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E M Í L I O A B D A L A MANUAL PARA EVANGELISTAS ESTRATÉGIAS MODERNAS PARA SÉRIES DE COLHEITA E PLANTIO DE IGREJAS Copyright©Emílio Abdala Divisão Sul Americana da Igreja Adventista do Sétimo Dia União Central da Igreja Adventista do Sétimo dia Av. Magdalena Sanverino Grosso, 850 Jd. Resek II, Artur Nogueira, SP CEP: 13160-000-Caixa Postal 101 Tel: (19) 3877-9000 Fax: (19)3877-9095 www.missaourbana.org Editoração: Patrick Ferreira Projeto Gráfico: Patrick Ferreira Revisão de Texto: Milton L. Torres, Natãn Fernandes Silva e Luis Nunes. IMPRESSO NO BRASW Printed in Brazil FICHA ELABORADA PELO SISTEMA DE BIBLIOTECA DAS FACULDADES ADVENTISTAS DA BAHIA A1353m Abdala, Emílio. Manual para evangelistas: estratégias modernas para séries de colheita e plantio de igrejas / Emílio Abdala. - Cachoeira: CPLIB.2013. 300 p. bibliografia 1. Evangelismo. 2. Evangelismo público. 3. Crescimento de igreja. 4. Plantio de igreja I. Título. II. Centro de Pesquisas de Literatura Bíblica (CePLiB). SCDD21 269.2 índice para catálogo sistemático: 1. Evangelismo. 2. Evangelismo público. 3. Crescimento de igreja. 4. Plantio de igreja Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, incluindo textos, imagens e desenhos, por qualquer meio, quer por sistemas gráficos, reprográficos, fotográficos, etc., assim como memorização e/ou recuperação parcial, ou inclusão deste trabalho em qualquer sistema ou arquivo de processamento de dados, sem prévia autorização escrita do autor e da editora, sujeitando o infrator às penas da lei disciplinadora da espécie. http://www.missaourbana.org índice A presentação................................................................................ 05 Prefácio..........................................................................................07 Introdução: Está M orto o Evangelismo? ............................09 Capítulo 1: A Importância do Evangelismo........................ 19 Capítulo 2: O Preparo do Evangelista................................ 31 Capítulo 3: O Processo O rganizacional.............................. 41 Capítulo 4: F inanças e O rçamentos.......................................49 Capítulo 5: Preparando a Igreja..............................................57 Capítulo 6: Preparação do Território.................................. 67 Capítulo 7: Seleção e Preparação do Auditório..............85 Capítulo 8: Duração e Temas da Campanha.........................95 Capítulo 9: Equipamentos e Programa D iário 107 C apítulo 10: A nunciando a Campanha 117 Capítulo 11: M aneiras de A umentar a A ssistência......... 131 Capítulo 12: M úsica no Evangelismo................................. 141 Capítulo 13: Pregação Evangelística................................ 149 Capítulo 14: O A pelo Evangelístico Eficaz..................... 161 Capítulo 15: V isitando os Interessados para a D ecisão ..173 Capítulo 16: Festa Batismal............................................... 191 C apítulo 17: A pós o Batismo...................................................201 Epílogo .........................................................................................223 Apêndices.....................................................................................227 B ib lio g r a fia 291 Apresentação Em alguns círculos o evangelismo público tem caído em desuso. Muitas igrejas estão assustadas com as perspectivas de alcançar as pessoas sem igreja que habitam as cidades, além das paredes de seus santuários. E muitos cristãos assumem que os dias de evangelismo público de massa passaram, preferindo recorrer a divulgação do evangelho apenas através da mídia ou de esforços individuais. Mas o evangelho de Jesus Cristo sempre foi uma questão de proclamação pública. Desde os primeiros dias da Igreja, em todos os tempos, o crescimento do cristianismo tem sido ligado à pregação pública das boas novas. Gostei do prefácio, onde autor assim introduz o livro: Este livro é baseado na exortação de Paulo a Timóteo: “Faça a obra de um evangelista” (2 Tm 4:5). O meu propósito é desenvolver as implicações práticas deste mandado bíblico a pastores, evangelistas, missionários e membros voluntários em treinamento para esta obra. Vários fatores sugerem a necessidade deste livro. Primeiro, o mundo precisa ser evangelizado e a igreja de Deus é o agente principal. Apesar disto, muitos líderes são inexperientes na evangelização, alguns seminaristas lamentam a ausência de habilidade para o evangelismo e algumas igrejas são mais um obstáculo do que instrumentos de evangelismo. Segundo, não 5 M A N U A L PAR A LVANG LLIS1 AS existem muitos livros recentes sobre a proclamação pública como a estratégia chave para o evangelismo. Há muitos livros sobre o evangelismo pessoal e o crescimento de igrejas, mas há uma escassez de material escrito sobre o evangelismo público. Pior, há uma carência de escritos que abordem os métodos bíblicos e práticos nesta área. Neste livro, Emilio Abdala faz uma chamada para o renascimento da proclamação do Evangelho público. Ele mostra como Deus usou a pregação evangelística no passado e como ele pode ser praticado com pertinência e eficácia hoje. Recuperando proclamação pública, ele argumenta, é fundamental para a vitalidade e a missão permanente da Igreja. O Manual para Evangelistas é um livro muito prático e extremamente útil para capacitar novos evangelistas para a seara do Senhor. Um recurso essencial para os cristãos que têm um espírito evangelístico na igreja local e para os especialistas e departamentais das associações e missões, este guia oferece esperança de que o cristianismo pode voltar a atingir as massas na praça pública. Eu recomendo este livro, porque não basta ser um adventista, tem que ser um evangelista! Pr. Luís Gonçalves Evangelista da Divisão Sul Americana da IASD ( Prefácio Este livro é baseado na exortação de Paulo a Timóteo: “Faça a obra de um evangelista” (2 Tm 4:5). O meu propósito é desenvolver as implicações práticas deste mandado bíblico a pastores, evangelistas, missionários e membros voluntários em treinamento para esta obra. Vários fatores sugerem a necessidade deste livro. Primeiro, o mundo precisa ser evangelizado e a igreja de Deus é o agente principal. Apesar disto, muitos líderes são inexperientes na evangelização, alguns seminaristas lamentam a ausência de habilidade para o evangelismo e algumas igrejas são mais um obstáculo do que instrumentos de evangelismo. Segundo, não existem muitos livros recentes sobre a proclamação pública como a estratégia chave para o evangelismo. Também há uma carência de escritos que abordem os métodos bíblicos e práticos nesta área. Muitos manuais de treinamentos têm sido produzidos por diferentes evangelistas, alguns deles citados nesta obra e alguns com destacado trabalho. Terceiro e mais importante, o evangelismo hoje tem sido relegado a um pequeno grupo de entusiastas. Um exame cuidadoso na Bíblia não deixa dúvidas de que o evangelismo não é uma opção, mas um mandado pastoral. Textos como Ezequiel 34:1-12, João 10:16, Atos 20:17-38 e 2 Timóteo 4:5 ensinam que o papel do pastor não é apenas cuidar do rebanho, mas buscar o perdido através do 7 M A N U A L . PARA 1 \ \N ( , t l. lS T A S evangelismo. Sua função de liderança é desempenhada de três maneiras: ensinando o evangelismo, modelando o evangelismo em sua vida e ministério e organizando a congregação para o evangelismo na comunidade. Por essa razão, esta obra se propõe a ajudar não só aos pastores e seminaristas dispostos a “fazer a obra de um evangelista,” mas às centenas de % evangelistas voluntários que têm assistido às Escolas de Evangelismo, onde tenho sido convidado a falar. Grande ênfase será dada neste livro ao “como” ou aos métodos mais eficazes de se realizar o evangelismo. Este material se propõe a detalhar a mecânica de uma série pública e os procedimentos a serem seguidos nos vários métodos de ganharalmas. Poucos métodos incluídos aqui são originais. Como muitos evangelistas, eu tomei emprestado, adaptei e usei os métodos que foram usados por outros homens experientes que, por sua vez, adaptaram-nos de outros. Isso não significa que os métodos estejam desgastados pelo tempo, pois as adaptações os têm conservado frescos e atuais. Ao longo dos anos, a fraca assistência às séries cvangelísticas tem causado muita frustração aos pastores e voluntários que são desafiados a realizar campanhas públicas. A peculiaridade deste livro está na abordagem seqüencial de preparar uma igreja para uma série evangelística. Ele oferece sugestões para atrair a audiência e para manter vivo o interesse. A última parte do livro providencia materiais práticos que podem ser usados na organização e no treinamento de indivíduos para a obra evangelística. Expressei minha gratidão aos colaboradores na produção deste material na primeira edição, aqui apenas ratifico que estou imensamente grato a todos eles, em especial a minha família, assistentes e amigos. E agora, eu recomendo este livro aos meus leitores, e oro para que ele seja útil no cumprimento da Grande Comissão de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. Introdução Está Morto o Evangelismo? Muitas são as vozes que têm prenunciado o fim do evangelismo neste novo século. Alguns dizem que o evange lismo facilita o cristianismo de espectadores, não dando aos crentes a oportunidade de usar os seus dons; outros, que os conversos não se unem a uma igreja que se reúne no sábado pela manhã, mas numa igreja de cinco noites por semana, com vários recursos audiovisuais, ao som de um animadoplayback. Podemos decretar a morte do evangelismo público nesta era da TV a cabo e diversões computadorizadas? Nesta era de crise financeira e de descrédito geral? A Igreja Adventista do Sétimo Dia nasceu como um movimento evangelístico. Um dos mais prósperos períodos de crescimento seguiu-se à sua organização, após 1863. A taxa anual de crescimento entre 1870 a 1880 era cerca de 12%, aumentando o numero de membros da igreja de 5.440 para 15.570 membros (WEEKS, 1992, p. 14). Uma razão porque institucionalismo e evangelismo permaneceram compatíveis na IASD foi que as instituições foram desenvolvidas adjuntas ao evangelism o-as instituições médicas foram formadas para o evangelismo e as escolas estabelecidas com o propósito de preparar a juventude para se engajar no evangelismo. Uma mudança estava ocorrendo no pensamento adven tista quando a Igreja entrou no vigésimo século. Preocupações institucionais diminuíram o ímpeto evangelístico na América 9 M A N U A L . PAR A I VANC.I U S IA S no Norte. Entre 1900-1910, a taxa de crescimento da Igreja caiu para 3,6% (WEEKS, 1992, p. 16-42). Ao voltar da Austrália para os EEIA, em 1900, Ellen G. White ficou preocupada com a situação atravancada e começou a pressionar por duas refor mas: pela reorganização da Igreja e por um plano agressivo para o evangelismo nas cidades. O interesse de Ellen White pela reorganização da igreja ajudou na eleição de Arthur G. Daniells como o novo presidente da Conferência Geral. Tão logo Daniells iniciou a implementação do novo conceito or ganizacional, Ellen White começou a pressionar seu segundo ponto: a evangelização agressiva das cidades. Contudo, até a sessão de 1905, Daniells e os outros líderes da Igreja continuavam muito lentos para promover o evangelismo. As únicas decisões tomadas estavam relacionadas com a venda de inscrições da revista missionária, distribuição de folhetos e o incentivo aos membros para dar estudos bíblicos nos lares (WEEKS, 1992, p. 22). Na sessão da Conferência Geral de 1909, o presidente A. G. Daniells relatou que mais de 500 pessoas tinham sido colocadas dentro do círculo ad- minstrativo da Igreja desde 1901, e havia pouco mais de 1.200 obreiros ministeriais em toda a Obra (WEEKS, 1992., p. 18). Porém não havia evidência tangível de ação. Novamente, a Associação Geral apenas aprovou resoluções de pequenos planos, tais como distribuição de literaturas nas cidades e os estudos bíblicos nos lares. Poucos dias após a sessão, no dia 11 de junho, Ellen White fez um apelo aos líderes reunidos para uma ação de evangelização nas cidades. Nessa mesma reunião, ela insistiu que o pastor W.W. Prescott, editor da Review and Herald, deveria ir para as cidades dedicando-se ao evangelismo. E para enfatizar seu apelo, aos 81 anos de idade, ela dramatizou sua mensagem ao líderes realizando um giro pelas principais cidades do leste, conduzindo uma série de reuniões evange- lísticas com bons resultados. 10 No concilio outonal dc 1909, nada foi discutido sobre evangelismo. A razão é porque Leon Smith (filho de Urias Smith) tinha atacado a posição de Daniells sobre o “diário” dc Daniel 8, e ele gastou todo o tempo da sessão defendendo seu ponto de vista nesta questão doutrinária. Em abril de 1910, Ellen White escreveu para A. G. Daniells responsabilizando-o pela falta de ação e compromisso. A. G. Daniells, empenhan do-se em fazer o que ele pensava ser o melhor que poderia, planejou pregar cinco noites em N. York, e como estava na Costa do Pacífico, viajou para Elmshaven para informá-la dos seus planos. Ela se recusou a recebc-lo. A mensageira do Senhor recusou-se a ver o presidente da Conferência Geral, até que ele estivesse pronto a conduzir a obra evangelística que necessitava ser feita (WHITE, 1982, p. 223). Daniells humilhou o seu orgulho e escreveu que ele se “comprometia a realizar os esforços para alcançar novos campos e dedicar meses de esforço pessoal com os obreiros, se necessários.” Em junho de 1910, ela respondeu enfatizando que compromisso era uma coisa, e um plano bem sucedido para implementá-lo era coisa diversa. “Quando o presidente da Conferência Geral se converter, ele saberá o que fazer com as mensagens que Deus tem lhe enviado" (WHITE, 1982, p. 224). Daniells levou a questão ao Comitê da Associação Geral que se comprometeu sem reservas a uma ação evangelística. Daniells foi liberado dos compromissos das reuniões campais para o verão de 1910 e cancelou uma viagem para a Austrália em outubro. Todas as Uniões e Associações foram requisitadas a fazer do evangelismo nas cidades uma causa comum. Ellen White se deliciou com os resultados. A Igreja uma vez mais foi confirmada como um movimento evangclístico. Houve uma notável reversão da denominação que havia se tor nada institucionalizada. As taxas de crescimento aumentaram, e em 1913 na 38a sessão da Conferência Geral, ela elogiou os líderes nessa nova direção evangelística. O auditório respon IN I RODLIC, AO - I STÁ M O IIIO O I \ W ,11 T A k Y 11 M A N U A L PAR \ I \ ANGEL.ISTAS dia com fervorosos “améns” e com lágrimas que escorriam à medida que Ellen White expressava sua confiança na liderança de Deus à Sua Igreja (WHITE, 1982, p. 388-389). No pós-guerra de 1920, houve uma grande recessão que trouxe dificuldades financeiras à Igreja. Muitos pensaram que o evangelismo estava fora de uso. Com isso, houve uma mu dança de ênfase: do evangelismo para a cautela institucional. O evangelismo perdeu a sua força e a taxa de crescimento da Igreja ficou próxima de zero (BURRILL, 2007, p. 69). Porém, a depressão de 1930 originou uma nova onda de sucesso para o evangelismo adventista. Surgiram evangelistas como Roy Allan Anderson, H. M. S. Richards e J. L. Shuler. A ênfase da mensagem foi posta no compromisso pessoal com Cristo. Surgiram novas técnicas, como o uso de tabemáculos e teatros; figuras móveis foram introduzidas; o evangelismo médico foi usado e George Vandeman (pai) teve o seu primeiro programa de rádio. Nas décadas de 50 e 60, novamente, muitos temeram que o evangelismo estivesse morto. Dois terços de adminis tradores e ministeriais pensaram que o evangelismo estivesse obsoleto, ou consideraram que grandes campanhas públicas não eram mais praticáveis. Não morto, mas diferente. Surgem nestaépoca evangelistas como Fordyce Detamore que encurta as campanhas e introduz o uso de brindes para atrair audiên cias. E. E. Cleveland enfatiza o cristianismo prático em suas mensagens, o evangelismo torna-se mais orientado à congre gação e, novamente, a Igreja atribui prioridade a esse método. O sermão de Cleveland sobre o sábado (“O Aniversário da Mãe de Adão”) é, provavelmente, o sermão evangelístico mais copiado do adventismo. Nessa mesma época, na América Latina, existia um inconveniente. Os métodos de evangelismo público que haviam sido idealizados para alcançar pessoas com convic ção protestante nos Estados Unidos não eram adequados a 12 uma população predominantemente católica. Surge Waltcr Scluibert, evangelista da Divisão Sul-Americana, que decide mudar os métodos usados até então. Remove dos convites a nomenclatura “conferências adventistas” e, ao invés de iniciar as conferências com Daniel 2, fala do “Segredo da Felicidade” e dos “Segredos de um Casamento Feliz.” Schubert apresenta- se como professor e ofertas não são mais alçadas. O método leve tanto êxito que foi adotado por todos os evangelistas da I )ivisão Sul-Americana com excelentes resultados (BLANCO, 1997, p. 5-6) A década de 1980 pode ser definida como a era do Seminário do Apocalipse. Esta abordagem inovativa começou com o pastor Harry Robinson, da Associação do Texas, e foi traduzida e divulgada na América Latina por Daniel Belvedere, evangelista da DSA. Apesar disto, aqui no Brasil, evangelistas como Geraldo “Gêgê” Oliveira, Alcides Campolongo e José Bessa fizeram escola com as suas abordagens mais tradicionais. E a década de 90 ficou marcada pela introdução do evangelis- mo via satélite através dos programas Net 95 e 96, com Mark Finley, e Net 98 com Dwight Nelson, que resultaram em mais de 10 mil pessoas batizadas. Outra abordagem evangelística desta década foram as campanhas de reavivamento aplicadas ao evangelismo público realizadas por Alejandro Bullón. Embora o reavivamento seja tipicamente um instrumento de inspiração interna e renovação, as campanhas conhecidas como “Revives” enfatizavam mais os temas devocionais do que doutrinários e alcançavam mais as pessoas dentro da influência adventista do que a comunidade geral. Atualmente, o evangelismo não está morto, mas en fraquecido. Em muitos campos, o evangelismo é visto mais no contexto congregacional, onde as séries servem mais para consolidar o interesse estimulado e cultivado pela Igreja como instituição, do que no contexto pessoal e carismático. Embora o Brasil ainda possua um grupo de evangelistas de destaque IN I K O IX K , A O l SI Á M O K IO O l V A N ( ,11 .ISMO.' 13 M A N U A L PAR A EVANGELISTAS como Roberto Mota, Luís Gonçalves, Carlos Bussons, Denil- son Franco e voluntários como Milton Silva, Nilda Fernandes e Sheila Diógenes, as campanhas longas dos “bons e velhos tempos” foram substituídas pelas séries curtas de duas a três semanas com ênfase na decisão. Talvez a falta de recrutas para o evangelismo público seja atribuída à falta de sucesso na colheita de almas e aos rigores da vida de um evangelista que tem de se ausentar da família e mover-se de cidade em cidade. Com isso, tem havido uma tendência de enfatizar o uso do prédio da igreja para realizar a campanha, ao invés de teatros, salões neutros e tendas. A função primária do evangelismo está relacionada ao conceito de colheita e consolidação de pessoas já interessadas na igreja. Uma têndencia positiva é a mudança de dois concei tos errôneos relacionados com o evangelismo. O primeiro é considerar o evangelismo apenas como uma obra de uns poucos especialistas, que aparentemente, foram capacitados com o dom especial de levar almas à decisão. O segundo erro é valorizar apenas as grandes campanhas em salões e tendas com grandes despesas. Eu acredito que os pequenos esforços realizados pelos evangelistas voluntários c pelos pastores, que vão a cidades e bairros sem a presença adventista, ganham 20 a 25 pessoas e erguem uma nova igreja, são tão bem sucedidos em sua esfera como as grandes campanhas que ganham 100 em lugares onde já existem adventistas. Por isso, uma iniciativa que tem recebido a aprovação da organização adventista no Brasil é o evangelismo descen tralizado que é praticado no SALT da Bahia. Iniciado pelo Dr Luiz Nunes na década de 90 e continuado por este autor e pelo professor de evangelistas Aguinaldo Guimarães, o programa consiste no treinamento dos seminaristas para realizarem cam panhas simultâneas como parte de sua formação acadêmica. Desde o ano de 2005, a mesa administrativa da União Nordeste, presidida pelo pastor Geovane Queiroz, em parceria com a 14 direção do SALT, iniciou o movimento de plantio de igrejas que tem estabelecido a meta de abrir 70 novas igrejas cada ano através dos estudantes de teologia. Essa tarefa é apoiada pelo Instituto de Crescimento de Igrejas (SALT - IAENE) que prepara todos os materiais usados pelos evangelistas. E interessante que o evangelismo público tem seus altos e baixos através das décadas, movendo-se do sucesso para a ne gligência e retornando ao sucesso novamente. O evangelismo adventista é ainda um movimento forte mesmo após 160 anos de história desta Igreja. Mas o evangelismo precisa se adequar à mudança dos tempos. E preciso constante avaliação para saber se não estamos usando os sermões e métodos dos anos 60 e 70 no século 21. Roger Dudley, ex-diretor do Instituto de Ministérios da Igreja do Seminário Teológico da Universidade Andrews, analisa que o presente custo do evangelismo público exige que a Igreja realize cuidadoso estudo para melhorar sua efetividade. Segundo ele, é vital que nós examinemos os tipos de pessoas que a Igreja alcança através dos métodos de evan gelismo e então desenvolvamos novas abordagens (DUDLEY; CUMMINGS, 1983, p. 152). Em épocas passadas, H. M. Richards alugou um go rila para divulgar seu sermão sobre evolucionismo. Em São Francisco, 1962, surgiu o uso da luz negra no evangelismo. Em Detroit, 1966, surgiu o plano Como Deixar de Fumar em Cinco Dias. Hoje, os evangelistas que causam maior impacto na população do mundo são os que utilizam o rádio e a TV em cruzadas públicas. Isso tem originado uma tendência moderna, da parte de nossos pastores, de construírem uma base de suporte para a transmissão de cruzadas pela TV a partir de suas igrejas, toniando-as centros de evangelismo com a melhor pregação e a melhor música. Alguns evangelistas usam a influência do rádio em um processo de evangelismo interativo no qual as decisões são alcançadas cm semanas de colheita. Talvez a nossa necessi dade hoje sejam técnicas mais elaboradas, melhor treinamento IN I K O I )U ç À O I .M A M O K IO O I V A N ( ,1 l. lS M O í 15 M A N U A L L A R A EVANGELISTAS ministerial para o evangelismo em concílios especialmente direcionados a essa área, enfatizar programas de plantio de novas igrejas, aprimorar a capacidade evangelística das igrejas existentes e a aquisição de centros permanentes de evangelismo nas grandes cidades, com atividades suplementares de missão urbana: nutricionismo, programas educacionais para audiências especializadas, cursos profissionalizantes e outros. Dessa forma, o evangelismo não morre, mas precisa atualizar seus métodos e abordagens a partir dos métodos convencionais. Não se pode ignorar o evangelismo público. É uma distorção do ensino bíblico dos dons espirituais, em minha opinião, tentarem convencer a todo crente a se envolver em um só método de testemunhar em detrimento de outros. Pluralidade de dons exige pluralidade de métodos. Assim como havia o perigo de a igreja de Corinto exaltar algum dom em prejuízo de outro, como líderes, podemos frustrar a Igreja na síndrome de projetar um só método de trabalho, querendo que o Corpo inteiro de Cristo seja o “olho”. Pelo menos dois princípios relacionados aos métodos eficazes são abordados por Ellen Whitc(SARLI, 1982, p. 7-10). Primeiro, os métodos adequados são importantes para o sucesso no evangelismo. Ela afirma que “quando, em nosso trabalho para Deus, seguirmos energicamente métodos corretos, ter-se-á uma colheita de almas” (1978, p. 329; 1994, p. 554). Segundo, “diferentes métodos devem ser empregados para salvar dife rentes pessoas”. Não devemos ser “homens de visão acanhada, estereotipados com uma única maneira de trabalhar” (WHITE, 1978, p. 106). Temos de reconhecer que não existe um método que alcança todos os grupos sociais. Cada método alcança certo grupo específico de pessoas. O evangelismo público, por exemplo, é excelente para ajudar pessoas receptivas que estão na fase de colheita de sua conversão. Mas pode não ser tão eficiente para pessoas que pertençam ao grupo classificado por Ellen White como classes especiais: judeus, ricos, ministros 16 dc outras denominações, pessoas altamente educadas e outros grupos culturais (WH1TE, 1978, p. 552-588). Contudo, é importante destacar que o sucesso não depende apenas de métodos corretos. O evangelista J. W. Chapman (1903, p. 70). costumava dizer que “o niétodo sem poder é como uma locomotiva nos trilhos, mas sem vapor; poder sem método é a locomotiva com vapor na chaminé, mas descarrilada, deixando atrás um rastro dc destruição. O poder se manifesta no método, mas o método não é substituto para o poder.” Os métodos e as técnicas, separados do compromisso pessoal com Cristo, são como os ossos secos da parábola de Ezequiel. Alguém observou que enquanto buscamos os me lhores métodos, Deus busca os melhores homens. Onde quer que haja evangelistas consagrados, novos métodos surgirão na medida em que eles aproveitem as oportunidades e se adaptem às circunstâncias. Temos um princípio fundamental nas Escri turas que afirma: “Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos” (Zc 4:6). É reconhecendo esse princípio que buscamos o sucesso evangelístico. ___________________ IN lk O IX Iy VO - 1 s|A M O K IO Q I VAN< ,11 l.s/VKY Emílio Abdala Capítulo 1 A Importância do Evangelismo A construção do Taj Mahal, um dos mais belos edifícios do mundo, está relacionada com a morte da esposa favorita do imperador Shah Jahan, da índia. Devastado pela perda da ama da, ele determinou honrá-la através da construção de um templo no lugar onde ela estava sepultada. Então, um edifício bem elabo rado de mármore começou a ser erigido na área do túmulo. Na medida em que as semanas tomaram-se meses, a pai xão do imperador pelo projeto superou a sua dor. Um dia, duran te a construção, alguém escavou uma urna de madeira. Julgando ser apenas um entulho a mais na obstrução do caminho, a caixa foi jogada fora. Shah Jahan não sabia que os seus empregados ti nham se livrado da uma da esposa, escondida debaixo do templo. A pessoa que emprestava honra ao templo fora esquecida. Trági co? Mas a mesma coisa pode acontecer a nós. Sem o foco na teologia, ou a fundamentação na Palavra de Deus, corremos o risco de esquecer a razão de ser da Igreja e o significado do evangelismo enquanto erigimos as estruturas de uma denomina ção. A Prioridade do Evangelismo Basta ler João 3:16 para ver que nosso Pai nos Céus de seja ver pessoas perdidas encontrando a salvação. Quem desco brisse a cura para o câncer, certamente que se tornaria um grande 19 M A N U A L PAR A EVANGELISTAS benfeitor da humanidade. Ele acrescentaria anos de utilidade e felicidade à vida de milhares que estão sendo levados precoce mente ao túmulo. Mas o evangelismo faz mais do que isso. Paulo declara em 2 Timóteo 4:1 -5 que os líderes deveriam fazer a obra de um evangelista, dando assim prova do seu chamado. Para Ellen White, não existe ministério sem evangelismo. Ela expressa a esti ma de Deus pelo evangelismo ao afirmar que: O Senhor determinou que a proclamação desta men sagem fosse a maior e mais importante obra no mundo, para o presente tempo (WHITE, 1978, p. 18). A obra evangelística, de abrir as Escrituras aos outros, advertindo homens e mulheres daquilo que está para vir ao mundo, deve ocupar, mais e mais, o tempo dos servos de Deus (WHITE, 1978, p. 17). A obra acima de todas as obras - a ocupação que so- brcleva a todas e deve atrair todas as energias da alma e pô-las em atividade - é a obra de salvar pessoas por quem Cristo morreu. Tornai isto a mais importante, a principal obra de vossa existência (WHITE, 1956, p. 274). Não se deve permitir que coisa alguma impeça esta obra. E a obra todo-importante para este mundo; deve ser de tão vasto alcance como a eternidade (WHITE, 1985, v. 2, p. 156). Há muitas igrejas que perderam o senso de missão. Num extremo oposto à declaração de Wesley de que “o mundo é mi nha paróquia,” os oficiais dessas igrejas dizem: “a nossa paróquia c o nosso inundo.” O especialista em crescimento de igreja, Gene Edwards, observou que os prédios das igrejas podem ser um dos maiores obstáculos ao evangelismo hoje - não por tê-los, mas por que falhamos em sair deles. Se a Igreja Adventista do Sétimo Dia 20 deseja causar impacto por Cristo em nosso mundo, necessita tor- nar-se uma Igreja que invada a comunidade por Cristo (FINLEY, 1998, p. 9). Donald McGavran astutamente observou que as igrejas têm uma tendência corporativa de serem centradas em si mesmas e crescer para dentro. Elas usam grande parte de seus esforços e dólares intemamente. “Esta tendência centrípeta precisa dar ca minho para um vigoroso programa de extensão. E necessário que nós comecemos a enxergar as pessoas não alcançadas e por elas orar, planejar ganhá-las (FINLEY, 1998, p. 9). O congresso mun dial de evangelismo de 1974, que se reuniu em Lausane, na Suíça, declarou o mesmo princípio: que “nós necessitamos romper nos sos guetos eclesiásticos e permear a sociedade não-cristã. Na missão do serviço sacrifical da Igreja, o evangelismo ê prioritário” (RODE, 1996, p. 69). Por outro lado, igrejas que não atribuem alta prioridade ao evangelismo, experimentam uma correspondente baixa auto- estima. Os membros perdem o entusiasmo e, com o tempo, tor nam-se depressivos. Eles desenvolvem um complexo de inferiori dade evangelístico, crendo que a comunidade é resistente e indife rente. Fred Smith está correto quando afirma que a Igreja, para manter o contato com a comunidade, sempre necessitará de no vos convertidos para trazer outros que, por sua vez, trarão outros mais. Porém, se não se converte gente nova, a Igreja morrerá por falta de “sangue novo” (SMITH, 1993, p. 90-91). Por isso, Emil Brunner afinnou que “a Igreja existe para o cumprimento da mis são, assim como o fogo existe para queimar” (apud HUSTON, 1986, p. 67). A Igreja que não está evangelizando, é uma Igreja que está morrendo. Veterano professor de evangelistas adventistas, J. L. Shuler tem uma opinião bem formada sobre uma Igreja que cessa de ser evangelística: Ela é como um farol sem luz ou uma caldeira sem va- C.APi I LIL,O 1 - A IM P O R I À N O A 170 I .V A N ( ,11 IS M O 2 1 M A N U A L PA I IA EVANGELISTAS por. A igreja que não é ganhadora de almas é uma Igreja agonizante. Napoleào declarou que qualquer exército que permanece entrincheirado certamente é derrota do. A Igreja precisa ser agressiva ou cessar de existir. E a única maneira de uma igreja ser agressiva é ser evangelística. Fazer discípulos deverá ser e necessita ser nosso negócio principal até o fim do mundo (SHULER, 1940, p. 16). O fato é que os adventistas não são simplesmente uma denominação, no sentido ordinário do termo. Não estamos aqui para construir uma grande organização eclesiástica. Os adventistas são chamados, nestes últimos dias, para ocupar uma posição com parável à de Noé antes do dilúvio, ou à de João Batista nos dias que precederam o aparecimento de Jesus, em Seu primeiro ad vento. Nosso propósito é preparar o caminho para a segunda vin da de Jesus pela pregação da mensagem de Apocalipse 14:6-12. Outrasdenominações podem continuar, ano após ano, suas ativi dades eclesiásticas, sem dar atenção ao evangelismo. Mas isso não pode acontecer com os adventistas! Seremos bem sucedidos ou falharemos exatamente na questão do evangelismo (SHULER, 1940, p. 20). Aristóteles, em sua História Natural, nos informa que, na Sicília, existe uma planta nos campos c nos bosques que possui tal fragrância que os cães perdem os rastros da presa e deixam de caçar. Tenhamos cuidado com essas ervas modernas. Sentimos hoje grande fascínio pelos computadores, pelos cursos universitá rios e outras coisas semelhantes; mas que esses perfumes não nos afastem da busca aos pecadores (SPURGEON, 1990, v. 2, p. 53). Definições de Evangelismo Billy Graham afirmou que o “evangelismo é a missão cen tral da Igreja. Sem ele, os crentes tornam-se introspectivos c sem 22 C.APÍ I LIL.O I - A IM P O R T Â N C IA D O t.VANC TT.ISM O propósito, o crescimento fica estagnado, a adoração se torna su perficial, e o egoísmo substitui a liberalidade” (apud HUSTON, 1986, p. 67). Outro autor famoso formulou a seguinte definição de evangelização: “evangelizar é um mendigo dizer a outro mendi go onde conseguir alimento” (NILES, 1953, p. 96). O episódio dos dois leprosos na porta de Samaria, que entraram no arraial dos sírios, encontrando grande fartura, numa época de fome na cidade, é, realmente, uma ilustração viva do que é evangelizar. Quando aqueles leprosos resolveram entrar na cidade e anunciar as boas notícias de que já havia pão para a sua fome, eles fizeram exatamente aquilo que temos que fazer com o mundo faminto de Deus (FERREIRA, 1995, p. 35). O evangelismo bem sucedido deve ser entendido como um processo de ganhar pessoas para Jesus Cristo e ajudá-las a serem transformadas por Deus em membros responsáveis da Igreja e preparados para a vinda de Jesus. Em meu relacio namento com minha esposa, por exemplo, houve um processo de cortejo, namoro e noivado que precedeu o evento do casamento. E raro as pessoas se tomarem noivos ou se casarem no primeiro encontro. E não é diferente no evangelismo. Nas últimas décadas, o evangelismo tem sido centrado apenas na fase do noivado, ou seja, com seu foco posto em pessoas em estado avançado de conhecimento espiritual, prontas para tomar uma decisão rápida. Mas, na realidade dessa cultura secularizada, precisamos dar mais atenção ao processo de amadurecer pessoas gradativamente até que estejam preparadas para a colheita e sejam integradas à Igre ja. Especialistas sugerem três componentes para esse processo. O primeiro é o evangelismo da presença (P) cujo alvo é atender as necessidades das pessoas e criar uma disposição para ouvir o evangelho; o evangelismo da proclamação (2P), encarregado de comunicar o conteúdo do evangelho; e o evangelismo da persua são (3P), quando pessoas são batizadas e se tomam membros responsáveis da Igreja (MIRANDA, 1989, p. 48-49). Uma campanha evangelística não é um substituto para a 23 M A N U A L P A IIA L V A N ( .1L IS TAS responsabilidade de evangelizar de qualquer igreja. Ela não co municará saúde espiritual a igrejas que não têm dado ênfase à evangclização durante anos. Antes, campanhas evangelísticas de vem ser vistas como um método suplementar para ajudar Igrejas saudáveis, que já estão envolvidas em outras formas de testemu nho na comunidade ou que desejam estabelecer novas igrejas. Eu creio que a proclamação evangelística é apenas um elo na corren te da estratégia de crescimento da igreja, um passo no processo de fazer discípulos para Jesus. Ajomada para Cristo é diferente para várias pessoas, mas uma coisa é clara: é uma jornada. E o evangelismo público deve ser visto como uma ferramenta para ajudar pessoas a cruzarem a linha da decisão para a continuidade do seu crescimento espiritual. As campanhas são eficientes quan do deixam de ser eventos isolados, com fim em si mesmos, para ser parte de um processo de alcançar alvos em longo prazo. E mais uma missão urbana que emprega uma variedade de métodos baseados em princípios bíblicos. Naturalmente, nem todos os eventos e atividades de uma Igreja podem ser devidamente chamados de evangelismo; por outro lado, o termo evangelismo não pode ser restringido meramente ao trabalho profissional de um reavivalista itinerante de uma associa ção que se dedica, em tempo integral, à pregação pública. Uma variedade de termos demonstra a abrangência do ensino do Novo Testamento sobre o assunto. Termos Bíblicos para o Evangelismo A palavra básica para evangelismo no Novo Testamento é evaggelizomai, que significa “anunciar as boas novas.” Essa era a tarefa espontânea dos cristãos perseguidos em muitos lugares para onde eram espalhados (N1CHOL, 1988, v. 6, p. 215). O segun do termo é kerysso, significando “proclamar como um arauto.” Essa forma implica uma pregação mais formal e organizada, tal como a que foi apresentada por João Batista, Filipe e Jesus (Mt 3:1; 4:17; 24 At 8:5) (NICHOL, 1988, v. 6, p. 215). Um terceiro termo relacionado ao evangel ismo é martvreo que ori ginou a palavra “mártir,” ou seja, alguém que dá testemunho de fatos experimentados. Um mártir é aquele que testemunha por palavras e ações. Para muitos cristãos, era melhor morrer a parar de testemunhar de Cristo. E o último termo a ser considerado é malhe teou, principal verbo da passagem de Mateus 28:19-20, que nos ordena a ir e fazer discípulos. A Grande Comissão não é apenas uma grande sugestão! Não devemos apenas proclamar as boas novas e levar pessoas ao batismo; devemos fazer discípulos. O produto final da Grande Comissão são discípulos maduros e comprometidos com Cristo. Esse assunto será discutido, com mais detalhes no capítulo “Após o Batismo.” Para ilustrar esse ponto, pode-se comparar a Igreja a uma linha de montagem de automóveis. No início da linha, o produto bruto é usado para fazer as peças, motor e chassi. No final da linha de produção, os carros devem sair para o uso dos compra dores em suas atividades diárias. Porém, algumas Igrejas se espe cializam em um único segmento da linha de montagem: não fazem esforço sério para coletar a matéria bruta necessária para se faze rem carros. Outras o fazem de maneira incompleta: há pouco es forço para liberar carros novos para a estrada. O alvo é manter os carros sempre revisados e polidos para a feira de automóveis! E ainda há uma terceira categoria de Igrejas cuja missão é simples mente fornecer oficina de manutenção para carros usados, onde pára-brisas são lavados, fluidos são checados e a pressão dos pneus é verificada. Essa “Grande Comissão” de evangelizar o mundo visan do fazer discípulos c estabelecer novas igrejas deve acontecer em dois níveis complementares: espontâneo e estratégico (POINTER, 1984, p. 93). O evangel ismo espontâneo envolve cada crente no testemunho pessoal no círculo de seus relacionamentos duran te as suas atividades diárias (Jo 1:40-45; 9:25; Lc 8:39). Quando o crente expressa seu amor e fé, em seus relacionamentos com os _____________________ l A P ÍI l l l . O I A IM P O R I Á N U A D O L V A N (,1 I.1 S M Ü 25 M A N LIA 1, 1’A I IA EVANGELISTAS descrentes, a fé é partilhada e o Caminho é revelado. Eles apren dem com o seu exemplo no que crer e como se comportar (Mt 5:14-16). O evangelismo estratégico envolve missões planeja das, programas, eventos, serviços, cruzadas evangelísticas e ativi dades para descobrir novas pessoas receptivas ao evangelho (Lc 9:1-6; 10:1-20; At 13:16-52; 14:1-28; 19:8-22). Quando Jesus deu o mandato evangelístico, Sua estratégia incluía também o as pecto cultural e geográfico. Deveriam evangelizar todos os povos, “começando por Jerusalém, até os confins da terra” (At 1:8). Princípios do Evangelismo Eficiente Um evangelismo bem sucedido e com resultados perma nentes ocorre quando certos princípios bíblicos são reconhecidos e empregados. Primeiro, a colheita deve ser precedida pela semeadu- ra. Esse princípio precisaser corretamente entendido para que ocorra um evangelismo eficiente. Sem uma semcadura adequada, aqueles que foram capacitados para ceifar experimentarão frus tração e uma colheita minguada. Mas o inverso também é verda de: se a igreja não providenciar oportunidades e obreiros treina dos para colher, os semeadores ficarão frustrados. Os crentes dis persados de Jerusalém (At 8:1) retornaram para evangelizar os territórios da Galiléia e Samaria e lá eles viram igrejas se multipli carem (9:31). Tiveram o privilégio de trabalhar numa área prepa rada por Jesus. O mesmo ocorreu com os evangelismos de Filipe (8:5-25) e Pedro (5:14-16) naquela região. Segundo, o evangelismo é fundamentado nos relaciona mentos. O exemplo mais evidente no Novo Testamento é o de André, que encontrou seu irmão Simão e o apresentou a Jesus (Jo 1:40-42). Cada cristão tem uma rede de relacionamentos em sua vida. Pesquisas realizadas com o Programa Vida Total confirmam as descobertas de especialistas em evangelismo, que afirmam que 75 por cento dos conversos foram levados por algum cristão (Ope 26 ração André). Terceiro, é necessário organização para se ter eficiên cia. Moisés recebeu um bom conselho de seu sogro Jctro, que percebeu a ineficiência administrativa dc um sistema centralizador. Para julgar o povo, ele deveria dividir e delegar responsabilidades (Ex 18:13-26). A “D-3” pode ser recomendada aqui: primeiro, dividiras tarefas nas diferentes áreas relacionadas ao evangelismo; segundo, delegar cada tarefa a pessoas capazes, de acordo com o seu dom ou talento; e, terceiro, definir prazos para o témiino das atividades. Quarto, o evangelismo deve ser estabelecido com metas de fé . O estabelecimento de alvos produz maiores resultados por que os alvos determinam nossas prioridades e as prioridades de terminam nossa agenda. Não ter alvos é também um “alvo,” pois se não visamos um objetivo específico, certamente não o alcança remos. Alvos têm de ser estabelecidos para cada fase da campa nha, tais como alvos de pessoas contatadas, freqüência de públi co, literatura distribuída, pessoas envolvidas na oração, dentre outros. Quinto, o evangelismo deve treinaras pessoas para que assumam responsabilidades. Ao escrever a Timóteo, Paulo ins truiu: “E o que de minha parte ouviste através de muitas testemu nhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros” (2 Tm 2:2). E Jetro exortou seu genro Moisés a treinar homens para assumir responsabilidades, aliviando-se, as sim, das tarefas pesadas: “ensina-lhes os estatutos... e a obra que devem fazer” (Êx 18:20). O treinamento é tão essencial na prepa ração para o evangelismo quanto o é em qualquer outra área da vida. É irrealístico esperar bom desempenho de alguém que não recebeu os recursos de um bom treinamento. Sexto, o envolvimento produz comprometimento. Quan do alguém se envolve com o processo e participa nas decisões, ele ou ela se torna comprometido com os alvos do programa. Se alguém concorda em servir como recepcionista ou diretor de mú- _____________________ l A P iT lI l.O 1 - A IM P O K IÁ N U A D O L V A N C .Il.ISMO 27 sícíi, o seu comprometimento influenciará suas orações, dinheiro, tempo e família. Por isso, o alvo de qualquer série evangelística é envolver muitas pessoas, com antecedência, em tarefas significati vas. O item do envolvimento traz à mente algumas perguntas rele vantes tais como: “por que devo me envolver” ou “a igreja está madura para realizar um esforço como este?” Daí a importância de relembrar alguns pré-requisitos para se iniciarem os preparati vos para uma campanha evangelística. Pré-requisitos para uma Campanha Evangelística Primeiro, deve haver um clima de insatisfação pelo cresci mento experimentado pela igreja bem como preocupação e ora ção pela humanidade perdida. Geralmente, essa inquietação co meça com uma ou duas pessoas. Segundo, é importante ter uma igreja saudável onde haja o envolvimento dos membros. O evangelismo pessoal requer ape nas um crente e um perdido; evangelismo em pequenos grupos envolve umas poucas pessoas; mas uma cruzada visando o plantio de uma igrejana comunidade requer a participação de muitas pes soas por causa da visibilidade do evento e da abrangência de seus resultados. Terceiro, é necessário haver investimento na capacitação da liderança, na organiazaçào de classes e gmpos, bem como em terrenos e casas de culto. Escolher um auditório de acesso fácil, que seja bem loealizado, é importante para acomodar uma multi dão em potencial. Pessoas do lado de fora da igreja irão julgar a importância pelo local escolhido para as pregações. Da mesma maneira a igreja precisa ter pessoas treinadas e estruturas disponí veis para assimilar os membros. Caso estes princípios sejam con siderados e estes requisitos atendidos, o passo seguinte é prepa- tai o evangelista para, em seguida, planejar e realizar o projeto. M A N tIM . IVM IA I VAN C.l L IS IAS__________________________________________ H C A P ÍT U L O I - A IMPORT Â N C IA D O 1 V A N ( ,11 ISM O Leitura Adicional: WHITE, Ellen G. Evangelismo. Tatuí, SP: Casa Publicadora Bra sileira, 1978.p . 15-24. Capítulo 2 O Preparo do Evangelista Peter Wagner (1979, p. 172) observou que uma estimati va realista dos dons espirituais na Igreja Cristã apontava a aproxi madamente 10 porcento dos membros adultos como possuidores do dom de evangelismo. Porém, a Bíblia sustenta o conceito de que pessoas pri mariamente capacitadas em outros dons podem ocasionalmente exercitar o dom de evangelismo, embora de maneira mais limita da. Timóteo, cujo dom parece ter sido o de pastor-mestre, foi aconselhado a fazer “o trabalho de evangelista” (2 Tm 4:5). O exemplo do diácono Filipe (At 8:5-40; 21:8) é outra evidência de que esse dom não pode ser confinado ao evangelista vocacionado apenas. Uma vez esclarecido esse ponto, você poderá perguntar: “Quando é a melhor ocasião para o evangelismo?” A luz das ne cessidades do mundo, só pode haver uma única resposta: “ago ra.” “Mas,” você poderá dizer: “isso é precipitação. Como posso sair e começar a pregar sem a devida preparação?” A resposta forçosamente será: “se você não está pronto agora, você já está atrasado!” (WOOSLEY, 1972, p. 15). White deu grande impor tância ao preparo visando à eficiência dos evangelistas (ver Apên dice 28): Muito se tem perdido para a causa devido ao trabalho imperfeito de homens, dotados de aptidões, mas que 31 M A N U A L PAR A E V A N t ,1 LISTAS não receberam o devido preparo. Empenharam-se numa obra cuja prática não entendiam e, cm resultado, pouco chegaram a realizar. Não fizeram a décima parte do que poderíam ter feito, houvessem eles recebido a ne cessária disciplina a princípio. Apoderaram-se de algu mas idéias, procuraram assenhorear-se de alguns dis cursos, e aí findou seu progresso (WHITE, 1978, p. 78). A primeira preparação que o evangelista faz é dentro de si mesmo. Naturalmente, esse preparo não pode esperar até que o local e a data da próxima campanha tenham sido escolhidos, mas deve ser algo constante em sua vida. Pregar não é uma arte, mas uma encarnação. Philip Brooks afirmou que pregação é a apre sentação da “verdade através da personalidade” (apud ALLISON; ANDERSON, 2003, p. 23). Qualquer coisa menos do que isso é artificial. Isso sugere que o primeiro elemento no preparo de um evangelista é ter uma experiência pessoal com Jesus. O evangelista precisa conhecer a Cristo por si mesmo, antes de po der prcgá-Lo a outros. Weslcy tinha sido um missionário na Geórgia, mas fracassou porque estava faltando algo em sua vida. Após desistir do seu trabalho ali, ele escreveu em seu diário: “Fui à América converter os pagãos, mas, oh, quem me converterá a mim?” (SHORT, 1963, p. 80). Foi depois de sua experiência de conversão numa reunião de oração em Aldersgate, quando sentiu “o coração estranhamente aquecido,” que Deus trabalhou em sua vidana conversão de milhares de pessoas. Ter uma experiência pessoal com Jesus significa conhccê-Lo como seu Salvador pes soal, Amigo e Companheiro. Conhecê-Lo como Aquele que ouve as orações por sabedoria, perdão dos pecados e para obter força contra a tentação. Spurgeon afirmou que “os pregadores devem trovejar quando pregam e relampejar quando conversam; devem arder na oração e brilhar na vida. Se não são Sansões espirituais, como as 32 portas do inferno poderão ser levantadas nos seus gonzos?” (SPURGEON. Op. Cit, p. 10). Ele ou ela precisa se consagrar para a sua obra, não por causa do salário, nem por promoção, ou por publicidade, mas pela importância da obra que lhe foi con lia da: proclamar o evangelho e levar almas à decisão. Esse deve ser o seu primeiro objetivo. Além de ter uma experiência pessoal com Cristo, o evangelista precisa desenvolver o caráter, buscando ter uma vida irrepreensível (1 Co 1:8; Ef 1:4; F1 2:15). Naturalmente, não se exige que seja perfeito, porque isso seria impossível. Mas o evangelista deve ser uma pessoa digna, de caráter firme, de hábi tos morais puros. Não deve ser dado a bebidas alcoólicas e a outros vícios. Não deve ser mundano. Deve conviver bem com a família e portar-se de tal maneira que não cause escândalo (1 Co 10:31,32; 2 Co 6:1-3). Pessoas tendem a ser persuadidas à ver dade quando percebem que o comunicador é bem informado, está interessado em seu bem-estar e vive o que ensina (E1UNTER111, 1992, p. 75). Quando vemos um atleta num comercial de televi são atribuindo uma revolução em sua vida social ao uso de deter minado perfume, pensamos: “será que ele realmente usa esse per fume? Isso fez diferença em sua vida ou ele é apenas um propa- gandista pago dessa companhia?” Olhando para nós, as pessoas fazem a mesma pergunta: “o cristianismo fez diferença em sua vida, ele pratica o que prega ou é apenas um propagandista de uma Igreja organizada?” Caráter é poder. “O silente testemunho de uma vida piedosa, verdadeira e altruísta possui uma irresistível in fluência. Revelando em nossa vida o caráter de Cristo, nós coo peramos com Ele na obra de salvar almas” (WH1TE, 1900, p. 340). Spurgeon (1983, p. 56) costumava dizer aos seus alunos que ouviu “a história do evangelista que pregava tão bem e vivia tão mal que, quando estava no púlpito, toda gente dizia que cie não devia sair mais de lá, e quando estava fora dele, todos decla ravam que ele não deveria voltar a ocupá-lo”. Que Deus nos livre de tal coisa. ___________________________C A r i I LILO .2 - O n u PARO I ) P 1 V A N ( .11 Is I \ 33 M A N U A L PAU A EVANGELISTAS Um elemento evidente na vida dos evangelistas que mar caram época tendo experimentado grande medida de sucesso em seu ministério é ter paixão pelas almas. Esse sentimento, desen volvido por uma presença interior do Espírito de Deus, tem carac terizado todo verdadeiro ganhador de almas. E quanto mais o evangelista ora e prega, mais ardente se toma essa chama em seu coração. Paulo clamou: “Ai de mim se não pregar o evangelho” e John Knox orou: “Dá-me a Escócia ou eu morro.” Evangelismo é a paixão que motivou George Whitefield a atravessar o oceano Atlântico treze vezes em embarcações frágeis para pregar nas colônias americanas. E David Brainerd tossindo sangue de seus pulmões com tuberculose enquanto ora pelos índi os norte-americanos na neve. E quando o general William Booth, aos 75 anos de idade, foi convidado ao Palácio de Buckinghan por Eduardo VII, ele resumiu a obra de sua vida ao assinar o livro de visitas do rei: “Sua Majestade, a ambição de alguns homens é a arte, a ambição de outros é a fama, e alguns homens ambicionam o ouro. Mas a minha ambição são as almas dos homens” (FINLEY, 1994, p. 90). Outra qualificação é ter boa saúde. White afirmou que “O caráter e a eficiência da obra dependem largamente das con dições físicas do obreiro... Muito sermão tem recebido uma som bra escura vindo da indigestão do ministro” (WHITE, 1976, p. 43). E ela continua: “Eu sou instruída a dizer aos meus irmãos no ministério: Pela intemperança no comer, vocês se desqualificam em ver claramente a diferença entre o sagrado e o comum” (WHITE, 1953, v. 7, p. 258). Para ter boa saúde, o evangelista não pode se esquecer do seu exercício. Mesmo em meio à mais estressante campanha, ele pode programar o dia de modo a permitir tempo para o vigoroso exercício. A caminhada e o ciclismo poderíam ser boas opções pela facilidade de sua prática. Quando Robert McCheyne, o jovem e santo ministro escocês, jazia morrendo, à idade de vinte e nove anos, ele se voltou para um amigo sentado ao seu lado e disse: 34 “Deus me deu uma mensagem para entregar e um cavalo para cavalgar. Bolas, matei o cavalo de exaustão e agora não posso entregar a mensagem! ” O evangelista precisa dar atenção a sua aparência pessoal. White adverte alguns pregadores de que “a perda de algumas almas será relacionada, afinal, com o desalinho do ministro” (ou o pregador), pois “não puderam de maneira alguma, relacionar sua aparência com as verdades por ele apresentadas” (WHITE, 1978, p. 671). Esta citação é forte. Isso significa que, pelo descuido com nossas roupas, pelo mau gosto na escolha das cores, por não vestir roupas limpas, por não manter nossas unhas limpas ou os cabelos alinhados, poderemos ser o meio de perdição de algumas almas. Muitas pessoas são sensíveis quanto a essas coisas, e não ouvirão o que nós dizemos, se forem repelidas pela maneira pela qual vestimos. Por outro lado, a extravagância no vestuário também é uma pedra de tropeço para os descrentes c um embaraço aos mais pobres por revelar o orgulho no coração do evangelista. Alguém descreveu a maneira com que certo evangelista se apresentou cm seu auditório, vestido em traje esplêndido e chamativo, com uma bela rosa na lapela. As lâmpadas do auditório se apagaram enquanto fortes refletores lançaram luz sobre ele. Enquanto entrava triunfante, ao som de música retumbante, ele tomou o microfone para saudar o público e orar: “Senhor, esconda- me detrás da cruz!” Ora, se queria de fato se esconder, por que se esforçou tanto para tomar-sc visível? Existe também a questão da voz. Uma entonação de voz alta é um esforço desgastante tanto para quem fala, quanto para quem ouve. Ele não poderá pregar assim todas as noites sem que traga transtorno para si. E a audiência que tem de ouvir o seu gritante discurso, rápido se cansará e deixará de vir. “Esse gritar, porém, que faz?... Causa uma sensação de desagrado nos ouvintes, e fatiga os órgãos vocais do orador. Os tons de voz têm muita influência em afetar o coração dos que ouvem” (WHITE, 1978, p. 667). í APÍ I LILO 2 - O PllI PARO l )ü 1 V A N ( ,11 IS IA 35 M A N U A L P A IIA EVANC.LLISTAS Nossa voz precisa ser treinada a falar bem, assim como nossos dedos são treinados para usar o teclado do computador. “Deve prestar-se cuidadosa atenção para se obter uma articulação distinta, sons macios e bem modulados, e uma enunciação não demasiado rápida” (WH1TE, 1978, p. 669). Veja Demóstenes com pedras na boca, argumentando com as ruidosas e encapeladas ondas, para que fosse capaz de fazer-se ouvir nas tumultuadas assembléias, e falando, enquanto subia, correndo, morro acima, para que seus pulmões acumulassem força. Uma boa voz exige o correto uso do diafragma. Muitos evangelistas de êxito usam suspensórios para segurar as calças, cm vez de cinto; isso deixa livres os órgãos internos e permite o uso do diafragma Dê algumas considerações aos seus gestos antes da reunião, não durante seu sermão! Gestos devem ser espontâneos, originando dos pensamentos que você expressa e ajudando as palavras a expressar o pensamento. Viva o seu sermão diante dos olhos de sua audiência. Mas não represente, nem se torne monótono ou repetitivo nos gestos. Alguns oradores, equipados com microfone sem fio, acham que devem andar para frente e para trás na plataforma para reter a atençãodas pessoas. Cuidado. Aqueles que assentam na primeira fileira, se sentirão como espectadores de uma partida dc tênis. Mobilidade para o orador é desejável, mas evite imitar um bicho enjaulado. O evangelista que não está constantemente estudando e buscando aprimorar-se não é digno do seu chamado. Ele necessita conhecer sua Bíblia, tanto o que ela diz quanto onde encontrar os textos necessários. Precisa estudar a natureza dos homens, como atrair sua atenção e manter o interesse, e como levá-los a uma decisão. O evangelista necessita também estar bem informado sobre os eventos do dia a dia, para que possa pregar inteligentemente acerca do cumprimento das profecias. O conselho dc Paulo a Timóteo: “aplica-te à leitura,” sem dúvida referia-se à leitura pública das Escrituras do Velho Testamento. Sua admoestação, contudo, é muito apropriada para outros tipos de 3 6 leitura também. Ellen White menciona que alguns podem fazer mais, caso estejam dispostos a pagar o preço cm diligente estudo: Nossos pastores terão de prestar contas a Deus por deixarem enferrujar os talentos que Ele lhes entregou para melhorar pelo exercício. Podiam ter feito, inteligentemente, trabalho dez vezes maior, sc tivessem se preocupado em tomarem-se gigantes intelectuais. Toda a experiência deles em sua elevada vocação é diminuída porque se contentam em permanecer onde estão (WHITE, 1964, p. 194). João Wesley tinha verdadeira paixão pela leitura, a maior parte da qual ele fazia enquanto cavalgava. As vezes ele percorria 150 quilômetros, e freqüentemcnte 80 quilômetros, num dia, a cavalo. Tinha o hábito de viajar com um volume de ciências; ou história, ou de medicina, enfiado no bolsão da sela e, dessa maneira, devorou milhares de livros (SHORT, 1963, p. 271). Trcs grandes livros dominaram a vida de Wesley e seu coração, durante seus dias em Oxford: A imitação de Cristo e Viver e morrer em santidade. Ele dizia aos jovens pregadores das sociedades que deviam ler ou deixar o ministério! Como parte de sua preparação para uma campanha evangelística, leia os livros Obreiros evangélicos e Evangelismo, de Ellen White. O último livro, especial mente, nunca deveria estar fora do seu alcance durante uma campanha. Assine a revista Ministério; estude c arquive os artigos sobre evangelismo que aparecem em cada exemplar. O evangelista bem preparado incluirá em sua preparação um estudo sobre o povo c os costumes da localidade onde ele trabalhará. Deveria familiarizar-se com a história da cidade, ou se há qualquer especial característica que distingue seus habitantes. São eles progressistas ou retrógrados? Confortavelmente ricos ou miseravelmente pobres? Deveria conhecer também seus costumes religiosos, não para argumentar contra eles, mas para entender como alcançá-los com a mensagem salvadora de Cristo. C A P ÍI U LO 2 - O l’R I PARO I ) 0 I V A N ( ,11 M \ 37 M A N U A L PARA ! VANGCL1STAS O último item a ser mencionado aqui acerca do preparo pessoal do evangelista é a sua preparação de sermões. Este não deveria ser necessariamente o último passo. A tendência de alguns é esperar e preparar cada sermão durante a campanha. Mas o preparo de sermões pode consumir todo o tempo do evangelista, e isso seria um desastre, como você perceberá no capítulo sobre a visitação no evangelismo. Por outro lado, não c bom ter “sermões em conserva,” isto é, sennões preparados com antecedência, sejam pelo evangelista ou qualquer outro, e no momento apontado, pregá- lo à audiência sem fazer uma particular adaptação a suas necessidades. Assim, c bom para o evangelista gastar tempo, antes do início das reuniões, num esforço dc preparar as mensagens básicas dc variados temas, c acrescentar ilustrações e pontos adicionais adaptáveis ao contexto do local. Da mesma maneira, sermões pregados pela segunda ou terceira vez devem scr estudados e melhorados antes dc ser pregados novamente. Isso é bom para o evangelista e melhor para a audiência. Eu sei que tudo o que foi abordado pode já ser familiar ao evangelista, porém relembrar estes pontos sempre se faz necessário para o nosso crescimento. Concluindo, o evangelista deve ter uma vida comprometida com Cristo, ser cheio do Espírito Santo, disciplinado na oração e no estudo da Palavra, esforçado em desenvolver seu dom e consumido pela paixão de espalhar as boas novas da salvação em Jesus Cristo. Um diálogo ocorrido entre dois jovens em 1867, no banco de um parque em Dublin, Irlanda, ilustra a necessidade de melhores homens nesse ramo especial da obra de Deus. Um professor chamado Henry Varley desafiou um jovem pregador visitante com as seguintes palavras: “O mundo espera ver o que Deus fará com um homem inteiramente consagrado a Ele.” Ele não disse um grande homem, nem um homem com educação superior. Ele não disse um homem rico. Ele apenas disse um homem totalmente consagrado a Deus. O outro homem meditou naquelas palavras durante algumas semanas. Isso o impressionou de tal maneira que um dia ele exclamou: “Pela graça de Deus, eu serei esse homem.” Os historiadores hoje dizem que esse jovem foi responsável pelo despertamento de dois continentes para Jesus. O seu nome era Dwight L. Moody (JIUSTON, 1984, p. 167). Leitura Adicional: WHITE, Ellen G. Evangelismo. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1978. p. 628-691. ______________. Serviço cristão. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1984. p. 223-256. C A P i I I I 1.0 2 - O P IU PARO D O I VAN< ,1 I.IS IA 39 Capítulo 3 0 Processo Organizacional Gideão estava apavorado quando seu exército, inadequado mesmo com trinta e dois mil, foi reduzido a apenas trezentos ho mens. Mas esses trezentos, organizados, treinados e cheios do poder de Deus, foram capazes de derrotar uma incontável hoste. 0 evangelismo público envolve tantos detalhes que um excelente obreiro se torna desesperadamente confuso, a menos que organi ze o seu trabalho. A diferença entre exército e turba é a organização. Lutan do numa guerra, o exército tem de ter suficientes soldados na hora certa, no lugar certo, com o equipamento certo sob a liderança certa. Tem de ter um plano de ação e um plano alternativo. Preci sa de comida para os homens, combustível para os equipamentos, munição para as armas, adequada comunicação, meio rápido de transporte e centenas de outros detalhes. Pensem no planejamento que levou à invasão aliada na Luropa em 1944, coordenada pelo general americano David 1 ■ isenhower. Ele comandava cerca de 3 milhões de soldados, uma armada de mais de 4.000 navios que carregavam 500 mil veícu los. Para o êxito da missão, cerca de 160 novas bases foram ins taladas e foram construídos 20 mil oleodutos sob o Canal da Mancha. Neste plano, as condições meteorológicas foram regu larmente avaliadas a fim de que o desembarque acontecido em 6 de junho tivesse completo sucesso (Seleções do Reader’s Digest, 1969, p. 176-178). 41 M A N U A L , PAR A EVANGELISTAS Este mesmo planejamento, cronograma e senso de orga nização caracterizam um esforço bem sucedido de evangelismo, que apropriadamente usa o termo de “campanha.” Ellen White destaca a importância de seguir um plano organizado para o êxito da série evangelística: O êxito apenas pode acompanhar a ordem e a ação harmoniosa. Deus requer ordem e método em Sua obra hoje, não menos do que nos dias de Israel. Todos os que estão a trabalhar para Ele devem fazê-lo inteligen temente, não de maneira descuidada, casual. Ele quer que Sua obra seja feita com fé e exatidão, para que sobre ela ponha o sinal de Sua aprovação. E essencial trabalhar com ordem, seguindo um plano organizado e um alvo definido. Ninguém pode instruir devidamente a outros, a não ser que cuide que o traba lho a ser feito seja realizado sistematicamente e em ordem, de maneira que seja terminado no tempo pró prio. ...Planos bem definidos devem ser francamente apresentados a todos os que tenham que ver com eles, e deve haver a certeza de quetenham sido compreen didos. Então, exigi que todos os que se encontram na direção dos vários departamentos cooperem na execu ção desses planos. Se este certo e radical método for devidamente adotado e seguido com interesse e boa vontade, então se evitará muito trabalho feito sem qual quer objetivo definido, bem como muito atrito desne cessário (Wlrite, 1978, p. 93,94). Na gueixa e no evangelismo, é importante ter uma estraté gia bem definida para aumentar a eficiência, unir a equipe e avaliar a metodologia. Embora a estratégia não seja explicitamente men cionada no NT, ela é implícita e perceptível. O Espírito Santo é o grande estrategista no livro de Atos. Ele iniciou e capacitou os membros para o esforço missionário (At 1:8; 13:1 -4), bem como 42 direcionou e coordenou as suas atividades (At 8:29; 16:6-10). As seguintes observações mostram a estratégia que resultou no evangelismo e multiplicação de igrejas: 1. Alvo determinado: a Grande Comissão para fazer discípulos de Mateus 28:19-20 e Atos 1:8. Estabele cer alvos produz maiores resultados desde que eles determinem nossas prioridades. Metas desafiadoras devem ser estabelecidas ao longo do programa, tais como alvos de envolvimento dos membros na visitação, de inscrições de pessoas na comunidade, de pessoas atraídas pela operação André, de público freqiiente às reuniões, de pessoas batizadas e de pes soas envolvidas no processo de discipulado. 2. Local da pregação: Jerusalém, o centro de adora ção do VT, do Judaísmo e do início da Igreja. 3. Ocasião oportuna: milhares de judeus da diáspora, prosélitos e pessoas tementes a Deus enchiam Jeru salém por ocasião das celebrações religiosas. 4. Plano de continuidade: Deus providenciou estrutu ras e atividades para o desenvolvimento dos novos membros nas áreas espiritual, social e missionária (At 2:42-47). 5. Áreas preparadas: após a perseguição, os evangelistas foram para a Samaria, a Judeia e a Galileia, locais onde o próprio Jesus semeou a men sagem. Por isso, as igrejas prosperaram e se multipli caram (At 9:31). 6. Ministérios coordenados: cooperação e subordi _______________________ C A P ÍI U I.O 3 - O P R iX I SSO P K ( , A N I /A l IO N A I 43 M A N U A I. PAR A EVANGELISTAS nação deram força e direção ao movimento. Filipe não se importou que Pedro e João fossem enviados do “escritório” da igreja-mãe para inspecionar o tra balho em Samaria (At 8:4-25), nem os cristãos em Antioquia objetaram à supervisão de Bamabé, que veio de Jerusalém para esse fim (11:22-26). Coor denação também pode ser vista nas equipes de tra balho que apoiavam Paulo em seu esforço missioná rio (13:49; 19:7-10). Alguns têm uma noção errada de que para realizar uma campanha evangelística, de tudo o que precisam são “preces, pôsteres, o pregador e um prédio.” Durante muitos anos, a Asso ciação Evangelística Billy Graham tem organizado suas campa nhas com base em três fases distintas: preparação, proclamação e preservação. Estima-se que, em suas campanhas, cerca de 50% do esforço são gastos na preparação; 10 porcento na proclama ção c 40 porcento na preservação (ALL1SON; ANDERSON, 2003, p. 42). As fases envolvidas em um projeto evangelístico são quatro: organização, recrutamento, treinamento e função. Essas fases serão percebidas ao examinarmos a sequência dos eventos do projeto evangelístico, a fim de ajudar o evangelista e a lideran ça da igreja a entender e a organizar melhor o plano de atividades. Organização de uma Campanha Evangelística Uma campanha evangelística não começa nem termina quando o evangelista prega a primeira e a última conferência. Uma campanha bem sucedida é planejada meses antes do primeiro ser mão e se prolonga por meses depois que o evangelista deixou de apresentar-se em público. No início da carreira, o evangelista terá pouca ou nenhuma ajuda extra para organizar sua série. Terá de preparar, supervisionar o trabalho e ainda ser o pregador. Porém, com a experiência, ele poderá ter alguém na equipe que atue como 44 superintendente de campanha encarregado de ajudá-lo na organi zação de planos para o funcionamento da máquina evangelística. Esses planos incluem a área geral a ser considerada c os respectivos alvos da campanha. Para isso, decida quanto tempo a série vai durar, qual a principal abordagem e o melhor método de preparar o território. Rcúna os principais líderes de sua igreja e estabeleça as principais metas de ação, bem como uma data para o lançamento da campanha (isso deve ser feito em consulta com o pastor distrital) (ver Apêndice 1). Prepare um plano mostrando quem financiará a campanha, o seu orçamento, como será a con tinuidade e onde será o local da futura igreja. Com os planos em mãos, partilhe idéias com os demais líderes e, então, os apresente formalmente à comissão da igreja. Esta o remeterá à Comissão de Evangelização Distrital (se hou ver) que dará ao plano a ênfase que ele merece (detalhes olvida dos, sugestões positivas, etc.). Então, pregue um poderoso ser mão missionário mostrando as necessidades de se evangelizar a área. Apresente à igreja os planos já aprovados pela comissão da igreja. Peça a dois membros da comissão que expressem o seu entusiasmo pelo plano c consiga que a igreja toda vote os planos. Assim procedendo, a campanha será um projeto da igreja, não seu. Caso os planos envolvam todo o distrito ou uma associa ção de igrejas, uma grande convocação para inspiração e instru ção concluiría a fase de organização e iniciaria a fase de recruta mento. A primeira parte dessa programação deve ser ocupada com inspiração, através de cânticos congregacionais que enfatizem a missão, clips apropriados, músicas e boa pregação. Na segunda parte, convém apresentar instruções específicas sobre a cruzada evangelística. Sugere-se dividir os líderes em grupos e fornecer- lhes esboços que apresentem as várias etapas e estratégias de trabalho. Devem ser apresentados os prazos finais para a execu ção das tarefas c pedir-lhes que estabeleçam alvos para cada ta refa bem como datas para enviarem os relatórios finais. _______________________ 1 'A I ’ Í I U L Ü j - O P IN X I SSQ O R( ,A N I / A l IP N .M . 45 M A N U A L PA R A L V A N ( iEL.ISTAS Em adição a esses requisitos, deve-se pedir a cada líder que ore regularmente pelos preparativos e pelas pessoas a serem alcançadas pelo evangelho. Além de um resumo do programa com as principais datas e eventos, pastores e líderes congregacionais devem receber uma descrição de suas responsabilidades por es crito. A seguir, apresentaremos uma sequência sugestiva de im portantes passos a serem considerados para o bom êxito de uma campanha (AESCHLIMANN, 1992, p. 201-207): 1. Escolha do lugar: pode ser que um campo local dese je fortificar a obra em certo lugar, ou que se queira abrir obra nova. 2. Consenso favorável: deve-se desejar que haja um consenso favorável com respeito à escolha do lugar por parte do campo local, do evangelista, do pastor e das igrejas. 3. Planejamento: uma vez escolhido o lugar e conhecido pelo evangelista, este traça os planos provisórios da campanha. Tais planos incluem a estratégia da cam panha, a duração, o lugar sugerido para as conferên cias, o temário, a equipe, o plano de preparação do terreno, os materiais necessários, o programa de trei namento e o calendário de eventos da campanha (ba tismos, datas e programas). 4. Discussão e aprovação dos planos: o evangelista sub mete os planos ao campo local. Discute-se o mesmo e são feitas sugestões para melhorá-lo. Os planos são apresentados aos pastores envolvidos e são ouvidas suas sugestões. O mesmo se faz com os líderes da igreja. 46 5. Grande convocação missionária: os planos aprova dos são comunicados detalhadamente aos membros do distrito ou campo local a fim de que haja a partici pação de todos. 6. Preparação espiritual da igreja: deve-se criar um am biente de comprometimento da igreja. Se na campanha participam pregadores leigos, é necessário capacitá-los com antecedência. Também se faz ne cessário capacitar os que preparam o terreno e os que formam as equipes. 7. Nomeação e treinamento das equipes: pelo menos dois meses antes, nomeiam-se as equipes que atua rão como suporte da campanha (recepcionistas, mú sica, equipamentos, preparo do terreno, dentre ou tras). Tambcm se faz necessário capacitar essas equi pes de serviço, explicando-lhes detalhadamente suas responsabilidades. 8. Preparação do terreno: a maioria das campanhas é de colheita, mas uma colheita bem sucedida deve ser precedida por um esforço de semeadura, e esta se faz com meses de antecedência pela equipe ou pela igreja local. O ideal é que, no início das conferências, haja centenas de pessoas quase totalmente instruídas na verdade e praticando a maior parte das doutrinas. Então as conferências recapitulam a verdade e con duzem as pessoas à decisão. 9. Propaganda: interna (Operação André) e externa (convites, rádio e TV, outdoors, etc.). ______________ i A P ÍI L li.O 5 - O P l t iX I ,s>Q O K( .A N I / A i IO N A I ■17 M A N U A L PAR A LVANGF.LISTAS 10. A série de conferências: deve ter duração apropriada e ser acompanhada por uma classe bíblica. 11. Continuidade do processo de discipulado por meio de um programa de conservação, enquanto se deci de o local da nova igreja. 12. Avaliação: devem-se avaliar os pontos altos da cam panha, os métodos e as idéias que deram bons e maus resultados, o desempenho da equipe, a adequação dos temas e devem-se fazer recomendações para o futuro. Leitura Adicional: WHITE, Ellen G. Evangelismo. Tatuí, SP: Casa Publicadora Bra sileira, 1978. p. 59-61; 110-115. ______________. Serviço cristão. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1984. p. 67-76. 48 Capítulo 4 Finanças e Orçamentos Um evangelista pode ser eficiente em ganhar almas, mas sc o dinheiro flui através dos seus dedos como água, sem o devido conhecimento e controle, ele estará em apuros. Não apenas po derá ter diminuído o seu orçamento evangel ístico na próxima cam panha, mas poderá ter a sua honestidade posta em dúvida! E ver dade que alguns bons, consagrados, talentosos homens não são bons financistas. Isto não os impede de serem efetivos na obra do Senhor, mas eles deveriam tentar superar essa deficiência e tomar precauções extras para que os fundos a eles confiados sejam manuseados sabiamente. O evangelista pode desejar que o tesou reiro da igreja local lide com os fundos, ou ele poderá apontar uma pessoa experiente do seu staff para controlar os gastos e os livros de caixa. Há princípios que deveriam nos guiar no uso dos recursos financeiros no evangelismo ou em qualquer outro empreendimen to da igreja. Ellen White deixou-nos os seguintes conselhos: O povo de Deus não deve sair cegamente e empregar os recursos de que não dispõe, nem sabe como obter. Temos que demonstrar sabedoria nas coisas que fizer mos. Cristo pôs diante de nós o plano pelo qual Sua obra deve ser dirigida. Os que desejarem construir têm que primeiramente sentar-se e calcular o custo, para ver se podem completar a construção do edifício. An 49 M A N U A L . PAR A EVANGELISTAS tes de começarem a executar os planos, devem acon selhar-se com sábios conselheiros. Todos os que trabalham em nossas grandes cidades devem ser cuidadosos sobre este assunto - pois em lugar algum se deve gastar inutilmente o dinheiro. Não é mediante demonstrações espetaculares que os ho mens e mulheres aprenderão o que a presente verdade encerra. Nossos obreiros devem fazer estrita econo mia. Deus proíbe qualquer extravagância. Cada dólar em nossas mãos deve ser gasto com economia. Não se deve fazer ostentação. O dinheiro de Deus deve ser usado para levar avante, segundo o Seu modo, a obra que Ele declarou deve ser feita no mundo. Por que devemos demorar quanto a começar o evangelismo em nossas cidades? Não temos que espe rar que se faça alguma coisa maravilhosa, ou que che guem equipamentos caros, a fim de que se faça grande exibição. Que c a palha em comparação com o trigo? Se andarmos e trabalharmos humildemente diante de Deus, Ele preparará o caminho à nossa frente (WHITE, 1978, p. 85,86). Fidelidade em pequenas campanhas levará a maiores res ponsabilidades e ampla eficiência em grandes séries, na medida em que o obreiro cresce em experiência. Ellen White recomenda estrita economia, não gastar o dinheiro em extravagâncias. Mas ela não se opunha ao gasto judicioso do dinheiro. Há dois extre mos a serem evitados quanto a finanças de campanha. Um é ex travagância ou o “grande dispêndio de meios em alguns lugares, sem considerarmos as necessidades dos muitos campos que pou co auxílio recebem” (WHITE, 1978, p. 86). O evangelista pode eliminar detalhes dispendiosos que podem ser atrativos, mas que não ajudam a ganhar almas. Determine desde o início a ficar den tro do orçamento aprovado. CAP11 L ILO 4 - 1 IN A N Ç .A S ! O IU , A M I N U \s O outro extremo é a penúria: extrema soviniee ou o “espí rito mesquinho” (WHITE, 1978, p.90). Não fique tão ansioso por poupar dinheiro que danifique a eficácia da campanha. Por exem plo, não imprima somente 2000 convites quando você pode dis tribuir 4000. Outro princípio da economia é gastar o seu dinheiro em boa qualidade de equipamentos e materiais. Comprando mais barato, logo terá de repor. Assim o barato acaba se tomando caro. Fontes de Fundos Hudson Taylor afirmou que “o trabalho de Deus feito à ma neira de Deus nunca carecerá do sustento de Deus”, este sustento poderá vir de quatro fontes de recursos. Sc há uma igreja em sua área, os membros provavelmente ficarão alegres em contribuir para as despesas da campanha. Especialmente se a campanha será conduzida em seu território, para o beneficio da sua igreja, na qual eles possam participar, para ganhar almas que eles possam ver. Algo que me ajudou a levantar fundos para financiar uma grande série no distrito foi participar os planos à igreja com meses de antecedência e solicitar fundos para uma poupança evangelística. Uma segunda fonte de recursos são as organizações superi ores. A Associação ou Missão poderá conceder uma verba espe cial destinada a este fim, mas você deverá considerá-la como uma reserva, e não como uma fonte principal. Apresente o seu orça mento ao evangelista ou ao secretário ministerial para obter su gestões acerca de itens importantes que foram esquecidos e fazer as necessárias correções antes de submetê-lo à mesa administra tiva. A terceira principal fonte de fundos serão as ofertas levanta das durante a campanha. Especialmente se ela ocorre na igreja local, pode-se dedicar um momento para um apelo em favor das despesas do programa: luz, aluguel, folhetos, etc. (WHITE, 1978, p. 89). Não há motivo de constrangimento se o apelo é feito de maneira positiva e breve. Pedir ofertas todas as noites é contra- 5 i M A N U A L . PARA LV A N C IL IS T A S produccntc. Isto transmite a impressão de que você está interes sado apenas no dinheiro deles, especialmente nesta era de des confiança por causa da exploração de alguns líderes evangélicos. Tirar ofertas uma só vez por semana é mais produtivo e evita cau sar má impressão. Vocc também poderá procurar pessoas de recursos, solici tando-lhes doações para a campanha (WHITE, 1978, p.88). Não olvide o fato de que os empresários são homens pragmáticos e experientes, portanto muito perspicazes em detectar exageros no orçamento. Geralmente dispõem de pouco tempo, e apreciam ver o planejamento e o orçamento de forma abreviada e rápida. Não se esqueça depois de agradecer a eles, mostrando os resultados em forma de fotos e vídeo. Orçamento Orçamento é o plano que o ajudará a distribuir sabiamente as despesas à luz das esperadas receitas até o fim da campanha. Nesta seção examinaremos alguns itens que precisam ser consi derados no orçamento. Não se pretende ser exaustivo aqui, mas
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