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Advogado do Diabo

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Relatório do filme “Advogado do Diabo”
RAIMUNDO JAKSON MEDEIROS DA SILVA
 
O advogado do diabo (“The Devil’s Advocate”) é um filme estadunidense do ano de 1997 dirigido por Taylor Hackford. O filme, que se passa em uma cidade pequena do estado da Florida, nos Estados Unidos, conta a história do advogado Kevin Lomax, conhecido pela sua atuação nos tribunais e por nunca ter perdido uma causa. Diante do seu sucesso nos Tribunais, Kevin é contratado por um grande escritório de Nova Iorque.
Ao longo da narrativa, é possível perceber que o advogado utiliza de diversas técnicas em sua atuação no Tribunal. O filme traz o advogado como peça essencial para o funcionamento do judiciário, colocando-o em posição de destaque no que tange à defesa do réu.
Ressalta-se que o compromisso do advogado é com seu cliente, pautado nos limites da lei. A moralidade pode ou não influenciar a decisão do advogado em aceitar ou não alguma defesa, e essa, ainda pode ser variável. Como por exemplo, algum caso de aborto pela gestante, alguns aceitam e defendem que a mulher tem poder de decisão acerca da continuidade do feto, enquanto outros rechaçam a ideia. 
No caso do filme, apesar de serem moralmente reprováveis alguns casos (na visão do advogado), este utiliza o direito do cliente à defesa processualmente técnica, assegurada por lei a todos sem distinção. O direito de defesa é uma prerrogativa de todos que respondem qualquer processo, e no caso dos processos penais, é ainda mais importante, visto que trata da liberdade do indivíduo.
Apesar de terem realizado atos ilícitos, e até mesmo moralmente reprováveis, o judiciário funciona de modo a dar paridade de armas para as partes e realizar um julgamento justo, pautado no direito de defesa, que abarca o contraditório e a ampla defesa.
A cena inicial ocorre no Tribunal dessa cidade, Kevin está atuando como advogado de defesa um professor de matemática acusado de pedofilia/assédio sexual contra menores por supostamente ter abusado de suas alunas. Durante o interrogatório de uma das vítimas, enquanto ela relata que o réu passou a mão nos seus seios e nas suas coxas, Kevin percebe que o professor faz movimentos que simulam o ato relatado. 
Apesar de sua indignação, o advogado pede autorização para mostrar uma prova nova para os jurados: um desenho feito pela vítima chamando o réu de “porco, enorme e nojento”. Ainda, tenta demonstrar que a vítima mentiu sobre os assédios e forçou outras crianças a mentir sobre o abuso. Diante disso, o réu é absolvido.
Aqui, vê-se que a atuação do advogado foi essencial para a absolvição de seu cliente, por mais que, aparentemente, não tenha acreditado em sua inocência, utilizou-se de todos os meios possíveis para absolvê-lo, à luz do princípio do contraditório e da ampla defesa. 
No Brasil, a Constituição Federal de 1988, no seu artigo 5º, inciso XXXVIII, reconhece a instituição do Júri, que tem competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida, assegurando a plenitude de defesa, o sigilo das votações e a soberania dos veredictos. A plenitude de defesa engloba o direito ao contraditório e a ampla defesa, que são assegurados pelo artigo 5º, LV, da Constituição Federal, a todos os litigantes e acusados em processo judicial ou administrativo.
Ocorre que, apesar da lei assegurar a plenitude de defesa, o nosso ordenamento jurídico não permite a leitura de novos documentos ou a exibição de objeto desconhecidos pela outra parte durante o julgamento pelo Tribunal do Júri. Nos termos do artigo 479 do Código de Processo Penal, a juntada de provas novas deve ocorrer em até três dias úteis antes do julgamento do plenário. 
Dessa forma, em que pese ser permitido na legislação estadunidense a utilização de diversos meios de prova durante o Tribunal, a prova que Kevin utilizou para convencer os jurados sobre a sua tese seria ilícita caso fosse utilizada no Tribunal do Júri brasileiro.
Após o julgamento, Kevin é convidado para trabalhar em um grande escritório de Nova Iorque, que, além do grande salário, oferece um apartamento exclusivo para os advogados do escritório.
Já atuando na cidade, o advogado defende um caso sobre uma morte de um cabrito para um culto religioso, no qual o réu estava sendo processado por ter violado a legislação sanitária e a saúde pública. 
Kevin vai até a residência do acusado e encontra um ambiente escuro, com velas e figuras espalhadas, o acusado diz que a morte dos cabritos é uma espécie de “moeda espiritual”. Em razão disso, o advogado formula uma tese de absolvição baseada no direito à liberdade religiosa, protegida pela constituição dos Estados Unidos. A tese foi acolhida pelos jurados do Tribunal. 
Nos mesmos termos alegados pelo advogado, a nossa legislação, no artigo 5º, VI, da Constituição Federal, garante a inviolabilidade da liberdade de consciência e de crença, assegurando o livre exercício dos cultos religiosos. Nesse sentido, pontua-se que o Superior Tribunal Federal, no Recurso Extraordinário nº 494601, declarou a constitucionalidade de uma lei de proteção animal que, a fim de resguardar a liberdade religiosa, permite o sacrifício ritual de animais em cultos de religiões de matriz africana”.
Após esse julgamento, a narrativa foca na vida do advogado, na sua relação com a sua esposa, com seus colegas de trabalho e com o seu chefe. Nesse momento, é possível perceber que o seu chefe, John, representa a figura do diabo, já que manipula as pessoas para fazer os desejos, incluindo Kevin, que começa a agir em desconforme com os seus princípios morais. Em uma cena posterior, dentro de uma igreja, John coloca a mão na água benta e sofre uma queimadura, o que reforça a ideia de figura diabólica. 
Por outro lado, a esposa de Kevin, Mary, começa a adoecer e ter alucinações, principalmente pelo fato de não poder ter filhos e de sentir abandonada pelo marido, manifestando o seu desejo de ir embora da cidade e voltar para a sua cidade natal. Em uma cena posterior, Mary está com uma aparência abatida em um hospital psiquiátrico, logo após, ela falece.
O último caso judicial da narrativa é o que Kevin fica responsável pela defesa de um grande empresário, Alexander, acusado de triplo homicídio, dentre as vítimas, a esposa do empresário. A tese de absolvição do advogado foi de que Alexander não estava lá no dia do fato criminoso, já que estava com a sua amante. 
Na primeira sessão do Tribunal, Kevin fala para os jurados que odiar o acusado não seria justo para acusá-lo de um homicídio que ele não cometeu. Na segunda sessão, leva a amante de Alexander para depor.
Já em uma cena final do filme, Kevin descobre que John, o “diabo”, é seu pai, eles têm uma discussão sobre todas as vezes que John manipulou as situações. Ao fundo da sala, aparecem imagens que parecem o inferno, então Kevin atira em sua própria cabeça e se suicida. Nesse momento, John assume a sua figura de Lúcifer e a sala pega fogo. 
Então, o filme volta para a cena inicial, Kevin está no banheiro do Tribunal de sua cidade, no intervalo do julgamento do professor acusado de pedofilia, o que aconteceu para ter sido um pesadelo. Ele retorna para a sala de julgamento e informa que está desistindo de representar o acusado.
O filme, de modo geral, trata da eterna luta entre o bem e o mal, e como qualquer pessoa pode ser influenciada pelas facilidades, ainda que sejam ilícitas e moralmente reprováveis. Contudo, o presente trabalho teve o objetivo de analisar os casos em que o jovem advogado atuou, trazendo os apontamentos pertinentes à ampla defesa e ao contraditório.
O trabalho do advogado na justiça de qualquer país, é imprescindível para a manutenção da justiça. Inclusive, nosso ordenamento considera o advogado como elemento essencial às atividades da justiça. É direito do réu o acesso à uma boa defesa, independente do seu grau de culpa no ato criminoso.
Conclui-se, portanto, sobre a importância de promover o acesso à justiça através de uma defesa técnica promovida pelo advogado, além de um judiciário despido de concepções de moralidade e atrelado sempre à legalidadede suas decisões.

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