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Sumário 
1 Regime Jurídico Administrativo ..................................................................................................... 5 
2 Princípios expressos ..................................................................................................................... 15 
3 Princípios implícitos ou reconhecidos .......................................................................................... 27 
Questões Comentadas ................................................................................................................... 54 
Lista de Questões ........................................................................................................................... 95 
Gabarito ........................................................................................................................................ 107 
Referências ....................................................... ................................................................... 107 
 
APRESENTAÇÃO DO CURSO 
Olá concurseiros e concurseiras. 
É com muita satisfação que estamos lançando este livro digital de Noções de Direito 
Administrativo para o concurso de Agente Administrativo da Polícia Federal. 
Antes de mais nada, gostaria de me apresentar. Meu nome é Herbert Almeida, sou Auditor de 
Controle Externo do Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo aprovado em 1º lugar no 
concurso para o cargo. Além disso, obtive o 1º lugar no concurso de Analista Administrativo 
do TRT/23º Região/2011. 
Meu primeiro contato com a Administração Pública ocorreu através das Forças Armadas. Durante 
sete anos, fui militar do Exército Brasileiro, exercendo atividades de administração como Gestor 
Financeiro, Pregoeiro, responsável pela Conformidade de Registros de Gestão e Chefe de Seção. 
Sou professor de Direito Administrativo e Administração Pública aqui no Estratégia Concursos. 
Além disso, tenho quatro paixões na minha vida! Primeiramente, sou apaixonado pelo que eu faço. 
Amo dar aulas aqui no Estratégia Concursos e espero que essa paixão possa contribuir na sua 
busca pela aprovação. Minhas outras três paixões são a minha esposa, Aline, e meus filhotes, 
Pietro e Gael (que de tão especial foi presenteado com um cromossomosinho a mais). 
Agora, vamos falar do nosso curso! O curso é composto por teoria, exercícios e videoaulas. O 
conteúdo será completo tanto no livro digital como nas videoaulas. Assim, você poderá optar 
por estudar tanto pelo material escrito, como pelos vídeos ou ainda pelos dois. Além disso, 
Herbert Almeida, Time Herbert Almeida, Paulo Guimarães
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abordaremos a teoria completa, mas de forma objetiva, motivo pelo qual você não precisará 
complementar os estudos por outras fontes. As nossas aulas terão o conteúdo suficiente para 
você fazer a prova, abrangendo a teoria, jurisprudência e questões. 
Observo ainda que o nosso curso contará com o apoio da Prof. Leticia Cabral, que nos auxiliará 
com as respostas no fórum de dúvidas. A Prof. Leticia é advogada e trabalha também como 
assessora de Procurador do Estado em Vitória-ES. Atualmente também é aluna do mestrado em 
Direito Processual na UFES (Universidade Federal do Espírito Santo). Com isso, daremos uma 
atenção mais completa e pontual ao nosso fórum. 
O conteúdo do nosso livro digital será distribuído em 14 aulas, conforme o seguinte cronograma: 
AULAS TÓPICOS ABORDADOS DATA 
Aula 0 Princípios básicos da Administração Pública 30/01 
Aula 1 Estado, governo e administração pública. Direito Administrativo: origem, conceito, fontes 06/02 
Aula 2 Organização administrativa da União: administração direta e indireta., centralizada e descentralizada (parte 1) 13/02 
Aula 3 Organização administrativa da União: administração direta e indireta., centralizada e descentralizada (parte 2) 20/02 
Aula 4 Poderes Administrativos 27/02 
Aula 5 Atos Administrativos 05/03 
Aula 6 Licitações 12/03 
Aula 7 Controle da Administração Pública 19/03 
Aula 8 Responsabilidade Civil do Estado 26/03 
Aula 9 Agentes públicos: disposições doutrinárias e constitucionais 02/04 
Aula 10 Lei nº 8.112/1990 – parte 1. 09/04 
Aula 11 Lei nº 8.112/1990 – parte 2. 16/04 
Aula 12 Lei nº 8.112/1990 – parte 3. 23/04 
Aula 13 Decreto nº 1.171/1994 – Prof. Paulo Guimarães 30/04 
Vamos fazer uma observação importante! Ao longo da aula, vamos utilizar questões de várias 
bancas de concurso, porém com assertivas adaptadas para verdadeiro ou falso. O motivo dessa 
adaptação é permitir a contextualização do conteúdo do capítulo recém estudado com o tema da 
questão. Já ao final da aula, teremos uma super bateria de questões atualizadíssimas da banca 
CEBRASPE e devidamente comentadas para você resolver. 
Atenção! Este curso é completo em pdf, sendo as videoaulas utilizadas apenas de forma 
complementar, para facilitar a compreensão dos assuntos. Somente serão disponibilizados vídeos 
para os principais assuntos (aulas 0 a 12). 
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Por fim, se você quiser receber dicas diárias de Direito Administrativo, siga-me nas redes sociais 
(não esqueça de habilitar as notificações no Instagram e Youtube, assim você será informado 
sempre que eu postar uma novidade por lá): 
 
@profherbertalmeida 
 
/profherbertalmeida 
 
/profherbertalmeida 
Sem mais delongas, espero que gostem do material e vamos ao nosso curso. 
Observação importante: este curso é protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da 
Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras 
providências. Grupos de rateio e pirataria são clandestinos, violam a lei e prejudicam os 
professores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe adquirindo os cursos 
honestamente através do site Estratégia Concursos ;-) 
 
Antes de iniciarmos o nosso curso, vamos a alguns AVISOS IMPORTANTES: 
1) Com o objetivo de otimizar os seus estudos, você encontrará, em nossa plataforma 
(Área do aluno), alguns recursos que irão auxiliar bastante a sua aprendizagem, tais como 
“Resumos”, “Slides” e “Mapas Mentais” dos conteúdos mais importantes desse curso. 
Essas ferramentas de aprendizagem irão te auxiliar a perceber aqueles tópicos da matéria 
que você precisa dominar, que você não pode ir para a prova sem ler. 
2) Em nossa Plataforma, procure pela Trilha Estratégica e Monitoria da sua respectiva 
área/concurso alvo. A Trilha Estratégica é elaborada pela nossa equipe do Coaching. Ela 
irá te indicar qual é exatamente o melhor caminho a ser seguido em seus estudos e vai 
te ajudar a responder as seguintes perguntas: 
- Qual a melhor ordem para estudar as aulas? Quais são os assuntos mais 
importantes? 
- Qual a melhor ordem de estudo das diferentes matérias? Por onde eu começo? 
- “Estou sem tempo e o concurso está próximo!” Posso estudar apenas algumas 
partes do curso? O que priorizar? 
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- O que fazer a cada sessão de estudo? Quais assuntos revisar e quando devo 
revisá-los? 
- A quais questões deve ser dada prioridade? Quais simulados devo resolver? 
- Quais são os trechos mais importantes da legislação? 
3) Procure, nas instruções iniciais da “Monitoria”, pelo Link da nossa “Comunidade de 
Alunos” no Telegram da sua área / concurso alvo. Essa comunidade é exclusiva para os 
nossos assinantes e será utilizada para orientá-los melhor sobre a utilização da nossa 
Trilha Estratégica. As melhores dúvidas apresentadasnas transmissões da “Monitoria” 
também serão respondidas na nossa Comunidade de Alunos do Telegram. 
(*) O Telegram foi escolhido por ser a única plataforma que preserva a intimidade 
dos assinantes e que, além disso, tem recursos tecnológicos compatíveis com os 
objetivos da nossa Comunidade de Alunos. 
 
 
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1 REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO 
1.1 – Regime de Direito Público e de Direito Privado 
A expressão regime jurídico é comumente utilizada para demonstrar um conjunto de normas 
jurídicas que disciplinam as relações jurídicas firmadas pelos sujeitos de uma sociedade. Ademais, 
parte da doutrina costuma dividir o regime jurídico em regime de direito público e regime de 
direito privado. 
O regime de direito público “consiste num conjunto de normas jurídicas que disciplinam poderes, 
deveres e direitos vinculados diretamente à supremacia e à indisponibilidade dos direitos 
fundamentais”1. Em termos mais simples, o regime de direito público é aquele aplicável no 
exercício da função pública, buscando satisfazer os interesses indisponíveis da sociedade. Aplica-
se esse regime, por exemplo, quando o Estado desapropria um imóvel particular para construir 
um hospital: nesse caso, há o conflito entre o interesse do proprietário do imóvel (que muitas 
vezes não quer se desfazer do seu bem) e o interesse da sociedade (que precisa do hospital). 
Nesse caso, o Estado se utiliza da supremacia do interesse público, colocando-se em posição de 
superioridade perante o particular. 
No regime de direito público, os interesses da sociedade são indisponíveis. Isso significa que o 
agente público, que atua em nome da sociedade, não é proprietário da coisa pública, ele apenas 
atua em nome da sociedade. Justamente por isso que o poder público sofre um conjunto de 
limitações ou restrições. Um agente público, por exemplo, não pode alienar (vender) um bem que 
esteja sendo utilizado diretamente na prestação de serviços para a sociedade. Não pode, por 
exemplo, vender um prédio em que esteja funcionando uma escola pública. 
Da mesma forma, quando desejar firmar um contrato, o poder público não pode escolher 
livremente quem deseja contratar, devendo primeiro fazer um processo licitatório para a escolha 
do contratado. 
Ademais, os agentes públicos sujeitam-se ao princípio da legalidade, de tal forma que só podem 
fazer aquilo que a lei autoriza ou determina. Trata-se da aplicação da legalidade administrativa. 
Por outro lado, o regime de direito privado, normalmente direcionado para os particulares, trata 
das relações individuais da população. Neste regime, não há aplicação das prerrogativas do poder 
público, colocando os indivíduos em igualdade de condições em suas relações jurídicas 
(horizontalidade). 
 
1 Justen Filho, 2014 (p. 145). 
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Por exemplo: nos contratos administrativos, há aplicação do regime de direito público e, por isso, 
a Administração poderá realizar alterações unilaterais no contrato, ou seja, realizará mudanças no 
contrato independentemente da vontade da outra parte contratada. Trata-se, nesse caso, da 
aplicação do princípio da supremacia. 
Por outro lado, quando dois particulares firmam um contrato, as alterações das cláusulas 
contratuais somente poderão ocorrer quando as duas partes concordarem; neste caso, uma parte 
não poderá alterar o contrato sem a concordância da outra. Ocorre, aqui, a aplicação do regime 
de direito privado, não estando presentes as prerrogativas ou as restrições inerentes ao regime 
de direito público. 
Essa separação é mais doutrinária do que prática, uma vez que, “no mundo real”, os dois regimes 
convivem “lado a lado”. As relações que a Administração firma submetem-se tanto ao regime de 
direito público como ao de direito privado, ocorrendo, na verdade, o predomínio de um ou outro 
regime, conforme o caso. 
Por exemplo: as empresas estatais exploradoras de atividade econômica são entidades de direito 
privado. Em regra, suas relações são regidas pelo direito privado, como ocorre num contrato de 
financiamento firmado entre um banco público e o seu cliente. No entanto, esse mesmo banco 
público sujeita-se a um conjunto de regras de direito público, como a necessidade de realização 
de concurso público para o provimento de seus empregados públicos e o dever de licitar em 
determinadas condições. 
Na mesma linha, uma prefeitura municipal, em regra, sujeita-se ao regime de direito público; mas 
se sujeitará ao regime de direito privado quando, por exemplo, emitir um cheque de pagamento 
ou quando firmar um contrato de seguro de um veículo, uma vez que nestas situações não estarão 
presentes (pelo menos não diretamente) as prerrogativas de direito público. 
1.2 – Regime Jurídico Aplicável à Administração Pública 
A Administração Pública pode submeter-se a regime jurídico de direito privado ou de direito 
público. A aplicação do regime jurídico é feita conforme determina a Constituição ou as leis, 
levando em consideração a necessidade, ou não, de a Administração encontrar-se em situação de 
superioridade em relação ao particular. 
Por exemplo, o art. 173, § 1º, da Constituição, determina que a lei estabeleça o estatuto jurídico 
da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem 
atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, 
dispondo, entre outros aspectos, sobre “a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas 
privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários” (CF, 
art. 173, § 1º, II). Nesse caso, ficou nítida a determinação de que esse tipo de empresa deverá 
submeter-se ao regime de direito privado. Isso porque a natureza da atividade (exploração de 
atividade econômica) não permite uma relação de desigualdade. 
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Além desses, podemos mencionar a sujeição à realização de concurso público para selecionar 
pessoal e de fazer licitação para firmar contratos com particulares. 
Dessa forma, enquanto prerrogativas colocam a Administração em posição de supremacia 
perante o particular, sempre com o objetivo de atingir o benefício da coletividade; as restrições 
limitam a sua atividade a determinados fins e princípios que, se não observados, implicam desvio 
de poder e consequente nulidade dos atos da Administração. 
Segundo Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, o regime jurídico administrativo é um regime de 
direito público, aplicável aos órgãos e entidades que compõem a Administração Pública e à 
atuação dos agentes administrativos em geral. Os eminentes autores destacam que ele se baseia 
na existência de “poderes especiais” contrabalançados pela imposição de “restrições especiais”. 
As prerrogativas e sujeições, conforme ensinamentos de Celso Antônio Bandeira de Mello, 
traduzem-se, respectivamente, nos princípios da supremacia do interesse público sobre o 
privado e na indisponibilidade do interesse público. 3 
A supremacia do interesse público fundamenta a existência das prerrogativas ou poderes 
especiais da Administração Pública, caracterizando-se pela chamada verticalidade nas relações 
entre a Administração e o particular. Baseia-se na ideia de que o Estado possui a obrigação de 
atingir determinadas finalidades, que a Constituição e as leis exigem. Assim, esses poderes 
especiais representam os meios ou instrumentos utilizadospara atingir o fim: o interesse público. 
Dessa forma, havendo conflito entre o interesse público e os interesses particulares, deverá 
prevalecer o primeiro. 
Por outro lado, a indisponibilidade do interesse público representa as restrições na atuação da 
Administração. Essas limitações decorrem do fato de que a Administração não é proprietária da 
coisa pública, não é proprietária do patrimônio público, tampouco titular do interesse público. 
Estes pertencem ao povo! A indisponibilidade representa, pois, a defesa dos interesses dos 
administrados. 
Em decorrência do princípio da indisponibilidade do interesse público, segundo Alexandrino e 
Paulo, a Administração somente pode atuar quando houver lei que autorize ou determine sua 
atuação, e nos limites estipulados por essa lei. Dessa forma, enquanto os particulares atuam 
conforme a autonomia da vontade, os agentes administrativos devem agir segundo a “vontade” 
da lei. 
 
3 Bandeira de Mello utiliza a expressão “indisponibilidade, pela Administração, dos interesses públicos”. 
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É importante destacar que Maria Sylvia Zanella Di Pietro diz que os princípios 
fundamentais que demonstram a bipolaridade do Direito Administrativo – de um 
lado as prerrogativas e de outro as sujeições – são os princípios da supremacia do 
interesse público sobre o particular e da legalidade. Perceba que a autora 
“troca” o princípio da indisponibilidade pelo princípio da legalidade para 
demonstrar as sujeições administrativas. 
Independentemente de quais são os princípios basilares, o fundamental é entender que o regime 
jurídico administrativo se resume a um conjunto de prerrogativas e sujeições especiais que 
permitem, de um lado, o alcance da finalidade pública do Estado e, de outro, a preservação dos 
direitos fundamentais e do patrimônio público. 
 
(TCE-PE - 2017) A administração pública pode estar sujeita tanto ao regime jurídico de direito 
privado quanto ao regime jurídico de direito público. 
Comentários: 
A assertiva está correta. A diferenciação entre o regime de direito público e o regime de direito 
privado é um trabalho doutrinário, porém difícil de se observar no mundo real. Por exemplo, no 
âmbito da Administração Pública, as relações jurídicas ora são regidas pelo direito público ora 
pelo direito privado. Cita-se, por exemplo, a realização de concurso público (direito público) e um 
contrato de financiamento (direito privado) realizados por uma empresa pública. 
 
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Ä regime de direito público: normas que disciplinam a supremacia e a 
indisponibilidade do interesse público, colocando a Administração em posição de 
verticalidade perante os particulares. 
Ä regime de direito privado: normas, em geral aplicáveis aos particulares, que 
colocam as partes em condições de igualdade (horizontalidade). 
Ä regime jurídico administrativo: conjunto de normas formadas, por um lado, 
pelas prerrogativas (supremacia) e, de outro, pelas sujeições (restrições). Por isso 
que a sua base é formada pelos princípios da supremacia e da indisponibilidade 
do interesse público. 
Ä regime jurídico da administração: envolve todo o regime jurídico aplicável à 
Administração, tratando tanto das regras de direito público como das regras de 
direito privado. 
1.3 – Princípios da Administração Pública – Noções Gerais 
A base do regime jurídico administrativo encontra-se nos princípios da supremacia e da 
indisponibilidade do interesse público. Porém, temos vários outros princípios que orientam a 
atividade administrativa. Dessa forma, é fundamental compreendermos o conceito dos princípios 
administrativos antes de estudarmos detidamente cada um deles. 
Os princípios administrativos são os valores, as diretrizes, os mandamentos mais gerais que 
orientam a elaboração das leis administrativas, direcionam a atuação da Administração Pública e 
condicionam a validade de todos os atos administrativos.4 
São, portanto, as ideias centrais de um sistema, estabelecendo suas diretrizes e conferindo a ele 
um sentido lógico, harmonioso e racional, o que possibilita uma adequada compreensão de sua 
estrutura. Ademais, os princípios determinam o alcance e o sentido das regras de determinado 
subsistema do ordenamento jurídico, balizando a interpretação e a própria produção 
normativa.5 
Percebe-se, pois, que os princípios estabelecem valores e diretrizes que orientam não só a 
aplicação como também a elaboração e interpretação das normas do ordenamento jurídico, 
permitindo que o sistema funcione de maneira harmoniosa, equilibrada e racional. 
Por exemplo, o princípio da moralidade condiciona a atuação administrativa segundo os princípios 
da probidade e boa fé, invalidando, por conseguinte, os atos decorrentes de comportamentos 
 
4 Barchet, 2008, p. 34. 
5 Alexandrino e Paulo, 2011, p. 183. 
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fraudulentos e astuciosos. Esse tipo de princípio serve para balizar as ações administrativas, auxiliar 
a interpretação das regras e direcionar a produção legislativa. 
Nesse sentido, existem inúmeros princípios como a legalidade, a razoabilidade, a moralidade, a 
publicidade, a continuidade, a autotutela, etc. 
Os princípios podem ser expressos, quando estão previstos taxativamente em uma norma jurídica 
de caráter geral; ou implícitos, quando não constam taxativamente em uma norma jurídica, 
decorrendo, portanto, de outros princípios, da jurisprudência ou da doutrina. 
Saber se um princípio é expresso ou implícito depende do ponto de vista. Por exemplo, entre os 
princípios expressos, podemos destacar os princípios constitucionais previstos no art. 37 da 
Constituição Federal de 1988 (CF/88), nos seguintes termos: 
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios 
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência [...]. 
Os princípios previstos acima são considerados expressos tendo como referência a Constituição 
Federal. Ou seja, tendo como referência unicamente a Constituição, são princípios previstos 
expressamente para a administração pública direta e indireta – autarquias, fundações públicas, 
empresas públicas e sociedades de economia mista –, de qualquer dos Poderes – Legislativo, 
Executivo e Judiciário – da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios: legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência – LIMPE. 
 
Os princípios previstos expressamente no art. 37 da Constituição Federal aplicam-
se indistintamente às administrações direta e indireta, de todos os Poderes e de 
todas as esferas. Ou seja, os princípios da legalidade, impessoalidade, 
moralidade, publicidade e eficiência – que formam o famoso mnemônico: LIMPE 
– orientam a atuação administrativa dos órgãos de todos os Poderes – devemos 
incluir aqui o Ministério Público e o Tribunal de Contas –; das entidades 
administrativas que integram a administração indireta – independentemente se 
são de direito público ou de direito privado –; e de todos os níveis de governo – 
União, estados, DF e municípios. 
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Além dos princípios previstos expressamentena Constituição Federal, temos previsão taxativa em 
diversas leis, como na Lei 9.784/1999, que dispõe sobre o processo administrativo na 
Administração Pública Federal, na Lei 8.666/1993, que estabelece normas gerais de licitações e 
contratos, e na Lei 12.462/2011, que disciplina o regime diferenciado de contratações públicas. 
 
As normas infraconstitucionais também apresentam princípios expressos 
aplicáveis à Administração Pública. Vejamos alguns exemplos: 
Lei 8.666/1993 (Lei de Licitações e Contratos): “Art. 3º A licitação [...] será 
processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da 
legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da 
probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do 
julgamento objetivo [...].” 
Explicando: o princípio da igualdade é implícito na CF, mas expresso na Lei 
8.666/93. Logo, dizer se um princípio é implícito ou expresso vai depender da 
norma que estamos utilizando como referência. 
Lei 9.784/1999 (Lei do Processo Administrativo da Administração Pública 
Federal): “Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos 
princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, 
moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e 
eficiência.” 
Lei 12.462/2011 (Lei do Regime Diferenciado de Contratações Públicas): “Art. 3o 
As licitações e contratações realizadas em conformidade com o RDC deverão 
observar os princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da 
igualdade, da publicidade, da eficiência, da probidade administrativa, da 
economicidade, do desenvolvimento nacional sustentável, da vinculação ao 
instrumento convocatório e do julgamento objetivo. 
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Por outro lado, os princípios implícitos6 não constam taxativamente em uma norma jurídica 
geral, decorrendo de elaboração doutrinária e jurisprudencial. 
Não significa que eles não estão previstos em uma norma jurídica, apenas não constam expressa 
ou taxativamente. Ou seja, o princípio implícito encontra-se previsto nas normas, apenas não 
consta expressamente o seu “nome”. Podemos encontrar princípios (i) que decorrem de algum 
princípio expresso ou da interpretação lógica de vários princípios; (ii) cuja aplicação conste 
taxativamente na Constituição, ou seja, não consta uma designação (o “nome”) para chamar o 
princípio, mas consta o seu significado; e (iii) outros por serem implicações do próprio Estado de 
Direito e do sistema constitucional como um todo. 
Vamos exemplificar. O princípio da finalidade não se encontra previsto expressamente na 
Constituição Federal. Contudo, ele decorre do princípio da impessoalidade. Assim, toda atuação 
administrativa deverá ter como finalidade, em sentido amplo, o interesse público e, em sentido 
estrito, a função específica desenvolvida pela norma. Essa é a aplicação do princípio da finalidade, 
que decorre de um princípio previsto expressamente na Constituição Federal: o princípio da 
impessoalidade. 
No segundo caso, temos o exemplo do princípio da segurança jurídica, que possui apenas a sua 
aplicação prevista na Constituição Federal, conforme consta no inc. XXXVI, art. 5º, determinando 
que “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. Assim, a 
CF veda a aplicação retroativa de lei que tenha o poder de prejudicar o direito adquirido, o ato 
jurídico perfeito e a coisa julgada. É justamente essa a aplicação do princípio da segurança jurídica. 
Contudo, não consta no texto constitucional algo do tipo “a lei deve respeitar o princípio da 
segurança jurídica”. 
Assim, podemos perceber que, no segundo caso, não aparece taxativamente a denominação do 
princípio, mas consta a sua aplicação, cabendo à doutrina e à jurisprudência reconhecer a sua 
existência e designação. 
Por fim, o princípio da supremacia do interesse público é exemplo da terceira situação, pois é um 
princípio geral de Direito, decorrendo de interpretação sistemática de nosso ordenamento 
jurídico. Apesar de existir diversos dispositivos constitucionais de base para esse princípio, não há 
como fazer uma menção taxativa. O princípio da supremacia significa a própria razão de ser da 
Administração, representando a lógica do nosso ordenamento constitucional. 
Antes de encerrarmos essa parte introdutória, cabe fazer uma última observação. Em que pese a 
doutrina disponha que os princípios da supremacia do interesse público e da indisponibilidade 
sejam os princípios basilares ou fundamentais do Direito Administrativo, não há hierarquia entre 
 
6 José dos Santos Carvalho Filho denomina de “princípios reconhecidos” aqueles que não possuem previsão 
expressa. Todavia, adotaremos a expressão “princípios implícitos”, uma vez que esta é a designação da doutrina 
majoritária. 
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os princípios. Ou seja, não podemos afirmar que o princípio da supremacia encontra-se acima do 
princípio da moralidade, por exemplo. No caso de aparente conflito entre eles, caberá ao 
interpretador dar uma aplicação que mantenha a harmonia e unidade do ordenamento jurídico.7 
Após essa abordagem, vamos resolver algumas questões e, em seguida, vamos abordar cada 
princípio separadamente. 
 
(SEGEP - 2018) Os princípios que balizam a atuação da Administração pública estão todos 
subordinados ao princípio da legalidade, erigido pela Constituição Federal como cláusula 
pétrea. 
Comentários: 
A assertiva está errada. Não há hierarquia entre os princípios. Quando houver um aparente 
conflito entre os princípios, deverá ser adotada uma ponderação entre eles para aplicar a 
interpretação que melhor se harmonize com a situação concreta, sem que exista um princípio que 
imediatamente esteja “acima dos demais”. Por exemplo: a atuação administrativa deve pautar-se 
na lei, de tal forma que a Administração não pode praticar ou manter os efeitos de atos ilegais; 
uma vez identificada a ilegalidade, em regra, a Administração deverá realizar a anulação. No 
entanto, se a ilegalidade ocorreu há muito tempo, a sua anulação poderá trazer prejuízos maiores 
do que a manutenção do ato. Assim, o princípio da legalidade dá espaço para aplicação do 
princípio da segurança jurídica, de tal forma que o ato, ainda que ilegal, não poderá ser anulado 
quando houver a prescrição ou a decadência. Não significa que o princípio da segurança jurídica 
esteja acima do princípio da legalidade, mas no nosso exemplo, na ponderação entre os dois, 
prevaleceu o princípio da segurança jurídica. 
(TRE BA - 2017) São princípios que regem a administração pública expressos na Constituição 
Federal de 1988: legalidade, indivisibilidade, moralidade, publicidade e eficiência. 
Comentários: 
 
7 A doutrina clássica faz a diferenciação entre normas, regras e princípios. As normas são gênero, enquanto as 
regras e os princípios são as suas espécies. As regras possuem comandos a serem seguidos, com conteúdo mais 
objetivo. Por exemplo: uma lei determina que a Administração dê publicidade aos gastos realizados; isso é uma 
regra. Quando há um conflito entre regras, uma prevalecerá sobre a outra, com base na hierarquia (ex.: a 
Constituição prevalece sobre uma lei ordinária), na cronologia (leis novas prevalecem sobre leis mais antigas) e 
na especialidade. Os princípios, por outro lado, possuem um comando mais geral, abstrato. Quando há um 
conflito sobre os princípios, não existirá um critério único para definir qual deverá prevalecer, pois um não 
excluíra o outro; por isso, deverá o interprete utilizar a solução maisharmoniosa para cada situação real. 
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A assertiva está errada. essa é tranquila, mas importante! Os princípios expressos na Constituição 
Federal são a legalidade, a impessoalidade, a moralidade, a publicidade e a eficiência. A questão 
está incorreta, uma vez que “indivisibilidade” não é princípio constitucional expresso. 
2 PRINCÍPIOS EXPRESSOS 
Vamos trabalhar agora os cinco princípios expressamente previstos no art. 37, caput, da 
Constituição Federal de 1988: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. 
2.1 – Princípio da Legalidade 
O princípio da legalidade está previsto expressamente no artigo 37 da Constituição Federal, 
sendo aplicável às administrações públicas direta e indireta, de todos os Poderes e todas as esferas 
de governo. 
Este princípio nasceu com o Estado de Direito, que impõe a atuação administrativa nos termos da 
lei. É o Estado que cria as leis, mas ao mesmo tempo deve submeter-se a elas. A sociedade não 
quer um governo de homens, mas um governo de leis. 
Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o princípio da legalidade constitui uma das garantias 
principais de respeito aos direitos individuais. Isso ocorre porque a lei, ao mesmo tempo em que 
os define, estabelece também os limites de atuação administrativa que tenha por objeto a restrição 
ao exercício de tais direitos em benefício da coletividade. 
A legalidade apresenta dois significados distintos. O primeiro aplica-se aos administrados, isto é, 
às pessoas e às organizações em geral. Conforme dispõe o inciso II do artigo 5º da CF/88, ninguém 
será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. Dessa forma, 
para os administrados, tudo o que não for proibido será permitido. 
O segundo sentido do princípio da legalidade é aplicável à Administração e decorre diretamente 
do art. 37, caput, da CF/88, impondo a atuação administrativa somente quando houver previsão 
legal. Portanto, a Administração só poderá agir quando houver previsão legal. Por esse motivo, 
ele costuma ser chamado de princípio da estrita legalidade. 
O inciso II do art. 5º da Constituição também serve de proteção aos direitos individuais, pois, ao 
mesmo tempo em que permite que o administrado faça tudo o que não estiver proibido em lei, 
ele impede que a Administração tente impor as restrições. Ou seja, o conteúdo da norma permite 
que o administrado atue sobre sua vontade autônoma e impede que a Administração imponha 
limites não previstos em lei. 
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Nesse contexto, a Administração deve se limitar aos ditames da lei, não podendo, por simples ato 
administrativo, conceder direitos de qualquer espécie, criar obrigações ou impor vedações. Para 
tanto, depende de prévia edição legal. 
Em síntese, a função administrativa se subordina às previsões legais e, portanto, o agente 
público só poderá atuar quando a lei determinar (vinculação) ou autorizar (discricionariedade). 
Ou seja, a atuação administrativa obedece a vontade legal. Por outro lado, os administrados 
podem fazer tudo o que não estiver proibido em lei, vivendo, assim, sob a autonomia da 
vontade. 
Diz-se, portanto, que a Administração não pode atuar contra a lei (contra legem) nem além da lei 
(praeter legem), podendo atuar somente segundo a lei (secundum legem). Por outro lado, os 
administrados podem atuar segundo a lei (secundum legem) e além da lei (praeter legem), só não 
podem atuar contra a lei (contra legem). 
Por exemplo, se dois particulares resolverem firmar um contrato em que um vende uma televisão 
sob a condição de o outro cortar a sua grama, teremos uma situação não prevista no Código Civil, 
que é o normativo responsável por regulamentar este tipo de relação jurídica. Todavia, a lei não 
proíbe este tipo de relação, sendo possível, por conseguinte, realizá-la. Nesse caso, os particulares 
atuaram além da lei (praeter legem), mas não cometerem nenhuma ilegalidade. 
Por sua vez, a Administração deve atuar somente segundo a lei. Assim, não é possível, por 
exemplo, que um órgão público conceda um direito a um servidor não previsto em lei. Diga-se, a 
lei não proibiu a concessão do direito, mas também não o permitiu, logo não pode a 
Administração concedê-lo. 
Outro aspecto importante do princípio da legalidade é que a Administração não deve seguir 
somente os atos normativos primários ou os diplomas normativos com força de lei. A atuação 
administrativa também deve estar de acordo com os decretos regulamentares e outros atos 
normativos secundários, como as portarias e instruções normativas. É claro que esses últimos 
atos normativos não podem instituir direito novo, ou seja, eles não podem inovar na ordem 
jurídica, criando direitos e obrigações. 
No entanto, esses diplomas detalham as determinações gerais e abstratas da lei, permitindo a sua 
aplicação no dia a dia da Administração. Assim, os agentes públicos se vinculam também aos 
atos normativos secundários. Nesse sentido, se um agente público descumprir somente um 
decreto ou uma portaria, o ato, ainda assim, poderá ser considerado ilegal. 
Por exemplo, suponha-se que uma lei estabeleceu que a remessa de determinados produtos por 
meio postal deverá obedecer a padrões de segurança estabelecidos em decreto regulamentar. 
Em seguida, o decreto disciplinou os padrões de segurança e disciplinou as regras para sua 
fiscalização. Agora, se um agente público realizar a apreensão do produto sem observar as normas 
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do decreto e a forma de sua fiscalização, eventual multa aplicada poderá ser considerada ilegal. 
No caso, apenas o decreto foi infringido pelo agente público, mas o ato foi dado como ilegal. 
Contudo, não devemos confundir o princípio da legalidade com o da reserva legal. O primeiro 
determina que a atuação administrativa deve pautar-se na lei em sentido amplo, abrangendo 
qualquer tipo de norma, desde a Constituição Federal até os atos administrativos normativos 
(regulamentos, regimentos, portarias etc.). Por outro lado, a reserva legal significa que 
determinadas matérias devem ser regulamentadas necessariamente por lei formal (lei em 
sentido estrito – leis ordinárias e complementares). Por exemplo: a Constituição exige que “a 
lei regulará a individualização da pena” (CF, art. XLVI) – consequentemente, somente uma lei 
aprovada pelo Poder Legislativo poderá dispor sobre esse tema, não cabendo um decreto ou 
outro ato normativo secundário. 
Veja que são sentidos bem distintos, um envolvendo a atuação administrativa (princípio da 
legalidade), e o outro tratando da regulamentação de determinadas matérias. 
 
Em que pese a administração esteja sujeita ao princípio da legalidade, existem situações em que 
a legalidade pode ser, de certa forma, “mitigada”. Nessa linha, a doutrina apresenta como 
exceção ao princípio da legalidade (ou restrições excepcionais ao princípio da legalidade) a: 
§ edição de medidas provisórias (CF, art. 62); 
§ decretação do estado de defesa (CF, art. 136) e 
§ decretação do estado de sítio (CF, arts. 137 a 139). 
As medidas provisórias são atos normativos, com força de lei, editados pelo Presidente da 
República, em situações de relevância e urgência. Apesar de as medidas provisórias possuírem 
força de lei, Celso Antônio Bandeira de Mello as considera exceção ao princípio da legalidade em 
decorrência de uma série de limitações, como as característicasde excepcionalidade e 
precariedade. 
O estado de defesa poderá ser decretado pelo Presidente da República, ouvidos o Conselho da 
República e o Conselho de Defesa Nacional, para “preservar ou prontamente restabelecer, em 
locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente 
instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza” 
(CF, art. 137). O estado de defesa implicará na restrição de alguns direitos, conforme constará no 
decreto que o instituirá e, por isso, representa exceção ao princípio da legalidade. 
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Por outro lado, o estado de sítio poderá ser decretado pelo Presidente da República, após 
autorização do Congresso Nacional, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa 
Nacional, em caso de “comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que 
comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa” ou de “declaração de 
estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira” (CF, art. 137, caput e incs. I e II). 
O estado de sítio é uma medida mais gravosa que o estado de defesa, representando uma série 
de medidas restritivas previstas na Constituição. 
Para finalizar, vale falar sobre o princípio da juridicidade, que basicamente é uma ampliação do 
conceito de legalidade. Segundo o princípio da juridicidade, o administrador não se sujeito apenas 
à lei, mas a todo o ordenamento jurídico. Consequentemente, a discricionariedade 
administrativa fica mais reduzida, uma vez que o agente público se sujeita às leis, aos 
regulamentos, aos princípios e a todos os demais componentes de nosso ordenamento jurídico. 
Assim, se um ato atender à lei, mas ferir um princípio, poderá ele ser anulado, até mesmo pelo 
Poder Judiciário. 
 
Princípio da legalidade: a Administração Pública somente poderá agir quando 
houver lei determinando ou autorizando a sua atuação. O princípio envolve 
qualquer tipo de norma, incluindo atos secundários como os decretos e instruções 
normativas. No entanto, os atos secundários não podem criar direitos e 
obrigações. 
Princípio da autonomia da vontade: significa que os administrados (particulares) 
podem fazer tudo que não estiver proibido em lei. 
Reserva legal: trata das matérias que a Constituição exige que obrigatoriamente 
sejam disciplinadas em lei em sentido estrito (lei formal). 
Restrições (exceções) excepcionais ao princípio da legalidade: medida 
provisória, estado de defesa e estado de sítio. 
2.2 – Princípio da impessoalidade 
O princípio da impessoalidade, também apresentado expressamente na CF/88, apresenta quatro 
sentidos: 
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Princípio da finalidade: em sentido amplo, o princípio da finalidade é sinônimo 
de interesse público, uma vez que todo e qualquer ato da administração deve ser 
praticado visando à satisfação do interesse público. Por outro lado, em sentido 
estrito, o ato administrativo deve satisfazer a finalidade específica prevista em 
lei. 
Assim, do primeiro significado do princípio da impessoalidade, decorre um princípio implícito: o 
princípio da finalidade. Dessa forma, todo ato da Administração deve ser praticado visando à 
satisfação do interesse público (sentido amplo) e da finalidade para ele especificamente prevista 
em lei (sentido estrito). Se não for assim, o ato será inválido. 
Exemplificando, podemos analisar o caso da remoção de servidor público, que tem como 
finalidade específica adequar o número de servidores nas diversas unidades administrativas de um 
órgão. Caso seja aplicada com o intuito de punir um servidor que desempenha mal suas funções, 
o ato atendeu apenas ao sentido amplo, pois punir um servidor que trabalhe mal tem interesse 
público. Contudo, o ato é nulo, por desvio de finalidade, uma vez que a lei não estabelece esta 
finalidade para a transferência8. 
Princípio da igualdade ou isonomia: o princípio da impessoalidade se traduz na 
ideia de isonomia, pois a Administração deve atender a todos os administrados 
sem discriminações. Não se pode favorecer pessoas ou se utilizar de perseguições 
indevidas, consagrando assim o princípio da igualdade ou isonomia. 
Nesse ponto, devemos lembrar que a Constituição Federal estabelece que todos são iguais 
perante a lei (art. 5º, caput), sendo que eventuais tratamentos diferenciados só podem ocorrer 
quando houver previsão legal. 
A Constituição Federal apresenta diversas referências a esta aplicação do princípio da 
impessoalidade como o art. 37, II, que exige a aprovação prévia em concurso público para a 
investidura em cargo ou emprego público, permitindo que todos possam disputar-lhes com 
igualdade; o art. 37, XXI, que exige processo de licitação pública para a contratação de obras, 
serviços, compras e alienações, assegurando igualdade de condições a todos os concorrentes; o 
art. 175, que também exige licitação pública para as permissões e concessões de serviço público; 
e o art. 100 que trata do regime de precatórios judiciais para o pagamento dos débitos das 
fazendas públicas. 
Analisando esses dois primeiros aspectos, podemos perceber que o princípio da impessoalidade 
decorre do princípio da supremacia do interesse público – em virtude da busca pela finalidade 
 
8 Exemplo apresentado na obra de Alexandrino e Paulo, 2011, p. 194-195. 
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ou pelo interesse público – e da isonomia ou igualdade – em decorrência do tratamento 
igualitário, nos termos da lei. 
Vedação de promoção pessoal: os agentes públicos atuam em nome do Estado. 
Dessa forma, não poderá ocorrer a pessoalização ou promoção pessoal do agente 
público pelos atos realizados. 
Esse significado decorre diretamente da disposição do §1º do Art. 37 da CF/88: 
§ 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá 
ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, 
símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores 
públicos. 
Isso significa que as atividades da Administração não podem ser imputadas aos funcionários que 
as realizaram, mas aos órgãos e entidades que representam. 
Dessa forma, um governador não pode se promover, à custa da Administração, por obras 
realizadas em seu governo. Não poderá constar, por exemplo, que “Fulano de Tal” fez isso, mas 
apenas que o “Governo Estadual” ou a “Administração Municipal” realizou determinadas obras. 
Se um agente se aproveitar das realizações da Administração para se promover individualmente, 
estará realizando publicidade indevida. Isso impede que, nas placas ou propagandas de 
publicidade pública, constem nomes pessoais ou de partidos políticos. Impede também a 
utilização de slogans, que possam caracterizar promoção pessoal. 
É mister informar que a promoção pessoal, conforme estamos vendo, fere o princípio da 
impessoalidade. No entanto, é claro que esse tipo de conduta também infringe outros princípios, 
como a legalidade e a moralidade. 
Impedimento e suspeição: esses institutos possuem o objetivo de afastar de 
processos administrativos ou judiciais as pessoas que não possuem condições de 
aplicar a lei de forma imparcial, em função de parentesco, amizade ou inimizade 
com pessoas que participam do processo. 
Por exemplo, se um juiz possuir inimizade reconhecida com uma pessoa que seja parte de um 
processo, ele nãopoderá julgar de forma imparcial. Dessa forma, buscando evitar possíveis 
favorecimentos, preservando a isonomia do julgamento, recomenda-se o afastamento da 
autoridade. 
Na verdade, os dois últimos aspectos nada mais são do que consequência lógica das duas 
primeiras aplicações (princípio da finalidade e da isonomia). 
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Em síntese, o princípio da impessoalidade representa a busca pela finalidade pública, o tratamento 
isonômico aos administrados, a vedação de promoção pessoal e a necessidade de declarar o 
impedimento ou suspeição de autoridade que não possua condições de julgar de forma igualitária. 
2.3 – Princípio da moralidade 
O princípio da moralidade, que também está previsto de forma expressa no caput do art. 37 da 
Constituição Federal, impõe que o administrador público não dispense os preceitos éticos que 
devem estar presentes em sua conduta. Dessa forma, além da legalidade, os atos administrativos 
devem subordinar-se à moralidade administrativa. 
Muito se discutiu sobre a existência da moralidade como princípio autônomo, uma vez que o seu 
conceito era considerado vago e impreciso. Dessa forma, a doutrina entendia que, na verdade, o 
princípio estava absorvido pelo princípio da legalidade. 
No entanto, tal compreensão encontra-se prejudicada, uma vez que a própria Constituição Federal 
incluiu os princípios da legalidade e moralidade como princípios autônomos, ou seja, tratou cada 
um de forma individual. 
Ademais, são diversas as previsões de condutas contra a moralidade administrativa apresentadas 
na Carta de 1988, como, por exemplo, o art. 37, §4º, que dispõe que os atos de improbidade 
administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a 
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário; o art. 14, §9º, com a redação da Emenda 
Constitucional de Revisão nº 4/1994, que dispõe que os casos de inelegibilidade devem proteger, 
entre outras coisas, a probidade administrativa e a moralidade para exercício de mandato; e o 
art. 85, V, que considera crime de responsabilidade os atos do Presidente da República contra a 
probidade administrativa. Com efeito, o art. 5º, LXXIII, dispõe que qualquer cidadão é parte 
legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo à moralidade administrativa. 
A Lei 9.784/1999 também prevê o princípio da moralidade em seu art. 2º, caput, obrigando, assim, 
a Administração Pública federal. O parágrafo único, inc. IV, do mesmo artigo, exige “atuação 
segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé”. 
Dessa forma, podemos perceber a autonomia do princípio da moralidade. Nessa linha, Maria Sylvia 
Zanella Di Pietro dispõe que “sempre que em matéria administrativa se verificar que o 
comportamento da Administração ou do administrado que com ela se relaciona juridicamente, 
embora em consonância com a lei, ofende a moral, os bons costumes, as regras de boa 
administração, os princípios de justiça e de equidade, a ideia de honestidade, estará havendo 
ofensa ao princípio da moralidade administrativa”9. 
 
9 Di Pietro, 2014, p. 79. 
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Assim, podemos observar uma atuação administrativa legal, porém imoral. Por exemplo, pode não 
existir nenhuma lei proibindo um agente público de nomear o seu cônjuge para exercer um cargo 
em comissão no órgão em que trabalha, ou seja, o ato foi legal. Contudo, tal ato mostra-se imoral, 
pois a conduta ofende os bons princípios e a honestidade. 
 
Com base nos princípios previstos no caput do art. 37, o Supremo Tribunal Federal firmou 
entendimento sobre a vedação do nepotismo na Administração Pública, sendo que o fundamento 
decorre diretamente da Constituição, não havendo necessidade de lei específica para disciplinar 
a vedação. Vejamos: 
Súmula Vinculante nº 13 - A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em 
linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade 
nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, 
chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança 
ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em 
qualquer dos Poderes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, 
compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição 
Federal. 
Entretanto, há uma pequena restrição em relação aos cargos de natureza política. Inicialmente, 
o STF possuía o entendimento de que a Súmula Vinculante 13 não seria aplicada aos cargos de 
natureza política, como ministros e secretários de estado (RE 579.951, julgado em 20/8/2008). 
Atualmente, todavia, o entendimento é de que a vedação deve ser analisar caso a caso, de tal 
forma que a nomeação para cargo de natureza política não afasta a aplicação da Súmula Vinculante 
13 automaticamente. Assim, somente estará caracterizado nepotismo, nos cargos de natureza 
política, se o nomeado não possuir capacidade técnica para o cargo ou ficar demonstrada “troca 
de favores” ou outra forma de fraudar a legislação (RCL 7.590/PR; RCL 17.102/SP). 
Em resumo, podemos dizer que a nomeação de um irmão para ocupar um cargo de natureza 
administrativa ofende os princípios da moralidade, impessoalidade, igualdade e eficiência; 
porém a nomeação do irmão do prefeito para exercer o cargo de secretário municipal (natureza 
política) ofenderá a Constituição se ficar demonstrada a falta de capacidade técnica do nomeado 
ou ainda a troca de favores ou outro meio de fraude da lei. 
Devemos considerar, portanto, que um ato até pode ser legal, mas se for imoral, é possível a sua 
anulação. Com isso, a moralidade administrativa ganha um sentido jurídico, permitindo até 
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mesmo o controle judicial do ato. Com isso, caso a autoridade administrativa atue de forma imoral, 
o ato poderá ser anulado pelo Poder Judiciário. 
Não significa, pois, que os princípios da legalidade e da moralidade são indissociáveis. Na verdade, 
eles estão muito relacionados, sendo que, na maior parte das vezes, as pessoas acabam infringindo 
os dois simultaneamente. Diga-se, muitos atos imorais são também ilegais e muitos atos ilegais 
também são imorais. 
Cumpre observar que o princípio da moralidade se aplica às relações entre a Administração e os 
administrados e também nas atividades internas da Administração. A extensão aos particulares é 
muito importante, uma vez que não são raros os casos de formação de conluio buscando fraudar 
a realização de licitações públicas. Nesses casos, um pequeno grupo de empresas se reúne para 
obter vantagens em seus relacionamentos com a Administração. Tais condutas mostram-se, além 
de ilegais, imorais e desonestas. 
De acordo com as lições de Gustavo Barchet, o princípio da moralidade em divide-se em três 
sentidos:10 
Dever de atuação ética (princípio da probidade): o agente público deve ter um 
comportamento ético, transparente e honesto perante o administrado. Assim, o 
agente público não pode sonegar, violar nem prestar informações incompletas 
com o objetivo de enganar os administrados. Não pode um agente se utilizar do 
conhecimento limitado que as pessoas têm sobre a administração para obter 
benefícios pessoais ou prejudicar indevidamente o administrado; 
Concretização dos valores consagrados na lei: o agente público não deve limitar-
se à aplicação da lei, mas buscar alcançar osvalores por ela consagrados. Assim, 
quando a Constituição institui o concurso público para possibilitar a isonomia na 
busca por um cargo público, o agente público que preparar um concurso dentro 
desses ditames (proporcionar a isonomia) estará também cumprindo o princípio 
da moralidade; 
Observância dos costumes administrativos: a validade da conduta administrativa 
se vincula à observância dos costumes administrativos, ou seja, às regras que 
surgem informalmente no quotidiano administrativo a partir de determinadas 
condutas da Administração. Assim, desde que não infrinja alguma lei, as práticas 
administrativas realizadas reiteradamente, devem vincular a Administração, uma 
vez que causam no administrado um aspecto de legalidade. 
 
10 Barchet, 2008, pp. 43-45. 
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Por fim, vale anotar que a doutrina considera que a imoralidade surge do conteúdo do ato. Por 
conseguinte, não é preciso a intenção do agente público, mas sim o objeto do ato pratica. Logo, 
um ato pode ser imoral, ainda que o agente não tivesse a intenção de cometer uma imoralidade. 
Por exemplo: o ato de nomeação de um parente para um cargo em comissão é imoral, ainda que 
a autoridade não saiba que o nomeado é seu parente ou mesmo que a intenção fosse efetivamente 
melhorar a qualidade dos serviços públicos e não favorecer o familiar. 
2.4 – Princípio da publicidade 
O princípio da publicidade, previsto taxativamente no artigo 37 da Constituição Federal, 
apresenta duplo sentido: 
exigência de publicação em órgãos oficiais como requisito de eficácia: os atos 
administrativos gerais que produzirão efeitos externos ou os atos que impliquem 
ônus para o patrimônio público devem ser publicados em órgãos oficiais, a 
exemplo do Diário Oficial da União ou dos estados, para terem eficácia (produção 
de efeitos jurídicos). 
Não se trata, portanto, de requisito de validade do ato, mas tão somente da produção de seus 
efeitos. Assim, um ato administrativo pode ser válido (competência, finalidade, forma, motivo e 
objetivo), mas não eficaz, pois se encontra pendente de publicação oficial. 
Nem todo ato administrativo precisa ser publicado para fins de eficácia, mas tão somente os que 
tenham efeitos gerais (têm destinatários indeterminados) e de efeitos externos (alcançam os 
administrados), a exemplo dos editais de licitação ou de concurso. Esses atos irão se aplicar a um 
número indeterminado de administrados, não se sabe quantos. Outra situação decorre dos atos 
que impliquem ou tenham o potencial de implicar em ônus ao patrimônio público, como a 
assinatura de contratos ou a homologação de um concurso público. 
exigência de transparência da atuação administrativa: o princípio da 
transparência deriva do princípio da indisponibilidade do interesse público, 
constituindo um requisito indispensável para o efetivo controle da Administração 
Pública por parte dos administrados. 
Com efeito, a publicidade poderá se manifestar pelas seguintes formas: 
(i) direito de peticionar junto aos órgãos públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade 
ou abuso de poder (CF, art. 5º, XXXIV, ”a”); 
(ii) direito de obter certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento 
de situações de interesse pessoal (CF, art. 5º, XXXIV, “b”); 
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(iii) divulgação de ofício de informações, por intermédio de publicações na imprensa oficial, em 
jornais impressos ou pela internet. 
Ademais, segundo a CF/88: “art. 5º (...) XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos 
informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas 
no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível 
à segurança da sociedade e do Estado”. 
Outros dispositivos constitucionais que merecem destaque são os seguintes: 
Art. 37. (...) § 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração 
pública direta e indireta, regulando especialmente: (...) II - o acesso dos usuários a 
registros administrativos e a informações sobre atos de governo, observado o disposto 
no art. 5º, X e XXXIII. 
Art. 216. (...) § 2º - Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da 
documentação governamental e as providências para franquear sua consulta a quantos 
dela necessitem. 
Esses dispositivos foram regulamentados pela recente Lei 12.527/2011 (Lei de Acesso à 
Informação), que dispõe sobre os procedimentos a serem observados pela União, Estados, Distrito 
Federal e Municípios, com o fim de garantir o acesso a informações. 
Dessa forma, esse segundo sentido é muito mais amplo que o anterior, uma vez que a publicidade 
torna-se um preceito geral e o sigilo a exceção. 
Mas vale ressaltar: a publicidade é a regra, mas não é um dever absoluto. Nessa linha, com 
exceção dos dados pessoais (dizem respeito à intimidade, honra e imagem das pessoas) e das 
informações classificadas por autoridades como sigilosas (informações imprescindíveis para a 
segurança da sociedade e do Estado), todas as demais informações devem ser disponibilizadas 
aos interessados, algumas de ofício (pela internet ou por publicações) e outras mediante 
requerimento. 
As informações divulgadas de ofício constituem a denominada transparência ativa, ao passo que 
as informações que são fornecidas em virtude de solicitações representam a transparência 
passiva. 
2.5 – Princípio da eficiência 
Este é o “mais jovem” princípio constitucional. Foi incluído no artigo 37 pela Emenda 
Constitucional 19/1998 como decorrência da reforma gerencial, iniciada em 1995 com o Plano 
Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE). Assim, a eficiência diz respeito a uma atuação 
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da administração pública com excelência, fornecendo serviços públicos de qualidade à população, 
com o menor custo possível (desde que mantidos os padrões de qualidade) e no menor tempo. 
Segundo Maria Sylvia Di Pietro11, o princípio da eficiência apresenta dois aspectos: 
em relação ao modo de atuação do agente público: espera-se a melhor atuação 
possível, a fim de obter os melhores resultados. 
Como consequência desse primeiro sentido, foram introduzidas pela EC 19/1998 a exigência de 
avaliação especial de desempenho para aquisição de estabilidade e a possibilidade de perda de 
cargo público (flexibilização da estabilidade) em decorrência da avaliação periódica de 
desempenho. 
quanto ao modo de organizar, estruturar e disciplinar a administração pública: 
exige-se que seja a mais racional possível, permitindo que se alcancem os 
melhores resultados na prestação dos serviços públicos. 
Nesse segundo contexto, exige-se um novo modelo de gestão: a administração gerencial. Assim, 
os controles administrativos deixam de ser predominantemente por processos para serem 
realizados por resultados. O momento do controle prévio passa a ser realizado prioritariamente a 
posteriori (após o ato), aumentando a autonomia do gestor, e melhorando a eficiência do controle. 
A transparência administrativa, o foco no cidadão, a descentralização e desconcentração, os 
contratos de gestão, as agências autônomas, as organizações sociais, a ampla participação da 
sociedade no controle e no fornecimento de serviços são todos conceitos relacionados com este 
segundo aspecto da eficiência. 
O princípio da eficiência surge do descontentamento da sociedadecom a qualidade dos serviços 
e os inúmeros prejuízos causados em decorrência da morosidade administrativa. Assim, a atuação 
da Administração não deverá ser apenas legal, mas também eficiente. 
Finalizando, é importante destacar que a busca da eficiência deve ocorrer em harmonia com os 
demais princípios da Administração Pública. Assim, não se pode deixar de obedecer aos princípios 
da legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade somente para alcançar melhores 
resultados. 
Por exemplo, se um agente público deixar de realizar a licitação em determinada situação, 
contratando a empresa de um amigo seu sobre o pretexto de que a contratação foi mais célere, 
barata e com mais qualidade, o ato será mais eficiente, porém será ilegal, imoral e contra a 
impessoalidade. Dessa forma, deverá ser considerado nulo. 
 
11 Di Pietro, 2014, p. 84. 
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Vamos resolver uma questão para consolidar o conhecimento! 
 
(TRT 7 - 2017) O princípio que rege a administração pública, expressamente previsto na 
Constituição Federal de 1988, e que exige dos agentes públicos a busca dos melhores 
resultados e um menor custo possível, é o da eficiência. 
Comentários: a assertiva está correta. questão bem simples. O princípio da eficiência consta 
expressamente na Constituição (dentro do LIMPE) e exige a busca pelos melhores resultados com 
o menor custo possível, ou seja, fazer mais com menos recursos. 
3 PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS OU RECONHECIDOS 
Os princípios abordados a seguir são considerados implícitos ou reconhecidos quando se tem 
como parâmetro a Constituição Federal. 
No entanto, se considerarmos as normas infraconstitucionais, vários deles constam expressamente 
em alguma lei. Por exemplo, na Lei 9.784/1999, que regula o processo administrativo no âmbito 
da Administração Pública Federal, constam expressamente os princípios da legalidade, finalidade, 
motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança 
jurídica, interesse público e eficiência. 
Feita essa abordagem, vamos partir para o estudo específico dos princípios implícitos. 
3.1 – Princípio da supremacia do interesse público 
O princípio da supremacia do interesse público sobre o privado é um princípio implícito, que 
tem suas aplicações explicitamente previstas em norma jurídica. Trata-se, pois, das prerrogativas 
administrativas. 
A essência desse princípio está na própria razão de existir da Administração, ou seja, a 
Administração atua voltada aos interesses da coletividade. Assim, em uma situação de conflito 
entre interesse de um particular e o interesse público, este último deve predominar. É por isso 
que a doutrina considera esse um princípio fundamental do regime jurídico administrativo. 
As prerrogativas administrativas são, portanto, os poderes conferidos à Administração, que lhe 
asseguram a posição de superioridade perante o administrado, aplicando-se somente nas relações 
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em que o Poder Público atua em prol do interesse da coletividade. Podemos ver a aplicação desse 
princípio quando, por exemplo, ocorre a desapropriação de um imóvel, em que o interesse público 
prevalece sobre o proprietário do bem; ou no exercício do poder de polícia do Estado, quando 
são impostas algumas restrições às atividades individuais para preservar o bem-estar da 
coletividade. 
Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o princípio da supremacia do interesse público está presente 
tanto no momento de elaboração da lei como no momento de execução em concreto pela 
Administração Pública. Dessa forma, o princípio serve para inspirar o legislador, que deve 
considerar a predominância do interesse público sobre o privado na hora de editar normas de 
caráter geral e abstrato. 
Assim, quando o legislador inclui a possibilidade de a Administração alterar de forma unilateral as 
cláusulas de um contrato administrativo, obrigando o particular a cumpri-las (desde que 
respeitados os limites e condições previstos na lei), fica evidente que o princípio da supremacia 
serviu de fonte inspiradora para a legislação. 
Por outro lado, o princípio vincula a Administração Pública, ao aplicar a lei, no exercício da função 
administrativa. Nesse contexto, quando a lei concede poderes à Administração para desapropriar, 
intervir, punir, é porque tem em vista atender ao interesse coletivo, que não pode ceder perante 
interesses individuais. Assim, a aplicação da lei deve ter como objetivo tutelar o interesse coletivo, 
não podendo ser utilizado com finalidades privadas como favorecimentos ou vantagens pessoais. 
Por exemplo, quando a lei permite que uma prefeitura municipal faça a desapropriação de um 
imóvel, isso só deve ser feito quando o interesse geral assim o exigir. Caso a autoridade 
administrativa realize a desapropriação com o objetivo de punir um inimigo político do prefeito 
ou para favorecer determinado grupo empresarial, estará realizando por questões individuais, e 
não gerais, desviando a finalidade da lei. Ou seja, estaremos diante de um vício de desvio de 
poder ou desvio de finalidade, tornando o ato ilegal. 
Como dito acima, o princípio da supremacia se fundamenta na própria razão de ser do Estado, na 
busca de sua finalidade de garantir o interesse coletivo. Assim, é possível ver sua aplicação em 
diversas ocasiões como, por exemplo: 
a) nos atributos dos atos administrativos, como a presunção de veracidade, 
legitimidade e imperatividade; 
b) na existência das chamadas cláusulas exorbitantes nos contratos 
administrativos, que permitem, por exemplo, a alteração ou rescisão 
unilateral do contrato; 
c) no exercício do poder de polícia administrativa, que impõe 
condicionamentos e limitações ao exercício da atividade privada, buscando 
preservar o interesse geral; 
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d) nas diversas formas de intervenção do Estado na propriedade privada, 
como a desapropriação (assegurada a indenização), a servidão 
administrativa, o tombamento de imóvel de valor histórico, a ocupação 
temporária, etc. 
 
A imposição de restrições ao particular depende de previsão legal. 
Por fim, deve-se destacar que nas situações em que a Administração não atuar diretamente para 
a consecução do interesse público, como nos contratos de locação, de seguro ou quando agir 
como Estado-empresário, não lhe cabe invocar o princípio da supremacia. Contudo, Alexandrino 
e Paulo destacam que, mesmo que indiretamente, ainda nessas situações – quando não são 
impostas obrigações ou restrições aos administrados –, os atos da Administração Pública 
revestem-se de aspectos próprios do direito público, a exemplo da presunção de legitimidade. 
3.2 – Princípio da indisponibilidade do interesse público 
Esse também é um princípio implícito. Representa o outro lado da moeda. Enquanto o princípio 
da supremacia representa as prerrogativas, o princípio da indisponibilidade do interesse público 
trata das sujeições administrativas. 
As sujeições administrativas são limitações e restrições impostas à Administração com o intuito 
de evitar que ela atue de forma lesiva aos interesses públicos ou de modo ofensivo aos direitos 
fundamentais dos administrados12. Como exemplos de sujeições podemos mencionar a 
necessidade de licitar – para poder contratar serviços e adquirir bens; e a realização de concursos 
públicos, para fins de contratação de pessoas. Percebam que os particularesnão se sujeitam a 
essas limitações. 
Uma pessoa tem disposição de um bem quando é o seu proprietário. Contudo, essa não é a 
realidade da Administração ou de seus agentes. Como bem assevera José dos Santos Carvalho 
Filho, cabe-lhes apenas geri-los, conservá-los e por eles velar em prol da coletividade, esta sim a 
verdadeira titular dos direitos e interesses públicos. 
 
12 Barchet, 2008, p. 55-56. 
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Dessa forma, a Administração não possui livre disposição dos bens e interesses públicos, uma vez 
que atua em nome de terceiros, a coletividade. Por consequência, impõem limitações à alienação 
de bens, que só podem ocorrer nos termos previstos em lei; à contratação de pessoal efetivo, que 
deve seguir a regra de concurso público; à escolha de fornecedores para firmar contrato, que 
depende da realização de licitação, e por aí vai. 
Uma informação importante é que, enquanto o princípio da supremacia do interesse pública não 
se aplica em algumas situações – como na exploração de atividade econômica – o princípio da 
indisponibilidade do interesse público está diretamente presente em qualquer atuação da 
Administração Pública. 
Outro aspecto relevante é a relação do princípio da indisponibilidade do interesse público com o 
princípio da legalidade. Como vimos acima, Maria Di Pietro coloca o princípio da legalidade como 
um dos princípios basilares do Direito Administrativo. Para a autora é a legalidade que demonstra 
a preservação da liberdade dos indivíduos, por meio de restrições impostas ao Poder Público, uma 
vez que a Administração só pode fazer o que estiver previsto em lei, não podendo pautar-se pela 
autonomia de vontade prevista para o particular. Em outras palavras, a Administração deve seguir 
a “vontade da lei”. 
Nesse sentido, Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo afirmam que, justamente por não ter 
disposição sobre a coisa pública, toda atuação administrativa deve atender ao estabelecido em 
lei, único instrumento hábil a determinar o que seja interesse público. Isso porque a lei é a 
manifestação legítima do povo, que é o titular da coisa pública. 
 
Nenhum princípio é ilimitado e irrestrito. Todos os princípios encontram alguma 
relativização na sua aplicação, permitindo a coexistência de todos os princípios no 
ordenamento jurídico. Assim, mesmo que os princípios da supremacia e da 
indisponibilidade do interesse público sejam basilares para o Direito 
Administrativo, eles podem ser relativizados para preservar a aplicação dos outros 
princípios, como a moralidade e a eficiência. 
Com base nisso, o STF já firmou entendimento sobre a possibilidade de a 
Administração fazer acordos ou transações13, relativizando, assim, a aplicação do 
 
13 A transação é um instrumento previsto no Código Civil para que os interessados terminem um litígio mediante 
concessões mútuas (CC, art. 840). Em linguagem mais simples, a transação é um acordo em que um dos lados 
abre mão de parte de seu direito para evitar uma longa demanda judicial. 
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princípio da indisponibilidade do interesse público (e também da legalidade), 
sobremaneira quando o acordo seja a maneira mais eficaz de se beneficiar a 
coletividade (RE nº 253.885/MG). 
Além da relação com as sujeições administrativas, há outros dois sentidos para o princípio da 
indisponibilidade: 
a) poder-dever de agir: sempre que o ordenamento jurídico conceder uma 
competência (poder) aos agentes públicos, esse poder representará também um 
dever. Assim, na situação concreta, a Administração deve agir conforme manda o 
interesse público, não podendo escolher se deve ou não fazer, mas aplicar o 
Direito. Um agente de trânsito, por exemplo, ao mesmo tempo em que tem o 
poder de aplicar uma multa, é obrigado a fazê-lo quando uma pessoa infringir uma 
regra de trânsito; 
b) inalienabilidade dos direitos concernentes a interesses públicos: trata-se do 
impedimento imposto à Administração de transferir aos particulares os direitos 
relacionados aos interesses públicos que a lei lhe encarregou de defender. Assim, 
quando faz uma concessão, por exemplo, não se transfere o direito (ou a atividade 
propriamente dita), mas somente o exercício da atividade. Da mesma forma, não 
se pode alienar um bem que esteja vinculado à satisfação do interesse público. 
A alienação de um bem ocorre quando o Estado transfere este bem a um terceiro. Em outras 
palavras, trata-se da venda de um bem. Ocorre que a Administração não pode se desfazer de seus 
bens quando eles estiverem afetados ao exercício do interesse público. Não é necessário 
aprofundar o assunto. O que devemos saber é que os bens públicos, quando possuírem uma 
finalidade própria relacionada à satisfação do interesse público, não podem ser alienados. 
Por exemplo, um prédio utilizado como sede de uma prefeitura municipal não poderá ser alienado 
enquanto possuir essa destinação. Dessa forma, o princípio da indisponibilidade do interesse 
público impõe que os bens públicos, quando relacionados à satisfação do interesse público, são 
inalienáveis. 
A única ressalva é que a inalienabilidade não é uma regra absoluta, existindo um procedimento 
legal que permita a alienação de bens. 
Após essas abordagens, vamos resolver algumas questões! 
 
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(SEFAZ RS - 2018) A previsão em lei de cláusulas exorbitantes aplicáveis aos contratos 
administrativos decorre diretamente do princípio da supremacia do interesse público. 
Comentários: a assertiva está correta. As cláusulas exorbitantes são poderes especiais que a 
administração dispõe, nos contratos administrativo, para fazer prevalecer o interesse público. Um 
exemplo de cláusula exorbitante é a possibilidade de alterar unilateralmente um contrato, 
independentemente da concordância da outra parte, dentro dos limites permitidos em lei. Nesse 
caso, portanto, as cláusulas exorbitantes são exemplos de aplicação do princípio da supremacia. 
(CD - 2014) O princípio da indisponibilidade do interesse público não impede a administração 
pública de realizar acordos e transações. 
Comentários: a assertiva está correta. o STF entende ser possível atenuar o princípio da 
indisponibilidade do interesse público, em particular na realização da transação, quando o ato não 
se demonstrar oneroso para a Administração e representar a melhor maneira para ultimar o 
interesse coletivo. Nesse sentido, vejamos a ementa do RE 252.885/MG: “Em regra, os bens e o 
interesse público são indisponíveis, porque pertencem à coletividade. É, por isso, o Administrador, 
mero gestor da coisa pública, não tem disponibilidade sobre os interesses confiados à sua guarda 
e realização. Todavia, há casos em que o princípio da indisponibilidade do interesse público deve 
ser atenuado, mormente quando se tem em vista que a solução adotada pela Administração é a 
que melhor atenderá à ultimação deste interesse. (...)”. 
3.3 – Princípios da razoabilidade e da proporcionalidade 
Os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade exigem da administração pública a 
aplicação de limites e sanções dentro dos limites estritamente necessários para satisfazer o 
interesse público, sem aplicação de sanções ou restrições exageradas. Esses princípios não estão 
previstos de forma expressa na Constituição Federal, mas estão previstos na Lei 9.784/1999, que 
regula o processo administrativo na Administração Pública federal. 
Muitas vezes,

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