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Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 1 MÓDULO DE: COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL AUTORIA: Msc. Natércia Guimarães Gomide Copyright © 2008, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 2 Módulo de: Comportamento Organizacional Autoria: Msc. Natércia Guimarães Gomide Primeira edição: 2008 CITAÇÃO DE MARCAS NOTÓRIAS Várias marcas registradas são citadas no conteúdo deste módulo. Mais do que simplesmente listar esses nomes e informar quem possui seus direitos de exploração ou ainda imprimir logotipos, o autor declara estar utilizando tais nomes apenas para fins editoriais acadêmicos. Declara ainda, que sua utilização tem como objetivo, exclusivamente na aplicação didática, beneficiando e divulgando a marca do detentor, sem a intenção de infringir as regras básicas de autenticidade de sua utilização e direitos autorais. E por fim, declara estar utilizando parte de alguns circuitos eletrônicos, os quais foram analisados em pesquisas de laboratório e de literaturas já editadas, que se encontram expostas ao comércio livre editorial. Todos os direitos desta edição reservados à ESAB – ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL LTDA http://www.esab.edu.br Av. Santa Leopoldina, nº 840/07 Bairro Itaparica – Vila Velha, ES CEP: 29102-040 Copyright © 2008, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 3 Apresentação Compreender o comportamento de uma organização é um desafio necessário nos dias atuais. Da mesma forma que cada ser humano tem uma personalidade que se forma ao longo de seu desenvolvimento e que se expressa através de seus comportamentos, as organizações também apresentam uma cultura que conduz os indivíduos que ali trabalham, a se manifestarem dentro de alguns padrões de condutas comportamentais, as quais demonstram em linhas gerais os princípios, as normas e os valores delineados pela alta administração. Através deste módulo iremos aprofundar este conteúdo, que é amplo e diversificado e que compõe o conhecimento sobre o comportamento organizacional, trazendo uma face organizacional ainda não muito explorada, contudo, necessária para a compreensão da realidade empresarial. O comportamento organizacional se constitui em uma vantagem competitiva aos gestores e administradores, lhes permitindo prever, explicar, e intervir no comportamento das pessoas e das equipes de trabalho no contexto das organizações. O desenvolvimento deste conteúdo ainda é recente nos meios acadêmicos e com certeza há muito a ser descoberto, pesquisado e explorado. Este módulo tem, assim, por propósito discutir uma gama de temas pertinentes à formação e compreensão do comportamento organizacional, fazendo com que o curso seja atrativo e dinâmico. Quaisquer dúvidas, acerca do conteúdo, devem ser encaminhadas ao tutor para que possam ser sanadas, através das ferramentas disponíveis no ambiente virtual. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 4 Objetivo Aprofundar o conhecimento sobre o comportamento organizacional e discutir uma gama de temas pertinentes à formação e compreensão do comportamento organizacional, para melhor compreensão da realidade empresarial. Ementa Comportamento organizacional: história, importância e dimensão; dinâmica organizacional; concepções sobre o trabalho; o individuo; percepção e tomada de decisão; motivação; grupos; "feedback"; comunicação; conflito; liderança; a organização; clima organizacional. Sobre o Autor Mestre em Administração; especialista em Filosofia e Administração e Desenvolvimento de Recursos Humanos; graduada em Psicologia. Professora de cursos superiores. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 5 SUMÁRIO UNIDADE 1 ........................................................................................................... 8 Histórico e evolução do estudo de comportamento organizacional .................. 8 UNIDADE 2 ......................................................................................................... 10 O que é comportamento organizacional .......................................................... 10 UNIDADE 3 ......................................................................................................... 13 Importância do estudo do comportamento organizacional .............................. 13 UNIDADE 4 ......................................................................................................... 15 Compreendendo a dinâmica organizacional ................................................... 15 UNIDADE 5 ......................................................................................................... 18 Concepções sobre o trabalho. ......................................................................... 18 UNIDADE 6 ......................................................................................................... 22 O indivíduo ....................................................................................................... 22 UNIDADE 7 ......................................................................................................... 25 Concepção do Ser ........................................................................................... 25 UNIDADE 8 ......................................................................................................... 33 Percepção ........................................................................................................ 33 UNIDADE 9 ......................................................................................................... 38 Atribuição de causalidade ................................................................................ 38 UNIDADE 10 ....................................................................................................... 42 Atribuição de causalidade (Hipótese do mundo justo e atribuição defensiva) 42 UNIDADE 11 ....................................................................................................... 47 “Lócus” de controle .......................................................................................... 47 UNIDADE 12 ....................................................................................................... 53 Tomada de decisão .......................................................................................... 53 UNIDADE 13 ....................................................................................................... 60 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 6 Motivação ......................................................................................................... 60 UNIDADE 14 ....................................................................................................... 65 Teorias de Motivação ....................................................................................... 65 UNIDADE 15 ....................................................................................................... 72 Os grupos ......................................................................................................... 72 UNIDADE 16 ....................................................................................................... 78 Formação, desenvolvimento e participação de grupos. .................................. 78 UNIDADE 17 .......................................................................................................85 Relações interpessoais .................................................................................... 85 UNIDADE 18 ....................................................................................................... 89 Feedback .......................................................................................................... 89 UNIDADE 19 ....................................................................................................... 94 Comunicação ................................................................................................... 94 UNIDADE 20 ..................................................................................................... 100 Conflito ........................................................................................................... 100 UNIDADE 21 ..................................................................................................... 107 Liderança ........................................................................................................ 107 UNIDADE 22 ..................................................................................................... 116 Poder .............................................................................................................. 116 UNIDADE 23 ..................................................................................................... 121 A organização ................................................................................................ 121 UNIDADE 24 ..................................................................................................... 126 Continuando sobre A organização................................................................. 126 UNIDADE 25 ..................................................................................................... 131 Arquitetura organizacional ............................................................................. 131 UNIDADE 26 ..................................................................................................... 136 Cultura organizacional ................................................................................... 136 UNIDADE 27 ..................................................................................................... 139 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 7 Elementos da cultura ..................................................................................... 139 UNIDADE 28 ..................................................................................................... 148 Qualidade de vida no trabalho ....................................................................... 148 UNIDADE 29 ..................................................................................................... 154 Clima organizacional ...................................................................................... 154 UNIDADE 30 ..................................................................................................... 158 Reflexão Final ................................................................................................ 158 GLOSSÁRIO ..................................................................................................... 165 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 166 Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 8 UNIDADE 1 Histórico e evolução do estudo de comportamento organizacional “Somos o que repetidamente fazemos. Portanto, a excelência não é um feito, mas um hábito.” Aristóteles. Objetivo: Compreender as mudanças e transformações que impactaram nas relações de trabalho Desde a revolução industrial as sociedades reorganizaram seu modelo produtivo, abandonando gradualmente os princípios artesanais para os industriais. As empresas foram constituídas para a produção de bens ou serviços, e estas apresentavam os mais diversos tamanhos e arquitetura organizacional. A diversidade empresarial não é uma simples decorrência da estrutura ou dimensão organizacional, e muitos são os fatores que influenciam seu desempenho e produtividade. A evolução do mundo e do mercado promoveu várias transformações nas formas administrativas, na tentativa de adaptá-las aos novos tempos e demandas. A história e o tempo demonstraram que algumas empresas sobressaem às outras, e esta determinação ocorre por fenômenos internos e/ou externos, sendo muitos os fatores que conduzem uma organização ao crescimento, estagnação ou fracasso. Compreender o movimento e as mudanças que refletem no comportamento organizacional é vital para que se possa intervir de forma inteligente em suas ações. Uma empresa não se constrói apenas de números, produção, balanços e patrimônio, que são dados tangíveis, mais do que isso, uma organização se forma a partir dos líderes que a conduzem, das pessoas que lá trabalham, dos comportamentos explícitos e implícitos, das normas, políticas, missão, visão, valores e princípios organizacionais, que representam os fatores intangíveis. Entender essas dinâmicas requer percepção, visão e sagacidade. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 9 As organizações são formadas por pessoas, que por sua vez formam os grupos que compõem a empresa. Através desta leitura é possível traçar uma analogia entre o comportamento dos indivíduos e da organização, pois tal qual o Ser Humano, as Organizações apresentam um comportamento que lhe é peculiar, não existindo duas que apresentem as mesmas ações e reações, posto que o comportamento organizacional representa a expressão do homem dentro das fronteiras institucionais. Desta forma, o comportamento organizacional é um campo de estudos que investiga o impacto que indivíduos, grupos e a estrutura têm sobre o comportamento dentro das organizações, com o propósito de utilizar esse conhecimento para promover a melhoria da eficácia organizacional. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 10 UNIDADE 2 O que é comportamento organizacional Objetivo: Analisar o conceito e a dimensão do comportamento organizacional. A análise do comportamento organizacional foi concebida na década de 60 por pesquisadores britânicos como disciplina emergente e quase independente. As primeiras delimitações do campo de estudo do comportamento organizacional, tentavam compreender a estrutura e o funcionamento das empresas, bem como, o comportamento dos grupos e dos indivíduos dentro delas. Posteriormente percebeu-se que este estudo era apoiado em outras disciplinas, nascendo assim um campo de estudo, ou seja, uma área com um corpo comum de conhecimentos. Por ser de cunho interdisciplinar, se apoia em outras ciências já estabelecidas como: Psicologia, Antropologia, Sociologia, Ciências Políticas, dentre outras. A Psicologia do Trabalho contribuiu com suas proposições teóricas sobre variáveis como satisfação no trabalho e comprometimento organizacional; a Psicologia Social com os estudos sobre as atitudes, valores e relações de grupos; a Antropologia analisa a cultura organizacional e o ambiente organizacional; a Sociologia analisa o comportamento intergrupal, as relações de poder e a dinâmica de grupo; da Ciência Política foram incorporados os conhecimentos sobre as políticas organizacionais e as questões relativas ao conflito. Esta divisão é mais didática considerando que estas ciências se mesclam na análise destes temas, contudo é certo, que todas estas ciências humanas contribuíram para ampliar este horizonte teórico, tornando-se um segmento que suscita pesquisas, dado o volume dequestionamentos a serem analisados e resolvidos. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 11 Assim sendo, constitui-se em uma área de teorização e pesquisa em que as atividades organizacionais são o objeto de estudo e não um contexto para onde conhecimentos são simplesmente transferidos e aplicados. O comportamento organizacional é um campo de estudo sobre os indivíduos e os grupos, e sua interação dentro da estrutura e contexto organizacional, e tem por objetivo promover a melhoria e eficácia do negócio. A preocupação básica é como esses comportamentos afetam o desempenho da empresa, impactando em fatores como: absenteísmo, “turn over”, produtividade, qualidade dentre outros fatores essenciais para a determinação do sucesso ou fracasso da empresa. Ao se investigar o impacto do comportamento dos indivíduos, grupos e estrutura cria-se a possibilidade de prever, explicar, compreender e intervir na dinâmica organizacional, promovendo a melhoria e eficácia organizacional, aumentando sua produtividade e o desempenho de seus colaboradores, dentro de uma perspectiva de qualidade de vida (no trabalho) e satisfação do indivíduo no trabalho. Podemos dizer que os determinantes do comportamento nas organizações são os indivíduos, os grupos e a estrutura, que se influenciam mútua e reciprocamente. Para retratar esta realidade é importante observar os comportamentos individuais e grupais, bem como, as normas e regras que regem as condutas; as políticas e práticas adotadas; as linhas de autoridade e as responsabilidades instituídas. Também é importante analisar o ciclo de vida em que a organização se encontra e sua arquitetura organizacional, a tecnologia adotada, enfim, todos os elementos que influenciam a dinâmica da empresa. Todas essas percepções permitem visualizar o comportamento organizacional com seus pontos fortes e fracos, possibilitando intervenções que venham a favorecer o desenvolvimento da empresa e o aumento do desempenho dos colaboradores. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 12 O estudo do comportamento organizacional tem sofrido modificações significativas, nas últimas décadas, não apenas pequenas evoluções, mais do que isso, rupturas paradigmáticas em relação às variáveis envolvidas como: estilo de lideranças, processos decisórios, cultura organizacional, e outras variáveis dependentes e independentes que passam a ser visualizadas e tratadas de forma diferente. Um dos fatores que merece maior destaque refere-se às mudanças sobre a percepção do homem no contexto organizacional, quando o mesmo deixa de ser um simples recurso para ser considerado como um capital intelectual dotado de competências e potencial criativo. Isto rompe com a inércia das empresas que abandonam os princípios de controle e coordenação para adotarem modelos de delegação, acreditando e apostando no potencial de seus colaboradores, a partir da compreensão de que o Ser Humano na organização se constitui em um grande diferencial competitivo para o sucesso. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 13 UNIDADE 3 Importância do estudo do comportamento organizacional Objetivo: Compreender a importância do estudo do comportamento organizacional e o quanto este pode contribuir para o desenvolvimento organizacional. As drásticas mudanças no mundo corporativo desenvolveram acentuada preocupação com aspectos relativos ao serviço de atendimento ao cliente, redução de custos, melhoria dos desempenhos individuais e grupais na busca incessante pela excelência. Compreender este ambiente é fundamental para a sobrevivência, crescimento e perpetuação empresarial, sendo necessária uma gestão atenta aos dados e informações objetivas, tangíveis e observáveis, mas que também se interesse pela compreensão dos aspectos subjetivos e intangíveis, considerando que apesar de sua difícil observação não podem ser negados ou classificados como inexistentes, pelo contrário, são influenciadores vitais do comportamento das organizações. Dentre os aspectos visíveis podemos considerar os objetivos e as estratégias empresariais; as práticas, as políticas e os procedimentos aplicados; a arquitetura organizacional que delineiam a estrutura da organização; as relações de autoridade e responsabilidade, assim como, as tecnologias empregadas. Por outro lado, os aspectos invisíveis, são configurados a partir das relações de poder; dos valores e atitudes das pessoas; a formação e a dinâmica dos grupos; a estrutura de comunicação estabelecida; as relações interpessoais; e conflitos gerados a partir das interações. Estes e outros fatores determinam o comportamento organizacional. Desta forma, o comportamento organizacional é composto pelo estudo dos indivíduos e grupos da organização, por isso, compreender os seus fundamentos possibilita intervir na produtividade da empresa, através da potencialização das competências de cada Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 14 colaborador, considerando sua personalidade, emoções e motivações, sendo extremamente significativo nesta relação o papel dos líderes e a cultura organizacional. Reconhecer e considerar o comportamento organizacional como um fenômeno real, é o primeiro passo para compreender a dinâmica da empresa, estabelecendo um diagnóstico para a ação. O comportamento organizacional pode ser analisado de forma qualitativa e quantitativamente, através de indicadores de absenteísmo, “turn over”, índices de acidentes de trabalho, além dos indicadores contábeis, representados pelo desempenho econômico- financeiro. Outros aspectos, também relevantes, são os atributos psicossociais dos indivíduos, os movimentos dos grupos sociais dentro das empresas, que se manifestam através do comprometimento organizacional, clima e satisfação no trabalho. O diagnóstico obtido a partir das informações quantitativas e qualitativas possibilita o redirecionamento organizacional, através do estabelecimento de estratégias, correções de políticas e práticas, reorganização dos grupos de trabalho, formação de equipes de alto desempenho, dentre outras ações que viabilizarão as vantagens competitivas da empresa. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 15 UNIDADE 4 Compreendendo a dinâmica organizacional Objetivo: Compreender que cada organização apresenta uma dinâmica diferenciada, a partir dos três níveis de comportamento que determinam o seu movimento organizacional. A dinâmica organizacional deve ser analisada sob três aspectos: o indivíduo, o grupo e a organização. Estes aspectos podem ser considerados como sendo os níveis de interação entre os elementos influenciadores do comportamento organizacional. O indivíduo é o nível de estudo micro-organizacional que focaliza os aspectos psicossociais do indivíduo e suas dimensões de atuação no contexto organizacional. Sua investigação preocupa-se principalmente com o comportamento do indivíduo no trabalho. Três áreas da psicologia são as principais vertentes do comportamento micro-organizacional para este estudo: a Psicologia Experimental, com suas teorias sobre aprendizagem, motivação, percepção e “stress” no trabalho; a Psicologia Clínica, com seus modelos de personalidade e desenvolvimento humano; e a Psicologia Industrial, com suas teorias sobre seleção de empregados, atitudes no local de trabalho e avaliação de desempenho. A investigação se inicia no estudo da concepção do Ser desde a formação da personalidade até a consolidação das diferenças individuais; a percepção de si e do mundo que configuram a construção darealidade e determinam as tomadas de decisão; os aspectos motivacionais, que direcionam e impulsiona o indivíduo rumo à determinada direção; e, as atitudes e os valores que norteiam o comportamento como expressão do indivíduo. O grupo constitui o nível de estudo meso-organizacional, que está voltado para questões relativas aos processos de grupos e equipes de trabalho, fazendo uma ponte entre outras duas áreas do comportamento organizacional. Desenvolveu-se a partir de pesquisas nos campos da Comunicação, da Psicologia Social e da Sociologia Interacionista. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 16 A preocupação é com a formação e dinâmica dos grupos; as relações interpessoais estabelecidas; os modelos de comunicação e os problemas advindos dos ruídos de comunicação; a liderança como o fundamento para o desenvolvimento dos grupos e das organizações; as bases do poder e o efeito exercido sobre os grupos; relações interpessoais podendo ser um gerador de conflitos; a administração de conflitos; aspectos relativos às negociações necessárias à sobrevivência e manutenção dos grupos. A organização se constitui no nível de estudo macro-organizacional. Para este estudo quatro disciplinas são fundamentais: a Sociologia, com suas teorias sobre estrutura, status social e relações institucionais; a Ciência Política, com suas teorias sobre políticas organizacionais; a Antropologia, com suas teorias sobre simbolismo, influência cultural e análise comparativa; e a Economia, com suas teorias sobre competição e eficiência. Pressupõe ainda a compreensão da arquitetura organizacional e o seu impacto nos indivíduos e grupos; a cultura organizacional instituída e sua influência tanto no clima quanto na satisfação no trabalho; a qualidade de vida no trabalho como resultante de todas estas variáveis; e por consequência, o desenvolvimento organizacional. Desta forma estes três níveis micro, meso e macro-organizacional, determinarão o comportamento das pessoas e da empresa, ao mesmo tempo em que se influenciam mutuamente. Os resultados desta relação podem ser visualizados e explicados e utilizados como base para intervenções que provoquem mudanças no contexto vivencial da empresa, bem como nos rumos organizacionais. A interação dos indivíduos em grupos formais e/ou informais constitui o todo organizacional e tem resultantes comportamentais expressas na cultura e clima da empresa. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 17 Atividade Dissertativa A missão, a visão e os valores organizacional demonstram parte da cultura e do propósito organizacional. Pesquisar estes elementos elencando-os, para que possa fazer uma análise da empresa. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 18 UNIDADE 5 Concepções sobre o trabalho. Objetivo: Realizar uma retrospectiva histórica sobre as concepções de trabalho e seu impacto nas relações entre empresas e empregados. O trabalho existe desde que existe o homem. Trabalho não é mercadoria, forma universal assumida com o capitalismo, é potencial de troca. Nunca foi exclusivamente emprego e cada vez menos o será. O trabalho é uma relação que se estabelece entre o homem e uma organização, quando em negociação se institui a troca de um conhecimento ou habilidade, por um valor estabelecido a partir do poder de entrega e valor agregado. Na sociedade do conhecimento, quanto maior o capital intelectual, tanto maior será o poder de barganha, no que se refere ao valor apropriado e devido como remuneração pela contribuição e agregação de valor aos resultados do negócio. A concepção sobre o trabalho varia de acordo com o caminhar da humanidade e as formas de organização social do homem. O trabalho recebeu de economistas e filósofos algumas das definições abaixo: C. Colson: “O trabalho é o emprego, que faz o homem dar suas forças físicas e morais, para a produção de riquezas ou serviços.”. Eric Fromm: “No processo de moldar a natureza exterior a ele, o homem molda e modifica a si mesmo.” Francis Bacon: “O homem se acrescentando à natureza.”. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 19 Henri Bergson: “O trabalho humano consiste em criar utilidade.”. Jean Paul Sartre: “Por meio do trabalho dominamos o meio. Há dispêndio de energia, ação sobre a natureza, produção, destruição e, portanto, trabalho.” Karl Marx: “Trabalho antes de tudo, é um ato que se passa entre o homem e a natureza... Ao mesmo tempo em que age, por esse movimento, pela natureza exterior, modifica a sua própria natureza e desenvolve faculdades que nela dormitavam.” O trabalho pode ser considerado então, o processo entre a natureza e o homem, através do qual este realiza, regula e controla, mediante sua própria ação, o intercâmbio de matérias com a natureza. Desta forma “trabalho é uma relação de dupla transformação entre o homem e a natureza, geradora de significado”. De forma mais sintética “trabalho é o ato de transmitir significado à natureza”. O homem é produto e produtor da sociedade na qual se insere, produzindo-a e transformando-a. Vejamos como as ciências veem e analisam esta situação: Antropologia – o trabalho se dá a partir da interação do fator humano e suas relações, em um processo que contribui para a construção das identidades individuais e dos grupos, lidando com as diferenças socioculturais e com as reações dos indivíduos. Economia – o trabalho está vinculado a uma série de fenômenos econômicos que afetam os trabalhadores, tais como, a renda salarial, as condições de emprego, a distribuição socioprofissional da população ativa, o comportamento de grupos e as intervenções dos poderes públicos e as reações monetárias. Psicologia – o trabalho provoca diferentes graus de motivação e de satisfação no trabalhador, principalmente quanto à forma e ao meio no qual desempenha sua tarefa. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 20 As diversas abordagens sobre a motivação humana destacam o conceito de expectativa. Não basta considerar as necessidades como determinantes do comportamento do trabalhador, é preciso considerar também em que grau o mesmo percebe as condições existentes no ambiente organizacional, como facilitadoras ou não, para o alcance de seus objetivos e de suas necessidades. Sociologia – o trabalho é o elemento chave na formação de coletividades humanas muito diversas por seu tamanho e suas funções. As atividades de trabalho modificadas pelo progresso técnico têm implicado mudanças significativas nas condutas e reações dos grupos e dos indivíduos que os compõem. O trabalho é fator fundamental na estratificação social e mobilidade social. A responsabilidade do homem no trabalho corresponde ao conjunto de valores introjetados pelo indivíduo e disseminados a partir de condutas compromissadas com o processo de trabalho. Há uma relação entre autonomia concedida e dominação exercida, sendo estes mecanismos reguladores de comportamento individual e grupal. O indivíduo é responsável por seus atos, tendo a capacidade de discriminar entre as condições prescritas pela organização e o compromisso assumido, tendo a possibilidade de intervir e posicionar-se como ator e autor do processo de trabalho, representando os respectivos papéis profissionais. O trabalho permite que o homem modifique o seu meio e a si mesmo, à medida que pode exercer sua capacidade criativa de atuar como partícipe do processo de construção das relações de trabalho e da comunidade na qual se insere. A interdependência entreo homem e seu trabalho é intermediada por vetores administrativos, tecnológicos, sociais, políticos, ideológicos, comportamentais, etc. O processo de transformação da sociedade a partir das ações dos indivíduos e grupos requer um movimento constante entre ação e a reação dos envolvidos, o que equivale a dizer que todo o movimento humano se propaga em ondas simétricas e não simétricas. O Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 21 constante dinamismo das interações sociais denota as respectivas mudanças que dirigem o comportamento humano para contextos específicos. O conceito e a forma para a realização do trabalho têm sofrido modificações frequentes e contínuas, dadas às transformações na estrutura e organização do trabalho, como as novas exigências de mercado relativas às habilidades e competências do trabalhador; as mudanças nas relações de trabalho, como a terceirização; a formação de grupos de trabalho, associações e cooperativas para o desenvolvimento de projetos; o trabalho desenvolvido fora do local de trabalho devido às grandes facilidades geradas pelas novas tecnologias; a diversidade e enriquecimento dos cargos, dentre muitas outras alterações que podem ser sentidas ao longo do tempo. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 22 UNIDADE 6 O indivíduo “Não existem pessoas perfeitas. Todas as pessoas possuem qualidades, mas também defeitos. A perfeição humana é uma busca, não um encontro.” Barros. Objetivo: Entender que a dimensão humana na organização pode ser determinante do sucesso ou fracasso da mesma. O indivíduo é um ser ao mesmo tempo genérico e singular, pois acima da diversidade das ciências que o estuda, ele é uno, é único enquanto espécie, e o é igualmente enquanto indivíduo. Só uma concepção unitária pode fazê-lo, mesmo sabendo que esta representação permanecerá sempre uma construção imperfeita e inacabada; só uma concepção que procura apreender o ser humano na sua totalidade pode dele se aproximar sem, contudo, jamais o esgotar completamente. O ser humano como acabamos de ver, é um ser genérico, isto é, uma pessoa que se define por pertencer à espécie humana, pelas características que são sua consequência – bípede, tem pensamento, linguagem, liberação das mãos, etc. – e pelo fato de que cada indivíduo carrega consigo o formato inteiro da humanidade. Toda pessoa tem, assim, ao mesmo tempo, o genérico e o específico. Um dos traços característicos de espécie, e de todo o ser humano, é pensar e agir, sendo um ser ativo e reflexivo, e a reflexão e a ação são duas das dimensões fundamentais da humanidade concreta. Negar a reflexibilidade do ser humano é jogar o homem no mundo onde os reflexos condicionados exercerão a tarefa de socialização. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 23 O aprendizado mobiliza nos humanos um segundo sistema de sinalização: a linguagem e o pensamento consciente. Este sistema muito mais complexo que o primeiro, estabelece nossa singularidade enquanto espécie e enquanto indivíduo que através de seus atos constrói a própria realidade social partindo de uma trama já existente. Porém, não se trata jamais de uma reconstrução completa e total, mas sempre de uma transformação parcial da realidade. Em todo sistema social, o ser humano dispõe de uma autonomia relativa. Marcado pelos seus desejos, suas aspirações e suas possibilidades, ele dispõe de um grau de liberdade, sabe o que pode atingir e que preço estará disposto a pagar para consegui-lo no plano social. O universo organizacional é um dos campos em que se pode observar ao mesmo tempo esta subjetividade em ação e esta atividade da reflexão que sustenta o mundo vivenciado da humanidade concreta. Na atual conjuntura faz-se necessário compreender o ser humano, desde a sua formação até as suas ações, visto que o homem se constitui na pedra fundamental de toda organização. As empresas são compostas por pessoas que através do desempenho de seus papéis permitem que estas cresçam e se desenvolvam, ou entrem em estado de estagnação, deterioração e morte organizacional. O Ser Humano é, em essência, o determinante do sucesso ou fracasso organizacional, pois é através de sua competência e suas atitudes que as empresas criam diferenciais que lhes concede vantagem competitiva. É o homem que com seu talento e potencial, sua diversidade e sua motivação que faz com que as empresas desenvolvam seus planejamentos, implementem suas estratégias e consigam atingir seus objetivos rumo ao êxito. Nas empresas, os indivíduos não se comportam apenas como eles mesmos, mas também como membros do grupo no qual estão inseridos, desta forma, compreender o trabalhador e Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 24 suas ações é uma necessidade para qualquer gestor, pois é através deste que se consegue compreender o movimento dos grupos e a dinâmica organizacional. O comportamento micro-organizacional tem uma orientação claramente psicológica, posto que estuda a concepção do ser, a formação de sua personalidade, o que determina as diferenças individuais, sendo importante ressaltar que essa diversidade é uma decorrência da percepção de cada uma das pessoas. Outro aspecto relevante se deve ao fato das tomadas de decisão ser orientadas por toda esta diversidade e pelas motivações do indivíduo. Leitura recomendada: CHANLAT, J. F. Por uma antropologia das condições humanas nas organizações, In: O indivíduo na organização – dimensões esquecidas I, São Paulo: Atlas, 1996. Este trecho acima são alguns dos pensamentos de Chanlat, que com brilhantismo mostra algumas características do Ser Humano na organização, a partir de uma visão antropológica. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 25 UNIDADE 7 Concepção do Ser Objetivo: Analisar as variáveis que interferem na concepção do Ser. Para compreender o Ser, primeiro é necessário compreender a formação da personalidade e as diferenças inerentes a cada indivíduo. A personalidade do indivíduo é o resultante de sua formação e história, e isto nos permite concluir que não existem duas pessoas iguais, pois não existem duas trajetória idênticas; por isso, cada qual é único, indivisível e singular, desde sua concepção. Não nos é possível visualizar a personalidade de uma pessoa a não ser pela sua expressão e manifestação, que é uma decorrência do comportamento manifesto. A personalidade é a resultante psicofísica da interação da hereditariedade com o meio, ou seja, geneticamente o indivíduo herda algumas características que são determinadas pelos genes dos pais, que fazem a composição do temperamento, e o caráter que se configura a partir das experiências humanas advindas da relação do indivíduo com o meio no qual ele está inserido. A interação e dinâmica entre estes dois fatores determinam a constituição da personalidade. Como dito anteriormente, a personalidade é uma abstração que pode ser visualizada através da manifestação do comportamento que é a expressão do indivíduo. É a resposta observável de um estímulo. A personalidade responde ao meio no qual procura adaptar-se e, por pertencer a um ser vivo, sofre um processo de desenvolvimento e ajuste, por isso podemos dizer que as pessoas se modificam ao longo do tempo, se reestruturam e se reconstroem continuamente. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 26 Cada indivíduo tem sua história pessoal que se baseia tanto nos dados biológicos e psicológicos herdados; quanto no meio em que o indivíduo vivee se desenvolve, ou seja, recebe influência das condições ambientais, sociais e culturais. O temperamento se refere à maneira de ser e de reagir, e o caráter é essencialmente formado pelas experiências das pessoas, pelos “insights” e experiências vividas. A personalidade define os padrões de comportamento característico do SER, considerando que o comportamento é definido como o conjunto de reações de um sistema dinâmico em face às interações e realimentações propiciadas pelo meio onde está inserido. Isto delineia a individualidade, que pode ser definida como o conjunto de reações e atitudes do indivíduo ou grupo face ao meio social. O temperamento é a combinação de características congênitas que subconscientemente afetam o procedimento da pessoa e que envolve os genes recebidos dos avós e pais, ou seja, é a natureza original do homem, que é formada por fatores hereditários, que se encontram profundamente enraizados na pessoa. Temperamento é aquilo que chamamos de meu jeito de ser. E este jeito muitas vezes traz deficiências, como: reagir de modo diferente do desejado, dificuldade de entender as pessoas e a si próprio. Daí, é importante entender o que é temperamento, para ser melhor pra si mesmo e para os outros. Sugestão de pesquisa na internet: Os tipos psicológicos definidos originalmente por Jung foram estudados por Myers-Briggs e David Keirsey que aprofundaram o tema e o adaptaram para o estudo do temperamento, com foco na organização. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 27 O caráter por sua vez, é o aspecto da personalidade responsável pela forma habitual e constante de agir que é peculiar a cada indivíduo. É uma qualidade inerente somente à pessoa, pois é um conjunto dos traços particulares que sofre a influência do meio no qual é submetido. O caráter não tem apenas a função de permitir ao indivíduo agir coerentemente e razoavelmente sendo também a sua base de ajustamento à sociedade. A formação do caráter individual é determinada pelo impacto das experiências vitais individuais, oriundas da cultura sobre o temperamento e a constituição física. O ambiente nunca é exatamente o mesmo para duas pessoas, pois suas diferenças de constituição fazem-na sentir de maneira mais ou menos distinta a influência desse ambiente. Podemos ainda considerar o caráter social, que representa a essência de uma estrutura comum à maior parte das pessoas de uma dada cultura. O SER adquire o caráter que o fará querer fazer aquilo que tem que fazer, e cuja essência é por ele compartilhado com a maior parte dos membros da mesma classe social ou da mesma cultura. O comportamento é direcionado pela capacidade do homem de usar suas forças para realizar as potencialidades a ele inerentes. Ao se dizer que ele tem de usar suas forças, subentende-se que o mesmo é livre e não depende de outro que controle essas forças. Compreende-se ainda, que é guiado por sua razão, e só utilizará suas forças se as conhecer e souber como e para que usá-las. A corrente fenomenológica diz que o indivíduo é essencialmente livre para fazer suas escolhas, e estas serão resultantes de sua relação consigo mesmo e com o mundo. É importante que o homem aceite a responsabilidade por si próprio e também o fato de que só empregando sua energia vital é que dará um significado à sua vida, e isso só se ocorrerá através da expansão de sua força produtiva. Pode-se dizer que o Ser é o resultado de si mesmo e de sua trajetória, ou seja, somos frutos de nossas próprias escolhas. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 28 Sendo resultante de si mesmo, o Ser deve ter ciência de que apenas de si depende sua trajetória. Sendo sua tarefa a de impedir que sua “existência” seja um “acidente irrefletido”. Desta forma o Ser é uma generalização de sua concepção de vida, de seu arbítrio, suas vontades e desejos que o conduzem à ação e transformação de seu meio. As características e condições de funcionamento do indivíduo nessa interação possibilitam previsões a respeito do seu comportamento em situações futuras, não sendo possível determinar o comportamento humano apenas prevê-lo. As diferenças individuais que precisam ser respeitadas, não desejando que as pessoas tenham comportamentos iguais. Mesmo que o caráter social determine possibilidades comportamentais ainda assim, não se pode ter certeza ou precisão quanto ao comportamento futuro. Não existe desígnio eterno, o homem é aquilo que determina e decide ser, é uma autodeterminação, uma busca contínua para a definição de si mesmo, que é uma decorrência de suas escolhas e ações, ele é aquilo que se torna, ou seja, um projeto de si mesmo, transcendendo o poder ser. O homem deve ser, pois é um constante florescimento. A história pessoal é uma consequência das opções que são feitas, e que tem origem na constituição biogenética e na interação com o ambiente, formando a personalidade e suas manifestações através dos comportamentos expressos, e criando a história pessoal. Ao construir a si mesmo, o Ser toma consciência de si, de sua identidade social, na medida em que define e é definido pelos grupos que participa, os quais muitos deles são também escolhas. Nestes grupos os papéis são questionados quanto à sua determinação e definição de papéis, que o homem vai assumindo no decorrer de sua trajetória. Quanto mais compreende a si, mais terá possibilidade de compreender o mundo que o rodeia. O autoconceito é advindo da ideia que se forma a respeito de si mesmo, através da autopercepção e do seu contexto dentro dos grupos que frequenta. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 29 O ser humano tende a categorizar o seu ambiente, classificando-o e rotulando-o segundo os seus valores e princípios aprendidos em sua estrada, comparando umas pessoas às outras e a si mesmo com os demais. Assim, se forma uma imagem pessoal, da mesma maneira que são formadas as imagens dos outros para si. Cada dia no contato com outras pessoas, impressões e atitudes são geradas nas relações estabelecidas, através de um incessante intercâmbio de estímulos sociais, onde informações são coletadas, processadas e transformadas em julgamentos. Essas impressões formam as atitudes, que emergem do processo de socialização, e de forma simplista podem ser traduzidas como sentimentos favoráveis ou desfavoráveis sobre pessoas e coisas, predispondo ações coerentes com as cognições e afetos relativos a pessoas ou objetos. Atitudes se formam durante o processo de socialização e são sentimentos pró ou contra pessoas e coisas com as quais entramos em contato. A estima que um indivíduo sente por si mesmo é extremamente importante para seu desenvolvimento e crescimento biopsicossocial. O conceito sobre sua própria pessoa tem uma influência decisiva em como percebe os acontecimentos, os objetos e as outras pessoas em seu meio ambiente. O autoconceito exerce influência no comportamento dos indivíduos e na sua relação com os outros ou a mera expectativa provocada por essa relação. A autoestima é a atitude valorativa emocional que uma pessoa tem de si mesma, ou seja, a percepção do próprio valor pessoal, proveniente da experiência do meio ambiente e do contato com os outros. É uma avaliação subjetiva que a pessoa faz de si mesma como sendo intrinsecamente positiva ou negativa em algum grau. Envolve crenças auto-significantes do tipo “Eu sou Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 30 competente/incompetente”, e também emoções autosignificantes, como por exemplo, “orgulho/vergonha”. A autoestima podeser construída como uma característica permanente da personalidade (traço de autoestima) ou como uma condição psicológica temporária (estado de autoestima). Finalmente, a autoestima pode ser específica de uma dimensão particular, como por exemplo, “estou orgulhoso disso” ou de uma extensão global “acredito que sou uma boa pessoa”. A partir de muitas pesquisas foi deduzida a importância da autoestima para um comportamento social, afetivo e intelectual adequado. Uma pessoa com baixa autoestima tende a não se mostrar como é frente aos outros, e sim representa para eles os papéis que considera oportunos em cada momento; a falta de auto- estima influi de forma notável no bem estar espiritual, no próprio nível de satisfação e, acima de tudo, na própria saúde e capacidade psíquica. Por outro lado existe também o autoconceito, que por sua vez, é a atitude valorativa que um indivíduo tem sobre si mesmo, sobre sua própria pessoa. Trata-se da estima, dos sentimentos, experiências ou atitudes que o indivíduo desenvolve sobre seu próprio eu. O autoconceito desempenha um papel central no psiquismo do indivíduo. É de grande importância para sua experiência vital, sua saúde psíquica, sua atitude para consigo mesmo e para com os demais, por fim, para com o desenvolvimento construtivo de sua personalidade. É necessário ter um autoconceito positivo para que o indivíduo consiga uma adaptação adequada, para a felicidade pessoal e para um desenvolvimento eficaz. É formado com base em elementos de vários campos de existência como: a imagem corporal, a sensibilidade sinestésica e tátil, a cultura, e religião, dentre outros. É composto por imagens acerca do que nós próprios pensamos que somos o que pensamos que conseguimos realizar e que pensamos que os outros pensam de nós e também como gostaríamos de ser. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 31 O autoconceito consiste em todas as maneiras como uma pessoa pensa que é nos seus julgamentos, nas avaliações e tendências do comportamento, ou seja, é um conjunto de várias atitudes de ‘eu’ e únicas de cada pessoa. Observou-se ainda que, quando não se possui um autoconceito adequado, uma pessoa pode não estar aberta às suas próprias experiências afetivas, e principalmente aos aspectos desfavoráveis de seu caráter. O autoconceito não estruturado, ou mal desenvolvido pode afetar negativamente aspectos como a autodeterminação ou a independência afetiva. Três idéias estão embutidas no autoconceito: Cognitivo: o que o indivíduo vê ao se olhar, como se descreve; Afetivo: são os afetos, emoções e sentimentos que cultivo por mim mesmo; Comportamental: o comportamento do indivíduo está intimamente relacionado com as qualidades, valores e crenças que tem de si mesmo. O autoconceito exerce efeito não só sobre o indivíduo, mas também na sua relação com as outras pessoas e na forma como capta e interpreta os estímulos do meio ambiente. Uma atenção especial deve ser dada à percepção seletiva e à distorção da mesma, além dos preconceitos e estereótipos individuais. O autoconceito não é inato, ele se desenvolve e evolui a partir das experiências e vivências de sucesso ou de fracasso de cada indivíduo, bem como da cultural social na qual ele está inserido. As pessoas significativas, do ambiente familiar, escolar, social e de trabalho, têm grande influência no desenvolvimento do autoconceito. O autoconceito pode ser desenvolvido pelo indivíduo a partir de uma imagem que os outros oferecem de si mesmo, ou seja, o indivíduo acaba sendo como os outros pensam que ele é. Ou então, a partir do processo de imitação, onde o indivíduo incorpora em seus próprios esquemas as condutas e as atitudes das pessoas que são importantes para ele. Os dois processos podem estar presentes, é de sua importância que os outros percebam o quanto são significativos na vida de uma pessoa. São os outros que nos dizem quem somos. Endossamos a definição que fazem de nós, ou tentamos nos desvencilhar dela. É difícil não aceitar a Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 32 versão dos outros. Podemos nos esforçar para não sermos aquilo que, no fundo de nós mesmos, “sabemos” que somos. Nós aprendemos a ser aquilo que nos disseram que somos. Ronald Laing Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 33 UNIDADE 8 Percepção “A percepção define-se como processo de organizar e interpretar dados sensoriais recebidos para desenvolver a consciência do ambiente que nos cerca e de nós mesmos.” Linda L. Davidoff Objetivo: Identificar o processo perceptivo como uma decodificação individual pertencente a cada percebedor, e que a percepção é influenciada por vários fatores. A concepção do Ser pode ser traduzida a partir da percepção que o indivíduo tem de si mesmo e do seu meio ambiente. Para que se possa entender este fato, é necessário compreender alguns conceitos sobre sensação e percepção, e como esses fatores influenciam na interpretação e construção da realidade. Também é necessário compreender o quanto essas relações são subjetivas, e pessoais. Há que se distinguir a priori sensação e percepção, posto que as informações e estímulos relativos aos fenômenos do ambiente externo e, inerentes ao estado do organismo, são processadas em ambos os níveis. As impressões sensoriais conduzem ao cérebro informações relativas a fenômenos externos ou estados do organismo, sem a qual nenhuma atividade (mental ou física) seria possível. A sensação principia através dos órgãos dos sentidos, o que permite ao homem se relacionar com o ambiente externo, assimilar a si mesmo e se posicionar em relação ao meio. A percepção por sua vez, é o processo de decodificação das sensações, através de um processo de transferência dos estímulos em informações psicológicas, ou seja, através da percepção o indivíduo pode interpretar e organizar suas impressões sensoriais, dando significado ao seu ambiente. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 34 O ser humano interage com o seu ambiente através de sua percepção, isto é, a partir desta que percebe o mundo ao seu redor, para isso, conta com 5(cinco) canais de entrada, que são os órgão dos sentidos (tato, olfato paladar, visão e audição) os quais permitem ao homem saber que está aqui e agora. A partir da percepção são captadas as informações do ambiente externo, processando-as e internalizando-as. De forma objetiva e simples, pode-se dizer que a percepção pode ser definida como: o processo pelo qual os indivíduos interpretam e organizam suas impressões sensoriais, com a finalidade de dar sentido ao seu meio. O que você vê nesta figura? Uma jovem ou uma senhora idosa? Ambas as imagens podem ser visualizadas, depende apenas da forma como a imagem é enviada até o cérebro e como você a percebe. Pesquisa Internet: Pesquise sites que apresentam imagens sobre ilusão de ótica, pois são muito interessantes e nos permite perceber com mais clareza, como é peculiar a nossa percepção. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 35 Qual seria então a importância da percepção para o mundo administrativo? Se por percepção compreendemos o processo pelo qual os indivíduos selecionam, organizam, armazenam e recuperam informações, estas servem de base para as tomadas de decisão, posto que, decisão é o processo pelo qual as informações percebidas são usadas para avaliar e escolher entre as várias alternativas geradas aquela mais adequada para a situação vivenciada. Nas empresas as tomadas de decisão são uma constante. Um fator relevantese deve ao fato de aceitar e entender que as pessoas não veem as coisas ou fatos de forma similar, daí as grandes divergências e discordância entre as mesmas. A aceitação das diferenças já constitui o primeiro passo para a compreensão do outro. Primeiramente precisamos entender que existem alguns fatores que influenciam a percepção, sendo eles: o observador, o alvo e a situação. Quando várias pessoas observam o mesmo objeto ou fato, cada uma delas terá uma percepção diferenciada do ocorrido, visto que cada observador recebe estímulos diferentes, que geram sensações diferenciadas e, além disso, ao decodificar fazem uso de suas histórias pessoais que sem dúvida, não são iguais. As pessoas veem as coisas de formas diferentes, o mesmo fato pode se percebido e analisado de forma muito diversificada, de acordo com as pessoas que os veem. O percebido pode ser substancialmente diferente da realidade objetiva. Os fatos fazem referência às nossas necessidades, que por sua vez, determinam a nossa concepção pessoal do mundo. As coisas que parecem ajudar-nos a satisfazer nossas necessidades logo são vistas, contudo, as que parecem obstáculos ou são negadas pelo observador, por serem ameaçadoras, podem ser visualizadas de imediato, como podem ser negadas em sua essência. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 36 Ignorar as diferenças de percepção é ignorar um determinante do comportamento. Nem sempre é fácil aceitar que nem todas as pessoas encaram o mundo pelo mesmo prisma, contudo, o tempo gasto na tentativa de chegar a uma concepção comum não é perdido, é necessário tentar decodificar e aceitar o que o outro vê. O indivíduo como um processador de informações recebe a influência dos fatores externos ou ambientais, fatores diretivos internos e ainda, dos fatores dinâmicos internos. Os fatores externos são forças que envolvem o indivíduo influenciando-o e por ele sendo influenciado. Os fatores diretivos internos fazem alusão às características da personalidade, que canalizam as informações de acordo com suas experiências pregressas, e também das relações que este tem com o ambiente exterior. Os fatores dinâmicos internos são referentes às forças motivadoras que iniciam e mantêm a absorção e registro das informações. Alguns aspectos são relevantes e devem ser destacados na percepção do observador. Quando um indivíduo olha um alvo e tenta interpretar o que ele vê, a interpretação é fortemente influenciada pelas características pessoais do indivíduo que a percebe. Entre as características pessoais mais relevantes que afetam a percepção estão às atitudes, as motivações, os interesses, as experiências passadas e as expectativas. Primeiramente podemos destacar a atenção que o observador concede a um determinado objeto ou fato e se este o colocará ou não em foco. Embora sejamos bombardeados por informações o tempo inteiro, algumas destas chamam mais a nossa atenção, isso está diretamente ligado ao interesse que o indivíduo o concede ao fato, devendo ser analisado os valores internalizados pelo indivíduo. Outro aspecto a se analisar, se deve ao fato de existir ou não motivação relativa ao acontecido, quais são as expectativas desenvolvidas, e ainda uma associação com as experiências passadas. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 37 Além dos fatores ligados ao observador, também podemos destacar os fatores referentes ao objeto observado, ou seja, as características do alvo que está sendo observado podem afetar o que é percebido. Como os alvos não são vistos isoladamente, a relação de um alvo com seu pano de fundo influencia a percepção, assim como o faz nossa tendência de agrupar coisas próximas ou parecidas. O que vemos depende de como separamos a figura de seu pano de fundo. A forma como o percebedor julga um objeto ou fato, depende de como ele processa as informações por ele recebidas. O alvo influencia o observador, também, através de sua intensidade, tamanho, contrastes, movimento, proximidade, dentre outros fatores. A situação também é um fator interveniente, isto é, o contexto no qual vemos os objetos ou eventos é importante. Os elementos no ambiente em volta influenciam a nossa percepção. O ambiente é um forte influenciador da percepção, por exemplo, ver uma pessoa no ambiente de trabalho é diferente de percebê-la em um ambiente social. Outro destaque se deve ao fato de que perceber pessoas, é diferente de perceber objetos inanimados. Quando observamos as pessoas, tentamos desenvolver explicações de por que elas se comportam de certa maneira, sendo que, nossa percepção e julgamento das ações de uma determinada pessoa serão significativamente influenciados pelas suposições que fazemos sobre o estado interno da pessoa. A percepção muitas vezes nos é enganadora, muitas vezes vemos o que desejamos e queremos ver, e não como a realidade se mostra. As distorções da percepção podem muitas vezes ser fundamentalmente diferente da realidade objetiva, sendo que o comportamento das pessoas se baseia na sua percepção da realidade, e não na realidade em si, embora devamos considerar que não existam verdades absolutas, é sempre importante lembrar que o que representa a realidade é uma série de estabelecimentos criados pelo próprio homem. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 38 UNIDADE 9 Atribuição de causalidade Objetivo: Esclarecer que existem fatores que influenciam a percepção e que induzem a atribuição de causalidade, na tentativa de estabelecer o relacionamento entre causa e efeito. A percepção social se apresenta como uma espécie de pré-condição do processo de interação social, exatamente porque ela permite uma análise recíproca e inicial dos sujeitos. A percepção social começa no instante que a estimulação sensorial chega ao percebedor e tem seu fim em uma tomada de consciência. O processo psicológico tem papel preponderante no juízo que as pessoas fazem sobre suas percepções, e que por sua vez, podem gerar atribuições de causalidade. A causalidade pessoal tem por características a causalidade local, que se refere à percepção do observador frente a uma ação, tentando compreender a intencionalidade e a equifinalidade, isto é, a ação foi realizada porque tinha em mente determinado fim. As pesquisas sobre atribuição de causalidade têm envolvido os mais variados temas tradicionalmente estudados pela Psicologia Social. A teoria de atribuição da causalidade se apresenta como uma espécie de pré-condição do processo de interação social, e sugere que o ser humano envia todos os esforços necessários para explicar os acontecimentos aos quais presencia e para tal estabelece uma diferenciação entre as causas que podem ser atribuídas à pessoa, as chamadas causas disposicionais, como por exemplo, os fatores de personalidade, a motivação para realizar alguma coisa, e aquelas que podem ser imputadas à situação. A teoria da atribuição da causalidade sustenta-se no entendimento de que as pessoas usam os objetos e eventos presentes no seu universo psicológico para construírem modelos Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 39 causais, indutivos ou dedutivos, nos quais são estabelecidos relacionamentos entre causa e efeito. A percepção social começa no instante em que a estimulação sensorial chega ao percebedor e tem seu fim em uma tomada de consciência, apresentando uma série de variáveis e interferências cognitivas que vão influenciar a finalização do processo. O ser humano busca sempre definir as origens dos eventos que lhes ocorrem ou que observa, na medida emque deseja conhecer as fontes de suas experiências, saber de onde vem, saber como surgem, não apenas por curiosidade intelectual, mas também porque essa atribuição lhe permite compreender o seu mundo e predizer e controlar acontecimentos referentes a ele e aos outros. Neste sentido as pessoas buscam encontrar as invariâncias entre causas e efeitos, operando quase como cientistas, considerando a tarefa principal o estabelecimento de elos entre eventos causais e seus efeitos. É importante ressaltar que na ausência de definição desses elos entre as causas e os efeitos, tornaria impossível entender o comportamento das pessoas, predizê-los, modificá-los e de certa forma controlá-los. Assim, a atribuição de causalidade é a busca de explicações acerca do por que das ocorrências, sendo um elemento poderoso ao ser humano para que possa compreender e controlar o seu comportamento, o comportamento de seu semelhante e o seu próprio mundo. Neste sentido, definem-se dois fatores básicos aos quais as pessoas dirigiriam a atribuição de causalidade dos fenômenos que observassem: as forças do ambiente (atribuição externa ao sujeito envolvido na ação, causas impessoais) e às características das pessoas (atribuição interna ao sujeito envolvido na ação, causas pessoais). Pode-se dizer que os níveis de atribuição são: a associação, a causalidade, a previsibilidade, a justificabilidade e a intencionalidade. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 40 Na associação a pessoa é considerada responsável por qualquer efeito que esteja de qualquer forma ligado a ela, ou pareça de alguma forma ter esta relação. Por exemplo, quando um time ganha e o torcedor é parabenizado pelo feito, quando na verdade qual foi a contribuição efetiva do torcedor no fato do time ganhar o campeonato? Na causalidade o indivíduo é responsável por tudo que tenha feito. Sendo a pessoa a condição necessária ao acontecimento do evento, isto já basta para lhe ser atribuída a origem da ocorrência, sendo julgada não por suas intenções, mas pelos efeitos que causou. Isto pode ser ilustrado quando alguém pede uma carona e no trajeto o motorista e dono do carro á envolvido em um acidente, e atribui ao carona o fato de ter batido o carro, simplesmente pelo fato de ter dado carona ao colega. Se for o motorista quem conduzia o carro qual a influência do carona no acidente? Na previsibilidade o sujeito é considerado responsável pela ocorrência do evento no qual está diretamente engajado, na medida em que a consequência deste ato poderia ser prevista, e lhe faltou capacidade ou esforço para exercer o controle e evitar a ocorrência do fato. Mesmo não sendo seu objetivo, e deste modo não havendo intenção, o que descaracteriza a causalidade pessoal, o sujeito é responsabilizado pelo evento porque no decorrer da ação poderia ter previsto o efeito e tentado controlá-lo. Por exemplo, um indivíduo atira um toco de cigarro pela janela de um apartamento e atinge alguém queimando-o . Mesmo não tendo a intenção de queimar o outro, existia alta probabilidade de acertar alguém. A pessoa é responsabilizada pela ocorrência porque deveria ter previsto que isto poderia acontecer. Na justificabilidade, as atribuições de responsabilidade efetuadas a este nível, consideram que os motivos que levaram o sujeito a executar o ato não são inteiramente seus, mas podem ser entendidos como decorrente da ação do meio exterior sobre ele. O sujeito realmente agiu deste modo, mas ele não é assim tão responsável por este fato, na medida em que havia motivos para agir assim, ele foi provocado, foi obrigado, foi compelido, Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 41 foi mandado agir desta maneira, e assim a sua responsabilidade não é total, mas sim dividida com o mandante, com o provocador, com o elemento que o obriga a agir, ou seja, o meio ambiente. Por exemplo, um indivíduo esbarra acidentalmente em outro, o qual por sua vez se volta e o agride verbalmente, iniciando assim uma discussão. Não houve intenção inicial, mas um ato conduziu a outro. A intencionalidade se caracteriza totalmente a causalidade pessoal, onde o sujeito tem a intenção de provocar o efeito e pode mesmo persegui-lo, sendo atribuído este nível somente nos casos onde claramente se detecta a intenção de que o sujeito pretendeu realizar o ato. Por exemplo, o sujeito que é responsabilizado porque deliberadamente decidiu e executou a derrubada de uma árvore no quintal de sua casa, uma vez que este era o seu desejo. Os indivíduos efetuam atribuições de causalidade como uma forma subjetiva, entre outras, de percepção do exercício de controle sobre os eventos com os quais está envolvido em sua vida diária. Essas atribuições de causalidade como forma certa de promover o controle dos fenômenos acontece mesmo nos casos onde estão envolvidos fatos de ocorrência completamente ocasional, acidental, para os quais nenhuma forma de controle real é exercida ou mesmo possível. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 42 UNIDADE 10 Atribuição de causalidade (Hipótese do mundo justo e atribuição defensiva) Objetivo: Descrever as maneiras nas quais os indivíduos atribuem responsabilidades pelos eventos que ocorrem em suas vidas. É notório que os julgamentos das pessoas sobre o que acontece a si mesmas e aos outros, bem como sobre as circunstâncias e condutas que o provocam, assumem um papel de especial relevância em suas relações com a vida e com as demais pessoas que as cercam. Tais julgamentos costumam ser desferidos principalmente diante de eventos inesperados e negativos, na tentativa de entender o porquê de sua ocorrência. Talvez a primeira pergunta que nos ocorra seja: ‘quem é o responsável?’. As pessoas quando postas à frente de fenômenos dessa natureza tendem a encontrar alguma explicação pessoal para os fatos e não raro diante de um cenário de acidente perguntam: ‘Quem é o culpado?’, ‘Quem foi o responsável por isto?’. Essa é uma explicação calcada na busca de controle. Questões sobre as causas dos eventos e a responsabilidade por sua ocorrência constituem o foco de interesse da teoria psicossocial de atribuição de causalidade cujos pressupostos básicos dizem respeito à necessidade que as pessoas têm de compreender as origens de suas experiências e de buscar explicações para os eventos que lhes ocorrem ou que observam em seu dia-a-dia. Esta tendência natural de conhecer as causas dos acontecimentos é uma tentativa do homem de exercer um controle ilusório sobre o mundo que o cerca, tornando-o mais estável e previsível. Nos fatos acidentais com consequências leves as pessoas tendem a creditar essas ocorrências ao acaso, a qualquer causa, demonstrando mesmo às vezes certa simpatia para com o sujeito envolvido, em afirmações do tipo: ‘isto acontece com todo mundo’, ‘não liga não, são coisas da vida, e todos sofrem uma coisinha um dia ou outro’. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 43 A causalidade pessoal (interna) e causalidade impessoal (externa) constituem as duas formas básicas de atribuição causal aos eventos. A primeira reside nas próprias intenções da pessoa e estão sob seu controle; a segunda decorre de forças externas à pessoa, de forças do ambiente, e, portanto, fora de seu controle. Nos casos de eventos acidentais com consequências graves é muito desconfortável saber e admitir que esses fatos foram causados por variáveis que nós não podemos controlar e muito menos conhecê-las. Por esse motivo, na medida em que as consequências dos eventos se tornam mais graves verifica-se um crescimento na tendênciade encontrar responsáveis pela ocorrência desses fatos. Se um acidente grave é visto como consequência de um conjunto de circunstâncias imprevisíveis, a pessoa é forçada a conceber que a catástrofe pode acontecer com ela. Se, entretanto, ela acredita que o evento é previsível, controlável, e se decide que alguém foi responsável por esse evento infeliz, ela pode sentir-se como alguém capaz de evitar esse desastre. Ela pode proteger-se colocando outra pessoa como responsável pelo fato. Nós então simplesmente temos que assegurar que somos um tipo diferente de pessoa daquela vítima (do acidente), ou que podemos nos comportar diferentemente em circunstâncias similares, e nos sentirmos protegidos da catástrofe. Quanto mais grave a consequência de um evento imprevisível maior a tendência manifestada pelas pessoas em atribuir responsabilidade à pessoa potencialmente causadora desse evento. Outra abordagem importante na atribuição a eventos acidentais é a hipótese do mundo justo, segundo a qual as pessoas desenvolvem a crença de que todos têm o que merecem ou merecem o que têm. Como sabemos, há condições situacionais (do ambiente) e disposicionais (da pessoa) influenciando, significativamente, o processo atributivo. Quando os fenômenos são causados por fatores aparentemente acidentais, torna-se muito confuso para o observador atribuir-lhes uma causa. A própria ideia de acidente conota a Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 44 ocorrência de fatos imprevistos e incontroláveis, o que confronta o homem com o sentimento de impotência e a falta de controle, deixando-o à mercê das forças do imponderável. Para justificar a ocorrência de fatos dessa natureza, é que o homem desenvolve a crença de que bons eventos acontecem a pessoas boas (os cumpridores das normas sociais, por exemplo) e maus eventos, a pessoas ruins (todos os que infringem as normas sociais). Assim, acreditar no mundo justo é tirar das ocorrências imprevistas seu caráter de aleatoriedade. É uma função adaptativa da crença no mundo justo na medida em que, também atende ao desejo do ser humano de tornar o mundo a sua volta estável e previsível. Na hipótese do mundo justo para o processo de atribuição de responsabilidade aos eventos acidentais, as pessoas são motivadas a crer que vivem em um mundo justo, onde as outras pessoas têm o que merecem, e merecem o que têm. Justamente por ser muito desconfortável crer que se vive em um mundo onde os reforços e punições são distribuídos ao caso, sem nenhuma regra ou princípio, e, por conseguinte, sem possibilidade de controlar os reforços e punições de seus atos, é que as pessoas tendem a acreditar que vivem em um mundo onde deveria haver relações de união entre o que as pessoas fazem e o que conseguem com seus atos. Deste modo, se a premissa básica é verdadeira, e deve ser verdadeira para que a situação de vida seja cognitivamente agradável, a consequência natural da análise causal de uma ocorrência é a atribuição a algum comportamento que a pessoa emitiu, e, ao fato de ela possuir características que fazem com que mereça tal consequência. Cognitivamente não se pode admitir que uma pessoa tenha um final negativo ao acaso, pois assim a mesma ocorrência poderá advir para todas as pessoas e é por isto que se tende a encontrar correlato a um final negativo no comportamento ou nas disposições das pessoas, mesmo não as conhecendo. Assim, no caso de vítima de uma situação acidental, onde pareça suficientemente claro que o evento não ocorreu por outras causas objetivamente observáveis e determináveis, as pessoas tendem, quando expostas à desgraça alheia, a culpar as vítimas ou a desmerecer Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 45 suas qualidades e ainda, a encontrar defeitos entre suas características mais estáveis, para explicar o ocorrido. Condicionantes culturais também reforçam a premiação quando se pratica o bem e a punição quando se abraça o caminho do mal, por exemplo: histórias infantis, religião, etc. Outra explicação para essa tendência em atribuir causas ao evento acidental seria uma reação defensiva. As pessoas fariam atribuições defensivas fazendo atribuições causais externas. A atribuição defensiva é a atribuição de responsabilidade e da vitimação. Um observador de um acidente, para controlar a possibilidade de que ele possa causar tal desgraça, atribuirá a responsabilidade desta ocorrência à pessoa potencialmente responsável, e tentará se diferenciar desta pessoa: ademais esta tendência aumentará com a probabilidade de ocorrência e a gravidade das consequências do acidente. O aumento da similaridade dos personagens com seus sujeitos fazem com que se diminuam os níveis da responsabilidade atribuída aos atores das ocorrências, sendo os julgamentos mais tolerantes e brandos com sujeitos similares do que com sujeitos muito diferentes dos observadores. As pessoas evitam que um evento venha a ocorrer consigo algum dia, culpando um sujeito muito diferente de si próprio pela ocorrência, e depois fazem valer a diferenciação com este culpado. Este aumento da possibilidade de que o sujeito venha a estar nesta situação de vítima ou de causador, enfim, de envolvido em um acidente, determina a tendência de diminuição da responsabilidade atribuída aos personagens, numa forma clara de se proteger da ocorrência de eventos negativos. Os sujeitos tendem a atribuir mais ao acaso a ocorrência dos eventos quanto mais acredita que um dia possa estar no lugar do causador ou da vítima deste evento. Estes dados dão a clara impressão que parece ser mais importante às pessoas evitar a culpa pelo envolvimento em um ato, caso venha a acontecer consigo, do que a própria prevenção da ocorrência deste ato. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 46 A atribuição defensiva, explica a reação das pessoas frente a uma situação de infortúnio, quando estas tendem a efetuar atribuição de causalidade e responsabilidade aos elementos destas situações de maneira a manter ou a elevar os seus níveis pessoais de autoestima, e de evitar o seu envolvimento futuro nestas situações, bem como a culpa pelas suas ocorrências. Os indivíduos sentem-se mais seguros, com as coisas sob controle, quando faz atribuições a causas externas e a eventos que ele próprio causou, ou atribui ao personagem os eventos causados por outros. As pessoas acreditam que agindo desta forma estariam evitando que os fatos negativos ocorressem, e, portanto, estariam exercendo controle, ainda que indireto e psicológico sobre os mesmos. Antes de dar continuidades aos seus estudos é fundamental que você acesse sua SALA DE AULA e faça a Atividade 1 no “link” ATIVIDADES. Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 47 UNIDADE 11 “Lócus” de controle Objetivo: Discutir a forma como o processo de atribuição se diferencia de acordo com o lócus de controle. No processo de atribuição de causalidade são observadas diferenças significativas entre os sujeitos com lócus de controle predominantemente interno daqueles que apresentam maior externalidade. O “lócus” de controle descreve as maneiras nas quais os indivíduos atribuem responsabilidade pelos eventos que ocorrem em suas vidas. O “lócus” de controle é um construto que pretende explicar a percepção das pessoas a respeito da fonte de controle dos eventos, se própria do sujeito – interno – ou pertencente a algum elemento fora de si próprio – externo. O “lócus” interno de controle se refere àqueles que acreditam que podem moldar seus destinos através de suas próprias capacidades
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