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INSTITUTO FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE DIRETORIA ACADÊMICA DE RECURSOS NATURAIS DISCIPLINA DE ECOLOGIA DO SEMIÁRIDO FRANCISCO CANINDÉ DA SILVA MAYRA ISABEL NASCIMENTO SOARES TAIZE GOMES DA SILVA LUIZ EDUARDO LIMA DE MELO O SEMIÁRIDO BRASILEIRO NATAL/RN 2020 1 INTRODUÇÃO 1.1 Considerações gerais sobre o semiárido brasileiro Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE), o semiárido é uma região delimitada pela Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) considerando condições climáticas dominantes de semiaridez, em especial a precipitação pluviométrica. Como reflexo das condições climáticas, a hidrografia frágil, em seus amplos aspectos, sendo insuficiente para sustentar rios caudalosos que se mantem perenes nos longos períodos de ausência de precipitações. Constitui-se exceção o rio São Francisco. Devido às características hidrológicas que possui, as quais permitem a sua sustentação durante o ano todo, o rio São Francisco adquire uma significação especial para as populações ribeirinhas e da zona do sertão. De acordo com a Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), o semiárido é um espaço com grande concentração de terra, da água e dos meios de comunicação, que historicamente sempre estiveram nas mãos de uma pequena elite. Essa situação gera níveis altíssimos de exclusão social e de degradação ambiental e são fatores determinantes da crise socioambiental e econômica vivida na região. As contradições e injustiças sociais que permeiam a região podem ser percebidas inclusive no acesso à renda, que reflete também uma forte desigualdade de gênero. Segundo dados do IBGE (Censo Demográfico 2000), metade da população no Semiárido, ou mais de oito milhões de pessoas, não possui renda monetária ou tem como única fonte de rendimento os benefícios governamentais, a maioria (59,5%) são mulheres. Os que dispõem de até um salário mínimo mensal somam mais de cinco milhões de pessoas (31,4%), sendo 47% mulheres. Enquanto isso, apenas 5,5% dispõe de uma renda entre dois a cinco salários mínimos, a maioria (67%) homens, e dos 0,15% com renda acima de 30 salários mínimos apenas 18% são mulheres (ASABRASIL, 2018). 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 Aspectos Geográficos O semiárido brasileiro é uma região que ocupa cerca 12% do território nacional, 1,03 milhões de km², e abrange 1.262 municípios brasileiros, considerando a delimitação atual divulgada em 2017 pela (resolução 115, de 23 de novembro de 2017), da Sudene. Aproximadamente 27 milhões de brasileiros, 12% da população brasileira, vivem na região, segundo informação divulgada pelo Ministério da Integração Nacional. Um dado interessante com relação à população do Semiárido é que se encontram nele cerca de 81% das comunidades quilombolas de todo o Brasil. A maior parte do Semiárido situa-se no Nordeste do país e também se estende pela parte setentrional de Minas Gerais no Norte mineiro e o Vale do Jequitinhonha, ocupando cerca de 18% do território do estado. No Nordeste, dos seus nove estados, metade tem mais de 85% de sua área caracterizada como semiárida, sendo o Ceará o que possui a maior parte de seu território com esse perfil. Em número de municípios, os estados com maior quantidade são Bahia (278), Paraíba (194), Piauí (185), Ceará (175), Rio Grande do Norte (147) e Pernambuco (123). O Maranhão passou a fazer parte do Semiárido Legal em 2017 (ASABRASIL, 2018). Mapa de Delimitação do Semiárido As diversas tentativas de definir limites para a zona seca/xérica do Brasil conhecida no passado como Polígono das Secas e atualmente como Semiárido Brasileiro – SAB ou Região Semiárida – RSA sempre foram motivo de críticas pela não inclusão de diversos municípios e estados, o que sempre acarretou o não acesso as benesses fiscais e econômicas e de infraestrutura. Definidos critérios mais técnicos a partir de 2005 e endossados a partir de 2017, onde o Semiárido passou a englobar 1.262 municípios de 10 estados e 02 regiões geográficas totalizando uma área de 1.128.697,397 km2 segundo a Sudene. Entretanto, verificou-se que ao acessar no banco de dados oficial do IBGE a área territorial dos municípios abrangidos e comparado com o banco de dados da Sudene houve grandes distorções de áreas municipais o que pode vir a computar como prejuízo em termos de territorialidade, diagnose, planejamento e gestão (SOUZA et. Al, 2019). O Semiárido brasileiro possui uma nova configuração e conta com mais 73 municípios distribuídos em sete estados: Bahia, Ceará, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco e Piauí. A medida foi aprovada no dia 23 de novembro, pelo Conselho Deliberativo (CONDEL) da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), presidido pelo ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho. Com o acréscimo das novas localidades, o mapa do Semiárido atualmente passou a ter 1.262 municípios e uma população total de 27.870.241 habitantes, com densidade demográfica de 25 hab/km². O diretor do INSA, Salomão de Sousa Medeiros, afirma que “as novas dimensões do Semiárido brasileiro reforçam o desafio da Ciência, Tecnologia e Inovação nas áreas sociais, econômicas e ambientais para construção de uma sociedade mais igualitária. Dos municípios acrescentados no Semiárido 09 se encontram na Bahia, 10 no Ceará, 02 no Maranhão, 06 em Minas Gerais, 24 na Paraíba, 01 em Pernambuco e 21 no Piauí. 2.2 Aspectos Demográficos da População Em relação aos aspectos demográficos, no ano de 2007, a comunidade nordestina era ao que se pode compara a 28,0% da população do país, estimada em cerca de 51.507.545 habitantes segundo o IBGE (2007). Quando estudado o período de 2000 a 2007, é possível observa que esta população se manteve estável, visto que em 2000, a região nordeste do Brasil contava com 28,1 da população brasileira. Ainda segundo dados do IBGE semiárido Brasileiro, no ano de 2000, apresentava 20.877.925 habitantes, o que representa 42,8% de todo região nordeste. Se em 1970 a população do semiárido setentrional representava 32,5% da população Nordestina e 54,6% das UFs que têm seus territórios incluídos no semiárido, em 2010 essa participação reduziu-se para 26,7% e 46,6%, respectivamente. De fato, desde a criação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) em 1959, a dimensão demográfica se colocava como um desafio a ser enfrentado. Ou seja, como apontado por Furtado (1959), a densidade demográfica do semiárido seria incompatível com o desenvolvimento econômico da região (OJIMA; FUSCO, 2016). Sendo um dos mais populosos do mundo o Semiárido brasileiro, abriga a parcela mais pobre da população podemos associa estas características as condições climáticas que apresenta altas temperaturas (entre 25 °C e acima de 28°C), resultando na baixa umidade do ar, além de longos períodos de estiagem, com chuvas escassas e mal distribuídas, correlacionados aos outros fatores históricos, geográficos e políticos que remontam centenas de anos. (NORDESTE, 1999). 2.3 Aspectos Físicos Clima Na região semiárida, as temperaturas médias anuais variam entre 23 ºC e 27 ºC, com desvio médio mensal menor que 5 ºC e variações diárias entre 5 ºC e 10 ºC. A umidade relativa média é de 50% e o período de insolação atinge valores de 2.800 h. ano. A evapotranspiração potencial - ETP oscila entre 1.500 mm. ano e 2.000 mm. Ano (SUDENE, 1985), sendo esta faixa de variação relativamente estável para todo o Semiárido (MENEZES; SAMPAIO, 2000; SALCEDO; SAMPAIO, 2008). Nas regiões das caatingas, o tipoclimático é o BSh de Köppen, ou seja, semiárido muito quente, com predomínio de precipitações pluviométricas médias anuais entre 400 mm e 650 mm (JACOMINE; CAVALCANTE, 1989), com chuvas irregulares e concentradas em 2 a 3 meses do ano, ocorrendo, por vezes, chuvas intensas (120 mm a 130 mm) num período de 24 horas. O período seco varia de 6 a 8 meses, podendo atingir até 11 meses sem chuvas nas áreas de aridez mais acentuadas (JACOMINE, 1996). Em algumas áreas, verifica-se a ocorrência dos tipos climáticos Aw e As, segundo Köppen, podendo também ocorrer precipitações mais elevadas, com médias anuais entre 650 mm e 800 mm ou mais. Hidrografia No nordeste brasileiro, 28% da população do país tem potencial médio de água doce nos rios de 186,2 km³/ano, possuindo míseros 3%, 2/3 dos quais localizados na bacia do rio São Francisco. A indagação a ser feita é se 1/3 restante representa volumes suficientes para o atendimento das demandas hídricas da população do Semiárido, estimada, atualmente, em 28 milhões de pessoas. Na avaliação subsequente, chega-se à conclusão de que esse volume é mais do que suficiente para esse atendimento (SUASSUNA, 2012). Dos estados nordestinos, pertencentes ao Semiárido, apenas o Piauí está em situação confortável, sendo um estado rico em ofertas hídricas, pelo fato de fornecer volumes superiores a 5.000 m³/habitante/ano, fato este advindo de riqueza significativa de água em seu subsolo e da existência de um grande rio perene, o Parnaíba , que faz fronteira com o estado do Maranhão. O estado da Bahia, em situação limite em termos de oferta hídrica, com fornecimentos volumétricos superiores a 2.500 m³/habitante/ano, chega a ter mais água do que o estado de São Paulo, por ser beneficiado por aquelas do Rio São Francisco e possuir áreas sedimentares esparsas, mas significativas, em seu território (SUASSUNA, 2012). De acordo com Suassuna (2012), A situação dos demais estados é preocupante, pobres em água, pelo fato de fornecerem volumes inferiores a 2.500 m³/habitante/ano), destacando-se, entre eles, Paraíba e Pernambuco como estados campensíssimos em baixa oferta hídrica para seus habitantes, cabendo, a este último, o fornecimento de apenas 1.320 m³/habitante/ano). Apesar da pobreza hídrica reinante, vale destaque nessa classe de disponibilidade, o fato de o estado do Ceará, com 2.436 m³/habitante/ano, ter mais água do que a Alemanha, que só consegue disponibilizar 2.000 m³/habitante/ano. Geologia A geologia no ambiente semiárido é bastante variável, porém com predomínio de rochas cristalinas, seguidas de áreas sedimentares. Em menor proporção, encontram-se áreas de cristalino com cobertura pouco espessa de sedimentos arenosos ou arenoargilosos (CUNHA et al, 2010). Além do clima, a geologia e o material de origem exercem grande papel na formação dos solos do Semiárido, em função da grande diversidade litológica. Segundo Brasil (1974) e Jacomini (1996), destacam-se na região: áreas do cristalino, com predomínio de gnaisses, granitos, magmáticos e xistos e áreas do cristalino recoberto por materiais arenosos ou argilosos; áreas sedimentares com sedimentos aluviais recentes, relacionados ao período Holoceno; sedimentos predominantemente arenosos e calcários relacionados ao período cretáceo ou mais recente; sedimentos arenosos e arenoargilosos e capeamentos de materiais da mesma natureza relacionados ao Terciário; arenitos e mistura destes com sedimentos mais argilosos relacionados ao Devoniano médio e inferior e ao Siluriano. Em consequência da diversidade de material de origem, de relevo e da intensidade de aridez do clima, verifica-se a ocorrência de diversas classes de solo, os quais se apresentam em grandes extensões de solos jovens e, também, solos evoluídos e profundos (REBOUÇAS, 1999; CUNHA et al., 2008). Quatro ordens de solo (Latossolos - 19%; Neossolos Litólicos - 19%, Argissolos -15% e Luvissolos - 13%), de um total de 15 tipos de solo, ocupam 66% das áreas sob caatinga, embora estejam espacialmente fracionadas (SALCEDO; SAMPAIO, 2008). Relevo Topograficamente, a região semiárida é bastante variável, caracterizando-se por apresentar relevo variando de plano a forte ondulado. A altitude média varia entre 400 m e 500 m, podendo atingir 1.000 m, como, por exemplo, no planalto da Borborema. Também, podem ser verificadas outras superfícies de menor extensão, como bacias sedimentares (Jatobá-Tucano) com relevo suave ondulado; superfícies cársticas (Irecê, chapada do Apodi, norte de Minas Gerais e sul da Bahia); superfícies dissecadas (Vale do Rio Gurgueia); tabuleiros costeiros com relevo plano ou suave ondulado; baixadas aluviais, maciços, serras, serrotes e inselbergues dispersos na região (JACOMINE, 1996). Cerca de 37% da área é de encostas com 4% a 12% de declive e 20% das encostas apresentam inclinação maior do que 12%, determinando presença marcante de processos erosivos nas áreas antropizadas (SILVA, 2000). 2.4 Aspectos Bióticos Caatinga é o nome dado ao tipo de vegetação dominante no nordeste do Brasil, que ocupa todos os estados da região Nordeste, com exceção do Maranhão, e o norte de Minas Gerais. Essa vegetação é constituída principalmente por árvores baixas e arbustos profusamente ramificados, frequentemente armados com espinhos ou acúleos, geralmente com folhas pequenas, entremeados com plantas suculentas, geralmente cactos, e um estrato herbáceo formado por plantas anuais, principalmente terófitos, bromélias terrestres e cactos rasteiros. Além disso, a vegetação é fortemente sazonal, apresentando um aspecto luxuriante na estação chuvosa, quando as árvores e arbustos apresentam folhas novas e flores em profusão. Isso contrasta fortemente com o aspecto desolador da estação seca, quando as plantas estão despidas da folhagem e quase não se nota sinal de vida (QUEIROZ et al. 2017). A Flora da Caatinga é constituída principalmente por espécies arbóreas de porte baixo e arbustivas, muitas dessas espécies apresentam características peculiares para lidar com o período de estiagem como folhas pequenas, presença de acúleos e espinhos, deciduidade, xilopódios para armazenamento de água e caule verde para realização de fotossíntese (SENA 2011; FERNANDES; QUEIROZ, 2018). A Caatinga possui diferentes fisionomias, que se referem aos diferentes aspectos visuais da vegetação, que podem variar dependendo das chuvas e dos solos (LEAL et al. 2003). A Caatinga é uma das florestas secas com maior riqueza de espécies de plantas, nela ocorrem mais de 3.000 espécies de angiospermas pertencentes a 152 famílias botânicas, onde as mais representativas são Leguminosae, Euphorbiaceae (QUEIROZ et al.2017). As famílias que contêm espécies suculentas, Cactaceae e Bromeliaceae, são bem características da Caatinga e possuem metabolismo ácido das crassuláceas como estratégia para lidar com a aridez (FERNANDES; QUEIROZ, 2018) A Fauna da Caatinga, além de ser altamente diversa, possui um alto nível de endemismo principalmente de répteis e anfíbios (GARDA et al.2018). Os dados sobre quantidade de espécies de vertebrados da Caatinga subiu bastante de 2003 até 2017 saindo de 1060 para 1439 espécies descritas para todos os grupos de vertebrados, um aumento de quase 36% na riqueza de espécies conhecidas, comprovando a alta diversidade da região (GARDA et al.2018; LEAL et al. 2003). Além disso, é esperado ainda conhecer mais espécies deste ambiente, contudo o incentivo para estudos nesse tipo de ambiente ainda é escasso apesar de esse se mostrar um ambiente de grande potencial para novas descobertas principalmente devido a suas características ambientais. 2.5 Aspectos CulturaisA região que abrange a Caatinga é uma das que está de maneira mais forte no imaginário da nação brasileira por possuir traços de identidade e simbolismo que refletem a história, a resistência e a tenacidade de sua população local. Cordel, emboladas, xilogravuras, romance regional, maracatu, artesanatos figurativos, bumba-meu-boi, cangaço, banda de pífanos, feiras, vaquejadas, festas juninas e rendas de bilro, compõem um portfólio de histórias, cenários e produtos que falam do e para o sertão brasileiro. De acordo com Rodrigues (2013), não é de se admirar que o semiárido brasileiro seja o berço de muitas manifestações culturais genuinamente brasileiras e nordestinas. Personalidades como Jorge Amado, Ariano Suassuna, João Cabral de Melo Neto, Luiz Gonzaga e Alceu Valença são conhecidos nacionalmente por trazer a identidade do homem sertanejo, nordestino, em sua arte. Uma arte em que o artista fala do meio em que vive, da paisagem que vê de sua janela, que vai muito além do céu vasto e da terra seca com a vegetação causticada pelo sol. Há também uma manifestação artística genuinamente nordestina com raízes na cultura popular, mas de caráter erudito: a poesia, a música, o teatro, a literatura e outras manifestações do Movimento Armorial, nascida em Pernambuco em meados da década de 1970, que tem Ariano Suassuna como seu principal idealizador (RODRIGUES, 2013). No Sertão, vaqueiros mantêm o consumo de pratos simples e resistentes, feitos com carne de sol, mandioca, milho e feijão. O azeite de dendê, tempero presente em boa parte dos pratos típicos, assim como a pimenta malagueta, foram trazidos pelos africanos. O acarajé e o vatapá são frutos dessa mistura cultural. Trata-se de uma culinária rica em temperos e em criatividade (WOLLINGER, 2015). Segundo Machado (2009), para lidar com o gado na caatinga cheia de galhos e espinhos é muito difícil, por isso o vaqueiro tem que usar uma roupa própria, com condições de enfrentá-la e que funcione como uma couraça ou armadura. A vestimenta do vaqueiro é caracterizada pela predominância do couro cru e curtido, geralmente, utilizando-se processos primitivos, o que o deixa da cor de ferrugem, flexível e macio O gibão é enfeitado com pespontos e fechado com cordões de couro. O parapeito ou peitoral é seguro por uma alça que passa pelo pescoço. As perneiras que cobrem as pernas do pé até a virilha, são presas na cintura para que o corpo fique livre para cavalgar. As luvas cobrem as costas das mãos, deixando os dedos livres e nos pés o vaqueiro usa alpercatas ou botinas. O jaleco parece um bolero, feito de couro de carneiro, sendo usado geralmente em festas. Tem duas frentes: uma para o frio da noite, onde conserva a lã, outra de couro liso para o calor do dia. O chapéu protege o vaqueiro do sol e dos golpes dos espinhos e dos galhos da caatinga e, às vezes, a sua copa é usada para beber água ou comer (MACHADO, 2009) 2.6 Atividades Econômicas O semiárido é composto de uma economia de subsistência, com plantações isoladas, ou consorciadas. Isto significa, não existirem excedentes para exportações e, se alguém fizer, faz contra os princípios da própria economia. Um fato é que a economia semiárida importa muitos produtos que a produção local não consegue fabricar. Algumas produções mais expressivas não se encontram no semiárido, mas em regiões ricas e é nesta área que se dá um nível maior de exploração do trabalho humano (GONZAGA, 2006). Ainda de acordo com Gonzaga (2006), a economia do semiárido, não está só na agricultura, pois nos períodos sazonais, esses agricultores têm que procurar uma outra atividade para a sua sobrevivência e isto é feito nos trabalhos com couro, pago aos trabalhadores pela sua produtividade. A pequena produção nas cidades, ou até mesmo no campo, participa da sobrevivência do sertanejo, ou caririzeiro que, fora da agricultura ou pecuária, procura uma outra maneira de ganhar a vida. Para a região semiárida falta apenas uma política séria para tornar viável a vida no campo, como produção e atividade pertinente à sobrevivência daquele que nasceu e sobrevive do que existe em sua localidade, pois somente com condições de vida ao agricultor do semiárido, é que se fará uma região promissora. A produção na região semiárida é estritamente de sobrevivência e em pequena escala, pois vasta área desta região é desertificada pelos efeitos das secas, que constantemente assolam toda esta área. Predominam grandes áreas improdutivas, em termos de agricultura, onde a pecuária é sua principal atividade. A intensificação do semiárido faz com que, áreas e áreas de terras secas só produzam palmas. Somente nas áreas de vazante é que se produzem capim e outras culturas dos tipos tomate e banana, mas o pouco que produz, não tem mercados satisfatórios e isto gera um preço baixo. Com os rios, tem-se uma pequena irrigação, que implementa uma produção, em escala maior, e aparece um outro problema, que é a falta de financiamento (GONZAGA, 2006) 2.7 Estratégias humanas para convivência com a seca As ações de combate à seca decorriam também de uma visão tecnicista das problemáticas do semiárido. A Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (IOCS), órgão governamental de engenharia criado em 1909 para atuar na região, considerava que o combate à seca consistia, sobretudo no armazenamento de água (política de açudagem), esquecendo-se, no entanto, “que a água armazenada era, em grande parte, perdida pela evaporação, em um clima quente e seco” (ANDRADE, 1999). Ao analisar essa forma de intervenção no semiárido, Aziz Ab’Sáber (1999), indica outras falhas de funcionalidade social dos grandes açudes que não foram concebidos para garantir melhoras na produção agrícolas. Alguns estavam localizados longe de várzeas irrigáveis e os que favoreciam a distribuição de água por gravidade para áreas irrigáveis atendiam a um número limitado de famílias. A seca surge como empecilho natural, um elemento que deve ser combatido. Por isso a lógica do combate à seca é reducionista. Resulta na manutenção da miséria. Funciona como uma estratégia perversa de manutenção e controle de uma região que, a princípio, e com raras exceções, não cabe na lógica do modelo de desenvolvimento que predomina (SILVA, 2003). Em 1959, o Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste (GTDN), alertava sobre a ineficiência do combate aos efeitos da seca: “Por motivos diferentes, nem as medidas de curto prazo nem as de longo prazo contribuíram, até o presente, para modificar fundamentalmente, os dados do problema” (GTDN, 1959, p. 70). 2.8 Áreas Prioritárias Para Conservação e Pesquisa do Bioma Caatinga Foram identificadas 82 áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade da Caatinga. Dessas áreas, 27 foram classificadas como de extrema importância biológica, 12 como de muito alta importância, 18 como de alta importância e 25 como insuficientemente conhecidas, mas de provável importância. Além dessas, um corredor conectando áreas prioritárias em Minas Gerais e na Bahia também foi proposto (SILVA, et al. 2004). Segundo Silva (2004), a proteção integral foi a ação mais recomendada para a maioria (54,8%) das áreas prioritárias. Indicou-se tal ação para 81% das áreas de extrema importância, para 75% das de muito alta importância, e para 72% das de alta importância. Em contrapartida, e como esperado, a principal ação proposta para a maior parte (96%) das áreas insuficientemente conhecidas foi a investigação científica. Sugeriu-se a realização urgente da ação recomendada para 43,9% das áreas, ou seja, para a maioria; a curto prazo para 30,5% delas; e a médio prazo para 25,6%. As áreas de extrema importância localizam-se no entorno de alguns brejose de áreas montanhosas úmidas antes revestidas de florestas, tais como as do Planalto da Ibiapaba do Norte/Jaburuca, da Serra de Baturité, da Chapada do Araripe, da serra Negra e de Caruaru; as situadas ao longo do rio São Francisco, como, por exemplo, Bom Jesus da Lapa, Peruaçu/ Jaíba, Ibotirama, médio do rio São Francisco e Xingó; e bem como aquelas que estão no centro do estado da Bahia: Itaetê/Abaíra, Morro do Chapéu, Senhor do Bonfim e Raso da Catarina. Entre as áreas de extrema importância duas são dignas de nota: o Parque Nacional da Serra da Capivara e o médio rio São Francisco (SILVA et al. 2004). 2.9 Unidades de conservação existentes no bioma caatinga As unidades de conservação (UCs) são áreas de proteção ambiental, instituídas pelo poder público, com base na Lei no 9.985, de 2000, que criou o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Estão divididas em dois grupos: as de proteção integral e as de uso sustentável. As unidades de proteção integral não podem ser habitadas pelo ser humano, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais em atividades como pesquisas científicas e turismo ecológico. Já as unidades de conservação de uso sustentável admitem a presença de moradores. Elas têm como objetivo compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável dos recursos naturais. Atualmente existem 129 UCs que resguardam 7,5% do bioma, no qual 1,2% dessas áreas protegidas pertence ao grupo de proteção integral e 6,3% ao de uso sustentável, de acordo com o Cadastro Nacional de Unidades de Conservação (CNUC/MMA, 2015). O objetivo de criar unidades de conservação na caatinga vai além da conservação da biodiversidade, essas áreas representam uma oportunidade para frear ou diminuir os efeitos da degradação e desertificação de novas no bioma (BARBOSA, et al, 2005). Em abril de 2018, as áreas de proteção ambiental da Caatinga foram ampliadas com a criação de duas novas unidades de conservação: o Parque Nacional do Boqueirão da Onça, com 3.450 km2, e a Área de Proteção Ambiental (APA) do Boqueirão da Onça, com aproximadamente 5.050 km2, ambas na Bahia. As novas áreas agregaram ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) cerca de 8.500 km2. O Parna do Boqueirão da Onça é a segunda maior unidade de conservação de proteção integral do bioma Caatinga e sua criação vai facilitar a realização de estudos e coleta de dados da biodiversidade do bioma. (FUNDAJ, 2019). Segundo a Fundação Joaquim Nabuco (2019), na Caatinga, atualmente, existem quatro categorias de unidades de conservação de proteção integral. Com base nos dados do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão responsável pela gestão das unidades de conservação no âmbito federal, as unidades de conservação de proteção integral são apresentadas no quadro abaixo. Fonte: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio) Apesar das ameaças ao bioma Caatinga, a área de conservação de proteção integral das suas florestas remanescentes ainda é extremamente pequena. 2.10 Geoparque Seridó Geoparques são áreas geográficas únicas e unificadas, nas quais há locais e paisagens de significado geológico internacional, sendo gerados com um conceito holístico de proteção, educação e desenvolvimento sustentável. Para Farsani et al (2010), Geoparques são territórios com limites bem definidos e que apresentam um notável patrimônio geológico de importância internacional, nacional e regional, ligados a uma estratégia de desenvolvimento sustentável. Integra locais de interesse geológico de especial valor científico, mas também educativo e turístico, conhecidos como geossítios. Estabelecido em uma área de 2.800 quilômetros quadrados, o Geoparque Seridó abraça os municípios de Cerro Corá, Lagoa Nova, Currais Novos, Acari, Carnaúba dos Dantas e Parelhas. Cada um desses lugares possui características muito específicas, culturas e comportamentos significativos para constituição dessa região maior, que é o Seridó potiguar (BAL et al, 2019). Fonte: Portal UFRN, 2019 O Geoparque Seridó tem ainda 21 geossítios que imprimem, cada um deles, traços bastante singulares, são eles Serra Verde, Cruzeiro de Cerro Corá, Nascente do Rio Potengi, Vale Vulcânico, Mirante de Santa Rita, Tanque dos Poscianos, Lagoa do Santo, Pico do Totoró, Mina Brejuí, Cânions dos Apertados, Açude Gargalheiras, Poço do Arroz, Cruzeiro de Acari, Morro do Cruzeiro, Marmitas do Rio Carnaúba, Serra da Rajada, Monte do Galo, Xiquexique, Cachoeira dos Fundões, Açude Boqueirão e Mirador (BAL et al. 2019). Fonte: Portal UFRN, 2019 Fonte: Portal UFRN, 2019 2.11 Núcleos de Desertificação existentes no Semiárido A desertificação é um problema de dimensões globais que afeta as regiões de clima árido, semiárido e subúmido seco da Terra, resultante de vários fatores que envolvem variações climáticas e atividades humanas (BRASIL, 2006). O processo de desertificação quase sempre se inicia com o desmatamento e a substituição da vegetação nativa por outra cultivada, de porte e/ou ciclo de vida diferente. Assim, a vegetação arbustiva e arbórea da caatinga, dominante no semiárido é substituída por pastos herbáceos ou culturas de ciclo curto. O cultivo continuado, com a retirada dos produtos agrícolas e sem reposição dos nutrientes retirados, leva à perda da fertilidade (SAMPAIO ET AL., 2003; DUBEUX JR ET AL., 2005; PEREZ-MARIN ET AL., 2006). Nas áreas irrigadas, por sua vez, o uso de águas com elevados teores de sais, o manejo inadequado dos ciclos de molhamento e a ausência de drenagem levam à salinização (CORDEIRO, 1988; FREIRE, ET AL. 2003A, 2003B; LEAL ET AT., 2008). Ademais, o uso de equipamentos pesados, em solos de textura pesada e com teores de água inadequados, dá lugar à compactação. Salinização e compactação do solo tipificam áreas degradadas. Entre esses processos impactantes sobre o meio ambiente, a erosão é considerada o principal fator de degradação do solo no SAB. Trata-se de um processo por meio do qual as partículas mais finas e ativas do solo, no aspecto físico, químico e biológico, são deslocadas e removidas para outros locais pela ação da água ou do vento (GALINDO ET AL., 2005). De acordo com o Portal do INSA, o Semiárido brasileiro possui seis núcleos de desertificação, 1º Cabrobó (PE), 2º Gilbués (PI), 3º Inhamus (CE), 4º Irauçuba (CE), 5º Jaguaribe (CE) e 6º Seridó (PB e RN), com 59 municípios inseridos no perímetro. No Ceará se localizam 12 municípios, na Paraíba 28, no Rio Grande do Norte 6, em Pernambuco 6 e no Piauí 7, contabilizando uma área total de 68.500 km², distribuída pelos cinco estados. Núcleo de Gilbués Está localizado no extremo sul do Estado do Piauí, dentro da região fitogeográfica Caatinga – Cerrado. Compreende uma área afetada de 6.131 km2, com 20 mil habitantes. Abrange os municípios de Gilbués, Monte Alegre do Piauí, Barreiras do Piauí, São Gonçalo do Gurgueia. A origem do processo de desertificação nesse núcleo está relacionada aos processos de erosão, que tem sua origem na formação, gênese e morfologia de seus solos e na relação solo-paisagem (PEREZ-MARIN et al. 2012) Núcleo de Irauçuba Está localizado no oeste do Estado do Ceará, na região fitogeográfica dos Inhamuns. Compreende uma área afetada de 4.099,22 km2 envolvendo os municípios de Sobral, Forquilha e Irauçuba (PINTO ET AL., 2009), com população rural de 35 mil habitantes. Sua caracterização como Núcleo de Desertificação está particularmente relacionada à classe de solo predominante da região: Os Planossolos Haplicos solodicos e natricos.São solos minerais imperfeitamente ou mal drenados, que se caracterizam por apresentar um horizonte “A” de textura leve (arenosa), de pouca profundidade, que contrasta abruptamente, numa distância vertical de 2,5 cm com o horizonte “B”, de textura argilosa imediatamente subjacente, adensado, geralmente de acentuada concentração de argila dispersa, permeabilidade lenta ou muito lenta, constituindo, por vezes, um horizonte “pã” responsável pela detenção de lençol de água sobreposto, de existência periódica e presença variável durante o ano (PEREZ-MARIN et al. 2012). Núcleo do Seridó Está localizado no centro do “Polígono das Secas”, em parte dos Estados do Rio Grande do Norte e da Paraíba, região fitogeográfica do Seridó. O Núcleo abrange os municípios de Currais Novos, Cruzeta, Equador, Carnaúba do Dantas, Acari, Parelhas, Caicó, Jardim do Seridó, Ouro Branco, Santana do Seridó e São José do Sabuji no RN, e na PB, Santa Luzia e Várzea. A área afetada é de 2.987 km2 com 260 mil habitantes. A desertificação neste núcleo está relacionada particularmente a fatores climáticos, processos pedogenéticos e intervenções antrópicas (PEREZ-MARIN et al. 2012) Núcleo de Cabrobó O Núcleo está localizado no sul do Estado de Pernambuco, região fitogeográfica do Sertão Central, e abraça os municípios de Cabrobó, Orocó, Santa Maria da Boa Vista, Belém do São Francisco, Salgueiro, Parnamirim, Itacuruba, Petrolina, Afrânio, Ouricuri, Araripina e Floresta. A área afetada é de 4.960 km2 com 24 mil habitantes. O Núcleo está inserido na unidade geoambiental da Depressão Sertaneja, que representa a paisagem clássica do SAB, caracterizada por uma superfície de pediplanação bastante monótona, relevo predominantemente suave-ondulado, cortada por vales estreitos, com vertentes dissecadas (PEREZ-MARIN et al. 2012) Núcleo Cariris Velhos Esse Núcleo está localizado na fração voltada ao sudoeste da Chapada da Borborema paraibana, região fitogeográfica dos Cariris Velhos, apresentando áreas de caatinga com índice xerotérmico, variando entre 150 e 300, com quatro tipos ou associações, predominantemente, de porte baixo, muitas vezes de baixa densidade e pobres em espécies arbustivo-arbóreas (SAMPAIO E RODAL, 2000) e com características de vegetação caducifólia espinhosa. Compreende os municípios de Juazeirinho, São João do Cariri, Serra Branca, Cabaceiras, Camalaú e municípios vizinhos. A área afetada é de 2.805 km2 com 44.877 habitantes (IBGE, 2011). Núcleo do Sertão do São Francisco Está localizado no nordeste do estado da Bahia, na região fitogeográfica do Sertão do São Francisco, apresentando caatinga arbustiva hiperxerófila dominante, mas também com ocorrência de caatinga arbórea em inselbergues, e margeando o Rio São Francisco. Compreende uma área afetada de aproximadamente 34.254 km2, com 366.561 habitantes (IBGE, 2010) e com densidade de ocupação média de 10,7 hab./km2. Abrange os municípios de Uauá, Macururé, Chorrochó, Abaré, Rodelas, Curaçá, Glória, Jeremoabo, Juazeiro, Canudos e municípios vizinhos. Nessa região se insere uma área deprimida no relevo ondulado, denominada Raso da Catarina, conhecida por seu elevado estado de desertificação (OLIVEIRA E CHAVES, 2004). 2.12 Indicadores de Desertificação Em 2001, se iniciaram as atividades do Programa de Luta Contra a Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca na América do Sul, com a participação de seis países: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Equador e Peru. Este programa motivou a elaboração dos Programas de Ação Nacionais (PAN) e promoveu avanços nos temas prioritários estabelecidos pela Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas de Luta contra a Desertificação e a Seca, dentre eles, a harmonização e aplicação dos indicadores de desertificação existentes (SOARES, 2016) Os indicadores de desertificação discutidos em oficinas realizadas nos seis países participantes do referido programa foram analisados e submetidos a um processo de seleção para consolidar o conjunto unificado de indicadores adotados (ABRAHAM, 2006). Os indicadores de desertificação foram organizados em quatro grandes grupos: indicadores abióticos (relacionados ao clima, água e solo), indicadores bióticos (flora e fauna), indicadores sociais e econômicos, e indicadores institucionais e organizacionais. 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS O semiárido brasileiro apresenta altas taxas de insolação, com altas temperaturas e baixas amplitudes térmicas. A Pluviometria mesmo sendo umas das mais altas do ecossistema do semiárido, mesmo assim é considerada baixas em relação aos outros ecossistemas, por apresentar características irregulares e acontecer de forma concentrada em apenas alguns meses do ano. Além disso existe problemas associados a qualidade dos recursos hídricos que por vezes são de uso racionado. O que também é possível destaca é que muitas vezes falta gestão pública de qualidade para atende essa população, gestão está que poderia trabalha de formas que possibilitasse a população do semiárido a viver de forma mais digna, respeitando as características próprias desse bioma. Diminuindo assim também as diferenças socioeconômicas que a população sofre. Entretanto também se faz necessário mudar essa visão que o mundo tem do semiárido, onde a primeira imagem que vem à mente é uma terra seca e sem vida com carcaça de animais mortos em decorrência da falta de água, é bem verdade que a seca existe, mas também é notável que o semiárido desfruta de uma fauna e flora rica em biodiversidades com espécies endêmicas, o semiárido vai muito além. Aqui temos um povo forte e trabalhador que aprendeu sobre plantas e animais bem adaptados as condições naturais propostas pela natureza, mas que na maioria das vezes passa despercebidas por existir pouco interesse da comunidade acadêmica e cientifica deixando que essas espécies venham a se torna conhecidas. 4 REFERÊNCIAS ABRAHAM, E. M.; BEEKMAN, G. B. Indicadores de la Desertificación para América del Sur. Mendoza-Argentina: LaDyOt-IADIZA-CONICET, 2006. AB’SÁBER, Aziz. Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003. 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