portanto, todos os entes da Federação (União, estados, Distrito Federal e municípios).
Sujeito Ativo
 A Lei estabelece sanções para os AGENTES PÚBLICOS QUE PRATICAREM ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. Tais agentes são considerados os SUJEITOS ATIVOS dos atos de improbidade administrativa, exatamente por serem as pessoas que PODEM PRATICAR TAIS ATOS. 
 Para os efeitos da Lei, considera-se AGENTE PÚBLICO todo aquele que exerce MANDATO, CARGO, EMPREGO ou FUNÇÃO na administração pública, AINDA QUE TRANSITORIAMENTE OU SEM REMUNERAÇÃO, por QUALQUER FORMA DE INVESTIDURA (NOMEAÇÃO, DESIGNAÇÃO, CONTRATAÇÃO), INCLUSIVE ELEIÇÃO. 
ART. 2º. Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior (sujeito Passivo). 
 O conceito é bastante amplo, podendo-se dizer que qualquer sujeito que exerça uma função estatal deve ser considerado agente público para os fins da Lei de Improbidade, compreendendo NÃO APENAS os SERVIDORES ESTATAIS, mas ainda os AGENTES POLÍTICOS e mesmo PARTICULARES EM COLABORAÇÃO COM O ESTADO.
AGENTES POLÍTICOS: são os titulares de cargos estruturais à organização política do país; o vínculo que entretêm com o Estado é de natureza política, isto é, não profissional; submetem-se ao regime estatutário definido primordialmente pela própria Constituição. São exemplos: CHEFES DO EXECUTIVO, MINISTROS e SECRETÁRIOS, SENADORES, DEPUTADOS e VEREADORES;
AGENTES ESTATAIS: são tanto os SERVIDORES PÚBLICOS quanto os EMPREGADOS PÚBLICOS; o vínculo que possuem com o Estado possui natureza profissional; 
PARTICULARES EM COLABORAÇÃO COM O PODER PÚBLICO: são todos os que firmam com o Estado um vínculo jurídico, pouco importa se por breve tempo ou em situação de estabilidade. São exemplos os requisitados a exercerem alguma atividade pública, tal como os mesários e os convocados ao serviço militar, além de notários, tabeliães e registradores.
 Mas a lei vai além, e aplica-se, NO QUE COUBER, ao TERCEIRO que, MESMO NÃO SENDO AGENTE PÚBLICO, INDUZA ou CONCORRA para a prática de ato de improbidade ou dele SE BENEFICIE sob qualquer forma, direta ou indireta. Assim, não é preciso ser servidor público ou ter algum vínculo jurídico com o Estado para enquadrar-se nas hipóteses da Lei de Improbidade. Ademais, O TERCEIRO NÃO PRECISA NECESSARIAMENTE OBTER VANTAGEM PESSOAL PARA ESTAR SUJEITO À LEI, basta que induza ou concorra para a prática de ato de improbidade. São exemplos as pessoas representantes de empresas privadas que atuam em conluio com agente público para fraudar licitação.
ART. 3º. As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta. 
 Importante ressaltar que o terceiro apenas se submete à Lei de Improbidade SE ALGUM AGENTE PÚBLICO TAMBÉM ESTIVER ENVOLVIDO NO ATO, vale dizer, A PESSOA SEM VÍNCULO COM O PODER PÚBLICO JAMAIS PODE PRATICAR UM ATO DE IMPROBIDADE ISOLADAMENTE. Com efeito, a LEI 8.429/92 só prevê as seguintes hipóteses em que o terceiro poderá ser responsabilizado por improbidade administrativa: 
· Ela INDUZ um agente público a praticar ato de improbidade;
· Ela CONCORRE para a PRATICA UM ATO DE IMPROBIDADE JUNTO com um agente público;
· Ela SE BENEFICIA de um ato de improbidade praticado por um agente público.
OBESERVAÇAÕ: Ressalta-se que, caso o terceiro prejudique o patrimônio público ISOLADAMENTE, estará sujeito às sanções CIVIS e PENAIS cabíveis, mas NÃO PODERÁ ser penalizado com base na Lei de Improbidade Administrativa, pois na lei, é admitido APENAS O DOLO em relação ao ato de improbidade administrativa de terceiros.
 Em regra, a Lei de Improbidade busca sancionar as condutas praticadas por PESSOAS FÍSICAS. Contudo, a despeito da divergência doutrinária sobre o tema, o STJ admite que PESSOAS JURÍDICAS SEJAM RESPONSABILIZADAS, DESDE QUE TENHAM SE BENEFICIADO OU PARTICIPADO DOS ATOS de improbidade administrativa (RESP 1.122.177/MT). Com efeito, as pessoas jurídicas podem responder em ação de improbidade, AINDA QUE DESACOMPANHADAS DE SEUS SÓCIOS, ou seja, uma empresa pode ser ré da ação de improbidade, mesmo que seus sócios não figurem no polo passivo dessa demanda (RESP 970.393/CE).
 Entretanto, a pessoa jurídica NÃO SE SUBMETE, por incompatibilidade com a sua natureza, às SANÇÕES DE PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA e de SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS. Por outro lado, as empresas PODERÃO SOFRER AS SANÇÕES de RESSARCIMENTO INTEGRAL DO DANO, PERDA DOS BENS OU VALORES ACRESCIDOS ILICITAMENTE AO PATRIMÔNIO, PAGAMENTO DE MULTA CIVIL e PROIBIÇÃO DE CONTRATAR COM O PODER PÚBLICO OU RECEBER BENEFÍCIOS OU INCENTIVOS FISCAIS OU CREDITÍCIOS, nos termos e limites do ART. 12 DA LIA (RESP 1.038.762/RJ).
Agentes Políticos
 Apesar da abrangência do conceito de agente público, já houve muita discussão em relação à aplicação das sanções por improbidade administrativa aos agentes políticos que respondem por crime de responsabilidade (Presidente da República; Ministros de Estado; Procurador-Geral da República; Promotor de Justiça; Ministros do STF; Governadores; Secretários de Estado).
 No âmbito do SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, sempre foi comum aceitar a APLICAÇÃO CONJUNTA da responsabilização prevista na LEI 8.429/1992 e da LEI 1.079/1950, RESSALVANDO-SE o PRESIDENTE DA REPÚBLICA, que SOMENTE RESPONDERIA POR CRIME DE RESPONSABILIDADE. Portanto, segundo o STJ, um agente político pode responder simultaneamente por crime de responsabilidade e por improbidade administrativa, salvo o Presidente da República.
 O SUPREMO TRIBUNALFEDERAL, por sua vez, chegou a declarar, em 2007, que os agentes políticos passíveis de responder por crime de responsabilidade, na forma prevista no ART. 102, I, “C”, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, e na LEI 1.079/1950, não se sujeitariam às disposições da LEI 8.429/1992 (RCL 2.138/DF). O caso tratava especificamente da responsabilidade de um Ministro de Estado. No entanto, algumas decisões posteriores do STF indicavam uma superação deste posicionamento. Finalmente, em 2018, o STF pacificou o assunto ao concluir que os AGENTES POLÍTICOS, com EXCEÇÃO do PRESIDENTE DA REPÚBLICA, ENCONTRAM-SE SUJEITOS A DUPLO REGIME SANCIONATÓRIO, de modo que se submetem tanto à responsabilização civil pelos atos de improbidade administrativa quanto à responsabilização político-administrativa por crimes de responsabilidade (PET 3240 AGR/DF).
Dessa forma, podemos concluir atualmente que a Lei de Improbidade aplica-se aos agentes políticos, independentemente da responsabilidade política por crime de responsabilidade. A única exceção trata do Presidente da República, uma vez que tal autoridade possui rito específico para fins de responsabilização, consoante determina a Constituição Federal.
 Outro aspecto duvidoso reside no FORO COMPETENTE PARA PROCESSAR E JULGAR ações de improbidade envolvendo agentes políticos (Presidente da República; Vice-Presidente da República; Ministros de Estado; Membros do Congresso Nacional; Procurador Geral da República; Membros de Tribunais Superiores, Membros do TCU, Chefes de missão diplomática permanente) que possuem FORO PRIVILEGIADO nas ações penais comuns e nos crimes de responsabilidade.
· JURISPRUDÊNCIA: Na jurisprudência, o tema NÃO É PACIFICADO. Não obstante, encontram-se decisões recentes do STF e do STJ no sentido de que a Lei de Improbidade Administrativa aplica-se sim aos agentes políticos e que a respectiva ação deve ser processada e julgada perante o JUÍZO DE PRIMEIRO GRAU. Pode-se dizer que essa posição vem prevalecendo, embora ainda não esteja consolidada. Para resumir, segue uma síntese das posições jurisprudenciais ora existentes:
· NÃO EXISTE FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO em ações de improbidade administrativa (posição majoritária do STF e do STJ, que vem sendo adotada na maioria das questões de prova). (STJ, Rcl 12.514/MT; STF, RE 444.042/SP; RE 590.136/MT).
· Para o STJ, a ação de improbidade administrativa deve ser PROCESSADA E JULGADA EM 1ª INSTÂNCIA, AINDA QUE TENHA SIDO PROPOSTA CONTRA AGENTE POLÍTICO QUE TENHA FORO PRIVILEGIADO no âmbito penal e nos crimes de responsabilidade (RCL 12.514/MT)
· O STF já decidiu, em 2008, que a COMPETÊNCIA PARA JULGAR ação de improbidade administrativa proposta contra MINISTRO DO STF é do PRÓPRIO STF (PET 3.211/DF).
Sujeito Passivo
 Os agentes públicos e os terceiros sujeitam-se às sanções previstas na lei pela prática de atos de improbidade contra o patrimônio dos órgãos e entidades indicados no ART. 1º, abrangendo “a administração DIRETA, INDIRETA ou FUNDACIONAL (autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista) de QUALQUER DOS PODERES (os órgãos dos três Poderes, incluindo o TRIBUNAL DE CONTAS e o MINISTÉRIO PÚBLICO) da UNIÃO, dos ESTADOS, do DISTRITO FEDERAL, dos MUNICÍPIOS, de TERRITÓRIO (todas as pessoas políticas), de EMPRESA INCORPORADA AO PATRIMÔNIO PÚBLICO”.
ART. 1º. Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou não, contra a administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio ao erário haja concorrido ou concorra com mais de 50% do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na forma desta lei.
 Dessa forma, estará sujeito à LEI 8.429/92 o agente público que praticar ato de improbidade, por exemplo, contra o patrimônio de uma autarquia municipal, de um Tribunal do Judiciário Estadual ou de uma empresa pública federal.
 Ademais, serão punidos na forma da lei os atos de improbidade praticados contra ENTIDADE PRIVADA DA QUAL O ERÁRIO PARTICIPE com MAIS DE 50% do PATRIMÔNIO ou da RECEITA ANUAL. Se a participação de dinheiro público no patrimônio ou receita da empresa privada for MENOR QUE 50% ou, ainda, se a empresa receber SUBVENÇÃO, BENEFÍCIO ou INCENTIVO, FISCAL ou CREDITÍCIO, de ÓRGÃO PÚBLICO, a Lei de Improbidade também é aplicável; porém, nesses casos, a sanção patrimonial LIMITA-SE À REPERCUSSÃO DO ILÍCITO SOBRE A CONTRIBUIÇÃO DOS COFRES PÚBLICOS. O que ultrapassar esse montante, a entidade terá de pleitear por outra via que não a ação civil pública de que trata a Lei de Improbidade Administrativa (ART. 1º, PARÁGRAFO ÚNICO).
ART. 1º, PARÁGRAFO ÚNICO. Estão também sujeitos às penalidades desta lei os atos de improbidade praticados contra o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de 50% do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.
 Importante destacar que, nos TRÊS PRIMEIROS CASOS, a responsabilidade é INTEGRAL. Nos DOIS ÚLTIMOS, a sanção patrimonial LIMITA-SE À REPERCUSSÃO DO ILÍCITO sobre a contribuição dos cofres públicos, ou seja, O RESSARCIMENTO SERÁ LIMITADO AO PREJUÍZO DOS COFRES PÚBLICOS.
Atos de Improbidade Próprios X Atos de Improbidade Impróprios
 PREVEEM-SE DOIS TIPOS DE ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA: 
· ATOS PRÓPRIOS: são os realizados pelo PRÓPRIO AGENTE PÚBLICO contra a administração; e
· ATOS IMPRÓPRIOS: são os oriundos da PARTICIPAÇÃO DE TERCEIROS que concorram com o agente público, materialmente ou por indução.
Classificação dos Atos de Improbidade
 Segundo a LEI 8.429/1992, atos de improbidade administrativa são atos que:
· IMPORTAM ENRIQUECIMENTO ILÍCITO (ART. 9º) – INFRAÇÃO MAIS GRAVE;
· CAUSAM PREJUÍZO AO ERÁRIO (ART. 10) – INFRAÇÃO INTERMEDIÁRIA;
· DECORRAM DE CONCESSÃO OU APLICAÇÃO INDEVIDA DE BENEFÍCIO FINANCEIRO OU TRIBUTÁRIO (ART. 10-A) – INFRAÇÃO INTERMEDIÁRIA MAIS LEVE.
· ATENTAM CONTRA OS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (ART. 11) - INFRAÇÃO MAIS LEVE.
 A lista de atos de improbidade apresentada nos incisos de cada dispositivo acima NÃO É TAXATIVA, mas meramente EXEMPLIFICATIVA. Ademais, o mesmo ato pode ser enquadrado em mais de uma das hipóteses apresentadas. Nesse caso, aplicam-se as sanções previstas para a INFRAÇÃO MAIS GRAVE.
 Vale observar que as sanções utilizadas para punir atos que importam enriquecimento ilícito são mais pesadas que as aplicáveis aos atos que causam prejuízo ao erário, as quais, por sua vez, são mais pesadas que as aplicáveis aos atos que atentam contra os princípios da Administração Pública. Assim, a Lei estabelece uma HIERARQUIA entre os atos de improbidade, punindo com mais rigor aqueles que considera mais graves.
Atos de Improbidade que Importam Enriquecimento Ilícito
 Constitui ato de improbidade administrativa IMPORTANDO ENRIQUECIMENTO ILÍCITO auferir QUALQUER TIPO DE VANTAGEM PATRIMONIAL INDEVIDA, DIRETA ou INDIRETA, em razão do EXERCÍCIO DE CARGO, MANDATO, FUNÇÃO, EMPREGO ou ATIVIDADE PÚBLICA (ART. 9º).
 A modalidade que importa enriquecimento ilícito, são as de infrações MAIS GRAVOSAS e para que ocorra o ato, é necessário que haja DOLO do agente, ou seja, a intenção para a prática do ato.
Diz-se que a conduta (ação ou omissão) é DOLOSA quando praticada com a vontade de produzir o resultado (dolo direto), ou assumindo o risco produzi-lo (dolo eventual), ou seja, o agente prevê que será possível a concretização do resultado e a ele é indiferente (ART. 18, I9, CÓDIGO PENAL). Por sua vez, será CULPOSA a conduta quando o agente dá causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia (ART. 18, II, CÓDIGO PENAL). Neste caso, ele não quer o resultado, tampouco assume o risco de produzi-lo,mas a ele dá causa.
ART. 9º. Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1º desta lei, e notadamente. 
 I - RECEBER, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público;
 II - PERCEBER vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por preço superior ao valor de mercado;
 III - PERCEBER vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao valor de mercado;
 IV - UTILIZAR, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidores públicos, empregados ou terceiros contratados por essas entidades;
 V - RECEBER vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem;
 VI - RECEBER vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre medição ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;
 VII - ADQUIRIR, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo, emprego ou função pública, bens de qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à renda do agente público;
 VIII - ACEITAR emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público, durante a atividade;
 IX - PERCEBER vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de verba pública de qualquer natureza;
 X - RECEBER vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou declaração a que esteja obrigado;
 XI - INCORPORAR, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei;
 XII - USAR, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei.
 Repare que, nessas situações, o ato de improbidade se caracteriza pelo recebimento de VANTAGENS PESSOAIS por parte do agente público, que aumenta seu patrimônio particular à custa do patrimônio público ou das prerrogativas do seu cargo. Engloba, assim, situações em que não necessariamente ocorre prejuízo ao erário, a exemplo do exercício de consultoria para pessoas ou empresas que tenham interesse nas atribuições públicas do agente, hipótese que pode engordar o patrimônio do servidor, mas não necessariamente causar dano ao patrimônio público.
 Outro detalhe é que as hipóteses previstas nos INCISOS DO ART. 9º, EM REGRA, visualizam o ENRIQUECIMENTO ILÍCITO do PRÓPRIO AGENTE público, EXCETO nos INCISOS I E VII, que incluem a VANTAGEM INDEVIDA OU AQUISIÇÃO DE PATRIMÔNIO “PARA OUTREM”.
Perdimento dos Bens
ART. 6º. No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente público ou terceiro beneficiário os bens ou valores acrescidos ao seu patrimônio.
 Todos os bens ou valores acrescidos ao patrimônio do agente público ou do terceiro beneficiário, em casos de ENRIQUECIMENTO ILÍCITO, SERÃO PERDIDOS. Assim, se, por ato de improbidade, houver acréscimo ilícito no patrimônio dos envolvidos, será decretada a pena de perdimento de tais bens ou valores. Note que pouco importa se houve ou não lesão ao erário ou a ofensa a princípios da administração pública. Aqui é tratado apenas do enriquecimento ilícito do agente ou terceiro. Então, AINDA QUE NÃO HAJA LESÃO AO ERÁRIO, PODE HAVER PERDIMENTO.
Atos de Improbidade que Causam Prejuízo ao Erário
 Constitui ato de improbidade administrativa que CAUSA LESÃO AO ERÁRIO qualquer AÇÃO ou OMISSÃO, DOLOSA ou CULPOSA, que enseje PERDA PATRIMONIAL, DESVIO, APROPRIAÇÃO, MALBARATAMENTO ou DILAPIDAÇÃO DOS BENS OU HAVERES de órgão ou entidade pública (ART. 10).
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:
 I - FACILITAR ou CONCORRER por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;
 II - PERMITIR ou CONCORRER para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
 III - DOAR à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda que de fins educativos ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das formalidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie;
 IV - PERMITIR ou FACILITAR a alienação, permuta ou locação de bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte delas, por preço inferior ao de mercado;
 V - PERMITIR ou FACILITAR a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço superior ao de mercado;
 VI - REALIZAR OPERAÇÃO FINANCEIRA sem observância das normas legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidônea;
 VII - CONCEDER BENEFÍCIO administrativo ou fiscal sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; 
 VIII - FRUSTRAR A LICITUDE de PROCESSO LICITATÓRIO ou de PROCESSO SELETIVO para celebração de parcerias com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente;
 IX - ORDENAR ou PERMITIR a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento;
 X - AGIR NEGLIGENTEMENTE na arrecadação de tributo ou renda, bem como no que diz respeito à conservação do patrimônio público;
 XI - LIBERAR VERBA PÚBLICA sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular;
 XII - PERMITIR, FACILITAR ou CONCORRER para que terceiro se enriqueça ilicitamente;
 XIII - PERMITIR que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor público, empregados ou terceiros contratados por essas entidades;
 XIV – CELEBRAR CONTRATO ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão associada sem observar as formalidades previstas na lei;
 XV – CELEBRAR CONTRATO de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as formalidadesprevistas na lei;
 XVI - FACILITAR ou CONCORRER, por qualquer forma, para a incorporação, ao patrimônio particular de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela administração pública a entidades privadas mediante celebração de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
 XVII - PERMITIR ou CONCORRER para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela administração pública a entidade privada mediante celebração de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
 XVIII - CELEBRAR parcerias da administração pública com entidades privadas sem a observância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
 XIX - AGIR NEGLIGENTEMENTE na celebração, fiscalização e análise das prestações de contas de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas;
 XX - LIBERAR RECURSOS de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular;
 Nesses casos, o agente PÚBLICO NÃO NECESSARIAMENTE AUFERE VANTAGENS ECONÔMICAS PESSOAIS, mas causa PREJUÍZO AO ERÁRIO.
 Com efeito, o ART. 10 foi claro em mencionar que este grupo alcança qualquer ação ou omissão, DOLOSA ou CULPOSA. A doutrina e a jurisprudência consideram que, É NECESSÁRIO DEMONSTRAR A EXISTÊNCIA DO ELEMENTO SUBJETIVO DO ATO, ou seja, o dolo ou a culpa. O DOLO ocorre quando o agente possui a INTENÇÃO de praticar a conduta prevista na lei; por outro lado, a CULPA ocorre quando ele atua com NEGLIGÊNCIA, IMPRUDÊNCIA ou IMPERÍCIA.
Ressarcimento ao Patrimônio Público
 Em havendo DANO ao patrimônio público, haverá o INTEGRAL RESSARCIMENTO ao erário. Essa é a previsão constitucional, inserta no § 4º DO ART. 37. Ademais, o STJ possui jurisprudência consolidada que se alinha à segunda corrente, com o entendimento de que “o ato de improbidade administrativa que causam lesão há Administração Pública, EXIGE A COMPROVAÇÃO DO DANO AO ERÁRIO” (RESP 1.151.884/SC E RESP 1.173.677-MG). Requer-se, assim, a EXISTÊNCIA DE PREJUÍZO PATRIMONIAL EFETIVO, E NÃO APENAS PRESUMIDO.
 §4º. Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o RESSARCIMENTO AO ERÁRIO, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
 A Lei impõe que, ocorrendo lesão ao patrimônio público por AÇÃO ou OMISSÃO, DOLOSA ou CULPOSA, do AGENTE ou de TERCEIRO, dar-se-á o INTEGRAL RESSARCIMENTO DO DANO (ART. 5º). Além disso, no caso de ENRIQUECIMENTO ILÍCITO, perderá o agente público ou terceiro beneficiário, os bens ou valores acrescidos ao seu patrimônio.
ART. 5º. Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiros, dar-se-á o integral ressarcimento do dano.
Indisponibilidade de Bens
 A indisponibilidade de bens do indiciado tem “a função própria de ASSEGURAR BASES PATRIMONIAIS sobre as quais INCIDIRÁ, SE FOR O CASO, a FUTURA EXECUÇÃO FORÇADA DA SENTENÇA CONDENATÓRIA decorrente de atos de improbidade administrativa”. Em outras palavras, tem o objetivo de LIMITAR OS DIREITOS SOBRE A PROPRIEDADE DO INDICIADO, de tal forma que não possa se desfazer de seu patrimônio sem garantir o pagamento integral de eventual condenação futura. Os bens CONTINUAM SENDO DO INDICIADO, MAS NÃO TEM TODOS OS PODERES SOBRE ELES. Ao final, se condenado e não adimplir seu débito, tais bens serão usados para tal. 
ART. 7º. Quando o ato de improbidade causar LESÃO AO PATRIMÔNIO PÚBLICO ou ensejar ENRIQUECIMENTO ILÍCITO, caberá à autoridade administrativa responsável pelo inquérito representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado. 
 PARÁGRAFO ÚNICO. A indisponibilidade a que se refere o caput deste artigo recairá sobre bens que assegurem o integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do enriquecimento ilícito
 Essa matéria está sob reserva de jurisdição, quer dizer que, a indisponibilidade dos bens é DECLARADA pelo JUIZ, e NÃO PELA ADMINISTRAÇÃO. A autoridade administrativa REPRESENTA (indica os elementos de fato, a necessidade) ao MINISTÉRIO PÚBLICO, que peticiona junto ao Poder Judiciário. 
INDISPONIBILIDADE DOS BENS: MEDIDA CAUTELAR sobre a coisa de que não se pode dispor (vender, dar, ceder, permutar). O proprietário pode continuar utilizando o bem, mas não pode dele dispor. PERMANECE A PROPRIEDADE E A POSSE DO MESMO;
SEQUESTRO DOS BENS: MEDIDA CAUTELAR que visa garantir o bem através da APREENSÃO ou o DEPÓSITO JUDICIAL de certa coisa, sobre a qual pesa um litígio, ou sujeita a determinados encargos, a fim de que seja entregue, quando solucionada a pendência, a quem de direito. Assim, o sequestro é dirigido contra determinada coisa, ou coisa especificada, sobre que se litiga. E tem a finalidade de retirar essa coisa da posse de quem a tem, para trazê-la e conservá-la em segurança perante o juízo, onde se intenta, ou onde se pretende intentar a ação. PERDE A POSSE, MAS PERMANECE A PROPRIEDADE. O sequestro é uma medida de segurança, que tanto se pode promover como preparatória, como preventivamente; 
ARRESTO DOS BENS: MEDIDA CAUTELAR no qual a indisponibilidade se dá em TODOS OS SEUS BENS e não somente em um como no caso do sequestro. 
PERDIMENTO DOS BENS: o perdimento é a MEDIDA DEFINITIVA que RETIRA DO APENADO A PROPRIEDADE DO BEM, O QUAL DEIXA DE LHE PERTENCER.
 Nesse sentido, havendo FUNDADOS INDÍCIOS DE RESPONSABILIDADE, a comissão processante REPRESENTARÁ ao MINISTÉRIO PÚBLICO ou à PROCURADORIA DO ÓRGÃO para que requeira ao juízo competente a decretação do SEQUESTRO DOS BENS do agente ou terceiro que tenha ENRIQUECIDO ILICITAMENTE ou causado DANO AO PATRIMÔNIO PÚBLICO (ART. 16).
 Como tratamos da indisponibilidade dos bens, saiba que a jurisprudência do STJ tem se posicionado no sentido da DESNECESSIDADE DE PROVA de PERICULUM IN MORA CONCRETO, ou seja, de que os réus estariam dilapidando seu patrimônio, ou na iminência de fazê-lo, exigindo-se apenas a demonstração de FUMUS BONI IURIS. (RESP 1.203.133/MT).
Atos Decorrentes da Concessão ou Aplicação Indevida de Benefício Financeiro ou Tributário
 Esse tipo de ato de improbidade foi incluído por meio da LEI COMPLEMENTAR 157/2016. Certamente, o objetivo do legislador foi atuar contra a guerra fiscal entre os municípios e a corrupção de prefeitos que concediam indevidamente isenções ou benefícios fiscais ou tributários, diminuindo significativamente a arrecadação municipal em benefício de poucas empresas.
 Anota-se, por oportuno, que a LEI 8.429/1992 é uma LEI ORDINÁRIA, ao passo que a matéria foi incluída no ART. 10-A mediante a edição de uma LEI COMPLEMENTAR. Não há qualquer problema nisso, o legislador apenas aproveitou a legislação que estava alterando a LEI COMPLEMENTAR 116/2003, que dispõe sobre o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, para também alternar a Lei 8.429/1992. No entanto, a norma insculpida no ART. 10-A é apenas FORMALMENTE LEI COMPLEMENTAR, mas MATERIALMENTE é LEI ORDINÁRIA. Assim, SE FUTURAMENTE O ART. 10-A FOR ALTERADO OU REVOGADO, ISSO PODERÁ OCORRER MEDIANTE LEI ORDINÁRIA.
 Nesse contexto, o ART. 10-A estabelece que constitui ato de improbidade administrativa QUALQUER AÇÃO ou OMISSÃO para CONCEDER, APLICAR ou MANTER BENEFÍCIO FINANCEIRO ou TRIBUTÁRIO CONTRÁRIO AO QUE DISPÕEM o CAPUT E O § 1º DO ART. 8º-A DA LEI COMPLEMENTAR 116/2003.
 O ART. 8º-A, § 1º, DA LC 116/2003, por sua vez, estabelece que a alíquota mínima do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza é de 2%. Com efeito, tal imposto não poderá ser objeto de concessão de isenções, incentivos ou benefícios tributários ou financeiros que venham a resultar em carga tributária menor que a decorrente da aplicaçãoda alíquota mínima de 2%.
A própria LEI COMPLEMENTAR 116/2003 apresenta exceções, ou seja, apresenta casos em que poderá ser instituída uma carga tributária abaixo dos 2%, sem que isso represente uma irregularidade. Os serviços que podem ter alguma isenção que enseje uma alíquota abaixo dos 2% são os subitens 7.02, 7.05 e 16.01 da lista anexa à Lei Complementar 116/2003, quais sejam:
 7.02 – Execução, por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil, hidráulica ou elétrica e de outras obras semelhantes, inclusive sondagem, perfuração de poços, escavação, drenagem e irrigação, terraplanagem, pavimentação, concretagem e a instalação e montagem de produtos, peças e equipamentos (exceto o fornecimento de mercadorias produzidas pelo prestador de serviços fora do local da prestação dos serviços, que fica sujeito ao ICMS).
 7.05 – Reparação, conservação e reforma de edifícios, estradas, pontes, portos e congêneres (exceto o fornecimento de mercadorias produzidas pelo prestador dos serviços, fora do local da prestação dos serviços, que fica sujeito ao ICMS).
 16.01 - Serviços de transporte coletivo municipal rodoviário, metroviário, ferroviário e aquaviário de passageiros.
 Em resumo, o ato de improbidade que estamos falando configura-se quando uma autoridade, por ação ou omissão, conceder, aplicar ou manter benefício financeiro ou tributário que ENSEJE A APLICAÇÃO DE UMA ALÍQUOTA ABAIXO DOS 2% para o IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA, exceto em relação aos serviços que a própria LC 116/2003 permita instituir alíquota menor. Ademais, assim como ocorre com os atos que importam enriquecimento ilícito e os atos que atentam contra os princípios, essa forma de ato admite APENAS CONDUTA DOLOSA.
Atos que Atentam Contra os Princípios da Administração Pública
 O PRINCÍPIO DE PROBIDADE (honestidade) está intimamente ligado à IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA (desonestidade do administrador público). Os princípios constituem o fundamento, o alicerce, a base de um sistema, e que condicionam as estruturas subsequentes, garantindo-lhe validade. Assim, fundamental sua importância no estudo do Direito. Tanto é assim que a Lei de Improbidade previu a obrigatoriedade na observação de diversos princípios, nos termos seguintes:
ART. 4º. Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia são obrigados a velar pela estrita observância dos princípios de LEGALIDADE, IMPESSOALIDADE, MORALIDADE e PUBLICIDADE no trato dos assuntos que lhe são afetos. 
 Ressalte-se que esses são os mesmos quatro princípios constantes da redação original do CAPUT DO ART. 37 DA CONSTITUIÇÃO. No entanto, convém relembrar que o PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA foi nele inserido pela EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 19, DE 1998.
Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia são obrigados a velar pela estrita observância do princípio da eficiência? NOS TERMOS DA CF/88 SIM!
Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia são obrigados a velar pela estrita observância do princípio da eficiência? NOS TERMOS DA LEI 8.429/1992 NÃO!
 A última espécie de ato de improbidade administrativa que atentam contra os princípios da Administração Pública é o tipo MENOS GRAVE de sanções, correspondendo, portanto, às penalidades menos severas do ART. 12. Aqui não se cogita do enriquecimento ilícito ou dano material ao erário, mas sim apenas da mera VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS. Nos mesmos termos do comentário feito com relação ao ART. 9º, para a maior parte da doutrina, aqui também somente se punirá a CONDUTA DOLOSA. 
 Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da Administração Pública qualquer AÇÃO ou OMISSÃO que VIOLE OS DEVERES de HONESTIDADE, IMPARCIALIDADE, LEGALIDADE e LEALDADE às instituições. Embora a lei mencione expressamente apenas os princípios da honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade, constitui ato de improbidade a violação a QUALQUER PRINCÍPIO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, como EFICIÊNCIA, MOTIVAÇÃO, PUBLICIDADE, INTERESSE PÚBLICO, RAZOABILIDADE, etc. 
Tome cuidado apenas com o comando da questão. Caso especifique os princípios dispostos na LIA (LEI 8.429/92), a resposta correta será: legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade (ART. 4º) e honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade (ART. 11º).
ART. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:
 I - PRATICAR ATO visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de competência;
 II - RETARDAR ou DEIXAR DE PRATICAR, indevidamente, ato de ofício;
 III - REVELAR FATO ou CIRCUNSTÂNCIA de que tem ciência em razão das atribuições e que deva permanecer em segredo;
 IV - NEGAR PUBLICIDADE aos atos oficiais;
 V - FRUSTRAR A LICITUDE de CONCURSO PÚBLICO;
 VI - DEIXAR DE PRESTAR CONTAS quando esteja obrigado a fazê-lo;
 VII - REVELAR ou PERMITIR que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.
 VIII - DESCUMPRIR as normas relativas à celebração, fiscalização e aprovação de contas de parcerias firmadas pela administração pública com entidades privadas.
 IX - DEIXAR de cumprir a exigência de requisitos de acessibilidade previstos na legislação.
 X - TRANSFERIR recurso a entidade privada, em razão da prestação de serviços na área de saúde sem a prévia celebração de contrato, convênio ou instrumento congênere, nos termos do parágrafo único do art. 24 da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990.
Sansão/Penas Decorrentes da Improbidade Administrativa
 A Constituição Federal apresentou quatro tipos de sanções cabíveis em decorrência do ato de improbidade administrativa:
· A suspensão dos direitos políticos;
· A perda da função pública;
· A indisponibilidade dos bens; e
· O ressarcimento ao erário.
 Adicionalmente, a LEI 8.429/1992 acrescentou outros dois tipos de penas: (a) PAGAMENTO DE MULTA CIVIL; e (b) PROIBIÇÃO DE CONTRATAR COM O PODER PÚBLICO OU DE RECEBER BENEFÍCIOS OU INCENTIVOS FISCAIS OU CREDITÍCIOS, DIRETA OU INDIRETAMENTE, AINDA QUE POR INTERMÉDIO DE PESSOA JURÍDICA DA QUAL SEJA SÓCIO MAJORITÁRIO. Essas penas SÃO APLICADAS PELO PODER JUDICIÁRIO, de acordo com a autonomia que lhe é atribuída. 
 Nesse sentido, o PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 12 DA LIA dispõe que “na fixação das penas previstas na Lei, o juiz deve levar em conta a EXTENSÃO DO DANO CAUSADO, assim como o PROVEITO PATRIMONIAL OBTIDO PELO AGENTE. Comentando esse dispositivo, MARIA SYLVIA DI PIETRO assinala que “a expressão extensão do dano causado tem que ser entendida em SENTIDO AMPLO, de modo que abranja NÃO SÓ O DANO AO ERÁRIO, AO PATRIMÔNIO PÚBLICO EM SENTIDO ECONÔMICO, MAS TAMBÉM AO PATRIMÔNIO MORAL DO ESTADO E DA SOCIEDADE”.
 Entretanto, É POSSÍVEL a aplicação de PENA DE DEMISSÃO de servidor público por ato de IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA, em PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR, MESMO SEM DECISÃO JUDICIAL PRÉVIA. Nessa linha, o STJ entendeu, com base na independência das instâncias administrativa e instância judicial civil e penal, que é possível que servidor seja demitido, com fundamento no ART. 132, IV, DA LEI 8.112/1990, independentemente de processo judicial prévio. Todavia, para as penas não previstas no Estatuto do Servidor, será indispensável o processo judicial (MS 15.054/DF).
ART. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos: 
 V - Improbidade Administrativa;
 Na verdade, não podemos confundir a pena de demissão, que é uma sanção disciplinar, aplicável no âmbito do processo administrativo disciplinar, com a pena de perda da função pública, que é uma sanção de improbidade, aplicada no âmbito do processo judicial de improbidade administrativa, pelo juízo competente. Um dos fundamentosda pena de demissão é o cometimento de ato de improbidade administrativa (VIDE ART. 132, IV, DA LEI 8.112/1990). Assim, no âmbito do processo administrativo disciplinar, será possível aplicar a SANÇÃO DE DEMISSÃO, pelo COMETIMENTO DE ATO DE IMPROBIDADE, AINDA QUE O PROCESSO DE IMPROBIDADE NÃO TENHA SIDO CONCLUÍDO. Por outro lado, a aplicação da PENA DE PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA SOMENTE PODERÁ SER REALIZADA COM O TRÂNSITO EM JULGADO TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA.
Em qualquer caso, na esfera federal, nos termos da LEI Nº 8.112/90, ART. 137, PARÁGRAFO ÚNICO, NÃO PODERÁ RETORNAR AO SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL o servidor que for DEMITIDO ou DESTITUÍDO DO CARGO EM COMISSÃO por cometer ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.
ART. 137, PARÁGRAFO ÚNICO. Não poderá retornar ao serviço público federal o servidor que for demitido ou destituído do cargo em comissão por infringência do art. 132, incisos I (crime contra a administração pública), IV (IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA), VIII (aplicação irregular de dinheiros públicos), X (lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional) e XI (corrupção).
 De acordo com o ART. 12 DA LEI 8.429/1992, independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato:
ART. 12. INDEPENDENTEMENTE das sanções PENAIS, CIVIS e ADMINISTRATIVAS previstas na legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas ISOLADA OU CUMULATIVAMENTE, DE ACORDO COM A GRAVIDADE DO FATO: 
 I. Na hipótese do ART. 9º (ENRIQUECIMENTO ILÍCITO), perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, RESSARCIMENTO INTEGRAL DO DANO, QUANDO HOUVER, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos, pagamento de multa civil de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos;
 II. Na hipótese do ART. 10 (LESÃO AO ERÁRIO), RESSARCIMENTO INTEGRAL DO DANO, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos;
 III. Na hipótese do ART. 11 (OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA), RESSARCIMENTO INTEGRAL DO DANO, SE HOUVER, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos, pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos.
 IV. Na hipótese do ART. 10-A (CONCESSÃO OU APLICAÇÃO INDEVIDA DE BENEFÍCIO FINANCEIRO OU TRIBUTÁRIO), perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de 5 (cinco) a 8 (oito) anos e multa civil de até 3 (três) vezes o valor do benefício financeiro ou tributário concedido.
 PARÁGRAFO ÚNICO. Na fixação das penas previstas nesta lei o JUIZ levará em conta a EXTENSÃO DO DANO CAUSADO, assim como o PROVEITO PATRIMONIAL OBTIDO pelo agente.
 As penas de PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA e a SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS só se efetivam com o TRÂNSITO EM JULGADO da sentença condenatória. Todavia, a autoridade judicial ou administrativa competente poderá determinar o afastamento do agente público do exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à instrução processual (ART. 20, CAPUT E PARÁGRAFO ÚNICO).
 Ademais, o ART. 21 determina que a aplicação das sanções previstas na Lei INDEPENDE: a) da EFETIVA OCORRÊNCIA DE DANO AO PATRIMÔNIO PÚBLICO, SALVO quanto à PENA DE RESSARCIMENTO; b) da APROVAÇÃO OU REJEIÇÃO DAS CONTAS pelo ÓRGÃO DE CONTROLE INTERNO ou pelo TRIBUNAL OU CONSELHO DE CONTAS.
ART. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei independe: 
 I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo quanto à pena de ressarcimento;
 II – da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno ou pelo tribunal ou conselho de contas.
 O RESSARCIMENTO AO ERÁRIO e a PERDA DOS BENS ilicitamente acrescidos ao patrimônio do agente público NÃO PERDEM SEU OBJETO EM FUNÇÃO DE SUA MORTE. O sucessor daquele que LESÃO AO PATRIMÔNIO PÚBLICO ou se ENRIQUECIDO ILICITAMENTE está sujeito às cominações da LIA ATÉ O LIMITE DO VALOR DA HERANÇA (ART. 8º). Portanto, nesses dois casos específicos, é possível que o sucessor seja atingido pelas penalidades da Lei de Improbidade Administrativa. Por exemplo: Paulo cometeu ato de improbidade administrativa, causando uma lesão ao erário no montante de R$ 1 milhão. Todavia, Paulo vem a óbito, deixando de herança o montante de R$ 500 mil para os seus filhos. Nesse caso, os herdeiros poderão responder até o valor de R$ 500 mil. Aquilo que exceder a esse montante não poderá ser exigido dos herdeiros, pois nesse caso a sanção estaria passando da pessoa do condenado (os filhos teriam que arcar com o próprio patrimônio).
ART. 8º. O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio público ou se enriquecido ilicitamente está sujeito às cominações desta lei até o limite do valor da herança. 
 Esse artigo segue o disposto na Constituição Federal, onde:
ART. 5º, XLV. Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido. 
 
 ESQUEMATIZANDO:
	
	Enriquecimento Ilícito
	Prejuízo ao Erário
	Lesão aos Princípios
	Concessão financeira ou tributária irregular
	Efetivação da Pena
	Ressarcimento ao erário
	Aplicável, quando houver
	Aplicável
	-
	Aplicável, se houver
	-
	Perda da função pública
	Aplicável
	Aplicável
	Aplicável
	Aplicável
	Transito em Julgado
	Suspensão dos direitos políticos
	De 8 a 10 anos
	De 5 a 8 anos
	De 5 a 8 anos
	De 3 a 5 anos
	Transito em Julgado
	Perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio
	DEVE ser aplicada
	PODE ser aplicada
	-
	-
	-
	Pagamento de multa civil
	Até 3x o valor do acréscimo patrimonial
	Até 2x o valor do dano
	Até 3x o valor do benefício concedido
	até 100x o valor da remuneração percebida pelo agente
	-
	Proibição de contratar com o poder público ou incentivos fiscais
	Por 10 anos
	Por 5 anos
	-
	Por 3 anos
	-
	Conduta
	Dolosa
	Dolosa ou CULPOSA
	Dolosa
	Dolosa
	-
	Sucessor
	-
	Aplicável, até o limite do valor da herança
	Aplicável, até o limite do valor da herança
	-
	-
Declaração de Bens e Valores
 Segundo a Lei de Improbidade, para que o agente público tome POSSE ou ENTRE EM EXERCÍCIO, deve obrigatoriamente entregar DECLARAÇÃO DOS BENS E VALORES QUE COMPÕEM O SEU PATRIMÔNIO PRIVADO, a fim de ser ARQUIVADA NO SERVIÇO DE PESSOAL COMPETENTE (ART. 13). Compreenderá na declaração, móveis, semoventes, dinheiro, títulos, ações, e qualquer outra espécie de bens e valores patrimoniais, LOCALIZADO NO PAÍS OU NO EXTERIOR compreendendo, inclusive (ART. 13, §1º):
· Os bens e valores patrimoniais do CÔNJUGE ou COMPANHEIRO;
· Os bens e valores patrimoniais dos FILHOS;
· Os bens e valores patrimoniais de OUTRAS PESSOAS QUE VIVAM SOB SUA DEPENDÊNCIA ECONÔMICA.
· Fica EXCLUÍDO da declaração apenas os OBJETOS E UTENSÍLIOS DE USO DOMÉSTICO.ART. 13. A posse e o exercício de agente público ficam condicionados à apresentação de declaração dos bens e valores que compõem o seu patrimônio privado, a fim de ser arquivada no serviço de pessoal competente.
 § 1° A declaração compreenderá imóveis, móveis, semoventes, dinheiro, títulos, ações, e qualquer outra espécie de bens e valores patrimoniais, localizado no País ou no exterior, e, quando for o caso, abrangerá os bens e valores patrimoniais do cônjuge ou companheiro, dos filhos e de outras pessoas que vivam sob a dependência econômica do declarante, excluídos apenas os objetos e utensílios de uso doméstico. 
 A declaração de bens permanecerá arquivada no serviço de pessoal competente, devendo ser ATUALIZADA ANUALMENTE. Além disso, deve ser atualizada na data em que o agente público DEIXAR O EXERCÍCIO do MANDATO, CARGO, EMPREGO ou FUNÇÃO (ART. 13, §2º).
 § 2º A declaração de bens será anualmente atualizada e na data em que o agente público deixar o exercício do mandato, cargo, emprego ou função.
 A Lei confere grande importância à necessidade de entrega da declaração de bens. Com efeito, o agente público que se RECUSAR A PRESTAR a declaração, DENTRO DO PRAZO DETERMINADO, ou que a PRESTAR FALSA, será punido com a PENA DE DEMISSÃO, a bem do serviço público, SEM PREJUÍZO DE OUTRAS SANÇÕES CABÍVEIS (ART. 13, §3º). 
 § 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do serviço público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente público que se recusar a prestar declaração dos bens, dentro do prazo determinado, ou que a prestar falsa.
 Ressalta-se a possibilidade do agente público (DECLARANTE) entregar na DELEGACIA DA RECEITA FEDERAL, a CÓPIA DA DECLARAÇÃO ANUAL DE BENS na conformidade com a LEGISLAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA e proventos de qualquer natureza (ART. 13, §4º). Ou seja, tal declaração PODERÁ SER SUBSTITUÍDA, sendo assim fica a CRITÉRIO DO DECLARANTE, pois, se trata de uma faculdade.
 § 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia da declaração anual de bens apresentada à Delegacia da Receita Federal na conformidade da legislação do Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer natureza, com as necessárias atualizações, para suprir a exigência contida no caput e no § 2° deste artigo.
Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) e Processo Judicial
Representação
 De pronto, vale destacar que as sanções previstas na Lei de Improbidade são PROCESSADAS, JULGADAS e APLICADAS pelo PODER JUDICIÁRIO, mediante SENTENÇA JUDICIAL, APÓS o devido PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO DE APURAÇÃO e a respectiva DENÚNCIA oferecida pelo MINISTÉRIO PÚBLICO ou pela PESSOA JURÍDICA INTERESSADA.
 A LEI 8.429/92 permite que QUALQUER PESSOA represente à AUTORIDADE ADMINISTRATIVA COMPETENTE para que seja instaurado procedimento destinado a APURAR PRÁTICA DE ATO DE IMPROBIDADE (ART. 14). Ou seja, caso qualquer pessoa tenha conhecimento da prática de algum ato de improbidade poderá comunicar o fato à autoridade administrativa competente para apurar o caso. Perceba que, nesse primeiro momento, a representação é feita no âmbito administrativo, e não no judicial. Por outro lado, a Lei considera como CRIME a REPRESENTAÇÃO POR ATO DE IMPROBIDADE CONTRA AGENTE PÚBLICO OU TERCEIRO BENEFICIÁRIO, QUANDO O AUTOR DA DENÚNCIA O SAIBA INOCENTE (ART. 19).
ART. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade administrativa competente para que seja instaurada investigação destinada a apurar a prática de ato de improbidade. 
 Como requisito de validade, a representação deverá ser ESCRITA ou REDUZIDA A TERMO e ASSINADA, contendo a QUALIFICAÇÃO DO REPRESENTANTE, as INFORMAÇÕES SOBRE O FATO E SUA AUTORIA e a INDICAÇÃO DAS PROVAS DE QUE TENHA CONHECIMENTO (ART. 14, §1º). Caso a autoridade administrativa competente REJEITE a representação, NÃO HÁ IMPEDIMENTO PARA A PESSOA REPRESENTE DIRETAMENTE ao MINISTÉRIO PÚBLICO, podendo esta, DE OFÍCIO, instaurar um INQUÉRITO POLICIAL ou PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO (ART. 14, §2º).
 1 §. A representação, que será escrita ou reduzida a termo e assinada, conterá a qualificação do representante, as informações sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas de que tenha conhecimento.
 2 §. A autoridade administrativa rejeitará a representação, em despacho fundamentado, se esta não contiver as formalidades estabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição não impede a representação ao Ministério Público, que de ofício poderá requisitar a instauração de inquérito policial ou procedimento administrativo. 
 Casos sejam ATENDIDOS OS REQUISITOS da representação, A AUTORIDADE DETERMINARÁ A IMEDIATA APURAÇÃO DOS FATOS. Nesse caso, a decisão é VINCULADA, pois, casos sejam atendidos os requisitos da Lei, obrigatoriamente a autoridade deverá apurar a representação, utilizando-se do devido PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR (PAD). Em se tratando de SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL, o processo deverá ocorrer nos moldes dos ARTS. 148 AO 182 DA LEI 8.112/1990, se tratando de SERVIDOR MILITAR, de acordo com os respectivos REGULAMENTOS DISCIPLINARES e NÃO ATRAVÉS DE PAD.
 3 §. Atendidos os requisitos da representação, a autoridade determinará a imediata apuração dos fatos que, em se tratando de servidores federais, será processada na forma prevista nos arts. 148 a 182 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990 (PAD) e, em se tratando de servidor militar, de acordo com os respectivos regulamentos disciplinares.
Ação de Improbidade
 ATENDIDOS OS REQUISITOS da REPRESENTAÇÃO, a autoridade (COMISSÃO PROCESSANTE) determinará a imediata apuração dos fatos (apuração da prática do ato de improbidade) mediante PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO (PAD), DANDO CONHECIMENTO ao MINISTÉRIO PÚBLICO e ao TRIBUNAL OU CONSELHO DE CONTAS (ART. 15). 
 Esses órgãos PODEM REQUERER a DESIGNAÇÃO DE REPRESENTANTE PARA ACOMPANHAR O PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO (ART. 15, §PU), uma vez que o deslinde da apuração poderá motivar a adoção de alguma providência no âmbito das respectivas competências. Por exemplo, o Tribunal de Contas, ao acompanhar o processo administrativo, poderá colher subsídios para julgar as contas do agente investigado. Porém, frise-se, NÃO PODERÁ INTERFERIR DE FORMA ALGUMA NA REALIZAÇÃO DO PROCEDIMENTO A CARGO DA ADMINISTRAÇÃO. 
ART. 15. A comissão processante dará conhecimento ao Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da existência de procedimento administrativo para apurar a prática de ato de improbidade. 
 PARÁGRAFO ÚNICO. O Ministério Público ou Tribunal ou Conselho de Contas poderá, a requerimento, designar representante para acompanhar o procedimento administrativo.
 HAVENDO FUNDADOS INDÍCIOS de responsabilidade, a COMISSÃO PROCESSANTE responsável pelo procedimento administrativo REPRESENTARÁ ao MINISTÉRIO PÚBLICO ou à PROCURADORIA DO ÓRGÃO OU ENTIDADE em que esteja tramitando o processo administrativo para que REQUEIRA AO JUÍZO COMPETENTE a DECRETAÇÃO CAUTELAR DO SEQUESTRO DOS BENS do agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público (ART. 16). O sequestro é uma medida cautelar que incide sobre bens específicos, com a finalidade de garantir a futura execução (PERDE A POSSE, MAS PERMANECE A PROPRIEDADE).
 Além do sequestro dos bens, o pedido cautelar PODERÁ INCLUIR A INVESTIGAÇÃO, o EXAME e o BLOQUEIO DE BENS, CONTAS BANCÁRIAS e APLICAÇÕES FINANCEIRAS MANTIDAS PELO INDICIADO NO EXTERIOR, nos termos da LEI e dos TRATADOS INTERNACIONAIS (ART. 16, §2º). 
 ART. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, a comissão representará ao Ministério Público ou à procuradoria do órgão para que requeira ao juízo competente a decretação do sequestro dos bens do agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público.
 § 1º O pedido de sequestro será processado de acordo com o disposto nos arts. 822 e 825 do Código de Processo Civil.
 § 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação, o exame e o bloqueio de bens, contas bancáriase aplicações financeiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos da lei e dos tratados internacionai
 APÓS A CONCLUSÃO DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO, deverá ser proposta a AÇÃO JUDICIAL DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. Essa ação seguirá o rito ordinário, PODENDO SER PROPOSTA pelo MINISTÉRIO PÚBLICO ou DIRETAMENTE pela PESSOA JURÍDICA INTERESSADA (isto é, a pessoa jurídica contra a qual o ato de improbidade tenha sido praticado, o sujeito passivo dos atos de improbidade), por intermédio de sua procuradoria (ART. 17). Ademais, também se considera pessoa jurídica interessada o ENTE TRIBUTANTE QUE FIGURAR NO POLO ATIVO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA do IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA, prevista na LC 116/2003 (ART. 17, § 13º). Assim, se um prefeito, por exemplo, conceder um benefício tributário que enseja uma alíquota abaixo de 2% para uma empresa, posteriormente o município será a pessoa jurídica interessada para mover a ação de improbidade administrativa contra o ato.
A AÇÃO JUDICIAL DE IMPROVIDADE ADMINISTRATIVA é considerada pela doutrina e pela e pela jurisprudência uma espécie de AÇÃO CIVIL PÚBLICA. Nesse contexto, vale mencionar os ensinamentos de GEORGE SARMENTO, que dispõe que a ação judicial por ato de improbidade administrativa possui natureza de ação civil pública, SENDO-LHE CABÍVEL, SUBSIDIARIAMENTE, as regras da LEI 7.347/1995 (Lei da Ação Civil Pública).
ART. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada, dentro de 30 dias da efetivação da medida cautelar.
 § 13 Para os efeitos deste artigo, também se considera pessoa jurídica interessada o ente tributante que figurar no polo ativo da obrigação tributária de que tratam o § 4º do art. 3º e o art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003.
 CASO TENHA SIDO EFETIVADA MEDIDA CAUTELAR, o prazo para ajuizamento da ação principal, que terá RITO ORDINÁRIO (a ação de improbidade irá seguir os trâmites normais de uma ação civil) é de 30 DIAS, CONTADOS da EFETIVAÇÃO DA MEDIDA CAUTELAR. Ademais, quando for o caso, a FAZENDA PÚBLICA PROMOVERÁ AS AÇÕES CIVIS NECESSÁRIAS à COMPLEMENTAÇÃO DO RESSARCIMENTO DO PATRIMÔNIO PÚBLICO (ART. 17, § 2º). Por exemplo, se o juiz determinar o ressarcimento, a Fazenda Pública poderá promover a ação de "execução", para obter a penhora ou outras medidas para que o erário seja ressarcido. 
 § 2° A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá as ações necessárias à complementação do ressarcimento do patrimônio público.
 Quanto ao rito do processo, o § 3º, ART. 17, determina que, no caso de a ação principal ter sido proposta pelo MINISTÉRIO PÚBLICO, a PESSOA JURÍDICA INTERESSADA PODERÁ OPTAR por ABSTER-SE DE CONTESTAR O PEDIDO DE IMPUGNAÇÃO do ato ou ATUAR AO LADO DO MP, “DESDE QUE ISSO SE AFIGURE ÚTIL AO INTERESSE PÚBLICO, A JUÍZO DO RESPECTIVO REPRESENTANTE LEGAL OU DIRIGENTE” (LEI 4.717/1965, ART. 6º, 3º). Nesse caso, a pessoa jurídica poderá compor o polo ativo da ação, ao lado do MP, ou permanecer inerte diante da instauração do processo. Contudo, quando for a pessoa interessada quem interpôs a ação, o MINISTÉRIO PÚBLICO, SE NÃO INTERVIR NO PROCESSO COMO PARTE, deverá atuar OBRIGATORIAMENTE, como FISCAL DA LEI, SOB PENA DE NULIDADE (ART. 17, §4º).
 § 3° No caso de a ação principal ter sido proposta pelo Ministério Público, aplica-se, no que couber, o disposto no § 3o do art. 6º da Lei no 4.717, de 29 de junho de 1965.
 § 4° O Ministério Público, se não intervir no processo como parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de nulidade.
 § 5° A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.
 § 6° A ação será instruída com documentos ou justificação que contenham indícios suficientes da existência do ato de improbidade ou com razões fundamentadas da impossibilidade de apresentação de qualquer dessas provas, observada a legislação vigente, inclusive as disposições inscritas nos arts. 16 a 18 do Código de Processo Civil.
 UMA VEZ PROPOSTA A AÇÃO PERANTE O JUDICIÁRIO, o juiz competente ordenará a NOTIFICAÇÃO DAS PARTES (EM 15 DIAS) para apresentação de PROVAS e CONTESTAÇÕES, bem como os DEPOIMENTOS ou INQUIRIÇÕES necessárias à instrução do feito (ART. 17, §7º). Em QUALQUER FASE, RECONHECIDA A INADEQUAÇÃO DA AÇÃO DE IMPROBIDADE, o JUIZ EXTINGUIRÁ O PROCESSO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO. Ressalta-se que o juiz, se convencido da inexistência do ato de improbidade, terá 30 DIAS após recebida a manifestação e SUA DECISÃO TERÁ DE SER FUNDAMENTADA (ART. 17, §8º).
 § 7° Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do requerido, para oferecer manifestação por escrito, que poderá ser instruída com documentos e justificações, dentro do prazo de 15 dias.
 § 8° Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de 30 dias, em decisão fundamentada, rejeitará a ação, se convencido da inexistência do ato de improbidade, da improcedência da ação ou da inadequação da via eleita.
 § 9° Recebida a petição inicial, será o réu citado para apresentar contestação.
 § 10° Da decisão que receber a petição inicial, caberá agravo de instrumento.
 § 11 Da decisão que receber a petição inicial, caberá agravo de instrumento.
 § 12 Aplica-se aos depoimentos ou inquirições realizadas nos processos regidos por esta Lei o disposto no art. 221, caput e § 1o, do Código de Processo Penal.
 O MINISTÉRIO PÚBLICO, DE OFÍCIO, a requerimento de AUTORIDADE ADMINISTRATIVA ou mediante REPRESENTAÇÃO efetuada POR QUALQUER PESSOA, poderá requisitar a instauração de INQUÉRITO POLICIAL ou PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO para apurar qualquer ilícito previsto na Lei de Improbidade (ART. 22). Perceba que o Ministério Público pode atuar de ofício, ou seja, não depende de qualquer provocação para atuar visando a apurar a prática de ato de improbidade administrativa.
Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta lei, o Ministério Público, de ofício, a requerimento de autoridade administrativa ou mediante representação formulada de acordo com o disposto no art. 14, poderá requisitar a instauração de inquérito policial ou procedimento administrativo.
 Outro ponto importante na Lei de Improbidade consta no ART. 17, § 1º. Hoje, a Lei de Improbidade admite que sejam firmados ACORDOS DE NÃO PERSECUÇÃO CÍVEL, ou seja, a legislação permite que sejam firmados ACORDOS nas ações de improbidade. Em resumo: o réu se compromete a adotar algumas medidas e o Ministério Público ou a pessoa jurídica interessada (legitimados para mover a ação de improbidade) se comprometem a não mover a ação de improbidade ou outra ação de natureza cível.
 Antigamente, a legislação vedava que fosse firmado qualquer tipo de transação, acordo ou conciliação nas ações de improbidade administrativa, essa vedação, entretanto, deixou de existir, uma vez que a Lei Anticrime alterou a redação do ART. 17, § 1º, mencionando expressamente a possibilidade de celebrar acordo de não persecução cível. Porém, o ART. 17-A, que iria explicar como funcionaria o acordo, foi integralmente vetado. Assim, temos a possibilidade de firmar o acordo, mas não existe, na Lei de Improbidade, a explicação de como esse acordo deverá funcionar. Na verdade, existe um único parágrafo na Lei de Improbidade que trata do acordo, dispondo que "havendo a possibilidade de SOLUÇÃO CONSENSUAL, poderão as partes requerer ao juiz a INTERRUPÇÃO DO PRAZO PARA A CONTESTAÇÃO, por PRAZO NÃO SUPERIOR A 90 DIAS" (ART. 17, § 10-A). Esse dispositivo é como se fosse um "pedido de tempo". Imagine que foi apresentada a peça inicial da ação de improbidade, mas surge a possibilidade de firmar um acordo. Então, as partes podem requerer ao juiz que "dê uma segurada" no processo, para que seja possível conversar sobre o possível acordo.
ART. 17 § 1 As ações de que trata este artigo admitem a celebraçãode acordo de não persecução cível, nos termos desta Lei.
 § 10-A Havendo a possibilidade de solução consensual, poderão as partes requerer ao juiz a interrupção do prazo para a contestação, por prazo não superior a 90 (noventa) dias.
 A sentença que julgar PROCEDENTE a AÇÃO CIVIL DE REPARAÇÃO DE DANO ou que decretar a PERDA DOS BENS HAVIDOS ILICITAMENTE DETERMINARÁ O PAGAMENTO OU A REVERSÃO DOS BENS, conforme o caso, EM FAVOR da PESSOA JURÍDICA PREJUDICADA PELO ILÍCITO (art. 18). Por exemplo, se o ato de improbidade tiver causado dano ao patrimônio de uma sociedade de economia mista, a sentença condenatória deverá determinar que o agente responsável efetue o ressarcimento do valor correspondente ao dano diretamente à entidade; já se o dano tiver sido causado a um órgão da administração direta, o pagamento deverá ser efetivado em favor do Tesouro Nacional.
ART. 18. A sentença que julgar procedente ação civil de reparação de dano ou decretar a perda dos bens havidos ilicitamente determinará o pagamento ou a reversão dos bens, conforme o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada pelo ilícito.
 A PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA e a SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS só se efetivam com o TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA (ART. 20). Todavia, a AUTORIDADE JUDICIAL OU ADMINISTRATIVA COMPETENTE poderá determinar o AFASTAMENTO do agente público do EXERCÍCIO DO CARGO, EMPREGO ou FUNÇÃO, SEM PREJUÍZO DA REMUNERAÇÃO, quando a medida se fizer necessária à instrução processual (ART. 20, PU). Tal afastamento, diferentemente da perda da função pública e da suspensão dos direitos políticos, tem natureza de MEDIDA CAUTELAR (NÃO É UMA SANÇÃO), a ser adotada quando a permanência do agente no cargo puder comprometer a eficácia das apurações.
ART. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença condenatória.
 PARÁGRAFO ÚNICO. A autoridade judicial ou administrativa competente poderá determinar o afastamento do agente público do exercício do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer necessária à instrução processual.
 
Prescrição
 O ART. 23 DA LEI 8.429/1992 determina que as ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas em decorrência de ato de improbidade administrativa podem ser propostas:
a) Até CINCO ANOS APÓS o TÉRMINO DO EXERCÍCIO de MANDATO, de CARGO EM COMISSÃO ou de FUNÇÃO DE CONFIANÇA;
· No caso de EXERCÍCIO DE MANDATO, SENDO REELEITO, o prazo prescricional CONTARÁ DO TÉRMINO DO SEGUNDO MANDATO. Tal regra será aplicável ainda que o mandato seja interrompido por algum tempo. Por exemplo: um prefeito comete um ato de improbidade durante a vigência do primeiro mandato; ele é reeleito; no meio do segundo mandato, o Prefeito é afastado, assumindo o presidente da câmara municipal; após isso, o prefeito volta ao mandato; nessa situação, o prazo prescricional será contado somente após o término do segundo mandato, mesmo que o presidente da câmara tenha substituído interinamente o prefeito.
· Caso o AGENTE PÚBLICO exerça, CUMULATIVAMENTE, CARGO EFETIVO e CARGO COMISSIONADO, há de prevalecer o primeiro (CARGO EFETIVO), para fins de contagem prescricional (RESP 200801124618).
b) Dentro do PRAZO PRESCRICIONAL previsto em LEI ESPECÍFICA para FALTAS DISCIPLINARES PUNÍVEIS COM DEMISSÃO a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego; e
· Esse prazo previsto no item “b” varia conforme o ente da Federação. No caso da União, o prazo prescricional é de cinco anos, conforme consta no ART. 142, I, DA LEI 8.112/1990.
ART. 142. A ação disciplinar prescreverá:
 I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão:
c) Até CINCO ANOS da data da apresentação à administração pública da prestação de contas final pelas entidades que recebam subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual.
ART. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas nesta lei podem ser propostas:
 I - Até 5 Anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função de confiança;
 II - Dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego;
 III - Até 5 anos da data da apresentação à administração pública da prestação de contas final pelas entidades referidas no parágrafo único do art. 1º desta Lei (sujeito passivo).
 Em relação ao TERCEIRO “QUE NÃO É AGENTE PÚBLICO, a Lei de Improbidade também se aplica ao terceiro que, mesmo não sendo agente público, induziu, concorreu ou se beneficiou da prática do ato de improbidade. Como o terceiro nunca responderá sozinho pelo ato de improbidade, o STJ entende que o prazo prescricional será o mesmo aplicável ao agente público, consoante redação da SÚMULA 634:
SÚMULA 634 – Ao particular aplica-se o mesmo regime prescricional previsto na Lei de Improbidade Administrativa para o agente público:
 Em relação ao DANO AO ERÁRIO, há algum tempo, defendia-se a tese de que as ações de ressarcimento de dano ao erário seriam imprescritíveis, tomando como fundamento das disposições do ART. 37, § 5º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, que prevê que: “a lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento”. 
 Porém, a tese da imprescritibilidade “absoluta” do dano ao erário foi sendo vencida aos poucos no STF. Inicialmente, em 2016, o STF firmou posicionamento de que “é PRESCRITÍVEL a AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS À FAZENDA PÚBLICA DECORRENTE DE ILÍCITO CIVIL” (RE 669.069). Esta decisão, porém, não afetava o dano ao erário decorrente de improbidade administrativa, pois os ministros, na ocasião, afirmaram que este tema deveria ser discutido em ação específica. 
 Já em 2018, o Supremo analisou o RE 852.475, discutindo se existia a prescrição da ação de reparação de dano ao erário decorrente de ato de improbidade administrativa. Ao final, foi firmada a seguinte tese com repercussão geral: São IMPRESCRITÍVEIS as AÇÕES DE RESSARCIMENTO AO ERÁRIO fundadas na prática de ATO DOLOSO tipificado na Lei de Improbidade Administrativa.
 A partir desse julgamento, podemos ter as seguintes conclusões sobre as ações de ressarcimento de dano ao erário:
a) ATO DE IMPROBIDADE DOLOSO: SERÁ IMPRESCRITÍVEL
b) ATO DE IMPROBIDADE CULPOSO: SERÁ PRESCRITÍVEL
 Portanto, não podemos mais falar genericamente que as ações de ressarcimento por dano decorrente de ato de improbidade são imprescritíveis. Isso vai depender do ELEMENTO SUBJETIVO da conduta do agente público. Se ele agiu de forma culposa, haverá prescrição; se agiu de forma dolosa, não haverá prescrição da ação de ressarcimento.
 Vale lembrar que isso vale SOMENTE para a AÇÃO DE RESSARCIMENTO. Por outro lado, as ações de improbidade, em si, prescrevem nos prazos que vimos acima. Por exemplo, a ação para aplicar as penalidades de perda da função pública, suspensão dos direitos políticos, multas, etc. prescrevem nos prazos constantes no ART. 23 da Lei de Improbidade. Ademais, no caso de ato de improbidade culposo, o prazo de prescrição da ação de ressarcimento será o mesmo aplicável para as demais sanções, ou seja, serão os prazos do ART. 23.
Competência
 A competência para processar e julgar a ação civil por ato de improbidade administrativa é do JUIZ DE 1º GRAU (FEDERAL ou ESTADUAL) COM JURISDIÇÃO NA SEDE DA LESÃO. A ação tramitará na JUSTIÇA FEDERAL SE HOUVER INTERESSE da UNIÃO, AUTARQUIAS ou EMPRESAS PÚBLICAS FEDERAIS (CF, ART. 109, I); CASO CONTRÁRIO, será de COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL.

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