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Teoria do conhecimento

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Teoria do 
Conhecimento
GREGGERSEN, G.
Teoria do Conhecimento / Gabriele Greggersen 
Florianópolis: 2019. 31 páginas
Copyright © 2019. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados.
3
Teoria do Conhecimento 
Apresentação
Neste momento, teremos a oportunidade de estudar sobre a Teoria do 
Conhecimento, a origem, estruturação, os métodos e a validade. Buscaremos, na 
sequência, relacionar conceitos de percepção e memória à Teoria do Conhecimento.
Teoria do Conhecimento
Você já se perguntou de onde veio? Como e por que as coisas são como são? Quais 
as explicações para os fenômenos da natureza? De onde surgiram as ideias, os 
conceitos e as representações? 
Pelo menos uma vez na vida, perguntas como: De onde vem o conhecimento? Como 
o mundo se estrutura? Como saber se algo é verdadeiro? Ou outras parecidas, que 
partem da curiosidade natural do homem, já passaram por nós. Formular questões 
e partir delas para buscar a compreensão da origem e do sentido das coisas, bem 
como seus percursos e processos de validação, sempre fez parte das investigações 
humanas, porém, o que antes era feito por intermédio da magia, da religião, do 
misticismo, dá hoje lugar à ciência e à tecnologia.
A compreensão sobre o funcionamento da natureza, da vida, das coisas, dá origem 
a uma série de questionamentos filosóficos. Tal movimento nasce na Grécia, se 
aprofunda a partir das ciências, ganhando força como conhecimento científico e, a 
partir do século XVIII, se configura em um sentido mais parecido com o que temos 
hoje. 
Mas sem a curiosidade sobre as esferas celestiais e o desejo de desvendar 
a natureza e compreender a si mesma, a espécie humana teria ficado 
adstrita à elaboração de um saber prático atrelado a necessidades 
materiais. Propelida por mais de um fator, a busca de conhecimento 
atende a várias necessidades. Serve para saciar a curiosidade intelectual, 
resolver problemas que provocam a inteligência, ou enfrentar desafios que 
põem em risco a sobrevivência ontogenética ou filogenética do homem. 
(OLIVA, 2011, p. 6).
4
Trataremos, nesta Unidade, da Teoria do Conhecimento, que tem como principal 
objetivo investigar a origem, os tipos, a estrutura, a validade, os métodos e a 
justificação do conhecimento. Vale ressaltar que importantes controvérsias versam 
sobre tal teoria ser ou não sinônima da epistemologia, porém, para Reale (2002), 
apesar de semelhantes, a mesma abrange todo tipo de conhecimento, constituindo-
se em campo mais amplo. Por sua vez, a epistemologia dedica-se ao estudo 
sistemático do conhecimento científico, a filosofia da ciência.
Epistemologia é o campo de estudo que se dedica a entender o 
conhecimento científico. Apesar dos significados serem parecido, 
é bom ficar atento, pois aqui, trataremos dos mais variados tipos 
de conhecimento, para então entender o conhecimento científico. 
Atenção
Figura – Ruínas
Fonte: Plataforma Deduca (2019).
A filosofia da ciência, ligada à epistemologia e à ontologia, dedica-se, com total rigor, 
a compreender a origem, os métodos e a validação do conhecimento científico, 
buscando refletir sobre os mesmos para o avanço das ciências, que independente do 
campo, possui uma filosofia.
Perceba que, ao longo da unidade, os estudos procuram justamente investigar os 
questionamentos humanos, partindo desses, ampliando-os e, assim, dando origem a 
novas perguntas. 
5
Você verá algumas tabelas e esquemas para ajudar na compreensão e assimilação 
do conteúdo apresentado.
Ciência e conhecimento: O que é 
conhecimento?
Oliva (2011) nos traz os conceitos de ciência e de conhecimento, associando-os à 
capacidade de dar respostas inteligentes aos problemas e à busca sistemática de 
conhecimento, com base predominante na explicação e dominação da natureza. Tal 
exercício do poder do homem sobre a natureza começou a ser propagado, de forma 
mais clara, com as teorias de Francis Bacon. 
O autor nos diz que a natureza não mais precisa ser compreendida em seus 
aspectos místicos ou divinos, passando a ser vista como mero recurso e 
possibilidade de desenvolvimento no processo civilizatório. 
Para Oliva (2011), não há, em termos epistemológicos, consenso quanto aos 
critérios ou padrões que devem ser adotados para que possa especificar o que 
é conhecimento: pode-se justificar uma ação invocando determinados padrões 
morais. Uma decisão, indicando os fins perseguidos. Com relação ao conhecimento, 
a justificação de uma teoria depende de sua consistência lógica e de sua 
fundamentação empírica. Diga-me o método que empregas e te direi o tipo de 
credibilidade epistêmica que pode ser alcançada pelos resultados que obténs.
Figura – Ponto de vista
Fonte: Plataforma Deduca (2019).
6
Você vai entender melhor o conceito de conhecimento, em especial o conhecimento 
científico, ao se atentar para os três níveis da linguagem científica: a sintaxe, a 
semântica e a pragmática. A sintaxe representa a forma do discurso, a semântica o 
conteúdo do discurso e a pragmática o contexto do discurso.
Outro ponto interessante é o contexto da justificação das teorias, ou seja, os 
procedimentos que devem ser empregados na validação de uma determinada 
teoria. Pensando nos tipos de ciências, empíricas e formais, teremos abordagens 
totalmente distintas. 
 O cientista social deve interagir com o que estuda percebendo que desenvolve 
um tipo diferenciado de investigação e teoria, na qual compõe enunciados que 
se remetem a outros enunciados. Em vez de se ver elaborando enunciados sobre 
estados de coisas, precisa considerar os formulados por aqueles que fazem parte da 
“situação” estudada.
Quando olha para a vida em sociedade, em comunidade, precisa levar em 
consideração os elementos que a compõe, mas que não estão na consciência, e sim 
na ação, no pensamento e nas motivações dos sujeitos. Além disso, é preciso um 
cuidado especial com os produtos da pesquisa, dada a facilidade de manipulação 
dos fatos, da simulação do conhecimento e do posicionamento político travestido 
de conhecimento. Tais ressalvas também permeiam o campo de discussão da 
Teoria do conhecimento, da Filosofia das ciências e figuram entre os apontamentos 
dos autores que se dispõem a tratar tais temáticas, intencionando a ampliação da 
reflexão e levantando questões de extrema relevância e complexidade. 
Origem: De onde o conhecimento 
surge?
De onde vem o conhecimento? Vamos pensar juntos nesta primeira questão. A 
filosofia da ciência nos mostra alguns caminhos, polêmicos, que transitam entre 
o racionalismo e o empirismo. Sob a marca do empirismo, temos a experiência 
e suas fontes: a sensação, a memória, e a introspecção. De outro lado, temos o 
racionalismo, ou seja, a razão. Veremos ainda caminhos que buscam a superação de 
tal dicotomia, com posições mais conciliatórias. 
Sobre o racionalismo e seus representantes, Oliva (2011, p. 13) nos diz:
7
Ao fazerem um balanço duramente crítico do que vinha sendo apresentado 
como conhecimento e dos procedimentos adotados para justificá-lo, 
Bacon e Descartes advogaram que o conhecimento tem uma e apenas 
uma “matriz genética”, e que se pode ter total confiança nos resultados 
dela derivados. Entenderam que a segurança dos pilares do conhecimento 
depende de fincá-los no lugar certo. Para Bacon, a autenticidade 
epistêmica é fruto da atividade de observação, escorada na percepção; 
para Descartes, ela decorre do puro exercício da razão.
Para ambas as possibilidades, temos a origem do conhecimento como 
elemento central. Em outras palavras, nossa primeira questão, “De onde surge o 
conhecimento?” está intimamente relacionada à outra, que versa sobre como validar 
esse conhecimento. Seja com a escolha da observação empírica, seja pela vida 
do modelo matemático, racional, o conhecimento se válida a partir de um método 
rigoroso, que se submete a ser criticado. 
Figura – Conhecimento
Fonte: Plataforma Deduca (2017).
Certamente, buscar um caminho que torne possível transformar informação em 
conhecimento, superandoe intermediando a tensão colocada entre as correntes 
apresentadas, parece a melhor maneira de aproximação da verdade sobre estados 
de realidade. Estamos diante de uma questão importante: se, por um lado, afirmar a 
vivência e a experiência como único jeito de conhecer as coisas, entende que essas 
vivências são puras e neutras (ou seja, o homem vive mas não interpreta), por outro, 
tornar a razão (ou a interpretação) absoluta, nega a vivência, fonte importante. 
8
Conforme vamos avançando nos estudos, percebemos que o conhecimento, apesar 
de compreendido de maneira diversa, pressupõe rigor, método e cuidado.
Tipos de conhecimento e métodos: 
Como o conhecimento se manifesta? 
Muito o homem deseja conhecer sobre as coisas, porém, poucas vezes de forma 
crítica, rigorosa e com método. O senso-comum acaba gerando falsas verdades, 
baseadas apenas em crenças, achismos ou mera opinião. É mediante uma estrutura 
sistematizada e racional, que se pode aferir a validade do conhecimento.
Senso-comum. Conhecido como conhecimento popular, tradicional, 
subjetivo, ligado à aparência das coisas, sem preocupação de 
validação da informação. Fazem parte do senso comum, os 
conselhos e ditos populares. 
Atenção
Quadro – Tipos de conhecimento
Tipos de co-
nhecimento Estrutura Descrição
Relação com o 
conhecimento 
teórico
Saber fazer Conhecimento por aptidão
Conhecer com referência a 
“saber como”, “saber fazer”, 
“fazer algo de modo certo 
e eficiente”.
Não há relação, o saber 
fazer não estabelece 
relação direta e 
necessária com o 
conhecimento teórico.
Saber direto Conhecimento por contato
Relação de maneira direta, 
imediata, por contato com 
o objeto. 
Com sujeito em relação 
direta com o objeto, 
não há necessidade 
de mediação de 
qualquer processo de 
inferência ou de qualquer 
conhecimento da 
verdade.
9
Saber por 
descrição
Conhecimento 
proposicional 
A ele se aplica a definição 
clássica de conhecimento 
como crença 
verdadeira justificada. 
Esquematicamente, pode 
ser assim apresentado: 
“S sabe que p”, onde 
“S” representa o sujeito 
conhecedor, e “p”, a 
proposição conhecida. 
No conhecimento 
proposicional o objeto 
direto do verbo “saber” é 
uma proposição. (OLIVA)
Recurso científico 
para elaboração de 
proposições verdadeiras 
sobre objetos específicos. 
Pressupõe a relação 
entre um sujeito e uma 
proposição verdadeira.
Saber por 
produção
Conhecimento 
produzido
O homem só é capaz 
de conhecer aquilo que 
produziu. Não é possível 
conhecer nada pela 
observação, apenas 
pela invenção, criação e 
produção.
O conhecimento só se 
torna verdadeiro quando 
o autor e o conhecedor 
se tornam um, pois o 
pressuposto é de que só 
se compreende aquilo 
que se sabe para que 
existe.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
Estruturação: Como o conhecimento 
se constrói?
Conforme já estudamos, o conhecimento se estrutura a partir de suas origens, 
em uma estrutura na qual uma pergunta vai nos levando a outras perguntas, 
as respostas não são únicas e fechadas. Conforme vamos nos fazendo novas 
perguntas, percebemos, assim como os primeiros investigadores, o quanto o 
pensamento vai se tornando mais complexo e a necessidade do rigor se intensifica. 
Figura – Estruturação do conhecimento
Estruturação do
conhecimento
Racionalismo Empirismo
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
10
Exploraremos, com mais afinco, cada uma das proposições iniciais, que deram 
origem à complexidade científica que conhecemos, as bases estruturais das teorias 
posteriores.
Os pressupostos que embasaram os autores, o ponto de partida de suas análises e 
considerações, nos interessa especialmente neste momento, no qual aprenderemos 
sobre as primeiras teorias relacionadas ao conhecimento e suas nuances.
Empirismo
O empirismo parte das experiências, observações e sensações dos homens, 
tornando conhecimento a validação de tais elementos, a partir de um sistema de 
métodos de verificação. Apesar de ter, ao longo da história - desde seu surgimento, 
na Grécia Antiga, passando pela Idade Média e Moderna - muitas formas de 
manifestação, elaboração e aplicação, essa estrutura fundamental não se altera. 
Grandes autores, conhecidos por seus escritos, são adeptos desta abordagem, tais 
como: Aristóteles, Francis Bacon, Thomas Hobbes, John Locke, George Berkeley, 
David Hume, John Stuart Mill e Nicolau Maquiavel.
O empirismo, portanto, divide-se em três correntes, chamadas de integral, moderada 
e científica, cada uma delas com mais ou menos adeptos e representantes, como 
exemplificado no quadro que segue.
Quadro – Correntes do empirismo
Empirismo integral
Fundamentação: considera que qualquer conhecimento é resultado do contato direto com a 
experiência sensível, em todos os campos do conhecimento. O conhecimento se configura como 
a sistematização dos resultados e dados de observação. 
Autor de referência: John Stuart Mill.
Obra: Sistema de lógica dedutiva.
Estrutura do pensamento: indução como único método científico, por meio da qual se resolvem 
silogismos e axiomas matemáticos.
11
Empirismo moderado
Fundamentação: também conhecido como genético-psicológico, explica que a origem temporal 
dos conhecimentos parte da experiência, mas aceita que a validação do conhecimento pode 
ser não-empírica. Nesta corrente, encontramos verdades universalmente válidas, como as 
matemáticas, nas quais o pensamento é fonte de validação, não a experiência. 
Autor de referência: John Locke.
Obra: Ensaios acerca do entendimento humano.
Estrutura do pensamento: o autor nos diz que as sensações são o lugar onde se inicia o 
conhecimento de tudo, que é construído a partir da elaboração dos sentidos em contato com 
a realidade. Também aceita a validade lógica, não-empírica, no que diz respeito aos juízos 
matemáticos.
Empirismo científico
Fundamentação: a validade do conhecimento se dá mediante a experiência ou a verificação 
empírica, conferindo aos juízos analíticos significações de ordem formal pertencentes ao domínio 
das fórmulas lógicas.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
Racionalismo
Nesta linha, a razão é central, os fatos são questionados, os sentidos e as 
experiências não são lugar confiável. Dentro do Racionalismo, há várias vertentes, 
que apresentaremos de maneira esquemática, associando linha, resumo dos 
representantes desta perspectiva teórica, principais obras e fundamentação.
Racionalismo ontológico
Parte da explicação simples e segura sobre a realidade, que entende como racional.
Quadro – Racionalismo ontológico
Autor de referência: Gottfried Leibniz.
Fundamentação: separa verdade de razão de verdade de fato, dizendo que nem todas as verdades 
são verdades de fato. As verdades de razão, colocadas ao lado das primeiras, são aquelas 
inerentes ao próprio pensamento humano e dotadas de universalidade e certeza (princípios de 
identidade e de razão suficiente), enquanto as verdades de fato são ocasionais e particulares, 
implicando sempre a possibilidade de correção, sendo válidas dentro de limites determinados.
Obra principal: Novos Ensaios sobre o Entendimento Humano.
12
Autor de referência: René Descartes.
Obra principal: Discurso sobre o método.
Fundamentação: inatista, considera todos os seres humanos possuidores de ideias natas, 
enquanto seres racionais e pensantes, com fundamento lógico a todos os elementos com que 
nos enriquecem a percepção e a representação. Fundador do método cartesiano. 
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
Intelectualismo 
Diferente dos teóricos anteriores, não supõe que haja ideias natas, nem verdades 
universais. O conhecimento se dá por intermédio da inteligência, a partir da 
elaboração intelectual de fatos particulares. Assim, temos os sentidos como ponto 
de partida, porta de entrada do conhecimento, que é extraído pelo pensamento, 
que é ativo e passivo. Ativo, ou agente (Nous poietikós), pois elabora o que recebe 
pelos sentidos, deixa a ideia transparente, a acende. Passivo, ou receptivo (Nous 
pathetikós) na medida em que o conhecimentoacontece pela recepção desta luz, 
acontecendo, então, concretamente.
Quadro – Intelectualismo
Autor de referência: Aristóteles,
Obra principal: “Organon”, composto pelas obras: 
Sobre a Interpretação; Categorias; Analíticos; Tópicos; Elencos Sofísticos e os 14 livros da 
“Metafísica”, que Aristóteles denominava “Prima Filosofia”,
Fundamentação: O intelecto constrói os conceitos a partir do real, operando sobre ele.
Autor de referência: Hessen,
Fundamentação: concepção metafísica da realidade como condição de sua gnosiologia. Entende 
a realidade como algo racional, com elementos e verdades universais atingidos a partir do 
intelecto, que assimila a realidade.
Autor de referência: Tomás de Aquino.
Fundamentação: Todo o conhecimento da nossa mente deriva dos sentidos.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
13
Gnosiologia. Conceito da filosofia que diz sobre a teoria geral do 
conhecimento humano, voltada para uma reflexão em torno da 
origem, natureza e limites do ato cognitivo. 
Atenção
Criticismo
O estudo metódico prévio do ato de conhecer e dos modos de conhecimento, ou 
seja, uma disposição metódica do espírito no sentido de situar, preliminarmente 
o problema do conhecimento em função da relação “sujeito-objeto”, indagando as 
suas condições e seus pressupostos. Ele aceita e recusa certas afirmações do 
empirismo e racionalismo, por isso, muitos autores acreditam em sua autonomia. 
Entretanto, devemos entender tal posição como uma análise crítica e profunda dos 
pressupostos do conhecimento. Conclui-se, então, que pela ótica do criticismo, 
o conhecimento implica sempre em uma contribuição positiva e construtora por 
parte do sujeito cognoscente em razão de algo que está no espírito, anteriormente à 
experiência do ponto de vista gnosiológico.
Quadro – Criticismo
Autor de referência: Immanuel Kant.
Obra: Crítica da razão pura.
Fundamentação: o autor preconiza que o conhecimento estabelece relações profundas com a 
experiência, ponto no qual a teoria coincide com o empirismo. Porém, afirma que a experiência, 
sem elementos racionais, de nada vale, só ganhando validade a partir da ordenação racional de 
dados sensoriais e experienciais. 
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
Kant é conhecido na história da filosofia por propor uma síntese entre racionalismo 
e empirismo, propondo que o homem possui duas possibilidades de recepção do 
conhecimento e que uma depende intrinsecamente da outra: a sensibilidade e o 
entendimento.
Conforme vimos, o sujeito se coloca diante do conhecimento de maneira passiva – 
por meio da sensibilidade, das experiências e da observação; mas também opera 
sobre o que recebe, racionalizando e elaborando tais conteúdos, para que assim, eles 
entrem no campo cognoscível.
14
Essência: Quais as bases do 
conhecimento?
Vamos conhecer agora as bases do conhecimento que são: o realismo e o idealismo.
Figura – Bases do conhecimento
Bases do
conhecimento
Realismo Idealismo
Fonte: Autora (2017).
Realismo
O realismo (latim – res, que significa coisa) é a corrente de pensamento que sustenta 
a total independência ontológica entre a realidade e a consciência. Isso quer dizer 
que a realidade não depende, em nenhum sentido, de nossas representações, 
crenças e percepções. Afirma que o objeto possui transcendência em relação ao 
sujeito; portanto, a realidade independe da consciência sobre ela. As coisas existem, 
independentemente de haver consciência sobre ela.
O realismo se subdivide, dando origem a três subtipos: realismo ingênuo, tradicional 
e crítico.
O realismo ingênuo, como o próprio nome sugere, é aquele em que o conhecimento 
é aceito pelo homem, sem questionamentos, elaborações ou críticas. Também 
conhecido como pré-filosófico, é atribuído ao homem comum, que conhece as coisas 
e as aceita como aparecem.
No realismo tradicional, as perguntas já fazem parte do conhecimento, a validação é 
uma preocupação, a comprovação de teses começa a ter método e atitude filosófica.
Já quando tratamos do realismo crítico, ou científico, temos intensificados os 
processos de validação e verificação de pressupostos e teses, pautados em 
processos de natureza crítica. O conhecimento é tido como aquele que é externo 
15
ao homem, compreendido por ele, porém sem a possibilidade de alcance sobre a 
correspondência entre objeto e verdade.
Em resumo, ao falarmos sobre o realismo, é preciso ter clareza de que, independente 
do subtipo ou divisão, temos que: 1) a relação entre homem e objeto é de 
independência, porém se constrói e articula; 2) todas as ideias ou sensações, 
independente da interpretação, têm necessariamente origem em algum elemento da 
realidade.
Alguns principais autores que abordam e sustentam essa teoria, são:
• Thomas Reid;
• Adam Ferguson;
• Dugald Stewart.
Idealismo
O idealismo transcendente, surgido na Grécia Antiga, com Platão, diz que as ideias 
são a representação da realidade verdadeira, na qual as realidades sensíveis são 
cópias imperfeitas, participantes do ser essencial. O idealismo platônico reduz o real 
ao ideal, resolvendo o ser em ideia, pois entende que são as ideias que tornam as 
coisas reais e visíveis. 
Platão é um filósofo que até os dias de hoje ouvimos falar. Quem 
não conhece o termo “amor platônico”? Pois é, esse é um termo 
que faz referência a esse pensador da Grécia Antiga, que com o 
Mito da Caverna, nos ensinou a procurar a luz ao invés de acreditar 
nas sombras e reflexos das coisas, que vemos quando estamos 
presos na escuridão. 
Atenção
Os autores defensores do idealismo afirmam que o verdadeiro conhecimento está 
inserido em nosso espírito, que as coisas só existem a partir do momento que o 
homem as representa ou elabora pensamentos sobre elas, não existindo por si 
mesmas. 
16
Figura – Platão
Fonte: Plataforma Deduca (2017).
Para Reale (2002), há a compreensão do real como idealidade (o que equivale dizer 
a realidade como espírito), o homem cria um objeto com os elementos de sua 
subjetividade, sem que algo preexista ao objeto (no sentindo gnosiológico).
Assim, dizemos que no idealismo, o conhecimento reside no processo de 
representação ou pensamento, estando a verdade das coisas na consciência e 
pensamento do homem, não nelas mesmas.
O idealismo se divide em duas vertentes, uma chamada de idealismo psicológico, e a 
outra, idealismo de natureza lógica.
A primeira nos diz que o que se conhece não são as coisas e sim a imagem delas. 
Dizemos que, nesta perspectiva, a realidade é inteligível enquanto acontece na 
consciência do homem. Chamado por alguns autores de idealismo subjetivo, 
com representantes como Hume, Locke e Berkeley, temos os objetos como a 
representação da consciência em razão dos mesmos. O conhecimento é percebido. 
Um bom exemplo neste caso são as preferências das pessoas, os gostos. Cada 
um tem seu conjunto de preferências, a partir do conjunto de representações que 
constrói. 
17
A segunda perspectiva no idealismo, de natureza lógica, parte do preceito do 
conhecimento como pensamento, sendo o objeto, ideia. Hegel, um dos formuladores 
desta linha, afirma em suas obras que o real é espiritual, elevado ao plano do pensar. 
O conhecimento é pensado. Entre as principais obras do autor estão: Fenomenologia 
do Espírito, Princípios da filosofia do direito e Lições sobre a história da filosofia. 
Aqui, podemos pensar que o pensamento que cria a realidade. Tudo existe a partir do 
pensamento.
Hegel entende a realidade como espírito, ou seja, a realidade, considerada 
movimento, é subjetiva, processual, não estática. Este filósofo concebe o devir como 
verdade espiral, pautando-se na tríade: tese, antítese, síntese. Tese como afirmação; 
antítese como negação; síntese como o novo que surge destes opostos.
Limites do saber: Quais as 
possibilidades do conhecimento?
Neste ponto de nossos estudos, traremos a questão: Quais as possibilidades do 
conhecimento? De onde partem as formulações estudadas? Analisaremos, para nos 
aproximar das respostas, dois pressupostos,o dogmatismo e o ceticismo.
A polarização entre o dogmatismo que sustenta que se podem conhecer 
coisas com certeza e o ceticismo que advoga nada ser cognoscível se 
alimenta da falta de respostas incontroversas para questões do seguinte 
tipo: que podemos com segurança conhecer? Qual a extensão de nosso 
conhecimento e o que o limita? (OLIVA, 2011, p. 13)
Dogmatismo
No dogmatismo, o conhecimento, a verdade sobre as coisas, é entendida como 
possibilidade absoluta e incontestável. Não interessa aos seus autores investigações 
e críticas dirigidas ao ser e à existência. Também estudaremos aqui dois tipos de 
dogmatismo, o total e o parcial.
No dogmatismo total, pouco adotado, a verdade aparece como alcançável, atingível, 
em sua totalidade, de maneira incontestável, tanto no plano da vida, como da 
ética. Hegel nos apresenta em suas obras a manifestação desse pensamento, ao 
estabelecer relação de identificação total entre o pensar e o real. Nos diz que o 
pensamento, na medida que acontece, é em si o objeto, e o objeto, na medida em 
18
que o é, é pensamento. A religião, manifestada na vida como único entendimento e 
caminho, é um exemplo neste caso.
Já o dogmatismo parcial, encontrado com mais frequência, acredita que a razão 
ou a intuição são, em si, possibilidades de acesso ao real. Hume e Kant são 
representantes desta corrente que questionavam a possibilidade de atingir verdades 
totais pelo pensamento. Pascal, por sua vez, reafirmava a exatidão das ciências e 
da matemática, mas trazia reflexões sobre o campo do agir e da conduta humana. 
Acreditar, por exemplo, na mídia, pode ser um exemplo neste caso, quando as 
pessoas atribuem à mídia um caminho válido de informação e formação.
Figura – Limites do conhecimento
Limites do
conhecimento
Dogmatismo Ceticismo
Fonte: Autora (2018)
Ceticismo
Enquanto o dogmatismo nos apresenta a possibilidade de verdades inteiras, 
absolutas, o ceticismo afirma a desconfiança em relação ao conhecimento, tido 
como provisório, refutável, questionável.
Os céticos não dirigem propriamente seus ataques às fontes do 
conhecimento, e sim aos critérios de evidência. Até porque o ceticismo 
pode ser tanto com relação aos registros dos sentidos (visão, audição, 
paladar, tato e olfato) quanto com relação à razão e suas operações. 
Se a percepção é tomada como fonte primária do conhecimento, é 
importante saber como funciona – questão psicológica – e com que grau 
de confiabilidade epistêmica pode dar origem a crenças em condições 
de serem verdadeiras e justificadas. Ainda que exista uma e apenas 
uma fonte de conhecimento, recorrer a ela, se ater a ela, não assegura a 
obtenção de resultados cognitivos. (OLIVA, 2011, p. 17)
O ceticismo versa tanto sobre questões metafísicas, quanto às relativas ao fundo 
dos fenômenos, afirmando a impossibilidade do conhecimento, por não acreditar em 
19
adequação possível entre sujeito e objeto. Sugere, por intermédio de seus adeptos 
mais radicais, como Comte, que o homem nem deve formular problemas, pois 
nenhuma resposta teria validade.
Assim como o dogmatismo, temos a divisão do ceticismo em: pirrônico e 
acadêmico. O ceticismo pirrônico possui uma busca incessante pela verdade, porém, 
não afirma nada sobre a mesma. Já o ceticismo acadêmico considera a verdade 
inacessível.
Sua máxima é formada pelo princípio da antilogia, que diz que diante de todo e 
qualquer argumento, aparecerá outro argumento de força igual em oposição; seguida 
da epoké, que significa suspensão do juízo; e, por fim, a condução à ataraxia, que é o 
estado de não perturbação alcançado pela suspensão do juízo. 
Figura – Oposição
Fonte: Plataforma Deduca (2019).
Validação e justificação: Como o 
conhecimento examina a si mesmo?
O ponto de partida de qualquer formulação filosófica é a definição de conhecimento. 
Somente depois de ter definido o que é, onde está e como procurá-lo, é possível 
distinguir as situações em que há conhecimento daquelas em que apenas parece 
haver.
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A teoria do conhecimento ou epistemologia é o domínio da filosofia que 
aborda a questão da natureza (o que é) do conhecimento, das fontes (onde 
procurá-lo) e da validação (como comprová-lo). Dispensa atenção especial 
aos modos – meios e procedimentos – mais seguros de conquistá-lo. Por 
mais que esteja preocupada em determinar onde buscá-lo, sua obsessão 
é (como) justificá-lo. (OLIVA, 2011, p. 10)
Mas, como procurar aquilo que ainda não se sabe o que é? E como saber se tal 
busca tem validade? 
[...]Platão, no Ménon (80e), formula o “paradoxo da busca”: o homem não 
precisa procurar o que sabe e não tem como ir atrás do que desconhece, 
do que não sabe o que é. Não faz sentido procurar o que sabe pelo simples 
fato de já o conhecer. E faltam-lhe condições para procurar o que ignora, 
já que não sabe o que é nem onde buscá-lo. Se não sabe claramente o 
que persegue, fica também sem ter como escolher os procedimentos 
adequados à busca. Se não tem como buscar o que desconhece 
totalmente, o que sequer sabe o que é, fica impossibilitado de avançar 
metodicamente sobre o desconhecido. E se porventura encontrar o novo, 
como poderá saber que se trata do objeto desconhecido e procurado se 
nunca o conheceu? (OLIVA, 2011, p. 11)
Como querer ter conhecimento se não se sabe o que é conhecimento? Como 
saber se a forma de o encontrar é válida? Nos interessa aqui entender como o 
conhecimento examina a si mesmo, como se a questão central fosse uma dobra, 
na qual se tem o pressuposto de que o conhecimento é possível, conhece-se seus 
métodos, e se examina, para que seja verificado, validado. 
Quando partimos de uma definição clássica do conhecimento, como aquele 
conclusivamente verdadeiro e demonstrativamente certo, temos como pano 
de fundo a crença de que o conhecimento é possível, partindo assim para o 
conhecimento do conhecimento. 
Oliva nos diz da relação indireta da fundamentação e validação do conhecimento 
com a metafísica, ao formularmos questões como: “há diferenças entre a realidade 
que se mostra e a forma como ela é?”. E ainda: “Como ter acesso à realidade tal 
como ela é?”.
Tal processo ainda se ocupa da constatação da existência dos fatos, objetos e 
eventos, da existência dos mesmos de forma tipificável e ainda, sobre se suas 
representações estão acontecendo de forma fidedigna, distinguindo aparências 
verdadeiras de falsas.
21
Só que não há como saber se ele efetivamente é bem-sucedido sem que 
já saibamos, de antemão, quais aparências são verdadeiras, quais são 
falsas. E assim nos enredamos em um círculo. Caso algo sofra mudanças 
quantitativas e qualitativas que o tornem apenas parcialmente diferente 
do que vinha sendo, mantendo-se essencialmente o mesmo, pode-se 
descrever seu ser próprio e tentar obter conhecimento sobre ele. (OLIVA, 
2011, p. 21)
O conhecimento é possível a partir do momento em que o erro e a ilusão são 
comprovadamente evitáveis ou superáveis, superando a visão da metafísica de que 
as representações nunca são fidedignas. Assim, ao reconhecer o conhecimento 
como possível, nos colocamos atentos para identificar como, quando e onde as 
aparências podem nos enganar. 
Os objetos do conhecimento precisam ser os reais e não os aparentes ou ilusórios. 
Quando se escolhe um único tipo de informação, evita-se o questionamento 
metafisico, ressaltando que, para alcançar a compreensão de como o mundo é 
apreendido, se essa forma corresponde ao que ele é de fato, e de que maneira 
formamos e contribuímos com a formação das aparências, é preciso ter atenção a 
isso. 
Ainda em relação às aparências, observe que os nossos sentidos e cognição nos 
levar a entendê-las como verdade. A comprovação, neste caso, fica circunscrita à 
problematização, visto que se entendermos as sensações como variáveis, sentidas e 
percebidas, o empirismo pode ser associado ao subjetivismo. 
Assim, o desafio posto abrange todas as perspectivas, desde Descartes – com 
suas buscas à verdade absoluta, como aos autores mais modestos, que formulamprobabilidades. 
Entre o demonstrativamente certo, presente nas ciências formais, e o 
universal irrestrito cabalmente verificado, inatingível na pesquisa empírica, 
há as crenças que, sujeitas a refutação, vão sendo corroboradas. Observa 
Locke que “aquele que acredita sem ter qualquer razão para acreditar 
pode estar apaixonado por suas fantasias, não busca a verdade como 
deveria”. (OLIVA, 2011, p.45)
Existem duas formas identificáveis na teoria positiva de justificação (OLIVA, 2011), 
Doxástica e Não doxástica, conforme quadro que segue. 
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Quadro – Doxástica X Não doxástica
Formas Definição Características
Doxástica
Para se justificar uma 
crença, se recorre 
a outra crença ou 
conjunto de crenças.
• São doxásticas as razões que promovem a 
justificação de uma crença com base em outra(s).
Não doxástica
Não se recorre a 
outra(s) crença(s) 
para se justificar 
determinada crença.
• Uma experiência não doxástica pode corresponder 
a um estado mental e pode incluir registros 
sensoriais ou perceptuais.
• São não doxásticas quando se apoiam em 
registros perceptuais ou em intuições racionais.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
Doxastica - Lógica Doxástica é um tipo de lógica modal preocupada 
com o raciocínio sobre crenças. O termo  doxástico  é derivado 
do grego antigo, doxa, ou conjunto de crenças e ideias aceitos pela 
maioria. 
Atenção
O problema da Crença Verdadeira e Justificada é desafiador tanto a todos que que 
buscam o conhecimento verdadeiro e certo, quanto aos que perseguem um objetivo. 
Oliva, em seu livro “A teoria do conhecimento”, 2011, nos diz que:
[...] é fato que a justificação de algumas crenças deriva de suas relações 
inferenciais com outras, e que a justificação dessas outras pode depender 
de relações inferenciais. Os fundamentalistas acreditam que isso tem 
como ser evitado. Para tanto acreditam em um tipo de crença que não 
necessita de justificação baseada em outras. As crenças privilegiadas são 
as justificadas em si mesmas, as justificadas independentemente das 
relações, as justificadas inferenciais – que mantenham outras. (OLÍVIA, 
2011, p. 53)
Assim, o conhecimento, em sua clássica definição de crença verdadeira e justificada, 
se respalda na ideia de que existem crenças verdadeiras e justificadas sobre a 
possibilidade do conhecimento. São crenças secundárias ou de segunda ordem que 
estão relacionadas à problemática central dos estudos epistemológicos. É mister 
que se sabia da razão suficiente para acreditar em algo chamado de conhecimento. 
23
Logo, necessitamos epistemologicamente caracterizar o conhecimento como 
conhecimento. (OLIVA 2011).
Veja a seguir alguns tipos de teorias da justificação. Iniciaremos com dois tipos 
internalistas, o fundacionalismo e o coerentismo; e um externalista – o confiabilismo; 
seguidos do falibilismo e do relativismo. Considere que uma teoria internalista 
quando os fatores requeridos são diretamente acessíveis ao conhecedor. Já a teoria 
externalista coloca alguns fatores justificatórios fora desse alcance direto.
Fundacionalismo
Os autores que partem desta perspectiva internalista, o fundacionalismo, nos dizem 
que há dois caminhos possíveis. Um, das crenças básicas, ou fundamentais; e outro, 
das crenças não básicas, ou não fundamentais. As primeiras podem justificar as 
segundas, formando uma base de sustentação de toa cadeia de crenças.
Já as segundas formam uma espécie de edifício, tendo as primeiras como base. 
Ambas estabelecem relação por intermédio da inferência, método aceitável de 
passar das premissas à conclusão.
[...]o fundacionismo se vale do argumento por eliminação quando supõe 
que há um número bem limitado de caminhos para a justificação das 
crenças e que, por eliminação, se pode demonstrar que só um pode ter 
êxito. (OLIVA, 2011, p.55)
Coerentismo
No coerentismo, a justificação se dá mediante um sistema de crenças em relação à 
coerência, se assemelhando a uma rede ou teia. As crenças aparecem como fios que 
se entrelaçam, formando assim uma trama complexa, de maneira que uma crença 
exija a outra quando a verdade da primeira é garantida pela verdade da segunda. 
(OLIVA, 2011) 
Exemplo: 
• Crença a) Toda criança corre.
• Crença b) Regina é criança.
• Dedução – Regina corre.
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Assim, temos na proposta dos coerentistas a justificação de uma crença 
dependendo das relações de coerência desta mesma crença com outras crenças, 
sem necessariamente considerar o processo de formação destas.
Confiabilismo
Apresentada como teoria externalista da justificação, o confiabilismo, segundo Oliva 
(2011, p. 69),
É uma teoria da justificação externalista em razão de nem a propensão 
à verdade de um processo de formação de crença, nem a história 
de aquisição da crença ser diretamente acessíveis ao conhecedor. O 
Confiabilismo defende a visão de que para se ter crença justificada não 
há necessidade de se contar com procedimentos infalíveis que conduzem 
à certeza, já que o conhecimento não é conquistado.
Falibilismo
O falibilismo (do latim, fallibilis, que pode falhar) diz respeito àquilo que é falível no 
que concerne às crenças, em especial, às crenças de ordem sensorial e experiencial. 
Podemos pensar que as pessoas podem construir crenças falsas sobre astronomia 
geografia, mas não sobre uma dor, ou sobre estarem vendo uma mancha. As 
verdades da lógica também compõem uma categoria especial, não sujeita a esse 
tipo de falsa construção. 
Popper, por exemplo, afirma nossa falibilidade com relação às formulações 
cientificas, mas reitera a confiabilidade da lógica.
Relativismo
Oliva (2011) nos fala ainda sobre o relativismo, afirmando ser este o conhecimento 
que se funda na extensão da diversidade de apreensão do conhecimento, seja pelo 
sujeito, seja pela cultura ou sociedade, que elaboram por meio de padrões distintos 
de racionalidade ou de avaliação das alegações do conhecimento. 
Afirma ainda que o Relativismo versa sobre as possibilidades de argumentação 
sustentadas por teorias diferentes sobre um mesmo fato, fenômeno ou objeto. 
Sendo assim, podemos considerar o relativismo “autodestrutivo”, pois, a partir de 
seus pressupostos, elimina a própria noção de correção.
25
Na tabela, que segue, estão as principais modalidades de raciocínio que estruturam 
a justificação cognitiva:
Quadro – Tipos de raciocínios
Tipo Características Estrutura Limitações
Raciocínio 
dedutivo
Divisão do problema 
em problemas mais 
simples e resolução 
pelo método de 
análise e síntese.
Formulado por 
René Descartes, 
em “Discurso do 
método”. 
1. duvidar de tudo aquilo 
de que não se tiver uma 
certeza clara e distinta; 
2. dividir os problemas 
em tantas partes quantas 
forem necessárias para 
sua solução; 
3. conduzir 
ordenadamente os 
pensamentos, dos objetos 
mais simples aos mais 
complexos;
 4. realizar as 
recapitulações 
necessárias.
Método não adequado 
para o estudo de sistemas 
complexos, tais como os 
seres vivos.
Raciocínio 
indutivo
Tipo de inferência 
que produz 
generalizações 
a partir de casos 
particulares.
Raciocínio por analogia, 
que permite que se façam 
previsões a partir de casos 
particulares, ou, ainda, 
especulações a respeito 
das causas de um evento 
na tentativa de detectar 
regularidades que nos 
permitam postular leis 
gerais.
Não há garantia lógica de 
que uma nova experiência 
acontecerá como já 
ocorreu no passado, 
portanto há a necessidade 
de constantes ajustes 
e as afirmações não 
podem ser consideradas 
permanentemente 
justificadas.
Raciocínio 
abdutivo
Modo de inferência 
sobre o qual se 
estrutura o raciocínio 
criativo. Propicia 
a formulação de 
novas hipóteses 
explicativas.
Parte de problemas que 
não foram investigados, 
aparentemente sem 
solução fora do conhecido. 
A partir de soluções 
criativas, formula 
hipóteses e trabalha em 
sua validação.
Tipo de raciocínio que 
não fornece garantias 
sobre sua validade. Tem a 
função de guiar a mente na 
tentativa de dar respostas 
às dúvidas anômalas.
Fonte: Elaboradopela autora (2017).
Assim, temos, esquematicamente, o Conhecimento e as dimensões que o compõe. 
26
Figura – Conhecimento
Conhecimento
Origem
Estrutura
Essência Tipos
Validação
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
Percepção, memória e a teoria do 
conhecimento
Sob a perspectiva da teoria do conhecimento, podemos pensar na memória com 
múltiplas funções, em relação direta com a percepção. Destarte, a memória tem 
a função de reter um dado da percepção, da experiência ou de um conhecimento 
adquirido. A memória, quando acessada, também faz o reconhecimento e produção 
do dado percebido, experimentado ou conhecido em uma imagem, proporcionando 
relações entre o já conhecido e novos conhecimentos.
A memória é uma invocação do passado. É a capacidade para reter e 
guardar o tempo que se foi. Temos acesso à memória através das 
lembranças. É uma experiência do tempo, formado pelo presente, passado 
e futuro. A memória é uma forma de percepção interna. (REALE, 2002, p. 
47)
A memória também permite a associação da recordação ou reminiscência de um 
objeto ou acontecimento, como pertencente ao tempo passado, e as diferenças ou 
semelhanças com o presente.
27
Memória é retenção, essencial para elaboração da experiência e do 
conhecimento científico e filosófico, que mediante a lembrança e a 
prospecção, partem para novos saberes e práticas. 
Atenção
É devido à memória que lembramos e recordamos. As lembranças podem acontecer 
de duas formas: espontaneamente, quando algo ou alguma experiência nos traz uma 
situação passada; ou quando há um trabalho mental direcionado a isso, um esforço. 
A memória, por intermédio de suas funções, tem relação com uma das formas mais 
fundamentais da existência humana, o tempo, e, com o tempo, nossa relação com 
o invisível, o distante e o ausente, ou seja, o passado. A memória é o que atribui 
sentido ao passado guardando distinções do presente e do futuro. A capacidade de 
lembrar, ou recordar, pode ter perturbações, sejam por causa física, ou por questões 
psíquicas, e o esquecimento representa uma perda de nossa relação com o passado, 
com a dimensão de tempo e da vida. 
Figura – Memória
Fonte: Plataforma Deduca (2019).
28
Se a memória é uma invocação do passado, uma percepção e capacidade interna, 
pensemos brevemente na imaginação e em seus sentidos criador e reprodutor. 
Tradicionalmente, temos na filosofia a imaginação como reprodutora das 
percepções. Os empiristas ligavam imaginação à memória, partindo dos registros 
cerebrais de imagens ou sensações. Já intelectualistas chegam a creditar à 
imaginação os erros, as ilusões e as distorções do real.
Podemos associar imaginação ao conceito de consciência cognitiva, forma de 
consciência que difere da imaginação ligada à percepção e à memória. Assim, 
temos a imaginação como a habilidade da consciência em criar objetos imaginários, 
relacionando o ausente (memória) com o inexistente. Através da imaginação, temos 
o vir a ser, campo do que ainda não existe e das coisas possíveis, criando assim 
uma relação com o passado e com o futuro, com o concreto e com o fantasiado, 
transcendendo o óbvio e fundando novos modos de existência. 
Percebemos o quanto as percepções, a memória e a imaginação figuram de maneira 
importante na Teoria do conhecimento, seja na fundamentação, na formulação, na 
validação, ou ainda em outras etapas. 
Sobre o conhecimento e a verdade: 
concluindo
Segundo Reale (2002), o conhecimento humano pressupõe a existência da verdade, 
pois essa é entendida como a adequação da inteligência com o objeto. E, ainda, 
a experiência da verdade que, fixa na verdade conhecida, gera a existência da 
certeza, que representa a transição da inteligência à verdade conhecida. Assim, 
esquematicamente, temos: 1º conhecimento; 2º verdade; 3º certeza. Essa posição, 
segundo o autor, é chamada de dogmatismo. 
Tomando outro prisma, se a inteligência está em tudo e sempre, sem afirmar, negar 
ou admitir nada, apenas a dúvida universal, temos o posicionamento do ceticismo. 
29
Figura – Conhecimento
Fonte: Plataforma Deduca (2019).
Todavia, a questão está para além de tal tensão, entre dogmatismo e ceticismo, 
quando admitimos a existência da verdade e da certeza, levando-nos a perguntar 
onde residem as coisas, se a matéria e a inteligência são suas únicas moradas 
possíveis, isolada ou conjuntamente, ou as coisas estão apenas na razão. Tais 
questões nos levam a navegar pelo idealismo, racionalismo e realisto, na medida 
em que cada pergunta traz em si um arcabouço de respostas que formulam uma 
perspectiva ou linha teórica. 
Para o idealismo o ente transcendental compõe-se somente de idéias. 
Para o materialismo, somente matéria. Para o realismo, idéias e matéria. 
Para o racionalismo, é razão. A crítica é a base necessária de todo o saber 
cientifico e filosófico, inclusive da própria ontologia. (REALE, 2002, p. 38)
Após tais considerações, percebemos que muito se avançou na busca por desvendar 
o desconhecido. Porém, quando vemos as várias perguntas que cada pergunta 
suscita, o quão complexo o conhecimento se torna, à medida que nos aprofundamos 
e nos dedicamos em revelá-lo, nos damos conta de que o desconhecido é muito 
maior do que o já revelado. 
Oliva (2011) usa a imagem da pequena ilha (conhecido), diante do vasto oceano a 
ser explorado (desconhecido), e nós, nossas ideias e pensamentos, como pequenas 
e frágeis balsas ou embarcações. 
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É difícil saber se o conhecimento está aos poucos sendo completado 
ou se cada avanço constitui a abertura de um subcaminho que leva a 
outros subcaminhos de uma interminável Grande Avenida, que pode dar 
em um labirinto sem saída. A aventura do conhecimento pode ficar para 
sempre incompleta porque algumas coisas cruciais podem jamais vir a 
ser desvendadas e também porque se pode ficar sem encontrar algo de 
definitivo. (OLIVA, 2011, P. 61)
Alguns campos do conhecimento nos deixam mais próximos do tamanho da lacuna, 
do que ainda falta descobrir, desvendar, já outros só nos trazem a sensação de que 
cada descoberta abre espaço para novas questões, e assim, sucessivamente. Erros 
e lacunas fazem parte deste caminho de busca pelo conhecimento.
A admiração que está na origem do conhecer pode voltar a aparecer no 
fim do processo – quando as perguntas pela verdade e pela justificação 
remeterem à questão de qual o sentido de tudo isso sobre que se busca 
conhecimento. (OLIVA, 2011, p. 61)
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Referências
OLIVA, A. Teoria do conhecimento. Rio de Janeiro: Zahar, 2011.
REALE, M. Introdução à filosofia. São Paulo: Saraiva, 2002.

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