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SISTEMA DE ENSINO DIREITO PROCESSUAL CIVIL Provas Livro Eletrônico 2 de 111www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Provas DIREITO PROCESSUAL CIVIL Apresentação . ............................................................................................................................3 Provas . ........................................................................................................................................5 Parte Geral . ................................................................................................................................5 Produção Antecipada da Prova .............................................................................................. 18 Depoimento Pessoal . .............................................................................................................. 19 Confissão . ................................................................................................................................ 21 Exibição de Documento ou Coisa ...........................................................................................22 Prova Documental . ..................................................................................................................23 Prova Testemunhal . .................................................................................................................25 Prova Pericial . ........................................................................................................................ 28 Inspeção Judicial . .................................................................................................................... 30 Resumo . ....................................................................................................................................32 Questões de Concurso . ...........................................................................................................45 Gabarito ....................................................................................................................................70 Gabarito Comentado .................................................................................................................71 ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 3 de 111www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Provas DIREITO PROCESSUAL CIVIL ApresentAção Olá, tudo bem com você? Vamos nos aventurar no maravilhoso mundo do Processo Civil e eu terei a honra de auxi- liar vocês nessa caminhada. Eu sempre adotei, na minha trajetória de estudos, um material base com o qual eu pudes- se contar e ler sempre antes de fazer as provas. Acredito que seja fundamental você ter suas anotações/cadernos e sempre poder revisá-los nas semanas que antecedem a prova. DICA É fundamental você ter um caderno apenas. Uma fonte para cada matéria. Não faça a besteira de ter 3 ou 4 anotações es- parsas da mesma matéria. Condensar tudo em um mesmo material é muito importante para fins de organização. Por isso, utilize este material em PDF e monte seus cadernos a partir deles, ou, caso você já tenha seus cadernos, alimente- -os com as informações que você verá aqui. O importante é você não ter uma pluralidade de materiais, porque se fizer isso você vai acabar se perdendo. Minha trajetória de estudos começou em 2010 e, desde então, eu acompanho todas as notícias diárias que são publicadas no STF e no STJ, bem como todos os informativos sema- nais dos dois Tribunais, sem perder nenhum. O diferencial deste material, portanto, é justamente este: abordarei com você o conteúdo básico de cada disciplina, mas irei aprofundar com a jurisprudência mais atual e mais diver- sificada sobre o assunto, além de trazer questões sobre as matérias. As provas, atualmente, cobram muita letra de lei, mas também muito entendimento ju- risprudencial, por isso eu acredito que com esta leitura você ficará preparado para alcançar seu objetivo no mundo dos concursos públicos, pois terá todo o conteúdo mais atualizado possível. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 4 de 111www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Provas DIREITO PROCESSUAL CIVIL Com esse método, fui aprovado e exerci os cargos de Técnico Administrativo no MPU, Analista Judiciário no TJDFT, Juiz de Direito no TJMT e Juiz Federal no TRF1. Se eu consegui, você também consegue! Boa leitura! ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 5 de 111www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Provas DIREITO PROCESSUAL CIVIL PROVAS Nesta aula, eu e você iremos trabalhar os artigos 369 ao 484 do nosso Código de Processo Civil. Fique tranquilo porque sempre que o artigo for muito importante, eu irei transcrevê-lo para você. Sempre que tiver algum julgado importante eu também vou transcrever a ementa para que seu estudo fique dinâmico. pArte GerAl O Código prevê uma liberdade probatória, por isso as partes podem empregar todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, mesmo que não sejam especificados no Código, para provar a verdade dos fatos. O juiz pode, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito. Perceba que a atividade judicial na fase probatória não é absolutamente inerte. O Código permite que ele, de ofício, determina a produção da prova que seja necessária ao julgamento do mérito, mas desde que, claro, não haja um desbalanceamento na paridade de armas das partes, ou seja, o juiz não pode favorecer determinada parte, auxiliando-a e fazendo seu papel na desincumbência do ônus probatório. O Juiz pode determinar a produção probatória de ofício. Cabe falar em ativismo judicial quando o magistrado determina a produção probatória de ofício. Julgado: STJ. REsp 540.179/SP. 1. Ausência de valoração da prova impeditiva da análise pelo STJ do malferimento dos dispositivos legais invocados. Prejudicial ao exame do recurso especial. 2. O art. 130, do CPC, é aplicável a todas as instâncias por isso que ao STJ é lícito, antes da analise à violação da lei, determinar a baixa dos autos à instância de origem para que valore a prova produzida, prejudicial à análise do meritum causae porquanto à Corte está interditada a análise do contexto fático-probatório. 3. “(...) O ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 6 de 111www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Provas DIREITO PROCESSUAL CIVIL Código de Processo Civil, atento aos reclamos da modernidade quanto ao ativismo judi- cial, dispôs no seu art. 130, “caber ao juiz de ofício ou a requerimento da parte, determi- nar as provas necessárias à instrução do processo, indeferindo as diligências inúteis e protelatórias” Dessume-se, do dispositivo citado, que esse poder de iniciativa conspira em favor da busca da verdade, habilitando o juiz a proferir uma sentença restauradora do statu quo ante à violação, carreando notável prestígio para o monopólio da jurisdição que, ao limitar a autotutela, promete ao jurisdicionado colocá-lo em situação igual à que se encontrava antes do inadimplemento. E, para isso, é preciso aproximar a decisão da realidade da qual o juiz, evidentemente, não participou, e a ela é conduzido através da atividade probatória.(...)”(Luiz Fux, in “Curso de Direito Processual Civil” Forense, 2001). 4. Não obstante, em respeito à função uniformizadora desta E. Corte, acompanho o posi- cionamento das Turmas de Direito Público, ressalvado o meu entendimento no sentido da possibilidade da determinação ex officio do retorno dos autos à instância de origem para que valore a prova produzida. 5. Os critérios para fixação do quantum indenizatório estão adstritos às instâncias ordinárias, ante a necessária análise do conjunto fático- -probatório (Súmula 07/STJ), insindicável por esta Corte. Precedentes das Turmasde Direito Público. 6. Recurso especial não conhecido, com ressalva do relator. (Rel. Minis- tro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 16/12/2003, DJ 14/06/2004, p. 170). Ao julgar fora da lei, por analogia, costumes ou princípios, o magistrado também realiza ativismo judicial. Julgado: STJ. AgRg na SLS 1.427/CE. PEDIDO DE SUSPENSÃO DE MEDIDA LIMINAR. INTERFERÊNCIA DO JUDICIÁRIO NA ATIVIDADE ADMINISTRATIVA. FLAGRANTE ILEGI- TIMIDADE E LESÃO À ORDEM PÚBLICA. Ao Judiciário cabe o controle da legalidade dos atos da Administração. O ativismo judicial pode legitimar-se para integrar a legisla- ção onde não exista norma escrita, recorrendo-se, então, à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito (CPC, art. 126). Mas a atividade administrativa, propria- mente tal, não pode ser pautada pelo Judiciário. Na espécie, em última análise, o MM. Juiz Federal fez mais do que a Administração poderia fazer, porque impôs o que esta só pode autorizar, isto é, que alguém assuma a responsabilidade pela prestação de serviço ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 7 de 111www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Provas DIREITO PROCESSUAL CIVIL público. Agravo regimental não provido. (Rel. Ministro ARI PARGENDLER, CORTE ESPE- CIAL, julgado em 05/12/2011, DJe 29/02/2012). O juiz também pode indeferir diligências inúteis ou meramente protelatórias, desde que o faça em decisão fundamentada. Não há, portanto, direito subjetivo à produção da prova. A questão do dano moral por uso de tabaco. O STJ não reconhece a responsabilidade da empresa fabricante de cigarro (Souza Cruz S/A, p. ex.). O protecionismo é tão grande que o STJ entende ser inútil produção de provas em ação de indenização por danos provocados pelo uso do cigarro. Já está consolidado no STJ o entendimento de que o fabricante de cigarros não tem res- ponsabilidade pelos danos causados ao fumante. Por essa razão, a Quarta Turma con- siderou que não há utilidade alguma na produção de prova ou na inversão desse ônus para demonstrar a periculosidade inerente ao cigarro. (Notícias do STJ de 25/04/13. REsp 803783). Por essa razão, entende-se que, em hipóteses como a de que cuida o caso concreto, não há utilidade alguma na produção de provas ou em sua inversão (CDC, art. 6º), em face da inequívoca periculosidade inerente ao produto cigarro e entendimento predominante nos precedentes deste Tribunal Superior acerca da inexistência de propaganda enga- nosa do produto. Eventual retorno dos autos à Corte de origem para que houvesse a devida instrução probatória apenas conduziria a uma inútil postergação do resultado da lide, na linha dos diversos precedentes desta Corte. (ITA do REsp 803783). Uma vez ingressada a prova no processo, ela se desvincula de quem a produziu para fins de sua avaliação, ou seja, há o que se denomina de princípio da comunhão das provas, por isso o juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento. Como ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 8 de 111www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Provas DIREITO PROCESSUAL CIVIL a apreciação probatória é livre, mas vinculada à fundamentação da decisão que a analisar, diz-se que vigora no ordenamento o princípio do livre convencimento motivado. O Código permite o emprego de provas emprestadas, produzidas em outro processo, sen- do livre a sua valoração pelo magistrado, desde que seja observado o contraditório, ou seja, devem as partes terem a oportunidade de se manifestarem sobre a prova que ingressa nos autos antes da formação do convencimento do juiz sobre seu conteúdo. O Código possui uma regra objetiva de distribuição do ônus da prova (distribuição está- tica): cabe ao autor desincumbir-se do seu ônus quanto ao fato constitutivo do seu direito e cabe ao réu essa tarefa quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Isso significa que se o autor alega que o réu descumpriu determinado contrato e que, por isso, gerou um dano material em sua esfera patrimonial, cabe ao autor provar a existência do contrato, o descumprimento, o dano etc. Caso não descarregue esse ônus probatório, seu pedido será julgado improcedente, por não ter provado seu direito. O descumprimento de um ônus prejudica o descumpridor, ao passo que o descumprimento de uma obrigação prejudica a outra parte. Julgado: STJ. REsp 840.690/DF. [...]. 3. O chamado “ônus da prova” é instituto de direito processual que busca, acima de tudo, viabilizar a consecução da vedação ao non liquet, uma vez que, por meio do art. 333, inc. I, do CPC, garante-se ao juiz o modo de julgar quando qualquer dos litigantes não se desincumbir da carga probatória definida legal- mente, apesar de permanecer dúvidas razoáveis sobre a dinâmica dos fatos. 4. Ainda acerca do direito probatório, convém ressaltar que, via de regra, a oportunidade ade- quada para que a parte autora produza seu caderno probatório é a inicial (art. 282, inc. I, do CPC). Para o réu, este momento é a contestação (art. 300 do CPC). Qualquer outro momento processual que possa eventualmente ser destinado à produção probatória deve ser encarado como exceção. 5. Assim, a abertura para a réplica, p. ex., encon- tra limites estreitos no CPC, seja quando o réu alegar alguma das matérias do art. 301 do mesmo diploma legislativo, seja quando o réu trouxer dados inéditos ao processo, ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 9 de 111www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Provas DIREITO PROCESSUAL CIVIL tendo a parte autora, como consequência do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa, direito de sobre eles se manifestar (arts. 326 e 327 do CPC). 6. Da mesma maneira, em atenção também ao princípio do dispositivo, convém restringir o uso tradi- cionalmente indiscriminado do despacho que chama as partes a dizerem se têm outras provas a produzir, pois, dogmática e legalmente falando, os momentos para tanto já ocorreram (inicial e contestação). 7. E, ainda, também em observância ao princípio do dispositivo, o magistrado deve ser parcimonioso ao determinar a produção de provas no saneador, evitando tornar controversos pontos sobre os quais, na verdade, as partes abriram mão de discutir - e, portanto, de tornar controvertidos. 8. O objetivo do Código de Processo Civil é claro: evitar delongas injustificadas e não queridas pelos litigantes que, muito mais do que o atingimento da sacrossanta “verdade material” ou o prestígio da igualmente paradoxal “verdade formal”, acabam prejudicando as partes interessa- das, na medida em que inviabilizam uma tutela adequada e eficiente. 9. Por tudo isso, se o autor não demonstra (ou não se interessa em demonstrar), de plano ou durante o processo, os fatos constitutivos de seu direito, mesmo tendo-lhe sido oportunizados momentos para tanto, compete ao magistrado encerrar o processo com resolução de mérito, pela improcedência do pedido, mesmo que, por sua íntima convicção, também o réu não tenha conseguido demonstrar de forma cabal os fatos impeditivos, modifi- cativos ou extintivos do alegado direito do autor. [...]. (Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/08/2010, DJe 28/09/2010). Há a possibilidade ainda de uma distribuição dinâmica do ônus da prova, de forma diversa à objetivamente exposta no Código. Nos casos previstos em lei (no art. 6º, VIII, do CDC, p. ex.) ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo do ônus da prova ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atri- buir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverádar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 10 de 111www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Provas DIREITO PROCESSUAL CIVIL No nosso exemplo, imagine que o referido contrato, de adesão, esteja nas dependências da empresa. Pode o juiz, nesse caso, determinar que o réu prove a existência da avença nos autos, a despeito da regra originária de distribuição do ônus probatório. Essa distribuição diversa do ônus probatório não pode gerar situação em que a desincum- bência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil. O mais remoto embrião da teoria da distribuição dinâmica do ônus da prova está na obra de Jeremy Bentham, que, há quase 02 séculos, ensinava que a obrigação da prova deve ser imposta, indivi- dualmente, à parte que possa praticá-lo com menos inconvenientes, é dizer, com menos dilações, abusos e gastos. (BENTHAM, Jeremy. Tratado de Las Pruebas Judiciales. Tomo II. Trad.: José Go- mez de Castro: Imprenta de Don Tomás Jordan, 1825. p. 113). Todavia, reconhece a doutrina que a teoria da distribuição dinâmica do ônus da prova foi mais bem desenvolvida a partir dos ensinamentos de Jorge Walter Peyrano, de cujas lições se extrai: A distribuição dinâmica do ônus da prova implica em uma exceção das normas legais de distribuição do ônus da prova, a que será apropriado recorrer somente quando a aplicação das regras gerais tem consequências manifestamente prejudiciais. Essa exceção se traduz em novas regras para a distribuição do ônus probatório, ajustadas às circunstâncias do caso e que se afastam de abordagens apriorísticas (tipo de fato a provar, papel de autor ou de réu, etc.). Entre as novas regras acima mencionadas, destaca-se aquela consistente em fazer o ônus da prova recair sobre a parte que está em melhores condições profissionais, técnicas ou fáticas para produzir a prova respectiva. (PEYRANO, Jorge Walter. Nuevos lineamentos de las cargas probatorias dinámicas in Cargas probatorias dinámicas. Inés Lépori White (Coord.). Santa Fé: Rubinzal-Culzoni, 2008. p. 21). (ITA do REsp 1729110/CE, Rel. Ministra NANCY AN- DRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 02/04/2019, DJe 04/04/2019). As partes, ademais, também podem convencionar, antes ou durante o processo, a dis- tribuição do ônus probatório por regras diversas daquelas objetivamente estabelecidas no ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 11 de 111www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Provas DIREITO PROCESSUAL CIVIL Código, desde que não se trate de direito indisponível ou não torne excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito. Alguns fatos não dependem de prova, portanto as partes são poupadas do fardo de de- monstrar a veracidade de suas alegações e há, por certo, uma economia na marcha proces- sual, que se torna mais dinâmica com essas presunções de veracidade das alegações. Diz o Código que não dependem de prova os fatos: notórios; afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária; admitidos no processo como incontroversos; em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade. Na avaliação das provas, cabe ao juiz aplicar as regras de experiência comum pela obser- vação do que ordinariamente acontece, bem como regras de experiência técnica. O Código ressalva, quanto às regras de experiência técnica, o exame pericial, ou seja, quando houver alguma situação que demande a análise pericial, não pode o juiz substituir a atividade do pe- rito e manifestar-se a título de emissão de um parecer. O juiz conhece a lei, portanto cabe à parte provar a alegação dos fatos. O Código excepcio- na essa regra em relação ao direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário. Para esses casos, a parte que alegar tais normas deve provar o teor e a vigência de seu conteúdo caso o juiz determine. Se nada determinar, segue-se a regra geral de que o juiz conhece a lei. Determinadas provas podem, às vezes, serem produzidas em outra localidade territorial. Para tanto, há a expedição das cartas. Se houver a necessidade de um juiz de determinada comarca ouvir a testemunha de outra localidade, expede-se uma carta precatória para o cum- primento da diligência, por exemplo. A carta precatória, a carta rogatória e o auxílio direto suspenderão o julgamento da causa no caso de a sentença de mérito tiver de ser proferida somente após a verificação de determi- nado fato ou da produção de certa prova, quando, tendo sido requeridos antes da decisão de saneamento, a prova neles solicitada for imprescindível. Observe que se a prova não for imprescindível, ou seja, se for apenas uma prova para cor- roborar algum fato já comprovado ou mesmo para reforçar algum ponto periférico, pode o juiz sentenciar mesmo sem a vinda da prova solicitada. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 12 de 111www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Provas DIREITO PROCESSUAL CIVIL Ninguém se exime do dever de colaborar com o Poder Judiciário para o descobrimento da verdade, mas as partes têm o direito de não produzir prova contra si própria. O terceiro, por sua vez, tem a incumbência de informar ao juiz os fatos e circunstâncias de que tenha conhecimento e exibir coisas ou documentos que estejam em seu poder, sob pena de imposição de multa ou outras medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-ro- gatórias. • Teoria da verossimilhança preponderante – Överviktsprincip (na Suécia) ou Überwie- gensprinzip (na Alemanha). No julgamento: − De tutelas cautelares ou antecipatórias – Convicção de verossimilhança (ou de probabilidade); − De tutelas finais de mérito: o Se houver a desincumbência do ônus da prova – Convicção de verdade; o Se não houver a desincumbência do ônus da prova – Aplicação subsidiária do ônus da prova enquanto regra de julgamento; o Quando houver impossibilidades fáticas associadas à produção da prova – teoria da verossimilhança preponderante (julgamento do mérito da ação mediante con- vicção de verossimilhança). Para tanto: Necessário se faz reduzir as exigências de prova comumente reclamadas para a formação da convicção; A decisão deve estar amparada em elementos de prova constantes dos autos (ainda que indiciários), obedecendo, assim, às garantias do contraditório e da ampla defesa e, consectaria- mente, garantindo-se segurança jurídica às partes em disputa. Julgado: STJ. REsp 1549467/SP. […].5. A utilização de presunções não pode ser afastada de plano, uma vez que sua observância no direito processual nacional é exigida como forma de facilitação de provas difíceis, desde que razoáveis. 6. Na apreciação de lucros cessantes, o julgador não pode se afastar de forma absoluta de presunções e deduções, porquanto deverá perquirir acerca dos benefícios legítimos que não foram realizados por culpa da parte ex adversa. Exigir prova absoluta do lucro que não ocorreu, seria impor ao ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 13 de 111www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Provas DIREITO PROCESSUAL CIVIL lesado o ônus de prova impossível. 7. Recurso especial provido. (Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 13/09/2016, DJe 19/09/2016). Mesmo sem perícia, Fiat é condenada a indenizar vítima de acidente com Uno. O exame pericial das rodas de liga leve do automóvel não foi realizado porque não houve instauração de inquérito policial e porque, após a propositura da ação, o veículo não foi localizado. (Notícias do STJ de 03/12/2013). Julgado: STJ. REsp 1.320.295 - RS. RECURSO ESPECIAL. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE REPARAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E COMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS. ÔNUS DA PROVA. TEORIA DA VEROSSIMILHANÇA PREPONDERANTE. COMPATIBILI- DADE, NA HIPÓTESE ESPECÍFICA DOS AUTOS, COM O ORDENAMENTOPROCESSUAL VIGENTE. CONVICÇÃO DO JULGADOR. LIVRE APRECIAÇÃO DA PROVA. PERSUAÇÃO RACIONAL. ARTIGOS ANALISADOS: 212, IV, DO CC; 126, 131, 273, 333, 436 E 461 DO CPC. 1. Ação de reparação por danos materiais e compensação por danos morais ajuizada em 22⁄7⁄1999. Recurso especial concluso ao Gabinete em 7⁄10⁄2011. 2. Controvérsia que se cinge a definir se o julgamento do mérito da presente demanda, mediante aplica- ção da teoria da verossimilhança preponderante, violou a regra de distribuição do ônus da prova. 3. De acordo com o disposto no art. 333 do CPC, ao autor incumbe provar os fatos constitutivos de seu direito; ao réu, os fatos impeditivos, modificativos ou extinti- vos do direito do autor. 4. O ônus da prova, enquanto regra de julgamento – segundo a qual a decisão deve ser contrária à pretensão da parte que detinha o encargo de provar determinado fato e não o fez –, é norma de aplicação subsidiária que deve ser invocada somente na hipótese de o julgador constatar a impossibilidade de formação de seu con- vencimento a partir dos elementos constante dos autos. 5. Em situações excepcionais, em que o julgador, atento às peculiaridades da hipótese, necessita reduzir as exigên- cias probatórias comumente reclamadas para formação de sua convicção em virtude de impossibilidades fáticas associadas à produção da prova, é viável o julgamento do mérito da ação mediante convicção de verossimilhança. 6. A teoria da verossimilhança preponderante, desenvolvida pelo direito comparado e que propaga a ideia de que a parte que ostentar posição mais verossímil em relação à outra deve ser beneficiada pelo resultado do julgamento, é compatível com o ordenamento jurídico-processual brasileiro, desde que invocada para servir de lastro à superação do estado de dúvida ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 14 de 111www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Provas DIREITO PROCESSUAL CIVIL do julgador. É imprescindível, todavia, que a decisão esteja amparada em elementos de prova constantes dos autos (ainda que indiciários). Em contrapartida, permanecendo a incerteza do juiz, deve-se decidir com base na regra do ônus da prova. 7. O juiz deve formar seu convencimento a partir dos elementos trazidos a juízo, mas constitui prerro- gativa sua apreciar livremente a prova produzida. 8. No particular, infere-se da leitura do acórdão recorrido que os fatos alegados no curso da fase de instrução foram examina- dos pelo Tribunal de origem e que a prova produzida foi devidamente valorada, de modo que a formação da convicção dos julgadores fundou-se nas circunstâncias fáticas reve- ladas pelo substrato probatório que integra os autos. 9. Negado provimento ao recurso especial. (Rel. Min. Nancy Andrighi, TERCEIRA TURMA, julgado em 15/10/2013). 26. Em decorrência desse peculiar contexto fático-probatório, o acórdão atacado invo- cou a aplicação da teoria da verossimilhança preponderante, construída por doutrina de direito comparado, sobretudo na Suécia e na Alemanha, onde é denominada, respectiva- mente, por Överviktsprincip e Überwiegensprinzip. 27. De acordo com o estudo de MARINONI e ARENHART, essa teoria propaga a tese de que, em contraponto à regra do ônus da prova, bastaria um grau mínimo de probabilidade da existência do direito alegado para amparar uma decisão favorável. Ou, nas palavras dos autores, “se a posição de uma das partes é mais verossímil do que a da outra, ainda que minimamente, isso seria suficiente para lhe dar razão” (MARINONI, Luiz Guilherme, e ARENHART, Sérgio Cruz. Prova. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009, p. 87). 28. O ponto central a ser aqui analisado é a compatibilidade dessa teoria com o ordena- mento jurídico brasileiro, e a proposta de solução que se apresenta é a seguinte: caso sua aplicação pelo juiz culmine na superação de seu estado de dúvida, revela-se equi- valente ao já analisado julgamento com base em convicção de verossimilhança, cabível nas hipóteses excepcionais anteriormente explicitadas e decorrentes de impossibilida- des fáticas associadas à produção da prova (hipótese dos autos). Nessa situação, por- tanto, não há incompatibilidade entre a teoria da verossimilhança preponderante e as regras processuais vigentes. (ITA do REsp 1.320.295 – RS). ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 15 de 111www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Provas DIREITO PROCESSUAL CIVIL • Crítica à verdade real (a verdade real como mito no processo): − A verdade processual fática, da mesma forma que a verdade histórica, em vez de ser predicável em referência direta ao fato julgado, é o resultado de uma ilação dos fatos ‘comprovados’ do passado com os fatos probatórios do presente. Esta ilação – realizada por um historiador, um juiz ou detetive – pode ser representada como uma inferência indutiva que contém nas premissas a descrição do fato que se tem de explicar e as provas praticadas, além das generalidade habitualmente subenten- didas (entimemáticas) no atendimento de experiências análogas, e que contém na conclusão a enunciação do fato que se aceita como provado pelas premissas e que equivale à sua hipótese de explicação. − A ‘verdade’ de uma teoria científica e, geralmente, de qualquer argumentação ou proposição empírica é sempre, em suma, uma verdade não definitiva, mas con- tingente, não absoluta, mas relativa ao estado dos conhecimentos e experiências levados a cabo na ordem das coisas de que se fala, de modo que, sempre, quando se afirma a ‘verdade’ de uma ou de várias proposições, a única coisa que se diz é que estas são (plausivelmente) verdadeiras pelo que sabemos sobre elas, ou seja, em relação ao conjunto de conhecimentos confirmados que dela possuímos. (FERRA- JOLI, Luigi. Direito e razão. Teoria do garantismo penal. 2 ª Ed. revista e ampliada. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006, p. 55). − Toda verdade judicial é sempre uma verdade processual. E não somente pelo fato de ser produzida no curso do processo, mas, sobretudo, por tratar-se de uma cer- teza de natureza exclusivamente jurídica. (OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de processo penal. 7ª Ed. revista, atualizada e ampliada. Belo Horizonte: Del Rey, 2007, p.291). • Trecho do voto do Min. Luiz Fux na AP 470 (“mensalão”): − Com efeito, a atividade probatória sempre foi tradicionalmente ligada ao concei- to de verdade, como se constatava na summa divisio que por séculos separou o ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 16 de 111www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Provas DIREITO PROCESSUAL CIVIL processo civil e o processo penal, relacionando-os, respectivamente, às noções de verdade formal e de verdade material. Na filosofia do conhecimento, adotava-se a concepção de verdade como correspondência. − Nesse contexto, a função da prova no processo era bem definida. Seu papel seria o de transportar para o processo a verdade absoluta que ocorrera na vida dos litigan- tes. Daí dizer-se que a prova era concebida apenas em sua função demonstrativa (cf. TARUFFO, Michele. “Funzione della prova: la funzione dimostrativa”, in Rivista di Diritto Processuale, 1997). − O apego ferrenho a esta concepção gera a compreensão de que uma condenação no processo só pode decorrer da verdade dita “real” e da (pretensa) certeza abso- luta do juiz a respeito dos fatos. Com essa tendência, veio também o correlato des- prestígio da prova indiciária, a circumstancial evidence de que falam os anglo-ame- ricanos, embora, como será exposto a seguir, o Supremo Tribunal Federal possua há décadas jurisprudência consolidada no sentido de que os indícios, como meio de provas que são, podem levar a uma condenação criminal. − Contemporaneamente, chegou-se à generalizada aceitação de que a verdade (inde- vidamente qualificada como “absoluta”, “material”ou “real”) é algo inatingível pela compreensão humana, por isso que, no afã de se obter a solução jurídica concre- ta, o aplicador do Direito deve guiar-se pelo foco na argumentação, na persuasão, e nas inúmeras interações que o contraditório atual, compreendido como direito de influir eficazmente no resultado final do processo, permite aos litigantes, com se depreende da doutrina de Antonio do Passo Cabral (Il principio del contraddittorio come diritto d’influenza e dovere di dibattito. Rivista di Diritto Processuale, Anno LX, N.2, aprile-giugno, 2005, passim). − Assim, a prova deve ser, atualmente, concebida em sua função persuasiva, de per- mitir, através do debate, a argumentação em torno dos elementos probatórios trazi- dos aos autos, e o incentivo a um debate franco para a formação do convencimen- to dos sujeitos do processo. O que importa para o juízo é a denominada verdade suficiente constante dos autos; na esteira da velha parêmia quod non est in actis, ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 17 de 111www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Provas DIREITO PROCESSUAL CIVIL non est in mundo. Resgata-se a importância que sempre tiveram, no contexto das provas produzidas, os indícios, que podem, sim, pela argumentação das partes e do juízo em torno das circunstâncias fáticas comprovadas, apontarem para uma conclusão segura e correta. − Essa função persuasiva da prova é a que mais bem se coaduna com o sistema do livre convencimento motivado ou da persuasão racional, previsto no art. 155 do CPP e no art. 93, IX, da Carta Magna, pelo qual o magistrado avalia livremente os elementos probatórios colhidos na instrução, mas tem a obrigação de fundamentar sua decisão, indicando expressamente suas razões de decidir. − Aliás, o Código de Processo Penal prevê expressamente a prova indiciária, assim a definindo no art. 239: Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias. − […] − Neste sentido, por exemplo, a doutrina norte-americana estabeleceu a tese do “pa- ralelismo consciente” para a prática de cartel. Isso porque normalmente não se as- sina um “contrato de cartel”, basta que se provem circunstâncias indiciárias, como a presença simultânea dos acusados em um local e a subida simultânea de preços, v. g., para que se chegue à conclusão de que a conduta era ilícita, até porque, num ambiente econômico hígido, a subida de preços, do ponto de vista de apenas um agente econômico, seria uma conduta irracional economicamente. Portanto, a con- clusão pela ilicitude e pela condenação decorre de um conjunto de indícios que apontem que a subida de preços foi fruto de uma conduta concertada. − No mesmo diapasão é a prova dos crimes e infrações no mercado de capitais. São as circunstâncias concretas, mesmo indiciárias, que permitirão a conclusão pela condenação. Na investigação de insider trading (uso de informação privilegiada e secreta antes da divulgação ao mercado de fato relevante): a baixa liquidez das ações; a frequência com que são negociadas; ser o acusado um neófito em opera- ções de bolsa; as ligações de parentesco e amizade existentes entre os acusados ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 18 de 111www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Provas DIREITO PROCESSUAL CIVIL e aqueles que tinham contato com a informação privilegiada; todas estas e outras são indícios que, em conjunto, permitem conclusão segura a respeito da ilicitude da operação. produção AntecipAdA dA provA O NCPC permite, apesar de certa divergência doutrinária, o ajuizamento de uma ação au- tônoma de produção antecipada de prova. Pelo rito do procedimento comum, há o ajuizamen- to da ação, a apreciação de eventual tutela provisória, a citação, a tentativa de mediação ou conciliação, a oferta de contestação, a apresentação da réplica e, só então, a fase de produção de provas. Por certas vezes, é preciso adiantar a produção dessa prova, o que o Código deno- mina de produção antecipada da prova. A produção antecipada da prova será admitida nos casos em que: haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a verificação de certos fatos na pendência da ação; a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a autocomposição ou outro meio adequado de solução de conflito; o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar o ajuizamento de ação. Caso não haja alguma dessas situações, segue-se a regra geral de produção antecipada da prova na fase de produção probatória convencional. A competência para a ação de produção antecipada da prova é do juízo do foro onde a prova deva ser produzida ou no foro do domicílio do réu, sendo que eventual futura ação a ser proposta com base nessa prova não tem a competência preventa, ou seja, não será necessa- riamente ajuizada na pretérita ação de provas. Caso não haja vara federal na localidade, ainda que a prova seja requerida em face da União, autarquias ou empresas públicas federais, caberá ao juízo estadual a competência para a ação de provas. É possível ainda que a parte pretenda apenas justificar a existência de algum fato ou relação jurídica para simples documentação, sem necessariamente o caráter contencioso, situação que se amolda à ação de produção antecipada de provas. Nesse caso, aliás, não há ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 19 de 111www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Provas DIREITO PROCESSUAL CIVIL a determinação de citação do interessado na produção da prova ou no fato a ser provado, por não existir propriamente. Como dito, a produção antecipada de provas possui natureza de ação, e cabe ao autor, na petição inicial, apresentar as razões que justificam a necessidade da antecipação da prova. Recebida a inicial, o juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determina a citação do interes- sado na produção da prova ou no fato a ser provado, exceto se inexistir caráter contencioso, situação na qual não haverá a necessidade de citação, justamente porque o Código presume não haver interessados. O juiz não se pronunciará sobre a ocorrência ou a inocorrência do fato, nem sobre as res- pectivas consequências jurídicas. Nessa ação há apenas o objetivo da produção da prova em si, não da sua valoração. Por isso não há defesa ou recurso nessa ação, salvo contra a decisão que indefere totalmente a produção da prova pleiteada pelo requerente originário. O recurso, no caso, é a apelação, tendo em vista a negativa total da produção da prova e a extinção do processo. Na hipótese de a ação de produção de provas possuir caráter contencioso, há a citação dos interessados na produção da prova ou no fato a ser provado, que poderão requerer tam- bém a produção de qualquer prova no mesmo procedimento, desde que relacionada ao mes- mo fato. Se esse requerimento acarretar excessiva demora na finalização da ação, a produção conjunta da prova pode ser negada, decisão contra a qual não cabe recurso. Uma vez finalizada a produção da prova, os autos permanecem em cartório durante um mês para extração de cópias e certidões pelos interessados. Depois desse prazo, os autos são entregues ao promovente da medida, ou seja, o autor da ação. depoimento pessoAl Depoimento pessoal é uma das modalidades de prova previstas no Código e consiste em interrogar uma das partes do processo em audiência. Cabe à parte requerer o depoimento pessoal da outra parte. Isso significa que não é pos- sível o requerimento de autodepoimento pessoal. O réu pode requerer o depoimento pessoal ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 20 de 111www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Provas DIREITO PROCESSUAL CIVIL do autore vice-versa, mas não pode o autor requerer o seu próprio depoimento ou o réu o seu próprio depoimento. O juiz também pode ordenar de ofício o depoimento pessoal de qualquer das partes. Se a parte, pessoalmente intimada para prestar depoimento pessoal e advertida da pena de confesso, não comparecer ou, comparecendo, se recusar a depor, o juiz aplicar-lhe-á a pena de presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor, ou seja, há confissão tácita. Quando a parte, sem motivo justificado, deixar de responder ao que lhe for perguntado ou empregar evasivas, o juiz, apreciando as demais circunstâncias e os elementos de prova, declarará, na sentença, se houve recusa de depor e também considerará a confissão tácita no caso. Não é possível quem ainda não depôs assistir ao interrogatório da outra parte. Por isso, caso haja o requerimento de depoimento pessoal recíproco, deve o autor ser ouvido primeiro, sem a presença do réu. Depois o réu será ouvido, com a possibilidade de o autor presenciar o depoimento, mesmo porque, teria ele acesso após a documentação nos autos e sua presença não mais poderá influenciar seu depoimento, que já foi prestado. O depoimento pessoal da parte que residir em comarca, seção ou subseção judiciária diversa daquela onde tramita o processo poderá ser colhido por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico. Durante o depoimento a parte não pode se servir de escritos anteriormente preparados, mas é possível consultar notas breves, apenas a título de complementação dos esclareci- mentos. O que o Código veda é transformar o depoimento pessoal em uma leitura de provas documentais. A parte, como visto, deve falar o que sabe, sem evasivas, caso contrário haverá a presun- ção de veracidade das alegações. Há, contudo, fatos sobre os quais a parte não é obrigada a depor (desde que não seja ação de estado e de família): criminosos ou torpes que lhe forem imputados (em respeito ao direito à não autoincriminação); a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo; acerca dos quais não possa responder sem desonra própria, de seu cônjuge, de seu companheiro ou de parente em grau sucessível; que coloquem em perigo a vida do depoente ou de seu cônjuge, de seu companheiro ou de parente em grau sucessível. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 21 de 111www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Provas DIREITO PROCESSUAL CIVIL Em todos esses casos, a parte deve afirmar o porquê de não depor sobre o tema e, caso se enquadre tal situação nas exceções expostas, o juiz não poderá entender que houve con- fissão tácita. confissão A confissão ocorre quando a parte admite a verdade de fato contrário ao seu interesse e favorável ao do adversário. Pode a confissão ser judicial ou extrajudicial. A confissão judicial pode ser espontânea, ocasião em que poderá ser feita pela própria parte ou por representante com poder especial, situação em que a confissão somente é eficaz nos limites em que este pode vincular o representado. Também pode a confissão ser provocada, desde que mantenha seu caráter de voluntarie- dade, ocasião em que constará do termo de depoimento pessoal. A confissão é ato pessoal, portanto faz prova contra o confitente, mas não prejudica os litisconsortes. Justamente por isso, a confissão de um cônjuge ou companheiro não valerá sem a do outro, salvo se o regime de casamento for o de separação absoluta de bens, nas ações que versarem sobre imóveis ou direitos reais sobre imóveis alheios. Se o caso versar sobre direito indisponível, o Código não permite a confissão, além do mais, se aquele que confessa não for capaz de dispor do direito a que se referem os fatos confessados, considera-se o ato como ineficaz. A confissão é irrevogável, mas pode ela ser anulada se configurado erro de fato ou coação. Na ação de anulação de confissão, a legitimidade é exclusiva do confitente, com possibilida- de de transferência aos herdeiros se o falecimento ocorrer após a propositura. A confissão é, em regra, indivisível, não podendo a parte que a quiser invocar como prova aceitá-la no tópico que a beneficiar e rejeitá-la no que lhe for desfavorável, porém cindir-se-á quando o confitente a ela aduzir fatos novos, capazes de constituir fundamento de defesa de direito material ou de reconvenção. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 22 de 111www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Provas DIREITO PROCESSUAL CIVIL exibição de documento ou coisA Na exibição de documento ou coisa o Código tratou da situação na qual, na pendência de um processo, há a necessidade de compelir a outra parte a apresentar em juízo determinado meio de prova. A parte pode se valer da produção antecipada da prova, por ação autônoma, ou da exibição de documento ou coisa incidental, portanto. O pedido de exibição de documento ou coisa deve conter a individuação do documento ou da coisa, a finalidade da prova e as circunstâncias em que se funda o requerente para afirmar que o documento ou coisa esteja em poder da parte contrária. Com a petição protocolada, o juiz intimará o requerido para responder em 5 dias. Diante dessa intimação, pode o requerido apresentar o documento ou coisa, seguindo-se normal- mente o processo, ou afirmar que não possui o documento ou a coisa, ocasião em que poderá provar tal alegação. O Código prevê ainda três situações nas quais a recusa em apresentar o documento ou a coisa não serão aceitas. Logo, o juiz não admitirá a recusa se: o requerido tiver obrigação legal de exibir; o requerido tiver aludido ao documento ou à coisa, no processo, com o intuito de constituir prova; o documento, por seu conteúdo, for comum às partes. Na situação de omissão à intimação ou mesmo recusa ilegítima à apresentação do do- cumento ou da coisa, o juiz decidirá o pedido, admitindo como verdadeiros os fatos que, por meio do documento ou da coisa, a parte pretendia provar. Há situações, contudo, em que essa presunção de veracidade não pode ocorrer (direitos indisponíveis, p. ex.), ocasião em que o Código permite ao juiz adotar medidas indutivas, co- ercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias para que o documento seja exibido. É possível ainda que o objeto esteja em posse de terceiro, situação na qual há a neces- sidade de sua citação para responder no prazo de 15 dias. Na negativa em apresentar o do- cumento ou coisa, o juiz designa audiência especial para tomar depoimento desse terceiro, bem como das partes e, se necessário, de testemunhas. Na sequência, profere decisão sobre a exibição. Para que o terceiro exiba o documento ou coisa, é possível que o juiz ordene que efetue seu depósito em cartório, expeça mandado de apreensão, imponha o pagamento de multa etc. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 23 de 111www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Provas DIREITO PROCESSUAL CIVIL O Código ainda prevê uma gama de assuntos passíveis de serem alegados para que a recusa em exibir o documento ou a coisa seja considerada legítima. Logo, podem a parte ou terceiro se escusarem a exibir o documento ou a coisa se: concernente a negócios da pró- pria vida da família; sua apresentação puder violar dever de honra; sua publicidade redundar em desonra à parte ou ao terceiro, bem como a seus parentes consanguíneos ou afins até o terceiro grau, ou lhes representar perigo de ação penal; sua exibição acarretar a divulgação de fatos a cujo respeito, por estado ou profissão, devam guardar segredo; subsistirem outros motivos graves que, segundo o prudente arbítrio do juiz, justifiquem a recusa da exibição; houver disposição legal que justifique a recusa da exibição. provA documentAl Algumas regras próprias das forças probatórias dos documentos precisam de especial atenção, sobretudo por causa da incidência nos concursos e pela estranhezaem uma primei- ra leitura da redação. Vamos a elas! Quando a lei exigir instrumento público como da substância do ato, nenhuma outra prova, por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta. Portanto, a propriedade de um imóvel é comprovada pela matrícula, ou o casamento por sua certidão, p. ex. O documento particular admitido expressa ou tacitamente é indivisível, sendo vedado à parte que pretende utilizar-se dele aceitar os fatos que lhe são favoráveis e recusar os que são contrários ao seu interesse, salvo se provar que estes não ocorreram. A nota escrita pelo credor em qualquer parte de documento representativo de obrigação, ainda que não assinada, faz prova em benefício do devedor. Na exibição de livros empresariais, cuidado com a forma (total ou parcial): o juiz pode ordenar, a requerimento da parte, a exibição integral dos livros empresariais e dos documen- tos do arquivo: na liquidação de sociedade; na sucessão por morte de sócio; quando e como determinar a lei. O juiz pode, de ofício, ordenar à parte a exibição parcial dos livros e dos documentos, extraindo-se deles a suma que interessar ao litígio, bem como reproduções au- tenticadas. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 24 de 111www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Provas DIREITO PROCESSUAL CIVIL Tanto o documento público quanto o privado possuem fé de veracidade. Cessa essa fé quando houver a declaração judicial da falsidade. O ônus da prova da falsidade de documento ou de preenchimento abusivo é da parte que a arguir, ao passo que o ônus da prova da impug- nação da autenticidade é da parte que produziu o documento. A falsidade de qualquer documento deve ser suscitada por intermédio de uma arguição de falsidade, a ser ofertada na contestação, na réplica ou no prazo de 15 dias a partir da intima- ção da juntada do documento aos autos. Após a arguição, haverá a resolução do tema como questão incidental, ou seja, sem pro- duzir coisa julgada, a não ser que a parte requeira que o juiz decida o tema como questão principal, fazendo com que a solução do tema figure no dispositivo do comando decisório, com a autoridade da coisa julgada. Após a arguição da falsidade, a parte adversa será ouvida no prazo de 15 dias e, concor- dando em retirar o documento, encerra-se a questão. Caso contrário, haverá a necessidade de realização de exame pericial para se decidir sobre a falsidade. De maneira geral, compete ao autor instruir sua petição inicial com a prova documental. O réu, por sua vez, deverá fazê-lo em contestação. De estranhíssima previsão, consta no Có- digo que se o documento consistir em reprodução cinematográfica ou fonográfica, sua expo- sição será realizada em audiência, intimando-se previamente as partes. É possível que determinado documento surja em momento posterior ao da propositura da ação ou ao da oferta da contestação, mas ainda assim as partes poderão juntá-lo ao proces- so. É o chamado documento novo. A parte deve comprovar o motivo que a impediu de juntá-lo anteriormente. Caso o juiz aceite o documento, deve observar o contraditório, com abertura de prazo de 15 dias para oitiva da parte adversa. O réu manifestar-se-á na contestação sobre os documentos anexados à inicial, e o autor manifestar-se-á na réplica sobre os documentos anexados à contestação. Ao se manifestar sobre determinada documentação, a parte pode impugnar sua admissi- bilidade, falar sobre seu conteúdo, bem como impugnar a autenticidade ou suscitar sua falsi- dade. Nestas hipóteses (autenticidade/falsidade), a impugnação deve ser específica. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 25 de 111www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Provas DIREITO PROCESSUAL CIVIL provA testemunhAl Prova testemunhal consiste na oitiva de testemunhas em juízo para fins de comprovação de determinado fato. Para fatos provados por documento ou confissão da parte ou mesmo aqueles que só po- dem ser comprovados por exame pericial, não será possível a oitiva de testemunhas, razão pela qual o juiz indeferirá sua inquirição. Podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto as incapazes, impedidas ou suspeitas. Classificação Hipóteses Incapazes Interdito por enfermidade ou deficiência mental O que, acometido por enfermidade ou retardamento mental, ao tempo em que ocorreram os fatos, não podia discerni-los, ou, ao tempo em que deve depor, não está habilitado a transmitir as percepções Menores de 16 anos O cego e o surdo, quando a ciência do fato depender dos sentidos que lhes faltam Impedidos O cônjuge, o companheiro, o ascendente e o descendente em qualquer grau e o colateral, até o terceiro grau, de alguma das partes, por consanguinidade ou afi- nidade, salvo se o exigir o interesse público ou, tratando-se de causa relativa ao estado da pessoa, não se puder obter de outro modo a prova que o juiz repute necessária ao julgamento do mérito O que é parte na causa O que intervém em nome de uma parte, como o tutor, o representante legal da pessoa jurídica, o juiz, o advogado e outros que assistam ou tenham assistido as partes Suspeitos O inimigo da parte ou o seu amigo íntimo O que tiver interesse no litígio Perceba que os casos de incapacidade dizem respeito à pessoa em si. Ela possui alguma limitação que a torna incapaz de depor. Os impedimentos envolvem questões de ordem sub- jetiva, ou seja, há algumas figuras que o Código presume terem interesse na causa suficiente para impedir sua oitiva, apesar de ser ela hipoteticamente possível. Por fim, os casos de sus- peição são vistos como impedimentos de menor grau. Há uma questão de ordem subjetiva, mas é mais branda e casuística. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 26 de 111www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Provas DIREITO PROCESSUAL CIVIL Sendo necessário, o juiz pode admitir o depoimento das testemunhas impedidas ou sus- peitas, mesmo porque hipoteticamente podem depor. Em relação às testemunhas incapazes, essa brecha é aberta apenas para os menores. Nesse caso não é possível compromissar as testemunhas. É no saneador que o juiz determina a produção da prova testemunhal. Fixará ele prazo não superior a 15 dias para as partes apresentarem o rol de testemunhas. O rol de testemunhas conterá, sempre que possível, o nome, a profissão, o estado civil, a idade, o número de inscrição no CPF, o número do RG e o endereço completo da residência e do local de trabalho. Apresentado o rol, as partes não podem mais substituir testemunhas, a não ser nos casos de falecimento, enfermidade ou se não for encontrada para depor. O Código traz como regra o depoimento na própria audiência de instrução e julgamento. É possível depor por videoconferência também e o Código traz um extenso rol de casos nos quais a pessoa poderá ser inquirida na sua residência ou onde exerça sua função. Art. 454. São inquiridos em sua residência ou onde exercem sua função: I – o presidente e o vice-presidente da República; II – os ministros de Estado; III – os ministros do Supremo Tribunal Federal, os conselheiros do Conselho Nacional de Justiça e os ministros do Superior Tribunal de Justiça, do Superior Tribunal Militar, do Tribunal Superior Eleitoral, do Tribunal Superior do Trabalho e do Tribunal de Contas da União; IV – o procurador-geral da República e os conselheiros do Conselho Nacional do Ministério Público; V – o advogado-geral da União, o procurador-geral do Estado, o procurador-geral do Município, o defensor público-geral federal e o defensor público-geral do Estado; VI – os senadores e os deputados federais; VII – os governadores dos Estados e do Distrito Federal; VIII – o prefeito; IX – os deputados estaduais e distritais; X – os desembargadores dos Tribunais de Justiça, dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais do Trabalho e dos Tribunais Regionais Eleitoraise os conselheiros dos Tribunais de Con- tas dos Estados e do Distrito Federal; XI – o procurador-geral de justiça; XII – o embaixador de país que, por lei ou tratado, concede idêntica prerrogativa a agente diplomá- tico do Brasil. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 27 de 111www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Provas DIREITO PROCESSUAL CIVIL Cabe ao advogado da parte informar ou intimar a testemunha por ele arrolada do dia, da hora e do local da audiência designada, dispensando-se a intimação do juízo. A regra geral, portanto, é que o advogado da parte realize a intimação, que deve ser por AR juntada aos au- tos com antecedência de pelo menos 3 dias da data da audiência. A parte também pode se comprometer a levar a testemunha à audiência independente- mente da intimação, mas caso ela falte, presume-se a desistência da sua inquirição. A intimação judicial de testemunhas é feita apenas quando frustrada a intimação por AR; sua necessidade for demonstrada pela parte ao juiz; figurar no rol de testemunhas servidor público ou militar, situação na qual o juiz requisita ao chefe da repartição ou ao comando do corpo a presença da testemunha; se a testemunha for arrolada pelo MP ou Defensoria; ou se for a testemunha uma daquelas do rol do art. 454 (que podem ser ouvidas em sua residência ou no trabalho). A testemunha intimada pela via judicial ou pelo advogado que deixar de comparecer sem motivo justificado será conduzida e responderá pelas despesas do adiamento. A oitiva das testemunhas segue a seguinte regra: cada uma será ouvida separadamente, primeiro as do autor e depois as do réu. Uma não ouvirá o depoimento das outras. É possível ainda alterar essa ordem se as partes concordarem. Antes de começar a falar, a testemunha será qualificada, ocasião em que pode a parte contrária contraditar a testemunha, arguindo incapacidade, impedimento ou suspeição. Se a testemunha negar a contradita, a parte pode prová-la com documentos ou com outras teste- munhas (no máximo 3), que serão apresentadas no ato e inquiridas em separado. Se a contradita for provada, o juiz dispensa a testemunha ou mesmo pode ouvi-la como informante (sem o compromisso). Ultrapassadas as fases de qualificação e possível contradita, deve o juiz compromissar a testemunha para que ela diga a verdade, sob pena de incorrer em sanção penal por crime de falso testemunho. A parte que arrolou a testemunha começa perguntando e depois a parte adversa. As per- guntas são feitas diretamente, mas o juiz pode não admitir as perguntas que induzam a res- posta ou não tiverem relação com as questões de fato objeto da atividade probatória. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 28 de 111www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Provas DIREITO PROCESSUAL CIVIL O juiz também pode formular perguntas, tanto antes quanto depois da inquirição feita pelas partes. O depoimento pode ser documentado por gravação ou digitado. Se for digitado, devem assinar a ata o juiz, o depoente e os procuradores. O juiz pode ainda, de ofício ou a requerimento das partes, inquirir testemunhas referidas nas declarações das partes ou das testemunhas ou mesmo realizar a acareação, que ocorre quando duas ou mais testemunhas divirjam em suas declarações, situação em que é possível a nova oitiva dos depoentes. A testemunha pode requerer ao juiz o pagamento da despesa que efetuou para compare- cimento à audiência, devendo a parte pagá-la logo que arbitrada ou depositá-la em cartório dentro de três dias. Evidente que o depoimento é um serviço público e por isso não haverá penalidade na au- sência da testemunha de seu serviço habitual (não há desconto de salário nem no tempo de serviço). provA periciAl A prova pericial é realizada por exame, vistoria ou avaliação. Caso a prova do fato não de- penda de conhecimento especial de técnico, for de verificação impraticável ou não depender de conhecimento especial de técnico, o juiz poderá indeferir a perícia. Sempre que o ponto controvertido for de menor complexidade, também, o juiz pode, de ofício ou a requerimento das partes, substituir a perícia pelo que o Código denomina de pro- va técnica simplificada, consistente na inquirição de especialista (com formação acadêmica específica na área objeto do depoimento) pelo juiz sobre o ponto controvertido da causa que demande o especial conhecimento científico ou técnico. Como vimos, é no saneamento do processo que o juiz defere a produção de demais pro- vas, dentre elas a pericial. Se o caso comportar imediato julgamento, novas provas são dis- pensáveis, caso contrário, se houver a necessidade de melhor instrução do processo, passas- se a essa etapa. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 29 de 111www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Provas DIREITO PROCESSUAL CIVIL Ao deferir a prova pericial, o juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e fixa- rá de imediato o prazo para a entrega do laudo. Esse ato processual deverá ser comunicado às partes e ao perito nomeado, evidentemente. As partes, dentro de 15 dias da intimação do despacho de nomeação do perito, podem apresentar seus quesitos, indicar assistente técnico ou arguir impedimento ou suspeição do perito. O perito, por sua vez, em 5 dias, apresentará a proposta de honorários, currículo com comprovação da especialização e contatos profissio- nais. As partes são intimadas da proposta de honorários que o perito apresenta em 5 dias e têm elas também o prazo comum de 5 dias para falar sobre o valor (concordar, pedir para reduzir etc). Chegado ao consenso sobre o valor dos honorários o juiz determina o adiantamento dos honorários. Quem requereu a prova deverá pagar o valor e no caso de determinação de ofício pelo juiz ou se houver o requerimento por ambas as partes, o valor deverá ser rateado. É comum na prática e o Código permite também que haja o pagamento de 50% no início dos trabalhos e o remanescente ao final, depois de entregue o laudo e prestados todos os es- clarecimentos. Quando a perícia for inconclusiva ou deficiente, o juiz poderá também reduzir a remuneração inicialmente arbitrada para o trabalho. É possível também que a perícia seja realizada em localidade diversa da sede do juízo, com a necessidade de expedição de carta. Nesse caso, pode-se nomear o perito e indicar os assistentes técnicos no juízo ao qual se requisitar a perícia. O perito é um auxiliar da justiça e deve cumprir seu encargo escrupulosamente, sem que haja a necessidade de um termo de compromisso para tanto. Vimos que a parte pode arguir impedimento ou suspeição do perito, mas tal regra não se aplica aos assistentes técnicos, que são de confiança de cada parte. O perito deve também assegurar aos assistentes o aces- so e acompanhamento das diligências, comunicando via processo com antecedência mínima de 5 dias. Se o perito, sem motivo legítimo deixar de cumprir o encargo no prazo assinado, o juiz comunicará a ocorrência à corporação profissional e poderá ainda impor multa ao perito com base no valor da causa e no prejuízo decorrente do atraso no processo. Deverá ele também, ao ser substituído, restituir, em 15 dias, os valores recebidos pelo trabalho não realizado, ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 30 de 111www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Provas DIREITO PROCESSUAL CIVIL podendo a parte que efetuou o pagamento ingressar com execução pelo rito do cumprimento de sentença. O Código permite também a escolha, de comum acordo entre as partes, do perito, desde que sejam plenamente capazes e a causa puder ser resolvida por autocomposição. O laudo deve, portanto, ser apresentado dentro do prazo fixado inicialmente pelo juiz em seu despacho. Por motivo justificado, se não for possível apresentar o laudo no prazo,pode o juiz prorrogar pela metade o prazo originalmente fixado. Logo, se o juiz estipulou 60 dias para a entrega do laudo, seria possível a prorrogação por até 30 dias. Finalizado o laudo o perito deve protocolá-lo em juízo pelo menos 20 dias antes da audi- ência de instrução e julgamento. As partes são intimadas para, no prazo comum de 15 dias, manifestarem-se sobre o laudo, podendo o assistente técnico de cada uma das partes em igual prazo apresentar seu parecer. Se sobrevier divergência no parecer do assistente técnico da parte ou dúvida de qualquer das partes, do juiz ou do MP, o perito deve esclarecer o ponto em 15 dias. É possível ainda que o juiz determine que o perito ou o assistente compareçam à audiência de instrução para fins de esclarecimento. O juiz apreciará a prova pericial de acordo com o princípio da comunhão das provas, in- dicando na sentença os motivos que o levaram a considerar ou a deixar de considerar as conclusões do laudo, levando em conta o método utilizado pelo perito (livre convencimento motivado). Veja que pode o juiz portanto discordar do perito. É possível também a determinação de nova perícia, de ofício ou a requerimento da parte, se a matéria não for suficientemente esclarecida, sendo essa medida excepcional. A segunda perícia não substitui a primeira, mas apenas a complementa. inspeção JudiciAl O juiz, pessoalmente, pode inspecionar pessoas ou coisas e a isso dá-se o nome de ins- peção judicial, que tanto pode ocorrer de ofício ou a requerimento da parte. Pode o juiz ir sozinho verificar a pessoa ou a coisa ou mesmo ser assistido por um ou mais peritos. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 31 de 111www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Provas DIREITO PROCESSUAL CIVIL O livre convencimento motivado por si só já justifica a inspeção judicial, ainda assim o Código elencou algumas situações em que a inspeção será cabível, como quando a coisa não puder ser apresentada em juízo sem consideráveis despesas ou graves dificuldades, ou mesmo para reconstituir os fatos ou para melhor verificação ou interpretação do contexto a ser julgado. As partes têm o direito de assistir à inspeção, prestando esclarecimentos e fazendo ob- servações, isso leva a crer, apesar de o Código não ser expresso, que o Juiz deve intimar as partes sobre sua intenção. Concluída a diligência, o juiz manda lavrar autocircunstanciado mencionando tudo quanto for útil ao julgamento da causa, podendo instruir com desenho, gráfico ou fotografia. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 32 de 111www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Provas DIREITO PROCESSUAL CIVIL RESUMO • O Código prevê uma liberdade probatória, por isso as partes podem empregar todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, mesmo que não sejam especifica- dos no Código, para provar a verdade dos fatos. • O juiz pode, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito. • O juiz também pode indeferir diligências inúteis ou meramente protelatórias, desde que o faça em decisão fundamentada. Não há, portanto, direito subjetivo à produção da prova. • Uma vez ingressada a prova no processo, ela se desvincula de quem a produziu para fins de sua avaliação, ou seja, há o que se denomina de princípio da comunhão das provas, por isso o juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu con- vencimento. Como a apreciação probatória é livre, mas vinculada à fundamentação da decisão que a analisar, diz-se que vigora no ordenamento o princípio do livre conven- cimento motivado. • O Código permite o emprego de provas emprestadas, produzidas em outro processo, sendo livre a sua valoração pelo magistrado, desde que seja observado o contraditório, ou seja, devem as partes terem a oportunidade de se manifestarem sobre a prova que ingressa nos autos antes da formação do convencimento do juiz sobre seu conteúdo. • O Código possui uma regra objetiva de distribuição do ônus da prova (distribuição es- tática): cabe ao autor desincumbir-se do seu ônus quanto ao fato constitutivo do seu direito e cabe ao réu essa tarefa quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. • Há a possibilidade ainda de uma distribuição dinâmica do ônus da prova, de forma di- versa à objetivamente exposta no Código. • Nos casos previstos em lei (fato do produto no CDC, p. ex.) ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o en- cargo do ônus da prova ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 33 de 111www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Provas DIREITO PROCESSUAL CIVIL poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. • Essa distribuição diversa do ônus probatório não pode gerar situação em que a desin- cumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil. • As partes, ademais, também podem convencionar, antes ou durante o processo, a dis- tribuição do ônus probatório por regras diversas daquelas objetivamente estabelecidas no Código, desde que não se trate de direito indisponível ou não torne excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito. • Diz o Código que não dependem de prova os fatos: notórios; afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária; admitidos no processo como incontroversos; em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade. • Na avaliação das provas, cabe ao juiz aplicar as regras de experiência comum pela observação do que ordinariamente acontece, bem como regras de experiência técnica. O Código ressalva, quanto às regras de experiência técnica, o exame pericial, ou seja, quando houver alguma situação que demande a análise pericial, não pode o juiz subs- tituir a atividade do perito e manifestar-se a título de emissão de um parecer. • O juiz conhece a lei, portanto cabe à parte provar a alegação dos fatos. O Código ex- cepciona essa regra em relação ao direito municipal, estadual, estrangeiro ou consue- tudinário. Para esses casos, a parte que alegar tais normas deve provar o teor e a vigência de seu conteúdo caso o juiz determine. Se nada determinar, segue-se a regra geral de que o juiz conhece a lei. • A carta precatória, a carta rogatória e o auxílio direto suspenderão o julgamento da causa no caso de a sentença de mérito tiver de ser proferida somente após a verifica- ção de determinado fato ou da produção de certa prova, quando, tendo sido requeridos antes da decisão de saneamento, a prova neles solicitada for imprescindível. • Ninguém se exime do dever de colaborar com o Poder Judiciário para o descobrimento da verdade, mas as partes têm o direito de não produzir prova contra si própria. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 34 de 111www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Provas DIREITO PROCESSUAL CIVIL • O terceiro, por sua vez, tem a incumbência de informar ao juiz os fatos e circunstâncias de que tenha conhecimento e exibir coisas ou documentos que estejam em seu poder, sob pena de imposição de multa ou outras medidas indutivas, coercitivas, mandamen- tais ou sub-rogatórias. • A produção antecipada da prova será admitida nos casos em que: haja fundado receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil a verificação de certos fatos na pendência da ação; a prova a ser produzida seja suscetível de viabilizar a autocompo- sição ou outro meio adequado de solução de conflito;o prévio conhecimento dos fatos possa justificar ou evitar o ajuizamento de ação. • A competência para a ação de produção antecipada da prova é do juízo do foro onde a prova deva ser produzida ou no foro do domicílio do réu, sendo que eventual futura ação a ser proposta com base nessa prova não tem a competência preventa, ou seja, não será necessariamente ajuizada na pretérita ação de provas. • Caso não haja vara federal na localidade, ainda que a prova seja requerida em face da União, autarquias ou empresas públicas federais, caberá ao juízo estadual a compe- tência para a ação de provas. • É possível ainda que a parte pretenda apenas justificar a existência de algum fato ou relação jurídica para simples documentação, sem necessariamente o caráter conten- cioso, situação que se amolda à ação de produção antecipada de provas. Nesse caso, aliás, não há a determinação de citação do interessado na produção da prova ou no fato a ser provado, por não existir propriamente. • Como dito, a produção antecipada de provas possui natureza de ação, e cabe ao autor, na petição inicial, apresentar as razões que justificam a necessidade da antecipação da prova. Recebida a inicial, o juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determina a ci- tação do interessado na produção da prova ou no fato a ser provado, exceto se inexistir caráter contencioso, situação na qual não haverá a necessidade de citação, justamente porque o Código presume não haver interessados. • O juiz não se pronunciará sobre a ocorrência ou a inocorrência do fato, nem sobre as respectivas consequências jurídicas. Nessa ação há apenas o objetivo da produção ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 35 de 111www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Provas DIREITO PROCESSUAL CIVIL da prova em si, não da sua valoração. Por isso não há defesa ou recurso nessa ação, salvo contra a decisão que indefere totalmente a produção da prova pleiteada pelo re- querente originário. O recurso, no caso, é a apelação, tendo em vista a negativa total da produção da prova e a extinção do processo. • Na hipótese de a ação de produção de provas possuir caráter contencioso, há a citação dos interessados na produção da prova ou no fato a ser provado, que poderão requerer também a produção de qualquer prova no mesmo procedimento, desde que relaciona- da ao mesmo fato. Se esse requerimento acarretar excessiva demora na finalização da ação, a produção conjunta da prova pode ser negada, decisão contra a qual não cabe recurso. • Uma vez finalizada a produção da prova, os autos permanecem em cartório durante um mês para extração de cópias e certidões pelos interessados. Depois desse prazo, os autos são entregues ao promovente da medida, ou seja, o autor da ação. • Cabe à parte requerer o depoimento pessoal da outra parte. • O juiz também pode ordenar de ofício o depoimento pessoal de qualquer das partes. • Se a parte, pessoalmente intimada para prestar depoimento pessoal e advertida da pena de confesso, não comparecer ou, comparecendo, se recusar a depor, o juiz apli- car-lhe-á a pena de presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor, ou seja, há confissão tácita. • Quando a parte, sem motivo justificado, deixar de responder ao que lhe for perguntado ou empregar evasivas, o juiz, apreciando as demais circunstâncias e os elementos de prova, declarará, na sentença, se houve recusa de depor e também considerará a con- fissão tácita no caso. • Não é possível quem ainda não depôs assistir ao interrogatório da outra parte. • O depoimento pessoal da parte que residir em comarca, seção ou subseção judiciária diversa daquela onde tramita o processo poderá ser colhido por meio de videoconfe- rência ou outro recurso tecnológico. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 36 de 111www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Provas DIREITO PROCESSUAL CIVIL • Durante o depoimento a parte não pode se servir de escritos anteriormente preparados, mas é possível consultar notas breves, apenas a título de complementação dos escla- recimentos. O que o Código veda é transformar o depoimento pessoal em uma leitura de provas documentais. • A parte, como visto, deve falar o que sabe, sem evasivas, caso contrário haverá a pre- sunção de veracidade das alegações. Há, contudo, fatos sobre os quais a parte não é obrigada a depor (desde que não seja ação de estado e de família): criminosos ou torpes que lhe forem imputados (em respeito ao direito à não autoincriminação); a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo; acerca dos quais não possa responder sem desonra própria, de seu cônjuge, de seu companheiro ou de parente em grau sucessível; que coloquem em perigo a vida do depoente ou de seu cônjuge, de seu companheiro ou de parente em grau sucessível. • A confissão ocorre quando a parte admite a verdade de fato contrário ao seu interesse e favorável ao do adversário. Pode a confissão ser judicial ou extrajudicial. • A confissão judicial pode ser espontânea, ocasião em que poderá ser feita pela própria parte ou por representante com poder especial, situação em que a confissão somente é eficaz nos limites em que este pode vincular o representado. • Também pode a confissão ser provocada, desde que mantenha seu caráter de volunta- riedade, ocasião em que constará do termo de depoimento pessoal. • A confissão é ato pessoal, portanto faz prova contra o confitente, mas não prejudica os litisconsortes. Justamente por isso, a confissão de um cônjuge ou companheiro não valerá sem a do outro, salvo se o regime de casamento for o de separação absoluta de bens, nas ações que versarem sobre imóveis ou direitos reais sobre imóveis alheios. • Se o caso versar sobre direito indisponível, o Código não permite a confissão, além do mais, se aquele que confessa não for capaz de dispor do direito a que se referem os fatos confessados, considera-se o ato como ineficaz. ************ https://www.grancursosonline.com.br https://www.grancursosonline.com.br 37 de 111www.grancursosonline.com.br Thiago Pivotto Provas DIREITO PROCESSUAL CIVIL • A confissão é irrevogável, mas pode ela ser anulada se configurado erro de fato ou coação. Na ação de anulação de confissão, a legitimidade é exclusiva do confitente, com possibilidade de transferência aos herdeiros se o falecimento ocorrer após a pro- positura. • A confissão é, em regra, indivisível, não podendo a parte que a quiser invocar como prova aceitá-la no tópico que a beneficiar e rejeitá-la no que lhe for desfavorável, po- rém cindir-se-á quando o confitente a ela aduzir fatos novos, capazes de constituir fundamento de defesa de direito material ou de reconvenção. • O pedido de exibição de documento ou coisa deve conter a individuação do documento ou da coisa, a finalidade da prova e as circunstâncias em que se funda o requerente para afirmar que o documento ou coisa esteja em poder da parte contrária. • Com a petição protocolada, o juiz intimará o requerido para responder em 5 dias. Dian- te dessa intimação, pode o requerido apresentar o documento ou coisa, seguindo-se normalmente o processo, ou afirmar que não possui o documento ou a coisa, ocasião em que poderá provar tal alegação. • O Código prevê ainda três situações nas quais a recusa em apresentar o documento ou a coisa não serão aceitas. Logo, o juiz não admitirá a recusa se: o requerido tiver obri- gação legal de exibir; o requerido tiver aludido ao documento ou à coisa, no processo, com o intuito de constituir prova; o documento, por seu conteúdo, for comum às partes. • Na situação de omissão à intimação ou mesmo recusa ilegítima à apresentação do documento ou da coisa, o juiz decidirá o pedido, admitindo como verdadeiros os fatos que, por meio do documento ou da coisa, a parte pretendia provar. • Há situações, contudo, em
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