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Sistema Hepatobiliar O fígado é o maior órgão humano depois da pele e representa de 4 a 5% do peso corpóreo nos recém-nascidos e de 2 a 5% nos adultos. Está localizado estrategicamente no sistema circulatório, recebendo o sangue da veia porta que drena o estômago, o delgado, o cólon e o baço. A única função digestiva do fígado é a produção de bile. A vesícula biliar, localizada abaixo do lobo direito do fígado, coleta e armazena a bile produzida por ele. Além disso, o fígado recebe os produtos absorvidos no intestino, transformando alguns, armazenando outros e liberando-os para a circulação sistêmica. A vesícula biliar escoa seu conteúdo pelo ducto cístico, que se junta com o ducto hepático comum e forma o ducto biliar comum (colédoco), o qual forma a ampola de Vater (no duodeno) ao se unir com o ducto pancreático. A liberação do conteúdo biliar e é controlada pelo esfíncter de Oddi. Não contém enzima digestiva Importante na digestão e absorção dos lipídeos Colerese = secreção de bile Período interdigestivo: esfíncter de Oddi fechado, bile armazenada na vesícula biliar, a qual tem um epitélio que absorve a água e os íons na bile e a torna concentrada. Período digestivo: esfíncter de Oddi aberto, digestão ocorre com uma mistura da bile hepática com a bile vesicular. Bile produzida pelas células hepáticas Funções: Digestiva: Emulsificação de gorduras→ amplia a interface lipídeo-água ao diminuir a tensão superficial das gotas de gordura e rompê-las em gotículas. Isso é benéfico, já que as enzimas da digestão são hidrolases e precisam de meio aquoso para funcionarem. Transporte e absorção de gorduras através de micelas. Absorção de vitaminas lipossolúveis. Excretora: Excreção de produtos da degradação do sangue (ex: bilirrubina). Composição da bile: Bile primária: Sintetizada pelos hepatócitos sob estímulo de CCK. Contém os ácidos biliares primários, colesterol, fosfolipídio e bilirrubina + líquido isotônico. Componente aquoso: Resultado de uma modificação da tonicidade do fluido da bile primária ao passar pelos ductos. O estímulo é feito pela secretina (efeito colerético). É rico em bicarbonato e, por isso, deixa a bile alcalina. Sais biliares (ácidos biliares conjugados): Micela: Consiste em um arranjo anfipático, com uma face hidrofílica composta por grupos OH, ligações peptídicas e carboxil ou ácido sulfônico; e uma face hidrofóbica. Micela mista: Os sais biliares conseguem solubilizar fosfolipídios e formar micelas. Essa associação entre sais biliares e fosfolipídios favorece a solubilização de outros lipídios como colesterol e outros ácidos graxos, formando micelas mistas. É importante que se mantenha uma proporção entre os componentes de uma micela mista (a de colesterol sendo a menor) para que não se formem cálculos biliares a partir da precipitação de colesterol. É importante lembrar que as micelas só serão formadas quando a concentração de sais biliares exceder uma concentração micelar crítica. A partir disso, qualquer sal biliar adicionado ao meio formará micelas. Efeito colerético da secretina: A atuação da secretina sobre o ducto hepático é de produção do componente aquoso da bile primária. Além disso, ela aumenta a concentração de bicarbonato e aumenta o volume do fluido. Por isso, dizemos que a secretina tem efeito colerético, ou seja, ela estimula a colerese (secreção de bile). Efeito colerético dos ácidos biliares: Quando os ácidos biliares chegam na região do íleo, são absorvidos e estimulam a conjugação dos ácidos secundários com aminoácidos no fígado. Ácidos biliares Nesse processo de recirculação e de formação dos ácidos biliares conjugados, eles estimulam a produção de bile. Efeito colagogo da CCK: A CCK é capaz de estimular a contração da vesícula biliar e a abertura do esfíncter de Oddi. Propicia que o conteúdo biliar e a bile hepática sejam secretados no lúmen duodenal. Os pigmentos biliares são excretados na bile; entre eles, a bilirrubina é o mais importante. Esses pigmentos resultam da degradação da hemoglobina no sistema reticuloendotelial. Como não se solubilizam em água, os pigmentos biliares são conjugados, no plasma, à albumina e, n a bile, ao ácido glicurônico. Não participam das micelas Conferem cores à bile, urina e fezes. Urobilinogênio pode ser excretado nas fezes ou pode ser reabsorvido e excretado na urina. Bilirrubina não conjugada = bilirrubina + albumina plasmática. Bilirrubina conjugada = bilirrubina + ácido glicurônico (no fígado). A bile é uma das vias de excreção da bilirrubina. Cefálica Gástrica As fases cefálica e gástrica contribuem muito pouco para a secreção de bile, mas atuam a partir da liberação de ACh pelo nervo vago (parassimpático vagal) e de gastrina quando o alimento alcança o estômago. A gastrina consegue se ligar aos receptores de CCK com baixa afinidade e tem efeito de contração da vesícula e de relaxamento do esfíncter de Oddi, porém reduzido. Intestinal: É a fase que mais contribui para a secreção de bile, pois o alimento do duodeno faz com que se estimule a secreção de CCK (produtos da hidrólise lipídica e proteica estimulam as células I) e de secretina. Esses dois estímulos (CCK e secretina) são os mais potentes para a secreção de bile. Correlações clínicas Icterícia: coloração amarelada dos tecidos (mais na pele e olhos característicos da elevação do nível de bilirrubina sanguínea tanto na forma livre quanto na conjugada. Uma das causas pode o aumento da hemólise, com liberação rápida de bilirrubina não conjugada na circulação (bilirrubina + albumina). Outra causa pode ser por obstrução dos ductos biliares ou lesões hepáticas, com elevação do nível de bilirrubina conjugada no sangue. Litíase biliar: formação de cálculos biliares associada à idade e à obesidade e a mulheres depois dos 40 (3F – female, fat, forty). Precipitação de cristais de colesterol que servem de nucleação para a formação de cálculos. Podem resultar de infecções bacterianas (como E. coli) A estimulação simpática, de modo geral, atua na inibição do esvaziamento da vesícula biliar.