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PSICOLOGIA DA SAÚDE

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Psicologia da Saúde 
O livro Saúde Mental e Atenção Psicossocial traz a reflexão sobre o percurso da atuação psiquiátrica no brasil partindo das bases da psiquiatria e do manicômio, e nos direciona aos projetos atuais de um novo “lugar social” para as pessoas que apresentam algum sofrimento psíquico (Amarante, 2007). Coloca em questão a Reforma do Sistema de Saúde brasileiro na perspectiva da Reforma Psiquiátrica como combatente aos manicômios, contribuindo para a área de saúde mental sob a revisão dos paradigmas dos enquadres terapêuticos trazendo oportunidades de estudo e ampliação dos conhecimentos acerca das questões de saúde mental (Amarante, 2007).
	O autor inicia a obra colocando em questão a definição de saúde mental, qual a sua abrangência, levantando o questionamento sobre a sua complexidade e sobre a conceituação especifica para o profissional que trabalha na área, para ele essa área não se limita a apenas uma forma de psicopatologia e não pode ser restrito ao estudo e tratamento de doenças mentais (Amarante, 2007). O autor questiona o saber e a atuação da clínica psiquiátrica da época sobre o antagonismo de saúde mental e quais seriam os seus limites, nessa reflexão pode-se perceber a complexidade a atuação da saúde mental, a transversalidade de saberes e a reflexividade (Amarante, 2007). Uma das mudanças mais significativas no campo da saúde mental foi na época da Revolução Francesa quando a instituição médica passou de instituição beneficente e religiosa para instituição de ordem política e social (Amarante, 2007). 
	Pinel trouxe o contexto do alienismo, pioneiro nos estudos sobre transtornos mentais, destinada a instituições de loucos, doentes e sãos, Amarante traz algumas criticas sobre essa prática associada ao modelo da ciência positiva, pois, logo que os asilos foram criados não se tinha um parâmetro entre loucura e sanidade. Em uma tentativa de recuperar a ideia de instituição terapêutico surgiu o projeto de “colônia de alienados”, porém, mas logo se viu que tinha o mesmo direcionamento que os asilos tradicionais (Amaral, 2007). Como tentativa de um direcionamento para que o potencial terapêutico fosse resgatado surgiram as primeiras experiências de reforma psiquiátrica, primeiro pela comunidade terapêutica e psicoterapia institucional; segunda pela psiquiatria de setor e psiquiatria preventiva; e por último a antipsiquiatria e psiquiatria democrática. Para Amarante (2007) o modelo psiquiátrico baseado na hospitalização parte da concepção de que se um paciente possui um distúrbio ele não tem razão, ele é um insano, insensato e incapaz. Para ele a reconstrução do modelo psiquiátrico foi uma consequência natural da ciência, pois, esta deixou de ver a pessoa como doença rompendo com o modelo teórico-conceitual existente no campo da saúde mental (Amarante, 2007). A inclusão dos direitos humanos contribuiu para uma nova imagem social trazendo direitos aos sujeitos em sofrimento, e também, a importância do termo “usuário” na legislação do SUS traçando um caminho diferente de “paciente” como antes era atribuído aos indivíduos (Amarante, 2007).
	Amarante (2007) ressalta a importância sobre os serviços de atenção psicossocial direcionadas ao acolhimento de pessoas em crise e todos os demais indivíduos envolvidos que expressem dificuldades, temores e expectativas; o que se pretende é uma rede de relações entre sujeitos para que possam se escutar e se cuidar, ou seja, entre os atores da rede institucional como médicos, enfermeiros, psicólogos e assistente sociais, com os atores sociais como os usuários e suas famílias. O serviço deve apresentar como uma estrutura flexível para que não ocupe o lugar de instituição burocrática.
	Dando prosseguimento a essa direção da obra de Amarante em que nos propõe a ver o indivíduo, não como doença ou portador de uma doença, mas como constituinte de um saber que ainda se desconhece, similar em termos de questionamento sobre saberes propostos na obra Ana Cristina Figueiredo “Vastas confusões e atendimentos imperfeitos” que nos leva ampliar e questionar os nossos conhecimentos de forma provocativa sobre os exercícios que promovem saúde mental sob o campo de atuação da psicanálise.
	A autora discute sobre a visão heterogênea que o campo apresenta a partir dos três modelos mais arraigados aparentemente na psicanálise que é o movimento Kleiniano, a psicanálise do ego e o movimento lacaniano. Segundo Figueiredo (1997) o que pode promover ao analista ultrapassar a filiação da psicanálise e reinventa-la sem romper a característica que delimita a mesma? Seria o contexto ambulatorial que reinventaria e traria uma nova psicanálise? Ao lançar uma nova contextualização produzindo novos objetos estaria ainda dentro do paradoxo da psicanálise, isso como questionamento para a dicotomia entre o consultório privado e o ambulatório público dentro das possibilidades de exercício da clínica psicanalítica (Figueiredo, 1997). A autora traz questionamentos referente as formas de troca que na dimensão publica ainda não foram esclarecidas, como o trabalho do analista ambulatorial que impossibilita de cobrar dinheiro e deixa margem para outro tipo de pagamento, também o olhar da transferência que apaga o arquétipo do sujeito analista pelo lugar de um operador de fala que sempre vai estar presente nos ambulatórios, questões de manejo de função singular e de tempo de trabalho analítico que acabam ocupando um lugar ainda não resolvido no contexto psicanalítico (Figueiredo, 1997). Esses assuntos abordados despertam uma margem para reinvenções como proposta em um campo que o analista deve desbravar e se aventurar fora do consultório privado, pois o mesmo traz um questionamento: não seria o espaço público o lugar por excelência da psicanálise? (Figueiredo, 1997).
	Fragmentando as duas visões explanadas pode-se abrir um diálogo com esses assuntos: Qual o papel do psicólogo na saúde mental pública; Como ele atua no SUS com os demais profissionais; E quais as intervenções que ele pode propor nos contextos de saúde do SUS. 
	O papel do psicólogo na saúde pública envolve a transdisciplinaridade, a cooperação entre as equipes e além de tudo uma visão que não seja unifica na doença ou enfermo. Conforme Amarante (2007) apresente em seu livro o individuo possui um saber e uma vivencia sobre aqui que ele carrega, o papel do psicólogo é se reinventar diante da prática e abranger isso de forma que alcance espaços fora do seu consultório (Paulin, & Luzio, 2010). A apropriação sobre as diretrizes do SUS é um dos pontos principais que podem auxiliar a falta de preparação na formação e não preparo do profissional para esse lugar de trabalho, a atuação do profissional ainda é reduzida ao consultório tradicional focada em apenas um indivíduo excluindo o contexto sociocultural que o indivíduo está inserido (Paulin, & Luzio, 2010). O Sistema Único de Saúde originou-se do Projeto da Reforma Sanitária Brasileira e dentro dele os psicólogos ocupam um lugar de apoio, com objetivo de facilitar a vinculação entre profissionais e usuários, nas ESFs os profissionais da psicologia trabalham com intervenções junto a grupos direcionados a saúde com atendimento domiciliar para estabelecer uma vinculação entre os profissionais e usuários, e também, para prevenir encaminhamentos desnecessários (Paulin, & Luzio, 2010). A participação também inclui grupos de apoio e prevenção a saúde como, por exemplo, grupos de diabetes, hipertensos e gestantes (Paulin, & Luzio, 2010). As mudanças nessa atuação do psicólogo são construídas não por uma pessoa ou grupo isolado, mas de forma coletiva e compartilhada, mesclando entre cooperação com outros profissionais e uma atuação mais individualizada; saber que somente o psicólogo não supri todas as necessidades de saúde e de demanda do indivíduo é uma ferramenta indispensável para o profissional. O psicólogo tem que trabalhar com a ampliação da sua prática e conhecimento com grupos, mais especificamente no âmbito familiar, orientados para uma abordagem grupal de caráter coletivovisando também a atuação de outros profissionais da rede de saúde pública (Paulin, & Luzio, 2010). Uma reinvenção de atuação conforme propõe Figueiredo (1997) inclui uma aventura que possibilita uma nova forma de perspectiva para uma área de abrangência. 
Respondendo à pergunta:
Você atuaria no SUS? Se sim, explicar o porquê e se não explicar os motivos que não atuaria.
	Como Figueiredo (1997) propõe uma reinvenção dos psicanalistas no contexto ambulatorial e Amarante (2007) questiona a definição de saúde mental nos seus diversos contextos, e também, a abrangência dos profissionais nessa atuação pode-se pensar que é um desafio. O atendimento do psicólogo no SUS não é reservado ao consultório, e sim direcionado a espaços abertos e escutas amplas. Acredito que como gestor em uma unidade eu possa propor um projeto em parceria com as universidades da região para estágios direcionado as ESFs para que os alunos possam ir se apropriando da conduta ambulatorial e também que possam propor ideias que facilitem essa ocupação do psicólogo em grupos multiprofissionais, acrescentando eles com aos grupos de profissionais mais experientes para que possam se apropriar desse campo de atuação e também das funções dos outros profissionais, isso tudo com o objetivo de ampliar a visão do aluno para o social, acredito que a vivência e a experiência adquiridas nesse projeto proposto podem inspirar mais essa área de atuação. E juntamente a isso propor um projeto para o estado com a reformulação na formação em psicologia, acrescentando mais um ou dois semestres direcionados a essa prática orientando o futuro psicólogo para as UBSs e ESFs assim como existe na formação de medicina e na enfermagem. Também propor um acréscimo nas prioridades da PNH que seria a gestão de equipe que seja responsável pelas informações sobre a PNH, pois, muitas regiões nem sequer sabem que esse projeto existe, acredito que a disseminação de informação possa ser um dos primeiros passos para que se posso ter um retorno.
REFERÊNCIAS 
Amarante, P. (2007). Saúde mental e atenção psicossocial. SciELO-Editora FIOCRUZ.
Figueiredo, A. C. (1997). Vastas confusões e atendimentos imperfeitos: a clínica psicanalítica no ambulatório público. Rio de Janeiro. Dumará.
Paulin, T., & Luzio, C. A. (2010). A Psicologia na Saúde Pública: desafios para a atuação e formação profissional. Revista de Psicologia da UNESP, 8(2).

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