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Manifestações Culturais - Objetivos e Perspectivas Distintas

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35
MANIFESTAÇÕES CULTURAIS: OBJETOS E PERSPECTIVAS DISTINTAS VOLTAR SUMÁRIO AVANÇAR
STELARC, STEVE MANN E NEIL HARBISSON: 
AS REPRESENTAÇÕES DO CIBORGUE NA CIBERCULTURA
MANIFESTAÇÕES CULTURAIS: OBJETOS E PERSPECTIVAS DISTINTAS
JURACY ASSMANN SARAIVA | CRISTIAN LEANDRO METZ
ORGANIZADORES
VOLTAR SUMÁRIO AVANÇAR
Associação Pró-Ensino Superior em Novo Hamburgo - ASPEUR
Universidade Feevale
ORGANIZADORES
Juracy Assmann Saraiva
Cristian Leandro Metz
Novo Hamburgo
2015
MANIFESTAÇÕES CULTURAIS: 
OBJETOS E PERSPECTIVAS DISTINTAS
VOLTAR SUMÁRIO AVANÇAR
MANIFESTAÇÕES CULTURAIS: OBJETOS E PERSPECTIVAS DISTINTAS
JURACY ASSMANN SARAIVA | CRISTIAN LEANDRO METZ
ORGANIZADORES
VOLTAR SUMÁRIO AVANÇAR
PRESIDENTE DA ASPEUR
Luiz Ricardo Bohrer
REITORA DA UNIVERSIDADE FEEVALE
Inajara Vargas Ramos
PRÓ-REITORA DE ENSINO
Denise Ries Russo
PRÓ-REITORA DE EXTENSÃO E ASSUNTOS COMUNITÁRIOS
Gladis Luisa Baptista
PRÓ-REITOR DE INOVAÇÃO
Cleber Cristiano Prodanov
PRÓ-REITOR DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
João Alcione Sganderla Figueiredo
PRÓ-REITOR DE PLANEJAMENTO E ADMINISTRAÇÃO
Alexandre Zeni
COORDENAÇÃO EDITORIAL
Denise Ries Russo
EDITORA FEEVALE
Celso Eduardo Stark
Graziele Borguetto Souza
Adriana Christ Kuczynski
PROJETO GRÁFICO E EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
Adriana Christ Kuczynski
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
Universidade Feevale, RS, Brasil
Bibliotecária responsável: Sabrina Araujo – CRB 10/1507
Universidade Feevale
Câmpus I: Av. Dr. Maurício Cardoso, 510 – CEP 93510-250 – Hamburgo Velho
Câmpus II: ERS 239, 2755 – CEP 93352-000 – Vila Nova
Fone: (51) 3586.8800 – Homepage: www.feevale.br
© Editora Feevale – Os textos assinados, tanto no que diz respeito à linguagem 
como ao conteúdo, são de inteira responsabilidade dos autores e não 
expressam, necessariamente, a opinião da Universidade Feevale. É permitido 
citar parte dos textos sem autorização prévia, desde que seja identificada a 
fonte. A violação dos direitos do autor (Lei n.° 9.610/98) é crime estabelecido 
pelo artigo 184 do Código Penal.
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“Page Down” do teclado ou o “Scroll” 
do mouse para retornar e prosseguir 
entre as páginas. 
Este texto não aparecerá na 
página caso ela seja impressa.
Manifestações culturais [recurso eletrônico] : objetos e 
perspectivas distintas / organizadores Juracy Assmann 
Saraiva, Cristian Leandro Metz. – Novo Hamburgo: 
Feevale, 2015.
Dados eletrônicos (1 arquivo : 3.22 megabytes).
 Sistema requerido: Adobe Acrobat Reader.
 Modo de acesso: <www.feevale.br/editora> 
 Inclui bibliografia.
 ISBN 978-85-7717-188-0
 1. Cultura - Manifestações. 2. Educação. 3. Moda. 
4. História. 5. Identidade cultural. I. Saraiva, Juracy 
Assmann. II. Metz, Cristian Leandro.
CDU 008
MANIFESTAÇÕES CULTURAIS: OBJETOS E PERSPECTIVAS DISTINTAS
JURACY ASSMANN SARAIVA | CRISTIAN LEANDRO METZ
ORGANIZADORES
VOLTAR SUMÁRIO AVANÇAR
12
35
47
STELARC, STEVE MANN E NEIL HARBISSON: 
AS REPRESENTAÇÕES DO CIBORGUE 
NA CIBERCULTURA
Aline Corso 
Sandra Portella Montardo
SUMÁRIO
CULTURA POPULAR: A IDENTIDADE NACIONAL 
NA CANÇÃO JACK SOUL BRASILEIRO 
Cláudia Santos Duarte
Juracy Assmann Saraiva
Marinês Kunz
AS TRANSFORMAÇÕES DO FENÔMENO MORTE NO 
CONTEXTO DAS PRÁTICAS DE RITOS FUNERÁRIOS 
NA SOCIEDADE PÓS-MODERNA
Cristian Leandro Metz 
Ana Luiza Carvalho da Rocha
MANIFESTAÇÕES CULTURAIS: OBJETOS E PERSPECTIVAS DISTINTAS
JURACY ASSMANN SARAIVA | CRISTIAN LEANDRO METZ
ORGANIZADORES
VOLTAR SUMÁRIO AVANÇAR
CONVERGÊNCIA E DISCURSO NO CASO CASEY HEYNES: 
A CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA DE VÍTIMA E HERÓI
Cristiane Weber
Sandra Portella Montardo
Ernani Cesar Freitas
JORNADAS DE JUNHO: A TV COMO FERRAMENTA 
PARA PRODUÇÃO DA MEMÓRIA
Daiane Pires 
Saraí Schmidt
A CULTURA SOB O OLHAR DO ESTADO: 
UMA DISCUSSÃO SOBRE O VALE-CULTURA
Cristine Marquetto
Humberto Ivan Keske
Ernani Cesar de Freitas
64
84
95
MANIFESTAÇÕES CULTURAIS: OBJETOS E PERSPECTIVAS DISTINTAS
JURACY ASSMANN SARAIVA | CRISTIAN LEANDRO METZ
ORGANIZADORES
VOLTAR SUMÁRIO AVANÇAR
O MANIFESTANTE: SOLDADO E HERÓI PÓS MODERNO 
REPRESENTADOS NA MODA MASCULINA
Daniel Keller 
Denise Castilhos de Araujo
112
131
150
DE PARIS AO CAMELÓDROMO, O ETERNO 
LUXO DO ESTILO CHANEL
Nelson Batista Zimmer 
Juracy Assmann Saraiva
A DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR: 
DESAFIOS NA CONTEMPORANEIDADE E 
A EDUCAÇÃO PARA HUMANIZAÇÃO
Eliane Davila dos Santos 
Ernani Cesar de Freitas
MANIFESTAÇÕES CULTURAIS: OBJETOS E PERSPECTIVAS DISTINTAS
JURACY ASSMANN SARAIVA | CRISTIAN LEANDRO METZ
ORGANIZADORES
VOLTAR SUMÁRIO AVANÇAR
“CENAS DA VIDA”: MEMÓRIA, TEATRO 
E ENSINO DE HISTÓRIA
Thiago Silva
Cristina Ennes da Silva
166
188
201
MUSEU E EDUCAÇÃO: O PROJETO DE 
AÇÃO EDUCATIVA DO MUSEU DA REPÚBLICA
Daniela Schmitt 
Luiz Antônio Gloger Maroneze
ITINERÁRIOS CULTURAIS, 
MEMÓRIA E TURISTA CIDADÃO
Jamile Cezar de Moraes
Luiz Antônio Gloger Maroneze
MANIFESTAÇÕES CULTURAIS: OBJETOS E PERSPECTIVAS DISTINTAS
JURACY ASSMANN SARAIVA | CRISTIAN LEANDRO METZ
ORGANIZADORES
VOLTAR SUMÁRIO AVANÇAR
A PRESERVAÇÃO DA IDENTIDADE LOCAL 
ATRAVÉS DAS FESTAS POPULARES: O CASO 
DA FESTA DA COLÔNIA DE GRAMADO 
Natashe Carolina Kich
Luiz Antônio Gloger Maroneze
217
228ANÁLISE TEÓRICO-ERGO-DISCURSIVA: UM PERCURSO PARA COMPREENDER 
OS DISCURSOS ORGANIZACIONAIS
Gislene Feiten Haubrich 
Ernani Cesar de Freitas
MANIFESTAÇÕES CULTURAIS: OBJETOS E PERSPECTIVAS DISTINTAS
JURACY ASSMANN SARAIVA | CRISTIAN LEANDRO METZ
ORGANIZADORES
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VOLTAR SUMÁRIO AVANÇAR
O livro Manifestações Culturais: objetos e perspectivas distintas resulta de atividades de pesquisa efetivadas por alunos, sob a 
orientação de professores, do Mestrado em Processos e Manifestações Culturais, da Universidade Feevale. Como tal, a presente publicação 
articula-se ao objetivo basilar do Curso, que visa à investigação de manifestações humanas a partir de uma perspectiva interdisciplinar, com 
o intuito de desenvolver o conhecimento científico do âmbito da cultura. Devido à variedade dos objetos de análise e à multiplicidade de 
perspectivas teóricas sob as quais esses objetos são visualizados, os artigos, aqui reunidos, reafirmam a complexidade dos processos e das 
manifestações culturais, além de apontar para a importância de sua valorização como parte da dinâmica de congraçamento e de interação 
social dos indivíduos. Nesse sentido, os autores dos artigos não só assumem a função de disseminar o conhecimento, mas também de tornar 
mais perceptíveis aspectos da sociedade contemporânea, cujo reconhecimento pode conduzir a atitudes de aceitação ou de repúdio. 
O artigo de Aline Corso abre a sequência de reflexões, chamando a atenção para a utilização de tecnologias que, na sociedade 
contemporânea, ampliam a capacidade do corpo humano de interagir com seu contexto; a autora constata que duas representações de 
ciborgue – o protético e o interpretativo – se destacam, influenciando novos modos de viver na cibercultura.
A manifestação da identidade nacional, na música popular brasileira, é o foco de Cláudia Santos Duarte, que se detém na canção “Jack 
Soul Brasileiro”, criada por Osvaldo Lenine Macedo Pimentel, para demonstrar que a composição musical destaca aspectos da cultura regional 
brasileira como uma forma de resistência à cultura de massa, cuja submissão denuncia por meio do uso da língua inglesa. Relacionando-se, 
igualmente,a traços identitários, Cristian Leandro Metz aborda, sob o ponto de vista histórico e sociológico, ritos funerários, presentes na 
cultura hinduísta, judaica e cristã, para salientar suas transformações na pós-modernidade, conferindo a seu artigo o título “As transformações 
do fenômeno morte no contexto das práticas de ritos funerários na sociedade pós-moderna”.
O tema do bullying recebe a atenção de Cristiane Weber, cujo artigo analisa a convergência de meios e de discursos na construção de 
uma reportagem, veiculada no programa A Current Affair, da rede australiana ABC, que se apropriou de um vídeo da internet para transformar 
o protagonista, que reage a uma prática de bullying, em um herói. Vinculando-se, também, aos meios de comunicação, o artigo de Daiane 
FACES DA CULTURA E DE SEUS PROCESSOS
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VOLTAR SUMÁRIO AVANÇARMANIFESTAÇÕES CULTURAIS: OBJETOS E PERSPECTIVAS DISTINTAS
JURACY ASSMANN SARAIVA | CRISTIAN LEANDRO METZ
ORGANIZADORES
Pires orienta-se pelo ponto de vista segundo o qual a TV é um aparelho criador de representações e ferramenta para a construção da memória, 
abrindo uma discussão sobre uma das reportagens apresentadas pela Rede Globo, durante as Jornadas de Junho de 2013.
Cristine Marqueto investiga políticas voltadas para a cultura, detendo-se no “vale-cultura”, que faz parte do “Programa de Cultura do 
Trabalhador”, implementado pelo Governo Federal em 2013. O vale-cultura é definido conceitualmente e analisado sob o ponto de vista de 
sua aplicabilidade, para aferir sua influência nos circuitos de desenvolvimento cultural.
Com base em editoriais de moda masculina, Daniel Keller busca explicitar traços que contribuem para transformar indivíduos em heróis 
sociais e como esse processo reproduz estruturas estabelecidas no arquétipo do soldado, além de identificar relações que, integradas a essa 
perspectiva, são importantes para a afirmação da masculinidade. Sob distinta perspectiva, a moda também é foco do artigo de Nelson Zimmer: 
a partir da globalização mercadológica, ele relaciona a presença do estilo Chanel, em lojas de departamentos e em mercados populares de 
Porto Alegre, à adesão a padrões identitários múltiplos, o que comprovaria a pluralidade e o esfacelamento do sujeito moderno.
Eliane Davila dos Santos centra-se, com seu artigo, na atuação do professor universitário na sociedade contemporânea e estabelece, a 
partir do filme Sociedade dos Poetas Mortos (1989), a distinção entre uma educação tradicional e uma inovadora, destacando a importância 
da ação humanizadora do professor. Tiago Silva, também se preocupa com o espaço educacional, relatando sua experiência com a comunidade 
da Escola de Ensino Fundamental Waldemar Carlos Jaeger, do município de Sapiranga. Por meio da coleta de reminiscências dos moradores, 
ele transformou a memória coletiva em uma peça teatral, mostrando que, para além de cronologias, listas dinásticas e biografias políticas 
elitizadas, a História faz parte da subjetividade de todos os sujeitos e grupos sociais.
O artigo de Daniela Schmitt, intitulado “Museu e educação: o projeto de ação educativa do Museu da República,” estabelece uma reflexão 
sobre ações museológicas no âmbito da educação, defendendo o ponto de vista de que o museu é importante ferramenta para o processo de 
aprendizagem dos alunos, bem como para a preservação da memória cultural de uma comunidade. Em uma linha de investigação semelhante, o 
artigo “Itinerários culturais, memória e turista cidadão”, de Jamile Cezar de Moraes, trata dos itinerários culturais como uma liturgia da recordação, 
que visa à valorização do patrimônio cultural, e propõe práticas que aproximam os membros de uma comunidade de seus bens culturais. O 
artigo de Natashe Carolina Kich também se articula à temática da preservação da diversidade cultural, visto que analisa a “Festa da Colônia de 
Gramado”, concluindo que celebrações locais são formas de reação à homogeneização das culturas, fenômeno decorrente da globalização.
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VOLTAR SUMÁRIO AVANÇARMANIFESTAÇÕES CULTURAIS: OBJETOS E PERSPECTIVAS DISTINTAS
JURACY ASSMANN SARAIVA | CRISTIAN LEANDRO METZ
ORGANIZADORES
Em “Análise teórico-ergo-discursiva: um percurso para compreender os discursos organizacionais”, Gislene Haubrich apresenta o 
modelo teórico-ergo-discursivo para análise de organizações e, para tanto, expõe concepções metodológicas e o dispositivo de análise e sua 
operacionalização, além de desenvolver uma reflexão sobre as limitações do modelo e as possibilidades de sua adaptação a outros estudos.
Portanto, abrangendo elementos relacionados à cibercultura, à defesa da identidade nacional, a ritos funerários, aos processos de 
veículos de comunicação, às políticas públicas voltadas para a cultura, a estratégias da moda, à educação, aos museus, a itinerários culturais, 
a festas populares ou a modelos gerenciais, Manifestações Culturais: objetos e perspectivas distintas oferece aos leitores a oportunidade de 
refletir sobre a variedade e a diversidade das faces que a cultura assume seja sob o ângulo da multiplicidade de objetos, seja sob a variedade 
das perspectivas de sua análise. 
Juracy Assmann Saraiva
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em 
Processos e Manifestações Culturais
VOLTAR SUMÁRIO AVANÇAR
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MANIFESTAÇÕES CULTURAIS: OBJETOS E PERSPECTIVAS DISTINTAS VOLTAR SUMÁRIO AVANÇAR
STELARC, STEVE MANN E NEIL HARBISSON: 
AS REPRESENTAÇÕES DO CIBORGUE NA CIBERCULTURA
STELARC, STEVE MANN E NEIL HARBISSON: 
AS REPRESENTAÇÕES DO CIBORGUE 
NA CIBERCULTURA
Aline Corso
Bacharela em Tecnologias Digitais (UCS), Mestranda em Processos e Manifestações 
Culturais (FEEVALE) e bolsista Prosup/Capes. Atua como professora na FTEC e UNISINOS. 
E-mail: aline.corso@gmail.com.
Sandra Portella Montardo
Doutora em Comunicação Social (PUCRS), 
professora e pesquisadora da FEEVALE. 
E-mail: sandramontardo@feevale.br.
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MANIFESTAÇÕES CULTURAIS: OBJETOS E PERSPECTIVAS DISTINTAS VOLTAR SUMÁRIO AVANÇAR
STELARC, STEVE MANN E NEIL HARBISSON: 
AS REPRESENTAÇÕES DO CIBORGUE NA CIBERCULTURA
1 INTRODUÇÃO
Como enfatizou Edvaldo Couto (2012, p. 174), o corpo sempre foi mutável: “mais que um objeto da natureza ele sempre foi um objeto 
da cultura e todas as épocas e civilizações promoveram mutações corporais de acordo com os seus limites tecnocientíficos”. Já Paula Sibilia 
(2002, p. 10) propõe que “plástico, moldável, inacabado, versátil, o homem tem-se configurado de diversas maneiras pelas histórias e pelas 
geografias”. 
A partir das proposições acima expostas, podemos pensar em questões referentes à alteração do conceito de humano, assim como a 
ciborguização1 do corpo e a sua importância na cibercultura. De modo geral, o ciborgue é um híbrido de homem e máquina surgido na literatura 
de ficção científica, época marcada por medos e incertezas quanto ao avanço tecnológico em decorrência da Revolução Industrial. Naquele 
período, a figura do ciborgue era utilizada para questionar conceitos relativos à moralidade e livre-arbítrio e, na perspectiva de Oliveira (2003, 
p. 179) é a figura que melhor incorpora as complexas questões do humano em suas novas conexões com mundo.
Tal discussão é o ponto inicial deste trabalho, que busca compreender as representações do ciborgue na cibercultura, observando, 
principalmente, a questão das modificações corporais e de que forma os indivíduos percebem (e são influenciados por) estas mudanças. 
Nossa hipótese é que o ciborgue da cibercultura, ser pós-humano, ainda mantém resquícios de sua representação original, advinda da ficção 
científica, porém opera de maneiras diversas devido às novas tecnologias de comunicação e difusão da informação mediada por computador. 
Uma segunda hipótese aponta para o sentido de que o ciborgue contemporâneo também existe no campo informacional, ou seja, a fusão de 
carne e máquina não é o ponto-chave para o processo de ciborguização do humano2. Para tal, o presente artigo analisa as representações dos 
ciborgues na ficção científica e compara com as característicaspresentes nos ciborgues dos tempos atuais.
O trabalho está dividido da seguinte forma: em um primeiro momento, os conceitos de representação e cibercultura são apresentados 
para, em um segundo momento, discutir-se questões ligadas à ciborguização do corpo humano. O passo seguinte envolve a reflexão acerca da 
1 Transformação em ciborgue.
2 “Ao contrário do que possa parecer à primeira vista, a relação homem-máquina não incorpora apenas as questões de definição do humano e da técnica, refere-se também à capacidade de 
intervenção do homem sobre os mecanismos da vida e da realidade” (OLIVEIRA, 2003, p. 183).
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MANIFESTAÇÕES CULTURAIS: OBJETOS E PERSPECTIVAS DISTINTAS VOLTAR SUMÁRIO AVANÇAR
STELARC, STEVE MANN E NEIL HARBISSON: 
AS REPRESENTAÇÕES DO CIBORGUE NA CIBERCULTURA
vida e obra de três ciborgues contemporâneos: Stelarc, Steve Mann e Neil Harbisson. Por fim, serão traçadas algumas considerações finais e 
perspectivas futuras.
2 BREVE CONCEITUALIZAÇÃO: CIBERCULTURA E REPRESENTAÇÃO SOCIAL
A palavra cibercultura advém da fusão dos termos cultura e cibernética (RÜDIGER, 2011) e, conforme descrevem Amaral e Montardo, 
pode ser compreendida sob diversas abordagens teóricas:
Há definições que privilegiam aspectos contraculturais de sua história, como Turner (2006), e há descrições mais fluidas, voltadas aos aspectos 
sociais dos fenômenos culturais emergentes, como Lévy (1999) e Lemos (2002). Alguns estudos consideram o tema um integrante da noção 
de tecnologias do imaginário, como Silva (2003), ou um subcampo emergente da comunicação, como Felinto (2007). Macek (2005), Felinto 
(2008) e Amaral (2008) tematizam o estudo das práticas culturais e os estilos de vida em sua relação com as tecnologias. Foot (2010) faz uma 
aproximação na qual o foco são as relações, os padrões, os meios e os artefatos de trocas de produção cultural online, enquanto Trivinho 
(2007) e Rüdiger (2011) centram nas vinculações com a indústria cultural e a teoria crítica (AMARAL; MONTARDO, 2013, p. 333). 
Já para o filósofo Pierre Lévy (1999, p. 17), a cibercultura é o “conjunto de técnicas (materiais e intelectuais) de práticas, de atitudes, de modos 
de pensamento e de valores que se desenvolvem com o crescimento do ciberespaço”3. De cunho interdisciplinar, a cibercultura poderia ser definida 
descritivamente como o conjunto de fenômenos de costumes que nasce à volta das novíssimas tecnologias de comunicação (RÜDIGER, 2008, p. 26). 
Já o conceito de representação pode abarcar diversos significados, porém, de maneira inteligível, o antropólogo argentino Gustavo 
Blázquez destaca que:
Nos dicionários de língua portuguesa o significado de representação é construído em torno de quatro eixos: 1) A representação é “o ato ou 
efeito de tornar presente”, “patentear”, “significar algo ou alguém ausente”; 2) A representação é “a imagem ou o desenho que representa 
um objeto ou um fato”; 3) A representação é “a interpretação, ou a performance, através da qual a coisa ausente se apresenta como coisa 
3 Lévy caracteriza o ciberespaço como uma rede: “o espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e das memórias dos computadores” (LÉVY, 2011, p. 94). O 
termo ciberespaço surgiu, pela primeira vez, na literatura de ficção científica no livro Neuromancer (1984) de Willian Gibson. 
15
MANIFESTAÇÕES CULTURAIS: OBJETOS E PERSPECTIVAS DISTINTAS VOLTAR SUMÁRIO AVANÇAR
STELARC, STEVE MANN E NEIL HARBISSON: 
AS REPRESENTAÇÕES DO CIBORGUE NA CIBERCULTURA
presente”; 4) A representação é “o aparato inerente a um cargo, ao status social”, “a qualidade indispensável ou recomendável que alguém 
deve ter para exercer esse cargo”; a representação também se torna “posição social elevada” (apud COELHO DOS SANTOS, 2011, p. 30).
A teoria da Representação Social (RS) foi introduzida, em 1961, por Serge Moscovici no livro A psicanálise: sua imagem e seu público4. 
O autor estudou as formas como a teoria psicanalítica se difundiu no pensamento popular na França (MOSCOVICI, 2003), afirmando que o 
importante na RS é elucidar fenômenos a partir de um âmbito coletivo, sem deixar de lado a individualidade, ou seja, as representações são 
uma forma de interpretar e refletir sobre a realidade cotidiana.
As representações que fabricamos – de uma teoria científica, de uma nação, de um objeto, etc. – são sempre o resultado de um esforço 
constante de tornar real algo que é incomum (não familiar), ou que nos dá um sentimento de não familiaridade. Através delas, superamos o 
problema e o integramos em nosso mundo mental e físico, que é, com isso, enriquecido e transformado. Depois de uma série de ajustamentos, 
o que estava longe, parece ao alcance de nossa mão; o que era abstrato torna-se concreto e quase normal [...] as imagens e ideias com as 
quais nós compreendemos o não usual apenas trazem-nos de volta ao que nós já conhecíamos e com o qual já estávamos familiarizados 
(MOSCOVICI, 2003, p. 58).
Para Jodelet (2001, p. 17), seguidora dos postulados de Moscovici, as representações sociais são “uma modalidade de conhecimento 
socialmente elaborada e partilhada, com um objetivo prático e contribuindo para a construção de uma realidade comum a um conjunto 
social” e são habitualmente apontadas como senso comum, ou seja, um saber não-científico. As RS surgem como uma forma de refletir sobre 
a realidade:
A representações sociais surgem quando os indivíduos debatem temas de interesse mútuo ou quando existe o eco dos acontecimentos 
selecionados como significativos ou dignos de interesse [...] além disso, as representações sociais têm uma dupla função: “fazer com que o 
estranho pareça familiar e o invisível perceptível”, já que o insólito ou o desconhecido são ameaçadores, quando não se tem uma categoria 
para classificá-los (TAVARES, 2004).
Jodelet elenca cinco características fundamentais da representação social:
4 Conceito originalmente proposto por Émile Durkheim.
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89mile_Durkheim
16
MANIFESTAÇÕES CULTURAIS: OBJETOS E PERSPECTIVAS DISTINTAS VOLTAR SUMÁRIO AVANÇAR
STELARC, STEVE MANN E NEIL HARBISSON: 
AS REPRESENTAÇÕES DO CIBORGUE NA CIBERCULTURA
É sempre representação de um objeto;
Tem sempre um caráter imagético e a propriedade de deixar intercambiáveis sensação e a ideia, a percepção e o conceito;
Tem um caráter simbólico e significante;
Tem um caráter construtivo;
Tem um caráter autônomo e criativo (JODELET apud SÊGA, 2000, p. 129).
Neste artigo utilizaremos o termo cibercultura a fim de nos remeter à contemporaneidade e às práticas advindas da relação do homem com as 
tecnologias digitais - período também denominado “pós-modernidade”, “sociedade informática”, “era digital”, “sociedade em rede” ou “sociedade do 
conhecimento”5. A teoria das representações sociais, aqui, não será explorada extensivamente. Cabe salientar que pretendemos tomar emprestado 
o conceito geral de representações sociais (tornar real algo incomum, interpretando e refletindo sobre a realidade cotidiana) de modo a pautar o 
seguinte questionamento: a partir da realidade social de cada época, como o ciborgue é representado na ficção científica e na cibercultura? 
3 CIBORGUES: ENTRE A FICÇÃO E A REALIDADE
“As fronteiras entre a ficção científica e a realidade social são uma ilusão de ótica”.
(HARAWAY apud COUTO, 2012, p. 47)
O termo ciborgue (ou cyborg) deriva da ligação das palavras inglesas cybernetic organism, ou seja, organismo cibernético, e foi trazido 
pela primeira vez em 1960 por Arthur Clark e Manfred Clynes no artigo Cyborgs and Space6. O estudo apresentava os resultados de um 
experimento realizado em laboratório: um rato7 teve uma bomba osmótica implantada em seu corpo cujo objetivo era injetar substâncias 
químicas que alteravam seus padrões fisiológicos. O rato era, então, parte animal, parte máquina (KUNZURU, 2009, p. 121). 
5 Disponível em: <http://goo.gl/UGP4e1> Acesso em: 2 fev. 2015.
6 Disponível em: <http://goo.gl/yQsNxQ> Acesso em: 23 dez. 2014.
7 A cobaia ficou conhecida como ratode Rockland pois os experimentos foram realizados no Hospital Estadual de Rockland, New York (KLYNES; CLINE, 1960).
http://pt.scribd.com/doc/2962194/Cyborgs-and-Space-Clynes-Kline
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MANIFESTAÇÕES CULTURAIS: OBJETOS E PERSPECTIVAS DISTINTAS VOLTAR SUMÁRIO AVANÇAR
STELARC, STEVE MANN E NEIL HARBISSON: 
AS REPRESENTAÇÕES DO CIBORGUE NA CIBERCULTURA
O contexto de criação do texto é a corrida espacial e o experimento buscava comprovar que o ser humano poderia sobreviver livremente 
ao espaço sideral, pois era dotado de componentes exógenos que estendiam a função de auto-regulação de controle do organismo. Os autores 
afirmavam que “se o homem no espaço, além de fazer voar seu veículo, deve continuamente verificar coisas e fazer ajustes apenas para manter-se 
vivo, ele torna-se um escravo da máquina”. Um ciborgue, dotado de seus próprios sistemas homeostáticos, é livre para “explorar, criar, pensar, e 
sentir” (KLYNES; CLINE, 1960). Com isso, os autores demonstravam a possibilidade de uma aproximação entre seres biológicos e máquinas sintéticas.
Em 1972, o escritor norte-americano Martin Caidin - inspirado nas ideias de Cline e Klynes - lança o romance Cyborg. No livro, a 
personagem principal é um piloto de aeronaves da Força Aérea americana que, após sofrer um grave acidente, tem seu corpo reconstruído 
através de próteses biônicas que dão suporte à vida. Com o sucesso do livro, foi criada uma adaptação para a televisão em formato de 
minissérie, intitulada O Homem de Seis Milhões de Dólares8. 
Para transformar a carcaça de um humano mutilado não apenas em um novo homem, mas em um tipo totalmente novo de homem. Uma nova 
raça. Um casamento da biônica (biologia aplicada à engenharia de sistemas eletrônicos) e cibernética. Um organismo cibernético. Chame-o 
de ciborgue (CAIDIN apud KIM, 2004, grifo dos autores).
Seres híbridos já eram representados na literatura desde o século XIX. O gênero Ficção Científica (FC) é uma categoria de ficção que lida, 
principalmente, com o avanço (real ou imaginado) da ciência e da técnica9. Seu surgimento é demarcado pelo lançamento da obra Frankenstein 
ou o Moderno Prometeu, de Mary Shelley, em 1818. Na história, Victor Frankenstein10 constrói um ser monstruoso a partir de pedaços de 
cadáver humano costurados e reanimados através de uma descarga elétrica, criando o primeiro registro ficcional a respeito da fusão do corpo 
humano com a tecnologia.
Não podemos limitar o gênero FC apenas a narrativas fantásticas de viagens ao espaço sideral, invasões extraterrestres e guerras contra 
robôs colossais. Como definiu Isaac Asimov, a FC é o “ramo da literatura que trata das respostas do homem às mudanças ocorridas ao nível 
8 Também chamada de O Homem Biônico, foi lançada em 1974.
9 “No século XIX a ficção científica ganha popularidade com as histórias de Júlio Verne, H. G. Wells e Edward Bellamy. Em 1929 surge o nome ficção científica” (OLIVEIRA, 2003, p. 180).
10 Frankenstein na verdade não é o monstro, mas sim o cientista que constrói o monstro. Ver SHELLEY, Mary. Frankenstein ou o moderno Prometeu. Trad. Pietro Nassetti. São Paulo: Martin 
Claret, 2004.
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da ciência e da tecnologia” (ASIMOV, 1984, p. 46). Oliveira (2003, p. 181) corrobora a ideia de Asimov, afirmando que as mudanças também 
podem ser no espaço, no tempo, no homem e em seu modo de perceber e atuar sobre a realidade, visto que “associam desenvolvimento 
tecnológico a novas experiências do sujeito e, consequentemente, novas formas de organizações sociais”.
Na ficção científica existe o subgênero cyberpunk, caracterizado basicamente pela união de alta tecnologia e caos urbano (AMARAL, 
2006). A estética cyberpunk, sob a ótica de Amaral, “reconhece o espaço público onde as pessoas são tecnologizadas e reprimidas ao mesmo 
tempo, mostrando a tecnologia como a mediadora de nossas vidas sociais” (2003). Já o imaginário encontra-se na “intersecção entre a tecnologia, 
o cientificismo e os elementos anteriores à técnica como o desejo de perfeição e de imortalidade” (AMARAL, 2006, p. 30). Outros elementos 
característicos desse subgênero, ainda recorrendo a Amaral, são suas raízes góticas, de horror e noir11 mixadas com o conceito de biotecnologia. 
Para Amaral (2006, p. 33) “a figura do não-humano, [...] ciborgue ou andróide12, aparece como figura recorrente no cyberpunk”. As 
máquinas, além de ampliar nossos músculos, membros, sentidos e partes do cérebro, promovem um diálogo contínuo com o humano (COUTO, 
2012, p. 155). O corpo, para os autores cyberpunk, é cada vez menos orgânico e mais artificial e a extensão da mente também é retratada 
- é possível, por exemplo, fazer download dos sonhos para acessar posteriormente e conectar seu cérebro a um computador para ter uma 
experiência de imersão em realidade virtual (é importante observar a tendência quanto à obsolescência do corpo humano).
Ao longo dos anos, diversos autores anteciparam certos saltos tecnológicos, com especial olhar sobre o corpo humano e suas extensões.
Tanto as personagens de [Willian] Gibson quanto as de [Pat] Cadigan, [Neal] Stephenson ou [Bruce] Sterling, apesar de diferentes - seres 
híbridos em sua maioria, entre o humano e a máquina - perambulam com suas próteses pelas ruas escuras e sujas de alguma metrópole entre 
o Japão e os Estados Unidos ou vagueiam no ciberespaço sem serem incomodadas. Em uma sociedade - assim descrita pelos autores - que 
estimula as transformações corporais, seja pelas drogas sintéticas, pelas cirurgias plásticas, pelos piercings e tatuagens, pela engenharia 
genética ou pelos implantes de lentes reflexivas, garras ou músculos de metal, esses seres fazem parte do cenário urbano e quem causa o 
estranhamento são os humanos em sua falta de extensões (AMARAL, 2006, p. 56, grifo dos autores). 
11 Film noir é um estilo de filme associado a história de suspense policial, normalmente com ambientação nos anos 30 ou 40.
12 “O uso atual do termo andróide em geral denota robôs que reproduzem a aparência humana (...) autênticas reproduções humanas, os andróides são considerados seres mais evoluídos que 
os robôs, e frequentemente alcançam níveis de complexidade mental - e até emocional - que rivalizam com os humanos” (OLIVEIRA, 2003, p. 189).
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AS REPRESENTAÇÕES DO CIBORGUE NA CIBERCULTURA
William Gibson, renomado autor desse subgênero, certa vez disse: “quem achar que a Ficção Científica é sobre o futuro é ingênuo. A 
ficção científica não prediz o futuro; ela o determina, o coloniza, o pré-programa à imagem do presente13”. O objetivo, portanto, não é predizer 
o futuro, mas extrapolar o presente14. Amaral (2006, p. 68) defende que, apesar de o futuro parecer ser a temática central da FC, na verdade, 
ele é uma metáfora do presente. Podemos falar em antecipação de inovações tecnológicas, criadas a partir do conhecimento científico da 
época e aliadas a imaginação dos autores. 
A FC não nos projeta para o futuro, ela nos relata estórias sobre o nosso presente, e, mais importante, sobre o passado que gerou o presente. 
Contra-intuitivamente, a FC é um modo historiográfico, um meio de escrever simbolicamente sobre história (ROBERTS apud AMARAL, 2006, p. 69).
A FC, como assinalado, não é de toda forma futurista ou profética, mas conforme Roberts (apud AMARAL, 2003), é nostálgica e 
principalmente diz mais a respeito da sociedade do tempo em que foi escrito, do que sobre as possibilidades de visão de futuro. Os textos 
de FC estão situados em um tempo futuro e induzem um deslocamento do autor em relação ao seu contexto histórico15. Embora tenham 
sido escritos em determinado contexto, podem ganhar novos significados com o passar do tempo. Toda criação literária está associada ao 
seu tempo, mixando elementos inventadoscom a realidade social existente no momento da criação da obra: o discurso literário cyberpunk é 
compatível com o discurso científico e acompanha a evolução da técnica no contexto histórico-social pós-guerra fria. 
Todas essas obras, bem como toda produção literária, guardam em seu bojo aspectos, características e relações sócio-culturais do universo 
em que é produzida [...] Neste sentido, torna-se importante destacar o fato de que a produção da obra literária está associada ao seu tempo, 
refletindo em suas narrativas angústias e sonhos de agentes sociais contemporâneos à sua criação e mesclando elementos de ficção e das 
possíveis realidades existentes no momento da criação literária. Dessa forma, a obra de ficção lida com ações sonhadas, com sentimentos 
compartilhados, com intermediação entre o real e as aspirações coletivas. A obra literária constitui-se parte do mundo, das criações humanas, 
e transforma-se em relato de um determinado contexto histórico-social. Por isso, “qualquer obra literária é evidência histórica objetivamente 
determinada – isto é, situada no processo histórico”[...] A literatura passa então a fornecer uma versão da “história real” pelos olhos de um 
observador privilegiado – o escritor, que mesmo quando não possui o objetivo explícito de “fazer história” com sua obra, acaba por fornecer 
uma junção de elementos e características capaz de “dizer a história” em que se insere (SENA JR, 2015, p. 5).
13 Disponível em: <http://goo.gl/rpZfya> Acesso em: 30 jun. 2014.
14 Disponível em: <http://goo.gl/yvHddo> Acesso em: 6 jul. 2014.
15 Disponível em: <http://goo.gl/b47731> Acesso em: 17 mar. 2015.
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Para Bukatman (apud AMARAL, 2003), a Ficção Científica ganha cada vez mais importância no presente por ser este um momento que 
vê a si próprio como ficção-científica. O tempo histórico narrado no cyberpunk assemelha-se muito com a nossa realidade pós-moderna. O 
homem pós-moderno, o ser pós-humano, utiliza constantemente as novas tecnologias para se ressignificar e transpõe as barreiras entendidas 
como humano. Existe, portanto, uma tênue linha entre ficção e realidade.
Já no ensaio Manifesto Ciborgue: Ciência, Tecnologia e Feminismo no Final do Século XX, publicado originalmente em 1985, a filósofa 
feminista Donna Haraway utiliza metaforicamente a figura dos ciborgues como crítica em favor das diferenças, condensando as transformações 
políticas e sociais ocorridas no ocidente na virada do século16. Essas transformações referem-se principalmente à ciência e à tecnologia, pois 
com elas as fronteiras entre real e virtual, orgânico e inorgânico, carne e máquina são colocadas em xeque. Segundo a autora, o ciborgue é um 
organismo cibernético, um híbrido de máquina e organismo, possuidor de uma parte dada e outra construída (HARAWAY, 2009).
A carne humana já se fundiu com as máquinas e este ser humano melhorado, questiona e rompe com dualismos tradicionais: entre 
o humano e o animal, entre o humano e a máquina e entre o físico e não físico (COUTO, 2012, p. 49-55). O ciborgue surge em meio à 
cultura contemporânea como um transgressor das fronteiras construídas, desconstruídas e vencidas (COUTO, 2012, p. 20). As tecnologias de 
comunicação e informação constroem esse novo corpo, equiparando-se a uma máquina de alta-performance. Nas palavras de Tomaz Tadeu da 
Silva, organizador do livro Antropologia do Ciborgue: as Vertigens do Pós-humano:
Implantes, transplantes, enxertos, próteses. Seres portadores de órgãos artificiais. Seres geneticamente modificados. Anabolizantes, 
vacinas, psicofármacos. Estados artificialmente induzidos. Sentidos farmacologicamente intensificados: a percepção, a imaginação, o tesão. 
Superatletas. Supermodelos. Superguerreiros. Clones. Seres artificiais que superam, localizada e parcialmente (por enquanto), as limitadas 
qualidades e as evidentes fragilidades humanas. Máquinas de visão melhorada, de reações mais ágeis, de coordenação mais precisa. Máquinas 
de guerra melhoradas de um lado e outro da fronteira: soldados e astronautas quase artificiais; seres artificiais quase humanos. Biotecnologias. 
Realidades artificiais. Clonagens que embaralham as distinções entre reprodução humana e reprodução artificial. Bits e bytes que circulam, 
indistintamente, entre corpos humanos e corpos elétricos, tornando-os igualmente indistintos: corpos humano-elétricos (TADEU, 2009, p. 12).
Para Couto, Souza e Neves (2013) os ciborgues podem ser classificados em protéticos e interpretativos: o primeiro diz respeito à 
performance fisiológica amparada ou dependente de aparelhos mecânicos ou digitais e o segundo relaciona-se à sociedade do espetáculo17, 
16 Disponível em: <http://goo.gl/jrbpBP> Acesso em: 31 jan. 2015.
17 Ver DEBORD, Guy. A Sociedade de Espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.
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quando o ciborgue “se constitui pela influência dos mass media18” (LEMOS, 2008, p. 172). O ciborgue interpretativo, sujeito-conectado, é um 
potencial fortalecedor das redes, pois se organiza multidirecionamente, cria e interpreta modos de viver na cibercultura (COUTO; SOUZA; 
NEVES, 2013), exercendo múltiplas identidades online.
A partir destas reflexões, tecem-se observações (Quadro 1) quanto as representações do ciborgue a partir do século XIX:
Período Ficção científica: de 1818 até 1990 Cibercultura: 1990 em diante
Representação · Compreende o período clássico da FC (1818 
- 1938), a época dourada (1938 - 1950), 
a nova onda (1960 - 1970) e o cyberpunk 
(1980 - 1990), (AMARAL, 2006);
· O ciborgue era comumente retratado como 
parte integrante de um universo distópico, 
visto que a sociedade vivia no pós-guerra e 
acompanhava grandes saltos tecnológicos;
· O horror ao desconhecido era representado 
na figura do ciborgue - medo que as 
máquinas subjugassem a humanidade;
· Puramente mecânicos, híbridos de carne e 
máquina;
· Figuras criadas para refletir acerca de 
conceitos como a liberdade, moralidade, 
livre-arbítrio, etc.
· Período pós-moderno;
· Não existe um único tipo de ciborgue: a) o ciborgue protético surge através dos computadores 
vestíveis, próteses e implantes (biônicos ou robóticos); b) o ciborgue interpretativo, 
sujeito-conectado, cria novos modos de viver na cibercultura (COUTO, 2012);
· Tecnologia para (re) configurar e ampliar as capacidades humanas (reengenharia do corpo);
· Indústria do design corporal: imperativos da aparência e juventude, qualquer coisa pode 
ser modificada, de acordo com o desejo do sujeito. Qualquer sinal indesejado pode ser 
eliminado, qualquer forma pode ser redesenhada e prontamente exibida (COUTO, 2012, p. 
107);
· A medicina atual transforma o humano em ciborgue (COUTO, 2012 p. 48);
· Histórias de ciborgues da FC são adaptadas para o cinema (ex.: Minority Report e Total 
Recall) e jogos de videogame (ex.: Crysis e Mortal Kombat);
· Ocupam lugar de destaque na mídia: são cantores, esportistas, artistas e cientistas;
· Surgem organizações para defender os direitos dos ciborgues (ex.: Cyborg Foundation);
· * Possibilidade de hackear o corpo (biohacking/biopirataria);
Representantes Frankenstein, Rato de Rockland, etc. Stelarc, Steve Mann, Neil Harbisson, etc.
Quadro 1 – Representação do ciborgue
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2015
18 Segundo a Infopédia são os meios de comunicação social, como sistemas organizados de produção, difusão e recepção de informação. Ver <http://goo.gl/kSZf2w> Acesso 25 nov. 2014.
http://goo.gl/kSZf2w
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A partir desse quadro, observa-se que as representações do ciborgue acompanhama evolução da ciência e que, com o passar do 
tempo, o medo das máquinas é praticamente superado, dando lugar a um relacionamento de mutualismo entre homem e máquina. A fácil 
transformação do humano em ciborgue é possível graças aos novos procedimentos da medicina e farmácia e o ciborgue interpretativo existe 
nas redes digitais, é a nossa identidade viva e operante no ciberespaço.
O próximo item apresenta três ciborgues contemporâneos, demonstrando a importância destas figuras para a tecnociência.
4 CIBORGUES CONTEMPORÂNEOS 
4.1 STELARC, O (CIBER)ARTISTA CIBORGUE
Stelios Arcadiou, ou Stelarc, é um artista nascido em 1946, no Chipre (Figura 1). Como (ciber)artista19 performático20 é seguidor dos 
postulados de Marshall McLuhan21, visto que cria obras que concentram-se na extensão das capacidades do corpo humano através da tecnologia.
19 Para Diana Domingues “a ciberarte está ligada à produção artística que circula no ciberespaço, no espaço de computadores e redes”. Disponível em: <http://migre.me/mQ5sX> Acesso em: 
14 nov. 2014.
20 Alguns críticos de arte contemporânea classificam suas obras como “body-art cibernética”. Ver: FRANCO, Edgar. Stelarc: Arte, Tecnologia, Estética e Ética. In: Revista Educação e Linguagem, 
a. 2010, v. 13, n. 22.
21 Marshall McLuhan foi um teórico da comunicação canadense conhecido pelas máximas “o meio é a mensagem” e “aldeia global”. No livro Os Meios de Comunicação como Extensões do 
Homem, defende que os meios são extensões dos sentidos dos homens, como o telefone é a extensão da fala, a pinça é a extensão das mãos, os óculos são a extensão da visão, etc. Ver: 
MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação como extensões do homem. São Paulo: Cultrix, 2007.
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AS REPRESENTAÇÕES DO CIBORGUE NA CIBERCULTURA
Figura 1 – Stelarc
Fonte: STELARC, 2014
Stelarc tem feito apresentações desde a década de 1960 onde conecta/pluga/estende o próprio corpo, utilizando as tecnologias 
avançadas da robótica, realidade virtual e medicina. Para o artista, o corpo humano é ultrapassado e está fadado ao fracasso caso não se renda 
às possibilidades da tecnologia para expandir-se física e cognitivamente.
É hora de se perguntar se um corpo bípede, que respira, com visão bonicular e um cérebro de 1.400 cm³ é uma forma biológica adequada. 
Ele não pode dar conta da quantidade, complexidade e qualidade de informações que acumulou; é intimidado pela precisão, velocidade e 
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AS REPRESENTAÇÕES DO CIBORGUE NA CIBERCULTURA
poder da tecnologia e está biologicamente mal-equipado para se defrontar com seu novo ambiente extraterreste. O corpo é uma estrutura 
nem muito eficiente, nem muito durável. Com frequência ela funciona mal e se cansa rapidamente; sua performance é determinada pela 
idade. É suscetível a doenças e está fadado a uma morte certa e iminente. Seus parâmetros de sobrevivência são muito limitados - o corpo 
pode sobreviver somente algumas semanas sem comida, dias sem água e minutos sem oxigênio. A ausência de projeto modular do corpo e de 
seu sistema imunológico que reage exageradamente dificulta a substituição de órgãos defeituosos. Considerar o corpo obsoleto em forma e 
função pode ser o auge da tolice tecnológica, mas mesmo assim ele pode ser a maior das realizações humanas (STELARC apud COUTO, 2012, 
p. 156, grifo dos outroes).
Couto (2012, p. 158) afirma que, para estender as capacidades corporais, o ser pós-humano “pluga seu corpo nos computadores, acopla 
em seu braço outro braço mecânico, uma mão robótica, instala seu olhos a laser, utiliza sistemas sonoros, e o seu corpo passa a funcionar de 
acordo com o ritmo das máquinas”. Para Stelarc, o homem não é definido pelo natural, nem pelo animal (COUTO, 2012), mas pela tecnologia:
Pode parecer poético quando eu falo da obsolescência do corpo humano atual, mas a visão que eu tenho não é utopia. Se já se pode fertilizar 
fora do corpo humano e alimentar um feto fora do útero feminino, então - tecnicamente falando - podemos ter vida sem nascimento. E se 
até podemos substituir partes do corpo humano que funcionam mal e colocar lá componentes artificiais, então - mais uma vez, tecnicamente 
falando - não há necessidade de morte. Chegamos a uma situação em que a vida já não é mais condicionada pelo nascimento e pela morte. O 
corpo não necessita mais ser “reparado”, pode simplesmente ter partes substituídas (STELARC apud FRANCO, 2010, p. 104).
Em suas performances, Stelarc procura aliar a experiência física intensificada pelo uso das próteses com a expressão artística (COUTO, 
2012, p. 159). Suas obras mais famosas são Stomach Sculpture (1993), The Extra Ear ou an ear on an arm (2007), The Third Hand (1986) e 
Exoesqueleton (1997 - 2006). Em algumas performances, seu corpo nu por muitas vezes é ligado a eletrodos, cabos e próteses, personificando 
a figura do ciborgue protético.
25
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4.2 STEVE MANN, O PAI DA COMPUTAÇÃO VESTÍVEL
Steve Mann (Figura 2) é pesquisador da Universidade de Toronto e popularmente reconhecido como o pai da computação vestível, uma 
área interdisciplinar cujo principal objetivo é estudar como a tecnologia pode se integrar ao corpo humano e vem sendo apontada como um 
dos assuntos de maior relevância tecnológica dos últimos anos.
Figura 2 – Steve Mann
Fonte: MANN, 2014
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Os computadores vestíveis (wearable computers) são um tipo de computador “adicionado ao corpo do usuário, controlado por ele e 
sempre ligado e acessível, permitindo o acesso às informações de forma direta e instantânea enquanto realiza as suas atividades cotidianas, 
auxiliando em atividades motoras e/ou cognitivas” (DONATI, 2005). Frequentemente confundidos com gadgets ou dispositivos móveis, os 
computadores vestíveis têm a possibilidade de aprender informações tanto do usuário quanto do ambiente, tornando o seu funcionamento 
mais interativo (DONATI 2005), melhorando a qualidade de vida dos usuários e o aperfeiçoamento de sua capacidade de resolver problemas 
e de se comunicar com outros indivíduos (QUEIROZ, 1999). Para Mann, os computadores vestíveis funcionam como uma sobreposição, como 
uma segunda pele, e não como uma ferramenta a ser ligada e desligada22 (MANN, 2001, p. 11).
Desde os anos 1980, Mann vem trabalhando no Wearcomp/Eye Tap, um computador vestível em formato de óculos inteligente, que 
possibilita a manipulação de conteúdos digitais através de comandos visuais, de voz, etc23. Sob sua perspectiva, através de seu computador 
vestível, é possível ser homem, computador, câmera e telefone - todos em uma única entidade. Utilizando diariamente seu computador vestível, 
Mann não imagina como “funcionaria” sem ele, sentindo-se, muitas vezes, nu. Ele afirma que todos os dias decide de que forma verá o mundo,
[...] um dia, eu ponho meus olhos atrás da minha cabeça. Em outros dias, eu adiciono um sexto ou sétimo sentido, como a habilidade de 
sentir objetos que não estou tocando. As coisas aparecem diferente para mim. Eu vejo objetos cotidianos como hiper-ícones (similares aos 
que aparecem no computador). Eu posso escolher a visão estroboscópica para `congelar` o movimento das rodas de um carro que vai a cem 
quilômetros por hora, permitindo-me a contar os sulcos na banda de rodagem. Eu posso bloquear a visão de objetos em particular - evitando 
distrair-me, por exemplo, no vasto mar da propaganda que nos rodeia24 (MANN; 2001, p. 3).
Steve Mann continua desenvolvendo a sua pesquisa, estando a frente de diversos laboratórios de pesquisa emcomputação vestível25, 
contribuindo para o avanço dos estudos de corpos ciborguizados e, em 2011, um documentário intitulado Cyberman foi lançado, mostrando o 
dia-a-dia ciborgue de Mann através das lentes de seu computador vestível.
22 Tradução nossa. Do original: "(Wearcomp) functions as an overlay, as a second skin, not a tool to be turned on and off”.
23 O WearComp de Mann surgiu muito antes do Google Glass.
24 Tradução nossa. Do original: "Every morning I decide how I will see the world. One day, I give myself eyes in the back of my head. On other days I add a sixth or seventh sense, such as the 
ability to feel objects that are not touching me. Things appear diferente to me than they do to other people. I see everyday objects as hyper-icon I can click on and bring to life (similar to the 
way you click on a icon on a Web site). I can choose stroboscopic vision to freeze the motion on the spinning wheels of a car going a hundread kilometers an hour, allowing me to count the 
grooves in the tread. I can block out the view of particular objects – sparing myself the distraction, for example, of the vast sea of advertising that surround us”.
25 Mann é diretor do EyeTap Personal Imaging (ePi) Lab e do FL_UI_D Laboratory.
http://eyetap.org/
http://www.eyetap.org/fluid/
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4.3 NEIL HARBISSON, O PRIMEIRO HUMANO RECONHECIDO OFICIALMENTE COMO CIBORGUE
Neil Harbisson (Figura 3) é um artista visual portador de acromatopsia, ou seja, tem a incapacidade de distinguir cores e vê o mundo 
apenas em preto e branco. Em 2003 cria o Eyeborg, computador vestível26 que possibilita ouvir as cores27.
Um sensor, (implantado) atrás da cabeça, recebe as frequências de luz e transforma-as em frequências sonoras. A captação da cor fica a cargo 
de uma câmera, situada acima da testa e, depois, possibilita que (Neil) recorra aos ossos – do crânio – para ouvir as cores (HARBISSON apud 
BÁRTOLO, 2012).
Esta sinestesia artificial28 amplia também o seu potencial artístico: por perceber o tom de uma cor através de notas musicais, a luz pelos 
olhos e a saturação pelo volume (BÁRTOLO, 2012, online), dedica-se a criação de retratos sonoros29, ou seja, cria composições musicais a partir 
de figuras e rosto de pessoas e também desenhos a partir das cem primeiras notas de uma música30.
26 Em 2003 o Eyeborg era um dispositivo eletrônico vestível, acoplado a cabeça de Neil. Em 2014, o Eyeborg passou a ser implantado no crânio do artista.
27 Palestra no TED “I listen to color”. Disponível em: <http://goo.gl/JnJlfI>. Acesso em: 23 dez. 2014. No vídeo, Harbisson mostra o funcionamento do Eyeborg.
28 No sentido de ser provocada, construída.
29 Alguns retratos sonoros criados por Harbisson: Leonardo Di Caprio, Daniel Radcliffe, Gael Garcia Bernal, Princípe Charles, entre outros. Disponível em: <http://goo.gl/7ufpLr> Acesso em: 
23 dez. 2014.
30 Disponível em: <http://goo.gl/u3EWKo> Acesso em: 23 dez. 2014.
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Figura 3 – Neil Harbisson
Fonte: CYBORG FOUNDATION, 2014
Em 2004, o Reino Unido reconheceu o Eyeborg como parte do corpo de Harbisson, ou seja, o artista foi reconhecido oficialmente como 
um ciborgue. A partir disso, criou a Cyborg Foundation, organização sem fins lucrativos dedicada a auxiliar pessoas se tornarem ciborgues, 
defendendo os seus direitos e incentivando a utilização da arte cibernética31. 
31 Fundada em 2010 por Neil Harbisson e Moon Ribas.
29
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5 RESULTADOS OBTIDOS
Tomando como base a seguinte premissa de Moscovici (2003): “as representações que fabricamos (...) são sempre o resultado de um 
esforço constante de tornar real algo que é incomum (não familiar), ou que nos dá um sentimento de não familiaridade”, podemos analisar 
o contexto das primeiras representações do ciborgue. Tavares (2004) afirma que a Revolução Industrial e a revolução das tecnologias da 
informação “geraram descontinuidades profundas nos mais variados setores da vida em sociedade”:
Essas novas formas de organização social e os novos espaços de vida, advindos com a revolução industrial, ocasionaram profundas alterações 
nos estilos de agir e de ser de seus contemporâneos. O cotidiano, nesses novos espaços, introduzia novos elementos na vida do urbanita: o 
excesso de estímulos, a divisão entre locais de trabalho e de moradia, a separação entre os domínios do público e do privado, os diferentes 
círculos de conhecimento, a racionalidade, a frieza, o anonimato, a reserva, o isolamento, o cálculo, a mobilidade, a pontualidade, etc. A essas 
novidades correspondiam novos comportamentos e novos traços psíquicos (TAVARES, 2004).
Evocar a figura do ciborgue, no período da Revolução Industrial, foi uma tentativa da sociedade interpretar o mundo de radicais 
transformações em que vivia: o trabalho braçal foi substituído por máquinas, o que gerou, entre muitos outros problemas, o desemprego. O 
ciborgue era a máquina que poderia dominar o mundo e representava também a desvalorização do corpo (e do trabalho) humano. 
Francisco Rüdiger (2008) afirma que não podemos falar em cibercultura sem evitar certas referências advindas da literatura e do 
cinema de ficção
[...] quer num, quer noutro, a matriz é esse artefato cibernético que, desafiando o humano, faz interagir organismo e artifício (...) Em ambos, 
significativo é o fato de a matriz assim o fazer pela mediação do onírico, do imaginário, da subjetividade, o fato do mundo ser vivido nela 
como gigantesco sonho gerado artificialmente - mas isso tudo foi precedido ficcionalmente por outras soluções referentes à maneira de 
compor a relação entre homem e máquina como mundo e, portanto, o universo da cibercultura (RÜDIGER, 2008, p. 39, grifo dos outrores).
Os três ciborgues da cibercultura aqui apresentados demonstram que ciência e ficção sempre andaram lado a lado, visto que a ficção 
científica não existiria sem alguns conhecimentos técnicos e, de igual forma, não existe o fazer científico sem antes existir o ficcional, o imaginado.
Para Stelarc, o corpo sempre foi um local de experimentação artística e poética, visto que defende que não é muito eficiente nem 
durável. O artista afirma que o corpo é obsoleto, fadado ao fracasso caso não se renda as capacidades e possibilidades de expansão física 
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AS REPRESENTAÇÕES DO CIBORGUE NA CIBERCULTURA
e cognitiva proporcionadas pela tecnologia. Este ciborgue, da ordem do protético, expressa o sentido de (re)configuração das capacidades 
motoras através do uso de próteses e revela que o corpo é uma construção inacabada e está sujeito a novas intervenções (COUTO, 2012, p. 
175). Na performance Exoskeleton32, o artista utiliza um exoesqueleto33 pneumático para se locomover, como uma espécie de aranha robótica 
e esteticamente relembra o vilão Doutor Octopus, da ficção Homem-Aranha. Com isso, ficção e realidade novamente se entrecruzam e torna-
se cada vez mais difícil distinguir o que é prótese no humano e o que é carne na máquina (COUTO, 2012, p. 160).
Já Steve Mann contribuiu seminalmente para o campo de estudo em computação vestível, principalmente por constantemente reinventar 
e reconsiderar sua relação com a tecnologia, refletindo no aprimoramento do WearComp. Mann “tornou-se gradualmente mais confortável 
com sua identidade ciborgue, porque a própria cultura estava se infundido com ideias sobre a transformação física e melhoramento do corpo”34 
(RYAN, 2014, p. 73) e exprime a simbiose homem-máquina como modo de ser (COUTO,2012, p. 175) ao relatar situações cotidianas em seu 
blog35. Recentemente, Mann foi agredido fisicamente no restaurante McDonalds, na França36, apenas por estar utilizando o WearComp (ou, 
apenas, sendo o ciborgue que é). Na ocasião, ao ser abordado pelos atendentes, explicou que o óculos era aparafusado ao seu crânio e, mesmo 
assim, foi atacado. Esta situação nos mostra que, embora os ciborgues já estejam inseridos na sociedade há quase duzentos anos, ainda há 
estranhamento quanto ao uso de próteses e implantes. Seria Steve Mann a versão (pós)moderna do monstro criado pelo Dr. Frankenstein? 
Por fim, Neil Harbisson, o homem que escuta as cores e fundador de uma ONG internacional que promove o direito dos ciborgues, 
destaca que pessoas com deficiência não são as únicas que podem se beneficiar da extensões tecnológicas para modificar o seu corpo, mas 
que qualquer ser humano pode (e deve) explorar estender os seus próprios sentidos e percepções. Como ciborgue que criou e implantou 
um dispositivo em seu crânio, Harbisson levanta questões referentes ao biohacking37 e a Cyborg Foundation disponibiliza, gratuitamente, 
principalmente em seu site oficial, pesquisas e códigos-fonte para que a população crie o seu próprio Eyeborg e demais computadores vestíveis.
32 Disponível em: <http://goo.gl/uGLEjr>. Acesso em: 1 fev. 2015.
33 Espécie de armadura robótica.
34 Tradução nossa. Do original: "He gradually became more comfortable with his human-machine identity, because culture itself was becoming infused with ideas about physical transformation 
and body enhancement".
35 Disponível em: <http://goo.gl/Mt5phJ>. Acesso em: 1 fev. 2015.
36 Relato da agressão. Disponível em: <http://goo.gl/FN9vna> Acesso em: 1 fev. 2015.
37 Prática que une a biologia com práticas de hacking. No português, usa-se o termo biopirataria.
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AS REPRESENTAÇÕES DO CIBORGUE NA CIBERCULTURA
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS: REFLEXÕES E PRÓXIMO PASSO
Neste artigo, discutimos algumas representações do ciborgue desde 1818 (ano de lançamento do livro de ficção Frankenstein ou o 
Moderno Prometeu) até os dias atuais (cibercultura). De acordo com o levantamento bibliográfico realizado, é possível depreender que as 
dicotomias natural X artifical, animal X máquina, humano X inumano perdem sentido quando observamos a figura do ciborgue já que, para 
Lemos (2008), o ciborgue é “capital para a cibercultura, visto que simboliza o processo simbiótico da cultura contemporânea com o advento 
das tecnologias digitais”.
Ao observar o corpo ampliado e (re)configurado pelas novas tecnologias de comunicação e informação, percebemos duas categorias de 
ciborgues: o protético – “aquele indivíduo cujo funcionamento fisiológico depende de aparelhos eletrônicos ou mecânicos”38 – e o interpretativo 
– o sujeito conectado que se faz presente nas redes digitais, exercendo suas múltiplas identidades39. Desta maneira, através das figuras de 
Stelarc, Steve Mann e Neil Harbisson - e a metáfora do ciborgue - podemos refletir acerca da nossa própria humanidade e, assim como 
destacou Paula Sibilia (2002, p. 11): “novas formas de pensar, de viver, de sentir; em síntese: novos modos de ser”.
Como perspectiva futura, as presentes reflexões serão incorporadas à dissertação da autora Aline Corso, sob orientação da Prof ª. Dr ª. 
Sandra Montardo, que está em andamento e que pretende problematizar os computadores vestíveis, as próteses e os implantes na cultura do 
pós-humano. Assim, a partir dos apontamentos teóricos aqui apresentados, espera-se contribuir com os estudos acerca das representações do 
ciborgue na cibercultura, em especial no contexto brasileiro. Afinal, como já previu Donna Haraway (2009), nós somos ciborgues! 
38 Disponível em: <http://goo.gl/kgvZ1n>. Acesso em: 31 jan. 2015.
39 “Na cultura digital o corpo físico desaparece. O que temos agora é um meta-corpo, um corpo além do corpo, um hiper-corpo por meio do qual os sujeitos, em rede, se conectam uns 
aos outros, narram e interpretam as suas vivências efêmeras no ciberespaço. O corpo se transforma num grande hipertexto simbiótico, se constitui no corpo-rede rizomático, aberto, não 
centralizado. Este corpo-rede do ciborgue interpretativo está presente nas redes sociais, nos blogues, na efervescência das comunidades e vitrines virtuais onde cada um se pavoneia. Paula 
Sibilia (2008) destaca que dia após dia, minuto após minuto, os fatos reais são relatados por um “eu real” que por meio de palavras, fotos, imagens, e de maneira instantânea, tem sido visível 
nas telas de todos os cantos do planeta”. Disponível em: <http://goo.gl/AhSXJ7> Acesso em: 31 jan. 2015.
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AS REPRESENTAÇÕES DO CIBORGUE NA CIBERCULTURA
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CULTURA POPULAR: A IDENTIDADE 
NACIONAL NA CANÇÃO JACK SOUL BRASILEIRO1
CULTURA POPULAR: A IDENTIDADE NACIONAL NA 
CANÇÃO JACK SOUL BRASILEIRO1
1Artigo resultante da disciplina Concepções de Cultura e Manifestações Culturais, executado sob a orientação da Prof.ª Dr.ª Juracy Assmann Saraiva, no Mestrado em 
Processos e Manifestações Culturais, Universidade Feevale. 
Cláudia Santos Duarte
 Mestra em Processos e Manifestações Culturais, 
Universidade Feevale. 
E-mail: claudiasduarte@feevale.br.
Juracy Assmann Saraiva
Pós-doutora em Teoria da Literatura pela Unicamp, 
professora e pesquisadora da
Universidade Feevale, coordenadora do Programa de 
Pós-Graduação em Processos e
Manifestações Culturais dessa mesma instituição, 
bolsista do CNPq.
Marinês Kunz
Doutora em Linguística e Letras (PUC/RS). Professora 
titular do Mestrado em Processos e Manifestações 
Culturais (Feevale). Tem experiência na área de letras, 
com ênfase em literatura, semiótica e cinema. 
E-mail: marinesak@feevale.br 
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CULTURA POPULAR: A IDENTIDADE 
NACIONAL NA CANÇÃO JACK SOUL BRASILEIRO1
1 INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como tema o estudo das manifestações da identidade nacional brasileira na música popular do país, utilizando 
como corpus para a análise a canção Jack Soul Brasileiro, composta pelo cantor pernambucano Osvaldo Lenine Macedo Pimentel, conhecido 
popularmente como Lenine. Tal enfoque justifica-se pela abordagem da letra da canção que presta uma clara homenagem ao cantor e 
compositor Jackson do Pandeiro (JOSÉ GOMES FILHO 1919-1989), conhecido por difundir estilos musicais nordestinos no país. A canção 
ainda destaca, de modo muito harmônico, um jogo de palavras que desvenda algumas referências do que o compositor considera como a 
“alma brasileira”.
A composição, lançada em 1999, no CD intitulado “Na Pressão”, revela-se como um importante produto cultural, com forte enfoque 
popular. A canção é uma composição que abrange o estilo musical de Lenine, priorizando ritmos e temáticas nacionais, além de indicar 
elementos da obra de Jackson do Pandeiro, cuja importância na música popular brasileira é reconhecida pela apresentação dos diferentes 
aspectos da música nordestina que influencia todo o país.
Para realizar tal estudo, além de destacar os elementos da homenagem de Lenine a Jackson do Pandeiro, será necessário utilizar o 
embasamento teórico proposto por autores, como Stuart Hall (2006), Alfredo Bosi (2008), Renato Ortiz (2007) e Kathryn Woodward (2012), 
que sustentam as discussões sobre a representação de identidades, o hibridismo cultural brasileiro, as marcas culturais da modernidade e 
as relações entre cultura e globalização. Deste modo, a canção Jack Soul Brasileiro aparecerá como um respeitável representante da difícil 
preservação das culturas regionais em um mundo globalizado, destacando relevantes aspectos da cultura regional brasileira e sustentando 
uma posição de resistência da cultura popular à cultura de massa.
2 MÚSICA, CULTURA E IDENTIDADE NACIONAL
A Música Popular Brasileira (MPB) é reconhecida como um aglomerado heterogêneo de ritmos, temas e abordagens, oriundos da 
também plural composição da sociedade brasileira. No espaço musical, diferentes perspectivas se encontram destacando o caráter multicultural 
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CULTURA POPULAR: A IDENTIDADE 
NACIONAL NA CANÇÃO JACK SOUL BRASILEIRO1
do país e apresentando diversas leituras sobre a face de um determinado povo. Assim, segundo a apresentação do site do Dicionário Cravo 
Albin da Música Popular Brasileira2, 
[...] a importância da Música Popular Brasileira no cenário de nossa cultura é inegável. Pode-se constatar que a MPB, além de sua relevância 
como manifestação estética, tradutora de nossas múltiplas identidades culturais, apresenta-se como uma das mais poderosas formas de 
preservação da memória coletiva e como um espaço social privilegiado para as leituras e interpretações do Brasil.
Dessa forma, através do estudo de músicas produzidas no Brasil, podemos identificar aspectos da identidade brasileira e refletir sobre 
a importância dessas manifestações culturais na ressignificação das relações e na produção de novos sentidos para estas identidades.
Lenine, ao compor Jack Soul Brasileiro, não só prestou uma homenagem a um outro compositor, mas, sobretudo, trouxe à cena um 
discurso que constitui o Brasil, especialmente no que se refere à cultura popular que existe nos mais variados espaços regionais do Brasil. E 
mesmo que a globalização permita o acesso e o consumo das manifestações culturais de diferentes lugares do planeta, são as produções locais, 
com suas peculiaridades, que dizem da nossa identidade e composição.
Reforçando e disseminando a obra de artistas como Jackson do Pandeiro, Lenine e tantos outros, dentro e fora do espaço musical, 
contribuem para a formação e a reflexão sobre nossas raízes, oferecendo a quem tem acesso a produção, um longo caminho de autoconhecimento 
e aprendizado, pois, segundo Roque de Barros Laraia:
O homem é o resultado do meio cultural em que foi socializado. Ele é um herdeiro de um longo processo acumulativo, que reflete o 
conhecimento e a experiência adquiridas pelas numerosas gerações que o antecederam. A manipulação adequada e criativa desse patrimônio 
cultural permite as inovações e as invenções (LARAIA, 1986, p. 46).
É nesse sentido que o estudo das relações entre a identidade nacional e a música popular brasileira faz-se pertinente, pois há um rico 
arsenal de produções que, se analisadas, trazem à tona importantes reflexões sobre a nação.
2 O Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira faz parte da iniciativa do Instituto CulturalCravo Albin, idealizado e supervisionado por Ricardo Cravo Albin. O instituto é uma 
sociedade civil, sem fins lucrativos, cujo objetivo é promover e incentivar atividades culturais no campo da pesquisa, com sede no Rio de Janeiro.
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CULTURA POPULAR: A IDENTIDADE 
NACIONAL NA CANÇÃO JACK SOUL BRASILEIRO1
Ao escolher Jackson do Pandeiro como tema da letra de sua música, Lenine apresenta uma clara identificação com a cultura popular 
brasileira e uma visível admiração pelo hibridismo característico do compositor a quem se reportou. Dessa forma, Lenine compôs uma canção 
que, para ser entendida em sua íntegra, necessita de um conhecimento prévio acerca de Jackson do Pandeiro para que se compreendam os 
elementos implícitos propostos pelo compositor.
Dessa forma, a canção Jack Soul Brasileiro destaca uma linguagem que Patrick Charaudeau (2008) chamaria de não-transparente, 
pois, por exemplo, já no título, a canção apresenta uma brincadeira fonética que destaca algumas de intenções implícitas: a expressão Jack 
Soul Brasileiro, expõe, em conjunto, uma semelhança com a expressão “Jackson do Pandeiro”. Sabendo disso, o ouvinte pode começar a 
compreender melhor os detalhes que acompanham toda a música, inclusive a relação que Lenine quis destacar ao incluir a palavra inglesa soul 
ao seu título, que traduzido e adaptado seria Jack “Alma” Brasileira. Ainda sobre esse jogo fonético inicial, a identidade brasileira aparece pela 
relação que também pode ser feita entre o título e a expressão “já que sou brasileiro”. Ao analisar esses e outros pontos da canção por esse 
prisma, entendemos este objeto cultural como um testemunho por meio do “como se fala” e não somente a partir do “que fala” a mensagem 
(CHARAUDEAU, 2008, p. 20). 
Aquilo que Charaudeau (2008) chama de “aventura do ato de linguagem” foi muito bem empreendido por Lenine ao misturar trechos 
de músicas de Jackson do Pandeiro e elementos que constituem a nação brasileira, construindo o desafio de fazer o receptor reunir e analisar 
os detalhes para que chegue à totalidade da canção. Deste modo, ele conduz o ouvinte a um passeio pela obra do homenageado, assim como 
ressalta importantes elementos da cultura nacional.
O trecho inicial da canção destaca:
Jack Soul Brasileiro 
E que o som do pandeiro 
É certeiro e tem direção 
Já que subi nesse ringue 
E o país do swing 
É o país da contradição 
Eu canto pro rei da levada 
Na lei da embolada 
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Na língua da percussão 
A dança mugango dengo 
A ginga do mamolengo 
Charme dessa nação...
Aqui, Lenine apresenta as suas intenções de cantar sobre “o rei da levada”. O compositor destaca, dessa forma, o caráter musical e 
contraditório do Brasil e diante disso justifica sua escolha em falar daquele que, em sua opinião, contribui para o “charme dessa nação”, pois 
Jackson do Pandeiro é reconhecido como aquele que misturou diversos gêneros brasileiros como forró, samba, xaxado, coco, xote, baião e 
tantos outros ritmos que utilizavam a “língua da percussão”. Nesse sentido, Lenine já inicia reforçando uma identidade brasileira marcada 
pela pluralidade, pois “identidades adquirem sentido por meio da linguagem e dos sistemas simbólicos pelos quais elas são representadas” 
(WOODWARD, 2012, p. 8). E esse trecho destaca símbolos que o autor considera como nacionais: o pandeiro, o swing, a contradição, a 
embolada e a percussão.
Para o entendimento da passagem seguinte da música faz-se necessário, como em outros tantos momentos, um conhecimento prévio 
da obra de Jackson do Pandeiro, pois Lenine combina interrogações acerca do artista sem dar-lhe nome, apenas apresentando expressões de 
suas músicas ou de suas preferências rítmicas:
Quem foi? 
Que fez o samba embolar? 
Quem foi? 
Que fez o coco sambar? 
Quem foi? 
Que fez a ema gemer na boa? 
Quem foi? 
Que fez do coco um cocar? 
Quem foi? 
Que deixou um oco no lugar? 
Quem foi? 
Que fez do sapo 
Cantor de lagoa?...
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NACIONAL NA CANÇÃO JACK SOUL BRASILEIRO1
As menções à embolada, ao coco de roda e às músicas de Jackson intituladas Canto da Ema e Cantiga do Sapo, fazem com que 
conheçamos um pouco de quem foi e o que fez José Gomes Filho. E, nesse sentido, a canção segue sua tendência inicial de valorizar aquilo que 
Alfredo Bosi (2003) destaca sobre a cultura brasileira, como sendo resultado de múltiplas interações e oposições, onde não há homogeneidade. 
De certa forma, as interações rítmicas produzidas por Jackson do Pandeiro traduzem uma parcela dessa pluralidade nacional, tão presente na 
música e em outras manifestações culturais do país.
E depois de inserir na canção um segmento da música Cantiga do Sapo, de Jackson do Pandeiro, Lenine apresenta uma série de 
elementos os quais acredita comporem a “alma brasileira”, num discurso que traz à memória diversos detalhes daquilo que faz sentido para 
diferentes brasileiros, assumindo uma postura que ressalta que “as culturas nacionais são compostas não apenas de instituições culturais, mas 
também de símbolos e representações” (HALL, 2006, p. 50):
Jack Soul Brasileiro 
Do tempero, do batuque 
Do truque, do picadeiro 
E do pandeiro, e do repique 
Do pique do funk rock 
Do toque da platinela 
Do samba na passarela 
Dessa alma brasileira 
Despencando da ladeira 
Na zueira da banguela 
Alma brasileira 
Despencando da ladeira 
Na zueira da banguela
Refletindo sobre as colocações de Charaudeau (2008), esse fragmento expõe particularidades do Brasil e dos brasileiros que necessitam 
de um movimento de expansão do sujeito interpretante, a fim de que se estabeleçam relações e se criem hipóteses sobre as intenções do 
enunciador, no caso, o compositor Lenine. Assim, a canção aponta características que remetem à composição da cultura brasileira, fruto da 
miscigenação mencionada por autores como Renato Ortiz (1994), numa espécie de listagem de itens que inevitavelmente nos levam a pensar 
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no quanto o brasileiro é versátil, heterogêneo e alegre. Lenine fala do brasileiro “do tempero”, pois a culinária do país é fruto da reunião e dos 
hábitos de diversos povos; fala do brasileiro “do batuque”, “do pandeiro”, “do repique”, “do funk”, do “rock”, “do samba”, enfim, da mistura de 
ritmos e de instrumentos que se sobressaem quando se procura falar da identidade brasileira.
E quando encerra esse trecho, Lenine faz uma sutil menção à difundida ideia de que o brasileiro enfrenta as adversidades de modo alegre 
e otimista, pois “Despencando da ladeira / Na zueira da banguela”, vai, como propõe Gilberto Freyre (2006) “equilibrando antagonismos” e 
superando desafios. Assim, se pretende expor que mesmo “ladeira abaixo” ou passando por dificuldades, o povo do país faz “zueira” e encara 
com alegria os percalços.
Por fim, Lenine recorre a outro importante fragmento de canção cantada por Jackson do Pandeiro. Em “Chiclete com Banana”, Jackson 
posiciona-se a respeito da indústria cultural estadunidense e sua relação com as culturas populares realizadas no Brasil, apontando uma 
espécie de acordo musical. Nesse sentido, para que ele se renda às novidades tecnológicas propostas pelos Estados Unidos, seria necessária 
uma troca cultural, em que os estadunidenses também precisariam abrir espaço para a música, os ritmos e os instrumentos brasileiros:
Eu só ponho BEBOP no meu samba 
Quando o tio Sam 
Pegar no tamborim 
Quando ele pegar 
No pandeiro e no zabumba 
Quando ele entender 
Que o samba não é rumba 
Aí eu vou misturar 
Miami com Copacabana 
Chiclete eu misturo com banana 
E o meu samba, e o meu samba 
Vai ficar

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