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Manual-para-evangelistas-Abdala-pdf (1)

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Prévia do material em texto

E M Í L I O A B D A L A
MANUAL PARA
EVANGELISTAS
ESTRATÉGIAS MODERNAS PARA SÉRIES 
DE COLHEITA E PLANTIO DE IGREJAS
Copyright©Emílio Abdala
Divisão Sul Americana da Igreja Adventista do Sétimo Dia
União Central da Igreja Adventista do Sétimo dia
Av. Magdalena Sanverino Grosso, 850
Jd. Resek II, Artur Nogueira, SP
CEP: 13160-000-Caixa Postal 101
Tel: (19) 3877-9000
Fax: (19)3877-9095
www.missaourbana.org
Editoração: Patrick Ferreira 
Projeto Gráfico: Patrick Ferreira
Revisão de Texto: Milton L. Torres, Natãn Fernandes Silva e Luis Nunes.
IMPRESSO NO BRASW Printed in Brazil
FICHA ELABORADA PELO SISTEMA DE BIBLIOTECA 
DAS FACULDADES ADVENTISTAS DA BAHIA
A1353m Abdala, Emílio.
Manual para evangelistas: estratégias modernas para 
séries de colheita e plantio de igrejas / Emílio Abdala. - 
Cachoeira: CPLIB.2013.
300 p.
bibliografia
1. Evangelismo. 2. Evangelismo público. 3. Crescimento 
de igreja. 4. Plantio de igreja I. Título. II. Centro de Pesquisas 
de Literatura Bíblica (CePLiB).
SCDD21 269.2
índice para catálogo sistemático:
1. Evangelismo. 2. Evangelismo público.
3. Crescimento de igreja. 4. Plantio de igreja
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, incluindo textos, 
imagens e desenhos, por qualquer meio, quer por sistemas gráficos, reprográficos, 
fotográficos, etc., assim como memorização e/ou recuperação parcial, ou inclusão 
deste trabalho em qualquer sistema ou arquivo de processamento de dados, sem 
prévia autorização escrita do autor e da editora, sujeitando o infrator às penas da 
lei disciplinadora da espécie.
http://www.missaourbana.org
índice
A presentação................................................................................ 05
Prefácio..........................................................................................07
Introdução: Está M orto o Evangelismo? ............................09
Capítulo 1: A Importância do Evangelismo........................ 19
Capítulo 2: O Preparo do Evangelista................................ 31
Capítulo 3: O Processo O rganizacional.............................. 41
Capítulo 4: F inanças e O rçamentos.......................................49
Capítulo 5: Preparando a Igreja..............................................57
Capítulo 6: Preparação do Território.................................. 67
Capítulo 7: Seleção e Preparação do Auditório..............85
Capítulo 8: Duração e Temas da Campanha.........................95
Capítulo 9: Equipamentos e Programa D iário 107
C apítulo 10: A nunciando a Campanha 117
Capítulo 11: M aneiras de A umentar a A ssistência......... 131
Capítulo 12: M úsica no Evangelismo................................. 141
Capítulo 13: Pregação Evangelística................................ 149
Capítulo 14: O A pelo Evangelístico Eficaz..................... 161
Capítulo 15: V isitando os Interessados para a D ecisão ..173
Capítulo 16: Festa Batismal............................................... 191
C apítulo 17: A pós o Batismo...................................................201
Epílogo .........................................................................................223
Apêndices.....................................................................................227
B ib lio g r a fia 291
Apresentação
Em alguns círculos o evangelismo público tem caído 
em desuso. Muitas igrejas estão assustadas com as perspectivas 
de alcançar as pessoas sem igreja que habitam as cidades, além 
das paredes de seus santuários. E muitos cristãos assumem que 
os dias de evangelismo público de massa passaram, preferindo 
recorrer a divulgação do evangelho apenas através da mídia 
ou de esforços individuais. Mas o evangelho de Jesus Cristo 
sempre foi uma questão de proclamação pública. Desde os 
primeiros dias da Igreja, em todos os tempos, o crescimento do 
cristianismo tem sido ligado à pregação pública das boas novas. 
Gostei do prefácio, onde autor assim introduz o livro:
Este livro é baseado na exortação de Paulo a Timóteo: 
“Faça a obra de um evangelista” (2 Tm 4:5). O meu 
propósito é desenvolver as implicações práticas deste 
mandado bíblico a pastores, evangelistas, missionários 
e membros voluntários em treinamento para esta obra. 
Vários fatores sugerem a necessidade deste livro. 
Primeiro, o mundo precisa ser evangelizado e a igreja 
de Deus é o agente principal. Apesar disto, muitos 
líderes são inexperientes na evangelização, alguns 
seminaristas lamentam a ausência de habilidade para o 
evangelismo e algumas igrejas são mais um obstáculo 
do que instrumentos de evangelismo. Segundo, não
5
M A N U A L PAR A LVANG LLIS1 AS
existem muitos livros recentes sobre a proclamação 
pública como a estratégia chave para o evangelismo. 
Há muitos livros sobre o evangelismo pessoal e o 
crescimento de igrejas, mas há uma escassez de 
material escrito sobre o evangelismo público. Pior, 
há uma carência de escritos que abordem os métodos 
bíblicos e práticos nesta área.
Neste livro, Emilio Abdala faz uma chamada para 
o renascimento da proclamação do Evangelho público. Ele 
mostra como Deus usou a pregação evangelística no passado 
e como ele pode ser praticado com pertinência e eficácia 
hoje. Recuperando proclamação pública, ele argumenta, 
é fundamental para a vitalidade e a missão permanente da 
Igreja. O Manual para Evangelistas é um livro muito prático 
e extremamente útil para capacitar novos evangelistas para a 
seara do Senhor.
Um recurso essencial para os cristãos que têm um 
espírito evangelístico na igreja local e para os especialistas e 
departamentais das associações e missões, este guia oferece 
esperança de que o cristianismo pode voltar a atingir as massas 
na praça pública. Eu recomendo este livro, porque não basta 
ser um adventista, tem que ser um evangelista!
Pr. Luís Gonçalves 
Evangelista da Divisão Sul Americana da IASD
(
Prefácio
Este livro é baseado na exortação de Paulo a Timóteo: 
“Faça a obra de um evangelista” (2 Tm 4:5). O meu propósito 
é desenvolver as implicações práticas deste mandado bíblico 
a pastores, evangelistas, missionários e membros voluntários 
em treinamento para esta obra. Vários fatores sugerem 
a necessidade deste livro. Primeiro, o mundo precisa ser 
evangelizado e a igreja de Deus é o agente principal. Apesar 
disto, muitos líderes são inexperientes na evangelização, 
alguns seminaristas lamentam a ausência de habilidade para o 
evangelismo e algumas igrejas são mais um obstáculo do que 
instrumentos de evangelismo. Segundo, não existem muitos 
livros recentes sobre a proclamação pública como a estratégia 
chave para o evangelismo. Também há uma carência de escritos 
que abordem os métodos bíblicos e práticos nesta área. Muitos 
manuais de treinamentos têm sido produzidos por diferentes 
evangelistas, alguns deles citados nesta obra e alguns com 
destacado trabalho. Terceiro e mais importante, o evangelismo 
hoje tem sido relegado a um pequeno grupo de entusiastas.
Um exame cuidadoso na Bíblia não deixa dúvidas 
de que o evangelismo não é uma opção, mas um mandado 
pastoral. Textos como Ezequiel 34:1-12, João 10:16, Atos 
20:17-38 e 2 Timóteo 4:5 ensinam que o papel do pastor não 
é apenas cuidar do rebanho, mas buscar o perdido através do
7
M A N U A L . PARA 1 \ \N ( , t l. lS T A S
evangelismo. Sua função de liderança é desempenhada de três 
maneiras: ensinando o evangelismo, modelando o evangelismo 
em sua vida e ministério e organizando a congregação para 
o evangelismo na comunidade. Por essa razão, esta obra se 
propõe a ajudar não só aos pastores e seminaristas dispostos 
a “fazer a obra de um evangelista,” mas às centenas de %
evangelistas voluntários que têm assistido às Escolas de 
Evangelismo, onde tenho sido convidado a falar.
Grande ênfase será dada neste livro ao “como” ou 
aos métodos mais eficazes de se realizar o evangelismo. Este 
material se propõe a detalhar a mecânica de uma série pública 
e os procedimentos a serem seguidos nos vários métodos de 
ganharalmas. Poucos métodos incluídos aqui são originais. 
Como muitos evangelistas, eu tomei emprestado, adaptei e usei 
os métodos que foram usados por outros homens experientes 
que, por sua vez, adaptaram-nos de outros. Isso não significa 
que os métodos estejam desgastados pelo tempo, pois as 
adaptações os têm conservado frescos e atuais.
Ao longo dos anos, a fraca assistência às séries 
cvangelísticas tem causado muita frustração aos pastores e 
voluntários que são desafiados a realizar campanhas públicas.
A peculiaridade deste livro está na abordagem seqüencial 
de preparar uma igreja para uma série evangelística. Ele 
oferece sugestões para atrair a audiência e para manter vivo o 
interesse. A última parte do livro providencia materiais práticos 
que podem ser usados na organização e no treinamento de 
indivíduos para a obra evangelística.
Expressei minha gratidão aos colaboradores na 
produção deste material na primeira edição, aqui apenas ratifico 
que estou imensamente grato a todos eles, em especial a minha 
família, assistentes e amigos.
E agora, eu recomendo este livro aos meus leitores, e 
oro para que ele seja útil no cumprimento da Grande Comissão 
de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo.
Introdução 
Está Morto o Evangelismo?
Muitas são as vozes que têm prenunciado o fim do 
evangelismo neste novo século. Alguns dizem que o evange­
lismo facilita o cristianismo de espectadores, não dando aos 
crentes a oportunidade de usar os seus dons; outros, que os 
conversos não se unem a uma igreja que se reúne no sábado 
pela manhã, mas numa igreja de cinco noites por semana, com 
vários recursos audiovisuais, ao som de um animadoplayback. 
Podemos decretar a morte do evangelismo público nesta era da 
TV a cabo e diversões computadorizadas? Nesta era de crise 
financeira e de descrédito geral?
A Igreja Adventista do Sétimo Dia nasceu como um 
movimento evangelístico. Um dos mais prósperos períodos de 
crescimento seguiu-se à sua organização, após 1863. A taxa 
anual de crescimento entre 1870 a 1880 era cerca de 12%, 
aumentando o numero de membros da igreja de 5.440 para 
15.570 membros (WEEKS, 1992, p. 14). Uma razão porque 
institucionalismo e evangelismo permaneceram compatíveis 
na IASD foi que as instituições foram desenvolvidas adjuntas 
ao evangelism o-as instituições médicas foram formadas para 
o evangelismo e as escolas estabelecidas com o propósito de 
preparar a juventude para se engajar no evangelismo.
Uma mudança estava ocorrendo no pensamento adven­
tista quando a Igreja entrou no vigésimo século. Preocupações 
institucionais diminuíram o ímpeto evangelístico na América
9
M A N U A L . PAR A I VANC.I U S IA S
no Norte. Entre 1900-1910, a taxa de crescimento da Igreja caiu 
para 3,6% (WEEKS, 1992, p. 16-42). Ao voltar da Austrália 
para os EEIA, em 1900, Ellen G. White ficou preocupada com 
a situação atravancada e começou a pressionar por duas refor­
mas: pela reorganização da Igreja e por um plano agressivo 
para o evangelismo nas cidades. O interesse de Ellen White 
pela reorganização da igreja ajudou na eleição de Arthur G. 
Daniells como o novo presidente da Conferência Geral. Tão 
logo Daniells iniciou a implementação do novo conceito or­
ganizacional, Ellen White começou a pressionar seu segundo 
ponto: a evangelização agressiva das cidades.
Contudo, até a sessão de 1905, Daniells e os outros 
líderes da Igreja continuavam muito lentos para promover o 
evangelismo. As únicas decisões tomadas estavam relacionadas 
com a venda de inscrições da revista missionária, distribuição 
de folhetos e o incentivo aos membros para dar estudos bíblicos 
nos lares (WEEKS, 1992, p. 22). Na sessão da Conferência 
Geral de 1909, o presidente A. G. Daniells relatou que mais 
de 500 pessoas tinham sido colocadas dentro do círculo ad- 
minstrativo da Igreja desde 1901, e havia pouco mais de 1.200 
obreiros ministeriais em toda a Obra (WEEKS, 1992., p. 18). 
Porém não havia evidência tangível de ação. Novamente, a 
Associação Geral apenas aprovou resoluções de pequenos 
planos, tais como distribuição de literaturas nas cidades e os 
estudos bíblicos nos lares.
Poucos dias após a sessão, no dia 11 de junho, Ellen 
White fez um apelo aos líderes reunidos para uma ação de 
evangelização nas cidades. Nessa mesma reunião, ela insistiu 
que o pastor W.W. Prescott, editor da Review and Herald, 
deveria ir para as cidades dedicando-se ao evangelismo. E 
para enfatizar seu apelo, aos 81 anos de idade, ela dramatizou 
sua mensagem ao líderes realizando um giro pelas principais 
cidades do leste, conduzindo uma série de reuniões evange- 
lísticas com bons resultados.
10
No concilio outonal dc 1909, nada foi discutido sobre 
evangelismo. A razão é porque Leon Smith (filho de Urias 
Smith) tinha atacado a posição de Daniells sobre o “diário” 
dc Daniel 8, e ele gastou todo o tempo da sessão defendendo 
seu ponto de vista nesta questão doutrinária. Em abril de 1910, 
Ellen White escreveu para A. G. Daniells responsabilizando-o 
pela falta de ação e compromisso. A. G. Daniells, empenhan­
do-se em fazer o que ele pensava ser o melhor que poderia, 
planejou pregar cinco noites em N. York, e como estava na 
Costa do Pacífico, viajou para Elmshaven para informá-la 
dos seus planos. Ela se recusou a recebc-lo. A mensageira do 
Senhor recusou-se a ver o presidente da Conferência Geral, 
até que ele estivesse pronto a conduzir a obra evangelística 
que necessitava ser feita (WHITE, 1982, p. 223).
Daniells humilhou o seu orgulho e escreveu que ele 
se “comprometia a realizar os esforços para alcançar novos 
campos e dedicar meses de esforço pessoal com os obreiros, 
se necessários.” Em junho de 1910, ela respondeu enfatizando 
que compromisso era uma coisa, e um plano bem sucedido 
para implementá-lo era coisa diversa. “Quando o presidente 
da Conferência Geral se converter, ele saberá o que fazer com 
as mensagens que Deus tem lhe enviado" (WHITE, 1982, p. 
224). Daniells levou a questão ao Comitê da Associação Geral 
que se comprometeu sem reservas a uma ação evangelística. 
Daniells foi liberado dos compromissos das reuniões campais 
para o verão de 1910 e cancelou uma viagem para a Austrália 
em outubro. Todas as Uniões e Associações foram requisitadas 
a fazer do evangelismo nas cidades uma causa comum.
Ellen White se deliciou com os resultados. A Igreja uma 
vez mais foi confirmada como um movimento evangclístico. 
Houve uma notável reversão da denominação que havia se tor­
nada institucionalizada. As taxas de crescimento aumentaram, 
e em 1913 na 38a sessão da Conferência Geral, ela elogiou os 
líderes nessa nova direção evangelística. O auditório respon­
IN I RODLIC, AO - I STÁ M O IIIO O I \ W ,11 T A k Y
11
M A N U A L PAR \ I \ ANGEL.ISTAS
dia com fervorosos “améns” e com lágrimas que escorriam à 
medida que Ellen White expressava sua confiança na liderança 
de Deus à Sua Igreja (WHITE, 1982, p. 388-389).
No pós-guerra de 1920, houve uma grande recessão que 
trouxe dificuldades financeiras à Igreja. Muitos pensaram que 
o evangelismo estava fora de uso. Com isso, houve uma mu­
dança de ênfase: do evangelismo para a cautela institucional. 
O evangelismo perdeu a sua força e a taxa de crescimento da 
Igreja ficou próxima de zero (BURRILL, 2007, p. 69). Porém, 
a depressão de 1930 originou uma nova onda de sucesso para 
o evangelismo adventista. Surgiram evangelistas como Roy 
Allan Anderson, H. M. S. Richards e J. L. Shuler. A ênfase 
da mensagem foi posta no compromisso pessoal com Cristo. 
Surgiram novas técnicas, como o uso de tabemáculos e teatros; 
figuras móveis foram introduzidas; o evangelismo médico foi 
usado e George Vandeman (pai) teve o seu primeiro programa 
de rádio.
Nas décadas de 50 e 60, novamente, muitos temeram 
que o evangelismo estivesse morto. Dois terços de adminis­
tradores e ministeriais pensaram que o evangelismo estivesse 
obsoleto, ou consideraram que grandes campanhas públicas 
não eram mais praticáveis. Não morto, mas diferente. Surgem 
nestaépoca evangelistas como Fordyce Detamore que encurta 
as campanhas e introduz o uso de brindes para atrair audiên­
cias. E. E. Cleveland enfatiza o cristianismo prático em suas 
mensagens, o evangelismo torna-se mais orientado à congre­
gação e, novamente, a Igreja atribui prioridade a esse método. 
O sermão de Cleveland sobre o sábado (“O Aniversário da 
Mãe de Adão”) é, provavelmente, o sermão evangelístico mais 
copiado do adventismo.
Nessa mesma época, na América Latina, existia um 
inconveniente. Os métodos de evangelismo público que 
haviam sido idealizados para alcançar pessoas com convic­
ção protestante nos Estados Unidos não eram adequados a
12
uma população predominantemente católica. Surge Waltcr 
Scluibert, evangelista da Divisão Sul-Americana, que decide 
mudar os métodos usados até então. Remove dos convites a 
nomenclatura “conferências adventistas” e, ao invés de iniciar 
as conferências com Daniel 2, fala do “Segredo da Felicidade” 
e dos “Segredos de um Casamento Feliz.” Schubert apresenta- 
se como professor e ofertas não são mais alçadas. O método 
leve tanto êxito que foi adotado por todos os evangelistas da 
I )ivisão Sul-Americana com excelentes resultados (BLANCO, 
1997, p. 5-6)
A década de 1980 pode ser definida como a era do 
Seminário do Apocalipse. Esta abordagem inovativa começou 
com o pastor Harry Robinson, da Associação do Texas, e foi 
traduzida e divulgada na América Latina por Daniel Belvedere, 
evangelista da DSA. Apesar disto, aqui no Brasil, evangelistas 
como Geraldo “Gêgê” Oliveira, Alcides Campolongo e José 
Bessa fizeram escola com as suas abordagens mais tradicionais. 
E a década de 90 ficou marcada pela introdução do evangelis- 
mo via satélite através dos programas Net 95 e 96, com Mark 
Finley, e Net 98 com Dwight Nelson, que resultaram em mais 
de 10 mil pessoas batizadas. Outra abordagem evangelística 
desta década foram as campanhas de reavivamento aplicadas ao 
evangelismo público realizadas por Alejandro Bullón. Embora 
o reavivamento seja tipicamente um instrumento de inspiração 
interna e renovação, as campanhas conhecidas como “Revives” 
enfatizavam mais os temas devocionais do que doutrinários 
e alcançavam mais as pessoas dentro da influência adventista 
do que a comunidade geral.
Atualmente, o evangelismo não está morto, mas en­
fraquecido. Em muitos campos, o evangelismo é visto mais 
no contexto congregacional, onde as séries servem mais para 
consolidar o interesse estimulado e cultivado pela Igreja como 
instituição, do que no contexto pessoal e carismático. Embora 
o Brasil ainda possua um grupo de evangelistas de destaque
IN I K O IX K , A O l SI Á M O K IO O l V A N ( ,11 .ISMO.'
13
M A N U A L PAR A EVANGELISTAS
como Roberto Mota, Luís Gonçalves, Carlos Bussons, Denil- 
son Franco e voluntários como Milton Silva, Nilda Fernandes 
e Sheila Diógenes, as campanhas longas dos “bons e velhos 
tempos” foram substituídas pelas séries curtas de duas a três 
semanas com ênfase na decisão. Talvez a falta de recrutas para 
o evangelismo público seja atribuída à falta de sucesso na 
colheita de almas e aos rigores da vida de um evangelista que 
tem de se ausentar da família e mover-se de cidade em cidade. 
Com isso, tem havido uma tendência de enfatizar o uso do 
prédio da igreja para realizar a campanha, ao invés de teatros, 
salões neutros e tendas. A função primária do evangelismo está 
relacionada ao conceito de colheita e consolidação de pessoas 
já interessadas na igreja.
Uma têndencia positiva é a mudança de dois concei­
tos errôneos relacionados com o evangelismo. O primeiro 
é considerar o evangelismo apenas como uma obra de uns 
poucos especialistas, que aparentemente, foram capacitados 
com o dom especial de levar almas à decisão. O segundo erro 
é valorizar apenas as grandes campanhas em salões e tendas 
com grandes despesas. Eu acredito que os pequenos esforços 
realizados pelos evangelistas voluntários c pelos pastores, que 
vão a cidades e bairros sem a presença adventista, ganham 20 
a 25 pessoas e erguem uma nova igreja, são tão bem sucedidos 
em sua esfera como as grandes campanhas que ganham 100 
em lugares onde já existem adventistas.
Por isso, uma iniciativa que tem recebido a aprovação 
da organização adventista no Brasil é o evangelismo descen­
tralizado que é praticado no SALT da Bahia. Iniciado pelo Dr 
Luiz Nunes na década de 90 e continuado por este autor e pelo 
professor de evangelistas Aguinaldo Guimarães, o programa 
consiste no treinamento dos seminaristas para realizarem cam­
panhas simultâneas como parte de sua formação acadêmica. 
Desde o ano de 2005, a mesa administrativa da União Nordeste, 
presidida pelo pastor Geovane Queiroz, em parceria com a
14
direção do SALT, iniciou o movimento de plantio de igrejas 
que tem estabelecido a meta de abrir 70 novas igrejas cada 
ano através dos estudantes de teologia. Essa tarefa é apoiada 
pelo Instituto de Crescimento de Igrejas (SALT - IAENE) que 
prepara todos os materiais usados pelos evangelistas.
E interessante que o evangelismo público tem seus altos 
e baixos através das décadas, movendo-se do sucesso para a ne­
gligência e retornando ao sucesso novamente. O evangelismo 
adventista é ainda um movimento forte mesmo após 160 anos 
de história desta Igreja. Mas o evangelismo precisa se adequar 
à mudança dos tempos. E preciso constante avaliação para 
saber se não estamos usando os sermões e métodos dos anos 
60 e 70 no século 21. Roger Dudley, ex-diretor do Instituto de 
Ministérios da Igreja do Seminário Teológico da Universidade 
Andrews, analisa que o presente custo do evangelismo público 
exige que a Igreja realize cuidadoso estudo para melhorar sua 
efetividade. Segundo ele, é vital que nós examinemos os tipos 
de pessoas que a Igreja alcança através dos métodos de evan­
gelismo e então desenvolvamos novas abordagens (DUDLEY; 
CUMMINGS, 1983, p. 152).
Em épocas passadas, H. M. Richards alugou um go­
rila para divulgar seu sermão sobre evolucionismo. Em São 
Francisco, 1962, surgiu o uso da luz negra no evangelismo. 
Em Detroit, 1966, surgiu o plano Como Deixar de Fumar em 
Cinco Dias. Hoje, os evangelistas que causam maior impacto 
na população do mundo são os que utilizam o rádio e a TV em 
cruzadas públicas. Isso tem originado uma tendência moderna, 
da parte de nossos pastores, de construírem uma base de suporte 
para a transmissão de cruzadas pela TV a partir de suas igrejas, 
toniando-as centros de evangelismo com a melhor pregação e a 
melhor música. Alguns evangelistas usam a influência do rádio 
em um processo de evangelismo interativo no qual as decisões 
são alcançadas cm semanas de colheita. Talvez a nossa necessi­
dade hoje sejam técnicas mais elaboradas, melhor treinamento
IN I K O I )U ç À O I .M A M O K IO O I V A N ( ,1 l. lS M O í
15
M A N U A L L A R A EVANGELISTAS
ministerial para o evangelismo em concílios especialmente 
direcionados a essa área, enfatizar programas de plantio de 
novas igrejas, aprimorar a capacidade evangelística das igrejas 
existentes e a aquisição de centros permanentes de evangelismo 
nas grandes cidades, com atividades suplementares de missão 
urbana: nutricionismo, programas educacionais para audiências 
especializadas, cursos profissionalizantes e outros.
Dessa forma, o evangelismo não morre, mas precisa 
atualizar seus métodos e abordagens a partir dos métodos 
convencionais. Não se pode ignorar o evangelismo público. 
É uma distorção do ensino bíblico dos dons espirituais, em 
minha opinião, tentarem convencer a todo crente a se envolver 
em um só método de testemunhar em detrimento de outros. 
Pluralidade de dons exige pluralidade de métodos. Assim como 
havia o perigo de a igreja de Corinto exaltar algum dom em 
prejuízo de outro, como líderes, podemos frustrar a Igreja na 
síndrome de projetar um só método de trabalho, querendo que 
o Corpo inteiro de Cristo seja o “olho”.
Pelo menos dois princípios relacionados aos métodos 
eficazes são abordados por Ellen Whitc(SARLI, 1982, p. 7-10). 
Primeiro, os métodos adequados são importantes para o sucesso 
no evangelismo. Ela afirma que “quando, em nosso trabalho 
para Deus, seguirmos energicamente métodos corretos, ter-se-á 
uma colheita de almas” (1978, p. 329; 1994, p. 554). Segundo, 
“diferentes métodos devem ser empregados para salvar dife­
rentes pessoas”. Não devemos ser “homens de visão acanhada, 
estereotipados com uma única maneira de trabalhar” (WHITE, 
1978, p. 106). Temos de reconhecer que não existe um método 
que alcança todos os grupos sociais. Cada método alcança 
certo grupo específico de pessoas. O evangelismo público, por 
exemplo, é excelente para ajudar pessoas receptivas que estão 
na fase de colheita de sua conversão. Mas pode não ser tão 
eficiente para pessoas que pertençam ao grupo classificado por 
Ellen White como classes especiais: judeus, ricos, ministros
16
dc outras denominações, pessoas altamente educadas e outros 
grupos culturais (WH1TE, 1978, p. 552-588).
Contudo, é importante destacar que o sucesso não 
depende apenas de métodos corretos. O evangelista J. W. 
Chapman (1903, p. 70). costumava dizer que “o niétodo sem 
poder é como uma locomotiva nos trilhos, mas sem vapor; 
poder sem método é a locomotiva com vapor na chaminé, mas 
descarrilada, deixando atrás um rastro dc destruição. O poder 
se manifesta no método, mas o método não é substituto para o 
poder.” Os métodos e as técnicas, separados do compromisso 
pessoal com Cristo, são como os ossos secos da parábola de 
Ezequiel. Alguém observou que enquanto buscamos os me­
lhores métodos, Deus busca os melhores homens. Onde quer 
que haja evangelistas consagrados, novos métodos surgirão na 
medida em que eles aproveitem as oportunidades e se adaptem 
às circunstâncias. Temos um princípio fundamental nas Escri­
turas que afirma: “Não por força nem por poder, mas pelo meu 
Espírito, diz o Senhor dos Exércitos” (Zc 4:6). É reconhecendo 
esse princípio que buscamos o sucesso evangelístico.
___________________ IN lk O IX Iy VO - 1 s|A M O K IO Q I VAN< ,11 l.s/VKY
Emílio Abdala
Capítulo 1 
A Importância do Evangelismo
A construção do Taj Mahal, um dos mais belos edifícios 
do mundo, está relacionada com a morte da esposa favorita do 
imperador Shah Jahan, da índia. Devastado pela perda da ama­
da, ele determinou honrá-la através da construção de um templo 
no lugar onde ela estava sepultada. Então, um edifício bem elabo­
rado de mármore começou a ser erigido na área do túmulo.
Na medida em que as semanas tomaram-se meses, a pai­
xão do imperador pelo projeto superou a sua dor. Um dia, duran­
te a construção, alguém escavou uma urna de madeira. Julgando 
ser apenas um entulho a mais na obstrução do caminho, a caixa foi 
jogada fora. Shah Jahan não sabia que os seus empregados ti­
nham se livrado da uma da esposa, escondida debaixo do templo. 
A pessoa que emprestava honra ao templo fora esquecida. Trági­
co? Mas a mesma coisa pode acontecer a nós. Sem o foco na 
teologia, ou a fundamentação na Palavra de Deus, corremos o 
risco de esquecer a razão de ser da Igreja e o significado do 
evangelismo enquanto erigimos as estruturas de uma denomina­
ção.
A Prioridade do Evangelismo
Basta ler João 3:16 para ver que nosso Pai nos Céus de­
seja ver pessoas perdidas encontrando a salvação. Quem desco­
brisse a cura para o câncer, certamente que se tornaria um grande
19
M A N U A L PAR A EVANGELISTAS
benfeitor da humanidade. Ele acrescentaria anos de utilidade e 
felicidade à vida de milhares que estão sendo levados precoce­
mente ao túmulo. Mas o evangelismo faz mais do que isso. Paulo 
declara em 2 Timóteo 4:1 -5 que os líderes deveriam fazer a obra 
de um evangelista, dando assim prova do seu chamado. Para Ellen 
White, não existe ministério sem evangelismo. Ela expressa a esti­
ma de Deus pelo evangelismo ao afirmar que:
O Senhor determinou que a proclamação desta men­
sagem fosse a maior e mais importante obra no mundo, 
para o presente tempo (WHITE, 1978, p. 18).
A obra evangelística, de abrir as Escrituras aos outros, 
advertindo homens e mulheres daquilo que está para 
vir ao mundo, deve ocupar, mais e mais, o tempo dos 
servos de Deus (WHITE, 1978, p. 17).
A obra acima de todas as obras - a ocupação que so- 
brcleva a todas e deve atrair todas as energias da alma 
e pô-las em atividade - é a obra de salvar pessoas por 
quem Cristo morreu. Tornai isto a mais importante, a 
principal obra de vossa existência (WHITE, 1956, p. 
274).
Não se deve permitir que coisa alguma impeça esta 
obra. E a obra todo-importante para este mundo; deve 
ser de tão vasto alcance como a eternidade (WHITE, 
1985, v. 2, p. 156).
Há muitas igrejas que perderam o senso de missão. Num 
extremo oposto à declaração de Wesley de que “o mundo é mi­
nha paróquia,” os oficiais dessas igrejas dizem: “a nossa paróquia 
c o nosso inundo.” O especialista em crescimento de igreja, Gene 
Edwards, observou que os prédios das igrejas podem ser um dos 
maiores obstáculos ao evangelismo hoje - não por tê-los, mas por 
que falhamos em sair deles. Se a Igreja Adventista do Sétimo Dia
20
deseja causar impacto por Cristo em nosso mundo, necessita tor- 
nar-se uma Igreja que invada a comunidade por Cristo (FINLEY, 
1998, p. 9).
Donald McGavran astutamente observou que as igrejas 
têm uma tendência corporativa de serem centradas em si mesmas 
e crescer para dentro. Elas usam grande parte de seus esforços e 
dólares intemamente. “Esta tendência centrípeta precisa dar ca­
minho para um vigoroso programa de extensão. E necessário que 
nós comecemos a enxergar as pessoas não alcançadas e por elas 
orar, planejar ganhá-las (FINLEY, 1998, p. 9). O congresso mun­
dial de evangelismo de 1974, que se reuniu em Lausane, na Suíça, 
declarou o mesmo princípio: que “nós necessitamos romper nos­
sos guetos eclesiásticos e permear a sociedade não-cristã. Na 
missão do serviço sacrifical da Igreja, o evangelismo ê prioritário” 
(RODE, 1996, p. 69).
Por outro lado, igrejas que não atribuem alta prioridade 
ao evangelismo, experimentam uma correspondente baixa auto- 
estima. Os membros perdem o entusiasmo e, com o tempo, tor­
nam-se depressivos. Eles desenvolvem um complexo de inferiori­
dade evangelístico, crendo que a comunidade é resistente e indife­
rente. Fred Smith está correto quando afirma que a Igreja, para 
manter o contato com a comunidade, sempre necessitará de no­
vos convertidos para trazer outros que, por sua vez, trarão outros 
mais. Porém, se não se converte gente nova, a Igreja morrerá por 
falta de “sangue novo” (SMITH, 1993, p. 90-91). Por isso, Emil 
Brunner afinnou que “a Igreja existe para o cumprimento da mis­
são, assim como o fogo existe para queimar” (apud HUSTON, 
1986, p. 67).
A Igreja que não está evangelizando, é uma Igreja que 
está morrendo. Veterano professor de evangelistas adventistas, J. 
L. Shuler tem uma opinião bem formada sobre uma Igreja que 
cessa de ser evangelística:
Ela é como um farol sem luz ou uma caldeira sem va-
C.APi I LIL,O 1 - A IM P O R I À N O A 170 I .V A N ( ,11 IS M O
2 1
M A N U A L PA I IA EVANGELISTAS
por. A igreja que não é ganhadora de almas é uma Igreja 
agonizante. Napoleào declarou que qualquer exército 
que permanece entrincheirado certamente é derrota­
do. A Igreja precisa ser agressiva ou cessar de existir. 
E a única maneira de uma igreja ser agressiva é ser 
evangelística. Fazer discípulos deverá ser e necessita 
ser nosso negócio principal até o fim do mundo 
(SHULER, 1940, p. 16).
O fato é que os adventistas não são simplesmente uma 
denominação, no sentido ordinário do termo. Não estamos aqui 
para construir uma grande organização eclesiástica. Os adventistas 
são chamados, nestes últimos dias, para ocupar uma posição com­
parável à de Noé antes do dilúvio, ou à de João Batista nos dias 
que precederam o aparecimento de Jesus, em Seu primeiro ad­
vento. Nosso propósito é preparar o caminho para a segunda vin­
da de Jesus pela pregação da mensagem de Apocalipse 14:6-12. 
Outrasdenominações podem continuar, ano após ano, suas ativi­
dades eclesiásticas, sem dar atenção ao evangelismo. Mas isso 
não pode acontecer com os adventistas! Seremos bem sucedidos 
ou falharemos exatamente na questão do evangelismo (SHULER, 
1940, p. 20).
Aristóteles, em sua História Natural, nos informa que, 
na Sicília, existe uma planta nos campos c nos bosques que possui 
tal fragrância que os cães perdem os rastros da presa e deixam de 
caçar. Tenhamos cuidado com essas ervas modernas. Sentimos 
hoje grande fascínio pelos computadores, pelos cursos universitá­
rios e outras coisas semelhantes; mas que esses perfumes não nos 
afastem da busca aos pecadores (SPURGEON, 1990, v. 2, p. 
53).
Definições de Evangelismo
Billy Graham afirmou que o “evangelismo é a missão cen­
tral da Igreja. Sem ele, os crentes tornam-se introspectivos c sem
22
C.APÍ I LIL.O I - A IM P O R T Â N C IA D O t.VANC TT.ISM O
propósito, o crescimento fica estagnado, a adoração se torna su­
perficial, e o egoísmo substitui a liberalidade” (apud HUSTON, 
1986, p. 67). Outro autor famoso formulou a seguinte definição 
de evangelização: “evangelizar é um mendigo dizer a outro mendi­
go onde conseguir alimento” (NILES, 1953, p. 96). O episódio 
dos dois leprosos na porta de Samaria, que entraram no arraial 
dos sírios, encontrando grande fartura, numa época de fome na 
cidade, é, realmente, uma ilustração viva do que é evangelizar. 
Quando aqueles leprosos resolveram entrar na cidade e anunciar 
as boas notícias de que já havia pão para a sua fome, eles fizeram 
exatamente aquilo que temos que fazer com o mundo faminto de 
Deus (FERREIRA, 1995, p. 35).
O evangelismo bem sucedido deve ser entendido como 
um processo de ganhar pessoas para Jesus Cristo e ajudá-las 
a serem transformadas por Deus em membros responsáveis 
da Igreja e preparados para a vinda de Jesus. Em meu relacio­
namento com minha esposa, por exemplo, houve um processo de 
cortejo, namoro e noivado que precedeu o evento do casamento. 
E raro as pessoas se tomarem noivos ou se casarem no primeiro 
encontro. E não é diferente no evangelismo. Nas últimas décadas, 
o evangelismo tem sido centrado apenas na fase do noivado, ou 
seja, com seu foco posto em pessoas em estado avançado de 
conhecimento espiritual, prontas para tomar uma decisão rápida. 
Mas, na realidade dessa cultura secularizada, precisamos dar mais 
atenção ao processo de amadurecer pessoas gradativamente até 
que estejam preparadas para a colheita e sejam integradas à Igre­
ja. Especialistas sugerem três componentes para esse processo. 
O primeiro é o evangelismo da presença (P) cujo alvo é atender 
as necessidades das pessoas e criar uma disposição para ouvir o 
evangelho; o evangelismo da proclamação (2P), encarregado de 
comunicar o conteúdo do evangelho; e o evangelismo da persua­
são (3P), quando pessoas são batizadas e se tomam membros 
responsáveis da Igreja (MIRANDA, 1989, p. 48-49).
Uma campanha evangelística não é um substituto para a
23
M A N U A L P A IIA L V A N ( .1L IS TAS
responsabilidade de evangelizar de qualquer igreja. Ela não co­
municará saúde espiritual a igrejas que não têm dado ênfase à 
evangclização durante anos. Antes, campanhas evangelísticas de­
vem ser vistas como um método suplementar para ajudar Igrejas 
saudáveis, que já estão envolvidas em outras formas de testemu­
nho na comunidade ou que desejam estabelecer novas igrejas. Eu 
creio que a proclamação evangelística é apenas um elo na corren­
te da estratégia de crescimento da igreja, um passo no processo 
de fazer discípulos para Jesus. Ajomada para Cristo é diferente 
para várias pessoas, mas uma coisa é clara: é uma jornada. E o 
evangelismo público deve ser visto como uma ferramenta para 
ajudar pessoas a cruzarem a linha da decisão para a continuidade 
do seu crescimento espiritual. As campanhas são eficientes quan­
do deixam de ser eventos isolados, com fim em si mesmos, para 
ser parte de um processo de alcançar alvos em longo prazo. E 
mais uma missão urbana que emprega uma variedade de métodos 
baseados em princípios bíblicos.
Naturalmente, nem todos os eventos e atividades de uma 
Igreja podem ser devidamente chamados de evangelismo; por outro 
lado, o termo evangelismo não pode ser restringido meramente ao 
trabalho profissional de um reavivalista itinerante de uma associa­
ção que se dedica, em tempo integral, à pregação pública. Uma 
variedade de termos demonstra a abrangência do ensino do Novo 
Testamento sobre o assunto.
Termos Bíblicos para o Evangelismo
A palavra básica para evangelismo no Novo Testamento é 
evaggelizomai, que significa “anunciar as boas novas.” Essa era a 
tarefa espontânea dos cristãos perseguidos em muitos lugares para 
onde eram espalhados (N1CHOL, 1988, v. 6, p. 215). O segun­
do termo é kerysso, significando “proclamar como um arauto.” Essa 
forma implica uma pregação mais formal e organizada, tal como a 
que foi apresentada por João Batista, Filipe e Jesus (Mt 3:1; 4:17;
24
At 8:5) (NICHOL, 1988, v. 6, p. 215).
Um terceiro termo relacionado ao evangel ismo é martvreo que ori­
ginou a palavra “mártir,” ou seja, alguém que dá testemunho de 
fatos experimentados. Um mártir é aquele que testemunha por 
palavras e ações. Para muitos cristãos, era melhor morrer a parar 
de testemunhar de Cristo. E o último termo a ser considerado é 
malhe teou, principal verbo da passagem de Mateus 28:19-20, que 
nos ordena a ir e fazer discípulos. A Grande Comissão não é 
apenas uma grande sugestão! Não devemos apenas proclamar as 
boas novas e levar pessoas ao batismo; devemos fazer discípulos. 
O produto final da Grande Comissão são discípulos maduros e 
comprometidos com Cristo. Esse assunto será discutido, com mais 
detalhes no capítulo “Após o Batismo.”
Para ilustrar esse ponto, pode-se comparar a Igreja a uma 
linha de montagem de automóveis. No início da linha, o produto 
bruto é usado para fazer as peças, motor e chassi. No final da 
linha de produção, os carros devem sair para o uso dos compra­
dores em suas atividades diárias. Porém, algumas Igrejas se espe­
cializam em um único segmento da linha de montagem: não fazem 
esforço sério para coletar a matéria bruta necessária para se faze­
rem carros. Outras o fazem de maneira incompleta: há pouco es­
forço para liberar carros novos para a estrada. O alvo é manter os 
carros sempre revisados e polidos para a feira de automóveis! E 
ainda há uma terceira categoria de Igrejas cuja missão é simples­
mente fornecer oficina de manutenção para carros usados, onde 
pára-brisas são lavados, fluidos são checados e a pressão dos 
pneus é verificada.
Essa “Grande Comissão” de evangelizar o mundo visan­
do fazer discípulos c estabelecer novas igrejas deve acontecer em 
dois níveis complementares: espontâneo e estratégico (POINTER, 
1984, p. 93). O evangel ismo espontâneo envolve cada crente 
no testemunho pessoal no círculo de seus relacionamentos duran­
te as suas atividades diárias (Jo 1:40-45; 9:25; Lc 8:39). Quando 
o crente expressa seu amor e fé, em seus relacionamentos com os
_____________________ l A P ÍI l l l . O I A IM P O R I Á N U A D O L V A N (,1 I.1 S M Ü
25
M A N LIA 1, 1’A I IA EVANGELISTAS
descrentes, a fé é partilhada e o Caminho é revelado. Eles apren­
dem com o seu exemplo no que crer e como se comportar (Mt 
5:14-16). O evangelismo estratégico envolve missões planeja­
das, programas, eventos, serviços, cruzadas evangelísticas e ativi­
dades para descobrir novas pessoas receptivas ao evangelho (Lc 
9:1-6; 10:1-20; At 13:16-52; 14:1-28; 19:8-22). Quando Jesus 
deu o mandato evangelístico, Sua estratégia incluía também o as­
pecto cultural e geográfico. Deveriam evangelizar todos os povos, 
“começando por Jerusalém, até os confins da terra” (At 1:8).
Princípios do Evangelismo Eficiente
Um evangelismo bem sucedido e com resultados perma­
nentes ocorre quando certos princípios bíblicos são reconhecidos 
e empregados.
Primeiro, a colheita deve ser precedida pela semeadu- 
ra. Esse princípio precisaser corretamente entendido para que 
ocorra um evangelismo eficiente. Sem uma semcadura adequada, 
aqueles que foram capacitados para ceifar experimentarão frus­
tração e uma colheita minguada. Mas o inverso também é verda­
de: se a igreja não providenciar oportunidades e obreiros treina­
dos para colher, os semeadores ficarão frustrados. Os crentes dis­
persados de Jerusalém (At 8:1) retornaram para evangelizar os 
territórios da Galiléia e Samaria e lá eles viram igrejas se multipli­
carem (9:31). Tiveram o privilégio de trabalhar numa área prepa­
rada por Jesus. O mesmo ocorreu com os evangelismos de Filipe 
(8:5-25) e Pedro (5:14-16) naquela região.
Segundo, o evangelismo é fundamentado nos relaciona­
mentos. O exemplo mais evidente no Novo Testamento é o de 
André, que encontrou seu irmão Simão e o apresentou a Jesus (Jo 
1:40-42). Cada cristão tem uma rede de relacionamentos em sua 
vida. Pesquisas realizadas com o Programa Vida Total confirmam 
as descobertas de especialistas em evangelismo, que afirmam que 
75 por cento dos conversos foram levados por algum cristão (Ope­
26
ração André).
Terceiro, é necessário organização para se ter eficiên­
cia. Moisés recebeu um bom conselho de seu sogro Jctro, que 
percebeu a ineficiência administrativa dc um sistema centralizador. 
Para julgar o povo, ele deveria dividir e delegar responsabilidades 
(Ex 18:13-26). A “D-3” pode ser recomendada aqui: primeiro, 
dividiras tarefas nas diferentes áreas relacionadas ao evangelismo; 
segundo, delegar cada tarefa a pessoas capazes, de acordo com 
o seu dom ou talento; e, terceiro, definir prazos para o témiino das 
atividades.
Quarto, o evangelismo deve ser estabelecido com metas 
de fé . O estabelecimento de alvos produz maiores resultados por­
que os alvos determinam nossas prioridades e as prioridades de­
terminam nossa agenda. Não ter alvos é também um “alvo,” pois 
se não visamos um objetivo específico, certamente não o alcança­
remos. Alvos têm de ser estabelecidos para cada fase da campa­
nha, tais como alvos de pessoas contatadas, freqüência de públi­
co, literatura distribuída, pessoas envolvidas na oração, dentre 
outros.
Quinto, o evangelismo deve treinaras pessoas para que 
assumam responsabilidades. Ao escrever a Timóteo, Paulo ins­
truiu: “E o que de minha parte ouviste através de muitas testemu­
nhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para 
instruir a outros” (2 Tm 2:2). E Jetro exortou seu genro Moisés a 
treinar homens para assumir responsabilidades, aliviando-se, as­
sim, das tarefas pesadas: “ensina-lhes os estatutos... e a obra que 
devem fazer” (Êx 18:20). O treinamento é tão essencial na prepa­
ração para o evangelismo quanto o é em qualquer outra área da 
vida. É irrealístico esperar bom desempenho de alguém que não 
recebeu os recursos de um bom treinamento.
Sexto, o envolvimento produz comprometimento. Quan­
do alguém se envolve com o processo e participa nas decisões, 
ele ou ela se torna comprometido com os alvos do programa. Se 
alguém concorda em servir como recepcionista ou diretor de mú-
_____________________ l A P iT lI l.O 1 - A IM P O K IÁ N U A D O L V A N C .Il.ISMO
27
sícíi, o seu comprometimento influenciará suas orações, dinheiro, 
tempo e família. Por isso, o alvo de qualquer série evangelística é 
envolver muitas pessoas, com antecedência, em tarefas significati­
vas. O item do envolvimento traz à mente algumas perguntas rele­
vantes tais como: “por que devo me envolver” ou “a igreja está 
madura para realizar um esforço como este?” Daí a importância 
de relembrar alguns pré-requisitos para se iniciarem os preparati­
vos para uma campanha evangelística.
Pré-requisitos para uma Campanha Evangelística
Primeiro, deve haver um clima de insatisfação pelo cresci­
mento experimentado pela igreja bem como preocupação e ora­
ção pela humanidade perdida. Geralmente, essa inquietação co­
meça com uma ou duas pessoas.
Segundo, é importante ter uma igreja saudável onde haja 
o envolvimento dos membros. O evangelismo pessoal requer ape­
nas um crente e um perdido; evangelismo em pequenos grupos 
envolve umas poucas pessoas; mas uma cruzada visando o plantio 
de uma igrejana comunidade requer a participação de muitas pes­
soas por causa da visibilidade do evento e da abrangência de seus 
resultados.
Terceiro, é necessário haver investimento na capacitação 
da liderança, na organiazaçào de classes e gmpos, bem como em 
terrenos e casas de culto. Escolher um auditório de acesso fácil, 
que seja bem loealizado, é importante para acomodar uma multi­
dão em potencial. Pessoas do lado de fora da igreja irão julgar a 
importância pelo local escolhido para as pregações. Da mesma 
maneira a igreja precisa ter pessoas treinadas e estruturas disponí­
veis para assimilar os membros. Caso estes princípios sejam con­
siderados e estes requisitos atendidos, o passo seguinte é prepa- 
tai o evangelista para, em seguida, planejar e realizar o projeto.
M A N tIM . IVM IA I VAN C.l L IS IAS__________________________________________
H
C A P ÍT U L O I - A IMPORT Â N C IA D O 1 V A N ( ,11 ISM O
Leitura Adicional:
WHITE, Ellen G. Evangelismo. Tatuí, SP: Casa Publicadora Bra­
sileira, 1978.p . 15-24.
Capítulo 2 
O Preparo do Evangelista
Peter Wagner (1979, p. 172) observou que uma estimati­
va realista dos dons espirituais na Igreja Cristã apontava a aproxi­
madamente 10 porcento dos membros adultos como possuidores 
do dom de evangelismo.
Porém, a Bíblia sustenta o conceito de que pessoas pri­
mariamente capacitadas em outros dons podem ocasionalmente 
exercitar o dom de evangelismo, embora de maneira mais limita­
da. Timóteo, cujo dom parece ter sido o de pastor-mestre, foi 
aconselhado a fazer “o trabalho de evangelista” (2 Tm 4:5). O 
exemplo do diácono Filipe (At 8:5-40; 21:8) é outra evidência de 
que esse dom não pode ser confinado ao evangelista vocacionado 
apenas.
Uma vez esclarecido esse ponto, você poderá perguntar: 
“Quando é a melhor ocasião para o evangelismo?” A luz das ne­
cessidades do mundo, só pode haver uma única resposta: “ago­
ra.” “Mas,” você poderá dizer: “isso é precipitação. Como posso 
sair e começar a pregar sem a devida preparação?” A resposta 
forçosamente será: “se você não está pronto agora, você já está 
atrasado!” (WOOSLEY, 1972, p. 15). White deu grande impor­
tância ao preparo visando à eficiência dos evangelistas (ver Apên­
dice 28):
Muito se tem perdido para a causa devido ao trabalho 
imperfeito de homens, dotados de aptidões, mas que
31
M A N U A L PAR A E V A N t ,1 LISTAS
não receberam o devido preparo. Empenharam-se numa 
obra cuja prática não entendiam e, cm resultado, pouco 
chegaram a realizar. Não fizeram a décima parte do 
que poderíam ter feito, houvessem eles recebido a ne­
cessária disciplina a princípio. Apoderaram-se de algu­
mas idéias, procuraram assenhorear-se de alguns dis­
cursos, e aí findou seu progresso (WHITE, 1978, p. 
78).
A primeira preparação que o evangelista faz é dentro de si 
mesmo. Naturalmente, esse preparo não pode esperar até que o 
local e a data da próxima campanha tenham sido escolhidos, mas 
deve ser algo constante em sua vida. Pregar não é uma arte, mas 
uma encarnação. Philip Brooks afirmou que pregação é a apre­
sentação da “verdade através da personalidade” (apud ALLISON; 
ANDERSON, 2003, p. 23). Qualquer coisa menos do que isso é 
artificial. Isso sugere que o primeiro elemento no preparo de um 
evangelista é ter uma experiência pessoal com Jesus. O 
evangelista precisa conhecer a Cristo por si mesmo, antes de po­
der prcgá-Lo a outros. Weslcy tinha sido um missionário na 
Geórgia, mas fracassou porque estava faltando algo em sua vida. 
Após desistir do seu trabalho ali, ele escreveu em seu diário: “Fui 
à América converter os pagãos, mas, oh, quem me converterá a 
mim?” (SHORT, 1963, p. 80). Foi depois de sua experiência de 
conversão numa reunião de oração em Aldersgate, quando sentiu 
“o coração estranhamente aquecido,” que Deus trabalhou em sua 
vidana conversão de milhares de pessoas. Ter uma experiência 
pessoal com Jesus significa conhccê-Lo como seu Salvador pes­
soal, Amigo e Companheiro. Conhecê-Lo como Aquele que ouve 
as orações por sabedoria, perdão dos pecados e para obter força 
contra a tentação.
Spurgeon afirmou que “os pregadores devem trovejar 
quando pregam e relampejar quando conversam; devem arder na 
oração e brilhar na vida. Se não são Sansões espirituais, como as
32
portas do inferno poderão ser levantadas nos seus gonzos?” 
(SPURGEON. Op. Cit, p. 10). Ele ou ela precisa se consagrar 
para a sua obra, não por causa do salário, nem por promoção, ou 
por publicidade, mas pela importância da obra que lhe foi con lia­
da: proclamar o evangelho e levar almas à decisão. Esse deve ser 
o seu primeiro objetivo.
Além de ter uma experiência pessoal com Cristo, o 
evangelista precisa desenvolver o caráter, buscando ter uma vida 
irrepreensível (1 Co 1:8; Ef 1:4; F1 2:15). Naturalmente, não se 
exige que seja perfeito, porque isso seria impossível. Mas o 
evangelista deve ser uma pessoa digna, de caráter firme, de hábi­
tos morais puros. Não deve ser dado a bebidas alcoólicas e a 
outros vícios. Não deve ser mundano. Deve conviver bem com a 
família e portar-se de tal maneira que não cause escândalo (1 Co 
10:31,32; 2 Co 6:1-3). Pessoas tendem a ser persuadidas à ver­
dade quando percebem que o comunicador é bem informado, está 
interessado em seu bem-estar e vive o que ensina (E1UNTER111, 
1992, p. 75). Quando vemos um atleta num comercial de televi­
são atribuindo uma revolução em sua vida social ao uso de deter­
minado perfume, pensamos: “será que ele realmente usa esse per­
fume? Isso fez diferença em sua vida ou ele é apenas um propa- 
gandista pago dessa companhia?” Olhando para nós, as pessoas 
fazem a mesma pergunta: “o cristianismo fez diferença em sua vida, 
ele pratica o que prega ou é apenas um propagandista de uma 
Igreja organizada?” Caráter é poder. “O silente testemunho de 
uma vida piedosa, verdadeira e altruísta possui uma irresistível in­
fluência. Revelando em nossa vida o caráter de Cristo, nós coo­
peramos com Ele na obra de salvar almas” (WH1TE, 1900, p. 
340). Spurgeon (1983, p. 56) costumava dizer aos seus alunos 
que ouviu “a história do evangelista que pregava tão bem e vivia 
tão mal que, quando estava no púlpito, toda gente dizia que cie 
não devia sair mais de lá, e quando estava fora dele, todos decla­
ravam que ele não deveria voltar a ocupá-lo”. Que Deus nos livre 
de tal coisa.
___________________________C A r i I LILO .2 - O n u PARO I ) P 1 V A N ( .11 Is I \
33
M A N U A L PAU A EVANGELISTAS
Um elemento evidente na vida dos evangelistas que mar­
caram época tendo experimentado grande medida de sucesso em 
seu ministério é ter paixão pelas almas. Esse sentimento, desen­
volvido por uma presença interior do Espírito de Deus, tem carac­
terizado todo verdadeiro ganhador de almas. E quanto mais o 
evangelista ora e prega, mais ardente se toma essa chama em seu 
coração. Paulo clamou: “Ai de mim se não pregar o evangelho” e 
John Knox orou: “Dá-me a Escócia ou eu morro.”
Evangelismo é a paixão que motivou George Whitefield a 
atravessar o oceano Atlântico treze vezes em embarcações frágeis 
para pregar nas colônias americanas. E David Brainerd tossindo 
sangue de seus pulmões com tuberculose enquanto ora pelos índi­
os norte-americanos na neve. E quando o general William Booth, 
aos 75 anos de idade, foi convidado ao Palácio de Buckinghan 
por Eduardo VII, ele resumiu a obra de sua vida ao assinar o livro 
de visitas do rei: “Sua Majestade, a ambição de alguns homens é a 
arte, a ambição de outros é a fama, e alguns homens ambicionam 
o ouro. Mas a minha ambição são as almas dos homens” (FINLEY, 
1994, p. 90).
Outra qualificação é ter boa saúde. White afirmou que 
“O caráter e a eficiência da obra dependem largamente das con­
dições físicas do obreiro... Muito sermão tem recebido uma som­
bra escura vindo da indigestão do ministro” (WHITE, 1976, p. 
43). E ela continua: “Eu sou instruída a dizer aos meus irmãos no 
ministério: Pela intemperança no comer, vocês se desqualificam 
em ver claramente a diferença entre o sagrado e o comum” 
(WHITE, 1953, v. 7, p. 258).
Para ter boa saúde, o evangelista não pode se esquecer 
do seu exercício. Mesmo em meio à mais estressante campanha, 
ele pode programar o dia de modo a permitir tempo para o vigoroso 
exercício. A caminhada e o ciclismo poderíam ser boas opções 
pela facilidade de sua prática. Quando Robert McCheyne, o jovem 
e santo ministro escocês, jazia morrendo, à idade de vinte e nove 
anos, ele se voltou para um amigo sentado ao seu lado e disse:
34
“Deus me deu uma mensagem para entregar e um cavalo para 
cavalgar. Bolas, matei o cavalo de exaustão e agora não posso 
entregar a mensagem! ”
O evangelista precisa dar atenção a sua aparência 
pessoal. White adverte alguns pregadores de que “a perda de 
algumas almas será relacionada, afinal, com o desalinho do ministro” 
(ou o pregador), pois “não puderam de maneira alguma, relacionar 
sua aparência com as verdades por ele apresentadas” (WHITE, 
1978, p. 671). Esta citação é forte. Isso significa que, pelo descuido 
com nossas roupas, pelo mau gosto na escolha das cores, por não 
vestir roupas limpas, por não manter nossas unhas limpas ou os 
cabelos alinhados, poderemos ser o meio de perdição de algumas 
almas. Muitas pessoas são sensíveis quanto a essas coisas, e não 
ouvirão o que nós dizemos, se forem repelidas pela maneira pela 
qual vestimos. Por outro lado, a extravagância no vestuário também 
é uma pedra de tropeço para os descrentes c um embaraço aos 
mais pobres por revelar o orgulho no coração do evangelista. 
Alguém descreveu a maneira com que certo evangelista se 
apresentou cm seu auditório, vestido em traje esplêndido e 
chamativo, com uma bela rosa na lapela. As lâmpadas do auditório 
se apagaram enquanto fortes refletores lançaram luz sobre ele. 
Enquanto entrava triunfante, ao som de música retumbante, ele 
tomou o microfone para saudar o público e orar: “Senhor, esconda- 
me detrás da cruz!” Ora, se queria de fato se esconder, por que se 
esforçou tanto para tomar-sc visível?
Existe também a questão da voz. Uma entonação de voz 
alta é um esforço desgastante tanto para quem fala, quanto para 
quem ouve. Ele não poderá pregar assim todas as noites sem que 
traga transtorno para si. E a audiência que tem de ouvir o seu 
gritante discurso, rápido se cansará e deixará de vir. “Esse gritar, 
porém, que faz?... Causa uma sensação de desagrado nos ouvintes, 
e fatiga os órgãos vocais do orador. Os tons de voz têm muita 
influência em afetar o coração dos que ouvem” (WHITE, 1978, 
p. 667).
í APÍ I LILO 2 - O PllI PARO l )ü 1 V A N ( ,11 IS IA
35
M A N U A L P A IIA EVANC.LLISTAS
Nossa voz precisa ser treinada a falar bem, assim como 
nossos dedos são treinados para usar o teclado do computador. 
“Deve prestar-se cuidadosa atenção para se obter uma articulação 
distinta, sons macios e bem modulados, e uma enunciação não 
demasiado rápida” (WH1TE, 1978, p. 669). Veja Demóstenes 
com pedras na boca, argumentando com as ruidosas e encapeladas 
ondas, para que fosse capaz de fazer-se ouvir nas tumultuadas 
assembléias, e falando, enquanto subia, correndo, morro acima, 
para que seus pulmões acumulassem força. Uma boa voz exige o 
correto uso do diafragma. Muitos evangelistas de êxito usam 
suspensórios para segurar as calças, cm vez de cinto; isso deixa 
livres os órgãos internos e permite o uso do diafragma
Dê algumas considerações aos seus gestos antes da 
reunião, não durante seu sermão! Gestos devem ser espontâneos, 
originando dos pensamentos que você expressa e ajudando as 
palavras a expressar o pensamento. Viva o seu sermão diante dos 
olhos de sua audiência. Mas não represente, nem se torne 
monótono ou repetitivo nos gestos. Alguns oradores, equipados 
com microfone sem fio, acham que devem andar para frente e 
para trás na plataforma para reter a atençãodas pessoas. Cuidado. 
Aqueles que assentam na primeira fileira, se sentirão como 
espectadores de uma partida dc tênis. Mobilidade para o orador 
é desejável, mas evite imitar um bicho enjaulado.
O evangelista que não está constantemente estudando e 
buscando aprimorar-se não é digno do seu chamado. Ele necessita 
conhecer sua Bíblia, tanto o que ela diz quanto onde encontrar os 
textos necessários. Precisa estudar a natureza dos homens, como 
atrair sua atenção e manter o interesse, e como levá-los a uma 
decisão. O evangelista necessita também estar bem informado 
sobre os eventos do dia a dia, para que possa pregar 
inteligentemente acerca do cumprimento das profecias. O conselho 
dc Paulo a Timóteo: “aplica-te à leitura,” sem dúvida referia-se à 
leitura pública das Escrituras do Velho Testamento. Sua 
admoestação, contudo, é muito apropriada para outros tipos de
3 6
leitura também. Ellen White menciona que alguns podem fazer mais, 
caso estejam dispostos a pagar o preço cm diligente estudo:
Nossos pastores terão de prestar contas a Deus por 
deixarem enferrujar os talentos que Ele lhes entregou 
para melhorar pelo exercício. Podiam ter feito, 
inteligentemente, trabalho dez vezes maior, sc tivessem 
se preocupado em tomarem-se gigantes intelectuais. 
Toda a experiência deles em sua elevada vocação é 
diminuída porque se contentam em permanecer onde 
estão (WHITE, 1964, p. 194).
João Wesley tinha verdadeira paixão pela leitura, a maior 
parte da qual ele fazia enquanto cavalgava. As vezes ele percorria 
150 quilômetros, e freqüentemcnte 80 quilômetros, num dia, a 
cavalo. Tinha o hábito de viajar com um volume de ciências; ou 
história, ou de medicina, enfiado no bolsão da sela e, dessa maneira, 
devorou milhares de livros (SHORT, 1963, p. 271). Trcs grandes 
livros dominaram a vida de Wesley e seu coração, durante seus 
dias em Oxford: A imitação de Cristo e Viver e morrer em 
santidade. Ele dizia aos jovens pregadores das sociedades que 
deviam ler ou deixar o ministério! Como parte de sua preparação 
para uma campanha evangelística, leia os livros Obreiros 
evangélicos e Evangelismo, de Ellen White. O último livro, 
especial mente, nunca deveria estar fora do seu alcance durante 
uma campanha. Assine a revista Ministério; estude c arquive os 
artigos sobre evangelismo que aparecem em cada exemplar.
O evangelista bem preparado incluirá em sua preparação 
um estudo sobre o povo c os costumes da localidade onde ele 
trabalhará. Deveria familiarizar-se com a história da cidade, ou se 
há qualquer especial característica que distingue seus habitantes. 
São eles progressistas ou retrógrados? Confortavelmente ricos ou 
miseravelmente pobres? Deveria conhecer também seus costumes 
religiosos, não para argumentar contra eles, mas para entender 
como alcançá-los com a mensagem salvadora de Cristo.
C A P ÍI U LO 2 - O l’R I PARO I ) 0 I V A N ( ,11 M \
37
M A N U A L PARA ! VANGCL1STAS
O último item a ser mencionado aqui acerca do preparo 
pessoal do evangelista é a sua preparação de sermões. Este não 
deveria ser necessariamente o último passo. A tendência de alguns 
é esperar e preparar cada sermão durante a campanha. Mas o 
preparo de sermões pode consumir todo o tempo do evangelista, 
e isso seria um desastre, como você perceberá no capítulo sobre 
a visitação no evangelismo. Por outro lado, não c bom ter “sermões 
em conserva,” isto é, sennões preparados com antecedência, sejam 
pelo evangelista ou qualquer outro, e no momento apontado, pregá- 
lo à audiência sem fazer uma particular adaptação a suas 
necessidades. Assim, c bom para o evangelista gastar tempo, antes 
do início das reuniões, num esforço dc preparar as mensagens 
básicas dc variados temas, c acrescentar ilustrações e pontos 
adicionais adaptáveis ao contexto do local. Da mesma maneira, 
sermões pregados pela segunda ou terceira vez devem scr 
estudados e melhorados antes dc ser pregados novamente. Isso é 
bom para o evangelista e melhor para a audiência. Eu sei que tudo 
o que foi abordado pode já ser familiar ao evangelista, porém 
relembrar estes pontos sempre se faz necessário para o nosso 
crescimento.
Concluindo, o evangelista deve ter uma vida comprometida 
com Cristo, ser cheio do Espírito Santo, disciplinado na oração e 
no estudo da Palavra, esforçado em desenvolver seu dom e 
consumido pela paixão de espalhar as boas novas da salvação em 
Jesus Cristo. Um diálogo ocorrido entre dois jovens em 1867, no 
banco de um parque em Dublin, Irlanda, ilustra a necessidade de 
melhores homens nesse ramo especial da obra de Deus. Um 
professor chamado Henry Varley desafiou um jovem pregador 
visitante com as seguintes palavras: “O mundo espera ver o que 
Deus fará com um homem inteiramente consagrado a Ele.” Ele 
não disse um grande homem, nem um homem com educação 
superior. Ele não disse um homem rico. Ele apenas disse um homem 
totalmente consagrado a Deus. O outro homem meditou naquelas 
palavras durante algumas semanas. Isso o impressionou de tal
maneira que um dia ele exclamou: “Pela graça de Deus, eu serei 
esse homem.” Os historiadores hoje dizem que esse jovem foi 
responsável pelo despertamento de dois continentes para Jesus. 
O seu nome era Dwight L. Moody (JIUSTON, 1984, p. 167).
Leitura Adicional:
WHITE, Ellen G. Evangelismo. Tatuí, SP: Casa Publicadora 
Brasileira, 1978. p. 628-691.
______________. Serviço cristão. Tatuí, SP: Casa Publicadora
Brasileira, 1984. p. 223-256.
C A P i I I I 1.0 2 - O P IU PARO D O I VAN< ,1 I.IS IA
39
Capítulo 3 
0 Processo Organizacional
Gideão estava apavorado quando seu exército, inadequado 
mesmo com trinta e dois mil, foi reduzido a apenas trezentos ho­
mens. Mas esses trezentos, organizados, treinados e cheios do 
poder de Deus, foram capazes de derrotar uma incontável hoste.
0 evangelismo público envolve tantos detalhes que um excelente 
obreiro se torna desesperadamente confuso, a menos que organi­
ze o seu trabalho.
A diferença entre exército e turba é a organização. Lutan­
do numa guerra, o exército tem de ter suficientes soldados na hora 
certa, no lugar certo, com o equipamento certo sob a liderança 
certa. Tem de ter um plano de ação e um plano alternativo. Preci­
sa de comida para os homens, combustível para os equipamentos, 
munição para as armas, adequada comunicação, meio rápido de 
transporte e centenas de outros detalhes.
Pensem no planejamento que levou à invasão aliada na 
Luropa em 1944, coordenada pelo general americano David
1 ■ isenhower. Ele comandava cerca de 3 milhões de soldados, uma 
armada de mais de 4.000 navios que carregavam 500 mil veícu­
los. Para o êxito da missão, cerca de 160 novas bases foram ins­
taladas e foram construídos 20 mil oleodutos sob o Canal da 
Mancha. Neste plano, as condições meteorológicas foram regu­
larmente avaliadas a fim de que o desembarque acontecido em 6 
de junho tivesse completo sucesso (Seleções do Reader’s 
Digest, 1969, p. 176-178).
41
M A N U A L , PAR A EVANGELISTAS
Este mesmo planejamento, cronograma e senso de orga­
nização caracterizam um esforço bem sucedido de evangelismo, 
que apropriadamente usa o termo de “campanha.” Ellen White 
destaca a importância de seguir um plano organizado para o êxito 
da série evangelística:
O êxito apenas pode acompanhar a ordem e a ação 
harmoniosa. Deus requer ordem e método em Sua obra 
hoje, não menos do que nos dias de Israel. Todos os 
que estão a trabalhar para Ele devem fazê-lo inteligen­
temente, não de maneira descuidada, casual. Ele quer 
que Sua obra seja feita com fé e exatidão, para que 
sobre ela ponha o sinal de Sua aprovação.
E essencial trabalhar com ordem, seguindo um plano 
organizado e um alvo definido. Ninguém pode instruir 
devidamente a outros, a não ser que cuide que o traba­
lho a ser feito seja realizado sistematicamente e em 
ordem, de maneira que seja terminado no tempo pró­
prio. ...Planos bem definidos devem ser francamente 
apresentados a todos os que tenham que ver com eles, 
e deve haver a certeza de quetenham sido compreen­
didos. Então, exigi que todos os que se encontram na 
direção dos vários departamentos cooperem na execu­
ção desses planos. Se este certo e radical método for 
devidamente adotado e seguido com interesse e boa 
vontade, então se evitará muito trabalho feito sem qual­
quer objetivo definido, bem como muito atrito desne­
cessário (Wlrite, 1978, p. 93,94).
Na gueixa e no evangelismo, é importante ter uma estraté­
gia bem definida para aumentar a eficiência, unir a equipe e avaliar 
a metodologia. Embora a estratégia não seja explicitamente men­
cionada no NT, ela é implícita e perceptível. O Espírito Santo é o 
grande estrategista no livro de Atos. Ele iniciou e capacitou os 
membros para o esforço missionário (At 1:8; 13:1 -4), bem como
42
direcionou e coordenou as suas atividades (At 8:29; 16:6-10). As 
seguintes observações mostram a estratégia que resultou no 
evangelismo e multiplicação de igrejas:
1. Alvo determinado: a Grande Comissão para fazer 
discípulos de Mateus 28:19-20 e Atos 1:8. Estabele­
cer alvos produz maiores resultados desde que eles 
determinem nossas prioridades. Metas desafiadoras 
devem ser estabelecidas ao longo do programa, tais 
como alvos de envolvimento dos membros na 
visitação, de inscrições de pessoas na comunidade, 
de pessoas atraídas pela operação André, de público 
freqiiente às reuniões, de pessoas batizadas e de pes­
soas envolvidas no processo de discipulado.
2. Local da pregação: Jerusalém, o centro de adora­
ção do VT, do Judaísmo e do início da Igreja.
3. Ocasião oportuna: milhares de judeus da diáspora, 
prosélitos e pessoas tementes a Deus enchiam Jeru­
salém por ocasião das celebrações religiosas.
4. Plano de continuidade: Deus providenciou estrutu­
ras e atividades para o desenvolvimento dos novos 
membros nas áreas espiritual, social e missionária (At 
2:42-47).
5. Áreas preparadas: após a perseguição, os 
evangelistas foram para a Samaria, a Judeia e a 
Galileia, locais onde o próprio Jesus semeou a men­
sagem. Por isso, as igrejas prosperaram e se multipli­
caram (At 9:31).
6. Ministérios coordenados: cooperação e subordi­
_______________________ C A P ÍI U I.O 3 - O P R iX I SSO P K ( , A N I /A l IO N A I
43
M A N U A I. PAR A EVANGELISTAS
nação deram força e direção ao movimento. Filipe 
não se importou que Pedro e João fossem enviados 
do “escritório” da igreja-mãe para inspecionar o tra­
balho em Samaria (At 8:4-25), nem os cristãos em 
Antioquia objetaram à supervisão de Bamabé, que 
veio de Jerusalém para esse fim (11:22-26). Coor­
denação também pode ser vista nas equipes de tra­
balho que apoiavam Paulo em seu esforço missioná­
rio (13:49; 19:7-10).
Alguns têm uma noção errada de que para realizar uma 
campanha evangelística, de tudo o que precisam são “preces, 
pôsteres, o pregador e um prédio.” Durante muitos anos, a Asso­
ciação Evangelística Billy Graham tem organizado suas campa­
nhas com base em três fases distintas: preparação, proclamação e 
preservação. Estima-se que, em suas campanhas, cerca de 50% 
do esforço são gastos na preparação; 10 porcento na proclama­
ção c 40 porcento na preservação (ALL1SON; ANDERSON, 
2003, p. 42). As fases envolvidas em um projeto evangelístico são 
quatro: organização, recrutamento, treinamento e função. Essas 
fases serão percebidas ao examinarmos a sequência dos eventos 
do projeto evangelístico, a fim de ajudar o evangelista e a lideran­
ça da igreja a entender e a organizar melhor o plano de atividades.
Organização de uma Campanha Evangelística
Uma campanha evangelística não começa nem termina 
quando o evangelista prega a primeira e a última conferência. Uma 
campanha bem sucedida é planejada meses antes do primeiro ser­
mão e se prolonga por meses depois que o evangelista deixou de 
apresentar-se em público. No início da carreira, o evangelista terá 
pouca ou nenhuma ajuda extra para organizar sua série. Terá de 
preparar, supervisionar o trabalho e ainda ser o pregador. Porém, 
com a experiência, ele poderá ter alguém na equipe que atue como
44
superintendente de campanha encarregado de ajudá-lo na organi­
zação de planos para o funcionamento da máquina evangelística.
Esses planos incluem a área geral a ser considerada c os 
respectivos alvos da campanha. Para isso, decida quanto tempo a 
série vai durar, qual a principal abordagem e o melhor método de 
preparar o território. Rcúna os principais líderes de sua igreja e 
estabeleça as principais metas de ação, bem como uma data para 
o lançamento da campanha (isso deve ser feito em consulta com o 
pastor distrital) (ver Apêndice 1). Prepare um plano mostrando 
quem financiará a campanha, o seu orçamento, como será a con­
tinuidade e onde será o local da futura igreja.
Com os planos em mãos, partilhe idéias com os demais 
líderes e, então, os apresente formalmente à comissão da igreja. 
Esta o remeterá à Comissão de Evangelização Distrital (se hou­
ver) que dará ao plano a ênfase que ele merece (detalhes olvida­
dos, sugestões positivas, etc.). Então, pregue um poderoso ser­
mão missionário mostrando as necessidades de se evangelizar a 
área. Apresente à igreja os planos já aprovados pela comissão da 
igreja. Peça a dois membros da comissão que expressem o seu 
entusiasmo pelo plano c consiga que a igreja toda vote os planos. 
Assim procedendo, a campanha será um projeto da igreja, não 
seu.
Caso os planos envolvam todo o distrito ou uma associa­
ção de igrejas, uma grande convocação para inspiração e instru­
ção concluiría a fase de organização e iniciaria a fase de recruta­
mento. A primeira parte dessa programação deve ser ocupada 
com inspiração, através de cânticos congregacionais que enfatizem 
a missão, clips apropriados, músicas e boa pregação. Na segunda 
parte, convém apresentar instruções específicas sobre a cruzada 
evangelística. Sugere-se dividir os líderes em grupos e fornecer- 
lhes esboços que apresentem as várias etapas e estratégias de 
trabalho. Devem ser apresentados os prazos finais para a execu­
ção das tarefas c pedir-lhes que estabeleçam alvos para cada ta­
refa bem como datas para enviarem os relatórios finais.
_______________________ 1 'A I ’ Í I U L Ü j - O P IN X I SSQ O R( ,A N I / A l IP N .M .
45
M A N U A L PA R A L V A N ( iEL.ISTAS
Em adição a esses requisitos, deve-se pedir a cada líder 
que ore regularmente pelos preparativos e pelas pessoas a serem 
alcançadas pelo evangelho. Além de um resumo do programa com 
as principais datas e eventos, pastores e líderes congregacionais 
devem receber uma descrição de suas responsabilidades por es­
crito. A seguir, apresentaremos uma sequência sugestiva de im­
portantes passos a serem considerados para o bom êxito de uma 
campanha (AESCHLIMANN, 1992, p. 201-207):
1. Escolha do lugar: pode ser que um campo local dese­
je fortificar a obra em certo lugar, ou que se queira 
abrir obra nova.
2. Consenso favorável: deve-se desejar que haja um 
consenso favorável com respeito à escolha do lugar 
por parte do campo local, do evangelista, do pastor e 
das igrejas.
3. Planejamento: uma vez escolhido o lugar e conhecido 
pelo evangelista, este traça os planos provisórios da 
campanha. Tais planos incluem a estratégia da cam­
panha, a duração, o lugar sugerido para as conferên­
cias, o temário, a equipe, o plano de preparação do 
terreno, os materiais necessários, o programa de trei­
namento e o calendário de eventos da campanha (ba­
tismos, datas e programas).
4. Discussão e aprovação dos planos: o evangelista sub­
mete os planos ao campo local. Discute-se o mesmo 
e são feitas sugestões para melhorá-lo. Os planos são 
apresentados aos pastores envolvidos e são ouvidas 
suas sugestões. O mesmo se faz com os líderes da 
igreja.
46
5. Grande convocação missionária: os planos aprova­
dos são comunicados detalhadamente aos membros 
do distrito ou campo local a fim de que haja a partici­
pação de todos.
6. Preparação espiritual da igreja: deve-se criar um am­
biente de comprometimento da igreja. Se na campa­nha participam pregadores leigos, é necessário 
capacitá-los com antecedência. Também se faz ne­
cessário capacitar os que preparam o terreno e os 
que formam as equipes.
7. Nomeação e treinamento das equipes: pelo menos 
dois meses antes, nomeiam-se as equipes que atua­
rão como suporte da campanha (recepcionistas, mú­
sica, equipamentos, preparo do terreno, dentre ou­
tras). Tambcm se faz necessário capacitar essas equi­
pes de serviço, explicando-lhes detalhadamente suas 
responsabilidades.
8. Preparação do terreno: a maioria das campanhas é 
de colheita, mas uma colheita bem sucedida deve ser 
precedida por um esforço de semeadura, e esta se 
faz com meses de antecedência pela equipe ou pela 
igreja local. O ideal é que, no início das conferências, 
haja centenas de pessoas quase totalmente instruídas 
na verdade e praticando a maior parte das doutrinas. 
Então as conferências recapitulam a verdade e con­
duzem as pessoas à decisão.
9. Propaganda: interna (Operação André) e externa 
(convites, rádio e TV, outdoors, etc.).
______________ i A P ÍI L li.O 5 - O P l t iX I ,s>Q O K( .A N I / A i IO N A I
■17
M A N U A L PAR A LVANGF.LISTAS
10. A série de conferências: deve ter duração apropriada 
e ser acompanhada por uma classe bíblica.
11. Continuidade do processo de discipulado por meio 
de um programa de conservação, enquanto se deci­
de o local da nova igreja.
12. Avaliação: devem-se avaliar os pontos altos da cam­
panha, os métodos e as idéias que deram bons e maus 
resultados, o desempenho da equipe, a adequação 
dos temas e devem-se fazer recomendações para o 
futuro.
Leitura Adicional:
WHITE, Ellen G. Evangelismo. Tatuí, SP: Casa Publicadora Bra­
sileira, 1978. p. 59-61; 110-115.
______________. Serviço cristão. Tatuí, SP: Casa Publicadora
Brasileira, 1984. p. 67-76.
48
Capítulo 4 
Finanças e Orçamentos
Um evangelista pode ser eficiente em ganhar almas, mas 
sc o dinheiro flui através dos seus dedos como água, sem o devido 
conhecimento e controle, ele estará em apuros. Não apenas po­
derá ter diminuído o seu orçamento evangel ístico na próxima cam­
panha, mas poderá ter a sua honestidade posta em dúvida! E ver­
dade que alguns bons, consagrados, talentosos homens não são 
bons financistas. Isto não os impede de serem efetivos na obra do 
Senhor, mas eles deveriam tentar superar essa deficiência e tomar 
precauções extras para que os fundos a eles confiados sejam 
manuseados sabiamente. O evangelista pode desejar que o tesou­
reiro da igreja local lide com os fundos, ou ele poderá apontar 
uma pessoa experiente do seu staff para controlar os gastos e os 
livros de caixa.
Há princípios que deveriam nos guiar no uso dos recursos 
financeiros no evangelismo ou em qualquer outro empreendimen­
to da igreja. Ellen White deixou-nos os seguintes conselhos:
O povo de Deus não deve sair cegamente e empregar 
os recursos de que não dispõe, nem sabe como obter. 
Temos que demonstrar sabedoria nas coisas que fizer­
mos. Cristo pôs diante de nós o plano pelo qual Sua 
obra deve ser dirigida. Os que desejarem construir têm 
que primeiramente sentar-se e calcular o custo, para 
ver se podem completar a construção do edifício. An­
49
M A N U A L . PAR A EVANGELISTAS
tes de começarem a executar os planos, devem acon­
selhar-se com sábios conselheiros.
Todos os que trabalham em nossas grandes cidades 
devem ser cuidadosos sobre este assunto - pois em 
lugar algum se deve gastar inutilmente o dinheiro. Não 
é mediante demonstrações espetaculares que os ho­
mens e mulheres aprenderão o que a presente verdade 
encerra. Nossos obreiros devem fazer estrita econo­
mia. Deus proíbe qualquer extravagância. Cada dólar 
em nossas mãos deve ser gasto com economia. Não 
se deve fazer ostentação. O dinheiro de Deus deve ser 
usado para levar avante, segundo o Seu modo, a obra 
que Ele declarou deve ser feita no mundo.
Por que devemos demorar quanto a começar o 
evangelismo em nossas cidades? Não temos que espe­
rar que se faça alguma coisa maravilhosa, ou que che­
guem equipamentos caros, a fim de que se faça grande 
exibição. Que c a palha em comparação com o trigo? 
Se andarmos e trabalharmos humildemente diante de 
Deus, Ele preparará o caminho à nossa frente (WHITE, 
1978, p. 85,86).
Fidelidade em pequenas campanhas levará a maiores res­
ponsabilidades e ampla eficiência em grandes séries, na medida 
em que o obreiro cresce em experiência. Ellen White recomenda 
estrita economia, não gastar o dinheiro em extravagâncias. Mas 
ela não se opunha ao gasto judicioso do dinheiro. Há dois extre­
mos a serem evitados quanto a finanças de campanha. Um é ex­
travagância ou o “grande dispêndio de meios em alguns lugares, 
sem considerarmos as necessidades dos muitos campos que pou­
co auxílio recebem” (WHITE, 1978, p. 86). O evangelista pode 
eliminar detalhes dispendiosos que podem ser atrativos, mas que 
não ajudam a ganhar almas. Determine desde o início a ficar den­
tro do orçamento aprovado.
CAP11 L ILO 4 - 1 IN A N Ç .A S ! O IU , A M I N U \s
O outro extremo é a penúria: extrema soviniee ou o “espí­
rito mesquinho” (WHITE, 1978, p.90). Não fique tão ansioso por 
poupar dinheiro que danifique a eficácia da campanha. Por exem­
plo, não imprima somente 2000 convites quando você pode dis­
tribuir 4000. Outro princípio da economia é gastar o seu dinheiro 
em boa qualidade de equipamentos e materiais. Comprando mais 
barato, logo terá de repor. Assim o barato acaba se tomando caro.
Fontes de Fundos
Hudson Taylor afirmou que “o trabalho de Deus feito à ma­
neira de Deus nunca carecerá do sustento de Deus”, este sustento 
poderá vir de quatro fontes de recursos. Sc há uma igreja em sua 
área, os membros provavelmente ficarão alegres em contribuir para 
as despesas da campanha. Especialmente se a campanha será 
conduzida em seu território, para o beneficio da sua igreja, na qual 
eles possam participar, para ganhar almas que eles possam ver. 
Algo que me ajudou a levantar fundos para financiar uma grande 
série no distrito foi participar os planos à igreja com meses de 
antecedência e solicitar fundos para uma poupança evangelística.
Uma segunda fonte de recursos são as organizações superi­
ores. A Associação ou Missão poderá conceder uma verba espe­
cial destinada a este fim, mas você deverá considerá-la como uma 
reserva, e não como uma fonte principal. Apresente o seu orça­
mento ao evangelista ou ao secretário ministerial para obter su­
gestões acerca de itens importantes que foram esquecidos e fazer 
as necessárias correções antes de submetê-lo à mesa administra­
tiva.
A terceira principal fonte de fundos serão as ofertas levanta­
das durante a campanha. Especialmente se ela ocorre na igreja 
local, pode-se dedicar um momento para um apelo em favor das 
despesas do programa: luz, aluguel, folhetos, etc. (WHITE, 1978, 
p. 89). Não há motivo de constrangimento se o apelo é feito de 
maneira positiva e breve. Pedir ofertas todas as noites é contra-
5 i
M A N U A L . PARA LV A N C IL IS T A S
produccntc. Isto transmite a impressão de que você está interes­
sado apenas no dinheiro deles, especialmente nesta era de des­
confiança por causa da exploração de alguns líderes evangélicos. 
Tirar ofertas uma só vez por semana é mais produtivo e evita cau­
sar má impressão.
Vocc também poderá procurar pessoas de recursos, solici­
tando-lhes doações para a campanha (WHITE, 1978, p.88). Não 
olvide o fato de que os empresários são homens pragmáticos e 
experientes, portanto muito perspicazes em detectar exageros no 
orçamento. Geralmente dispõem de pouco tempo, e apreciam ver 
o planejamento e o orçamento de forma abreviada e rápida. Não 
se esqueça depois de agradecer a eles, mostrando os resultados 
em forma de fotos e vídeo.
Orçamento
Orçamento é o plano que o ajudará a distribuir sabiamente 
as despesas à luz das esperadas receitas até o fim da campanha. 
Nesta seção examinaremos alguns itens que precisam ser consi­
derados no orçamento. Não se pretende ser exaustivo aqui, mas

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