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Século XVI: Contexto Social, Político e Formação da Companhia de Jesus O século XVI foi marcado por grandes reformas religiosas, políticas e sociais na Europa como protesto e contestação ao poderio imposto pela Igreja Católica que impunha sua verdade como absoluta, cobrava dízimos de maneira obrigatória, impondo ao povo indulgências abusivas que tinham como justificativa a “Palavra e a Vontade Suprema e Incontestável de Deus” expressa através das missas celebradas em Latim, língua dominada apenas pelo clero que estava totalmente corrompido. Os reis, a burguesia e os europeus ocidentais não suportavam mais a interferência da Igreja e a ameaça que esta representava aos seus negócios e decisões. Surge então, através da figura de Lutero que em 1517 critica veementemente a Igreja Católica e seus desígnios, o movimento conhecido como a Reforma que defende a tradução da Bíblia para as línguas nacionais e a celebração das missas na língua do povo, apresentando a salvação pela fé e não mais pelo pagamento de dízimos ou ainda de indulgências, dentre outros ritos. Este movimento tomou força entre os camponeses, comerciantes e monarquia, principalmente na Alemanha. A partir daí, vemos o protestantismo expandir-se rapidamente e tomar força, criando uma verdadeira revolução na Europa (principalmente na região norte) e enfraquecendo o poderio da Igreja Católica, várias guerras entre católicos e protestantes eclodem. Na Inglaterra, o Rei Henrique VIII aproveitando-se da crise apropria-se de todos os bens católicos em seu país, executa vários sacerdotes da Igreja e institui uma nova igreja em 1534, a Igreja Anglicana cuja soberania pertencia à ele que através dos bens confiscados movimenta a economia em seu país. Obviamente, a Igreja Católica não fica nenhum pouco satisfeita e em resposta convoca o Concílio de Trento que entre 1545 e 1563 formula um contra ataque ao Protestantismo. Este movimento fica conhecido como Contra-Reforma que busca adequar a Igreja a nova realidade social europeia: cria os seminários para o preparo adequado de seu clero; instala nos países católicos o Tribunal do Santo Ofício (que dá origem a Inquisição e a perseguição aos “hereges”, ou seja, todos aqueles que divirjam da Igreja ou representem uma ameaça a esta, como os Judeus, Muçulmanos, os Pagãos, os Protestantes, Reis, dentre outros) com punições que variavam desde a tortura, prisão perpétua, fogueira, forca, prensagem até a morte, o afogamento, a decapitação e o esquartejamento; Proíbe livros que seriam subversivos a fé e os queima em praça pública e; por fim cria através de Inácio de Loyola em 1534, a Ordem dos Jesuítas de cunho missionário visando a propagação da fé católica. Esta Ordem assume principal destaque na América Portuguesa e Espanhola, onde utiliza o trabalho indígena obrigatório nas missões e nas fazendas cuja função era a de educar os filhos dos colonizadores. Em 1549, os jesuítas chegam ao Brasil e iniciam seu trabalho no Novo Mundo, o de agentes de educação na colônia, disseminadores dos valores e conteúdos vigentes em Portugal, utilizando um modelo de educação Lusitano cuja ênfase deveria ser a conversão dos gentios, o ensino do latim aos filhos dos colonizadores e a educação das mulheres. Todavia, este mundo marcado pelo pluralismo étnico-cultural, ocupado por diferentes povos nativos (indígenas com suas próprias tradições, crenças, costumes, linguagens), pelos colonizadores portugueses, vindo após esses, os franceses, holandeses, africanos escravizados (de diferentes etnias, tradições, língua e dialetos próprios) exigia uma pedagogia especial o que faz com que a Ordem dos Jesuítas assuma grande diversidade nas atividades educacionais, tais como: - Ação Missionária de conversão dos índios (não “liberal”, ou aceitavam ou eram executados, pois o objetivo aqui era se apossar das terras – dominação territorial e de riquezas e, obrigar os índios a se tornarem aliados contra possíveis invasores); - Formação teológica para religiosos e pessoas com vocação; - Educação dos filhos dos colonizadores; - Alfabetização e Ensino formal do Latim em Igrejas, Missões, Oficinas, Colégios e Seminários (para atender a elite colonizadora, ao clero e aos interesses da Coroa Portuguesa). Andréa Vidal Tomé da Silva
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