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HISTÓRIA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO GOVERNO ERNESTO GEISEL (1974-1979) Alexandre Alves ESTRUTURA DE CONTEÚDO Governo Ernesto Geisel (1974-1979) Governo João Batista Figueiredo (1979-1985) Governo Emílio Garrastazu Médici (1969-1974) GOVERNO ERNESTO GEISEL (1974-1979) INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO O presidente anterior, Emílio Garrastazu Médici não conseguiu que um membro da chamada linha dura lhe sucedesse na Presidência da República. O nome escolhido foi o do General Ernesto Geisel, claro representante da Sorbonne. Geisel era membro do corpo permanente da Escola Superior de Guerra – ESG, foi Chefe da Casa Militar de Castelo Branco, além de ter ocupado importantes cargos administrativos, sendo o mais notório, o de presidente da Petrobras. A ELEIÇÃO DE ERNESTO GEISEL Vale destacar que foram essas características administrativas e a capacidade de comando do general que foram decisivas para sua eleição e não o fato do presidente ser representante do grupo castelista. Nesse sentido, é errada a ideia que os Castelistas nesse momento triunfam sobre a Linha-Dura. Geisel precisou controlar esse grupo e atender suas demandas em diversos momentos ao longo de seu governo. IMAGEM 01 - Foto oficial de Ernesto Geisel como presidente do Brasil. Fonte: Governo Federal. Disponível em: https://www.gov.br/planalto/pt-br/conheca-a- presidencia/acervo/galeria-de-presidentes/ernesto-geisel/view Acesso em 22 de abril de 2021. https://www.gov.br/planalto/pt-br/conheca-a-presidencia/acervo/galeria-de-presidentes/ernesto-geisel/view A ELEIÇÃO DE ERNESTO GEISEL Pela primeira vez, o Movimento Democrático Brasileiro – MDB lançou um candidato para concorrer à Presidência da República. Foram eles Ulysses Guimarães e Barbosa Lima Sobrinho. Contudo, apesar de as regras eleitorais permitirem tal candidatura, era praticamente impossível que um político da oposição ganhasse a disputa via colégio eleitoral. A chapa emedebista, porém, tinha caráter simbólico e estava mais interessada em percorrer o país denunciando a ditadura que estava estabelecida, do que, de fato, vencer o pleito. O que era praticamente impossível pelo programa e regras eleitorais. A ELEIÇÃO DE ERNESTO GEISEL Nesse ponto, vale lembrar que a ditadura militar brasileira teve características peculiares. Hoje é irrefutável a forma ditatorial de governo. Porém, durante o período autoritário, o regime buscou conciliar características ditatoriais com características democráticas. Isso decorria do interesse dos militares em manter um falso clima de democracia. Como vimos, na aula 05, Ditadura Militar 01 – O Golpe de 1964 e o Governo Castelo Branco, o regime por vezes ficou “envergonhado” ao ser associado a uma ditadura. A ELEIÇÃO DE ERNESTO GEISEL IMAGEM 02 - Em destaque na foto, o presidente Ernesto Geisel. Fonte: GZH Política. Disponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/politica/noticia/2018/05/presidente-do-clube-militar-contesta-documento-da-cia- cjh29kax300qx01nzx7bnztjv.html Acesso em 22 de abril de 2021. https://gauchazh.clicrbs.com.br/politica/noticia/2018/05/presidente-do-clube-militar-contesta-documento-da-cia-cjh29kax300qx01nzx7bnztjv.html GOVERNO ERNESTO GEISEL (1974-1979) A REABERTURA POLÍTICA INTRODUÇÃO O presidente Ernesto Geisel ficou famoso e sua imagem é bastante associada a reabertura política iniciada em seu governo. Como veremos, diversos atos tomados durante seu mandato foram associados a transição do regime ditatorial para a democracia. Além disso, o fato de ser membro da ESG e representante da Sorbonne concluem sua imagem de moderado. Todavia, documentos recentes mostram que Geisel esteve associado e, chegou a autorizar, a execução de opositores. Ademais, vale ressaltar que também foram tomadas medidas de cunho autoritário durante seu mandato. Nenhum dos presidentes generais desse período eram democratas entusiastas, eles tendiam mais ou menos a uma democracia limitada. A ABERTURA POLÍTICA A abertura iniciada por Geisel foi determinada por ele próprio como sendo lenta, gradual e segura. Lenta, pois iria demorar um longo período de tempo para que a abertura fosse concluída. Gradual, pois os direitos iriam sendo retomados pouco a pouco. Por fim, seria segura, uma vez que a transição de poder seria feita para um governo alinhado aos interesses do projeto da Ditadura para o Brasil. Além disso, uma democracia relativa era o objetivo do grupo castelista desde o governo do próprio Castelo Branco. A ABERTURA POLÍTICA É importante mencionar que esse processo de abertura foi bastante turbulento e cheio de avanços e recuos. Alguns autores chegam a tratar desse período como o movimento de sístole e diástole, em referência aos movimentos do coração de compressão e relaxamento de forma alternada. Apesar dos ideais de Geisel, a abertura não foi segura. Isso decorreu de diversos fatores: como a linha dura que sempre esteve presente pressionando pelo endurecimento do regime e pelo abandono da ideia de abertura; pelo desejo de Geisel em controlar de perto esse processo e pela oposição democrática que ganha força na medida em a abertura vai ganhando forma. A ABERTURA POLÍTICA IMAGEM 03 - Ernesto Geisel durante discurso em São Paulo. Fonte: Justificando. Disponível em: http://www.justificando.com/2018/05/15/129151/ Acesso em 22 de abril de 2021. http://www.justificando.com/2018/05/15/129151/ POR QUE A ABERTURA POLÍTICA? A abertura vem logo após o período de maior legitimidade do regime militar, o Governo Médici. Dessa forma, é normal se questionar as razões da abertura política justamente nesse momento. Nesse sentido, diversas causas podem ser aqui elencadas. Em primeiro lugar o crescimento da oposição política, sobretudo a partir de 1973. Além disso, o confronto entre o regime e a Igreja Católica, principalmente no que tange ao uso sistemático da tortura, também era muito desgastante para a Ditadura estabelecida. POR QUE A ABERTURA POLÍTICA? Por fim, ainda podemos citar a chamada desconfiguração dos próprios princípios militares. Explicando melhor, com o estabelecimento do aparelho repressor, um militar de patente baixa poderia decidir sobre a vida e morte de alguém sem que seu superior pudesse, muitas vezes, impedir. Essa quebra de hierarquia era vista por alguns setores militares como danosas para a própria corporação. POR QUE A ABERTURA POLÍTICA? Em termos econômicos, podemos citar ainda a Primeira Crise Internacional do Petróleo no ano de 1973. Apesar do impacto desse evento, seus efeitos foram em parte limitados no cenário brasileiro. Para entender melhor, o Primeiro Choque do Petróleo corresponde ao forte aumento dos preços do produto devido ao controle da produção por parte dos países do Oriente Médio. O preço do barril quase triplica em um curto período de tempo, causando fortes impactos econômicos nas nações capitalistas. Dessa forma, o Brasil que tinha empréstimos fáceis no exterior passa a enfrentar uma maior escassez de recursos. Porém, o milagre econômico vigente não acaba com essa crise. A ABERTURA POLÍTICA IMAGEM 04 - Gráfico com o preço médio anual do petróleo. Perceba como o valor do barril avança a partir de 1973. Era apenas o começo de uma longa crise. Fonte: Folha de São Paulo. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/petroleo_choque1.shtml Acesso em 22 de abril de 2021. https://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/petroleo_choque1.shtml ELEIÇÕES LEGISLATIVAS DE 1974 No final de 1974, Geisel permitiu que eleições legislativas ocorressem enquanto tentava controlar a Linha-Dura no interior das Forças Armadas. Esperava-se uma vitória fácil da ARENA, porém observou-se o contrário. O MDB teve acesso ao rádio e a televisão para realizar sua campanha política. Era esperado, por parte dos militares, que essa manifestação fosse suficiente para que a situação obtivesse a maioria dos votos. Dessa forma, os resultados foram uma grande surpresa. ELEIÇÕES LEGISLATIVAS DE 1974 “Da soma de votosválidos para o Senado, em um total de 24,5 milhões, o MDB obteve cerca de 14,5 milhões de votos, ou seja, 59%. Conquistou dezesseis das 22 cadeiras em disputa e a ARENA apenas seis. A ARENA, no entanto, continuou a ser majoritária, pois apenas parte do Senado foi renovada em 1964. Para a Câmara Federal, na contagem geral dos votos a ARENA superou o MDB por pequena maioria. Obteve 11,8 milhões (52%) contra 10,9 milhões de votos (48%). O partido do governo conquistou 204 cadeiras contra 160 da oposição; mas era evidente o avanço do MDB com relação às eleições de 1970.” (FAUSTO, Boris. História do Brasil. Edusp. 2006, p. 490 e 491 ) CONFRONTO COM A LINHA DURA – CASO HERZOG Esse controle da Linha-Dura nem sempre foi fácil. Em 1975-1976 isso fica evidente dado o confronto entre o Governo e o aparelho repressor em São Paulo. Explicando melhor, em outubro desse mesmo ano, Vladmir Herzog, jornalista da TV Cultura, vai ser chamado para depor no DOI-CODI em São Paulo sob acusações de existir comunistas na emissora. Herzog vai ser interrogado, torturado e acaba morto nas dependências da polícia. Aparentemente, não era de interesse dos militares que sua morte ficasse evidente como consequência da tortura, dessa forma, eles forjam uma cena onde Herzog teria se suicidado. Contudo os laudos médicos apontam o contrário. CASO HERZOG A morte do jornalista causou forte comoção inclusive nos meios populares, que tiveram acesso a notícia devido ao fim da censura prévia. A missa de sétimo dia do jornalista feita por Dom Evaristo Arns que contou ainda com um pastor protestante e um rabino foi um verdadeiro ato político. A Catedral da Sé em São Paulo ficou lotada, mesmo com os entraves feitos pela polícia local para obstruir o trânsito na região. IMAGEM 05 - Famosa fotografia que mostra a cena armada pelos militares para forjar o suicídio do Jornalista Vladmir Herzog. Fonte: Jornal O Povo. Disponível em: https://www.opovo.com.br/noticias/brasil/2020/05/04/juiz-rejeita-denuncia- morte-de-vladimir-herzog-nos-poroes-da-ditadura.html Acesso em 18 de abril de 2021. https://www.opovo.com.br/noticias/brasil/2020/05/04/juiz-rejeita-denuncia-morte-de-vladimir-herzog-nos-poroes-da-ditadura.html CONFRONTO COM A LINHA DURA – CASO LEME O caso Herzog não havia sido o primeiro de grande repercussão. Em 1973 nas mesmas circunstâncias, o estudante de geologia da Universidade de São Paulo, Alexandre Vannucchi Leme foi preso, interrogado e torturado até a morte no DOI-CODI. A versão dos militares apontou para suicídio, alegando que o jovem teria se jogado na frente de um caminhão. A versão claramente não batia com as marcas de tortura presente no corpo do jovem. A missa de sétimo dia do estudante, realizada por Dom Evaristo Arns reuniu cerca de cinco mil pessoas na Catedral da Sé. CONFRONTO COM A LINHA DURA – CASO FIEL FILHO Um terceiro caso nas mesmas circunstâncias ocorreu em 1976. O líder operário Manuel Fiel Filho foi chamado a depor no DOI-CODI sob alegação de pertencer ao Partido Comunista Brasileiro. O metalúrgico comparece, é interrogado, torturado e morto. A versão oficial dos militares aponta para suicídio por enforcamento com as próprias meias. Mais uma vez a versão não bate com as marcas de tortura presente no corpo do operário. CONFRONTO COM A LINHA DURA IMAGEM 06 e 07- A direita, Alexandre V. Leme e a esquerda Manuel Fiel Filho. Ambos torturados e mortos pelo aparelho repressor em São Paulo. Fonte: A Verdade (06) e Estadão (07). Disponível em: https://averdade.org.br/2018/10/alexandre-vannucchi-mais-um-ato-de-horror-da- ditadura-militar-que-nao-pode-voltar-jamais/ (06) e https://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/08/1671353-juiz-rejeita-denuncia-contra- acusados-pela-morte-de-operario-na-ditadura.shtml?cmpid=menupe (07). Acesso em 22 de abril de 2021. https://averdade.org.br/2018/10/alexandre-vannucchi-mais-um-ato-de-horror-da-ditadura-militar-que-nao-pode-voltar-jamais/ https://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/08/1671353-juiz-rejeita-denuncia-contra-acusados-pela-morte-de-operario-na-ditadura.shtml?cmpid=menupe CONFRONTO COM A LINHA DURA - CONCLUSÃO Quando o terceiro caso de grande repercussão ocorreu em São Paulo, mesmo sob o descontentamento manifestado pelo presidente em relação aos eventos da Linha-Dura, Geisel afastou o comandante do Segundo Exército Ednardo D’Ávila Melo e todos os envolvidos no caso de tortura e morte de presos e interrogados em São Paulo e substituiu por militares de sua confiança. Quem assume o Segundo Exército no lugar de Ednardo é o General Dilermando Gomes Monteiro, militar de confiança do presidente. FIM DO AI - 05 A continuidade da abertura política segue em 1978 com um avanço muito importante, a revogação do Ato Institucional número 05. Lembrando que o AI 05 é considerado o maior instrumento de repressão utilizado pelos militares durante a Ditadura. Esse ato foi baixado no dia 13 de dezembro de 1968. Estabeleceu de vez o caráter ditatorial do regime iniciado em 1964, uma vez que concentrou ainda mais os poderes no Executivo e consolidou de vez a tese de que os militares permaneceriam no poder. FIM DO AI - 05 A revogação ao AI 05 ocorreu pela Emenda Constitucional número 05 de 1979. A extinção dessa lei autoritária é um ponto muito importante para a abertura política, o que permitiria uma maior liberdade para a oposição e para manifestação de uma forma geral. Contudo, não podemos nos enganar, a revogação do Ato é uma medida liberalizante, mas o Brasil ainda estava muito longe de ser uma democracia exemplar. Além disso, o regime ditatorial permanecia, mesmo com a falsa sensação democrática devido as eleições legislativas que ocorreram em 1974 e 1976. Além disso, o governo ainda ficou com as chamadas “salvaguardas”, quando regime poderia adotar medidas autoritárias em caráter emergencial. VAMOS TREINAR - QUESTÃO 01 Ano: 2017 Banca: VUNESP Órgão: PM-SP Prova: VUNESP - 2017 - PM-SP - Soldado da Polícia Militar – CFSd O processo de descompressão do sistema político começara a ser orquestrado em 1975, pelos generais Ernesto Geisel e Golbery do Couto e Silva, ambos convencidos de que a ditadura deveria fazer suas escolhas e definir o momento mais conveniente para revogar os poderes de exceção. (Lilia Schwarcz e Heloisa Starling, Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. P. 467. Adaptado) VAMOS TREINAR - QUESTÃO 01 Tal processo se deu com o objetivo de A. manter a oposição longe do Executivo, de modo a garantir que a transição se realizasse de maneira tutelada, restrita aos círculos civis aliados e sem riscos institucionais. B. realizar uma abertura política plena, reestabelecendo os direitos políticos e as liberdades civis no tempo mais curto possível, superando a situação autoritária na qual o país se encontrava. C. sustentar o bipartidarismo do MDB e da Arena na cena política nacional, impedindo, com isso, a legalização de partidos e grupos políticos mais à esquerda, tais como o Partido Comunista. D. efetivar um projeto de institucionalização da ditadura, de tal forma que os poderes de exceção fossem revogados, mas os militares ficassem no poder por tempo indeterminado. E. garantir uma abertura política em que os exilados não teriam o direito de voltar ao Brasil, assim como os presos políticos permaneceriam detidos até que se completasse a redemocratização. VAMOS TREINAR - QUESTÃO 01 Tal processo se deu com o objetivo de A. manter a oposição longe do Executivo, de modo a garantir que a transição se realizasse de maneira tutelada, restrita aos círculos civis aliados e sem riscos institucionais. B. realizar uma abertura política plena, reestabelecendo os direitos políticos e as liberdades civis no tempo mais curto possível, superando a situação autoritária na qual o país se encontrava. C. sustentar o bipartidarismo do MDB e da Arena na cena política nacional, impedindo, com isso, a legalização de partidos e grupos políticos mais à esquerda, taiscomo o Partido Comunista. D. efetivar um projeto de institucionalização da ditadura, de tal forma que os poderes de exceção fossem revogados, mas os militares ficassem no poder por tempo indeterminado. E. garantir uma abertura política em que os exilados não teriam o direito de voltar ao Brasil, assim como os presos políticos permaneceriam detidos até que se completasse a redemocratização. QUESTÃO 01 - COMENTÁRIO Essa questão é bem simples de ser respondida. A alternativa correta é a letra A. Como vimos, a abertura política no Governo Geisel foi definida teoricamente como lenta, gradual e segura. Segura no sentido que o governo sequente seria alinhado ao projeto militar e a oposição não chegaria ao poder de forma tão veloz. A alternativa “B” está incorreta, pois seria uma abertura lenta e não rápida. Também não poderia ser a assertiva “C”, uma vez que não era objetivo manter o bipartidarismo. A letra “D” é absurda, está completamente errada. Por fim, a opção “E” também está incorreta, pois não se falava abertamente em manter os exilados fora do país até se completar a redemocratização. Como veremos mais adiante, a maioria deles retornam ao país antes de 1985. GOVERNO ERNESTO GEISEL (1974-1979) O PACOTE DE ABRIL ANTECEDENTES – A LEI FALCÃO Antes de tratar do chamado Pacote de Abril, é preciso tratar da Lei Falcão. Com a proximidade das eleições municipais de 1976, vigorava um receio com relação ao possível resultado favorável ao MDB. Isso porque, em 1974 a oposição havia ganhado a maior parte das cadeiras em disputa. Nesse sentido, o Ministro da Justiça Armando Falcão, idealizou a chamada Lei Falcão, ou Lei 6.339/1976. A mesma restringia a propaganda eleitoral no rádio e TV a simples apresentação do nome, número do candidato e currículo. A propaganda eleitoral era algo novo e servia para o MDB manifestar suas ideias e propostas, além da falar mal do regime. Com a nova lei, isso ficava inviável. ANTECEDENTES – A LEI FALCÃO VÍDEO 01 - A Lei Falcão – Propaganda Eleitoral Link de Acesso: https://www.youtube.com/watch?v=F42Tac8aY1c https://www.youtube.com/watch?v=F42Tac8aY1c ANTECEDENTES – A LEI FALCÃO Apesar da tentativa da Lei Falcão em limitar a manifestação da oposição no rádio e TV, o MDB conseguiu vencer nas principais cidades, onde o eleitor é mais independente. Das 100 maiores cidades do Brasil, nesse momento, o MDB conseguiu obter a maioria na Câmara Municipal em 59. Era evidente o avanço da oposição no Governo Geisel. Importante ressaltar que essa lei era aplicável tanto à ARENA quanto ao MDB. O PACOTE DE ABRIL O presidente Ernesto Geisel adotou uma medida mais autoritária em abril de 1977 após uma crise entre o Executivo e o Legislativo. Essas medidas ficaram conhecidas como Pacote de Abril. Entre as principais medidas do “pacote” podemos citar: • O Congresso entrou em recesso e o presidente passou a emendar a Constituição Federal e baixar decretos-leis; • Foram criados os Senadores Biônicos, legislados que seriam escolhidos via colégio eleitoral e não pelo voto popular; • Alteração do critério de proporcionalidade, de forma que o nordeste (onde a ARENA é mais forte) passou a ter mais peso; • Aplicação das determinações da Lei Falcão para as demais eleições e; • Alteração do mandato presidencial de cinco para seis anos. O PACOTE DE ABRIL Resumidamente, o Pacote de Abril foi uma tentativa do presidente de concentrar maiores poderes e continuar a abertura. Mesmo que pareça contraditório, Geisel adotava medidas autoritárias e medidas liberalizantes. O Pacote entre nesse contexto, da mesma forma que fechava o Congresso, também aumentava o mandato presidencial como forma de dar mais estabilidade para o presidente seguinte, que seria um sucessor de sua confiança, para concluir a abertura. Criava senadores biônicos como forma de manter a maioria da ARENA e evitar que a oposição chegasse rapidamente ao poder. O PACOTE DE ABRIL VÍDEO 02 - Senado na História - O Pacote de Abril. Link de Acesso: https://www.youtube.com/watch?v=nYxFFiOeQBs&t=660s https://www.youtube.com/watch?v=nYxFFiOeQBs&t=660s GOVERNO ERNESTO GEISEL (1974-1979) ECONOMIA INTRODUÇÃO A política econômica de Geisel ficou conhecida como “Marcha Forçada”, isso porque, mesmo com o cenário exterior nada favorável, os dirigentes do país apostaram no crescimento e forçaram pelo avanço da Economia. No comando da Fazenda sai Delfim Neto e entra Mário Henrique Simonsen e no Planejamento entra João Paulo dos Reis Veloso. IMAGEM 08 - Mário Henrique Simonsen (foto) assumiu a pasta da Fazenda nolugar de Delfin Neto. Fonte: Suno. Disponível em: https://www.suno.com.br/tudo- sobre/mario-henrique-simonsen/ Acesso em 22 de abril de 2021. https://www.suno.com.br/tudo-sobre/mario-henrique-simonsen/ PRIMEIRA CRISE DO PETRÓLEO O primeiro evento econômico, antecede o próprio Governo Geisel, trata-se da Primeira Crise Internacional do Petróleo. Esse evento decorre do conflito entre países árabes e israelenses na chamada Guerra do Yom Kippur ou dia do perdão. Como retaliação os países árabes reduzem a produção de Petróleo, fazendo com que os preços do produto tripliquem de valor. Tal aumento é danoso para o Brasil que importava a maior parte de sua produção. Além disso, as taxas de juros internacionais ficam mais altas, em um período que o Brasil é dependente de empréstimos externos. A crise do petróleo fez com que o Brasil buscasse alternativas para reduzir a dependência desse produto. Nesse sentido, é lançado em 1975 o Programa Nacional do Álcool – Pro Álcool. II PLANO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO A tática da equipe econômica de Geisel ficou estabelecida com o II Plano Nacional de Desenvolvimento que consolida a proposta de crescimento a todo custo ao invés de frear o carro da Economia nacional até o passar da crise. O governo avança no sentido de substituição de importações, de forma que o país fosse autossuficiente inclusive em bens de capital. A base do programa e o que garantiu os bons resultados foram as empresas estatais. Petrobras, Eletrobras e Embratel. Além disso, manteve-se a opção por obras de grande porte, as chamadas Obras Faraônicas. São desse período as Usinas Nucleares Brasileiras e a Usina Hidrelétrica Binacional de Itaipu, por exemplo. II PLANO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO IMAGEM 09 - Apesar da Crise Econômica e o cenário internacional desfavorável, os círculos dirigentes do Brasil optaram por não frear o carro da Economia. As obras faraônicas acontecem mesmo nesse contexto. A foto acima é da Usina Hidrelétrica Binacional de Itaipú. Obra desse período. Fonte: Agência Brasil. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2020-02/energia-acumulada-por- itaipu-abasteceria-o-mundo-por-43-dias Acesso em 22 de abril de 2021. https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2020-02/energia-acumulada-por-itaipu-abasteceria-o-mundo-por-43-dias RESULTADOS Existem opiniões divergentes quanto aos resultados da política econômica de Geisel. Por um lado, teria avançado no sentido da industrialização brasileira e na substituição de importações. Por outro lado, teria aumentado ainda mais a dívida externa brasileira e acentuado os problemas que vão estourar no final da ditadura e na redemocratização, causando a chamada década perdida (anos 80). Para financiar os grandes projetos o Brasil continuou a obter empréstimos no exterior, agora com taxas ainda mais altas, o que aumentou a dívida externa. Uma parte desses recursos foram mal empregados e trouxeram poucos resultados de fato para a Economia do país. Contudo, a equipe econômica conseguiu manter bons resultados, o PIB cresceu em média de 6,7% a 4,2% durante os anos Geisel. GOVERNO ERNESTO GEISEL (1974-1979) MOVIMENTOS SOCIAIS – O NOVO SINDICALISMO INTRODUÇÃO Apesar de toda a repressão exercida pelo aparelho militar, os sindicatos não desapareceram. Muito pelo contrário, esse período é marcado pelo avanço do sindicalismo rural, por exemplo. Surgemdiversos sindicatos nas áreas rurais do Brasil, sobretudo ligados a Confederação dos Trabalhadores Agrícolas – CONTAG, e da Comissão Pastoral da Terra – CPT, esses grupos tinham grande foco na luta pela posse da terra. Surgem também os chamados sindicatos do colarinho branco, representando os profissionais historicamente tidos como liberais que passam a trabalhadores diplomados, necessitando assim, de representação. ABC PAULISTA No entanto, o eixo de maior relevo está no ABCD paulista (Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra). Isso ocorre por conta da concentração as indústrias automobilísticas nesse local. Essas multinacionais concentram grande quantidade de trabalhadores em uma única empresa, fazendo com que os sindicatos assumam uma nova feição na sua organização. O NOVO SINDICALISMO “O eixo mais combativo se deslocou das empresas públicas para a indústria automobilística, que tinha sido um setor pouco atuante até 1964. A grande concentração de trabalhadores em um pequeno número de empresas e a concentração geográfica no ABC paulista foram fatores materiais importantes para a organização do novo movimento operário.” (FAUSTO, Boris. História do Brasil. Edusp. 2006, p. 499) GREVES DE 1978 E 1979 Esse momento é bastante importante para a história nacional. Em 1977 o governo divulgou que os índices inflacionários de 1973-74 foram manipulados, dessa forma, o ajuste salarial dos trabalhadores foram feitos de forma errônea, causando perda real do poder de consumo. Iniciou-se uma forte campanha dos sindicatos pela correção do salário. Esse movimento foi iniciado pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema e culminou nas grandes greves de 1978 e 1979. Essas manifestações contaram com importante participação do líder operário Luís Inácio Lula da Silva. GREVES DE 1978 E 1979 IMAGEM 10 - Luís Inácio Lula da Silva durante um dos grandes comícios no Estádio da Vila Euclides durante as greves de 1978-79. Fonte: Rede Brasil Atual. Disponível em: https://www.redebrasilatual.com.br/politica/2019/05/lula-aos-metalurgicos-do-abc-nunca-esqueci-de-onde- eu-vim/ Acesso em 18 de abril de 2021. https://www.redebrasilatual.com.br/politica/2019/05/lula-aos-metalurgicos-do-abc-nunca-esqueci-de-onde-eu-vim/ GREVES DE 1978 E 1979 A greve iniciada pelos metalúrgicos teve repercussão em outras classes, como a dos professores, que também entraram em greve. Além disso, teve impacto na própria sindicalização, aumentando o número de trabalhadores sindicalizados. Além disso, esse período marca os primeiros eventos que mais tarde culminariam na formação do Partido dos Trabalhadores – PT. O partido que irá surgir no Governo Figueiredo, tempos depois, chegaria a presidência do Brasil através da figura do próprio Luís Inácio Lula da Silva. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Arquivos Pessoais. CPDOC FGV, 2021. Disponível em: https://cpdoc.fgv.br/acervo/arquivospessoais Acesso em 06 de fevereiro de 2021. Biografias de Resistência. Memórias da Ditadura Org. Disponível em: http://memoriasdaditadura.org.br/repressao/ Acesso em 18 de abril de 2021. BRASIL, ATO INSTITUCIONAL Nº 5, DE 13 DE DEZEMBRO DE 1968. São mantidas a Constituição de 24 de janeiro de 1967 e as Constituições Estaduais; O Presidente da República poderá decretar a intervenção nos estados e municípios, sem as limitações previstas na Constituição, suspender os direitos políticos de quaisquer cidadãos pelo prazo de 10 anos e cassar mandatos eletivos federais, estaduais e municipais, e dá outras providências. Diário Oficial da União 13.12.1968. BRASIL, EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 11, DE 13 DE OUTUBRO DE 1978. Altera Dispositivos da Constituição Federal. Diário Oficial da União. 17.10.1978. https://cpdoc.fgv.br/acervo/arquivospessoais http://memoriasdaditadura.org.br/repressao/ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL, LEI Nº 6.339, DE 1º DE JULHO DE 1976. Dá nova redação ao artigo 250 da Lei nº 4.737, de 15 de julho de 1965, alterado pelo artigo 50, da Lei número 4.961, de 4 de maio de 1966, e ao artigo 118 da Lei nº 5.682, de 21 de julho de 1971. Diário Oficial da União. 2.7.1976 FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2006. FRANCISCO, Wagner de Cerqueira e. "Proálcool"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/brasil/proalcool.htm Acesso em 18 de abril de 2021. Galeria de Presidentes da República. Governo Federal. Disponível em: https://www.gov.br/planalto/pt-br/conheca-a- presidencia/acervo/galeria-de-presidentes?b_start:int=20 Acesso em 17 de fevereiro de 2021. MOTTA, Marly. Pacote de Abril. CPDOC FGV. Disponível em: https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/FatosImagens/PacoteAbril Acesso em 18 de abril de 2021. https://brasilescola.uol.com.br/brasil/proalcool.htm https://www.gov.br/planalto/pt-br/conheca-a-presidencia/acervo/galeria-de-presidentes?b_start:int=20 https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/FatosImagens/PacoteAbril REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS NAPOLITANO, Marcos. 1964: História do Regime Militar Brasileiro. São Paulo: Contexto, 2016. OLIVEIRA, Guilherme. Há 40 anos, Lei Falcão reduzia campanha eleitoral na TV a 'lista de chamada. Agência Senado. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2016/09/30/ha-40-anos-lei-falcao-reduzia-campanha- eleitoral-na-tv-a-lista-de-chamada Acesso em 18 de abril de 2021. Petróleo: da crise aos carros flex. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=2321:catid=28&Itemid=23 Acesso em 18 de abril de 2021. SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloísa Murgel. Brasil: Uma Biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. SOUSA, Rainer Gonçalves. "Crise do Petróleo"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/petroleo1.htm Acesso em 18 de abril de 2021. https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2016/09/30/ha-40-anos-lei-falcao-reduzia-campanha-eleitoral-na-tv-a-lista-de-chamada https://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=2321:catid=28&Itemid=23 https://brasilescola.uol.com.br/historiag/petroleo1.htm REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Verbete Biográfico Ernesto Geseil. CPDOC FGV. Disponível em: http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete- biografico/geisel-ernesto Acesso em 18 de abril de 2021 Verbete Temático Destacamento de Operações e Informações – Centro De Operações e Defesa Interna (Doi-Codi). CPDOC FGV. Disponível em: http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/destacamento-de- operacoes-e-informacoes-centro-de-operacoes-e-defesa-interna-doi-codi Acesso em 18 de abril de 2021. Verbete Temático Milagre Econômico. CPDOC FGV. Disponível em: http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete- tematico/milagre-economico-brasileiro Acesso em 18 de fevereiro de 2021. http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/geisel-ernesto http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/destacamento-de-operacoes-e-informacoes-centro-de-operacoes-e-defesa-interna-doi-codi http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/milagre-economico-brasileiro OBRIGADO PELA ATENÇÃO!
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