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IED Resumo – História, Valor e Moral Geraldo M. Batista Curriculum: www.geraldofadipa.comunidades.net História História é o conjunto de conhecimentos relativos ao passado da humanidade. Sob o enfoque científico é a ciência que estuda eventos passados da humanidade. Trata da evolução da humanidade ao longo do tempo, apresentando os fatos e acontecimentos como forma de melhor compreender o presente. Sob o enfoque do Direito é a que narra e investiga, de forma cronológica, o Direito como fato social, resultante da experiência humana. Observações. Ela procura apresentar a evolução do Direito no tempo, revelando e indicando as principais causas das mudanças e transformações. Pode ter como objeto específico de análise a evolução no tempo quanto a certo ramo do Direito, a determinado instituto jurídico, ou mesmo quanto a certos povos ou civilizações. Por meio dela, procura-se reconstruir o fenômeno jurídico ao longo do tempo, analisando a sua evolução desde épocas remotas, o que possibilita a compreensão de sua configuração no presente. A compreensão mais precisa do Direito exige, muitas vezes, o conhecimento das condições sociais existentes à época em que foi elaborado as leis. A História do Direito pode se desenvolver em diferentes planos: Plano dos fatos sociais. Fatos sociais relevante que exerce influência no surgimento e alterações das normas. Plano da evolução normativa. Previsões normativas vigentes nas diversas epócas. Plano das ideias jurídicas. Verificadas ao longo do tempo, as quais também exercem influência na evolução das normas. O Direito apresenta-se como uma realidade histórico-cultural ao passar por mudanças e evoluções ao longo dos tempos e constitui objeto de estudo da História do Direito. Direito e Valor Para a compreensão do valor, em sua relação com o Direito, deve-se destacar a existência de duas ordens de realidade: Realidade natural. Mundo físico e está presente na natureza, independentemente da participação da vontade humana. Realidade humana ou cultural. O que o ser humano cria e constrói, incluindo coisas, obras, serviços, atitudes e formas de comportamento. Realidade humana ou cultural condiciona o ser humano a viver de acordo com certos objetivos e valores que segue e entende como corretos ou adequados. A cultura existe porque o homem, em busca da realização de fins que lhe são próprios, altera aquilo que lhe é ‘dado’, alterando-se a si próprio Observações. As ciências naturais (como a Física, Química, Matemática) descrevem a realidade natural retratando os fatos, tal como observados, por meio de leis físico-naturais. As ciências culturais (como a Ciência do Direito, a Sociologia, a História, a Economia) abordam os fatos humanos e as relações entre as pessoas, referindo-se a juízos de valor, conforme determinados fins. A realidade humana ou cultural relaciona-se a certos valores e fins definidos pelo ser humano. Nesse sentido, a Axiologia é entendida como a “teoria dos valores” e a Teleologia é a “teoria dos fins”. As leis sociológicas, históricas e econômicas (objeto das respectivas ciências) enunciam juízos de valor conforme os fatos observados, mas não há o intuito de se disciplinar condutas por meio de normas ou regras. As leis éticas, que são objeto das ciências normativas, procuram estabelecer normas referentes ao comportamento humano, prevendo normas, dotadas de Obrigatoriedade, para o comportamento humano. As normas éticas envolvem um juízo de valor sobre os comportamentos humanos e a definição de uma diretriz considerada obrigatória (imperatividade) em certa coletividade. A norma de Direito não se limita a descrever um fato, mas determina (prescreve) com imperatividade, aquilo que “deve ser”, prevendo consequências para o caso de descumprimento. A sanção é prevista como forma de assegurar o cumprimento da conduta estabelecida na norma. Justiça e Direito O tema da justiça apresenta destaque em diversos setores da ciência, sendo de especial relevância no âmbito da Filosofia do Direito. Há diferentes concepções quanto à justiça, bem como a respeito de sua relação com o Direito. Na Antiguidade grega (período arcaico) predominou a explicação da justiça com fundamento na religião e nos mitos. Obras clássicas como Ilíada e Odisseia, de Homero, menciona Zeus e os deuses guardiães da justiça. Concepção racional e filosófica. Destaque para Platão (discípulo de Sócrates) que, desenvolveu teoria das ideias, de acordo com a qual “as coisas materiais são cópias imperfeitas e transitórias de ideias perfeitas e imutáveis”. Observação. A justiça é entendida como virtude que reúne em si as outras, estabelecendo-se a vinculação do indivíduo com o Estado, por ser em sociedade que o ser humano alcança a plenitude Aristóteles vê a justiça como virtude completa, mas nela é destacada a característica da alteridade, no sentido de que a justiça existe nas relações intersubjetivas (a pessoa é justa ou injusta para com outrem). Santo Agostinho fundi o platonismo com o cristianismo. Trata o tema destacando a relação existente entre lei humana e lei divina (eterna). O dualismo platônico, assim, reflete-se na concepção de justiça humana e justiça. Observação. A justiça divina é centrada na lei divina, que é absoluta, imutável e perfeita. A justiça humana, por sua vez, é fundada na lei humana, a qual cabe regular o comportamento humano. Apesar disso, a lei eterna inspira a lei humana, tal como a natureza divina inspira a natureza humana. A lei eterna comanda que a alma se aproxime de Deus, ordenando, por exemplo, afastar-se do amor pelas coisas materiais. A lei humana, por sua vez, pune o roubo injusto dos bens materiais, mas é indiferente à paixão por estes. São Tomás de Aquino desenvolve uma teoria da justiça com fundamentos teológicos. Destaca ser a lei a regra e a medida dos atos humanos. O fim último da vida humana é a felicidade, de modo que a lei deve visar à felicidade comum. Observação. A justiça legal, assim, é aquela que faz e conserva a felicidade. A lei humana, estabelecida pelo governante, deve ter como objetivo o bem comum. Na realidade, seus ensinamentos são fundamentados no pensamento aristotélico e no cristianismo. A lei divina é a parte da lei eterna revelada por Deus aos seres humanos, ou seja, conhecida pelo homem. A lei natural, por sua vez, é aquela existente na natureza e conhecida pelo ser humano por meio da razão. Cada época histórica tem a sua imagem ou a sua ideia de justiça, dependente da escala de valores dominantes nas respectivas sociedades. A justiça pode ser compreendida como o valor fundante do Direito ao longo da experiência histórica, uma expressão ética do princípio da igualdade. Há diversas modalidades de justiça, correspondendo a diferentes tipos de igualdade, destacando: A justiça comutativa que obedece à igualdade simples e absoluta, consistindo na equivalência entre dois objetos, sem levar em conta a condição das pessoas. Temos como exemplo o contrato de compra e venda, no qual o comprador deve pagar ao vendedor o preço do bem adquirido. A justiça distributiva é aquela em que a sociedade confere a cada um o bem que é devido segundo uma igualdade proporcional ou relativa. Desse modo, o Estado ou o grupo social reparte entre os seus membros aquilo que pertence a todos, de modo a assegurar uma equitativa participação no bem comum, conforme o mérito, a importância, a condição e a necessidade de cada indivíduo. Como exemplo temos a fixação de percentuais diferenciados de imposto devido, levando em conta o valor da renda a ser tributada. A justiça social é aquela em que os membros da sociedade devem dar a esta a sua contribuição para o bemcomum, observada principalmente uma igualdade proporcional, de modo que se alcance a prosperidade na sociedade como um todo. Objetiva-se, assim, o bem comum da sociedade. A Moral e o Direito A vida em sociedade exige a presença de normas para regular as relações entre as pessoas visando o convívio em harmonia. Essas normas podem ser de natureza jurídica (Direito) e moral. Apesar de serem distintos, há pontos comuns entre o Direito e a Moral, pois ambos apresentam normas de comportamento comum fundada na base ética, e regulam as condutas das pessoas, vivendo em sociedade. A Moral é mais vasta que o Direito, pois abrange deveres da pessoa com outros membros da coletividade, consigo mesmo, e com sua fé. A Moral só comporta “sanções internas” (como remorso, arrependimento, desgosto íntimo, sentimento de reprovação geral), o que não seria socialmente eficaz, pois a elas podem não se submeter indivíduos sem consciência (unilateralidade). A Moral se volta ao aspecto interno, psíquico da pessoa, preocupando-se com a intenção. O Direito, por sua vez, rege as relações da pessoa com seus semelhantes. No Direito, tendo em vista a presença da coercibilidade, tem-se a “possibilidade de constranger o indivíduo à observância da norma”. Também, possibilita ao lesado exigir seu cumprimento ou a reparação (bilateralidade) Observação. As esferas da Moral e do Direito se entrelaçam de várias formas, havendo normas morais que se convertem em normas jurídicas, como ocorreu com o dever do empregador de socorrer o seu empregado acidentado. O Direito faz parte da Moral, como “dois círculos concêntricos, sendo o círculo maior o da Moral e o menor o do Direito”, havendo, assim, um “campo de ação comum a ambos”. Atenção. No entanto, na realidade, há diversas normas jurídicas que não apresentam qualquer relação com a Moral, como, por exemplo, a regra processual que fixa prazo para o réu apresentar a contestação. FIM
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