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1 SUMÁRIO 1 A importância da nutrição infantil ................................................................ 2 2 Alimentação nos primeiros 6 meses de vida ............................................... 4 3 Alimentação dos 6 meses aos 2 anos de idade ........................................ 11 4 Alimentação após os dois anos de idade .................................................. 20 5 Escola e alimentação ................................................................................ 24 6 Alimentação saudável ............................................................................... 26 7 Introdução alimentar: método baby-led-weaning (blw) ............................. 31 Referencias ..................................................................................................... 33 Leitura complementar ..................................................................................... 36 2 1 A IMPORTÂNCIA DA NUTRIÇÃO INFANTIL “Que teu alimento seja teu remédio e que teu remédio seja teu alimento.” (Hipócrates) Fonte: www.pereirabarreto.sp.gov.br Um importante determinante para a saúde da criança é a alimentação, especialmente nos primeiros anos de vida. Conhecer os fatores nutricionais e metabólicos que influenciam o desenvolvimento humano podem ter efeitos na programação metabólica da saúde na vida adulta (FERNANDES et al, 2011). A facilidade de acesso a produtos industrializados cheios de sal, açúcar e gorduras, tem aumentado muito, e estas práticas alimentares inadequadas geram deficiências nutricionais, que além de causar prejuízos imediatos à saúde das crianças, podem deixar sequelas futuras como retardo do crescimento, atraso escolar e desenvolvimento de doenças (CUNHA, 2014). Para cada fase da vida, a alimentação tem uma importância diferente, mas é essencial em todas elas. Portanto, hábitos adquiridos no decorrer da infância e da adolescência são fáceis de serem mantidos na vida adulta e durante o envelhecimento. O aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida, associado à introdução de alimentos complementares corretos até os dois anos de 3 idade podem se tornar determinantes nos hábitos alimentares no decorrer da vida (OLIVEIRA, et al 2007). Fonte:/www.maternidadecolorida.com.br A infância é marcada por crescimento e desenvolvimento acelerados, especialmente nos dois primeiros anos. Segue abaixo alguns desses marcos listados pelo Ministério da Saúde (2002): No primeiro ano de vida uma criança cresce, em média, 25 cm, no segundo, 12 cm, enquanto que a partir dos 3 anos, crescem de 5 a 7 cm por ano. Agregado ao crescimento físico, a criança adquire rapidamente capacidades psicomotoras e neurológicas, de modo que, dos 4 aos 5 meses de idade já sustenta a cabeça e com 6-7 meses é capaz de sentar sem apoio. Em função deste desenvolvimento psicomotor, o cérebro da criança que ao nascer pesava em média 400 gramas, ao final do primeiro ano de vida pesa 4 em média 1 quilo (kg), enquanto que do primeiro ano até a vida adulta o cérebro crescerá apenas mais 400 gramas, chegando a pesar 1,4 kg na vida adulta. Em função disto, torna-se imprescindível uma adequada alimentação, a fim de evitar deficiências nutricionais, que possam causar prejuízos imediatos à saúde das crianças, e deixar sequelas futuras, como retardo do crescimento, atraso escolar e desenvolvimento de doenças como diabetes, pressão alta, doenças do coração e obesidade, entre outras. 2 ALIMENTAÇÃO NOS PRIMEIROS 6 MESES DE VIDA FONTE:revistacrescer.globo.com/ Amamentar é muito mais do que nutrir a criança. É um processo que envolve interação profunda entre mãe e filho, com repercussões no estado nutricional da criança, em sua habilidade de se defender de infecções, em sua fisiologia e no seu desenvolvimento cognitivo e emocional, além de ter implicações na saúde física e psíquica da mãe (BRASIL, 2009, p.11). O leite materno para lactente, evita mortes infantis, diarreia e infecção respiratória; diminui o risco de alergias, de hipertensão, colesterol alto e diabetes; reduz a chance de obesidade; promove uma melhor nutrição por conter todos os 5 nutrientes essenciais; possui efeito positivo na inteligência e no desenvolvimento da cavidade bucal. Para a nutriz, constitui um fator de proteção contra câncer de mama, estimativas apontam que o risco de contrair a doença diminua 4,3% a cada 12 meses de duração de amamentação; e evita nova gravidez. Evita custos financeiros, já que o gasto médio mensal com a compra de leite para alimentar um bebê nos primeiros seis meses de vida no Brasil pode variar de 38% a 133% do salário- mínimo, dependendo da marca da fórmula infantil. Sendo assim, o aleitamento materno exclusivo é expressamente indicado até os seis meses de vida. Isto se deve a diversos fatores. O principal deles é que o leite materno é um alimento completo, pois possui todos os nutrientes necessários ao bebê durante os seis primeiros meses de vida. Inclusive contém quantidade suficiente de água, mesmo para aqueles dias muito quentes e secos (OLIVEIRA, et al 2007). E para ambos promove o fortalecimento do vínculo afetivo entre mãe e filho e melhora a qualidade de vida das famílias, uma vez que as crianças amamentadas adoecem menos, necessitam de menos atendimento médico, hospitalizações e medicamentos, o que pode implicar em menos faltas ao trabalho dos pais, bem como menos gastos e situações estressantes (BRASIL, 2009). Diversos estudos comprovam ainda que, o aleitamento materno tem efeito protetor contra a obesidade. Foi observado em um estudo americano com 2.565 crianças, com idade entre três e cinco anos, que aquelas que haviam recebido aleitamento materno apresentavam menor prevalência de “risco de sobrepeso”, em relação àquelas que nunca haviam sido amamentadas (HEDIGER, et al, 2001). Já outro estudo realizado no município de São Paulo, com 544 crianças de dois a seis anos de idade mostrou que o aleitamento materno exclusivo por seis meses ou mais e que aleitamento materno prolongado por mais de 24 meses de vida são fatores de proteção contra sobrepeso e obesidade. Ademais, quanto maior a quantidade de leite materno recebido no início da vida, maior a proteção em relação ao sobrepeso e obesidade. Apesar dos conhecidos benefícios, a mediana de aleitamento materno exclusivo foi apenas de quatro meses e de aleitamento materno, sete meses, houve ainda, a introdução precoce de quase todos os alimentos pesquisados, como água e/ou chá (72,1%), frutas (66,4%), leite não materno (53,2%), açúcar e/ou mel (15,2%), espessantes (10,2%); achocolatados 6 (3,0%), iogurtes (4,6%), cereais e tubérculos (25,6%), carnes bovina, frango ou peixe (54,1%), ovos (14,1%), hortaliças (40,3%) e feijão (12,0%); no período de zero a seis meses de idade (SIMON, SOUZA, SOUZA, 2009). Vale lembrar que a introdução precoce de outros alimentos (antes do sexto mês) pode ser um fator de risco para anemia ferropriva e para alergia e/ou intolerância alimentar, assim como predispõe os quadros infecciosos, gastrintestinais e respiratórios, a depender do ambiente onde a criança vive. Além destes, outros inúmeros estudos reafirmam a importância do aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida, seja no aspecto nutricional, psicoafetivo, intelectual, imunológico ou até mesmo no desenvolvimento ósseo e muscular da face (MUNIZ, et al, 2006). Nos primeiros dias de pós parto é produzido, em pequena quantidade, um leite com alto teor de proteínas (que ajudam no crescimento e desenvolvimento) e rico em células de defesa vindas da mãe. Este leite de coração amarela transparente, denominado colostro, funciona como uma vacina protegendo o bebê, especialmente aqueles prematuros. FONTE: www.pictame.com Nos primeiros 15 dias o bebê mama pouco e emintervalos curtos, além disso, a mãe pode sentir dor, e desenvolver fissuras nos mamilos, isto se deve ao processo de adaptação à amamentação, mas leva muitas mães a desistirem de amamentar. 7 Mas vale encoraja-las, tendo em vista que com o passar do tempo, as pele das mamas se fortalecerá, a criança estabelecerá o seu próprio ritmo e os horários irão ficando cada vez mais regulares. Outros quesitos são importantes na amamentação, como os sinais de boa pega, descritos nas figuras abaixo e o correto esvaziamento das mamas, já que o leite do final da mamada é rico em gordura, que mata a fome e que faz com que o bebê ganhe peso. O tempo para esvaziamento, varia de acordo com a idade do bebê, sendo de 10 a 30 minutos nos primeiros dois meses e entre 5 e 20 minutos após essa idade. Caso o bebê esteja demorando muito para mamar e não esteja ganhando peso adequadamente, é sinal de que algo não está dando certo. Fonte: http://189.28.128.100/nutricao/docs/geral/10_passos_final.pdf 8 FONTE: http://www.ficargravida.com.br/bebes/aleitamento-materno-pega-correta/ Fonte:http://consultorioped.blogspot.com.br/2015/09/meu-leite-e-fraco.html Uma alternativa para aquela mãe que necessita retornar as atividades laborais é realizar a ordenha manual, guardar o leite na geladeira, levar para casa e oferecer à criança no mesmo dia ou no dia seguinte ou congelar. Em geladeira ele pode ser mantido por até 12 horas e, no freezer ou congelador, por 15 dias. Caso esteja congelado, no momento de oferecer ao bebê, deve ser descongelado, de preferência dentro da geladeira. Uma vez descongelado, o leite deve ser aquecido em banho-maria fora do fogo. Homogeneizar, agitando suavemente antes de oferecer à criança, faz-se necessário. Depois de aquecido, 9 caso o bebê não amamente, o leite deve ser descartado, não se deve retornar para a geladeira ou reaquecer. Para realizar a ordenha é preciso dispor de vasilhame de vidro com tampa de plástico esterilizado, para isto, o pote deve ser submetido à fervura durante mais ou menos 20 minutos. A mãe deve procurar um local tranquilo para esgotar o leite; manter os cabelos presos, lavar e secar cuidadosamente as mãos e antebraços, usar máscara ou evitar falar, espirrar ou tossir enquanto estiver ordenhando. O recipiente deve ser posicionado próximo ao seio; a mama massageada delicadamente com movimentos circulares da base em direção à aréola, o tórax mantido curvado sobre o abdômen, para facilitar a saída do leite e aumentar o fluxo. Os dedos da mão colocado em forma de “C”, o polegar na aréola acima do mamilo e o dedo indicador abaixo do mamilo na transição aréola/mama, em oposição ao polegar, sustentando o seio com os outros dedos, pressionando suavemente o polegar e o dedo indicador, um em direção ao outro, e levemente para dentro em direção à parede torácica e soltando (conforme a figura abaixo). Este processo pode levar mais ou menos 20 a 30 minutos, em cada mama, especialmente nos primeiros dias, quando apenas uma pequena quantidade de leite pode ser produzida. Podem ser ordenhados os dois seios simultaneamente em um único vasilhame, em um mesmo momento, ou dentro das próximas 12 horas, após esse período, use outro vasilhame. Fonte: Cartilha de Orientação Nutricional Infantil 10 Entretanto, existem casos que contra indicam o aleitamento materno, como câncer de mama tratado ou em tratamento, diagnóstico de HIV/AIDS, HTLV, sífilis, hepatite, varicela (5 dias antes e 3 dias após o parto) e herpes mamilar (temporariamente, enquanto persistirem as lesões). E criança com diagnóstico de fenilcetonúria ou galactosemia. Ainda existem casos de mães que obrigatoriamente devem retornar ao trabalho precocemente, permanecendo grandes intervalos ausentes do seu filho e com dificuldades na obtenção de leite materno por ordenha, neste caso e nos anteriores, o ideal é fazer uso das fórmulas infantis. Antes dos seis meses, utiliza-se a fórmula infantil de partida, já no 2º semestre a fórmula de seguimento. Estas fórmulas devem conter gordura, carboidratos, proteínas, minerais, oligoelementos (vitaminas e microminerais), outros nutrientes e componentes como nucleotídeos, prebióticos, probióticos e LC-PUFAS (ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa) (FERNANDES et al, 2011). A quantidade varia de acordo com a idade da criança, conforme o quadro abaixo. Idade Volume diário Número de refeições/dia Do nascimento a 30 dias 60 – 120ml 6 a 8 30 a 60 dias 120 – 150ml 6 a 8 2 a 3 meses 150 –180ml 5 a 6 3 a 4 meses 180 – 200ml 4 a 5 > 4 meses 180 – 200ml 2 a 3 Fonte: Adaptado do Caderno nº 23 da Atenção Básica. Enquanto que a introdução da alimentação complementar, para criança amamentada ao seio deve ser introduzida a partir dos seis meses de idade e gradualmente, aquela que utiliza fórmula infantil, poderá receber novos alimentos a partir do 4º mês de vida, ou de acordo com orientação do médico ou do nutricionista. 11 3 ALIMENTAÇÃO DOS 6 MESES AOS 2 ANOS DE IDADE Fonte:http://revistacrescer.globo.com O segundo semestre é determinante na saúde da criança nesta idade. Ela já possui maturidade fisiológica e neurológica para receber novos alimentos. Não apresenta mais o reflexo de protrusão da língua, o que facilita a introdução de alimentos semissólidos e produz também enzimas digestivas em quantidade necessária, além disso, já senta e sustenta a cabeça, facilitando a alimentação (BRASIL, 2002). A comida, o tempero, o cheiro de que gostamos, tudo se refere aos hábitos que adquirimos quando ainda éramos crianças. É neste momento que se inicia a introdução gradativa de outros alimentos, mantendo o leite materno até os dois anos de idade ou mais. Os primeiros anos de vida de uma criança, especialmente os dois primeiros, são caracterizados por crescimento desenvolvimento acelerados, incluindo habilidades para receber, mastigar e digerir outros alimentos, além do leite materno, e no autocontrole do processo de ingestão de alimentos. Devido a este crescimento, as necessidades nutricionais da criança não são mais atendidas apenas com o leite materno e por isso, faz-se necessária a introdução de novos alimentos. Inicialmente a quantidade de alimentos ofertada a 12 criança deve ser pequena e caso ela ainda tenha fome, o leite materno deve ser oferecido. É importante saber que a criança pode rejeitar ou ter dificuldade para aceitar as primeiras ofertas, isto porque tudo é novidade para ela, desde a colher, até a consistência do alimento e o sabor, entretanto há crianças que adaptam mais facilmente. Caso a criança não conheça um alimento e ao provar, não goste, não se deve insistir, outro alimento deve ser oferecido. Entretanto, após alguns dias aquele alimento que ela não gostou deve ser oferecido, de preferência, preparado de outra maneira. Esse processo deve-se repetir por pelo menos 8 a 10 vezes, em dias diferentes, antes que se tenha certeza de que a criança de fato não goste. Fonte https://brasil.babycenter.com Há predisposições genéticas para se gostar ou não se gostar de determinados sabores, além disto, essa influência genética vai sendo moldada por experiências adquiridas ao longo da vida. Por isso, os sabores vivenciados nos primeiros meses de vida podem influenciar as preferências alimentares subsequentes. Uma vez que o alimento se torna familiar nessa fase, parece que a preferência se perpetua (LEATHWOOD; MAIER, 2005; BRASIL, 2009). No intervalo dos alimentos, deve ser oferecida água, filtrada ou fervida (BRASIL, 2015). Algumas considerações quanto à alimentação complementar é que idealmente, ela deve ser oferecida de acordo com os horários de refeição da família, 13 em intervalos regulares, de forma a respeitar o apetite da criança e em um ambiente tranquilo. As refeiçõesdevem ser feitas à mesa e a televisão (TV) deve estar desligada. Isto porque o hábito de comer assistindo TV ou fazendo outra atividade impede que as pessoas prestem atenção na quantidade de alimentos que estão comendo. Algumas crianças precisam ser estimuladas a comer e nunca forçadas, pois isso pode interferir no autocontrole que a criança tem naturalmente sobre a quantidade de alimentos que ingere. Desde pequena a criança aprende a distinguir as sensações de saciedade (de quando já está satisfeita) e de fome (quando fica sem receber a comida). Assim, atenção à quantidade de alimentos oferecida. É preferível colocar pouco e servir novamente se a criança ainda quiser, do que colocar uma quantidade igual à de um adulto e forçar a criança a comer tudo. Por mais que pareça pouca a quantidade que ela ingere, se tudo correr bem, esta é suficiente para satisfazer as necessidades nutricionais. São importantes essas considerações, pois a criança deve entender que existe horário e lugar certo para as refeições. Existem ainda estudos mostrando que quando a alimentação é feita em família, as crianças comem alimentos mais saudáveis e se desenvolvem melhor, por isso é formidável fazer ao menos uma refeição em família. Não andar pela casa, atrás da criança, com o prato de comida na mão, não oferecer prêmios, nunca aplicar castigos e não insistir para ela comer quando ela realmente não estiver com fome é válido, porque a comida não deve ser vista como uma punição e sim como uma situação prazerosa. Além disso, é preciso conhecer a função dos micronutrientes (vitaminas e os minerais) e macro nutrientes (carboidratos, proteínas e lipídeos). Os carboidratos contém uma grande quantidade de açucares, esse macro nutriente é responsável pela principal fonte de energia do organismo. Em especial do sistema nervoso central, que não funciona com outra fonte energética que não esta. As proteínas são macromoléculas biológicas constituídas por uma ou mais cadeias de aminoácidos. As proteínas estão presentes em todos os seres vivos e participam de praticamente todos os processos celulares, desempenhando um vasto conjunto de funções no organismo, podendo ser encontrados em alimentos tanto de origem animal como vegetal. https://pt.wikipedia.org/wiki/Macromol%C3%A9cula https://pt.wikipedia.org/wiki/Biomol%C3%A9cula https://pt.wikipedia.org/wiki/Amino%C3%A1cido https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9lula 14 As gorduras são compostos orgânicos formados por carbono, hidrogênio e oxigênio (ácidos graxos e o glicerol) elas são uma fonte de energia altamente concentrada e são utilizadas para acionar as reações químicas do organismo, podem ter a forma líquida ou sólida. Todas são combinações de ácidos graxos saturados e insaturados. As gorduras totais representam a quantidade de lipídios saturados e insaturados do produto, presentes essencialmente nos alimentos de origem animal, as gorduras saturadas, em grande quantidade, podem causar problemas cardíacos e aumentar as taxas de colesterol e de triglicerídeos, assim como as gorduras trans, que são aquelas produzidas industrialmente através da modificação da estrutura do ácido graxo, por isso devem ser consumidas com muita moderação. FONTE: Adaptado da Cartilha de Orientação Nutricional Infantil. Departamento de pediatria. Faculdade de Medicina da UFMG. 2011. Os alimentos reguladores são as vitaminas e os minerais, sendo imprescindíveis para um bom funcionamento do organismo, elas não fornecem energia nem constroem o corpo, mas mantém o equilíbrio e o funcionamento perfeito da máquina orgânica, são encontrados em alimentos naturais como o leite, ovos, carne legumes, frutas e verduras. Alguns exemplos de onde podem ser encontradas algumas vitaminas estão na tabela abaixo (CUNHA, 2014). 15 Fonte: (PASSOS, 1996, p.116). A suplementação de ferro deve ser feita de maneira universal para lactentes a partir do sexto mês de vida ou da interrupção do aleitamento exclusivo até os dois anos de idade. Já as reposições de vitamina D devem ser de 400 UI/dia por via oral para lactentes até 18 meses em aleitamento materno e/ou que recebam fórmula infantil em volume inferior a 500 ml/dia. Para a absorção fisiológica da vitamina D, a exposição solar adequada é de pelo menos 30 minutos semanal, com a criança apenas de fraldas (4 a 5 minutos por dia, todos os dias da semana) ou 2 horas semanais com exposição apenas da face e das mãos da criança (17 minutos por dia, todos os dias da semana). A criança que amamenta ao peito, dos seis aos sete meses devem receber três refeições complementares por dia. São elas dois purês de fruta (fruta amassada) e uma papa salgada, preparada com verduras e legumes, cereal ou tubérculo (batata, aipim, inhame), carne ou vísceras (fígado) e leguminosas (feijão, lentilha, soja, grão de bico ou ervilha verde seca). Entretanto o leite materno permanece livre demanda, quantas vezes a criança quiser. Ao se aproximar do sétimo, respeitando- se a evolução da criança, a segunda papa salgada deve ser introduzida (BRASIL, 2009). Já aquelas que a partir do sexto mês a criança, não mamam mais no peito, deve-se oferecer cinco refeições com alimentos complementares, sendo estes, dois purês de frutas, duas papas salgadas e um mingau de cereal. Nesse caso, preferir os cereais fortificados com ferro, para ajudar a prevenir a anemia. Além de continuar o uso da fórmula de seguimento conforme indicação do fabricante e do pediatra. 16 Fonte:bvsms.saude.gov.br Em qualquer dos casos anteriores as frutas devem ser oferecidas, preferencialmente, sob a forma de papas, purê, sempre em colheradas. Isto porque as sopas, sucos e comidas ralas não fornecem energia suficiente para a criança por reduzir, substancialmente, a quantidade de fibras, responsáveis, inclusive pela sensação de saciedade. Se o tipo de fruta oferecida respeitar as características regionais e a estação do ano, o custo será menor, mas nenhuma fruta é contraindicada. É preciso oferecer uma fruta de cada vez, para que a criança se acostume com o novo sabor e passe a aceitá-la. Não há necessidade de adicionar açúcar. O melhor é habituar a criança com os sabores naturais, pois elas passam a gostar dos alimentos da maneira como são apresentados pela primeira vez. Para a papa salgada, os alimentos devem ser cozidos em pouca água, sem tempero artificial e oferecidos amassados com um garfo, um de cada vez, sem mistura-los no prato. Assim como a papa de frutas, a salgada não deve ser batida no liquidificador ou peneirada, por reduzir o valor energético e não estimular a mastigação. Para temperar, utilizar apenas uma pitada de sal; pode-se utilizar cebola de cabeça, salsa, alho e cebolinha. Algum tipo de carne ou víscera deve ser oferecido na papa salgada, por conter ferro e, portanto, auxiliar na prevenção da anemia. A carne (70 a 120 g/dia), para duas refeições, não deve ser triturada, apenas picada ou desfiada, quando a carne não puder ser amassada de forma que a criança consiga ingerir sem risco de engasgamento, deve ser cozida junto aos demais alimentos, e retirada na hora de oferecer a criança. Quando não for possível colocar carne na papa salgada, é recomendável oferecer 50 a 100 ml de suco de frutas cítricas (ricas em vitamina C: 17 limão, laranja, goiaba, morango, abacaxi, ponkan), logo após o término da refeição. Isso facilita a absorção do ferro presente nos vegetais verde-escuros ou nas leguminosas (feijão, lentilha, soja, ervilha seca ou grão de bico). As frutas, os legumes e as verduras da época são mais baratos, mais frescos e mais nutritivos. Mas procure variar estes alimentos, isso garantirá o fornecimento adequado de vitaminas e minerais necessários para uma boa saúde e um crescimento adequado. Os sucos naturais podem ser usados nos intervalos das refeiçõesprincipais, e não em substituição a elas, em uma dose pequena. Não é recomendado utilizar beterraba e espinafre todos os dias, pois além de baixa biodisponibilidade de ferro, interferem na absorção de cálcio e ferro dos outros alimentos. Alguns alimentos com glúten devem ser introduzidos até o 9º mês de idade, portanto, iniciar após o 7º mês uma porção de macarrão por semana. ESTAÇÃO DO ANO FRUTAS VERDURAS E LEGUMES VERÃO Abacaxi, abacate, ameixa, banana, caju, figo, goiaba, jaca, laranja, limão, manga, maracujá, melancia, maçã, melão, pera e uva Agrião, escarola, repolho, abóbora, abobrinha, alcachofra, alho, batata, batata doce, berinjela, cenoura, chuchu, jiló, mandioca, milho verde, broto de feijão, nabo, pimentão, quiabo e rabanete OUTONO Abacate, banana, caqui, goiaba, jaca, laranja, limão, maçã, maracujá, melancia, pera e tangerina Acelga, alface, repolho, abóbora, abobrinha, batata, batata-doce, berinjela, brócolis, chuchu, mandioca, nabo, pimentão, quiabo, rabanete, tomate e vagem INVERNO Banana, laranja, limão, mamão, melão, morango, pera, tangerina Acelga, alface, almeirão, couve, espinafre, mostarda, repolho, abóbora, abobrinha, batata, batata-doce, berinjela, brócolis, cenoura, couve-flor, ervilha, mandioca e nabo PRIMAVERA Banana, caju, laranja, melão, morango e pêssego Alface, almeirão, chicória, escarola, repolho, abóbora, abobrinha, alcachofra, batata, berinjela, beterraba, cenoura, chuchu, couve-flor, ervilha, mandioquinha, nabo e vagem FONTE: Adaptado da cartilha de orientação aos pais: alimentação infantil. A partir do oitavo mês até os 11 meses, essas refeições passam a ser constituídas de duas papas salgadas e dois purês de frutas. O leite materno pode ser oferecido quantas vezes a criança quiser, mas a criança não pode trocar as 18 refeições principais pelo leite materno. Para isso, o leite materno deverá ser oferecido em períodos contrários aos das refeições. E para crianças que recebem outro leite que não o materno devem consumir no máximo 400ml por dia. A partir dos oito meses de idade, algumas preparações servidas para a família como arroz, feijão, carne, legumes e verduras podem ser oferecidos à criança, desde que não sejam preparadas com temperos fortes ou picantes. A partir dessa idade, os alimentos podem ser oferecidos amassados, desfiados, picados ou cortados em pedaços pequenos, para estimular a mastigação. Para preparar a alimentação da criança é necessário lavar bem as mãos, os alimentos e os utensílios que serão utilizados, as refeições devem ser preparadas um pouco antes de serem servidas para diminuir o risco da contaminação dos alimentos e consequentemente adoecimento da criança. Até o primeiro ano de vida, é totalmente contraindicado o uso de mel, devido ao risco de intoxicação alimentar (botulismo) e os morangos, devem ser bem lavado devido ao risco de contaminação por agrotóxicos. Existem pediatras que contraindicam o uso da clara de ovo, mas a gema pode ser utilizada, desde que bem cozida, para isso deve-se iniciar dando apenas ¼ da gema; e se houver boa aceitação, na próxima vez pode ser dada a metade da gema para então, na próxima oferta, dar a gema inteira. A partir do primeiro ano de vida, além do café da manhã, do almoço e do jantar é recomendável acrescentar mais dois lanches ao dia, dando preferência para as frutas ou mingau de cereal (leite mais cereal). Como pode ser observado resumidamente nos quadros abaixo. Quadro: Resumo do esquema alimentar para crianças menores de dois anos que estão em aleitamento materno De 6 a 7 meses De 8 a 12 meses A partir de 12 meses Aleitamento materno sob livre demanda • 1 papa de frutas no meio da manhã • 1 papa salgada no final da manhã • 1 papa de frutas no meio da tarde • Aleitamento materno sob livre demanda • 1 papa de frutas no meio da manhã • 1 papa salgada no final da manhã • 1 papa de frutas no meio da tarde • 1 papa salgada no final da tarde • Aleitamento materno sob livre demanda • 1 refeição pela manhã (mingau ou leite batido com fruta) • 1 fruta • 1 refeição básica da família no final da manhã • 1 fruta • 1 refeição básica da família no final da tarde FONTE: Adaptado do caderno da Atenção Básica, n. 23 19 Quadro: Resumo do esquema alimentar para crianças menores de dois anos que não estão em aleitamento materno Horário Menores de 4 meses 4-8 meses Maiores de 8 meses Manhã Alimentação láctea Leite + cereal outubérculo Leite + cereal ou tubérculo Intervalo Alimentação láctea Papa de fruta Fruta Almoço Alimentação láctea Papa salgada Papa salgada ou refeição básica da família Lanche Alimentação láctea Papa de fruta Fruta ou pão ou bolacha sem recheio Jantar Alimentação láctea Papa salgada Papa salgada ou refeição básica da família Noite Alimentação láctea Leite + cereal ou tubérculo Leite + cereal ou tubérculo FONTE: Adaptado do caderno de Atenção Básica, n. 23 Quadro: Volume e número de refeições lácteas por faixa etária no primeiro ano de vida para as crianças que não podem ser amamentadas Idade Volume diário (ml) Número de refeições/dia Do nascimento a 30 dias 60 - 120 6 a 8 30 a 60 dias 120 -150 6 a 8 2 a 3 meses 150 – 180 5 a 6 3 a 4 meses 180 – 200 4 a 5 > 4 meses 180 – 200 2 a 3 FONTE: Adaptado do caderno de Atenção Básica, n. 23 Quando a alimentação complementar é oferecida de forma inadequada pode culminar em adoecimento, os agravos mais comuns são anemia, obesidade e desnutrição. O desenvolvimento precoce da obesidade vem apresentando cifras alarmantes entre crianças, adolescentes e adultos em todo o mundo, sendo um problema de saúde pública que tende a se manter em todas as fases da vida. O excesso de peso como problema de saúde pública tem suplantado, em muito, o baixo peso para estatura no Brasil e em outros países (BRASIL, 2009). A prevalência de excesso de peso, em estudo realizado no município de São Paulo, com 544 crianças de dois a seis anos de idade, encontrada foi de 34,4% e 20 pode ser considerada elevada para a faixa etária das crianças estudadas. No presente estudo, entre as demais variáveis explanatórias, a idade da criança superior a quatro anos foi fator de risco, talvez porque nessa idade ela já escolhe e pede o alimento que deseja ingerir, dando preferência a alimentos não nutritivos de maior valor calórico. Como as crianças estudadas pertenciam a famílias com nível socioeconômico alto, possivelmente elas teriam maior acesso à mídia, que estimula o consumo de alimentos como bolacha, doces, salgadinhos e outros. Outro fato associado ao risco nessa idade pode ser o sedentarismo decorrente de horas por dia em frente a aparelhos de televisão e vídeo-game diminuindo a atividade física (SIMON, SOUZA, SOUZA, 2009). Por isso é importante esclarecer alguns mitos que levam as mães a introduzir precocemente alimentos inadequados na dieta. A criança não sabe a diferença entre os alimentos e ela não tem vontade de comer isto ou aquilo. Até os 18 meses, a criança passa pela fase oral, nesta fase, ela tende levar qualquer coisa para a boca, para conhecer, experimentar. Portanto, ela não ficará nem com vontade e nem doente se não comer o que não pode. Neste momento, pode ser oferecido um alimento que ela possa comer, como, por exemplo, uma fruta. Ela ficará satisfeita e feliz do mesmo jeito. Sempre dê preferência para alimentos na sua forma mais natural possível. 4 ALIMENTAÇÃO APÓS OS DOIS ANOS DE IDADE A partir dos dois anos de idade, a continuidade do aleitamento materno fica a critério da mãe, pois os papeis de proteção e de nutrição mais importantes já foram cumpridos. No período de dois a quatro anos há estabilização do crescimento estrutural e do ganho de peso. Sendo assim, nesta etapa, há uma menor necessidade de ingestãoenergética quando comparada ao período de zero a dois anos e a fase escolar (sete a 10 anos), sendo que esta é caracterizada por um período de elevados crescimento e demandas nutricionais. Na fase escolar é comum a criança ter um alto gasto energético devido ao metabolismo que é mais intenso que o do adulto. Além disso, há nessa faixa etária intensa atividade física e mental. Assim, a falta de apetite comum à fase pré- escolar 21 é substituída por um apetite voraz. É comum, nessa idade, também, a diminuição da ingestão de leite e, consequentemente, limitação do suprimento de cálcio. As mães devem estar atentas a fim de compensar a falta de ingestão de leite por meio de outros alimentos ricos em cálcio. A partir dos dois anos de idade é importante o estabelecimento de hábitos saudáveis e isto dependerá muito da rotina alimentar da família, pois a formação da preferência da criança pode decorrer da observação e imitação dos alimentos escolhidos por familiares ou outras pessoas e crianças que convivem em seu ambiente. Até os 4 anos a criança desenvolve ainda mais a capacidade de selecionar os alimentos a partir de sabores, cores, experiências sensoriais e texturas, apresentando maior relutância em provar novos alimentos. Como essas escolhas irão influenciar o padrão alimentar futuro é importante, que, assim como na fase anterior, a criança prove o alimento de oito a dez vezes, em diferentes momentos e diversos tipos de preparação, mesmo que em quantidades mínimas, para que ela decida definitivamente gostar ou não deste alimento. É comum ainda, que a criança tenha alterações no apetite, podendo variar de um dia para outro, entretanto, não é indicado forçar a criança a comer fazendo chantagens como oferecer prêmios ou dar castigos como, por exemplo: “Se você comer a cenoura, ganha um chocolate” ou “Se você não comer tudo, irá agora para cama sem TV”. Porque assim, os pais estarão ensinando a criança que os hábitos saudáveis são uma punição e os nãos saudáveis um brinde. Durante essa faixa etária, a anemia ferropriva apresenta uma relevante prevalência, assim, é de extrema importância que os cuidadores estejam atentos quanto à suplementação adequada de ferro através da dieta. Alguns deste alimentos estão listados no quadro abaixo. A partir dos dois anos de idade é importante oferecer pelo menos três refeições (café da manhã, almoço e jantar) e dois lanches saudáveis por dia. Evitando pular as refeições, comendo devagar e mastigando bem os alimentos, para, assim apreciar a refeição e prevenir a obesidade na infância, na adolescência e na vida adulta. 22 Quadro: Alimentos que são fonte de ferro Alimentos Quantidade (100g) Ferro (mg) Fontes de ferro heme Carne de gado cozida (lagarto) 1 bife médio 1,9 Carne de gado cozida (contrafilé sem gordura) 1 bife médio 2,4 Carne de gado cozida (patinho sem gordura) 1 bife médio 3,0 Frango cozido (coxa sem pele) 2 unidades grandes 0,8 Frango cozido (peito sem pele) 1 pedaço médio 0,3 Frango cozido (sobrecoxa sem pele) 2 unidades pequenas 1,2 Coração de frango cozido 12 unidades grandes 6,5 Peixe cozido 1 filé médio 0,4 Carne de porco (bisteca grelhada) 1 pedaço médio 1,0 Carne de porco (costela assada) 1 pedaço médio 0,9 Fígado de boi cozido 1 bife médio 5,8 Fígado de galinha 2 unidades médias 9,5 Fontes de ferro não heme Ovo 2 unidades 1,5 Feijão preto cozido 1 concha média 1,5 Beterraba cozida 4 fatias grandes 0,2 Beterraba crua 5 colheres das de sopa cheias de beterraba ralada 0,3 FONTE: Adaptado do cadernos de Atenção Básica, n. 23 Estas refeições devem pertencer a diferentes grupos alimentares, incluindo os cereais (arroz, milho, trigo, pães, massas); os tubérculos (batata, batata-doce, batata salsa aipim/mandioca, cará, inhame); frutas, verduras e legumes. Fornecendo diariamente fonte de vitaminas, minerais e fibras, importantes para a proteção da saúde, e diminuição dos riscos de ocorrência de várias doenças. O feijão e o arroz é uma dupla imbatível, uma combinação completa de proteínas e fibras, e devem ser consumidos pelo menos uma vez por dia todos os dias, ou no mínimo cinco vezes por semana. Para variar pode-se substituir o feijão por lentilha, grão de bico, ervilha seca ou soja. Leite e derivados (leite fermentado, iogurte, queijos magros) são importantes fontes de cálcio. Carnes, aves, peixes ou ovos são fontes de proteínas. Durante o preparo dos alimentos retire a gordura aparente das carnes e a pele do frango, e os alimentos gordurosos devem ser evitados. Dando preferencia aos assados, grelhados ou cozidos. Uma lata de óleo por mês é suficiente para uma 23 família de quatro pessoas. E modere o uso de sal, pois em excesso pode contribuir para o aumento da pressão (hipertensão), uma forma de auxiliar é utilizar temperos naturais frescos como cebola, alho, salsinha, cebolinha e sucos de frutas como limão, laranja, ponkan ou mexerica. Esses temperos e sucos são fontes de vitaminas e minerais, sendo também importantes para o crescimento da criança e são ótimos substitutos para o sal. Evite o consumo de sucos artificiais, refrigerantes, bolos, biscoitos recheados, sobremesas doces, enlatados, temperos prontos, salsicha, linguiça, salame, mortadela e preparações fritas ou à milanesa (carne ou outro alimento passado no ovo e na farinha e depois colocado para fritar). As guloseimas doces podem ser oferecidas no máximo duas vezes por semana, em pequena quantidade. Pois o excesso desses alimentos contribui para o aumento do peso, aparecimento das cáries dentárias e também de outras doenças. A ingestão de água é muito importante para o bom funcionamento do organismo, inclusive do intestino. É preciso ingerir de seis a oito copos de água por dia. O cuidador deve incentivar a criança a tomar água nos intervalos das refeições. Ademais é preciso praticar diariamente pelo menos 30 minutos de atividade, seja uma caminhada, bicicleta, passear com o cachorro, jogar bola, brincar de amarelinha, pega-pega, esconde-esconde, correr, dançar, pular corda ou fazer algum tipo de esporte. Lembre-se que a criança desenvolve brincando! E especialmente, não deixar que a criança passe muitas horas assistindo TV, jogando vídeo game ou brincando no computador. Como já dito, não se deve premiar com doces, pois isto poderá fazê-lo pensar que os doces são alimentos mais valiosos e desejáveis do que os vegetais e legumes. Quando a criança se recusar a comer o almoço ou o jantar, não se deve substituir essas refeições por leite, biscoitos, iogurtes, chocolates etc. O prato deve ser guardado na geladeira (em recipientes tampados) e assim que a fome voltar, deve esquentar e oferecer novamente. Já o castigo poderá criar ansiedade e sofrimento toda vez que for o horário de comer. Porém é preciso ter as atitudes com firmeza, a criança sabe até onde ela precisa chegar para conseguir o que quer. Inicialmente é natural que ela chore, que fique emburrada, mas não se deve fazer o que ela está pedindo, pois isso pode 24 reforçar o comportamento negativo nas próximas vezes. Essas dicas não se aplicam quando a criança está doente. É importante não ceder às pressões que a mídia faz, não comprando alimentos não saudáveis e inadequados para o seu filho. A criança deve entender quais alimentos são bons para ela, para isso, os pais devem ensinar diariamente. Uma forma de fazer isso é ir à feiras ou em áreas rurais de plantação com as crianças, para estimular a curiosidade fazendo a criança conhecer as frutas, verduras e legumes, outra ainda é que leva-la a cozinha deixando que ela ajude a fazer uma salada ou outro prato saudável. Os hábitos alimentares saudáveis e adequados são capazes de diminuir os riscos do desenvolvimento de doenças como desnutrição obesidade, diabetes, hipertensão, doenças do coração e alguns tipos de câncer.5 ESCOLA E ALIMENTAÇÃO FONTE:www.alinutri.com.br No período escolar há um crescimento e desenvolvimento intensos. O indivíduo passa pela transição entre a infância e a vida adulta. É um período permeado por mudanças físicas (crescimento estatural, maturação sexual e mudanças na estrutura corporal decorrentes da puberdade); sociais e emocionais. 25 Portanto necessita de interferências cuidadosas em diversos aspectos, inclusive nos cuidados com a saúde, incluindo a nutrição e a alimentação. As orientações alimentares não diferem muito das descritas no item acima. Entretanto, as necessidades energéticas, de micro (vitaminas e os minerais) e macronutrientes (carboidratos, proteínas e lipídeos), aumentam, e atender corretamente a essa demanda evita deficiência nutricional, obesidade, hipertensão arterial, anemia constipação intestinal, dentre outros problemas. Em estudo realizado no Município de Niterói, Estado do Rio de Janeiro com 391 estudantes de 15 a 17 anos para avaliar fatores que determinaram o sobrepeso a prevalência de sobrepeso foi 23,9% para meninos e 7,2% para meninas, sendo que fazer dieta para emagrecer foi sete vezes mais frequente entre meninas do que entre meninos com sobrepeso. Nos meninos, idade, uso de dieta, omissão de desjejum, horas de televisão/”vídeo-game” e obesidade familiar apresentaram associação positiva e significante com IMC. Nas meninas, associaram-se positivamente ao uso de dieta, omissão de desjejum e obesidade familiar e negativamente idade da menarca. Portanto, o padrão estético de magreza parece predominar entre meninas e elas o atingem com hábitos e consumo alimentar inadequados. Ademais, a atividade física é um importante determinante das características físicas do adolescente, tendo mostrado que o número de horas que um adolescente passa assistindo TV é um importante fator associado à obesidade. Esse indicador não é só relevante na fase que o adolescente esta passando mas também é um fator preditivo da obesidade no adulto (FONSECA, SICHIERI, VEIGA, 1998). Para evitar estes agravos é importante variar os alimentos, não pular refeições ou trocar por lanches; realizando 5 a 6 refeições diárias (café-da-manhã, almoço e jantar, e lanches nos intervalos); preferir proteínas de alto valor biológico (carnes, ovos, leite e derivados); consumir peixes marinhos duas vezes por semana; frutas, verduras e legumes pelo menos cinco porções/ dia e realizar a atividade física regular. Além de evitar açúcares, gorduras saturadas e colesterol, refrigerantes e sal (ideal menos de 6g/dia). Ao orientar o adolescente é importante estabelecer um vínculo com o mesmo e o envolver na organização de sua rotina alimentar, deve-se estimular pequenas e progressivas mudanças, a partir das suas preferências e estilo de vida, enfatizando 26 os aspectos positivos de adotar tais hábitos. E neste contexto a escola é um importante aliado. O Brasil possui uma diversidade de programas de alimentação e nutrição em escolas, desde 1954, sendo um dos mais antigos programas sociais do governo federal, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que supri parcialmente as necessidades nutricionais dos alunos, com oferta de uma ou mais refeições diárias, adequadas e seguras. É considerado um dos maiores programas do mundo na área da alimentação escolar, atendendo, em 2007, aproximadamente 36 milhões de estudantes, o que equivale a 22% da população brasileira, que frequenta instituições públicas e filantrópicas da educação em todo o Brasil (CUNHA, 2014). De acordo com o MEC (2006), o valor per capita fornecido para as escolas para ser direcionado a alimentação em 2003 passou de R$0,06 para R$0,13 em pré escolares e escolas filantrópicas, e para as creches R$0,18. Atualmente, o valor repassado pela União a estados e municípios por dia letivo para cada aluno é definido de acordo com a etapa e modalidade de ensino, sendo de 1,07 reais para as creches e ensino integral; 0,53 centavos para a pré-escola; R$ 0,64 para as escolas indígenas e quilombolas; R$ 0,36 para o ensino fundamental e médio; e de R$ 0,32 para a educação de jovens e adultos (BRASIL, 2018). Neste contexto, a escola é um espaço social que emerge como importante aliado para a promoção da saúde, bem como formação de hábitos alimentares saudáveis,. Já que nelas, os indivíduos passam grande parte do seu tempo, convivem, aprendem, trabalham e também realizam suas refeições. Os educadores têm importante papel ao ajudar a criança a reconhecer suas necessidades e identificar suas preferências alimentares, fazendo isso de forma prazerosa para que haja a conscientização da prática de uma boa alimentação. 6 ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL Em suma, mais que modismos é importante conscientizar as crianças sobre a alimentação como fator de grande contribuição para melhor qualidade de vida e para a promoção da saúde. Para isso é necessário fornecer alimentos no momento certo, em quantidade e qualidade adequadas. 27 Pesquisas recentes demonstram que muitas crianças deixam de ser amamentadas nos primeiros meses de vida e recebem alimentos não saudáveis ao invés dos alimentos caseiros e regionais. Essas escolhas prejudicam a formação de hábitos alimentares saudáveis e podem favorecer o aparecimento de doenças, ainda na infância, elevando a morbi-mortalidade infantil, como também deixar sequelas futuras como retardo de crescimento, atraso escolar e desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, como obesidade, pressão alta e diabetes. Assim, torna- se inquestionável a importância da alimentação infantil. Para isso, o Ministério da Saúde/ Organização Pan-Americana da Saúde adota 10 passos para alimentação saudável para menores de dois anos (2010): 1. Dar somente leite materno até os seis meses de idade, sem oferecer água, chás ou quaisquer outros alimentos. 2. A partir de seis meses, introduzir de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o leite materno até os dois anos de idade ou mais. 3. Após os seis meses, oferecer alimentação complementar (cereais, tubérculos, carnes, leguminosas, frutas e legumes), três vezes ao dia, se a criança receber leite materno, e cinco vezes ao dia, se estiver desmamada. 4. A alimentação complementar deverá ser oferecida sem rigidez de horários, respeitando-se sempre a vontade da criança. 5. A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida com colher; começar com consistência pastosa (papas, purês) e, gradativamente, aumentar a consistência até chegar à alimentação da família. 6. Oferecer à criança diferentes alimentos ao dia. Uma alimentação variada é, também, uma alimentação colorida. 7. Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições. 8. Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação. 9. Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos; garantir o seu armazenamento e conservação adequados. 28 10. Estimular a criança doente e convalescente a se alimentar, oferecendo a sua alimentação habitual e seus alimentos preferidos, respeitando a sua aceitação. Adotam ainda “10 passos” como guia para alimentação saudável para crianças nas fases pré-escolar e escolar: 1. Procure oferecer alimentos de diferentes grupos, distribuindo-os em pelo menos três refeições e dois lanches por dia. 2. Inclua diariamente alimentos como cereais (arroz, milho), tubérculos (batatas), raízes (mandioca/macaxeira/ aipim), pães e massas, distribuindo esses alimentos nas refeições e lanches ao longo do dia. 3. Procure oferecer diariamente legumes e verduras como parte das refeições da criança. As frutas podem ser distribuídas nas refeições, sobremesas e lanches. 4. Ofereça feijão com arroz todos os dias, ou no mínimo cinco vezes por semana.5. Ofereça diariamente leite e derivados, como queijo e iogurte, nos lanches, e carnes, aves, peixes ou ovos na refeição principal. 6. Alimentos gordurosos e frituras devem ser evitados; prefira alimentos assados, grelhados ou cozidos. 7. Evite oferecer refrigerantes e sucos industrializados, balas, bombons, biscoitos doces e recheados, salgadinhos e outras guloseimas no dia a dia. 8. Diminua a quantidade de sal na comida. 29 9. Estimule a criança a beber bastante água e sucos naturais de frutas durante o dia, de preferência nos intervalos das refeições, para manter a hidratação e a saúde do corpo. 10. Incentive a criança a ser ativa e evite que ela passe muitas horas assistindo TV, jogando videogame ou brincando no computador. Quais são os alimentos que não devem ser oferecidos e pedir que outras pessoas também não ofereçam a criança? Refrigerantes e sucos artificiais. Produtos industrializados e com conservantes. Produtos com corantes artificiais. Produtos embutidos (salame, presunto, linguiça, mortadela) e enlatados (milho verde, ervilha, pepino azedo, palmito, azeitona, picles etc). Açúcar, bolos, biscoitos recheados e guloseimas em geral. Balas de qualquer tipo, pirulito, pipoca, amendoim e outros alimentos pequenos e duros podem provocar acidente grave por engasgamento – podendo inclusive levar à morte.CUIDADO! Chocolates e achocolatados. Qualquer tipo de fritura (doce ou salgada). Maionese, catchup, mostarda, pimenta e outros condimentos similares. Salgadinhos de pacote em geral. Alimentos muito doces ou muito salgados. Comidas muito condimentadas (com excesso de tempero). Comidas preparadas com muita antecedência (isto é, que não tenham sido preparadas pouco antes de serem servidas). Café preto, chá mate e bebidas alcoólicas. 30 Quais os Alimentos que podem ser oferecidos a criança? Frutas (banana, manga, abacate, maçã, pêra, melão, melancia, caqui, laranja, ponkan, mamão, abacaxi). Suco de fruta natural. Vitamina de fruta com cereal (de preferência, utilizar cereais fortificados com ferro). Legumes (cenoura, chuchu, abóbora, beterraba etc.) cozidos no vapor ou em pouca água, cortados em forma de palito. Bifinho de carne magra ou de fígado de boi grelhado, coxinha de frango assada e sem pele. Mingau ou pudim feito com leite e cereais (de preferência, utilizar cereais fortificados com ferro; se a criança mamar no peito, o mingau poderá ser preparado com o leite materno). Pães e biscoitos sem recheio. Iogurte natural ou coalhada caseira. Picolé de suco de fruta natural. Bolos simples, sem cobertura, podendo ser feitos também com legumes ou frutas (de fubá, de cenoura, de banana, de abacaxi, de maçã, de beterraba). Saladas de tomate, chuchu, cenoura, beterraba, vagem etc. Salada de frutas ou salada de legumes e/ou vegetais com frutas (repolho com maçã, alface com manga, chuchu com ponkan, beterraba com laranja, cenoura com abacate). Batata, aipim, batata-doce e batata salsa podem ser servidos na forma de purê ou cozidos, cortados em pedaços pequenos, acompanhados de feijão, carne ou vegetais. 31 7 INTRODUÇÃO ALIMENTAR: MÉTODO BABY-LED-WEANING (BLW) Pode ser que ao pesquisar sobre introdução alimentar, os pais se deparem com o método BLW, que nada mais é que a introdução alimentar guiada pelo bebê, ou seja, deixar que ele explore os alimentos, sinta a textura, o cheiro e o gosto dos alimentos, para isso, a comida deve ser oferecida em pedaços pequenos, substituindo as tradicionais papinhas. A britânica Gill Rapley, idealizadora da técnica, defende que ela oferece muitos benefícios para os bebês, que podem sentir com as mãos a textura dos alimentos, comer no seu tempo e interagir com outras pessoas durante as refeições. Como este método recebe importante atenção da mídia, como por exemplo, a reportagem televisionada exibida pela Rádio e Televisão Record S.A, “Sem papinhas, o método BLW estimula a autonomia dos bebês na hora de comer” em 16/2/2018 (disponível em: http://tv.r7.com/record-play/hoje-em-dia/videos/sem- papinhas-o-metodo-blw-estimula-a-autonomia-dos-bebes-na-hora-de-comer- 16022018) é importante que as mães tenham conhecimento das vantagens e desafios de tais métodos. Antes de iniciar o método baby-led-weaning (BLW), é importante entender como fazê-lo e entender os princípios básicos para aplicar esse método. Essas diretrizes proporcionam um melhor entendimento e aproveitamento do método. Além disso, os pais ficarão mais seguros em aplicá-lo. É importante ainda, saber que o Ministério da Saúde em suas cartilhas e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) não recomendam oficialmente o método. A SBP lançou um guia que informa que as sociedades da Nova Zelândia, Canadá e Estados Unidos também não o recomendam porque seguem a premissa de que algumas questões importantes sobre ele ainda não foram esclarecidas. Como por exemplo, se há impacto no desenvolvimento e crescimento; se a ingestão de nutrientes é suficiente; se ele influencia nos hábitos alimentares; se é realmente seguro e não oferece maior risco de asfixia e engasgo; e se é viável para a rotina dos pais. Este Guia Prático de Atualização da SPB esta disponível na leitura complementar em anexo. A maioria dos bebês estão prontos para começar a introdução dos alimentos com 6 meses de idade, devido ao grau de maturidade no desenvolvimento. Bebês https://bebe.abril.com.br/alimentacao-infantil/baby-led-weaning-blw-um-metodo-diferente-de-introducao-dos-solidos/ https://bebe.abril.com.br/tudo-sobre/papinha/ https://bebe.abril.com.br/saude/primeiros-socorros-como-agir-em-acidentes-domesticos-com-criancas/ 32 prematuros ou que tenham alguma condição especial de saúde ou atraso motor, que afetem a sua habilidade de engolir ou mastigar os alimentos, não se recomenda esse método. Vale ressaltar que é importante que os pais discutam com o pediatra sobre a introdução alimentar do seu filho e os métodos a serem utilizados. Mais informações podem ser encontradas na reportagem acima e na página <http://pediatriadescomplicada.com.br/2015/02/06/introducao-alimentar-entenda-o- metodo-baby-led-weaning-blw/>. http://pediatriadescomplicada.com.br/2015/02/06/introducao-alimentar-entenda-o-metodo-baby-led-weaning-blw/ http://pediatriadescomplicada.com.br/2015/02/06/introducao-alimentar-entenda-o-metodo-baby-led-weaning-blw/ 33 REFERENCIAS Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Dez passo para uma alimentação saudável. Guia para criança menores de dois anos. Um guia para profissionais de saúde da atenção básica. Brasília: Ministério da Saúde. 1.ed. 2002. Disponível em: <http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/dez_passos_para_familia.pdf >. Acessado em: 23/02/18. ______________________________. Dez passo para uma alimentação saudável. Guia para criança menores de dois anos. Um guia para profissionais de saúde da atenção básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2.ed. 2015. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_dez_passos_alimentacao_saudave l_2ed.pdf>. Acessado em: 23/02/18. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Dez passos para uma alimentação saudável para crianças brasileiras maiores de dois anos. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: nutrição infantil: aleitamento materno e alimentação complementar / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2009. 112 p. : il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n.23) BRASIL. Ministério da Saúde e Ministério Da Educação. Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Disponível em: <http://www.fnde.gov.br/programas/pnae/pnae-sobre-o-programa/pnae-sobre-o- pnae>. Acessado em: 21 de fevereiro de 2018 CUNHA, Luana Francieli da. A importância de uma alimentação adequada na educação infantil. Monografia de pós graduação. Ensino a distância, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Campus Medianeira. 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Aleitamento materno, alimentação complementar, sobrepeso e obesidade em pré-escolares. Rev Saúde Pública 2009;43(1):60-9 36 LEITURA COMPLEMENTAR Nome do autor: Departamento Científico de Nutrologia Presidente: Virgínia Resende Silva Weffort Secretário: Hélcio de Sousa Maranhão Conselho Científico: Carlos Alberto Nogueira de Almeida, Jocemara Gurmini, Junaura Rocha Barretto, Mauro Fisberg, Mônica de Araújo Moretzsohn, Rafaela Cristina Ricco, Valmin Ramos da Silva Colaboradores: Elza Daniel de Mello, Priscila Maximino Disponível em: http://pediatriadescomplicada.com.br/wp-content/uploads/2017/05/Nutrologia- AlimCompl-Metodo-BLW.pdf Data do acesso: 23.02.18 A ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR E O MÉTODO BLW (BABY-LED WEANING) Guia Prático de Atualização: Departamento Científico de Nutrologia A alimentação da criança modifica-se ao longo do seu crescimento e desenvolvimento. Do ponto de vista comportamental, desde o nascimento os recém- nascidos saudáveis possuem a capacidade de autorregular sua alimentação, determinando o início da mamada, qual a velocidade que sugam e quando querem parar de mamar. A mãe não consegue fazer com que o recém-nascido ou lactente sugue maior quantidade quando este encerra a mamada, ao sentir-se satisfeito. Desde o nascimento, a mãe deve ser encorajada a entender que o recém-nascido e o lactente saudáveis nascem aptos para regular sua fome e saciedade; aprender a interpretar estes sinais é fundamental para o sucesso na amamentação, alimentação complementar e formação dos hábitos alimentares até a vida adulta. A figura 1 ilustra como algumas características do desenvolvimento dos lactentes estão relacionadas aos comportamentos alimentares. Ao completar seis meses de vida, grande parte dos lactentes saudáveis já apresentam a capacidade para sentar sem apoio, sustentar a cabeça e o tronco, segurar objetos com as mãos, e explorar estímulos ambientais. http://pediatriadescomplicada.com.br/wp-content/uploads/2017/05/Nutrologia-AlimCompl-Metodo-BLW.pdf http://pediatriadescomplicada.com.br/wp-content/uploads/2017/05/Nutrologia-AlimCompl-Metodo-BLW.pdf 37 Outras aquisições são o desenvolvimento oral, o desaparecimento do refl exo de protrusão, e o aparecimento dos movimentos voluntários e independentes da língua, fazendo com que o alimento role na boca e a criança o mastigue. Estes são os aspectos motores que indicam que se pode iniciar a introdução de outros alimentos, denominada alimentação complementar (AC). Entender os sinais de maturidade do lactente para introdução de alimentos sólidos é fundamental para uma alimentação complementar com sucesso. Nos primeiros seis meses de vida, o aleitamento materno será a fonte ideal do ponto de vista nutricional, emocional e de estímulo motor. Após os seis meses de idade, o lactente deve continuar em aleitamento materno, mas há a necessidade de introdução da AC, tanto do ponto de vista nutricional (sendo fonte de ferro, zinco, vitamina A e calorias), quanto do ponto de vista motor, aproveitando esta fase de intensa curiosidade em explorar o meio ambiente. Neste contexto a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) tem orientações publicadas no Manual de Orientação do Departamento de Nutrologia, disponível desde 2006 e atualizado em 20121, contendo informações abrangentes sobre o processo de início da AC, tanto do ponto de vista nutricional como comportamental: • A evolução da consistência deve ser gradual: oferecidos inicialmente em forma de papas; • Todos os grupos alimentares devem ser oferecidos a partir da primeira papa principal; 38 • A refeição deve ser amassada, sem peneirar ou liquidificar; • O ritmo da criança deve ser respeitado, de acordo com o desenvolvimento neuropsicomotor; • Recomenda-se o uso do nome papa principal e não papa salgada. Além desta recomendação, o Ministério da Saúde (MS) publicou a segunda edição do Guia Alimentar para crianças menores de dois anos que também destaca os seguintes tópicos2: • A consistência dos alimentos complementares deve ser oferecida de forma crescente: pastosa, papa e purê; • A partir de 8 meses a criança pode receber os alimentos da família amassados, triturados, desfiados ou cortados em pequenos pedaços; • A alimentação complementar complementa o leite materno e não o substitui; • Deve-se incentivar a criança a comer nos horários de refeições da família; • Atenção especial às práticas comportamentais, posturais e ambientais. A Organização Mundial da Saúde (OMS) também se pronuncia a respeito da AC, incentivandopráticas responsivas para o sucesso na introdução de novos alimentos3. Há orientações para que os pais identifiquem e respeitem os sinais de fome e saciedade, incentivem o lactente para que ele seja ativo e interativo durante as refeições, com a atenção voltada totalmente para o momento3. Além das recomendações publicadas oficialmente por comitês profissionais, há outras abordagens de AC sendo difundidas pela internet como, por exemplo, o Baby-Led Weaning (BLW) que significa: o desmame guiado pelo bebê. Conceitualmente a idealizadora, a britânica Gill Rapley, defende a oferta de alimentos complementares em pedaços, tiras ou bastões. Sua abordagem não inclui alimentação com a colher e nenhum método de adaptação de consistência para preparar a refeição do lactente, como amassar, triturar ou desfiar. Segundo Rapley4 o BLW não é um método específico, mas uma abordagem que encoraja os pais a confiarem na capacidade nata que o lactente possui de autoalimentar-se. 39 As publicações sobre o BLW contêm ampla defesa para o uso de alimentos in natura, desencorajando a alimentação do lactente realizada na forma tradicional como papinha ou purês. Rapley defende os seguintes tópicos: • Continuar com o leite materno ou a fórmula infantil; • Posicionar o lactente sempre sentado para alimentar; • Permitir que o lactente se suje e interaja durante as refeições; • Oferecer variedade de alimentos, evitando a monotonia; • Interagir com o lactente quando ele estiver comendo junto, durante as refeições; • Dar o tempo necessário para a refeição sem pressionar. Livros sobre o BLW já foram publicados em mais de 15 idiomas e o tema alcança grande popularidade entre os pais do mundo todo. Embora as investigações científicas estejam sendo publicadas no decorrer dos últimos oito anos, os profissionais de saúde e sociedades da Nova Zelândia, Canadá e Estados Unidos5-8 não recomendam oficialmente o BLW pelos seguintes questionamentos que ainda não foram respondidos: • Há impacto sobre o crescimento e o desenvolvimento? • A ingestão de micronutrientes é suficiente? • Influencia a formação dos hábitos alimentares? • Influencia o comportamento dos pais / cuidadores? • É um método de alimentação complementar viável para os pais? • É uma forma segura de alimentar os lactentes? Há maior risco de engasgo e asfixia? Morrisson e colaboradores6 publicaram estudo comparando o perfi l nutricional da alimentação de lactentes de 6 a 8 meses utilizando BLW (n=25) e a forma tradicional com colher (TSF, n=26). Nesta investigação de corte transversal foi verifi cado que os lactentes com BLW foram mais propensos a se alimentarem sozinhos desde os primeiros alimentos (67% vs 8%, p <0,001). Embora não haja diferença estatisticamente significante, grande número de crianças consome 40 alimentos que representam risco de asfi xia. Crianças do grupo BLW foram mais propensas a comer com a família no almoço e jantar; tiveram maior ingestão de gordura e gordura saturada; e menor ingestão de ferro, zinco e vitamina B12 que crianças do grupo TSF. Os dois grupos tiveram a ingestão de energia similar. Assim como outros estudos com o BLW, há limitação importante quanto ao número de sujeitos envolvidos na pesquisa. Assumindo os grandes questionamentos dos pais e dos profissionais de saúde relativos ao BLW, como risco de engasgo, e de baixa oferta de ferro e de calorias, um grupo de estudiosos neozelandeses9, criou uma versão chamada Baby- Led Introduction to SolidS (BLISS), que significa Introdução aos Sólidos Guiada pelo Bebê. Entre as orientações do BLISS estão: • Oferecer alimentos cortados em pedaços grandes, que o lactente consiga pegar sozinho; • Garantir a oferta de um alimento rico em ferro em cada refeição; • Ofertar um alimento rico em calorias em cada refeição; • Oferecer alimentos preparados de uma forma que reduza o risco de engasgo e evitar os alimentos listados como alto risco de aspiração; • Experimentar sempre o alimento antes de oferecer ao lactente, para verificar se não forma um bolo dentro da cavidade oral; • Evitar alimentos redondos ou em formato de moedas; • Garantir sempre que o lactente esteja sentado, ereto e sob supervisão contínua de um adulto. Em comparação ao BLW, o grupo BLISS apresenta orientações semelhantes. Desde o primeiro livro, Rapley4 salienta a importância da segurança, do posicionamento e das práticas comportamentais não coercitivas para a AC. O importante é ressaltar que não há evidências de que o método tradicional com colher seja menos estimulante ou menos importante, desde que sejam seguidas as orientações da SBP, do MS e da OMS, tanto do ponto de vista nutricional como comportamental. 41 CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O BLW E A ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR Ao investigar o comportamento alimentar infantil e as orientações nacionais e internacionais (SBP, MS e OMS), verifica-se que os documentos atualmente disponíveis são completos, contém informações coerentes e fundamentais para orientar a introdução e manutenção da AC. Dentre os motivos pelos quais o BLW ganha popularidade destaca-se a importância dada pela idealizadora sobre a individualidade de cada lactente e seu ritmo, enfatizando as habilidades natas e o empoderamento dos pais em reconhecer em seus filhos seus próprios sinais; porém estas questões comportamentais também devem ser trabalhadas com a AC com a colher, na forma tradicional. O Departamento de Nutrologia da SBP continua enfatizando suas orientações, já anteriormente publicadas, de respeitar o ritmo de desenvolvimento neuropsicomotor de cada lactente; como regra geral, a introdução alimentar deverá iniciar aos seis meses de vida, tanto para lactentes em aleitamento materno como para os alimentados com fórmulas infantis. Ressalta-se ainda, que, desde o início da AC, é importante que essa seja junto com as refeições em família, incentivando a interação entre os membros da casa. Nesta fase, é de suma importância que os pais sejam orientados a ser o exemplo de hábitos alimentares saudáveis e a munirem-se de paciência, respeitando os limites impostos pela baixa idade, sempre agindo como um facilitador no processo de alimentação, proporcionando um ambiente tranquilo sem a utilização de estratégias coercitivas ou punitivas. Uma frase pode ser o resumo desta orientação: Comer junto e não dar de comer. Reconhece-se que no momento da AC, o lactente pode receber os alimentos amassados oferecidos na colher, mas também deve experimentar com as mãos, explorar as diferentes texturas dos alimentos como parte natural de seu aprendizado sensório motor. Deve-se estimular a interação com a comida, evoluindo de acordo com seu tempo de desenvolvimento. Não há evidências e trabalhos publicados em quantidade e qualidade suficientes para afirmar que os métodos BLW ou BLISS sejam as únicas formas corretas de introdução alimentar. As orientações fornecidas pelos autores são coerentes com o desenvolvimento infantil, mas, limitar um processo complexo a uma 42 única abordagem pode não ser factível para muitas famílias, e, portanto, não pode ser endossado - como forma única de alimentação infantil - pelo Departamento de Nutrologia da SBP. BIBLIOGRAFIA 1. Sociedade Brasileira de Pediatria. Manual de orientação para a alimentação do lactente, do pré-escolar, do escolar, do adolescente e na escola/Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento de Nutrologia, 3ª. ed. Rio de Janeiro, RJ: SBP, 2012. 2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Dez passos para uma alimentação saudável: guia alimentar para crianças menores de dois anos: um guia para o profi ssional da saúde na atenção básica. 2ª. ed, Ministério da Saúde, Brasília, 2013. 3. WHO. Global Consultation on Complementary Feeding. Guiding Principlesfor Complementary Feeding of the Breastfeed. December 10-3, 2001. 4. Rapley G, Tracey M. Baby-led weaning. Essence 2008; 44:1. 5. Daniels L, et al. Baby-Led Introduction to SolidS (BLISS) study: a randomised controlled trial of a baby-led approach to complementary feeding. BMC pediatrics 2015;15(1):179. 6. Morison BJ, et al. How diff erent are baby-led weaning and conventional complementary feeding? A cross-sectional study of infants aged 6–8 months. BMJ open 2016;6(5):e010665. 7. Brown A, Lee M. A descriptive study investigating the use and nature of baby-led weaning in a UK sample of mothers. Mat Child Nutrition 2011; 7(1):34-47. 8. Wright CM, et al. Is baby-led weaning feasible? When do babies fi rst reach out for and eat fi nger foods? Mat Child Nutrition 2011;7(1):27-33. 9. Fangupo LJ, et al. A baby-led approach to eating solids and risk of choking. Pediatrics. 2016;138(4):e20160772.
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