Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MURRAY, Patrick R.; ROSENTHAL, Ken S.; PFALLER, Michael A.. Microbiologia Médica. 8 ed. Rio De Janeiro: Editora Elsevier Ltda, 2017. TRABULSI, Luiz Rachid; ALTERTHUM, Flavio. Microbiologia. 6 ed. São Paulo: Atheneu, 2015. Micose Toda infecção fúngica Tipos de micose Micose superficial – crescimento fúngico nos tecidos epiteliais, sem invasão do tecido vivo e pouca/sem provocar resposta inflamatória no hospedeiro. Por conta disso, são assintomáticas que, portanto, em geral, tem interesses estéticos. Acometem as camadas superficiais da pele e do pelo. Micose cutânea/ dermatofitoses - acometem epiderme mais profunda, acometendo pelos e unhas. E geral, são causados por fungos dermatofíticos (dermatofitoses) ou por não dermatofíticos (dermatomicose). Micoses subcutâneas – acometem derme, tecido subcutâneo, músculos e fáscias. Micoses sistêmicas (profundas) – acometem indivíduos debilitados, ou seja, afetam indivíduos imunossuprimidos, visto que esses apresentam alguma debilidade no sistema imunológico. Relato de caso MEDICINA – NOVE DE JULHO 1. Hipótese diagnóstica da micose – Pitiríase Versicolor causada pelo fungo Malassezia 2. Classificação da micose – Superficial 3. Possível causa do desenvolvimento da doença – Deve – se lembrar que esse fungo faz parte da microbiota. Porém, com a ida na praia, houve favorecimento de alta temperatura, elevada sudorese e produção excessiva de sebo devido ao clima no local. Isso proporcionou um ambiente favorável à proliferação do fungo de forma exacerbada e, portanto, manifestação da lesão presente no caso. 4. Fator de virulência (principal) – Lipase. Essa enzima favorece a degradação de conteúdos lipídicos presente no organismo (como o sebo), tendo capacidade de se proliferar. Pitiríase vesicolor Infecção fúngica da pele, caracteriazada por lesões hipocrômicas ou hipercrômicas principalmente no tórax, braços ou no abdome. Essas lesões são indolores e não contagiosa. Essa hipocromia/hipopigmentação deve-se pelo ácido azeláico secretado pelos fungos, inibindo a produção de melanina (melanogênese). Já a hipercromia/hiperpigmentação parece estar relacionada ao aumento e distribuição dos melanossomas. A doença se apresenta como máculas, finamente descamativas de tamanho, forma e cor variáveis. Causada pelo fungo Malassezia spp. do complexo de Malassezia furfur que, em geral, são leveduras lipofílicas e não invasivas. Malassezia furfur o Agente reconhecido da pitiríase vesicolor/ Micose da praia o O couro cabeludo é um reservatório, sendo que 90% das pessoas têm. o Sua proliferação é favorecida em meios com: alta temperatura, pele oleosa, elevada sudorese e umidade, e fatores hereditários. o Levedura lipofílica e não invasiva (não queratinolíticos) o Lâmina: macarrão com almôndegas o Tem capacidade de produzir hifas de forma eventual, visto que crescem como colônios leveduriformes, de cor creme, composta de células leveduriformes com brotamento. Micrografia por varredura eletrônica de Malassezia furfur demonstrando o colarete semelhante a um lábio ao redor do ponto do início do broto na célula-mãe. o Sinal de Zireli: descamação é observável na vesicolor. o O ácido zeláico tem ação antitirosinase, visto que impede a conversão de tirosina em melanina, ou seja, impede a melanogênese. M.furfur em placa ágar dixon Tratamento: cetoconazol tópico ou cicloprox-olamina por via oral (geralmente em infecção mais generalizada) ou xampu com sulfeto de selênio. Relato de caso 1. Hipótese diagnóstica da micose – Tinea Unguium causada pelo fungo Trichophyton 2. Classificação da micose – Cutânea 3. Possível causa do desenvolvimento da doença - Colonização da placa ungueal pelo fungo, visto que esse fungo é mais antropofílico do que zoofílico. Então, a transmissão ocorre entre os humanos de forma direta ou indireta; transmissão para a mulher pelo ambiente doméstico compartilhado (banheiro). 4. Fator de virulência (principal) – Enzima queratinase Adendo: - O termo dermatofitose se refere a lesões cutâneas e a um complexo de doenças causadas por quaisquer das várias espécies de fungos filamentosos taxonomicamente relacionados dos gêneros Trichophyton, Microsporum e Epidermophyton. Pode ser transmitida de homem para homem, animal ao homem ou solo ao homem. Trichophyton rubrum o - Esses fungos são conhecidos coletivamente como dermatófitos, devido à capacidade de degradar a queratina, e são zoofílicos e antropofílicos. o - Esses fungos são filamentosos (formadores de hifas) e queratinofílicos, ou seja, esse último termo se refere a sua capacidade invasiva, visto que têm predileção por queratina. Assim, todas as estruturas queratinizadas do organismo, como unha, pelo/cabelo e pele, estão suscetíveis à presença desses fungos. o - Suas lesões características são: Lesão de tonsura do pelo, manchas inflamatórias na pele e destruição da lâmina ungueal na unha. o - A classificação dos dermatófitos varia de acordo com habitat natural. Ex.: antropofílicos, zoofílicos, geofílico e etc. o - São contagiosos – contato direto ou indiretos – e frequentemente transmitidos pela exposição à pele descamada, unhas e cabelos contaminados por hifas ou conídios. Trichophyton tonsurans. Em lactofenol azul-algodão mostrando microconídios (seta preta) ** os micronídeos são estruturas características do gênero Trichophyton. Tinea Unguium/ Onicomicose Famosa micose de unha Causada pelo fungo Trichophyton rubrum Mais comum afetar as unhas dos pés do que das mãos, visto que os pés passam mais tempo cobertos dentro de calçados, em um ambiente escuro, quente e úmido. A infecção inicia-se pela borda livre, podendo atingir a superfície e a área subungueal Existe três (3) tipos de Onicomicose: - superficial branda - subungueal proximal imunossupressão - subunguela distal lateral compõem 70 – 80% dos casos A infecção é usualmente crônica Unhas ficam grossas, elevadas, friáveis, descoloridas (brancon-amareladas), porosas e deformadas Trichophyton rubrum. Em lactofenol azul-algodão mostrando macroconídio multicelular (seta preta) e microconídios em forma de gota e pino (seta vermelha). Esse fungo costuma ser adquirido no ambiente, principalmente em áreas úmidas e quentes, como banheiros, chuveiros, vestiários e piscinas públicas. Também ocorre de uma pessoa para outra, sendo bem menos comum, devido ao compartilhamento de objetos contaminados compartilhados, como lixas ou cortadores de unha Diagnóstico: coleta de pelos, peles e unhas para microscopia direta; cartão com amostra de unhas Tratamento: agentes tópicos – miconazol, tioconazol, clotrimatizol, terbinafrina. Pomada Whitfield. Antifúngicos orais – itraconazol, fluconazol. Relato de caso 1. Hipótese diagnóstica da micose – Esporotricose causada pelo fungo Sporothrix 2. Classificação da micose – Subutânea 3. Possível causa do desenvolvimento da doença – Pelo fato de ser jardineiro, provavelmente teve uma contaminação traumática pelo solo contaminado com o fungo (ex.: arranhão com um espinho, lesão do tecido). Também existe a transmissão zoonótica pelo arranhão de gato, visto que esses animais são os principais reservatórios desse fungo. Porém, essa hipótese foi descartada, visto que o paciente não possía contato com gato e nenhum outro animal. 4. Fator de virulência (principal) – Dimorfismo/ termotolerância/ Melanina (serve como um combatente da EROS,permitindo sua capacidade evasiva do sistema imune, sobretudo dos neutrófilos). Esporotricose = “Doença do jardineiro” Causada pelo complexo Sporothrix schenkii Tem a forma linfocutânea e a cutânea disseminada ou pela mucosa. Porém, essa última é a menos comum, sendo os pacientes imunodeprimidos que apresentam risco de disseminação da infecção. A esporotricose linfocutânea é a forma mais comum. Forma linfocutânea: - Causada pelo fungo Sporothrix schenkii. Essa infecção é crônica - A transmissão requer a inoculação através do traumatismo tecidual (arranhão por unha de gato ou espinho) que atinja o tecido subcutâneo. - Acomete pele, tecido sucutâneo e gânglios linfáticos regionais - A infecção primária forma um nódulo no local. - Após duas semanas, forma-se um cordão endurecido que segue por um vaso linfático em direção ao gânglio. Nesse cordão formam nódulos subcutâneos linfáticos indolores que se estendem ao longo do curso de drenagem de lesão primária. Com o tempo, esse nódulo pode ulcerar e liberar pus. - A disseminação para outros locais, como olhos, ossos, pulmões e SNC, é rara. Sporothrix schenkii Ubiquitário na natureza: no solo e na vegetação em decomposição É um fungo dimórfico, ou seja, cresce filamentoso em temperatura ambiente e, quando está 37°C e no tecido, se converte em uma levedura pleomórfica. Portanto, é um fungo termodimórfico. Fase filamentosa Fase levedura Infecções granulomatosas crônicas – lesões nodulares; “rosário esporotricótico”- linfagite ascendente. O diagnóstico laboratorial requer cultura do pus, tecido infectado ou secreção, em que o fungo cresce entre 2 a 5 dias. O diagnóstico também pode ser por meio de testes sorológicos e histopatológicos. Exame micológico direto O fungo da esporotricose exige uma resposta imune adaptativa. Em especial, pelas células: Th17 secreta citocinas para recrutar neutrófilos e posteriormente linfócitos Th1 ativa resposta celular que, no final, acaba formando o granuloma para combater o agente infeccioso Tratamento: simples, mas prolongado itraconazol, iodeto de potássio, fluconazol, terbinafrina, anfotericina B
Compartilhar