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3º TRIMESTRE • 2009 • Nº 288 Quem é Quem é Quem é JJJ Quem é J Quem é Quem é Quem é J Quem é J Quem é J Quem é Quem é Quem é J Quem é esusesusesusQuem é esusQuem é Quem é Quem é esusQuem é esusQuem é esusQuem é Quem é Quem é esusQuem é ??? Estudos baseados no evangelho de João Untitled-1 1 08/05/2009 01:05:48 MISSÃO DA ESCOLA BÍBLICA Transformar as pessoas em discípulas de Cristo, através do ensino e da prática da palavra de Deus. ——— ——— ——— ——— ——— ——— ——— ———— ——— Copyright © 2009 – Igreja Adventista da Promessa Revista para estudos na Escola Bíblica. É proibida a reprodução parcial ou total sem autorização da Igreja Adventista da Promessa. REDAÇÃO Jornalista responsável Elias Pitombeira de Toledo MTb. 24.465 Redação e produção Alan K. Pereira Rocha, Eleilton William de Souza Freitas, Eu- doxiana Canto Melo, Genilson S. da Silva, José Lima de Farias Filho, Valdeci Nunes de Oliveira, Virginia Ronchete David. Revisão de textos Eudoxiana Canto Melo Editoração Farol Editorial e Design com foto da StockXpert Capa Marcorélio Murta Seleção de hinos Silvana Azevedo de Matos Rocha Leituras diárias Alan K. Pereira Rocha e Eleilton William de Souza Freitas Atendimento e tráfego Geni Ferreira Lima Fone: (11) 2955-5141 Assinaturas Informações na página 96 Impressão Gráfica Regente Av. Paranavaí, 1146 – Maringá, PR – Fone: (44) 3366-7000 expediente REDAÇÃO – Rua Boa Vista, 314 – 6º andar – Conj. A – Centro – São Paulo – SP – CEP 01014-030 Fone: (11) 3119-6457 – Fax: (11) 3107-2544 – www.portaliap.com – secretariaiap@terra.com.br BÍBLICAS REVISTA PARA ESTUDOS NAS ESCOLAS BÍBLICAS3º TRIMESTRE – 2009 – Nº 288 LI ÇÕ ES depARtAMentO de edUCAÇÃO CRiStà Diretor Genilson S. da Silva Conselho Editorial Adelmilson Júlio Pereira Aléssio Gomes de Oliveira Ednei Rodrigues Brito Genilson S. da Silva Irgledson Irvison Galvão José Lima de Farias Filho Manoel Lino Simão Manoel Pereira Brito Otoniel Alves de Oliveira Sebastião Lino Simão Valdeci Nunes de Oliveira de originais Jesus: Aquele que Intervém 7 Jesus: Aquele que Transforma 14 Jesus: Aquele que Surpreende 20 Jesus: Aquele que Fortalece 27 Jesus: Aquele que Satisfaz 33 Jesus: Aquele que Ampara 40 Jesus: Aquele que Pastoreia 47 Jesus: Aquele que Ressuscita 54 Jesus: Aquele que Ministra 60 Jesus: Aquele que Encoraja 66 Jesus: Aquele que Capacita 72 Jesus: Aquele que Intercede 79 Jesus: Aquele que Restaura 86 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 APRESENTAÇÃO 5 ABREVIATURAS 4 SUMÁRIO ÍBLICAS Estudos baseados no Evangelho de João ABREVIATURAS DE LIVROS DA BÍBLIA UTILIZADAS NAS LIÇÕES ABREVIATURAS DE TRADUÇÕES E VERSÕES BÍBLICAS UTILIZADAS NAS LIÇÕES ANTIgO TESTAmENTO Gênesis Gn Êxodo Ex Levítico Lv Números Nm Deuteronômio Dt Josué Js Juízes Jz Rute Rt I Samuel I Sm II Samuel II Sm I Reis I Re II Reis II Re I Crônicas I Cr II Crônicas II Cr Esdras Ed Neemias Ne Ester Et Jó Jó Salmos Sl Provérbios Pv Eclesiastes Ec Cantares Ct Isaías Is Jeremias Jr Lamentações Lm Ezequiel Ez Daniel Dn Oséias Os Joel Jl Amós Am Obadias Ob Jonas Jn Miquéias Mq Naum Na Habacuque Hc Sofonias Sf Ageu Ag Zacarias Zc Malaquias Ml NOVO TESTAmENTO Mateus Mt Marcos Mc Lucas Lc João Jo Atos At Romanos Rm I Coríntios I Co II Coríntios II Co Gálatas Gl Efésios Ef Filipenses Fp Colossenses Cl I Tessalonicenses I Ts II Tessalonicenses II Ts I Timóteo I Tm II Timóteo II Tm Tito Tt Filemon Fm Hebreus Hb Tiago Tg I Pedro I Pe II Pedro II Pe I João I Jo II João II Jo III João III Jo Judas Jd Apocalipse Ap BLH – Bíblia na Linguagem de Hoje RA – Revista e Atualizada RC – Revista e Corrigida nVi – Nova Versão Internacional BV – Bíblia Viva BJ – Bíblia de Jerusalém teB – Tradução Ecumênica da Bíblia ntLH – Nova Tradução na Ling. de Hoje APRESENTAÇÃO Temos a alegria de passar às mãos de todos que fazem parte da Es- cola Bíblica mais uma série de lições bíblicas, que tem como título uma pergunta: Quem é Jesus? A sua base é o Evangelho de João, o evange- lho do eterno Filho de Deus. Ao longo das treze lições que virão pela frente, vamos ver que Jesus é aquele que intervém (Jo 1), transforma (Jo 2), surpreende (Jo 4), forta- lece (Jo 5), satisfaz (Jo 6), ampara (Jo 9), pastoreia (Jo 10), ressuscita (Jo 11), ministra (Jo 13), encoraja (Jo 14), capacita (Jo 15), intercede (Jo 17) e restaura (Jo 21). No total, cada lição contém 15 parágrafos, distribuídos da seguinte maneira: 01 para a introdução, 10 para a primeira parte (“Olhando para Jesus”), 3 para a segunda parte (“Olhando para você”) e 1 para a conclu- são. Na verdade, desde a série “No Princípio”, este tem sido o padrão. A novidade é que, desta vez, estamos oferecendo, no portal IAP (www. iapro.com.br), um comentário adicional. Cremos que este modesto re- curso, que pode ser baixado ou impresso, de alguma maneira, o auxiliará, quando estiver estudando ou ministrando a lição bíblica. Somos gratos a Deus pela a vida daqueles que contribuíram com a produção desta série. Que o Senhor os guarde do mal. Os seus nomes, desta vez, encontram-se alistados no expediente. Ao Rei eterno, sejam dadas a honra e a glória, para todo o sempre! Amém. Pr. Genilson S. da Silva Diretor do Departamento de Educação Cristã 6 | Lições Bíblicas – 3º Trimestre de 2009 TEXTO BÁSICO: E o verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai. (Jo 1:14) INTRODUÇÃO: Prego, martelo, machadinha, plaina, formão, esqua- dro, todas essas ferramentas eram bem comuns para ele. Em Nazaré, era conhecido apenas como um carpinteiro. “Ele não é melhor do que nós”, diziam. “É apenas um carpinteiro, o filho de Maria” (Mc 6:3 – BV). Se eles soubessem! Se tivessem ao menos ideia de quem estava diante deles. Era o próprio Deus! Ele se fez gente, se humilhou, se tornou semelhante aos homens (Fp 2:7), participou da história humana como um humano. A encarnação de Jesus é uma das doutrinas básicas da fé cristã. É sobre ela que discorreremos na lição de hoje. I – OLHANDO PARA JESUS Mais de dois mil anos se passaram, desde a primeira vinda de Cristo à terra e, ainda hoje, há quem duvide: Será mesmo que Deus se fez gente? Já houve alguns que negaram a encarnação de Cristo, dizendo que ele não passava de um fantasma, tinha aparência de homem, mas Mostrar ao estudante o que a Bíblia diz sobre a encarnação de Jesus, a fim de que este entenda o valor desta, que exemplifica virtudes a serem buscadas, atitudes a serem tomadas e ensinos a serem praticados. 4 JUL 2009 Aquele que Intervém1 LEITURA DIÁRIA OBJETIVO Hinos sugeridos: 129 BJ • 403 CC / 77 BJ • 37 CC Domingo, 28 de junho: Jo 1:1-5 Segunda, 29: Jo 1:6-9 Terça, 30: Jo 1:10-18 Quarta, 1 de julho: Jo 1:19-28 Quinta, 2: Jo 1:29-34 Sexta, 3: Jo 1:35-42 Sábado, 4: Jo 1:43-51 www.portaliap.com | 7 era uma mera simulação.1 Difícil para estes é explicar as palavras de João, que cintilam verdade, exalam alegria: Eu mesmo o vi com meus próprios olhos e o ouvi falar. Eu toquei nele com as minhas próprias mãos (I Jo 1:1 – BV). Ele esteve entre nós! Consideremos, a partir de agora, quatro aspectos dessa verdade. 1. O agente da intervenção: Nos primeiros cinco versículos do ca- pítulo 1 do Evangelho de João, temos algumas informações preciosas sobre Jesus, o agente da intervenção. Em primeiro lugar, João aponta a eternidade de Jesus: No princípio era o Verbo (...). Ele estava no princípio com Deus (Jo 1:1a,2). Esses versículos mostram que Cristo sempre existiu! Ele não “se fez” Verbo, no princípio; ele “era” o Verbo no princípio.2 Não percamos de vista que João vai tratar da encarnação no versículo 14; entretanto, desde os primeiros versículos, já fica bem claro que o agente da intervenção é eterno. Ele não começou a existir a partir dela, não foi criado, como alguns têm afirmado. Em segundo lugar, João revela a identidade de Jesus: ... e o Verbo estava com Deus, e o verbo era Deus (Jo 1:1b).Ele estava com Deus, ou seja, “existia na mais estreita comunhão possível com o Pai”.3 Ele era Deus, aquele que se tornou carne; o agente da intervenção era com- pletamente divino! Além da identidade, João, em terceiro lugar, mostra a capacidade de Jesus. Dois pontos são ressaltados. Primeiro, ele é o criador de todas as coisas. Todas as coisas foram feitas por meio dele... (Jo 1:3a). Segundo, ele é o doador de toda a vida: A palavra era a fonte da vida... (Jo 1:4a – NTLH). 2. O preparo da intervenção: Para muitos, a palavra “intervenção” soa como algo desorganizado, sem preparação prévia. Por isso, depois de ter meditado sobre o agente da intervenção, pensemos um pouco em seu preparo. No final do versículo 4, Jesus é chamado de a luz dos homens (Jo 1). Essa luz brilhava desde a criação; todavia, no versículo 9, João diz que a luz, uma vez vinda ao mundo, ilumina a todo homem. João está se referindo à intervenção. Através da sua presença no meio dos homens, Jesus traria uma iluminação superior àquela proporciona- da antes da sua vinda.4 Do versículo 6 até o versículo 9 e também no 15, João mostra que a intervenção foi preparada. 1. Essa teoria é chamada de docetismo (Macleod, 2007:167). 2. Pfeiffer & Harrison (1980:177). 3. Hendriksen (2004:101). 4. Pfeiffer & Harrison (1980:178). 8 | Lições Bíblicas – 3º Trimestre de 2009 Em primeiro lugar, o texto nos informa o nome da pessoa escolhi- da para anunciar a respeito da luz: ... chamava-se João; este veio (...) para dar testemunho da luz (Jo 1:6-7). É bom lembrarmos que o autor do evangelho não está se referindo a si mesmo, mas a outro João, o Batista, um homem preocupado com a luz, enquanto a maioria vivia em trevas. Além do nome, em segundo lugar, o texto nos informa o conteúdo da mensagem anunciada: João testifica a respeito dele e ex- clama: (...) O que vem depois de mim tem primazia porque foi primeiro do que eu (Jo 1:15). João veio como testemunha. Sua única mensa- gem era a luz dos homens: Jesus.5 3. A maneira da intervenção: João falou do agente e do preparo da intervenção. O texto continua e, no versículo 14, ele mostra a maneira. Leia o texto com atenção: O Verbo se fez carne, e habitou entre nós (Jo 1:14a – grifo nosso). É isso mesmo! Você não leu errado. Jesus se fez homem. Aquele que criou o mundo, que existia antes do mundo, veio participar da história do mundo. Entretanto, ele se fez. Aqui, há um sen- tido especial. O texto afirma que Jesus se tornou uma pessoa humana histórica e real, mas não sugere que ele deixou de ser o que era antes.6 Jesus abriu mão da sua posição e não da sua divindade (Fp 2:5-6). Ele era, ao mesmo tempo, Deus e homem.7 O fato de Jesus assumir a natureza humana, sem deixar de lado a divi- na é um enigma que já tirou o sono de muitos.8 Como isso foi possível? Tudo começou com o nascimento virginal de Jesus (cf. Mt 1:18). Deus en- trou no mundo como um bebê. Cresceu como uma criança judia normal. “Se o líder da sinagoga em Nazaré soubesse quem estava ouvindo seus sermões...”.9 Durante sua vida, sentiu o que sentimos. Derramou lágrimas (Jo 11:35), sentiu medo (Lc 22:42), teve sede (Jo 19:28), fome (Mt 4:2), cansou-se (Jo 4:6). Não viveu numa “separação elevada”, mas “conosco”, como um de nós, no meio das multidões, ocupado, assediado. 4. O objetivo da intervenção: Qual a razão de o Filho de Deus morar entre nós? A Bíblia responde. A intervenção de Jesus, o Verbo encarnado, tem objetivos bem definidos. O primeiro deles está relacionado com a 5. Allen (1983:257). 6. Hendriksen (2004:118). 7. Bruce (1987:45). 8. Para mais informações, leia as lições 2, 3 e 5 da série: Jesus: Vida e Obra, publicada pela IAP (Nº 281 – Edição de Out/Dez 2007). 9. Lucado (1998:24). www.portaliap.com | 9 “salvação”: Veio para os que eram seus, mas os seus não o receberam, mas a todos os que o receberam, àqueles que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus. Jesus se fez gente para que a salva- ção se tornasse possível ao ser humano! Paulo concorda com essa verda- de, quando afirma: Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores (I Tm 1:15). Se, por um homem, entrou o pecado, a graça de Deus, por um só homem, Jesus Cristo, abundou para muitos (Rm 5:15). O segundo motivo pelo qual Deus se fez gente está relacionado com “identificação”. Se traduzida, literalmente, do grego para o português, a expressão habitou entre nós (Jo 1:14) significa “armou barraca entre nós”. Jesus veio morar conosco para que um dia nós possamos morar com ele!10 Se existe uma pessoa que pode ser tomada como exemplo de ver- dadeira empatia, esse alguém é Jesus. Deus se fez gente para identificar- se com o ser humano. O Verbo encarnado enfrentou os mesmos dilemas que enfrentamos, tais como: amargura (Lc 22:4), compaixão (Mt 9:36), ira (Mc 3:5), angústia (Jo 12:27), rejeição (Mt 26:69-74). Se você já enfrentou qualquer um dos sentimentos já descritos, lem- bre que Jesus, aquele que intervém, já os experimentou. Todos nós temos tirado proveito das ricas bênçãos que ele nos trouxe, bênçãos sobre bên- çãos amontoadas sobre nós! (Jo 1:17 – BV). A partir de agora, depois de havermos considerado sobre o agente, o preparo, a maneira e o objetivo da intervenção, mudemos o nosso foco. O que nós podemos aprender para a nossa vida dessa tão importante doutrina cristã? É isso que iremos ver, na segunda parte desta lição, intitulada: Olhando para você. 1. Após ler Jo 1:1-5 e o item 1 do comentário anterior, responda: Quais são as informações sobre o agente da intervenção contidas nesse texto? 2. Leia Jo 1:6-9,15 e o item 2 do comentário anterior e responda: O que esses versículos dizem sobre o preparo da intervenção? 10. Kepler (2008:3). 10 | Lições Bíblicas – 3º Trimestre de 2009 3. Após ler Jo 1:14; Mt 1:18 e todo o conteúdo do item 3 do comentário anterior, comente sobre a maneira da intervenção. 4. Leia Jo 1:10-13,17-18 e o item 4 do comentário anterior, comente a frase: “A intervenção de Jesus tem objetivos bem definidos”. Quais são? II – OLHANDO PARA VOCÊ 1. A intervenção de Jesus exemplifica virtudes que devem ser buscadas. Jesus pensava no outro: Mas, para que não os escandalizemos... (Mt 17:27). Jesus tinha amigos: Digo-vos amigos meus (Lc 12:4). Jesus se sensibiliza com a dor alheia: ... vendo-a chorar, e também chorando os judeus que com ela vinham, comoveu-se profundamente (Jo 11:33). Je- sus entendia o valor do serviço humilde: ... qualquer que entre vós quiser ser grande, será o que vos sirva (Mc 10:43). Jesus amava o próximo: ... amou-os até o fim (Jo 13:1). A Bíblia diz: Não atente cada um somente para o que é seu (...); haja em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus (Fp 2:4, 5). 5. Tendo lido a primeira aplicação, comente algumas virtudes demonstradas por Cristo que devem ser buscadas por nós. 2. A intervenção de Jesus exemplifica atitudes que devem ser imitadas. Em sua primeira carta, Pedro, de forma magistral, ressaltou algumas atitudes tomadas por Jesus, enquanto viveu entre nós: Ele não cometeu www.portaliap.com | 11 pecado algum, e nenhum engano foi encontrado na sua boca. Quando insultado, não revidava; quando sofria, não fazia ameaças, mas entregava àquele que julga com justiça (I Pe 2:22-23). Esse texto é lindo de se ler; entretanto, não foi escrito apenas para ser lido. No versículo anterior, está escrito: Cristo sofreu no lugar de vocês, deixando-lhes exemplo, para que sigam os seus passos (I Pe 2:21). Essas atitudes descritas são algumas das muitas tomadas pelo nosso Salvador, enquanto viveu neste mundo. A ordem para segui-las continua! 6. Tendo lido a segunda aplicação, comente algumas atitudes tomadas por Cristo que devem ser imitadas por nós. 3. A intervenção de Jesus exemplifica ensinos que devem ser pra- ticados. Qual o valor que você dá ao ensino de alguém que não vive o que prega? Que diz: “ame”, mas não ama; que diz:“perdoe”, mas não perdoa? Você já parou para pensar que o Jesus que disse: “ame o seu próximo” (Mc 12:30) é o mesmo cujos vizinhos queriam matar? (Lc 4:29) Você já meditou em que o Jesus que desafiou seus seguidores a deixarem suas famílias em favor do evangelho (Mc 10:29) é o mesmo que deixou sua família, por causa do evangelho? (Mc 3:31-35) Você já considerou que a ordem: “orem pelos que os perseguem” (Mt 5:44) veio dos lábios de alguém que, logo, estaria suplicando perdão para os seus assassinos? (Lc 23:34)11 Essa é a beleza da encarnação. Jesus ensinou coisas que podem e devem ser praticadas; afinal, ele as viveu! 7. Tendo lido a terceira aplicação, comente alguns ensinos proferidos por Cristo que devem ser praticados por nós. 11. Lucado (1998:25). 12 | Lições Bíblicas – 3º Trimestre de 2009 CONCLUSÃO: Pela graça e para a glória de Deus, estamos chegan- do ao fim do nosso primeiro estudo desta nova série de lições bíbli- cas. Diante de tudo o que foi considerado, você consegue entender a importância de saber que Jesus viveu entre nós? Se a resposta for sim, parabéns! “Ninguém me entende” não será uma frase usada por você, pois você sabe que, quando estiver alegre por uma promoção alcançada, por uma boa notícia, por uma data especial, ou quando estiver triste por qualquer motivo, Jesus, aquele que intervém, o com- preende. Ele já foi um de nós. Amém! www.portaliap.com | 13 TEXTO BÁSICO: Tendo o mestre-sala provado a água transformada em vinho (não sabendo donde viera, se bem que o sabiam os serventes que haviam tirado a água), chamou o noivo. (Jo 2:9) INTRODUÇÃO: A Palestina, antiga terra de Canaã, onde se desenvolve- ram os mistérios da redenção, era, nos dias de Cristo, constituída por três divisões principais: Judeia, Samaria e Galileia. A Judeia ficava ao sul; Samaria, ao centro, e a Galileia ao norte. Jesus nasceu em Belém da Judeia (Lc 2:4-7), mas foi criado em Nazaré, que pertencia à Galileia (Lc 2:39). Ao atingir a maioridade legal (Nm 4:3), ali ele iniciou o seu ministério (Lc 4:14-16, 31); ali chamou os seus primeiros discípulos e realizou o seu primeiro milagre: a transformação da água em vinho (Jo 2:1-11). A presente lição trata do poder transformador de Jesus. I – OLHANDO PARA JESUS É no Evangelho de João (2:1-11) que encontramos o registro do pri- meiro milagre (ou sinal) realizado por Jesus, ao iniciar seu ministério. Este fato aconteceu durante uma festa de casamento, em Caná da Galileia, e a narração começa assim: Três dias depois, houve um casamento em Mostrar ao estudante o poder transformador de Jesus exemplificado na transformação da água em vinho feita por ele naquela festa de casamento realizada em Caná da Galileia. 11 JUL 2009 Aquele que Transforma2 LEITURA DIÁRIA OBJETIVO Hinos sugeridos: 138 BJ • 15 HC / 56 BJ • 111 HC Domingo, 5 de julho: Jo 2:1-5 Segunda, 6: Jo 2:6-12 Terça, 7: Jo 2:13-17 Quarta, 8: Jo 2:18-25 Quinta, 9: Jo 3:1-8 Sexta, 10: Jo 3:9-21 Sábado, 11: Jo 3:22-36 14 | Lições Bíblicas – 3º Trimestre de 2009 Caná da Galiléia, achando-se ali a mãe de Jesus. Jesus também foi convi- dado, com os seus discípulos, para o casamento, (Jo 2:1-2). A análise desse episódio revela-nos os sentimentos de sociabilidade e solidariedade de- monstrados por Jesus, assim como sua sabedoria e seu poder. 1. Olhando para a sociabilidade de Jesus: Participando daquela fes- ta como convidado, Jesus teve a oportunidade de revelar o lado social do evangelho. Portanto, com base nesse exemplo de Cristo, nenhum cristão está impedido de participar de eventos sociais, desde que neles prevale- çam a decência, a ordem e os bons princípios. Jesus sempre esteve pre- sente em ajuntamentos, desde que neles pudesse fazer algo para a glória do Pai. Esteve em jantares (Jo 12:1 e 2); velórios (Lc 7:12-15); sinagogas (Mt 4:23; 9:35), festas de casamento (Jo 2:1-11), e até nas praias (Mt 13:2; Mc 4:1; Lc 5:3, etc.). As festas de casamento entre os judeus, naquela época, costumavam durar até uma semana. Em razão disso, todos os preparativos deveriam ser feitos com antecedência e levando-se em consideração o tempo de duração da festa e o número dos convidados. A anfitriã, nestes casos, a família do noivo, era a responsável pelas despesas e pela organização geral, de modo a proporcionar aos convidados o melhor atendimento possível. Havia um mestre-sala e serventes na prestação desse atendi- mento. Um detalhe: o vinho de boa qualidade não podia faltar à mesa, enquanto durasse a festa. 2. Olhando para a solidariedade de Jesus: Enquanto a festa se de- senrolava, Maria, mãe de Jesus, percebeu que o vinho que estava sendo servido aos convidados se acabara, e, embora os convidados de nada soubessem, nos bastidores, isto já não era mais segredo. Os responsáveis pela festa, preocupados, não sabiam o que fazer. O clima entre eles era de desapontamento. Ciente disto, Maria, discretamente, confidenciou a Je- sus: Eles não têm mais vinho (Jo 2:3). A atitude tomada por sua mãe revela que ela cria firmemente numa solução do problema por parte de Jesus. A informação dada a Jesus por Maria teve o significado de um pedi- do de socorro. Foi como se ela dissesse: Faze alguma coisa por eles. A resposta de Jesus foi: Ainda não é chegada a minha hora (Jo 2:4). Não queria prevalecer-se de sua autoridade como Filho de Deus e nem queria chamar para si a atenção dos circunstantes, principalmente porque, se- gundo ele, o momento certo ainda não era chegado. Sua mãe também não insistiu; ao informar-lhe, retirou-se, depois de ter recomendado aos serventes: Fazei tudo quanto ele vos disser (Jo 2:5). Jesus, porém, no seu íntimo, solidarizou-se com aquela família e decidiu ajudá-la. www.portaliap.com | 15 3. Olhando para a sabedoria de Jesus: Havia ali seis talhas feitas de pedras, daquelas que eram usadas pelos judeus em seus rituais de purificação. Jesus, pois, determinou aos serventes que as enches- sem de água até à borda. Feito isto, o milagre aconteceu! Jesus havia transformado em puro vinho a água colocada nas talhas pelos ser- vente. Disse-lhes Jesus: Tirai agora, e levai ao mestre-sala. E levaram. Ao experimentar a água transformada em vinho, o mestre-sala cha- mou ao esposo e disse-lhe: Todo homem põe primeiro o vinho bom, e, quando já tem bebido bem, então o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho (Jo 2:9-10). Considerando a observação feita pelo mestre-sala, o vinho resul- tante da transformação da água, comparado ao que antes tinha sido servido aos convidados, era-lhe superior em qualidade. Assim mani- festou Jesus a sua sabedoria não só por usar o momento certo, mas também a maneira certa de agir. E, nisto, Deus, o Pai, foi glorifica- do. Seus primeiros discípulos, André, Simão Pedro, Felipe e Natanael, eram apenas iniciantes na caminhada ao lado de Jesus, mas, ao pre- senciarem esse extraordinário milagre, creram em Jesus, convencidos de que ele era, de fato, o Filho de Deus. 4. Olhando para o poder de Jesus: A transformação da água em vinho marcou o início de uma longa série de milagres que Jesus realizou na terra, durante sua estada entre os homens. Com este milagre, mani- festou a sua glória e o seu poder. Porém, o que fez ali em Caná da Ga- lileia, há cerca de dois mil anos, apenas ilustra o que continua fazendo em outros tempos, envolvendo situações, lugares, ambientes, pessoas, etc. Começando com a transformação da água em vinho, Jesus continua transformando trevas em luz (Mt 4:16); tristeza em alegria (Jo 16:22); morte em vida (Jo 5:24; 11:25-26), e fraqueza em força (II Co 12:10). Sobre o poder transformador de Cristo, leia: I Co 15:51-52; II Co 3:18; Fp 3:21. Muitos foram curados; outros foram libertos do poder do inimigo; outros, ainda, entre os que estavam escravizados pelo pecado, foram libertados e transformados em servos de Deus (Rm 6:20-22). Paulo é um dos melhores exemplos de alguém que foi trans- formado por esse poder de Jesus (At 9:21,26). Sua vida mudou como daágua para o vinho (At 22:12-21). Hoje, assim como no passado, o mundo está necessitando da realização de milagres verdadeiros, que manifestem a glória de Deus no meio do seu povo. Estamos falando de milagres verdadeiros. Milagres que, uma vez rea- lizados, concorram para o engrandecimento do nome de Deus, ou seja, 16 | Lições Bíblicas – 3º Trimestre de 2009 milagres que induzam à glória de Deus, milagres que levem as pessoas a se converterem a Cristo, a renunciarem os prazeres do mundo e a se submeterem aos sãos ensinos do evangelho (cf. At 4:32-33; 5:12-16). Hoje, muitos estão em busca de sinais que redundem em glória para si mesmos. Isso contraria o espírito do verdadeiro evangelho. Na segunda parte deste nosso estudo, temos os passos que precisamos dar para que o milagre da transformação aconteça em nossas vidas. 1. Leia Jo 2:1-10, a introdução, o item 1 do comentário e responda: Em que consistiu o primeiro milagre de Jesus, onde e em que circunstância o realizou? 2. Leia Jo 2:3 e 4, o item 2 do comentário e responda: O que levou Maria a interceder pelos promotores da festa e o que podemos aprender com a resposta de Jesus? 3. Leia Jo 2:7-11, o item 3 do comentário e responda: Como manifestou Jesus sua sabedoria e seu poder, na transformação da água em vinho, e para que contribuiu, ao realizar esse milagre? 4. Leia I Co 15:51-52; II Co 3:18; Fp 3:21, o item 4 do comentário e responda: Começando com a transformação da água em vinho, o que mais Jesus é capaz de transformar? www.portaliap.com | 17 II – OLHANDO PARA VOCÊ 1. Se você deseja transformação, procure a intervenção de Jesus. A presença de Jesus em qualquer lugar é sempre importante porque é a garantia de solução para qualquer problema existencial, Jo 11:32. Porém, muitas pessoas, mesmo contando com a presença de Jesus no ambiente onde se encontram, estão passando apertos ou necessidades (Mt 8:23-27). É que não decidiram ainda revelar-lhe o tipo de problema que as aflige e o que esperam de sua parte como solução. O milagre de Caná aconteceu como resultado da intervenção de Jesus. 5. Leia Mt 8:23-27, a primeira aplicação e responda: O que devemos fazer para que a transformação que desejamos aconteça? 2. Se você deseja transformação, respeite o cronograma de Jesus. É sempre bom saber que Jesus pode atender nossos pedidos e so- lucionar nossos problemas, quando por estes somos afligidos. O que muitos não sabem é ter paciência suficiente para esperar o momento certo para o Senhor agir. As coisas nem sempre acontecem quando e como queremos que aconteçam. O nosso tempo nem sempre coincide com o tempo de Deus. Por isso, nunca devemos deixar de falar com ele sobre as nossas necessidades, mas sem nos esquecermos de respeitar o seu cronograma. 6. Leia Sl 40:1; Hb 10:36, a segunda aplicação e responda: Por que a transformação que desejamos nem sempre acontece? 3. Se você deseja transformação, obedeça à orientação de Jesus. Quando os serventes, sem nada questionarem, fizeram o que Jesus lhes mandou, enchendo as talhas de água, o milagre aconteceu (Jo 2:7- 18 | Lições Bíblicas – 3º Trimestre de 2009 10). A lição que precisamos aprender, aqui, está associada à atitude de obediência daqueles serventes. Jesus está sempre pronto a satisfazer as nossas necessidades, quando a ele recorremos, mas espera de nossa parte que estejamos também dispostos a seguir a orientação que ele nos dá, fazendo o que ele nos manda. Um gesto de obediência e sub- missão pode mover o coração de Deus a nosso respeito. 7. Leia Jo 2:5 e 7, a terceira aplicação e responda: Que exemplo nos deixaram os serventes daquela festa de casamento em Caná da Galileia? CONCLUSÃO: De acordo com a lição que acabamos de estudar, concluímos que, onde quer que Jesus esteja, há sempre a possibilida- de de acontecer algum milagre. Para que isso aconteça, precisamos buscá-lo cientes do que estamos necessitando. Mas só pedir a sua interferência não basta. Em alguns casos, precisamos pedir e esperar pelo tempo certo de ele agir. Deus quer nos abençoar, mas é sobera- no em suas decisões. Por isso, nem sempre responde no tempo e do modo como desejamos. Precisamos aprender a condicionar o nosso desejo ao tempo e à vontade do Senhor. www.portaliap.com | 19 TEXTO BÁSICO: Cansado da viagem, assentara-se Jesus junto à fonte, por volta da hora sexta. Nisto, veio uma mulher samaritana tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber. (Jo 4:6b-7) INTRODUÇÃO: Um percurso contraditório, uma mulher excluída, um poço e um diálogo, tudo o que Jesus precisou para ensinar sobre seu ca- ráter, a adoração perfeita e nossa missão aqui na terra. Por meio de um encontro surpreendente, Jesus restaura a vida de uma mulher samaritana que evitava encontrar-se com qualquer pessoa, preferindo tirar água de um poço distante de sua cidade, no período mais quente do dia, diferente- mente das outras mulheres.1 Segue-se uma sequência de surpresas, para a mulher, para os discípulos e para nós, que revemos a história hoje. Vejamos o quanto esta visita divina a Samaria pode nos surpreender e nos ensinar. I – OLHANDO PARA JESUS Jesus sabia que a sua notoriedade era ameaçadora para os fariseus (Jo 4:1-2). A fim de não provocar disputas, ele sai da Judeia, que era o 1. Spangler (2003:304) Mostrar ao aluno que Jesus pode orientar seus relacionamentos, restaurar sua adoração e afirmar sua missão. 18 JUL 2009 Aquele que Surpreende3 LEITURA DIÁRIA OBJETIVO Hinos sugeridos: 254 BJ • 164 HC / 126 BJ • 119 CC Domingo, 12 de julho: Jo 4:1-6 Segunda, 13: Jo 4:7-18 Terça, 14: Jo 4:19-26 Quarta, 15: Jo 4:27-30; 39-42 Quinta, 16: Jo 4:31-38 Sexta, 17: Jo 4:43-50 Sábado, 18: Jo 4:51-54 20 | Lições Bíblicas – 3º Trimestre de 2009 Estado principal do Judaísmo, e vai para a Galileia, que se localizava na periferia espiritual, um lugar longe do centro da religião.2 Samaria ficava entre os dois locais, e sua população era composta por judeus misci- genados, o que os fez perder sua pureza racial e, consequentemente, religiosa. Jesus decide fazer essa trajetória, não por ser o caminho mais curto, mas por um encargo divino3 (Jo 4:4). Analisemos o quão surpre- endentemente Jesus aparece no capítulo 4 de João. 1. Jesus surpreende pela sua humanidade: Sedento (Jo 4:7), exaus- to (v.6), faminto (v.8) e sozinho, Jesus procura um lugar para se reclinar. Por volta do meio-dia, ele descansa à beira de um poço. Observe a fragilidade de Jesus. Não tinha caneca, balde e corda. Olhe sua pobre- za. Jesus despiu-se de toda sua glória, a fim de tornar-se um homem (Fl 2:7). A humanidade genuína do nosso Salvador é evidenciada aqui.4 Mesmo sendo igual a nós, devido à vulnerabilidade física, mesmo de- pendendo de outros para matar sua sede e sua fome (vv. 7-8), Jesus não era comum. Ele sabia que, em Samaria, um lugar marginalizado, havia uma mulher que carecia de sua atenção. Como homem, Jesus poderia escolher o caminho mais curto. Sendo Deus, ele o escolheu pensando na salvação dos samaritanos. Este é um dos capítulos que melhor apresentam a humanidade e a divinda- de de Jesus. Ele se mostra, ao mesmo tempo, como Filho do homem e Filho de Deus. Somente como Deus e como homem, Jesus poderia compreender a carência afetiva e espiritual daquela mulher. Em con- traste com sua natureza humana e seu pedido simbólico, Jesus ofere- ce à mulher algo duradouro e verdadeiro. 2. Jesus surpreende pelo seu comportamento: Vejamos a estra- tégia usada por Jesus para apresentar a possibilidade de uma nova vida. Ele pediu água à mulher samaritana. Parece um pedido simples, e que, ao atendê-lo, ela faria uma cortesia habitual. Contudo, três fa- tores impediam aquela situação de ser corriqueira. Em primeiro lugar, Jesus era judeu e ela, samaritana. Veja a explicação: ... os judeus não se dão bem com os samaritanos (Jo 4:9-NVI). Naquela época, um judeu nunca partilharia o mesmo prato de um samaritano,temendo uma contaminação (devido à impureza racial e religiosa). Em segundo lu- gar, na cultura judaica, um homem não poderia falar com uma mulher 2. Bíblia de Estudo Conselheira (2008:14). 3. Arrigton (2003:509) 4. Bruce (2009:1717) www.portaliap.com | 21 em público, mesmo sendo de sua família. Em terceiro lugar, ela era pecadora, pelas várias ligações amorosas que tivera.5 Diante de três fatores relevantes, Jesus fez o que não era aceitável. Ele surpreende por romper com as convenções sociais. Jesus era destituído de qualquer tipo de preconceito. Ele não discriminava pessoas por conta da etnia ou do gênero. Foi ele quem estabeleceu os padrões morais; por- tanto, as convenções sociais segregadoras pouco lhe importavam. Jesus não seguia as tradições acrescentadas à palavra de Deus, mas priorizava as pessoas. Se a tradição excluía, Jesus a renunciava, pois amava e respei- tava as pessoas como eram (Ef 5:2). 3. Jesus surpreende pela sua onisciência: Em seguida, Jesus parte de uma pergunta simples para o plano da sede existencial, oferece-lhe água viva. Com uma perspectiva superficial, a mulher pede aquela água (Jo 4:15). Jesus conduziu o diálogo de modo a fazê-la entender a necessidade que ela tinha de salvação. Ele a surpreende mais uma vez ao mostrar que conhecia sua vida. Ele sabe seus desejos, seus pensamentos, e toca justamente no ponto vulnerável dela. Jesus pede que ela chame seu marido. A mulher se esquiva com uma resposta evasiva: Não tenho marido (v. 16). Jesus, po- rém, conhecia as minúcias de sua vida e as desvenda (v. 17, 18). Frustração, amargura e decepção eram o resultado da sua história de vida. Jesus expõe o pecado que ela fazia questão de omitir. Mas não faz para envergonhá-la. Ela, como os demais samaritanos, estava desorien- tada espiritualmente. Então, Jesus, em resposta a um questionamento sobre adoração, responde: ...os verdadeiros adoradores adoraram ao Pai em espírito e em verdade (v. 23). Devido à hostilidade judaica os sama- ritanos construíram um templo em Gerizim, já que não podiam adorar em Jerusalém.6 Jesus esclarece que o importante não é o lugar onde se adora, mas, sim, como se adora. Essa adoração somente é possível à luz do conhecimento de Cristo e em virtude da regeneração.7 4. Jesus surpreende pela sua revelação: À medida que a conversa evolui, a samaritana compreende que ele não era um homem comum. De um simples judeu, passa a profeta ou talvez ele fosse o tão espera- do Messias. Em qualquer outro contexto, Jesus hesitaria em revelar sua identidade, mas, aqui, não. Ele assume: Eu o sou (v. 26), referindo-se ao Messias. O interesse de Jesus era fazer-se conhecido a todos os samari- 5. Stott (1921:174) 6. Allen (1987:298) 7. Bruce (2009:1718) 22 | Lições Bíblicas – 3º Trimestre de 2009 tanos. Diante de tal declaração, a mulher corre a cidade para avisar aos seus compatriotas o que lhe acontecera. Seu testemunho simples con- duziu os samaritanos a Jesus Cristo. Ela deixou o cântaro junto ao poço, simbolizando que já estava satisfeita espiritualmente.8 Os discípulos se surpreenderam com a cena incomum que viram. Ne- nhum ousou questionar sobre o assunto; apenas insistiram em que Jesus se alimentasse. Ele revelou que certas necessidades são satisfeitas so- mente no âmbito espiritual (Mt 4:4). Vendo o embaraço dos discípulos para compreenderem (v.33), explicou-lhes que seu alimento era fazer a vontade do Pai. Para ele, era fundamental atender as necessidades espi- rituais daquele povo. Usa, então, a metáfora de uma seara, para explicar aos discípulos a missão deles. Jesus apresenta-se como o semeador e diz que veriam muitos frutos da conversa que tivera com a samaritana. Os discípulos, portanto, deveriam colher os frutos. Muitos samaritanos creram em Jesus, por intermédio do testemunho simples daquela mulher. Insistiram em que Jesus permanecesse algum tempo com eles. Ele ficou mais dois dias com os samaritanos. Disseram os samaritanos: Agora cremos (Jo 4:42-NVI). Primeiro creram nas pala- vras da mulher, que expressavam o poder de Jesus; depois, creram na pessoa de Jesus. Isso proporcionou o reconhecimento de que ele era o Salvador do mundo.9 Jesus teve paciência em ensinar a verdade à mulher samaritana porque seu desejo é que a salvação sempre esteja disponível a todos que crerem. 1. Com base no item 1 do comentário e em João 4:6-8, responda: Qual verdade sobre a natureza de Jesus é evidenciada? 2. Leia o item 2 do comentário e responda: Qual era a prioridade de Jesus? 8. Wiersbe (2007:387) 9. Alenn (1983:301) www.portaliap.com | 23 3. A partir do item 3 do comentário e da leitura de João 4:16-18, diga o que Jesus precisou fazer para dar àquela mulher uma das maiores lições sobre adoração? 4. Leia o item 4 do comentário e responda: Qual foi a revelação feita à mulher samaritana e a revelação feita aos discípulos? II – OLHANDO PARA VOCÊ 1. Deixe o surpreendente Jesus orientar seus relacionamentos. A mulher samaritana tentava suprir sua carência de forma descome- dida, através de relacionamentos conjugais, mas nem ela se satisfazia, nem seus companheiros. Quando se encontrou com Jesus, ele lhe mos- trou que não saciamos nossa sede existencial na dimensão humana, porque esta traz decepções¹ (v.13). Quando Jesus aponta-lhe o erro, ela tenta desviar o foco, mudando de assunto. Mas Jesus quer que assu- mamos nossos erros, para haver conversão. Somente ele pode saciar o vazio da nossa alma (v.14). A possibilidade de salvação mostra o amor incondicional de Cristo e nos ensina a vivê-lo nas nossas relações afeti- vas. Supra sua sede permanente de afeto em Jesus (Sl 42:1). 5. Com base na primeira aplicação, responda: Por que somente Jesus pode orientar nossos relacionamentos? 24 | Lições Bíblicas – 3º Trimestre de 2009 2. Deixe o surpreendente Jesus restaurar sua adoração. Jesus escolheu uma mulher excluída, devido suas más escolhas, seu gê- nero e sua origem, para dar uma das maiores lições sobre adoração. Aque- la mulher que se preocupava apenas com a satisfação da sua própria sede aprendeu que precisava partir de um desejo superficial para compreender as verdades espirituais. Jesus ensina-lhe sobre a necessidade de transpa- rência na presença de Deus. Ele mostra que não precisamos de máscaras diante do Deus onisciente. A mulher apresentou o ritual, e Jesus, uma for- ma de vida. Mais do que rituais de cultos vazios, frios e com pessoas que nem ao menos sabem o que adoram, Jesus nos quer com desejo genuíno de adorá-lo. E quer que busquemos comunhão constante com ele. 6. Com base na segunda aplicação, explique: Que verdade sobre a adoração Jesus nos ensina em João 4:21-23? 3. Deixe o surpreendente Jesus afirmar sua missão. Jesus surpreende ao mostrar que uma pessoa improvável poderia tor- nar-se uma testemunha eficiente.10 A água viva que Jesus lhe ofereceu dá-nos a ideia de movimento. Jesus afirma que seria como uma fonte a jorrar para a vida eterna. Jorrar dá o sentido de transbordar, inundar. Uma pessoa cheia do Espírito Santo deve anunciar a salvação que recebeu de Jesus Cristo. O testemunho dela foi superficial, mas bem intencionado, e tão eficaz que levou os samaritanos a crerem em Jesus (v.39). Mesmo diante de suas limitações, reconheça e cumpra sua maior missão como salvo em Cristo: proclamar as boas novas (Mc 16:15). 7. Com base na terceira aplicação, diga: Qual é o dever dos crentes cheios do Espírito Santo? 10. Bruce (1987:108) www.portaliap.com | 25 CONCLUSÃO: Jesus pode identificar-se com a efêmera existência humana. Alivia-nos saber que ele compreende tudo o que passamos. Conhecendo o nosso interior repleto de pecados, frustrações e desilu- sões, ele é capaz de preenchê-lo com seu infinito amor e a certeza da vida eterna. Deixe suas necessidades físicas e seus desejos egoístas em segundo plano e cresça no verdadeiro conhecimento deste surpreen- dente Jesus. Adore-overdadeiramente, e obedeça ao chamado que ele faz para testemunhar a salvação. 26 | Lições Bíblicas – 3º Trimestre de 2009 TEXTO BÁSICO: Então, lhe disse Jesus: Levanta-te, toma o teu leito e anda. Imediatamente, o homem se viu curado e, tomando o leito, pôs-se a andar (Jo 5:8-9a) INTRODUÇÃO: Jesus não ignora o fraco. A sociedade pode ignorar o fraco, mas ele não. A família pode ignorar o fraco, mas ele não. Até mes- mo a igreja pode ignorar o fraco, mas ele não. Quando Jesus vê um fraco, um desclassificado, um excluído, um miserável, um pecador atirado no chão, prostrado no pó da terra, pisado por pés humanos, para, aproxima- se, conversa, pergunta, abaixa e estende a mão para levantá-lo. Essa é uma das maiores belezas do caráter de Jesus Cristo. A lição de hoje, cuja base principal é João 5:1-14, mostra Jesus dando atenção a um homem fraco, um homem que não ficava de pé nem andava. I – OLHANDO PARA JESUS Algum tempo depois de curar, de longe, o filho do oficial, Jesus subiu a Jerusalém (Jo 5:1b). Era um tempo de festa: havia uma festa entre os judeus. Esta deve ter sido uma das três festas da peregrinação: a Páscoa, o Pentecostes ou a festa dos Tabernáculos. O que levou Jesus a Jerusa- Mostrar que somos fortalecidos por Jesus, quando buscamos a pessoa certa, fazemos a confissão certa e adotamos a conduta certa. 25 JUL 2009 Aquele que Fortalece4 LEITURA DIÁRIA OBJETIVO Hinos sugeridos: 74 BJ • 375 CC / 79 BJ • 367 CC Domingo, 19 de julho: Jo 5:1-4 Segunda, 20: Jo 5:5-9 Terça, 21: Jo 5:10-15 Quarta, 22: Jo 5:16-23 Quinta, 23: Jo 5:24-29 Sexta, 24: Jo 5:30-38 Sábado, 25: Jo 5:39-47 www.portaliap.com | 27 lém? Ele não foi até lá para participar da festa em si, mas para “curar um homem e usar o milagre como ponto de partida para um mensagem dirigida ao povo”.1 Tendo por base a narrativa desse milagre, olhemos para a percepção, a pergunta, a autoridade e a exigência de Jesus, aquele que fortalece. 1. A percepção daquele que fortalece: Assim que chegou, Jesus se dirigiu não ao templo, mas ao tanque, chamado, em hebraico, de Betesda. Este é um nome de significado interessante: casa da miseri- córdia. Ali, estava um homem que, há trinta e oito anos, vivia enfermo (Jo 5:5). Isso, porém, “não significa, certamente, que ele estivera ali por todo esse tempo”. O fato é que o Senhor enxergou aquele ho- mem: E Jesus, vendo este deitado (Jo 5:6a). Sem dúvida, ele o olhou com um olhar de compaixão (Mc 8:3, 10:21). Jesus sabia que o homem estava naquele estado há muito tempo (Jo 5:6b). Ele pode ter obtido essa informação por meios naturais ou espirituais. Jesus percebia o sofrimento alheio. Ele via o sofrimento estampado no cor- po, que causava deficiência física. Jesus percebeu as costas corcundas por 18 anos da mulher encurvada (Lc 13.11), a pele doente dos dez leprosos (Lc 17:14) e os olhos baços do cego de nascença (Jo 9:1). Ele via também o sofrimento escondido na alma, que produzia desgastes emocionais. Jesus enxergou a dor daquela mulher que já havia perdido o marido e agora estava sepultan- do o único filho (Lc 7:13), a tristeza do jovem rico (Lc 18:24) e as lágrimas da irmã e dos amigos de Lázaro, sepultado quatro dias antes (Jo 11.33).2 2. A pergunta daquele que fortalece. Jesus se aproximou daquele que se achava enfermo (Jo 5:5). Perguntou-lhe: Queres ficar são? A pergunta parece absurda, mas não é. Ele podia mesmo não querer a cura. A cura lhe traria, por assim dizer, alguns prejuízos. Ele perderia a simpatia das pessoas e, consequentemente, o sustento pessoal. Além disso, não teria mais desculpas para seus fracassos pessoais.3 Enfim, seria preciso começar a vida outra vez! “É possível que, depois de tantos anos nesta condição, o homem preferiria não enfrentar os desafio de uma vida sadia normal”4 Uma pergunta objetiva exige uma resposta objetiva. A resposta mais óbvia seria: “Sim, quero ser curado!” Mas não foi o que Jesus ouviu. O enfermo respondeu-lhe desta maneira: Senhor, não tenho homem algum 1. Wiersbe (2007:391). 2. César (2001:85) 3. Richards (2008:210) 4. Bruce (1987:115) 28 | Lições Bíblicas – 3º Trimestre de 2009 que, quando a água é agitada, me coloque no tanque; mas, enquanto eu vou, desce outro antes de mim (Jo 5:7). Não disse “sim” nem disse “não”. Disse apenas que não tinha quem o auxiliasse. Faltou-lhe a objetividade do cego de Jericó (Lc 18:35-43). Quando Jesus lhe perguntou: Que queres que te faça? Ele respondeu prontamente: Senhor, que eu veja. 3. A autoridade daquele que fortalece: Após uma pergunta aparen- temente estranha e uma resposta incrivelmetente imprecisa, veio uma ins- trução grandemente intrigante: Levanta-te, toma tua cama e anda (Jo 5:8). Fazia quase quatro décadas que aquele homem não conseguia se levantar nem se locomover sozinho. Como, então, cumpriria a ordem dada por Je- sus? Quem lhe deu a ordem, lhe deu o poder para cumpri-la: ...logo, aquele homem ficou são, e tomou a sua cama (Jo 5:9a). Ele recebeu poder para fazer o que, momentos antes, estivera bem aquém de sua capacidade. O que ele fez depois de curado? Partiu (Jo 5:9b). Preste atenção nessa reação, por favor. Não faltou gratidão? Faltou! “Ficamos esperando que ele caia de joelhos ao ser milagrosamente curado, mas não faz isso”5. Também “esperamos que ele mostre certa curiosidade sobre a pessoa que o curou, mas ele mesmo sequer pergunta o nome de Jesus”6. A mul- tidão que assistiu ao milagre igualmente permaneceu silenciosa. Os lí- deres religiosos, em vez de se alegraram com o livramento maravilhoso7 daquele homem, o censuraram e o condenaram, dizendo: É sábado, não te é lícitolevar a cama (Jo 5:10).8 4. A exigência daquele que fortalece: Ao encontrar aquele homem, um pouco mais tarde, no templo, Jesus lhe fez uma afirmação e uma adver- tência: Eis que já estás são não peques mais, para que te não suceda alguma coisa pior (Jo 5:14). Alguns acreditam que, aqui, Jesus está se referindo à condição passada daquele homem. “Isso sugere que Jesus via alguma co- nexão, por indireta que fosse, entre esse caso de sofrimento e algum peca- do de que o homem era culpado”.9 A coisa pior pode bem ser a morte. Pior do que ficar trinta e oito anos doente é morrer. Às vezes (mas nem sempre – cf. 9:2,3; II Sm 4:4; I Rs 14:4; II Rs 13:14), as doençeas são pena pelos peca- dos cometidos pessoalmente (I Rs 13:4, II Rs 1:4, II Cr 16:12). 5. Wolgemuth & Spangler (2004:379) 6. Idem. 7. Wiersbe (2007:392). 8. Os líderes religiosos haviam feito uma lista de 39 trabalhos que não poderiam ser reali- zados no sábado, e levar uma carga era um deles. 9. Bruce (2009:1720). www.portaliap.com | 29 Outros entendem que, aqui, “Jesus está se referindo não ao que suposta- mente aconteceu quase quarenta anos atrás, mas à condição presente des- se homem”. Fisicamente, estava saudável, mas, espiritualmente, continuava adoecido. Ainda não havia feito as pazes com Deus. Continuava no pecado. Ele não deveria continuar naquela situação. Se não mudasse a sua condição, haveria guardada para ele uma coisa pior do que a doença da qual há pouco fora libertado, que pode ser a punição eterna. De fato, o tempo do verbo “pecar”, no grego, significa: Não mais continue ou prossiga no pecado. A ordem de Jesus: não peques mais, quer signifique “não repita o pe- cado cometido”, quer “signifique não continue nele”, expressa a nova condição em que aquele homem deveria viver. Essa nova condição de vida é biblicamente denominada de santificação. Mas não devemos es- quecer que a exigência não peques mais veio após a cura. O que deveria provocar o bom comportamento no homem que fora curado seria a for- ça da gratidão. Quando é a gratidão que promove a mudança de vida, esta se torna mais fácil. O agraciado sente-se no dever de amar aquele que o curou, não só de palavras, mas também de atos. 1. Leia Jo 5:6a e responda: O que esse texto nos ensina sobre Jesus? Leia também o item 1. 2. Após ler Jo 5:6b e o item 2, responda: Comoentender e explicar a pergunta feita por Jesus ao homem enfermo? 3. Com base em Jo 5:8, responda: O que esse texto ensina sobre a autoridade de Jesus? Recorra ao item 3. 30 | Lições Bíblicas – 3º Trimestre de 2009 4. A expressão “não peques mais”, presente em Jo 5:14, pode ser explicada de duas maneiras. Quais são elas? Leia o item 4. II – OLHANDO PARA VOCÊ 1. Se você deseja ser fortalecido, busque a pessoa certa. Ao redor do tanque de Betesda, jazia grande multidão de enfermos (...) es- perando o movimento das águas (Jo 5:3). As pessoas se ajuntam ao redor de qualquer coisa que parece prometer qualquer solução ou resposta para os seus problemas. Inúmeras pessoas procuram libertação através de objetos: a rosa ungida, ramos de arruda, sal grosso, oléo, água, vinho, pedrinhas tra- zidas da “terra santa”, fitinhas, lenços. A nossa libertação não vem de objeto, mas de uma pessoa, e esta pessoa chama-se Jesus. É no Senhor Jesus que deve estar a nossa esperança. É dele que vem a nossa salvação (At 4:12). 5. “Se você deseja ser fortalecido, busque a pessoa certa”. Como você explica essa expressão? 2. Se você deseja ser fortalecido, tenha a resposta certa. Vimos que a primeira coisa que Jesus fez com o paralítico de Betesda foi perguntar-lhe: Queres ficar são? (Jo 5:6). Se você está prestes a se separar, ele pergunta: “Quer que eu os ajunte outra vez?” Se você é um alcoólatra, ele pergunta: “Quer que eu o liberte do álcool?” Se você é um dependente de droga, ele pergunta: “Quer que eu o livre das drogas?” Se você é um homossexual, ele pergunta: “Quer que eu lhe restaure a identidade sexual?”10 Se você é um pecador, ele pergunta: “Quer que eu o perdoe?” Qual será a sua resposta? Diga “sim”, mas seja objetivo! 10. César (2000:15). www.portaliap.com | 31 6. Comente a resposta do homem enfermo à pergunta de Jesus. O que há de errado em sua resposta? Leia a segunda aplicação. 3. Se você deseja ser fortalecido, adote a conduta certa. Não peque mais, disse Jesus ao homem curado. Ele diz o mesmo para você, hoje e agora: Não peque mais. Não volte a usar drogas, não volte a se refugiar no álcool, não volte para os braços da amante. Não peque mais. Não continue acessando site pornográficos, não continue a fazer sexo com pessoas do mesmo sexo, não continue abusando da misericór- dia de Deus. Não peque mais. Você precisa tomar muito cuidado. Você corre o risco de ser duramente castigado. Não com doença ou morte. O castigo é outro, muito pior. É o castigo eterno. Não corra o risco da per- dição eterna. Então, deixe de pecar e faça o que é certo (Dn 4:7). 7. Com base na terceira aplicação, responda: Após sermos fortalecidos pelo Senhor, qual deve ser a nossa conduta em relação ao pecado? CONCLUSÃO: Talvez você seja igual ao paralítico: inválido, sem op- ção. Está, há algum ou há muito tempo, deitado no chão, ferido e exaus- to. Você quer levantar-se da tristeza, da angústia, do choro e não se levanta. Você quer levantar-se da ansiedade, da tensão, do medo e não se levanta. Você quer levantar-se das lembranças do passado, da ideia fixa, do trauma e não se levanta. Você quer levantar-se do desânimo, do pessimismo, da desesperança e não se levanta. Olhe para Jesus. Ouça, ele está dando uma ordem para você: Levante-se, pegue a sua cama e ande! (Jo 5:8 – NTLH). Com a força de Cristo, você pode levantar-se de qualquer situação (Fp 4:13). 32 | Lições Bíblicas – 3º Trimestre de 2009 TEXTO BÁSICO: Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede. (Jo 6:35) INTRODUÇÃO: Além da famosa frase: “O coração tem razões que a própria razão desconhece”, foi o conhecido físico e filósofo religioso, Blaise Pascal, quem também disse que existe um vazio em forma de Deus no coração de cada pessoa, e que somente ele (Deus) pode preenchê-lo.1 Pascal tem razão. Todo ser humano precisa de Deus e nunca estará sa- tisfeito sem ele. É isso que o estudo de hoje pretende mostrar. Com base no capítulo 6 do Evangelho de João, veremos que Jesus é a resposta para os nossos anseios mais profundos. Com nossa atenção voltada para ele, iniciemos o estudo desta lição. I – OLHANDO PARA JESUS Assentado, como os mestres da época costumavam fazer, Jesus estava ensinando (Jo 6:3). O lugar era deserto. As horas iam se passando, minuto a minuto, segundo a segundo. O dia estava acabando, e toda a multidão 1. Rogers (2000:94). Mostrar ao estudante da palavra de Deus que, mesmo diante de pessoas superficiais, de problemas repentinos e de recursos insuficientes, Jesus realmente satisfaz; ele é a resposta para os nossos anseios mais profundos. 1 AgO 2009 Aquele que Satisfaz5 LEITURA DIÁRIA OBJETIVO Hinos sugeridos: 412 BJ • 156 MV / 178 BJ • 145 HC Domingo, 26 de julho: Jo 6:1-21 Segunda, 27: Jo 6:22-59 Terça, 28: Jo 6:60-71 Quarta, 29: Jo 7:1-27 Quinta, 30: Jo 7:28-53 Sexta, 31: Jo 8:1-30 Sábado, 1 de agosto: Jo 8:31-59 www.portaliap.com | 33 que o havia seguido não tinha nada para comer. Os discípulos ficaram preocupados. Ao olharem para aquela circunstância, não lhes restaram dúvidas: aproximaram-se de Jesus e disseram: Manda embora o povo (Mc 6:36). Essa era a vontade dos discípulos, não a de Jesus. Vejamos, neste capítulo, como ele age diante desse problema. Esse texto tem muito a nos ensinar sobre a prontidão, a avaliação, a provisão e a instrução de Jesus, aquele que satisfaz. 1. A prontidão daquele que satisfaz: De seis meses a um ano2 depois de curar o paralítico do tanque Betesda (Jo 5), Jesus e seus discípulos atravessaram o mar da Galiléia (Jo 6:1) e foram para um lugar deserto, nas redondezas de uma cidade chamada Betsaida (Lc 9:10). Essa viagem tinha objetivos: descanso e reflexão. Os discípulos haviam acabado de retornar de uma viagem missionária; estavam “fisicamente exaustos”; precisavam descansar: Não tinham tempo nem de comer (Mc 6:31). Além disso, haviam acabado de receber a terrível notícia da morte de João Ba- tista (Mt 14:12); estavam “emocionalmente abalados”. Era um dia triste, tanto para eles como para Jesus. Quando eles chegaram ao outro lado do mar, para o merecido mo- mento de descanso e meditação, foram surpreendidos: uma grande multidão os havia seguido (Jo 6:2). E o que é pior, seguia de maneira superficial:3 ... porque tinham visto os sinais miraculosos que ele opera- va (Jo 6:2). Como Jesus reagiu? Irritou-se? Mandou-os ir embora? Não! Longe de considerar isso uma perturbação, Jesus mostrou-se pronto a atender os anseios da multidão. Ele teve compaixão deles (...) passou a ensinar-lhes muitas coisas (Mc 6:34), ... curou os seus enfermos (Mt 14:14), e ainda faria muito mais (Jo 6:10-12). 2. A avaliação daquele que satisfaz: A situação era crítica. O dia se findava e o lugar era deserto. Diante de quase cinco mil homens, famintos e cansados, Jesus tomou uma atitude, a princípio, estranha. Erguendo os olhos e vendo a grande multidão, disse a Felipe: Onde compraremos pão para toda essa gente comer? (Jo 6:5). Jesus pediu uma sugestão a Felipe. Todavia, não se engane: Ele estava experimentando Felipe (Jo 6:6a – BV). Jesus não precisa de conselhos para tratar de emergências, ele já sabia o que ia fazer (Jo 6:6). Jesus não estava “apenas” pedindo uma sugestão. Através dessa avaliação, queria experimentar a fé do discípulo.4 2. Hendriksen (2004:285). 3. Bruce (1987:130). 4. Pfeiffer & Harrison (1980:192). 34 | Lições Bíblicas – 3º Trimestre de 2009 Não foi só porque Felipe era de Betsaida (Jo 1:44), cidade mais próxima dali, que Jesus lhe dirigiu a pergunta. Felipe tinha de apren- der a incluir Jesus nos seus planos. Diante do problema, a primeira coisa que lhe veio à mente foi o “dinheiro”: Duzentos denários não comprariam pão suficiente (Jo 6:7). Duzentos denários era o salário de 200 dias de trabalho! Eles não tinham esse dinheiro. Ele olhou para aquilo que lhes faltava,“em vez de ver aquilo que Deus poderia dar”.5 Felipe esqueceu que o poder de Jesus “ultrapassava qualquer cálculo que ele pudesse fazer”.6 Mas nem tudo estava perdido. O mé- todo humano (de Felipe) era defeituoso; o divino (de Jesus), não. 3. A provisão daquele que satisfaz: Depois de Felipe, André cha- mou a atenção de Jesus para um rapaz que encontrara no meio da multidão: Está aqui um rapaz que tem cinco pães de cevada pequenos e dois peixinhos (Jo 6:9a). Atente para os detalhes: pães “pequenos” e dois “peixinhos”. Esses detalhes enaltecem ainda mais o milagre! Agora, veja a continuação da frase: ...mas o que é isso para tantos? (Jo 6:9b). André não olhou para o “poder” de Jesus. Ele olhou a “escassez” dos recursos. André iria aprender, naquela ocasião, que, quando os recursos humanos se acabam, Jesus continua tendo po- der suficiente para satisfazer as nossas necessidades. O pouco na mão dele é muito. Jesus começa a agir: Manda o povo assentar-se (...). Então Jesus to- mou os pães, deu graças, e repartiu-os com os que estavam assentados. E fez o mesmo com os peixes (Jo 6:11). O texto paralelo, no Evangelho de Marcos, diz que todos comeram e se fartaram (Mc 6:42); e não pa- rou por aí: Os discípulos recolheram dozes cestos cheios de pedaços dos pães de cevada, que sobraram aos que haviam comido (Jo 6:13). Cristo realmente satisfaz! Esse episódio foi um exemplo para Felipe, para André, para toda a multidão presente e para nós, hoje: Em vez de nos queixarmos daquilo que não temos, devemos agradecer a Deus por aquilo que temos. Jesus pode multiplicar esses recursos.7 4. A instrução daquele que satisfaz: Depois do milagre, a mul- tidão ficou extasiada, fascinada, maravilhada com o poder de Jesus, que, sabendo que viriam arrebatá-lo para o fazerem rei, tornou a retirar-se sozinho (Jo 6:15). Jesus partiu com seus discípulos, sem 5. Swindoll (2008:146). 6. Hendriksen (2004:289). 7. Wiersbe (2006:399). www.portaliap.com | 35 avisar a multidão (Jo 6:22). No outro dia, todos saíram à procura de Jesus (Jo 6:24). Dois grupos diferentes de pessoas saíram em busca dele; todavia, a motivação dos dois grupos era bem semelhante. O primeiro grupo era o dos barqueiros,8 que devem ter gostado bas- tante dessa procura desesperada da multidão, afinal, representava um ótimo dinheiro para eles. O segundo grupo de pessoas é a própria multidão em si. Agora veja o que a motivou. Quando se encontraram com Jesus, ele lhes diz: O fato é que vocês querem estar comigo porque Eu lhes dei de comer, e não porque crêem em mim (Jo 6:26 – BV). A motivação da multidão não era razoável. “Ele lhes dera o jantar no dia anterior, e agora, pas- sada a noite, eles queriam tomar café”.9 Eles não buscaram Jesus por quem ele era, mas pelo que ele podia dar. Além do milagre, eles pre- cisavam enxergar Jesus: Eu sou o pão da vida. Aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim jamais terá sede (Jo 6:35). Atente para a palavra “crer”, do texto citado. Crer, neste contexto, significa “ir” a ele. O sentido consiste “em ir como alguém que não tem nada (só pecado) e precisa de tudo”.10 Jesus estava querendo mostrar que é o verdadeiro pão que sustenta a alma humana! Ele disse: Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram, mas quem comer este pão viverá para sempre. Muitos acharam esse discurso muito pesado. A partir desse dia, voltaram atrás e já não andavam mais com ele. Uma minoria entendeu o recado: ...para quem iremos nós? Tu tens as palavras de vida eterna (Jo 6:68). Amém! Satisfação? Só em Jesus! 1. Leia Jo 6:1-3; Mc 6:30-34; Mt 14:12-14; o item 1 do comentário e comente a reação de Jesus diante da multidão que o seguiu e “interrompeu” o seu momento de descanso e reflexão com os seus discípulos? 8. Segundo Josefo, aproximadamente 330 barcos de pesca trabalhavam nas extremidades norte do mar da Galileia (Richards, 2008:212). 9. Allen (1983:319). 10. Hendriksen (2004:306). 36 | Lições Bíblicas – 3º Trimestre de 2009 2. Após ler Jo 6:5-7 e o item 2 do comentário anterior, responda: A hora era tardia; o lugar, deserto e o povo não tinha o que comer, por que motivo Jesus pediu uma sugestão a Felipe, frente a esse problema? 3. Leia Jo 6:8-12; o item 3 do comentário anterior e responda: O que André focava, quando disse: ...o que é isso para tantos? O que ele aprenderia naquela ocasião? 4. Após ler Jo 6:22-27, 35, 58-68; o item 4 do comentário anterior, responda: O que levou a multidão a procurar Jesus, no dia seguinte? e, o que ele lhe disse sobre suas motivações? II – OLHANDO PARA VOCÊ 1. Você pode encontrar satisfação em Jesus, apesar de pessoas su- perficiais. Uma das grandes características da multidão que seguia a Cristo era a superficialidade. Eles o procuravam sem compromisso. Não havia pro- fundidade no relacionamento. Eles o buscavam pelo que ele podia “dar”, não pelo que ele “era”. Tanto é verdade que, com apenas um sermão, a multidão o deixou: Duro é este discurso (Jo 6:60). Aquelas pessoas que- riam os milagres de Jesus, e não “Jesus”. Gente assim, ainda existe. Talvez você até conheça alguém. Entretanto, anime-se. Os verdadeiros discí- pulos, aqueles que buscavam e focavam Jesus, que entendiam que os milagres podem ou não acontecer, não foram prejudicados. O milagre aconteceu (Jo 6:11). Jesus agiu, “apesar” dos superficiais. www.portaliap.com | 37 5. Tendo lido a primeira aplicação, comente a seguinte afirmação: “Você pode encontrar satisfação em Jesus, apesar de pessoas superficiais”. 2. Você pode encontrar satisfação em Jesus, apesar de problemas repentinos. Tudo estava tranquilo. De repente, o desemprego apareceu. Tudo es- tava na mais perfeita paz. De repente, a doença chegou. Tudo estava em ordem. De repente, ele(a) não te ama mais. O que fazer? Acalme-se! No capítulo 6 do Evangelho de João, os discípulos também foram surpre- endidos. Ao entardecer daquele dia, o problema mostrou-se evidente. Sem dinheiro e sem comida para alimentar o povo, os discípulos não pensaram duas vezes: Despede-os (Mc 6:36). Essa era a solução mais sim- ples. Eles só esqueceram um detalhe, que faz toda a diferença: apesar de não terem comida, tinham Jesus! Se tivermos Cristo, temos tudo. Se não tivermos Cristo, não temos nada. 6. Tendo lido a segunda aplicação, comente a seguinte afirmação: “Você pode encontrar satisfação em Jesus, apesar de problemas repentinos”. 3. Você pode encontrar satisfação em Jesus, apesar de recursos insu- ficientes. A pergunta que Jesus fez aos seus discípulos é extremamente rele- vante: Quantos pães tendes? (Mc 6:38a). A resposta que os discípulos deram a Jesus foi extremamente preocupante: Cinco pães e dois peixes (Mc 6:38b). Cinco pães de cevada pequenos e dois peixinhos eram muito pouco para alimentar a multidão. André tinha razão (Jo 6:9). O problema de André é registrado para mostrar como são insuficientes os recursos do ser humano, quando comparados com as suas neces- 38 | Lições Bíblicas – 3º Trimestre de 2009 sidades.11 Você está sem forças? Desanimado? Já não vê mais saída? Seus recursos se acabaram? Confie; você ainda tem Jesus! Ele agiu, “apesar” da escassez dos recursos. 7. Tendo lido a terceira aplicação, comente a seguinte afirmação: “Você pode encontrar satisfação em Jesus, apesar de recursos insuficientes”. CONCLUSÃO: A resposta dos discípulos frente à pergunta de Jesus é uma pérola de grande valor, um tesouro da Bíblia Sagrada. Essa resposta traz consigo uma verdade indiscutível: Senhor, para quem iremos nós? (Jo 6:68). Não existe outro caminho. Não há meio termo. Ele é a única saída: Para quem iremos nós?. É só Jesus! O único capaz de preencher o vazio que existe dentro de cada ser humano. O único capaz de dar sig- nificado real à vida. A resposta para os nossos maiores anseios. Por isso, não desanime: apesar de pessoas superficiais, problemas repentinos e recursos insuficientes, Cristo, realmente,satisfaz! 11. Bruce (2009:1721). www.portaliap.com | 39 TEXTO BÁSICO: Ouvindo Jesus que o tinham expulsado, encontran- do-o, lhe perguntou: Crês tu no Filho do Homem? (Jo 9:35) INTRODUÇÃO: Não é surpreendente encontrarmos pessoas em total desamparo, pelas ruas de nossas cidades. Principalmente nas metrópoles, há um grande número de indivíduos com problemas fí- sicos ou psiquiátricos, que não desfrutam de qualquer cuidado por parte de instituições públicas, ONGs, igrejas ou de familiares. Mas o surpreendente é encontrarmos indivíduos em completo abandono, dentro das igrejas. São pessoas que vivem em total isolamento, quer sejam deficientes físicos, quer sejam pessoas que se achegam à igreja com alguma conduta moral questionável. Infelizmente, ainda há pre- conceito, por parte de quem se acha numa situação mais confortável. No presente estudo, que se baseia no capítulo 9 do Evangelho de João, vamos aprender com Jesus como devemos tratar os indefesos, os inválidos, os rejeitados e os excluídos. Mostrar ao estudante que Jesus ampara os socialmente indefesos, os fisicamente inválidos, os afetivamente rejeitados e os espiritualmente excluídos; conscientizá-lo, também, de que precisa ouvir, anunciar e adorar aquele que ampara, bem como precisa se espelhar no exemplo de Jesus, ao lidar com as pessoas que sofrem. 8 AgO 2009 Aquele que Ampara6 LEITURA DIÁRIA OBJETIVO Hinos sugeridos: 223 BJ • 346 CC / 95 BJ • 33 HC Domingo, 2 de agosto: Jo 9:1-7 Segunda, 3: Jo 9:8-12 Terça, 4: Jo 9:13-17 Quarta, 5: Jo 9:18-23 Quinta, 6: Jo 9:24-34 Sexta, 7: Jo 9:35-41 Sábado, 8: Jo 10:19-21 40 | Lições Bíblicas – 3º Trimestre de 2009 I – OLHANDO PARA JESUS Enquanto caminhava pelas ruas de Jerusalém, Jesus viu um homem cego1 de nascença, pedindo esmolas. Os discípulos quiseram saber quem seria o culpado por aquela situação: Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? (Jo 9:2). Jesus, porém, viu, naquele homem, uma razão para que Deus fosse glorificado: Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus (v. 3). Ao contrário dos discípulos, Jesus foi sensível o bastante para perceber que ali estava alguém que precisava de amparo, não de julgamento. É essa atitude aco- lhedora do Senhor que iremos estudar a partir de agora. 1. Jesus ampara os socialmente indefesos: Se, nos dias atuais, uma deficiência física deixa um ser humano indefeso, nos tempos de Jesus, na região da Palestina, o problema era bem maior: não havia proteção alguma, por parte do poder público ou da sociedade em geral, aos por- tadores de deficiência física. Os cegos, os surdos ou os paralíticos que não tinham família com bons recursos financeiros eram condenados a implorar sempre pelo favor alheio para sobreviver. Para esses, não havia perspectiva alguma de dias melhores. Antes de Jesus se manifestar em carne, não havia quem se interessasse pela dignidade dessas pessoas. O homem do relato de João 9, descrito como cego de nascença, vivia nessas condições. Além de nunca ter visto, não conhecia amparo algum por parte da sociedade. Vivia, dia após dia, assentado, pedindo esmolas (v. 8). Uma moeda ou outra era tudo que recebia, nada mais que isso. Ninguém procurava saber como ele se sentia, se tinha o que comer ou onde dormir. Nem seu nome era conhecido. Porém, sua situação não foi mais a mesma, depois que Jesus o viu. O texto bíblico diz que o Senhor não apenas o viu, mas decidiu devolver àquele homem a dignidade e o respeito que lhe haviam sido negados pela sociedade (vv. 1-7). 2. Jesus ampara os fisicamente inválidos: A deficiência visual2 não apenas impede seu portador de ver a luz, contemplar paisagens belas, discernir cores, ver as pessoas, distinguir gestos e olhares, mas o torna incapaz para muitas atividades. Aquele homem, desde que nascera, fora 1. Preferimos adotar o mesmo termo utilizado no texto bíblico, em lugar de “deficien- te visual”. 2. Aqui, estamos nos referindo à deficiência visual em seu grau máximo, conhecida como cegueira. www.portaliap.com | 41 condenado a ser inútil. Certamente, ele possuía talentos que sequer fo- ram descobertos, porque não lhe foram dadas as oportunidades neces- sárias para que desenvolvesse suas habilidades, percebesse seu valor e desfrutasse de algum reconhecimento. Para os outros e para si próprio, ele não passava de um inválido. Essa condição era humilhante; fazia-o sentir-se inferior às pessoas normais, que podiam trabalhar para se sustentar. Nesse sentido, a atitude de Jesus de fazer lodo com a saliva e aplicar aos olhos do cego foi fundamental (vv. 6-7). Ao usar a própria saliva, Jesus estava doando algo de si mes- mo, de seu corpo àquela pessoa e deixando claro que se importa com a integridade física do ser humano. O Senhor sabia o quanto a cegueira machucava a autoestima daquele homem. Por isso, teve grande prazer em restaurá-lo fisicamente. 3. Jesus ampara os afetivamente rejeitados: Não há rejeição maior para o ser humano do que a dos próprios pais. O texto de João 9, ver- sículos 18 a 23, mostra que o homem curado por Jesus não desfrutava do amor de seus pais, pois estes, ao serem interrogados pelos líderes judeus, não lhe demonstraram afeto. Cuidaram de preservar a si mes- mos. Para eles, parecia não importar que seu filho fosse expulso da sinagoga, contanto que eles não o fossem. Por isso, disseram: Ele idade tem, interrogai-o (v.23). O peso dessas palavras é de rejeição. Aqueles pais foram incapazes de se arriscar por seu próprio filho. Tudo indica que sabiam como havia sido curado, mas o deixaram à mercê dos fariseus. A covardia foi maior que o amor materno e paterno (v 22). Além disso, aquele homem não pôde contar com qualquer manifestação de compaixão por parte de seus líde- res religiosos, que o expulsaram da sinagoga. Jesus não se conteve, ao saber dessas coisas: Foi ao encontro do ex-cego e se revelou a ele (vv. 35-38). Jesus deu àquele homem o acolhimento e o amor que lhe haviam sido negados pelos próprios pais. 4. Jesus ampara os espiritualmente excluídos: Além do desamparo social e familiar, aquele homem tinha de lidar com o desamparo espiri- tual. Para ele, só havia sentença de condenação, pois, aos olhos de sua comunidade espiritual, uma pessoa que nascia com alguma deficiência estava debaixo de maldição, por seus próprios pecados ou pelos de seus pais. Foi essa a razão de os discípulos perguntarem a Jesus: Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? (v. 2). A resposta do Senhor corrigiu aquele preconceito e mostrou, não a causa, mas o pro- pósito daquela deficiência: Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para 42 | Lições Bíblicas – 3º Trimestre de 2009 que se manifestem nele as obras de Deus (v. 3). A cura foi a confirmação do acolhimento espiritual que o Senhor lhe deu (v. 6). Mas o problema da exclusão espiritual ainda não estava definitiva- mente resolvido. Por ter se mantido firme em seu testemunho a respeito de Jesus (vv. 15-17,25-33), o ex-cego foi banido da sinagoga, o lugar onde deveria sentir-se acolhido. Para um judeu, não havia coisa pior. Aquele homem estava desamparado de sua comunidade espiritual. Aos olhos dos demais judeus, ele estava perdido, desvinculado de Deus. Mas Jesus não pensava assim. Ao encontrar-se com o homem, o Senhor lhe ofereceu amparo afetivo e espiritual. Ele creu em Jesus e passou a fazer parte da família de Deus. Ao restaurar a visão daquele homem num sábado, Jesus não quis sim- plesmente fazer um prodígio ou causar polêmica. O Senhor quis mostrar que veio para restaurar o ser humano em todas as suas dimensões. Em Jesus, aquele que fora cego de nascença teve sua dignidade restaurada: sua integridade física e seu valor social foram restabelecidos; seu valor afetivo e espiritual, restituído. Jesus é aquele que ampara o indefeso, o inválido, o rejeitado e o excluído. Foi para esses que ele veio e é com esses que ele mais se importa. Todo aquele que se achegaa Cristo é feito nova criatura e pode desfrutar de acolhimento, pois o nome do Senhor é uma torre forte para onde as pessoas direitas vão e ficam em segurança (Pv 18:10 – NTLH). 1. Após ler Jo 9:1-8, o item 1 da primeira parte deste estudo, comente sobre a situação social daquele cego e sobre a atitude de Jesus em relação a ele. Pense também em como você pode oferecer acolhimento às pessoas socialmente indefesas. 2. Leia o item 2 da primeira parte deste estudo e responda: Com base no exemplo de Jesus, o que podemos fazer para zelar pelos direitos dos deficientes físicos e mostrar-lhes acolhimento? www.portaliap.com | 43 3. Com base em Jo 9:18-23,35-38 e no item 3 da primeira parte deste estudo, responda: Como Jesus amparou afetivamente o ex-cego? De que forma podemos ajudar aqueles que são rejeitados por seus entes queridos? 4. Com base em Jo 9:2,3,6,15-17,25-33,35-38 e no item 4 da primeira parte deste estudo, explique o que significa amparar o espiritualmente excluído. Que tipos de pessoas temos excluído do nosso meio religioso? A partir do exemplo de Jesus, o que podemos fazer para que se sintam acolhidas por nossa comunidade de fé? II – OLHANDO PARA VOCÊ 1. Você desfruta o amparo de Jesus, quando o ouve. O apóstolo Paulo tinha toda razão, quando disse: De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus (Rm 10:17). No caso daquele cego de nascença, ouvir fez mesmo toda diferença, pois, antes de ser curado, ouviu de Jesus: Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo (Jo 9:5). Ele creu naquele que lhe dizia tais palavras. Talvez você nunca tenha experimentado o acolhimento em seu ambiente social, jamais tenha pro- vado o aconchego de um lar ou vivido em comunhão com irmãos de fé. Mas, hoje, o mesmo Jesus que devolveu a vista àquele cego de nascença deseja amparar você. Se o ouvir, você será bem acolhido e desfrutará da comunhão com o Pai e com a família espiritual que ele lhe dará. 5. Leia a primeira aplicação, Rm 10:17 e responda: De que forma você pode ouvir Jesus e desfrutar do seu amparo? 44 | Lições Bíblicas – 3º Trimestre de 2009 2. Você compartilha o amparo de Jesus, quando o anuncia. Depois de ser restaurado fisicamente por Jesus, o ex-cego de nas- cença passou a ser notado por seus vizinhos e conhecidos. O amor de Deus lhes foi transmitido, pois o homem não hesitava em dizer a todos quem o havia curado (vv. 9-11) e testemunhou a respeito de Jesus também diante dos fariseus (vv. 15,17,24-33). E você? Tem compartilhado o amor de Jesus? O que tem respondido, quando lhe perguntam sobre a razão da sua fé? Não tenha medo da rejeição dos outros! Anuncie a pessoa de Cristo, seu amor, sua salvação. Não se envergonhe daquele que ampara! 6. Leia a segunda aplicação e responda: O que você precisa fazer para compartilhar o amparo de Jesus? Pense em como você pode ter uma atitude acolhedora para com aqueles que sofrem algum tipo de rejeição. 3. Você reconhece o amparo de Jesus, quando o adora. Desde que fora curado, até ser expulso da sinagoga, o ex-cego ainda não havia visto Jesus. Mas, quando o Senhor soube do que os fariseus lhe haviam feito, encontrou-o e revelou-se ao homem, que se prostrou diante de Jesus e o adorou (vv. 35-38). O que Cristo repre- senta para você, querido irmão? Ele é simplesmente aquele de quem você busca benefícios ou é o único Senhor da sua vida? Aquele ex- cego reconheceu que Jesus é muito mais que um benfeitor ou um profeta. Faça o mesmo: Reconheça-o como o Filho de Deus, o único que merece a sua adoração. 7. Com base na terceira aplicação, comente esta afirmação: “Jesus é muito mais que um benfeitor”. Que implicações esse reconhecimento tem na adoração que Cristo merece? www.portaliap.com | 45 CONCLUSÃO: À semelhança dos discípulos, que viram a cegueira como consequência de pecado, nós nos ocupamos demais em julgar situações de sofrimento. Mas a vontade de Deus é tão somente que desfrutemos, compartilhemos e reconheçamos o seu amparo, ao nos sentirmos indefesos, desvalorizados, rejeitados ou excluídos. O Senhor também deseja que ofereçamos às pessoas que sofrem o mesmo tra- tamento que ele nos dispensa. Devemos, portanto, tratá-las com res- peito, zelar pelos seus direitos e fazer o melhor para que se sintam acolhidas e valorizadas. Acima de tudo, devemos conduzi-las a Jesus, a fim de que o ouçam, o anunciem e o adorem. 46 | Lições Bíblicas – 3º Trimestre de 2009 TEXTO BÁSICO: Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim, assim como o Pai me conhece a mim, e eu co- nheço o Pai (Jo 10:14-15a). INTRODUÇÃO: Era uma das vocações mais simples de toda a Pa- lestina, e por sinal, uma das mais antigas também. Havia um ditado popular, que a incluía na lista de profissões que um judeu não devia ensinar a seu filho.1 Não era fácil trabalhar nessa área. Calor de dia, frio de noite, além das noites e noites sem dormir (Gn 31:40). Em ter- mos monetários, o salário era quase inexpressivo.2As casas em que eles moravam eram frágeis (cf. Is 38:11). As roupas, muito simples. O trabalho perigoso (I Sm 17:34-36). Apesar de tudo isso, quando falava de si mesmo, a figura predileta de Jesus não era a de um rei, de um general, mas a de um trabalhador dessa profissão: Eu sou o bom pastor (Jo 10:11), disse ele. O que isso nos ensina? Vejamos. 1. Rops (1986:150). 2. Azevedo (2004:119). Mostrar ao estudante da palavra de Deus que, diante das indecisões, das preocupações e dos sentimentos de desamparo, nós podemos contar com a direção, o cuidado e a proteção de Jesus, o nosso pastor. 15 AgO 2009 Aquele que Pastoreia7 LEITURA DIÁRIA OBJETIVO Domingo, 9 de agosto: Jo 10:1-5 Segunda, 10: Jo 10:6-10 Terça, 11: Jo 10:11-14 Quarta, 12: Jo 10:15-21 Quinta, 13: Jo 10:22-28 Sexta, 14: Jo 10:29-33 Sábado, 15: Jo 10:34-42 www.portaliap.com | 47 I – OLHANDO PARA JESUS A figura do pastor, com certeza, está entre as favoritas de Jesus. Ela aparece quase cinquenta vezes em toda a Bíblia e, na maioria das ve- zes, referindo-se a ele. Só no capítulo 10 de João, que se desenvolveu a partir do confronto de Jesus com os líderes judeus (Jo 9), encontramos seis referências à palavra “pastor”. O cego de nascença, que foi cura- do por Jesus, esperou em vão o cuidado pastoral dos seus líderes. Na verdade, eles o expulsaram do rebanho (Jo 9:34). Porém, depois disso, ele encontrou em Jesus “um pastor de verdade”.3 No estudo de hoje, baseado na metáfora pastor-ovelha, iremos meditar em quatro carac- terísticas do ministério de Jesus. 1. Um ministério orientador: Jesus conta um enigma sobre o mi- nistério pastoral (Jo 10:6). Ele é o personagem principal: O pastor das ovelhas (Jo 10:2). Jesus utiliza-se da metáfora pastor-ovelha para ressaltar algumas características importantes do seu ministério. Logo de cara, en- xergamos a primeira: a orientação. Veja o que diz o texto: E quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante delas, e elas o seguem (Jo 10:4). Ob- serve a expressão “ir adiante” das ovelhas. Esse é um detalhe importante. As ovelhas não podem caminhar sozinhas. Falta-lhes senso de direção. Uma ovelha tem que seguir alguém.4 A alguns metros do caminho certo, são incapazes de encontrá-lo. Se não houver um pastor que as oriente, as ovelhas tendem a peram- bular perto dos rios; o que é muito perigoso, visto que sua lã se molha, pesa, e elas podem se afogar.5 Ter um pastor para orientá-las é extrema- mente importante para preservar-lhes a vida e deixá-las sempre no cami- nho certo. É por isso que as ovelhas são talentosíssimas para discernir a voz do seu pastor: ...ouvem a sua voz (...) conhecem a sua voz (Jo 10:3-4). Jesus é apresentado no texto como aquele que vai adiante. Aquele ho- mem que foi rejeitado pelos seus líderes (Jo 9:35) não ficaria sem rumo! Jesus estava ali: Ele orienta! Quem o segue, acerta o caminho. 2. Um ministério cuidador: Quando Jesus lhes falou este
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