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Projetos de Prefeitura de acordo com o COE/SP Decr. n. 57.776/17 Projetos de Prefeitura (Legislação base: Código de Obras e Edificações do Município de São Paulo – DECRETO N. 57.776 DE 07 DE JULHO DE 2017, que regulamenta a Lei n. 16.642, de 9 de maio de 2017, baseada na Lei n. 11.228/92.) ____________________________________________________________________________ Roberta Vendramini - Arquiteta Sabrina Marano - Arquiteta Valéria Miranda - Advogada www.construir.arq.br São Paulo, novembro de 2017 (2ª edição) http://legislacao.prefeitura.sp.gov.br/leis/lei-16642-de-09-de-maio-de-2017/ Projetos de Prefeitura de acordo com o COE/SP Decr. n. 57.776/17 Sumário Agradecimentos............................................................................................................................................... 4 Sobre as autoras ............................................................................................................................................ 5 Introdução ........................................................................................................................................................... 6 1. Conceito: O que é um projeto de prefeitura ou projeto legal? ............................. 7 1.1 Atividades que exigem aprovação de projetos na prefeitura ........................................................ 9 1.2. Trâmites para se aprovar um projeto na prefeitura ....................................................................... 11 1.2.1 Alvará de Autorização ............................................................................................................... 13 1.2.2 Prazos para despacho de decisão ........................................................................................ 13 1.3 Alvará de Execução ................................................................................................................................ 15 1.4 Certificação de conclusão de obra (“Habite-se”) ............................................................................ 15 2. Pré-requisitos e procedimentos anteriores à aprovação do projeto .............. 17 2.1 Documentação técnica – registro profissional ................................................................................ 17 2.2 Documentação do lote/imóvel – título de propriedade e situação fiscal ................................. 18 2.3 Outras documentações exigidas ......................................................................................................... 24 2.4 Nota ao Capítulo: a polêmica entre o CAU e o CREA ................................................................. 25 3. Definições dos termos de um projeto legal ...................................................................... 27 4. Delimitação da responsabilidade legal técnica e do proprietário ..................... 32 4.1 Responsabilidades/obrigações do proprietário .............................................................................. 32 4.2 Responsabilidades/obrigações do profissional .............................................................................. 33 4.2.1 Alterações no projeto ................................................................................................................... 34 4.2.2 Identificação da responsabilidade na obra ........................................................................... 34 4.3 Responsabilidade civil - corresponsabilização ............................................................................... 34 Projetos de Prefeitura de acordo com o COE/SP Decr. n. 57.776/17 5. Iniciando o projeto de prefeitura.......................................................36 5.1. Elementos gráficos indispensáveis ................................................................................................... 43 5.1.1 Planta baixa ................................................................................................................................... 43 5.1.2 Cortes transversais e longitudinais ........................................................................................ 45 5.1.3 Fachadas ........................................................................................................................................ 48 5.1.4 Planta de cobertura ..................................................................................................................... 49 5.1.5 Detalhes .......................................................................................................................................... 52 5.1.6 Quadro de iluminação e ventilação ........................................................................................ 54 Considerações finais ................................................................................................................................. 56 Referências consultadas ........................................................................................................................ 57 Projetos de Prefeitura de acordo com o COE/SP Decr. n. 57.776/17 ©Copyright 2017 • Cursos Construir • www.construir.arq.br 4 Agradecimentos A Deus, por tudo que nos tem proporcionado!! Aos nossos pais, pelo sacrifício que permitiu nossa formação profissional. Aos nossos esposos e filhos, pelo amor e apoio incondicional. À toda equipe Construir, funcionários, estagiários e parceiros. e Aos nossos queridos alunos, presenciais e virtuais!! Sem vocês, nosso trabalho não teria sentido!! Obrigada, obrigada e obrigada!! Projetos de Prefeitura de acordo com o COE/SP Decr. n. 57.776/17 ©Copyright 2017 • Cursos Construir • www.construir.arq.br 5 Sobre as autoras A professora e arquiteta Roberta Vendramini está hoje à frente da empresa Cursos Construir. Com sólida experiência em coordenação e compatibilização de projetos, trabalhou no renomado escritório de arquitetura Olegário de Sá, em São Paulo. Durante anos, atuou também como docente de AutoCAD, Desenho Arquitetônico, Legislação para Obras, Projeto, dentre outras disciplinas, na Faculdade de Tecnologia em Construção de Edifícios IPEP e na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Anhanguera. Atualmente, a professora Roberta direciona todo seu tempo e know-how para treinamentos em DVD, videoaulas gratuitas, blogs e páginas no Facebook para cadistas, projetistas e alunos de arquitetura, engenharia e design. Seu primeiro blog, o AutoCAD para Construção de Edifícios, já foi visualizado mais de 5 milhões de vezes e seu canal no youtube é um dos maiores da área, com mais de 38 mil inscritos e 5 milhões de visualizações de vídeos. A arquiteta Sabrina Marano nasceu em São Paulo-SP, formada em Arquitetura e Urbanismo em 2001 pela Unib, trabalha na área desde 1999, atuando como colaboradora em escritórios de arquitetura conceituados da capital paulista. Em 2007, abriu seu escritório e continuou atuando em parceria com grandes arquitetos e construtoras, desenvolvendo projetos nas áreas residenciais e comerciais. Fez cursos livres nas áreas de luminotécnica, visual merchandising, design de interiores, legislação municipal para arquitetura e urbanismo e SOFTWARES voltados para a área de arquitetura. Hoje, é também parceira dos Cursos Construir, atuando na área educacional ao lado da professora Roberta Vendramini. A advogada Valéria Miranda, irmã da professora Roberta Vendramini, desde agosto/15 faz parte da equipe Cursos Construir. Com experiênciade mais de 10 anos atuando como advogada, ela colaborou na interpretação de leis e decretos municipais de modo a situar o assunto dentro do Código de Obras e Edificações de São Paulo e legislações esparsas, esclarecendo acerca da aplicabilidade das leis e normas aos projetos de prefeitura. Projetos de Prefeitura de acordo com o COE/SP Decr. n. 57.776/17 ©Copyright 2017 • Cursos Construir • www.construir.arq.br 6 Introdução É comum as pessoas sentirem insegurança ao se depararem com a falta de conhecimento básico quando precisam aprovar um projeto arquitetônico na prefeitura antes de iniciar uma construção ou reforma. Pensando no despreparo que muitos podem ter, foi que preparamos este e-book com o intuito de simplificar a sistemática de elaboração de projetos de prefeitura, desmistificando a ideia de que ele é complicado. Este material é destinado principalmente aos profissionais da área, estudantes, e pessoas que desejam conhecer mais sobre o assunto, como proprietários e construtores. Será demonstrada, de uma maneira muito agradável, com linguagem simples, a elaboração do projeto, os elementos essenciais e os trâmites comuns que envolvem o processo nas prefeituras. O leitor será apresentado ao processo passo a passo, mediante estudos de caso, com as variáveis envolvidas na elaboração do projeto e a maneira como se faz isso de acordo com as normas do COE – Código de Obras e Edificações do Município de São Paulo e normas gerais básicas a todas as prefeituras. O Capítulo 1 trata do conceito de projeto de prefeitura, ou projeto legal, como é tecnicamente chamado, e demonstração, por meio de figuras, da interface da representação gráfica; uma “prancha” de desenho, como se diz. Também discorremos brevemente sobre os requisitos para a aprovação e alguns termos usuais que envolvem o projeto. No Capítulo 2 tratamos pormenorizadamente da documentação necessária para instruir o processo, com demonstração de modelos, bem como dos elementos essenciais que devem constar no projeto. O Capítulo 3 traz a conceituação dos termos recorrentes nos projetos e requerimentos das Prefeituras. No Capítulo 4 é feita uma breve delimitação das responsabilidades do proprietário do imóvel e também do responsável técnico pela obra, situando cada caso no aspecto jurídico. Por fim, o Capítulo 5 trata da parte física do processo, da folha de desenho, o que deve ser demonstrado e como se faz para se montar um processo desde o início até a aprovação. Em alguns capítulos apresentamos estudos de casos, tomando por base o que é exigido pela prefeitura de São Paulo e que pode ser aplicado em qualquer prefeitura, uma vez que a prefeitura paulistana é uma das mais exigentes no país em termos de aprovação de projetos. Assim, o aluno estará apto a desenvolver um projeto legal e obter a aprovação em qualquer município do país. Projetos de Prefeitura de acordo com o COE/SP Decr. n. 57.776/17 ©Copyright 2017 • Cursos Construir • www.construir.arq.br 7 1. Conceito – o que é um projeto de prefeitura ou projeto legal? É objetivo da Política Urbana ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais Um projeto de prefeitura (ou legal) é um documento exigido pelos COE's – Códigos de Obras e Edificações dos municípios no qual devem constar todos os parâmetros que serão utilizados em uma construção ou reforma/alteração residencial, comercial, industrial ou galpão. O projeto é uma exigência dos Poder Executivo Municipal, visando ter registrado tudo o que ocorre nas cidades, como as obras se relacionam dentro do planejamento urbanístico e se elas respeitam as normas legais vigentes. A apresentação do projeto é padronizada (com gráficos e nomenclaturas específicos) e deve ser elaborada por profissional de arquitetura ou engenharia, que seguirá as normas codificadas pela prefeitura, sujeitando-se às sanções legais, uma vez que possuem valor jurídico, ou seja, vinculam o profissional ao que ficou registrado no projeto. O projeto possui a interface gráfica com a disposição dos desenhos arquitetônicos dos pavimentos da edificação – a chamada planta baixa, que, basicamente, é um desenho da planta da construção, vista de cima, como se cortada à altura de 1,5m do piso. Devem ser apresentados, também, os cortes transversais e longitudinais, bem como fachadas (usualmente a frontal ou principal e em alguns casos a lateral), quadros técnicos com indicativos de iluminação, ventilação e outros índices. É importante mencionar que o projeto de prefeitura é um projeto único, pois não se confunde com o projeto técnico (aquele que vai todo detalhado para a obra), nem com o projeto para o cliente (que tem ênfase nos detalhes estéticos). Para a aprovação do projeto na prefeitura, o profissional deverá seguir todas as normas técnicas do COE e do Plano Diretor1 do município onde será edificada a construção. 1 O Plano Diretor rege o desenvolvimento do município, envolve planos estratégicos de transportes, uso e ocupação do solo, dentre outros. Projetos de Prefeitura de acordo com o COE/SP Decr. n. 57.776/17 ©Copyright 2017 • Cursos Construir • www.construir.arq.br 8 Cada COE determina seu regramento, com os cortes e parâmetros gráficos e legais diferentes (selo, cotas e legenda, p.ex.), porém, na maioria das vezes os elementos gráficos e as informações são comuns em todos os municípios, variando apenas em alguns poucos detalhes. Exemplo da representação gráfica de um projeto de prefeitura tradicional: Figura 1: Exemplo de projeto completo de prefeitura Fonte: Projeto da autora (arq. Sabrina Marano) Projetos de Prefeitura de acordo com o COE/SP Decr. n. 57.776/17 ©Copyright 2017 • Cursos Construir • www.construir.arq.br 9 1.1 Atividades que exigem aprovação de projetos na prefeitura O projeto principal de prefeitura, apresentado na figura do item anterior, não é exigido somente para construções novas, é obrigatório também em caso de alteração de um projeto original (reformas), mesmo que já efetivado, como um projeto de regularização de obra existente (no qual se acrescente área à construção), projeto de anistia (que só são permitidas em períodos específicos), e projeto de demolição, por exemplo. Todos esses são, igualmente, projetos de prefeitura devem ser submetidos ao mesmo regimento normativo (item 3.3 do COE/SP). 3.3 - Em função da natureza do serviço ou obra a serem executados, ou ocorrência a ser notificada dependerão, obrigatoriamente, de Comunicação prévia à PMSP: a) execução de restauro em edificações tombadas ou preservadas, desde que obtida a prévia aprovação dos órgãos competentes; b) execução de reparos externos em fachadas situadas no alinhamento; c) execução de muros e gradis nas divisas do lote; d) início de serviços que objetivem a suspensão de embargo de obra licenciada; e) início, paralisação e reinício de obras para efeito de comprovação da validade do Alvará de Execução; f) implantação de mobiliário; g) transferência, substituição, baixa e assunção de responsabilidade profissional. Obs* Pelo novo código de obras de São Paulo, reformas internas a edificação, e/ou que não alterem a volumetria ou a área construída da mesma, não requerem mais autorização da prefeitura, e podem ser executadas a qualquer tempo, desde que comandadas por profissional técnico habilitado e com CAU/CREA registrados. 3.3.1-A comunicação será apresentada em requerimento padronizado, avalizada por profissional habilitado quando a natureza do serviço ou obra assim o exigir, e instruída com peças gráficas, descritivas ou outras julgadas necessárias para sua aceitação. Um projetoatrelado a outro já existente terá sob-registro o mesmo número de protocolo do processo original de entrada na prefeitura, de modo que formem um todo homogêneo e interdependente. Outros exemplos: quando se quer unir lotes ou separá-los, apresentam-se projetos de unificação (ou fusão) de lotes ou desmembramento/desdobro. Tais projetos devem representar graficamente as configurações das dimensões do lote, que constam oficialmente na Matrícula do Registro de Imóveis do lote. Veja exemplo de um projeto de desmembramento de lote na Figura 2. Projetos de Prefeitura de acordo com o COE/SP Decr. n. 57.776/17 ©Copyright 2017 • Cursos Construir • www.construir.arq.br 10 Figura 2: Exemplo de projeto de desmembramento de lote Fonte: Projeto da autora (arq. Sabrina Marano) Há, também, projetos legais de condomínio, os quais requerem aprovação tanto na prefeitura, como no condomínio, pois a construção/alteração deve seguir os parâmetros previstos nas regras condominiais. Então serão dois projetos apartados. Também seguem o mesmo entendimento os projetos em imóveis com tombamento histórico, os quais requerem aprovação do CONDEPHAAT - Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico, por exemplo. Na capital de São Paulo, há locais onde existem tombamentos de jardins, os quais requerem uma autorização específica para que se possa remover vegetação de porte arbóreo para poder construir no local. Veja o projeto da Figura 3. Projetos de Prefeitura de acordo com o COE/SP Decr. n. 57.776/17 ©Copyright 2017 • Cursos Construir • www.construir.arq.br 11 Figura 3: Exemplo de projeto com tombamento arbóreo para apresentação no CONDEPHAAT Fonte: Projeto da autora (arq. Sabrina Marano) 1.2 Trâmites para se aprovar um projeto na prefeitura Como se disse, um projeto de prefeitura existe para documentar e regulamentar o curso de uma construção ou para regularizar uma edificação existente. Ele é necessário para que as prefeituras mantenham todos os registros das modificações existentes nas cidades, porque toda ação humana sobre o ambiente influencia de alguma maneira – positiva ou negativa – sobre a cartografia da cidade. Após a apresentação e aprovação do projeto, a prefeitura emite o Alvará de Aprovação do projeto, que não é o documento final para a liberação da construção. Para a efetiva construção deverá ser apresentado o Alvará de Aprovação e feito um requerimento de Alvará de Execução (que recebe um número de registro) para que o proprietário possa construir ou reformar seu imóvel. Projetos de Prefeitura de acordo com o COE/SP Decr. n. 57.776/17 ©Copyright 2017 • Cursos Construir • www.construir.arq.br 12 A prefeitura de São Paulo, atualmente, já aceita que, para residência unifamiliar pequena (lote até 400 m² que não envolva outorga onerosa, área de operação urbana ou INCRA), seja feito um único requerimento de alvará, que funcionará para aprovação e construção ao mesmo tempo: 3.7.3 - O Alvará de Execução poderá ser requerido concomitantemente ao Alvará de Aprovação e seus prazos correrão a partir da data de publicação do despacho de deferimento do pedido. 3.10 - Por opção do proprietário, devidamente assistido por profissional habilitado, poderá ser requerida a emissão de Alvará de Licença para Residências Unifamiliares, como procedimento alternativo àqueles previstos nas seções 3.6 (Alvará de Aprovação), 3.7 (Alvará de Execução) e 3.9 (Certificado de Conclusão). Os alvarás de aprovação são mais comumente requeridos por construtoras, que apresentam vários projetos para aprovação para, depois de deferido o alvará, requerer o alvará de execução. Isso é interessante para grandes empreendimentos, pois somente depois da aprovação do projeto é que a empresa decidirá qual deles é economicamente mais viável de se construir ou comercialmente mais vantajoso. Para que um projeto obtenha aprovação, deverá observar estritamente as disposições do COE do município onde está registrado o imóvel. A prefeitura de São Paulo exige que para requerer o Alvará de Aprovação, o pedido seja instruído com as seguintes peças: 3.6 - Mediante procedimento administrativo e a pedido do proprietário ou do possuidor do imóvel, a PMSP emitirá Alvará de Aprovação para: a) movimento de terra; b) muro de arrimo; c) edificação nova; d) reforma que implique em alteração de área ou volumetria; e) aprovação de equipamento; f) sistema de segurança. 3.6.1-Um único Alvará de Aprovação poderá abranger a aprovação de mais de um dos tipos de projetos elencados no "caput" desta Seção. 3.6.2-O pedido de Alvará de Aprovação será instruído com: a) documentação referente ao imóvel, contendo dados que permitam sua caracterização e a análise do projeto, inclusive nos aspectos relativos à LPUOS; b) peças gráficas e descritivas que permitam a perfeita compreensão e análise do projeto, em especial quanto ao atendimento das condições mínimas previstas na LOE e na LPUOS; c) apresentação de levantamento topográfico para verificação das dimensões, área e localização do imóvel, quando necessário. Projetos de Prefeitura de acordo com o COE/SP Decr. n. 57.776/17 ©Copyright 2017 • Cursos Construir • www.construir.arq.br 13 1.2.1 Alvará de Autorização Para casos transitórios e urgentes, a Prefeitura emite autorização para implantação de edificações temporárias, como STANDS de vendas de unidades autônomas em condomínio, edificações de canteiros de obras, avanços de tapumes etc. O requerimento, conforme determinado no item 3.5 do COE/SP poderá ser feito pelo proprietário, mas também deverá estar acompanhado das peças gráficas e descritivas dos processos legais comuns: 3.5 - Mediante procedimento administrativo e a pedido do interessado, a PMSP concederá, a título precário, Alvará de Autorização, o qual poderá ser cancelado a qualquer tempo quando constatado desvirtuamento do seu objeto inicial, ou quando a PMSP não tiver interesse na sua manutenção ou renovação. Dependerão obrigatoriamente de Alvará de Autorização: a) implantação e/ou utilização de edificação transitória ou equipamento transitório; b) implantação e/ou utilização de canteiro de obras em imóvel distinto daquele onde se desenvolve a obra; c) implantação e/ou utilização de estande de vendas de unidades autônomas de condomínio a ser erigido no próprio imóvel; d) avanço de tapume sobre parte do passeio público; e) utilização temporária de edificação, licenciada para uso diverso do pretendido; f) transporte de terra ou entulho. 3.5.1-O pedido de Alvará de Autorização será instruído com peças descritivas e gráficas, e será devidamente avalizado por profissional habilitado quando a natureza da obra ou serviço assim o exigir, dependendo sua renovação de recolhimento semestral das taxas devidas. 1.2.2 Prazos para despacho de decisão Como cada município tem seu regramento próprio, o prazo para um parecer da prefeitura a respeito de uma solicitação pode variar. Em São Paulo o COE determina 90 (noventa) dias como prazo máximo para uma decisão da prefeitura sobre a aprovação (item 4.2 e seguintes do COE). Caso não seja cumprido esse prazo, faculta-se ao proprietário o requerimento de execução da obra, que poderá ser iniciada sob a responsabilidade do proprietário e do responsável técnico acerca das observações das normas vigentes. Caso seja constatada uma irregularidade no projeto submetido à análise para aprovação, será emitido um documento, pelo setor de aprovação, denominado “Comunique-se”2 ao proprietário 2 “Comunique-se” é um comunicado da prefeituraapontando falhas no projeto ou documentação faltante e que devem ser sanadas e atendidas no prazo estipulado. O processo fica paralisado durante esse período, até que se cumpra as determinações. Em São Paulo o prazo do “Comunique-se” é de 30 dias, podendo-se requerer prorrogação. Projetos de Prefeitura de acordo com o COE/SP Decr. n. 57.776/17 ©Copyright 2017 • Cursos Construir • www.construir.arq.br 14 para que seja adequado o projeto ao que determinar a prefeitura, entretanto, se não cumpridas em 30 dias a partir da publicação do “Comunique-se”, o pedido será indeferido. Pode ser que o despacho emitido pela Prefeitura não seja aquele que o proprietário espere. Nesse caso, pode-se fazer o pedido de reconsideração desse despacho, mediante a correção dos problemas que foram apontados como causadores do indeferimento da solicitação. Na Prefeitura de São Paulo o prazo é de trinta dias, e para Certificado de Conclusão de obra (“habite-se”), 60 dias. Esses prazos são improrrogáveis. 1.2.3 Licença para Residências Unifamiliares No caso da prefeitura de São Paulo, quando se tratar de uma residência unifamiliar, é possível solicitar junto a prefeitura um único documento, que seria a Licença para Residências Unifamiliares, que aprova tanto o projeto quanto a execução da obra simultaneamente, através do projeto simplificado. 1.3 Alvará de Execução É o documento que vai autorizar o início efetivo da construção ou reforma. Com ele em mãos, o arquiteto ou engenheiro pode autorizar que os trabalhos iniciem no imóvel do cliente, sendo necessário também para os casos de: movimento de terra; construção de muro de arrimo; demolição total; reforma; reconstrução; instalação de equipamentos e execução de sistema de segurança. Para ter certeza de que o pedido de execução será deferido, devem ser seguidas as regras do COE: 3.7.2-Os pedidos de Alvará de Execução, excetuados aqueles para demolição total e reconstrução, serão instruídos com: a) título de propriedade; b) projeto aprovado, devidamente avalizado pelo Dirigente Técnico da Obra; c) Alvará de Aprovação; 3.7.2.1-Quando se tratar de demolição total serão instruídos com título de propriedade e, ainda, em se tratando de prédio com mais de 2 (dois) andares, aval do Dirigente Técnico da Obra. 3.7.2.2-Quando se tratar de reconstrução serão instruídos com: a) título de propriedade; b) laudo técnico de sinistros; c) documentos comprovantes da regularidade da obra sinistrada; d) peças descritivas, devidamente avalizadas pelo Dirigente Técnico da Obra. Projetos de Prefeitura de acordo com o COE/SP Decr. n. 57.776/17 ©Copyright 2017 • Cursos Construir • www.construir.arq.br 15 É preciso estar atento ao prazo de validade do Alvará de Execução no município em que será executada a edificação, pois, uma vez vencido, não se poderá dar início às obras. Em São Paulo o prazo varia, sendo de 1 (um) ano para movimentação de terra, e 2 (dois) anos para os demais casos (itens 3.7.8 e 3.7.9 do COE/SP). Durante a execução das obras, é obrigatório ao Dirigente Técnico da Obra (que poderá ser o engenheiro ou o arquiteto que fez o projeto) comunicar periodicamente, no mesmo processo que originou o Alvará de Execução, o andamento das obras ou serviços durante suas etapas, até a total conclusão, quando será requerida a expedição do Certificado de Conclusão (item 3.7.7). 1.4 Certificado de Conclusão de Obra (“Habite-se”) Esse certificado é uma confirmação de que a obra foi concluída dentro do projeto aprovado que originou o Alvará de Execução. Pode ser concedido, também, certificado parcial para o caso de haver partes concluídas que estejam dentro das exigências mínimas. Somente será emitido o certificado (total ou parcial) mediante vistoria prévia por meio de fiscais da Prefeitura constatando a fidelidade ao projeto e, no caso de haver alguma discrepância, essa não pode ser superior a 5% entre a obra e o projeto (itens 3.9.1 e 3.9.2 do COE/SP). 3.9.1-Poderão ser concedidos Certificados de Conclusão de Edificação em caráter parcial, se a parte concluída atender, para o uso a que se destina, as exigências mínimas previstas na LOE e na LPUOS. 3.9.2-Poderão ser aceitas pequenas alterações que não descaracterizem o projeto aprovado, nem impliquem em divergência superior a 5% (cinco por cento) entre as metragens lineares e/ou quadradas da edificação, constantes do projeto aprovado e as observadas na obra executada. O certificado de conclusão não será expedido se houver multas pendentes sobre o imóvel, sendo necessário saldá-las para se obter a liberação do documento (item 3.9.3). Esse foi um breve relato acerca do trâmite do processo dentro da Prefeitura de São Paulo. Possivelmente ele será o mesmo procedimento existente nas demais prefeituras do país. A partir do próximo capítulo serão conhecidas as especificidades dos elementos do projeto, os órgãos envolvidos nos diferentes tipos de edificações e como tudo isso se interliga para que um projeto possa ser aprovado. Projetos de Prefeitura de acordo com o COE/SP Decr. n. 57.776/17 ©Copyright 2017 • Cursos Construir • www.construir.arq.br 16 2. Pré-requisitos e procedimentos anteriores à aprovação do projeto 2.1 Documentação técnica – registro profissional “Será comunicado ao órgão federal fiscalizador do exercício profissional a atuação irregular do profissional que incorra em comprovada imperícia, má-fé, ou direção de obra sem os documentos exigidos pela PMSP.” COE/SP, item 2.4.3 Somente um profissional licenciado nos órgãos e conselhos profissionais competentes – como os Conselhos de Engenharia e Arquitetura - pode elaborar e solicitar a aprovação de um projeto na prefeitura. É necessário, ainda, que o profissional possua registro na prefeitura municipal de localização do imóvel. O engenheiro3 ou arquiteto deverá ser formado em curso superior reconhecido pelo MEC e estar registrado no conselho profissional competente, bem como seguir as determinações que seu órgão de classe prevê. Outro requisito essencial, sem o qual não se consegue dar entrada no projeto na prefeitura competente, é o cadastro do profissional na prefeitura municipal, sob pagamento de taxa inscrição. Basta cumprir esse requisito e efetuar o registro em quantas prefeituras se tenha interesse/necessidade. No item 2.4 do COE/SP estão dispostas as exigências para que o profissional atue perante a municipalidade. A prefeitura de São Paulo disponibiliza um manual com interface simples e agradável para nortear o pedido de aprovação eletrônica dos projetos no endereço http://www.prefeitura.sp.gov.br /cidade/secretarias/upload/planejamento/arquivos/manual%20slc. pdf. 3 Desde agosto de 2013 tramita no Tribunal Regional Federal de Santa Catarina uma Ação Civil Pública intentada pelo CREA/SC contra o CAU/SC a respeito da reserva de mercado deste último aos arquitetos em detrimento dos engenheiros para os projetos arquitetônicos. Até a data de fechamento deste e-book ainda não há decisão definitiva, sendo que o CREA venceu na primeira instância, mas perdeu na segunda. Ainda deve ser julgado o recurso de Apelação do CREA/SC. Para maiores detalhes, veja nota ao final deste capítulo. http://www.prefeitura.sp.gov.br/