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Fatima das Dores Wiggers Oliveira - PROVA CPC

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ 
FÁTIMA DAS DORES WIGGERS OLIVEIRA 
PROVA NO PROCESSO CIVIL 
Tijucas 
2008
FÁTIMA DAS DORES WIGGERS OLIVEIRA 
PROVA NO PROCESSO CIVIL 
 
Monografia apresentada como requisito parcial para a 
obtenção do título de Bacharel em Direito, pela 
Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências 
Sociais e Jurídicas, campus de Tijucas. 
 
Orientador: Prof. Esp. Aldo Bonatto Filho 
Tijucas 
2008 
FÁTIMA DAS DORES WIGGERS OLIVEIRA 
PROVA NO PROCESSO CIVIL 
 
Esta Monografia foi julgada adequada para obtenção do título de Bacharel em Direito e 
aprovada pelo Curso de Direito do Centro de Ciências Sociais e Jurídicas, Campus de Tijucas. 
Área de Concentração/Linha de Pesquisa:“Direito Público/Direito Processual Civil” 
Tijucas, 16 de junho de 2008. 
Esp. Aldo Bonatto Filho 
Orientador 
Prof. MSc. Marcos Alberto Carvalho de Freitas 
Responsável pelo Núcleo de Prática Jurídica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Este é o resultado da compreensão, carinho e respeito de meus pais, 
irmãos, esposo e filha. A vocês, dedico este trabalho. 
 
AGRADECIMENTOS 
A Deus, fonte suprema de todo saber. 
À minha família, pela confiança que depositaram em mim. 
Ao Professor Orientador, Aldo Bonato Filho, norte seguro na orientação deste trabalho. 
Aos Professores do Curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí, Campus de Tijucas, 
que muito contribuíram para a minha formação jurídica. 
Aos que colaboraram com suas críticas e sugestões para a realização deste trabalho. 
Aos colegas de classe, pelos momentos que passamos juntos e pelas experiências trocadas. 
A todos que, direita ou indiretamente, contribuíram para a realização desta pesquisa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O advogado é o homem que crê no Direito como melhor 
instrumento para convivência humana, que crê na Justiça como 
o destino normal do Direito, na Paz como substituto bondoso da 
Justiça, e que crê, sobretudo, na liberdade sem a qual não há 
Direito, nem Paz, nem Justiça. 
Eduardo J. Couture 
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE 
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte 
ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do Itajaí – 
UNIVALI, a Banca Examinadora e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca 
do mesmo. 
Tijucas, 16 de junho de 2008. 
Fátima das Dores Wiggers Oliveira 
Graduanda 
RESUMO 
A presente monografia visa estudar a prova no processo civil. O trabalho abordará um breve 
histórico sobre a origem da prova, seguindo-se do conceito de prova no processo, suas 
características, o objeto da prova, relatando os fatos notórios, imorais, presumidos, as provas 
ilícitas, etc. Considerando que no procedimento ordinário existe a fase da postulação, 
saneamento, seguindo-se da fase probatória e concluindo com a fase decisória, importante um 
estudo sobre os momentos da prova, bem como a valoração que cada meio de prova pode 
assumir no contexto da lide, tendo em vista que são vários os meios de provas usadas no 
processo civil, ou seja, aquelas adotadas pelo Código de Processo Civil, quais sejam: 
depoimento pessoal, confissão, exibição de documento ou coisa, prova documental, prova 
testemunhal, prova pericial, inspeção judicial. Importante também se faz estudar o papel do 
Juiz no julgamento da prova, tendo em vista que é o Magistrado que tem o poder do livre 
convencimento para dar uma solução ao litígio, não podendo este contar com fatos e dados 
que não constam no processo. A pesquisa também abrangerá uma abordagem sobre o ônus da 
prova, estudo este que é imprescindível quando o assunto refere-se às provas no processo 
civil. 
 
Palavras-chave: 
 
Prova Meios de Prova no processo Ônus da Prova 
 
RESUMEN 
La presente monografía visa estudiar la prueba en el proceso civil. El trabajo abordará un 
breve histórico sobre el origen de la prueba, siguiéndose del concepto de prueba en el 
proceso, sus características, el objeto de la prueba, relatando los hechos notorios, 
inmorales, presumidos, las pruebas ilícitas, etc. Considerando que en el procedimiento 
ordinario existe la fase de la postulación, saneamiento, siguiéndose de la fase probatoria y 
concluyendo con la fase decisiva, importante un estudio sobre los momentos de la 
prueba, así como la valoración que cada medio de prueba puede asumir en el contexto de 
la faena, con miras a que son varios los medios de pruebas usadas en el proceso civil, o 
sea, aquellas adoptadas por el Código de Proceso Civil, cuáles sean: Palabras llave: Prueba, 
medios de prueba en el proceso civil, carga de la prueba, Juez. testimonio personal, 
confesión, exhibición de documento o cosa, prueba documental, prueba testemunhal, 
prueba pericial, inspección judicial. Importante también se hace estudiar el papel del Juez 
en el juicio de la prueba, con miras a que es el Magistrado que tiene el poder del libre 
convencimiento para dar una solución al litigio, no pudiendo este contar con hechos y 
datos que no constan en el proceso. La investigación también comprenderá un breve 
estudio,, estudio este que es imprescindible cuando el asunto se refiere a las pruebas en el 
proceso civil. 
 
Palabras llave: 
 
Prrueba Médios de prueba em el proceso civil Carga de la prueba 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
Art. – Artigo 
Arts. - artigos 
n° - Número 
§ - Parágrafo 
CPC – Código de Processo Civil 
CC – Código Civil 
CDC – Código de Defesa do Consumidor 
LICC –Lei de Introdução ao Código Civil 
ed. - edição 
p. - página 
v. - volume 
ob. – obra 
incs. – incisos 
Prof. - Professor 
1° - Primeiro 
2° - Segundo 
STJ – Superior Tribunal de Justiça 
STF – Supremo Tribunal Federal 
TJ – Tribunal de Justiça 
 p.ex – por exemplo 
 
 
LISTA DE CATEGORIAS E SEUS CONCEITOS OPERACIONAIS 
Lista de categorias1 que a Autora considera estratégicas à compreensão do seu trabalho, com 
seus respectivos conceitos operacionais2. 
 
Confissão: 
 é a declaração, judicial ou extrajudicial, provocada ou espontânea, em que um dos litigantes, 
capaz e com ânimo de se obrigar, faz da verdade, integral ou parcial, doa fatos alegados pela 
parte contrária, como fundamentais da ação ou da defesa. (THEODORO JÚNIOR, 2007, 
p.485). 
 
Depoimento Pessoal: 
é o meio de prova destinado a realizar o interrogatório da parte, no curso do processo. 
(THEODORO JÚNIOR, 2007, p.481). 
 
Documento: 
(...) é “uma coisa capaz de representar um fato”. É o resultado de uma obra humana que tenha 
por objetivo a fixação ou retratação material de algum acontecimento. (...) Em sentido lato, 
documento compreende não apenas os escritos, mas toda e qualquer coisa que transmita 
diretamente um registro físico a respeito de algum fato, como os desenhos, as fotografias, as 
gravações sonoras, filmes, cinematográficos etc. Mas em sentido estrito, quando se fala da 
prova documental, cuida-se especificamente dos documentos escritos, que são aqueles em que 
 
1 Denomina-se “categoria” a palavra ou expressão estratégica à elaboração e/ou expressão de uma idéia. Cf. 
PASOLD, Cesar Luiz. Prática da pesquisa jurídica: idéias e ferramentas úteis ao pesquisador do Direito. 8. ed. 
Florianópolis: OAB Editora, 2003, p. 31. 
2 Denomina-se “Conceito Operacional” a definição ou sentindo estabelecido para uma palavra ou expressão, com 
o desejo de que tal definição seja aceita para os efeitos das idéias expostas ao longo do presente trabalho. Cf. 
PASOLD, Cesar Luiz. Prática da pesquisa jurídica: idéias e ferramentas úteis ao pesquisador do Direito, p. 43. 
o fato vem registrado através da palavra escrita, em papel ou outro material adequado. 
(THEODORO JÚNIOR, 2007, p.497). 
 
Fatos Notórios: 
são, assim, aqueles cuja existência é conhecida geralmente dos cidadãos de cultura média, no 
tempo e lugar em que a sentença é proferida(CARNELUTTI). ( LOPES, 2002, p. 33). 
 
Inspeção Judicial: 
é o meio de prova que consiste na percepção sensorial direta do juiz sobre qualidades ou 
circunstâncias corpóreas de pessoas ou coisas relacionadas com litígio. (THEODORO 
JÚNIOR, 2007, p.536). 
 
Laudo Pericial: 
é o relato das impressões captadas pelo técnico, em torno do fato litigioso, por meio dos 
conhecimentos especiais de quem o examinou. (THEODORO JÚNIOR, 2007, p.532). 
 
Ônus da Prova: 
(...) o ônus da prova vem a ser, portanto, a necessidade de provar para vencer a causa, de sorte 
que nela se pode ver uma imposição e uma sanção de ordem processual. (THEODORO 
JÚNIOR, 2007, p.472). 
 
Prova: 
A prova é todo elemento que pode levar o conhecimento de um fato a alguém. (GRECO 
FILHO, 2003, P.181). 
 
 
 
Prova no Processo: 
No processo, a prova é todo o meio destinado a convencer o juiz a respeito da verdade de uma 
situação de fato. A palavra “prova” é originária do latim probatio, que por sua vez emana do 
verbo probare, com o significado de examinar, persuadir, demonstrar. (GRECO FILHO, 
2003, P.182). 
 
Testemunha: 
é a pessoa física estranha ao processo que comparece perante o juiz para relatar fatos de que 
tem conhecimento e que interessam à solução da lide. (LOPES, 2002, p. 143). 
 
SUMÁRIO 
RESUMO............................................................................................................................ 7 
RESUMEN........................................................................................................................ 8 
LISTA DE ABREVIATURAS......................................................................................... 9 
LISTA DE CATEGORIA E SEUS CONCEITOS OPERACIONAIS....................... 10 
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................ 16 
2. ELEMENTOS DA PROVA.......................................................................................... 20 
2.1 ORIGEM DA PROVA................................................................................................ 20 
2.2 DIREITO PROCESSUAL CIVIL E O PROCESSO.................................................. 23 
2.2.1 Conceito de direito processual civil.......................................................................... 24 
2.2.2 Natureza do direito processual civil......................................................................... 24 
2.2.3 Jurisdição................................................................................................................. 24 
2.2.3.1 Conceito jurisdição............................................................................................... 24 
2.2.3.2 Função da jurisdição............................................................................................. 25 
2.2.3.3 Ação...................................................................................................................... 26 
2.2.3.4 Processo ................................................................................................................ 27 
2.2.3.5 Conceito de processo ............................................................................................ 27 
2.3 PRINCÍPIOS INFORMADORES DA PROVA NO PROCESSO CIVIL................. 28 
2.3.1 Princípio do devido processo legal.......................................................................... 28 
2.3.2 Princípio do contraditório e da ampla defesa na matéria de prova ......................... 29 
2.3.3 Princípio da livre convicção motivada .................................................................... 31 
2.4 CONCEITO DE PROVA JUDICIÁRIA.................................................................... 31 
2.4.1 Natureza jurídica da Prova ...................................................................................... 33 
2.5 FINALIDADE DAPROVA NO PROCESSO ........................................................... 34
2.5.1 Destinatário da Prova............................................................................................... 36 
2.5.2 Objeto da Prova....................................................................................................... 37 
2.5.2.1 Considerações gerais............................................................................................ 37 
2.5.2.2 Fatos relevantes e controversos.............................................................................. 39 
2.5.2.3 Fatos notórios......................................................................................................... 41 
2.5.2.4 Fatos incontroversos............................................................................................... 42 
2.5.2.5 Fatos presumidos.................................................................................................... 43 
2.6 MOMENTOS DA PROVA.......................................................................................... 44 
2.7 VALORAÇÃO DA PROVA........................................................................................ 45 
2.8 ÔNUS DA PROVA...................................................................................................... 48 
2.8.1 Conceito de ônus...................................................................................................... 48 
2.8.1.2 Distinção entre ônus, obrigação e dever. ............................................................. 48 
2.9 CONCEITO DE ÔNUS DA PROVA.......................................................................... 50 
2.9.1 Sistema legal do Ônus da Prova.............................................................................. 50 
2.9.2 Fatos positivos, fatos negativos e negativa de fatos.................................................. 57 
2.9.3 convenção das partes na distribuição do Ônus da Prova........................................... 59 
2.9.4. Inversão do Ônus da Prova e o código do consumidor........................................... . 61 
2.9.5 Momento processual da inversão do Ônus da Prova................................................ 64 
3 PROVAS EM ESPÉCIE.............................................................................................. 68 
3.1 DEPOIMENTO PESSOAL......................................................................................... 68 
3.1.1 Sujeitos..................................................................................................................... 69 
3.1.2 Procedimentos.......................................................................................................... 71 
3. 2 CONFISSÃO............................................................................................................. 74 
3.2.1 Conceito................................................................................................................... 74 
3.2.2 Requisitos da Confissão........................................................................................... 75 
3.2.3 Classificação............................................................................................................ 75
3.2.4 Efeitos da Confissão................................................................................................ 76 
3.3 DA EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO OU COISA..................................................... 78 
3.3.1 Disposições gerais.................................................................................................. 78 
3.3.2 Procedimentos......................................................................................................... 79 
3.4 DA PROVA DOCUMENTAL.................................................................................. 82 
3.4.1 Conceito de Documento......................................................................................... 82 
3.4.2 Classificação...........................................................................................................83 
3.4.3 Força probante dos documentos e autenticidade................................................... 84 
3.4.4 Da produção da Prova documental........................................................................ 87 
3.5 DA PROVA TESTEMUNHAL............................................................................... 90 
3.5.1 Conceito Prova testemunhal e Testemunha.......................................................... 90 
3.5.2 Requisitos.............................................................................................................. 90 
3.5.3 Capacidade para testemunhar................................................................................ 94 
3.5.4 Da produção da Prova testemunhal....................................................................... 95 
3.5.5 Intimação, inquirição das Testemunhas e contradita............................................. 96 
3.6. DA PROVA PERICIAL........................................................................................ 98 
3.6.1. Conceito............................................................................................................... 98 
3.6.2 Classificação......................................................................................................... 99 
3.6.3 Admissibilidade da Prova pericial..................................................................... 99 
3.6.4 Procedimento...................................................................................................... 101 
3.7 INSPEÇÃO JUDICIAL.......................................................................................... 103 
3.7.1 Conceito .............................................................................................................. 103 
3.7.2 Procedimento....................................................................................................... 104 
4 .CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 106 
REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS.......................................................................... 110 
 
1 INTRODUÇÃO 
O presente trabalho tem por objeto3 o estudo das provas no processo civil abrangendo 
inicialmente um breve histórico da Prova, os conceitos acerca de jurisdição, processo, ação, o 
Ônus da Prova, seguindo-se com os meios de prova, do Código de Processo Civil Brasileiro. 
A importância do estudo deste tema reside no fato de que, diante de um impasse 
surgido entre indivíduos, ou diante daquele que tem um direito lesado, é por meio do direito 
de ação que as partes buscam a jurisdição com o objetivo de que o Estado Juiz solucione a 
lide, porém, para se obter um julgamento justo, honesto, imprescindível o estudo das provas 
no processo, objeto deste trabalho, pois não há como julgar uma demanda judicial, sem 
provas. 
Ressalte-se que, além de ser requisito imprescindível à conclusão do curso de Direito 
na Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, o presente relatório monográfico também vem 
colaborar para o conhecimento de um tema que, apesar de não poder ser tratado como 
novidade no campo jurídico, na dimensão social-prática ainda pode ser tratado como 
elemento novo e repleto de nuances a serem destacadas pelos intérpretes jurídicos. 
Assim, é indispensável ao Magistrado, um amplo conhecimento acerca das provas, 
pois ele possui sob sua responsabilidade o poder de resolver o destino de muitas pessoas, pois 
é ele, o Juiz, quem decide por meio da sentença. 
Pelos motivos expostos considera-se a fase probatória, de grande relevância para o 
direito, e para os profissionais que atuarão com justiça ética e moral. 
A escolha do tema é fruto do interesse pessoal do pesquisador em aprofundar um 
pouco mais os estudos relacionados às provas no processo civil, assim como para instigar 
novas contribuições para estes direitos na compreensão dos fenômenos jurídicos-políticos, 
especialmente no âmbito de atuação do Direito Processual Civil. 
Em vista do parâmetro delineado, constitui-se como objetivo geral deste trabalho 
verificar os meios de prova e sua aplicabilidade dentro do processo civil. 
 
3 Nesta Introdução cumpre-se o previsto em PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa Jurídica: idéias e 
ferramentas úteis para o pesquisador do Direito, p. 170-181. 
 
 
17
 
O objetivo institucional da presente Monografia é a obtenção do Título de Bacharel 
em Direito, pela Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências Jurídicas, Políticas e 
Sociais, Campus de Tijucas. 
Como objetivo específico, pretende-se: 
a) identificar os conceitos, objetos, finalidades, características e valoração das provas 
no processo pelo juiz no processo civil; 
b) identificar o papel do juiz na produção das provas; 
c) especificar o instituto do ônus da prova; 
d) abordar os meios de prova adotados pelo Código de Processo Civil Brasileiro. 
A análise do objeto do presente estudo incidirá sobre as diretrizes teóricas propostas 
por Humberto Theodoro Júnior, na obra Curso de Direito Processual Civil, e o Código de 
Processo Civil, nos artigos referentes ao estudo da fase probatória. Este será, pois, o marco 
teórico que norteará a reflexão a ser realizada sobre o tema escolhido. Sob sua luz, pretende-
se investigar os deslocamentos percebidos pelo objeto central da pesquisa, especialmente na 
literatura jurídica contemporânea, colmatando seu significado na atualidade. 
Não é o propósito deste trabalho esgotar o tema sobre provas , tampouco mencionar e 
abordar todos os artigos relacionados à prova no Código de Processo Civil, ou seja, tratará de 
todos os tipos de prova, mas não artigo por artigo, e sim os temas que a autora considera mais 
relevante. 
Para o desenvolvimento da presente pesquisa foram formulados os seguintes 
questionamentos: 
a) Qual o objeto da prova no processo? 
b) Qual a finalidade e o destinatário das provas judiciárias? 
c) Em quais momentos apresenta-se as provas no processo? 
d) Ao manipular os meios de prova para formar seu convencimento, o juiz não pode 
agir de forma arbitrária; deve, ao contrário, observar um método ou sistema. Quantos e quais 
são os sistemas conhecidos na história do direito processual? 
e) Quais os meios de prova estabelecidos no Estatuto Processual Civil? 
Já as hipóteses consideradas foram as seguintes: 
 
 
18
 
a) Os meios legais de prova e os moralmente legítimos são empregados no processo 
"para provar a verdade dos fatos em que se funda a ação ou a defesa" (art 332). São, pois, os 
fatos litigiosos o objeto da prova. 
b) A finalidade da prova é a formação da convicção em torno dos fatos deduzidos 
pelas partes em juízo. 
c) A prova no processo apresenta-se em momentos diversos, isto é, passa por três 
momentos, que são: o momento da proposta da Prova, à admissão pelo juiz e a produção da 
Prova pelas partes. 
d) Três são os sistemas conhecidos na história do direito processual: o critério legal, o da 
livre convicção; o da persuasão racional. 
e) Os especificados pelo Estatuto Processual Civil são os seguintes: depoimento pessoal, 
confissão, exibição de documentos ou coisa, prova documental, prova testemunhal, prova 
pericial e inspeção judicial. 
O relatório final da pesquisa foi estruturado em dois capítulos, podendo-se, inclusive, 
delineá-los como duas molduras distintas, mas conexas: a primeira, abrange um breve 
histórico das provas, os conceitos de jurisdição, sua função, o conceito de processo, ação, a 
finalidade da prova no processo. Elenca-se a seguir alguns princípios informadores da prova 
no processo civil, o conceito de prova, seu objeto, a natureza jurídica e o destinatário das 
provas, seguindo-se dos momentos da prova no processo, o ônus da provas; a segunda, 
abordará as provas em espécie, isto é, os meios de prova, quais sejam, o depoimento pessoal, 
a confissão, a exibição de documentoou coisa, prova documental, prova testemunhal, prova 
pericial; e, por derradeiro, uma explanação acerca da inspeção judicial. 
Quanto à metodologia empregada, registra-se que, na fase de investigação foi utilizado 
o método dedutivo, e, o relatório dos resultados expressos na presente monografia é composto 
na base lógica dedutiva4, já que se parte de uma formulação geral do problema, buscando-se 
posições científicas que os sustentem ou neguem, para que, ao final, seja apontada a 
prevalência, ou não, das hipóteses elencadas. 
Nas diversas fases da pesquisa, foram acionadas as técnicas do referente, da categoria, 
do conceito operacional e da pesquisa bibliográfica5. 
 
4 Sobre os “Métodos” e “Técnicas” nas diversas fases da pesquisa científica, vide PASOLD, Cesar Luiz. Prática 
da Pesquisa Jurídica: idéias e ferramentas úteis para o pesquisador do Direito, p. 99-125. 
5 Quanto às “Técnicas” mencionadas, vide PASOLD, Cesar Luiz. Prática da Pesquisa Jurídica: idéias e 
ferramentas úteis para o pesquisador do Direito, p. 61-71, 31- 41, 45- 58, e 99-125, nesta ordem. 
 
 
19
 
É conveniente ressaltar, enfim, que, seguindo as diretrizes metodológicas do Curso de 
Direito da Universidade do Vale do Itajaí, as categorias fundamentais, são grafadas, sempre, 
com a letra inicial maiúscula e seus conceitos operacionais apresentados em Lista de 
Categorias e seus Conceitos Operacionais, ao início do trabalho. 
Os acordos semânticos que procuram resguardar a linha lógica do relatório da pesquisa 
e respectivas categorias, por opção metodológica, estão apresentados na Lista de Categorias e 
seus Conceitos Operacionais, conforme sugestão apresentada por Cesar Luiz Pasold, muito 
embora algumas delas tenham seus conceitos mais aprofundados no corpo da pesquisa. 
Ressalte-se que a estrutura metodológica e as técnicas aplicadas neste relatório estão 
em conformidade com as propostas apresentadas no Caderno de Ensino: formação 
continuada. Ano 2, número 4, assim como nas obras de Cezar Luiz Pasold, Prática da 
pesquisa jurídica: idéias e ferramentas úteis ao pesquisador do Direito e Valdir Francisco 
Colzani, Guia para redação do trabalho científico. 
O presente Relatório de Pesquisa encerra-se com as Considerações Finais, nas quais 
são apresentados pontos conclusivos destacados, seguidos da estimulação à continuidade dos 
estudos e das reflexões sobre as provas no processo civil. 
Com este itinerário, espera-se alcançar o intuito que ensejou a preferência por este 
estudo: a prova no processo civil e sua importância no julgamento do processo
2 ELEMENTOS DA PROVA 
 
 
 
 
2.1 ORIGEM DA PROVA 
 
A Prova judicial, sempre de alguma forma, esteve presente, com o fim que justiça 
fosse feita, mesmo que para isto muitos pagassem com suas próprias vidas. 
Segundo Paula (2003, p. 10) “... são quase nulas as notícias acerca da Prova judicial 
pertinente na época da Pré-História. Daí que os estudos sempre partem do sistema probatório 
na Idade Antiga”. 
Ensina Theodoro Júnior: 
Após a queda do Império Romano, houve, além da dominação militar e 
política dos povos germânicos, a imposição de seus costumes e de seu 
direito. Aconteceu, porém, que os germânicos, também chamados bárbaros, 
possuíam noções jurídicas muito rudimentares e, com isso, o direito 
processual sofreu enorme retrocesso na marcha ascensional encetada pela 
cultura romana. [...] Numa segunda etapa, houve enorme exacerbação do 
fanatismo religioso, levando os juízes a adotar absurdas práticas na 
administração da Justiça, como os “juízos de Deus”, os “duelos judiciais” e 
as “ordálias”. Acreditava-se, então, que a divindade participava dos 
julgamentos e revelava sua vontade por meio de métodos cabalísticos. 
(THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 14) 
“A Prova dos fatos era, então, fortemente influenciada pela religião, isto é, invocava-
se a proteção divina na busca da verdade. Entre os métodos utilizados incluíam-se as ordálias, 
o juramento e o duelo”. (JOÃO BATISTA LOPES, 2002, p. 19). 
 João Batista Lopes, comenta, ainda, que (2002, p. 19): 
As ordálias, também denominadas julgamentos ou juízos de Deus, foram 
utilizadas pelos germanos antigos e tinham por finalidade a descoberta da 
verdade mediante emprego de expedientes cruéis e até mortais, como a 
“prova pelo fogo”, a “prova das bebidas amargas”, a “prova das serpentes”, 
a prova da água fria” etc. 
Lopes cita em sua obra como ocorriam estas Provas, as quais eram um verdadeiro 
absurdo contra o ser humano, pois eles não tinham direito à defesa, e ser considerado inocente 
era praticamente impossível, como se observa da citação narrada por este mesmo doutrinador 
(2002, p. 20): 
 
 
21
 
 
 
Na “Prova de fogo” o acusado era obrigado a tocar com a língua um ferro 
quente ou carregar uma barra de ferro em brasa ou, ainda, caminhar descalço 
sobre ferros quentes. 
A “prova das bebidas amargas” consistia em obrigar a mulher acusada de 
adultério a ingerir bebidas fortes e amargas: se mantivesse a naturalidade, 
seria considerada inocente; mas culpada, se contraísse o rosto e apresentasse 
os olhos injetados de sangue. 
Na “Prova das serpentes”, o acusado era lançado no meio delas e 
considerado culpado se fosse mordido pelos répteis. 
Já na “Prova da água fria” atirava-se o acusado num reservatório de água: se 
afundasse, seria tido como culpado; se flutuasse, como inocente. 
 
 
Observa Santos (s.d. apud PAULA, 2003, 26): 
Deve-se notar que, por tradição dos povos antigos e sua vinculação e 
influência da religião, erigiram-se como meios de Provas as ordálias e o 
juramento. Justifica-se a admissão desses meios de provas ao fato de a 
religião explicar o que a razão humana não explicar o que a razão humana 
não explicava, pois o homem era impotente para descobrir a verdade por 
meio do raciocínio. Daí os Juízos de Deus. Assim, acreditava-se que Deus 
não abandonaria o inocente e ninguém se atreveria a tomar Deus como 
testemunho de uma falsidade. 
Embora os povos primitivos não conhecessem critérios técnicos, bem como não 
sabiam utilizar critérios racionais para a verificação da verdade dos fatos, faziam de forma 
rudimentar baseados na experiência, na prática, completamente fora do comum à Prova 
judiciária atual. (LOPES, 2002, p. 19). 
Paula (2003, p. 11) ressalta que na: idade antiga. “Encontra-se no Código de Hamurabi 
a existência da Prova testemunhal; o juramento de Deus como meio de obtenção de inocência 
e certeza para a decisão judicial e ainda sobre a diligência do juiz na condução caluniosa e o 
falso testemunho”. 
O juramento, por sua vez, outro meio de Prova dos mais antigos, [...] consiste em 
invocação da divindade como Testemunha da verdade, do que decorre a imposição de castigo 
ao acusado, na hipótese de mentira. (LOPES, 2002, p. 20). 
Ainda na etapa do fanatismo religioso Theodoro Júnior comenta que (2007, p.14): 
O processo era extremamente rígido (formal), e os meios de Prova eram 
restritos às hipóteses legais, nenhuma liberdade cabendo ao Juiz, que tão-
somente verificava a existência de Prova. O valor de cada Prova e a sua 
conseqüência para o pleito já vinham expressamente determinados pelo 
direito positivo. A Prova, portanto, deixara de ser o meio de convencer o 
 
 
22
 
Juiz da realidade dos fatos para transformar-se num meio rígido de fixação 
da própria sentença. O juiz apenas reconhecia sua existência. [...] Esse 
sistema processual perdurou por vários séculos, até fase bem adiantada da 
Idade Média. 
Quanto à influência religiosa na Idade Média, Santos (s.d.apud PAULA, 2001, p. 
287) reforça que: 
A influência religiosa na Idade Média, associada à recepção dos costumes 
romanos pelos bárbaros, incrementou a utilização das ordálias. Contudo, 
havia uma conotação ideológica na sua utilização, pois, a prova por meio das 
ordálias, essencialmente formalista, não visava a formação da consciência do 
juiz a respeito da verdade. Tinha porfinalidade fazer a afirmação da 
existência de Deus diante de um povo recém-cristianizado, uma vez que a 
verdade aparecia com a vontade de Deus, como expressão do justo, do certo 
e do errado. 
Superada essa fase, no século XI, com as Universidades, a feição pelo estudo do 
direito romano reapareceu e com ele apareceram os glosadores que comparavam as 
instituições bárbaras com as clássicas. Da fusão de normas e institutos do direito romano, 
germânico e canônico surgiu o direito comum e, consequentemente o processo comum, que 
vigorou desde o século XI até o século XVI, encontrando-se vestígios seus até hoje nas 
legislações processuais do Ocidente. O processo comum era escrito lento e muito complicado. 
Expandiu-se por toda a Europa e dele se extraíram os caracteres gerais que, aperfeiçoados, 
vieram a inspirar o processo moderno. (THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 14). 
Observa-se, portanto, que a história da Prova, foi evoluindo com o passar dos 
séculos, mas teve uma fase cruel na história, com um julgamento que não proporcionava ao 
réu defesa, como a prova das ordálias, o duelo, prova do fogo, juízo dos Deuses, etc. 
Sensível mudança adveio com a Revolução Francesa, que, passou a adotar princípios 
atuais como o livre convencimento do Juiz, eliminando-se os resquícios da tarifa legal das 
provas, inicialmente no processo penal, após no processo civil. (THEODORO JUNIOR, 2007, 
p.15). 
Verifica-se, assim, que a Revolução Francesa, foi o grande marco, para o início de 
uma nova fase no direito probatório, proporcionando ao Juiz utilizar seu livre convencimento 
ao julgar as lides. 
 
 
23
 
 2.2 DIREITO PROCESSUAL CIVIL E O PROCESSO 
Antes de adentrarmos no estudo sobre as “Prova no Processo Civil no rito ordinário”, 
objeto de estudo deste trabalho científico, é necessário que façamos breves considerações 
acerca de jurisdição, ação, processo e direito processual civil, pois todos estão interligados, 
sem os quais não existiria o processo e conseqüentemente, as Provas processuais. 
A vida em sociedade é totalmente inviável sem que haja normas que regulem o 
comportamento humano. Diante deste fato é que surge o Direito como conjunto de normas 
gerais e positivas, as quais regulam a vida social. No entanto, não basta apenas que o Estado 
elabore as leis, mas sim que as normas sejam cumpridas e, para isto o Estado também cria 
meios de imposição coercitiva do comando expresso na norma. (THEODORO JUNIOR, 
2007, p. 6). 
A partir do instante que em antigas eras, concluiu-se que não deviam os particulares 
fazer justiça pelas próprias mãos e que os seus conflitos deveriam ser submetidos a 
julgamento pela autoridade pública, observou-se a necessidade de regulamentar a atividade da 
administração da Justiça. (THEODORO JÚNIOR (2007, p.12). 
Ocorre que a sociedade está em constante evolução, e o direito, por sua vez, não pode 
ser estático frente a tantas mudanças, deve sim evoluir na mesma proporção para suprir as 
necessidades que vão surgindo com as transformações no convívio entre as pessoas. 
Por isto, impôs-se ao Estado a necessidade de regular os conflitos que surgem entre as 
relações e os convívios sociais, uma vez que o Estado não permite que os cidadãos busquem a 
justiça pelas próprias mãos. 
Assim, o Estado, por meio da Jurisdição, busca solucionar as lides ou os conflitos que 
emergem das relações humanas. 
E, para que o Estado possa atuar nos casos concretos, utiliza um “método próprio”, 
denominado processo, com várias denominações, civil, penal, trabalhista, etc., de acordo com 
o ramo do direito material que se busca solucionar. (THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 6). 
A multiplicação das relações sociais gerou a multiplicidade de conflitos e a 
necessidade de aumentar a proteção destes direitos através de instrumentos efetivos e eficazes. 
Deste modo, conclui-se que o processo é muito mais que um mero instrumento técnico, é, em 
verdade, um instrumento de justiça. 
Assim, observa-se que com a evolução da sociedade, com a multiplicidade das 
relações, foi necessária a intervenção do Estado com o fim de regular os conflitos que ao 
mesmo passo também aumentavam consideravelmente. 
 
 
24
 
2.2.1 Conceito de direito processual civil 
“O Direito Processual Civil é o ramo do direito que contém as regras e os princípios6 
que tratam da jurisdição civil, isto é, da aplicação aos casos concretos, para a solução dos 
conflitos de interesses pelo Estado-juiz”. (GONÇALVES, 2005, p.3/4). 
2.2.2 Natureza do direito processual civil 
“A ciência processual civil estuda as normas e princípios que tratam das relações que 
se estabelecem no processo e dos atos que nele são praticados, e não da organização e 
funcionamento do Poder Judiciário.” (GONÇALVES, 2005, p. 5). 
O direito processual civil faz parte do Direito Público, tendo em vista que 
regulamentam uma das funções do Estado, qual seja, a Jurisdição. Importante mencionar que, 
embora o conflito em litígio tenha somente caráter privado, há sempre o interesse público, que 
é a luta pela pacificação social, assim como, manter a ordem pública, buscando realizar a 
vontade concreta da lei. (THEODORO JÚNIOR, 2007, p.7). 
 
2.2.3 Jurisdição 
2.2.3.1 Conceito de jurisdição 
Nos primórdios da história humana, quando não existia o Estado organizado nem leis, 
a solução dos conflitos ocorria entre os envolvidos no litígio. Com a evolução das instituições, 
foi que o Estado, chamou para si, a responsabilidade de solucionar as lides, com a proibição 
que as partes envolvidas resolvessem de forma unilateral, ressalvada a hipótese legal de 
autotutela. (GONÇALVES, 2005, p. 44). 
Ainda, há casos em que as partes não teriam como solucionar o caso sem a 
intervenção do Estado, mesmo que não haja conflito, p.ex.: de nada adianta os envolvidos de 
 
6 Princípios: No sentido, notadamente no plural, significa as normas elementares ou os requisitos 
primordiais instituídos como base, como alicerce de alguma coisa. E, assim, princípios revelam o 
conjunto de regras ou preceitos, que se fixam para servir de norma a toda espécie de ação jurídica, 
traçando, assim, a conduta a ser tida em qualquer operação jurídica. Desse modo, exprimem sentido 
mais relevante que o da própria norma ou regra jurídica. Mostram-se a própria razão fundamental de 
ser das coisas jurídicas, convertendo-as em perfeitos axiomas. Princípios jurídicos sem dúvida, 
significam os pontos básicos, que servem de ponto de partida ou de elementos vitais do próprio 
Direito. Indicam o alicerce do Direito. (Silva, 2005, p. 1095). 
 
 
25
 
comum acordo aceitarem que o seu casamento é inválido, caso este que somente uma 
sentença judicial poderá declarar inválido este matrimônio. (WAMBIER; ALMEIDA; 
TALAMINI, 2007, p. 40). 
Assim, “a Jurisdição pode ser definida como sendo o poder-dever do Estado de aplicar 
o direito ao caso concreto submetido pelas partes, através da atividade exercida pelos seus 
órgãos investidos (juízes).” (BARROSO, 2000, p. 23). 
Já para Cintra; Grinover; Dinamarco, (2006, 145): “[...] Jurisdição é, ao mesmo 
tempo, poder, função e atividade”. 
O poder é capacidade de o Estado decidir de forma imperativa e impor as decisões por 
ele proferidas; a função significa que os órgãos do Estado possuem a incumbência de 
pacificar os conflitos entre as partes, buscando a realização de um direito justo e por meio do 
processo. A atividade, por sua vez, são os diversos atos do Juiz no processo, exercendo o 
poder e a função que lhe foi atribuída. No entanto, estas três definições de jurisdição só são 
atividades legítimas através do devido processo legal. (CINTRA; GRINOVER; 
DINAMARCO, 2006, 145). 
Pelo exposto, denota-se que o Estado chamou para si a tarefa de solucionar os 
conflitos que surgem entre dois ou mais membros de uma comunidade, buscando sempre a 
paz social, no entanto, nada impede que as partes antes de ingressarem em juízo tentemuma 
autocomposição, ou seja, um acordo, só quando isto não ocorre é que se deve socorrer à 
jurisdição para que o Juiz, investido de poderes que o Estado lhe confere, aplique a norma a 
um caso concreto. 
2.2.3.2 Função da jurisdição 
 Os órgãos, estatais ou não, sempre possuem uma função. Wambier; Almeida; 
Talamini (2007, p. 40) explicam que: “A função dos órgãos jurisdicionais (juízes e tribunais) 
é essencialmente aplicar a lei, na condição de terceiro estranho, alheio, ao caso concreto.” 
Cintra; Grinover; Dinamarco, (2006, 147) lecionam que: “[...] o escopo jurídico da 
jurisdição é a atuação (cumprimento, realização) das normas de direito substancial (direito 
objetivo)”. 
Para Barroso (2000, p. 23) a atividade jurisdicional do Estado vai além da aplicação da 
lei, vejamos: “a) a composição de litígios, através da aplicação e especialização das normas 
gerais de conduta (direito) ao caso concreto escopo jurídico; b) a pacificação social (escopo 
social); c) a realização da justiça (escopo político)”. 
 
 
26
 
Neste contexto, conclui-se que a jurisdição é uma das funções do Estado, e sua 
atuação não se limita somente a aplicação da lei, e sim, principalmente, a justiça e a paz 
social. 
2.2.3.3 Ação 
A Constituição Federal de 1988 consagrou em seu art. 5°, XXXV, que “a lei não 
excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ao ameaça a direito”. 
Com base no princípio elencado neste artigo da Constituição Federal de 1988 está 
claro o direito de todos que estão diante de vê-los lesados ou ameaçados, ir até o Poder 
Judiciário, representado pelo Estado-Juiz, para que este preste a tutela jurisdicional, que é a 
ação, conforme preceitua Barroso (2000, p. 27): 
Uma vez instituído o monopólio estatal da jurisdição, o poder do Estado fez 
surgir o dever de solucionar as lides. E todo dever tem como reflexo o 
surgimento de um direito subjetivo por parte daqueles que podem exigir a 
sua observância. Esse direito de exigir do Estado a solução dos conflitos de 
interesses pode ser definido como um direito de exercício e à obtenção da 
tutela jurisdicional, que vem a ser justamente a ação. 
No entanto, não é o Estado representado pela jurisdição que vai em busca de quem tem 
seus direitos ameaçados e violados, mas sim o cidadão é que deve ir até ele, e segundo 
Wambier; Almeida; Talamini (2007, p. 125) “Essa provocação se faz por meio do exercício 
do direito de ação”. 
Cintra; Grinover; Dinamarco (2006, p. 265) definem ação como: “é o direito ao 
exercício da atividade jurisdicional (ou o poder de exigir esse exercício). Mediante o exercício 
da ação provoca-se a jurisdição, que por sua vez se exerce através daquele complexo de atos 
que é o processo”. 
Para Silva, (2005, p. 13) ação é “o direito que têm as pessoas (físicas ou jurídicas) de 
demandar ou pleitear em juízo, perante os tribunais, o que lhes pertence ou o que lhes é 
devido”. 
Wambier; Almeida; Talamini (2007, p.125) explicam que “Podemos conceituar o 
direito de ação como o direito público, subjetivo e abstrato, de natureza constitucional, 
regulado pelo Código de Processo Civil, de pedir ao Estado-juiz o exercício da atividade 
jurisdicional no sentido de solucionar determinada lide”. 
Explicam, Cintra, Grinover; Dinamarco (2006, p. 271-272) que: 
 
 
27
 
Trata-se de direito ao provimento jurisdicional, qualquer que seja a natureza 
deste – favorável ou desfavorável, justo ou injusto – e, portanto, direito de 
natureza abstrata. É, ainda, um direito autônomo (que independe da 
existência do direito subjetivo material) e instrumental, porque sua 
finalidade é dar solução a uma pretensão de direito material. 
Cintra; Grinover; Dinamarco, (2006, p. 271), abordam, ainda, que a ação é 
caracterizada por uma situação jurídica do autor frente ao Estado, seja ela um direito (público 
subjetivo) ou um poder, desfrutando de garantia constitucional: 
Caracteriza-se a ação, pois, como uma situação jurídica de que desfruta o 
autor perante o Estado, seja ela um direito (direito público subjetivo) ou um 
poder. Entre os direitos públicos subjetivos, caracteriza-se mais 
especificamente como direito cívico, por ter como objeto uma prestação 
positiva por parte do Estado (obrigação de dare, face-re, praestare): a 
facultas agendi do indivíduo é substituída pela facultas exigendi.[...] Sendo 
um direito (ou poder) de natureza pública, que tem por conteúdo o exercício 
da jurisdição (existindo, portanto, antes do processo), a ação tem inegável 
natureza constitucional (Const., art. 5°, inc. XXXV). 
A garantia constitucional da ação tem como propósito o direito ao processo, que 
assegura às partes o direito ao contraditório, o direito de estimular o convencimento do Juiz, 
por meio do devido processo legal e não somente uma resposta do Estado. (Cintra; Grinover; 
Dinamarco, 2006, p. 271). 
Dos conceitos expostos extrai-se que ação é o direito que as pessoas, sejam físicas ou 
jurídicas, possuem de solicitar ao Estado Juiz, uma solução perante um conflito, em que uma 
das partes encontra-se diante de um direito lesado ou ameaçado. Direito este, previsto no art. 
5°, inciso XXXV da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 
2.2.3.4 Processo 
O direito de ação é exercido por meio de instrumento o qual denomina-se processo, 
passamos a seguir ao sua conceituação, vejamos: 
2.2.3.5 Conceito Processo 
É o instrumento da Jurisdição. Para que o Estado, por seus juízes, possa aplicar a lei 
ao caso concreto, é preciso que se realize uma seqüência de atos, que estabelecerão relações 
 
 
28
 
jurídicas destinadas a um fim determinado, qual seja, a prestação jurisdicional. 
(GONÇALVES, 2005, p.100) 
O processo, portanto, é o instrumento pelo qual se busca a solução de litígios. O nosso 
direito positivo não aceita a parte que sente seus direitos lesados, faça justiça com as próprias 
mãos. Assim, o Estado, uma vez que chamou para si a função de resolver estes conflitos, faz-
se necessário o regramento legal do processo, adotando ritos procedimentais compostos por 
atos processuais lógicos e coordenados, a partir do momento que a parte aciona o Judiciário, 
tendo em vista que este é inerte. 
Antes de adentrar-se no estudo da Prova propriamente dita é importante fazer uma 
breve exposição sobre alguns princípios que regem a Prova no processo civil, pois aqueles são 
os alicerces de todo o ordenamento jurídico, por meio dos princípios é que se norteiam as 
demais normas do direito, vejamos: 
2.3 PRINCÍPIOS INFORMADORES DA PROVA NO PROCESSO CIVIL 
Os princípios desempenham papel de grande relevância no ordenamento jurídico, 
conforme preceitua Montenegro Filho (2005, p. 473): 
Partindo da premissa de que os princípios apresentam-se como vigas do 
ordenamento jurídico, em torno das quais e sobre as quais são edificadas 
todas as normas legais, necessário que se dê especial destaque aos principais 
princípios – constitucionais e processuais – aplicáveis à prova em específico, 
conferindo-se a eles o status de premissas, gerando todas as conclusões daí 
advindas. 
Elenca-se aqui alguns princípios, fundamentais ao estudo da Prova no processo civil, 
vejamos: 
2.3.1 Princípio do devido processo legal 
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, no art. 5°, LIV, determina 
que “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. 
Para Theodoro Júnior (2007, p. 28/29): 
Faz-se modernamente uma assimilação da idéia de devido processo legal à 
de processo justo. [...] A exemplo da Constituição italiana, também a Carta 
brasileira foi emendada para explicar que a garantia do devido processo legal 
(processo justo) deve assegurar “a razoável duração do processo” e os meios 
 
 
29
 
que proporcionem “ a celeridade de sua tramitação” (CF, art. 5°, novo inciso 
LXXVIII, acrescentado pela Emenda Constitucional n° 45, de 08.12.2004). 
Verifica-se, assim, que a todo o cidadão, além do direito ao devidoprocesso legal, 
também lhe garante a Constituição Federal que este processo tramite num espaço de tempo 
tal, que ao ser prolatada a sentença, esta realmente alcance os objetivos pretendidos desde o 
início, ou seja, que os trâmites do processo não perdurem por anos e anos, ao ponto de que na 
fase de cumprimento da sentença já tenha perdido sua eficácia. 
Assim, de nada adianta ter direito ao processo, se este não for eficaz, célere e justo. 
2.3.2 Princípio do contraditório e da ampla defesa na matéria de Prova 
Esse princípio está previsto no artigo 5°, inc. LV, da Constituição Federal de 1988, 
como garantia fundamental, proporcionando às partes a oportunidade de defender-se das 
alegações que lhes são impostas em juízo. 
 Gonçalves (2005, p. 30) salienta que “é preciso dar ciência ao réu da existência do 
processo, e às partes, dos atos que neles são praticados, permitindo-lhes reagir àqueles que 
lhes sejam desfavoráveis. As partes têm o direito de ser ouvidas e de expor ao julgador os 
argumentos que pretendem verem acolhidos”. 
Nesse mesmo sentido, ensina Theodoro Júnior (2007, p.30): 
O processo considera sob o prisma da igualdade ambas as partes da lide. [...] 
Mas o principal consectário do tratamento igualitário das partes se realiza 
através do contraditório, que consiste na necessidade de ouvir a pessoa 
perante a qual será proferida a decisão, garantindo-lhe o pleno direito de 
defesa e de pronunciamento durante todo o curso do processo. 
No momento da produção da Prova, a observância deste princípio, é de grande 
relevância, pois uma vez cerceado, pode trazer prejuízos irreparáveis à parte, conduzindo à 
nulidade do Processo. 
Montenegro Filho cita que é na fase processual da colheita da Prova que mais ocorre a 
argumentação de cerceamento do direito de defesa, por não ter o juiz admitido fosse 
produzida determinada Prova previamente protestada pela parte interessada. Entendemos que, 
tendo a parte reclamado pela produção de prova relevante (propositura da prova), 
verdadeiramente necessária para o julgamento do processo, não sendo essa admitida pelo 
magistrado na ocasião do despacho saneador noticiando que não permitirá a sua produção, 
 
 
30
 
configurada está, em tese, dando margem à interposição do recurso. (MONTENEGRO 
FILHO, 2005, p. 473) 
Pelo princípio do contraditório deve-se oportunizar a parte não somente de defender-
se sobre as alegações da parte adversa, como também de fazer prova em sentido contrário. 
Neste contexto, ocorre o caráter absoluto do contraditório, quando é assegurado às partes, que 
nenhum processo tramite sem que sejam observadas as regras da isonomia no exercício das 
faculdades processuais. (THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 31). 
No entanto, o princípio do contraditório, às vezes, em caráter de urgência é quebrado 
por um certo período, com o fim de assegurar direitos, quando se ingressa em juízo com as 
medidas cautelares ou a tutela antecipada, conforme comenta Theodoro Júnior (2007, p. 31) 
O devido processo legal, síntese geral da principiologia da tutela 
jurisdicional, exige que o contraditório, às vezes, tenha de ceder 
momentaneamente a medidas indispensáveis à eficácia e efetividade da 
garantia de acesso ao processo justo. Assim, no caso de medidas liminares 
(cautelares ou antecipatórias), a providência judicial é deferida a uma das 
partes antes da defesa da outra. Isto se admite porque, sem essa atuação 
imediata da proteção do interesse da parte, a eficácia do processo se anularia 
e a garantia máxima de acesso à tutela da justiça restaria frustrada. As 
liminares, todavia, não podem ser utilizadas senão em casos excepcionais, de 
verdadeira urgência, e não podem se transformar numa completa e definitiva 
eliminação da garantia do contraditório e da ampla defesa. 
Pode ocorrer, também, o caso de descumprimento a este princípio, por parte do juiz no 
momento da produção da Prova, por exemplo, ainda que, tenha admitido a Prova, em decisão 
anterior à audiência, nega as perguntas que a parte interessada pretendia fazer à Testemunha, 
vendando, assim, deste extrair informações da Testemunha que seriam extremamente 
importantes ao esclarecimento dos fatos controvertidos. (MONTENEGRO FILHO, 2005, p. 475). 
Neste contexto, Santos explana que tendo em vista este princípio ser de índole 
constitucional (art. 5°, LV, da Constituição Federal de1988), não admite nenhuma exceção. 
Mesmo que se esteja diante de casos em que a lei permita que o juiz não ouça a parte 
contrária, nos casos de urgência, em processos cautelares, pois, mesmos nestes casos, uma vez 
deferida a medida cautelar, em seguida é oferecida oportunidade ao réu para apresentar sua 
defesa. (SANTOS, 2008, p. 75). 
Neste diapasão, deve o juiz agir com muita cautela e imparcialidade, para que não haja 
cerceamento de defesa, e não prive as partes de fazerem uso deste princípio tão necessário e 
importante para o esclarecimento da verdade. 
 
 
31
 
2.3.3 Princípio da livre convicção motivada 
De acordo com o artigo 131 do CPC: “O Juiz apreciará livremente a Prova, atendendo 
aos fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes; mas 
deverá indicar, na sentença, os motivos que lhe formaram o convencimento”. 
Para Theodoro Júnior (2007, p. 33): “Não quer dizer que o Juiz possa ser arbitrário, 
pois a finalidade do processo é a justa composição do litígio e esta só pode ser alcançada 
quando se baseie na verdade real ou material, e não na presumida por prévios padrões de 
avaliação dos elementos probatórios”. 
De acordo com Gonçalves (2005, p. 40): “O juiz deve ler os autos, analisar os 
elementos colhidos e formar livremente o seu convencimento. Porém, este deve fundamentar-
se naquilo que esteja nos autos e ser exposto na sentença”. 
No mesmo sentido Marcato, et al (2005, p. 401): “Adotou o CPC, no que se refere à 
avaliação da Prova, o princípio da livre convicção motivada ou persuasão racional. Embora 
tenha o juiz plena liberdade para aceitar ou não o resultado da Prova, que não tem valor pré-
fixado, necessário que a decisão a respeito seja acompanhada de fundamentação”. 
“A liberdade de convencimento não equivale a convencimento arbitrário. A convicção 
[...], que deverá ser motivada, terá que se assentar na Prova dos fatos constantes dos autos [...] 
e não poderá desprezar as regras legais, porventura existentes, e as máximas de experiência”. 
(SANTOS, 2008, p. 78). 
Com a análise deste princípio, observa-se que o juiz tem a faculdade de apreciar as 
Provas livremente, e por meio delas formar o seu livre convencimento, no entanto, deve 
sempre fundamentar suas decisões. 
 Após, feitas essas considerações acerca dos princípios, adentra-se no estudo da Prova. 
 
2.4 CONCEITO DE PROVA JUDICIÁRIA 
Para que exista um processo é necessário que haja, em regra o descumprimento de 
uma norma jurídica, mas para que este processo seja julgado, o Juiz necessita ter 
conhecimento dos fatos ali apresentados, portanto, é por meio das provas que o Magistrado 
encontrará embasamento fático para decidir a causa. 
 
 
32
 
Nesse contexto, Wambier; Almeida; Talamini conceituam Prova da seguinte forma 
(2007, p. 407): 
Prova, portanto, é o modo pelo qual o magistrado forma convencimento 
sobre as alegações de fatos que embasam a pretensão das partes. É instituto 
tipicamente processual, pois sua produção ocorre dentro do processo e é 
regulado pelas normas processuais. [...] Assim, conceitua-se prova como o 
instrumento processual adequado a permitir que o Juiz forme convencimento 
sobre os fatos que envolvem a relação jurídica objeto da atuação 
jurisdicional. 
Santos (2008, p. 342) reforça que: “Na Prova judiciária, os meios precisam ser 
juridicamente idôneos. Por outras palavras, a Prova dos fatos, em juízo, faz-se por meios pelo 
direito considerados idôneos para fixá-los no processo”. 
A Constituição Federal de 1988, no art. 5°, inc. LVI reza: “são inadmissíveisno 
processo, as Provas obtidas por meio ilícitos”. 
O art. 332 do CPC, também explicita: “Todos os meios legais, bem como os 
moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, são hábeis para provar a 
verdade dos fatos em que se funda a ação ou a defesa”. 
Acerca dos meios idôneos Negrão; Gouvêa (2007, p.473), ressaltam que: “A gravação 
de conversa telefônica, por um dos interlocutores, não é ilícita, porque se distingue da 
interceptação telefônica (Bol. AASP 1.743/157, RJTJERGS 139/117, Ajuris 76/644, 
76/652)”. 
As interceptações telefônicas, no entanto, só são meios de prova prevista na esfera 
penal, conforme preceitua a Constituição Federal, art. 5°, XII7, e Lei n° 9.296/968. (SANTOS, 
2008, p.346). 
Assim, denota-se que o conceito de prova são os meios considerados idôneos 
destinados a convencer o Juiz da ocorrência de fatos que envolvem as partes numa demanda 
judicial. 
Pode-se, ainda, conceituar a Prova no processo sobre dois aspectos, um objetivo e 
outro subjetivo, o critério objetivo é o instrumento ou meio hábil para comprovar a existência 
de um fato (ex. os documentos, testemunhas, perícia etc.); sob o ponto de vista subjetivo, é a 
certeza, quanto ao fato, tendo em vista pelo que restou provado. Deduzindo-se que a Prova, 
 
7Art. 5°, XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das 
comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei 
estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. 
 
8 Lei 9.296/96: Regulamenta o inciso XII, parte final, do art. 5° da Constituição Federal. 
 
 
33
 
neste aspecto é formada pela convicção formada no espírito do julgador em virtude do que 
ficou evidenciado. (THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 466). 
Na mesma linha, Didier Júnior; Braga; Oliveira (2007, p. 20) lecionam que: 
Quando se utiliza o vocábulo para designar a atividade probatória ou os 
meios com que ela se desenvolve, diz-se que se está falando de prova num 
sentido objetivo. Quando ele é utilizado para designar a convicção que as 
Provas produzidas no processo geram no íntimo do julgador, isto é, o 
resultado que a atividade e os meios probatórios induzem no espírito do Juiz, 
diz-se que se está usando aí o termo Prova num sentido subjetivo. 
Com base nos conceitos acima, observa-se que diante dos fatos apresentados pelas 
partes, que ingressam em juízo, tanto quem alega, quanto àquele que contesta, é por meio das 
Provas trazidas aos autos, que o Magistrado formará o seu convencimento, proferindo uma 
sentença. 
Theodoro Júnior (2007, p. 467), ainda, classifica quanto à Prova dos fatos em direta ou 
indireta: “Direta é a que demonstra a existência do próprio fato narrado nos autos. Indireta, a 
que evidencia um outro fato, do qual, por raciocínio lógico se chega a uma conclusão a 
respeito dos fatos dos autos. É o que se denomina também Prova indiciária ou por presunção”. 
2.4.1 Natureza jurídica da Prova 
Não é unânime entre os doutrinadores a natureza jurídica da Prova. Há oposição entre 
correntes que lhes atribuem natureza material e processual. Atualmente, em nosso 
ordenamento jurídico, quase toda a disciplina da prova é feita no CPC, o que demonstra o 
acolhimento da tendência mais moderna de considerar as normas sobre prova de cunho 
processual. (GONÇALVES, 2008, p. 427). 
Comentam Marcato, et al, (2005, p. 1033) a esse respeito que: 
Dado ser a Prova, como dito, tema de interesse tanto do direito substancial 
quanto processual, põe-se a difícil tarefa de delimitar qual, exatamente, o 
campo de regramento próprio de cada um deles. Sobre a matéria não há 
consenso na doutrina. [...] Sendo o processo, por seu turno, atividade 
meramente instrumental, voltada à afirmação e implementação da vontade 
do direito material, ao direito processual cabe disciplinar, sobretudo os 
aspectos que digam respeito diretamente à própria atividade judicial, vale 
dizer, à produção da prova em juízo, respeitando no mais os critérios de 
prova já fixados pelo direito substancial. Estabelecida essa separação inicial, 
percebe-se que o direito material, em sua esfera própria, busca por vezes 
estabelecer determinada forma como necessária à constituição válida de 
certos atos jurídicos. 
 
 
34
 
Na mesma linha leciona Lopes (2002, p. 3): 
É polêmica a questão da natureza das leis relativas à Prova. Em nosso 
sistema jurídico, a prova é disciplinada tanto por leis de direito material 
quanto por leis de direito processual. O direito material ocupa-se 
precipuamente com a essência das Provas, indicando seu valor, sua 
admissibilidade, suas conseqüências etc. Já o direito processual procura 
disciplinar a forma de colheita das Provas, o momento e o lugar de sua 
produção, as regras sobre o ônus da Prova, os poderes do Juiz na produção 
da Prova etc. 
O doutrinador Arruda Alvim não concorda que a Prova pertença somente ao campo do 
Direito Material, pois se assim fosse seu único objetivo seria o convencimento da parte 
adversa e não do Magistrado, que é na verdade o destinatário da Prova. A grande maioria da 
matéria probatória pertence ao Direito Processual Civil, que as regula, com exceção das 
provas legais que alude o art. 3669, que se atribui às leis de Direito Material. (Alvim, 2005, p. 
378). 
2.5 FINALIDADE DA PROVA NO PROCESSO 
É por meio do processo, que o Estado Juiz, procura solucionar os conflitos, mas para 
isto, é fundamental saber qual das partes está com a razão, ou seja, quem realmente deve ser 
vencedora na pretensão discutida, e é por intermédio de “Provas”, que o Juiz vai encontrar 
subsídios, para dizer ao final, quem é o vencedor do direito postulado. 
Para Theodoro Júnior, o Juiz busca uma solução aos conflitos, por meio da verdade 
real, que consta no processo, (2007, p.468): 
O processo moderno procura solucionar os litígios à luz da verdade real e é, 
na Prova dos autos, que o Juiz busca localizar essa verdade. Como, todavia, 
o processo não pode deixar de prestar a tutela jurisdicional, isto é, não pode 
deixar de dar solução jurídica à lide, muitas vezes esta solução, na prática, 
não corresponde à verdade real. [...] Assim, se a parte não cuida de usar das 
faculdades processuais e a verdade real não transparece no processo, culpa 
não cabe ao juiz de não ter feito a justiça pura, que, sem dúvida, é a 
aspiração das partes e do próprio Estado. 
No mesmo sentido a jurisprudência do Estado de Santa Catarina, confirma a busca 
pela verdade real, conforme abaixo se analisa: 
 
9 Art. 366. Quando a lei exigir, como da substância do ato, o instrumento público, nenhuma outra 
prova, por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta. 
 
 
35
 
SANTA CATARINA – TJ - APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE BUSCA E 
APREENSÃO - ALEGAÇÃO DE FALSIDADE DAS ASSINATURAS 
DOS CONTRATOS NA CONTESTAÇÃO - SENTENÇA PROFERIDA 
COM BASE EM COMPARAÇÃO A OLHO NU - INVALIDADE - 
NECESSÁRIA PRODUÇÃO DE PERÍCIA GRAFOTÉCNICA - 
INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 389, II, 392, DO CPC - BUSCA DA 
VERDADE REAL - CERCEAMENTO DE DEFESA CONFIGURADO - 
NULIDADE DA SENTENÇA - RECURSO PROVIDO. Uma vez alegada, 
pelo devedor, a falsidade da assinatura constante em documento, cabe à parte 
adversa, que produziu o documento, o ônus de provar sua veracidade, em 
decorrência da aplicação do disposto no art. 389, II, do Código de Processo 
Civil. - Recebida pelo Magistrado singular a alegação de falsidade da 
assinatura, e intimada a parte que produziu o documento, o exame pericial 
deve ser produzido, a fim de se privilegiar a busca da verdade real e em 
consonância com o art. 392, do Código de Processo Civil. No caso do 
Togado não determinar a produção da perícia e proferir de plano sentença 
que analisa a questão, declarando que a assinatura pertence a pessoa que se 
refere o documento, inviável torna-se a mesma, devendo serdecretada sua 
nulidade. (Acórdão: n° 2002.010472-3, Relator: Sérgio Roberto Baasch Luz 
Data da Decisão: 31/03/2005). Acesso em 10/05/2007 (grifo nosso). 
Observa-se, portanto, que compete às partes produzir Prova, oferecendo condições ao 
Juiz de prolatar uma sentença justa, vez que este não poderá julgar além do que restou 
demonstrado nos autos. 
Neste contexto, para segurança das partes envolvidas, só é lícito julgar segundo o que 
foi alegado e provado no processo. O que não está nos autos, para o juiz, não existe. Portanto, 
o direito processual satisfaz-se com a verdade processual, ou seja, a realidade que se encontra 
no processo. (THEODORO JÚNIOR, 2007, p. 468). 
Sua finalidade, portanto, é a formar a convicção quanto à existência dos fatos 
envolvidos no litígio. A Prova, visa em primeiro lugar, investigar se os fatos alegados são 
certos, isto é, ter a certeza que eles, os fatos, existem. Deste modo, se forma a convicção a 
partir da certeza inabalável, pela exclusão de todos os motivos divergentes. (SANTOS, 2008, 
p.342). 
Diante do exposto, pode-se concluir que a Prova é destinada ao convencimento do 
juiz, é com base nelas que o juiz vai proferir sua decisão. 
Nesta linha de pensamento Wambier; Almeida; Talamini (2007, p. 409) lecionam que: 
O destinatário da Prova é, sempre, o juiz. A Prova não se destina ao seu 
autor nem à parte adversa, e uma vez produzida passa a integrar o processo, 
pouco importando quem teve a iniciativa de requerer sua produção. Sendo a 
Prova o modo pelo qual o juiz passa a ter conhecimento dos fatos que 
envolvem a relação jurídica posta à apreciação da jurisdição, é de todo 
evidente que o interresse em provar está intimamente ligado ao interesse de 
 
 
36
 
dirigir ao juiz a Prova, pois é a este que cabe dizer a solução adequada, a 
partir do convencimento que tiver dos fatos. 
No mesmo sentido, Barroso (2000, p. 158/159), também entende que a Prova tem 
como destinatário o Juiz e visa convencê-lo: 
Toda a Prova produzida nos autos tem como destinatário o juiz da causa e 
como finalidade a formação de seu convencimento. A ampla defesa visa 
justamente assegurar a utilização pelas partes de todos os meios legais à 
obtenção de uma sentença favorável, passando rigorosamente pela produção 
das Provas necessárias à consecução desse fim. Essa qualidade de 
destinatário exige do juiz a análise da pertinência, relevância e necessidade 
da prova a ser realizada, impondo, por outro lado, que o julgamento seja 
proferido apenas com base naquelas produzidas nos autos, vedada a decisão 
pelo conhecimento próprio do julgador dos fatos em litígio (o que não está 
nos autos não está no mundo). 
Conclui-se, que a finalidade da Prova no Processo, é o convencimento do Juiz, 
devendo o magistrado julgar de acordo com o que está demonstrado no processo, por isso a 
importância da Prova, visando demonstrar o direito postulado. 
 
2.5.1 Destinatário da Prova 
A Prova tem por finalidade convencer o juiz, assim o seu principal destinatário é ele, o 
Juiz, pois o Magistrado é quem precisa saber a verdade dos fatos, para que possa proferir uma 
decisão. (DIDIER JR., BRAGA, OLIVEIRA, 2007, p. 29). 
Portanto, o destinatário da Prova é, sempre, o juiz. A Prova não se destina ao seu autor 
nem à parte contrária, e uma vez produzida passa a integrar o processo. Sendo a Prova o 
modo pelo qual o juiz passa a ter conhecimento dos fatos que envolvem a relação jurídica 
posta à apreciação da jurisdição, é manifesto que o interesse em provar está totalmente ligado 
ao interesse de dirigir ao Juiz a Prova, pois é a este que cabe solucionar a questão jurídica 
mais adequada, a partir do convencimento que tiver dos fatos. (WAMBIER; ALMEIDA; 
TALAMINI, 2007, p. 409) 
Contudo, o entendimento não é unânime, Barroso (2000, p. 157) entende que: 
É importante ao Juiz singular ter em mente não ser ele o único destinatário 
da Prova, ante a probabilidade efetiva de sua decisão ser recorrida pelas 
partes, surgindo sempre a necessidade de não se indeferir Prova 
possivelmente relevante a outro agente que receberá o processo em grau de 
recurso, sob pena de cerceamento de defesa. ( 
 
 
37
 
Para Santos (2008, p.342): “O juiz é o destinatário principal e direto: na convicção, 
que formar, assentará a sentença. Destinatários, embora indiretos, também são as partes, que 
igualmente precisam ficar convencidas, a fim de acolherem como justa a decisão”. 
Denota-se, portanto, que via de regra o destinatário da prova é o juiz, pois a ele 
compete a tarefa de julgar, tendo as partes interesse de convencê-lo com todos os meios de 
Provas lícitas possíveis no processo. 
2.5.2 Objeto da Prova 
2.5.2.1 Considerações gerais 
A finalidade da Prova é convencer o juiz quanto à existência ou não dos fatos em 
litígio. Estes fatos, portanto, constituem o seu objeto. (SANTOS, 2008, p. 347) 
“Nem tudo o que se discute no processo precisa ser comprovado. O objeto da Prova 
são exclusivamente os fatos. O direito não se prova, porque deve ser do conhecimento do 
Juiz”. (GONÇALVES, 2005, p. 420). 
Em concordância, Marques (2003, p. 186) aborda que: “Objeto da Prova, ou thema 
probandum10, refere-se aos fatos que devem ser demonstrados no processo para o Juiz formar 
sua convicção”. 
Noutro sentido é o entendimento de Marinoni; Arenhart (2005, p. 262), os quais 
fundamentam que a definição do objeto da Prova “não se destina a provar fatos, mas sim 
afirmações de fato. É, com efeito, a alegação, e não o fato, que pode corresponder ou não à 
realidade daquilo que se passou fora do processo.” 
Já para Theodoro Júnior (2007, p. 467): “Os meios legais de Prova e os moralmente 
legítimos são empregados no processo “para provar a verdade dos fatos em que se funda a 
ação ou a defesa” (art. 332). São, pois, os fatos litigiosos o objeto da Prova”. 
Complementando, Montenegro Filho (2005, p. 461) explana que: 
O objeto da Prova é o fato, e não o direito debatido no processo, visto que, 
nesse último particular, anotamos a aplicação dos aforismas jura novit cúria 
e da mihi factum, dabo tibi jus (daí-me o fato que eu te darei o direito), 
exigindo a lei que o magistrado conheça do direito vigente na área territorial 
em que exerce sua jurisdição, carreando às partes, apenas, o ônus de se 
 
10 Thema probandum: tema a se provar. (http://www.mundodosfilosofos.com.br/latim.htm#T. Acesso 
em 08/04/2008). 
 
 
38
 
desincumbir da Prova da certeza da existência e da veracidade dos fatos que 
alegam em juízo. 
Quanto à matéria de direito, é pacífico que não há necessidade de Provas, no entanto, 
conforme o art. 337 do CPC, Theodoro Júnior (2007, p. 467) leciona que: “O direito 
ordinariamente não se Prova, pois jura novit cúria11. Mas, quando a parte alegar direito 
municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário, poderá o juiz exigir-lhe a respectiva 
Prova (art. 337)”. 
Ainda, no que diz respeito à matéria de direito não requerer Provas, Montenegro Filho 
enfatiza, que essa regra não é absoluta, pois de acordo com o art. 337 do CPC, quem alegar a 
incidência de direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário, é que deve provar o 
conteúdo e a vigência, se assim o Juiz fixar. Uma vez que o art. 337 do CPC pondera a 
possibilidade de que tendo em vista que o texto da lei possa ser de difícil acesso, uma vez que 
pode não ser de uso cotidiano do Magistrado. (Montenegro Filho, 2005, p. 461). 
No mesmo diapasão, Santos (2008, p. 354/355) ensina que as questões de direito em 
certos casos também necessitam de prova: 
O princípio de que as regras de direito independem de Prova, entretanto, não 
é absoluto. O que se presume conhecido de todos, não podendo as partes 
alegar ignorá-la ou o juiz deixar de aplicá-la sob pretexto de que a 
desconhece, é a lei, no sentido de direito comum. Isenta-se de Prova o direito 
comum, por ser conhecido do juiz [...]. Seria mesmo contrário à razãopresumirem-se do conhecimento do juiz brasileiro todas as leis estrangeiras, 
todos os costumes, dos mais variados e longínquos países, todas as leis e 
atos, posturas e regulamentos de todos os Estados e municípios brasileiros. 
Daí, àquela regra, de que o direito não carece de Prova, se oferecer a exceção 
preceituada no art. 337 do Código de Processo Civil: “A parte, que alegar 
direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário, provar-lhe-á o 
teor e a vigência, se assim o determinar o juiz”. 
Marinoni; Arenhart (2005, p. 263) ressalta que: “[...] muito embora o artigo fale em 
Prova da alegação do direito, tentando fazer acreditar que se está provando alegação de fato, a 
verdade é que direito não se alega; direito invoca-se, supondo-se, em virtude do princípio 
“iura novit cúria”, que o Juiz o conheça”. 
Santos ressalta ainda, que ninguém possa escusar-se de cumprir a lei sob a alegação 
que a desconhece. Assim, não sendo lícito às partes alegarem desconhecimento da lei, ao juiz 
também não é permitido que deixe de proferir sua decisão ou despachar nos autos, sob 
nenhum pretexto, como conseqüência a lei não precisa ser provada. E, tendo em vista que a lei 
 
11 Jura Novit Curia,: o Juiz Conhece o Direito. Disponível em: 
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=7352. Acesso em 08/04/2008. 
 
 
39
 
é a fonte principal, imediata e direta do direito, generaliza-se como aceito, de que as regras de 
direito não dependem de prova, e principalmente porque o juiz conhece o direito. (SANTOS, 
2008, p. 354). 
Lopes destaca que as alegações do autor na petição inicial e a defesa do réu, 
manifestada na contestação, podem estar baseadas em fatos e em normas jurídicas ou somente 
em fatos, ou, somente em normas de direito. (LOPES, 2002, p. 25). 
Sendo as questões opostas pelas partes exclusivamente de direito (v.g., interpretação 
da lei, aplicação de súmulas, princípios gerais de direito etc.), competirá ao juiz resolvê-las 
logo após a fase postulatória. No entanto, se as questões discutidas nos autos versarem sobre 
fatos, ou seja, acontecimentos da vida de que decorrem conseqüências jurídicas, poderá ser 
necessário demonstrar-lhe a existência, quando negada. À demonstração dos fatos, ou melhor, 
das alegações sobre fatos, é que se dá o nome de Prova. (LOPES, 2002, p. 25). 
No mesmo diapasão Gonçalves (2008, p. 426): 
A Prova é tema fundamental do processo civil. Existem muitos processos em 
que a questão controvertida é apenas de direito, e a produção de Provas não 
se faz necessária. Mas o mais comum é que, para julgar, o Juiz precise 
examinar a veracidade de fatos que, no curso do processo, tenham-se tornado 
controvertidos. Para isso, será indispensável que ele analise as Provas 
produzidas no processo, que visam demonstrar a veracidade dos fatos 
alegados pelas partes. É por meio das atividades probatórias que o Juiz terá 
elementos para decidir sobre a veracidade e a credibilidade das alegações. 
Importante frisar que quando a questão versar sobre matéria de fatos e de direito, é que 
se tornará necessária a produção de provas, pois se for somente matéria de direito não há 
necessidade, pois se subentende que o Juiz já tenha conhecimento da matéria de direito, sem 
que isto acarrete cerceamento de defesa, com exceção do art. 337 do CPC, o qual discorre que 
a parte que alegar a incidência de direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário, 
deve provar o conteúdo e a vigência. 
2.5.2.2 Fatos relevantes e controversos 
“O Juiz não deverá deferir a produção de Provas quando elas não tenham qualquer 
repercussão para o julgamento da causa. São irrelevantes os fatos que não têm nenhuma 
importância, que não influenciarão o julgamento do pedido ou que não guardam pertinência 
com a questão litigiosa”. GONÇALVES (2005, p.420). 
 
 
40
 
Diante das considerações retro, Lopes (2002, p. 32) explica que “[...] nem todos os 
fatos precisam ser provados. De acordo com a doutrina, só precisam ser provados os fatos 
relevantes, pertinentes, controversos e precisos”. 
Porém, para Marinoni; Arenhart (2005, p. 262): 
[...] somente fatos pertinentes e relevantes para o processo constituem objeto 
de Prova. Assim, pouco interessa para o processo a afirmação e, 
conseqüentemente, a Prova de fatos não importantes à solução do litígio – 
por exemplo, nenhuma relevância existiria na afirmação, e conseqüente 
prova, quanto às circunstâncias em que a petição inicial foi elaborada, se 
estava chovendo naquele instante ou não, se a aceitação da causa foi ou não 
difícil etc. – já que não constituem esses elementos pontos (ou questões) 
sobre os quais se possam controverter no processo. 
“Fatos relevantes são os acontecimentos da vida que influenciam o julgamento da lide 
(v.g.: tráfego na contramão de direção para caracterizar a culpa numa ação de reparação de 
dano; conduta desonrosa como causa de separação judicial etc.)”. (LOPES, 2002, p.32). 
Para Amorim (2004, p.281): “Os fatos relevantes são aqueles que, pela relação com o 
objeto da demanda, podem influenciar o juiz no momento da decisão. Como, a apreciação da 
Prova é subjetiva do julgador, dependerá dele o critério de relevância”. 
Já os fatos pertinentes, controversos e precisos para Lopes (2002, p. 32-33) são: 
[...] os que têm relação direta ou indireta com a causa. (v.g.: em acidente de 
trânsito, é pertinente saber a extensão dos danos, a posição em que ficaram 
os veículos após o evento, a existência de placas de sinalização no local etc.; 
mas é impertinente saber se o réu é proprietário do prédio em que mora, se é 
solteiro ou casado etc.). 
Os fatos controvertidos, por sua vez, são aqueles contestados pela parte contrária, 
conforme narra Lopes em sua obra, (2002, p. 33): 
Fatos controversos (ou controvertidos) são os que, afirmados por uma das 
partes, venham a ser impugnados pelo adversário (v.g., na ação de reparação 
de dano retro mencionada, poderá ocorrer que o réu impugne a alegação de 
culpa pelo acidente, mas deixe de impugnar o valor pleiteado pelo autor 
pelos danos sofridos). 
Embora determinado fato não seja contestado, em algumas circunstâncias haja a 
necessidade de Prova, podendo ocorrer quando juiz assim o requerer para formar com mais 
segurança o seu convencimento; quando o litígio versar sobre direitos indisponíveis como nas 
ações de anulação de casamento; ou ainda, quando a lei determinar que a Prova do ato 
 
 
41
 
jurídico seja revestida de forma especial, como nas ações que exijam prova de propriedade 
imobiliária, de casamento de separação, etc. (SANTOS, 2008, p.349) 
E por fim os “Fatos precisos são os que determinam ou especificam situações ou 
circunstâncias importantes para a causa. Alegações genéricas ou vagas não comportam 
Prova”. (LOPES, 2002, p. 33). 
Por outro lado, há fatos que, exclusivamente por opção legislativa, não dependem de 
Prova, pois são admitidos como verdadeiros independentemente de sua concreta demonstração nos 
autos. (WAMBIER; ALMEIDA; TALAMINI, 2007, p. 411). 
Os fatos que por disposição da lei não necessitam de Provas são aqueles considerados 
de Prova impossível: os alegados por uma presunção iuris et de iure12. A lei proíbe o Prova de 
tais fatos tendo em vista que é inútil, pois subsistirá tal presunção. E ainda, determinados fatos 
que não podem produzir conseqüências jurídicas, em função do seu caráter. Por exemplo o 
cônjuge adúltero, não pode invocar o próprio crime para pedir a separação. (SANTOS, 2008, 
p. 350). 
2.5.2.3 Fatos Notórios 
Portanto, segundo o art. 334, do CPC, não dependem de Prova os Fatos Notórios, os 
fatos incontroversos, os fatos afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária e, 
ainda aqueles em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade. 
 “O conceito de Fato Notório não é muito preciso na doutrina. Deve-se afastar, porém, 
a idéia de que notório seja o fato conhecido

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