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1 PRÁTICAS MÉDICAS I – PEDIATRIA JULIANA OLIVEIRA ALIMENTAÇÃO DO LACTENTE E DO PRÉ-ESCOLAR ➔ Práticas adequadas da alimentação infantil: Consiste em fornecer a quantidade de alimentos adequada para suprir os requerimentos nutricionais. Proteger as vias aéreas da criança contra a aspiração de substâncias estranhas. Não exceder a capacidade funcional e metabólico do TGI e dos rins da criança. ➔ Alimentos complementares: Consiste em qualquer alimento que não é o leite materno oferecido à criança amamentada. Quando inserir a alimentação complementar é um assunto com controvérsias: ▪ A AAP e a OMS elas recomendam que o aleitamento exclusivo ocorra até os 6 meses. ▪ Um outro estudo diz que o lactente está pronto fisiologicamente para receber alimentos sólidos a partir de 4 meses. ▪ EPSGHAN recomenda o aleitamento materno até 2 anos, entretanto, a dieta complementar deve ser iniciada entre 17 e 26 semanas de vida. ▪ A academia americana de alergia, asma e imunologia recomenda a introdução entre 4 e 6 meses. ▪ A sociedade brasileira de pediatria recomenda o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses e só depois disso a introdução de uma alimentação complementar deve acontecer. ▪ O ministério de saúde mudou recente sua recomendação devido à essa gama de estudos e passou a recomendar de maneira controversa à SSP, dizendo que o aleitamento materno deve ser mantido até os 6 meses, mas a partir de 4 meses, se houver a interrupção do aleitamento materno, deve-se iniciar a dieta complementar com os alimentos recomendados p.ex. papa e frutas, mas sem a introdução da fórmula. Sinais do DNPM que mostram que a criança está apta para receber dieta sólida: ▪ Sustentação cervical. ▪ Senta com apoio. ▪ Diminuição do reflexo da exclusão lingual. ▪ Insatisfação com o leite materno ou fórmula tem-se uma redução dos intervalos. Não existe uma evidência para introduzir um alimento ou outro preferencialmente, não tem uma sequência pré-definida, deve-se ter uma atenção com os alimentos ricos em ferro, zinco, pois são alimentos carentes, e um cuidado com alimentos potencialmente alérgenos. Como introduzir a alimentação complementar? ▪ Prefere-se alimentos in natura; ▪ Alimentos minimamente processados; ▪ Os alimentos que forem processados devem ser minimamente processados. ▪ Alimentos ultra processados devem ser evitados. ➔ Alimentos do lactente: Deve-se considerar as limitações fisiológicas e entender que os tratos digestório, renal e sistema imunológico encontram-se em fase de maturação. O leite humano, da mãe sadia e bem nutrida, atende perfeitamente às necessidades do lactente. Nos primeiros 1000 dias a criança tem uma plasticidade em todos os sentidos, podendo fazer intervenções que vão moldar à criança para que ela tenha uma saúde futura melhor. ▪ Dez passos para uma alimentação saudável: 1. Dar somente leite materno até o 6º mês, sem oferecer água, chás ou qualquer outro alimento. 2. Ao completar 6 meses deve-se introduzir em 1 mês a dieta complementar total, seguindo a ordem mais conveniente para a família e o bebê mantendo o leite materno até os 2 anos de idade ou mais. Essa alimentação complementar é composta por duas papas doces e por duas refeições salgadas. A dieta deve-se iniciar aos 6 messes porquê nessa idade o leite materno não é mais suficiente para atender a todas as necessidades nutricionais da criança e o lactente já apresenta maturidade fisiológica e neurológica para receber outros alimentos como enzimas digestivas em quantidade suficiente, aparecimento da dentição, desaparecimento do reflexo de protusão da língua e pescoço firme. 3. Ao completar 6 meses deve-se dar alimentos complementares (Cereais, carnes, leguminosas, frutas e legumes) 3x ao dia, se a criança estiver em aleitamento, caso esteja desmamada deve ocorrer 5x ao dia. 2 PRÁTICAS MÉDICAS I – PEDIATRIA JULIANA OLIVEIRA 4. A alimentação complementar deve ser oferecida de acordo com os horários de refeição da família, em intervalos regulares e de forma a respeitar o apetite da criança. Obs: Ao iniciar a alimentação a criança está aprendendo a testar novos sabores e texturas, além disso, a criança tem uma pequena capacidade gástrica (20 a 30 mil por kg de peso) e por isso deve-se fazer intervalos regulares entre as refeições. 5. A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida de colher, inicia-se com a consistência pastosa e deve-se aumentar a consistência até chegar à alimentação da família. Obs: Deve-se avaliar a quantidade dos alimentos consumidos pela família e do uso de condimentos que não são indicados para os lactentes, temperos in natura são recomendados, mas em menor quantidade. 6. Deve-se oferecer a criança diferentes alimentos ao dia, pois, uma alimentação variada é uma alimentação colorida. p.ex. carne e fígado que contém ferro e facilitam a absorção do ferro contido nos vegetais, além disso, deve-se oferecer alimentos de todos os grupos todos os dias. 7. Deve-se estimular o consumo diário de frutas, pois, frutas, legumes e verduras são as principais fontes de vitaminas, minerais e fibras, além disso devem ser oferecidas in natura e amassadas ao invés de sucos. Obs: Um alimento deve ser oferecido de 8 a 10 vezes até que seja aceito pela criança. Obs: As refeições não devem ser substituídas por lácteos ou lanches. Obs: Não se recomenda que os alimentos sejam muito misturados: sabores e texturas, os alimentos devem estar separados no prato. Obs: No momento da alimentação o lactente deve receber alimentos amassados oferecidos de colher, mas deve experimentar com as mãos, para explorar diferentes texturas dos alimentos como parte do aprendizado sensório-motor. 8. Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas nos primeiros anos de vida. Obs: Alimentos ultra processados tem baixo valor nutricional e interferem na absorção de nutrientes, não se deve adicionar o sal antes dos 12 meses e após isso usar com moderação. Obs: As frituras são desnecessárias. A fonte de lipídeos está presente no leite, nas proteínas e no óleo vegetal. O mel está contraindicado no 1º ano pelo risco do botulismo. 9. Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos, deve-se garantir o seu armazenamento e conservação adequados. 10. Estimular a criança doente a se alimentar, oferecendo sua alimentação habitual e seus alimentos preferidos, respeitando a sua aceitação. Obs: A criança não querer se alimentar quando doente é um fenômeno universal e pode persistir além do episódio da doença. ▪ Alimentação do lactente no 1º ano: Até o 6º mês: Aleitamento materno. A partir do 6º mês: Leite materno + alimentação complementar, fazendo a introdução alimentar. Considerações: Ao atender uma família quer que a criança seja vegetariana ou vegana deve-se orientar para que a família opte pela dieta não vegetariana, em casos de não sucesso com o convencimento deve-se suplementar a criança com cálcio, ferro, zinco e vitaminas A, D, B, B1, B2, B6, B12, DHA e proteínas. O leite de vaca integral não deverá ser introduzido antes dos 24 meses de vida. Deve-se oferecer água potável, a partir da introdução da alimentação complementar. As crianças tendem a rejeitar as primeiras ofertas dos alimentos, pois tudo é novo. É importante respeitar a identidade cultural e alimentar da região, além disso, deve-se fornecer uma dieta equilibrada. A papa deve ser amassada, nos primeiros dias é normal a criança derramar ou cospir o alimento, além disso, deve-se iniciar com pequenas quantidades do alimento, entre uma e duas colheres de chá, mas a criança possui uma capacidade de autorregular sua ingestão alimentar. Os pais são “modelos” para a criança. O crescimento acelerado é devido à uma maior quantidade de ferro e zinco do que a anteriormente presente noleite materno, cerca de 50-70% de zndo e 70-80% de ferro devem vir de fontes complementares por meio da alimentação (carnes e vísceras). As papas salgadas agora são chamadas de papas principais de mistura múltiplas, tem-se a introdução de alimentos potencialmente alergênicos, a fim de evitar o desenvolvimento de alergias, alimentos que contenham glúten devem ser oferecidos após o 6º mês juntamente com a dieta complementar, bem como ovo, crustáceos e peixes. Estratégias: Manter o aleitamento materno, aumentar a frequência das refeições, oferecer alimentos prediletos, ricos em calorias, em consistência que facilite a deglutição e devendo flexibilizar horários e regras alimentares. 3 PRÁTICAS MÉDICAS I – PEDIATRIA JULIANA OLIVEIRA Fatores que interferem no autocontrole pela demanda do alimento: Desconhecimento do comportamento normal da criança. Dificuldade para distinguir fome de outras causas de choro (sede, calor, frio, etc) Expectativa exagerada quanto ao volume de alimentos que a criança deve receber. Legumes são vegetais cuja parte comestível não são folhas. p.ex. cenoura, beterraba,etc. Verduras são vegetais cuja parte comestível são folhas. p.ex. alface, couve, repolho, etc. Túberculos são caules curtos e grossos, ricos em carboidratos. p.ex. batata inglesa e mandioca. Orientações: A amamentação deve continuar; Refeições são similares às consumidas pela família; Não se deve permitir a utilização de alimentos artificiais e corantes; Deve ser incentivada a ingestão média de 600 ml de leite, assim como de outros derivados do leite p.ex. iogurtes, queijos. As refeições devem ser realizadas na mesa ou em cadeira própria para a criança. ▪ Alimentação do lactente no 2º ano: Os princípios de alimentação responsiva consistem em alimentar a criança pequena diretamente e assistir as crianças mais velhas quando já comem sozinhas, deve-se oferecer diferentes combinações de alimentos/preparações, de gostos, texturas e métodos de encorajamento de forma lenta e paciente, sem nunca força-la, deve-se minimizar as distrações durante as refeições e reforçar que o período destinado à realização das refeições devem ser momentos de aprendizados e amor. Alimentação responsiva consiste em reconhecer quando a criança tem fome, quando ele expressa fome, de forma que ao alimentá-lo ela vai comer e reconhecer quando ela está satisfeita de forma que irá parar de comer. A queixa de recusa alimentar é muito frequente, tem-se um processo de neofobia natural, não deve haver restrição de gordura e colesterol e o “café com leite” para crianças com até 2 anos. Suplementação: Vitamina K (ao nascer): 1mg por via intramuscular. Vitamina D (1ª semana de vida): É a única das vitaminas que é sintetizada pelo organismo desde que haja exposição ao sol, sua deficiência causa o raquitismo. 400 UI/dia (RN termo) após 1ª semana de vida até 1 ano. 600 UI/dia após 1º ano até 24 meses. RN pré-termo: Iniciar quando peso > 1500g e houver tolerância plena à nutrição enteral. Ferro - a partir do 3º mês – 1 a 2mg/kg/dia: Sua deficiência se associa à anemia ferropriva, retardo do DNPM e queda da capacidade intelectual. Vitamina A (megadoses ou diária): Nas regiões endêmicas, geralmente faz-se megadoses. Crianças de 6 a 12 meses: 100.000 UI a cada 4-6 meses. Crianças de 12 a 72 meses: 200.000 a cada 4-6 meses. Obs: Caso esteja fazendo o uso de polivitamínicos com vitamina A não se deve receber megadose. 4 PRÁTICAS MÉDICAS I – PEDIATRIA JULIANA OLIVEIRA ▪ 2 a 6 anos: Redução do crescimento; Comportamento alimentar caracteriza-se por ser imprevisível e variável; Quantidade ingerida de alimentos pode oscilar; Caprichos podem fazer com que o alimento favorito de hoje seja inaceitável amanhã; Um único alimento pode ser aceito por muitos dias seguidos. 1. Neofobia: Dificuldade em aceitar alimentos novos ou desconhecidos. Correção: É necessário que a criança prove o novo alimento em torno de 8 a 10x. Não se deve usar a persuasão nessas situações. 2. O apetite é variável, momentâneo e depende de varios fatores. 3. O apetite pode diminuir se, na refeição anterior, a ingestão calórica foi grande. 4. Os alimentos preferidos pela criança são os de sabor doce e muito calóricos, deve-se observar o consumo de no máx, 25g por dia de açúcar. 5. Crianças em idade pré-escolar devem utilizar sentidos como visão, odor na experiência com novos alimentos. 6. A criança tem direitos fundamentais na alimentação. 7. A criança possui mecanismos internos de saciedade que determinam a quantidade de alimentos que ela necessita. 8. Quando a criança já for capaz de se servir a mesa e comer sozinha essa conduta deve ser permitida e estimulada. 9. Conflitos nas relações familiares refletem na alimentação da criança. 10. Comportamentos como reocompensas, chantagens, subornos, punições ou castigos para forçar a criança a comer devem ser evitados. 11. A alimentação deve ser lúdica. 5 PRÁTICAS MÉDICAS I – PEDIATRIA JULIANA OLIVEIRA Líquidos: Os sucos devem se limitar à quantidade máxima de 120 ml/dia para as crianças de 1 a 3 anos e de 175ml/dia para crianças de 4 a 6 anos, pois estão totalmente relacionados com a obesidade. Os refrigerantes não precisam ser proibidos, mas devem ser evitados, como salgadinhos, balas e doces. Recomenda-se muito cuidado com a saúde bucal. As mamadeiras de preferência nem devem ser utilizadas, mas caso esteja em uso, devem ser eliminadas até os 3 anos de idade, as bebidas e produtos à base de soja não devem ser consumidos de forma indiscriminada, deve-se estar atento à qualidade da gordura consumida e aos alimentos que podem provocar engasgos, devendo ser evitados, como balas duras, uva inteira, etc. Fome oculta: É uma carência silenciosa que não manifesta, sendo retrata a falta de uma ou mais micronutrientes no organismo. Consiste na qualidade dos alimentos consumidos, com uma deficiência de micronutrientes, vitaminas e minerais. Depleta silenciosamente os estoques desses micronutrientes e deixa sequelas irreversíveis quando se tem uma instalação precoce e uma exposição prolongada à essa deficiência. Crianças obeses passam uma falsa imagem de estarem bem nutridas.
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