Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
SISTEMA DE INFORMAÇÃO SOBRE MORTALIDADE (SIM) O Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) foi criado em 1975, ou seja, a informatização ocorreu antes mesmo da fundação do Sistema Único de Saúde (SUS). Surgiu a partir de uma unificação de diversos modelos de instrumentos (mais de quarenta) para coletar dados sobre mortalidade no País até então, havendo além de unificação, a padronização. O Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) possui variáveis epidemiológicas que permitem construir indicadores e processar análises epidemiológicas. Ou seja, a partir do conhecimento de diferentes regiões e populações, através de dados, podem-se estabelecer e confirmar hipóteses de causas para as diferentes taxas de mortalidade. Além disso, o SIM atua como uma Ferramenta de Gestão, de modo que, a partir da reunião de dados, tanto quantitativos e qualitativos, sobre óbitos ocorridos no Brasil, é possível obter um melhor panorama da situação de saúde de diferentes populações, de maneira a propor, por meio dos gestores em saúde, em seguida, políticas e ações públicas com vistas a enfrentar ou minimizar os impactos. A Declaração de Óbito é um instrumento base e principal para padronização da coleta de dados. É impressa em três vias idênticas e copiadas em sequência, além de pré- numeradas, sendo fundamental que sejam bem detalhadas e corretamente estabelecidas as circunstâncias e aspectos do óbito, a fim de alimentar os indicadores e permitir melhores planejamentos e posteriores avaliações das ações em saúde. A qualidade desses dados é mediada por três fatores: procedência de crítica apurada dos dados registrados, feita pelos gestores municipais em saúde em contato com os que coletaram, buscando identificar informações erradas ou incompletas, a fim de trazer maior veracidade e qualidade a esses dados, permitindo melhor aproveitamento de planejamentos. Além disso, é essencial que os profissionais envolvidos estejam capacitados com o preenchimento (não apenas os médicos, mas também os secretários hospitalares e os funcionários do cartório), a fim de que o preenchimento dos sistemas esteja correto. Por fim, é essencial codificar as causas de acordo com o Classificação Estatística e Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10), garantindo maior qualidade dos dados. Deve-se investigar todos os óbitos maternos (declarados ou confirmados após investigação de óbito de mulher em idade fértil) através do preenchimento da Ficha de Investigação de Óbito Materno. Por se tratarem de mortes evitáveis, a identificação e análise das causas permite detectar falhas na conduta de atenção à mulher que foi a óbito, buscando, além de avaliar, estabelecer procedimentos mais eficazes para evitar mais óbitos. Além disso, é necessário investigar todos os óbitos de menores de um ano, com o objetivo principal de verificar a sua evitabilidade e fornecer subsídios para identificar as ações que devem ser implementadas para reduzir a mortalidade infantil do município. O QUE O MÉDICO DEVE FAZER? Preencher os dados de identificação com base em um documento da pessoa falecida. Na ausência de documento, caberá à autoridade policial proceder o reconhecimento do cadáver. Registrar os dados na Declaração de Óbito (DO), sempre com letra legível e sem abreviações ou rasuras. Registrar as causas da morte, obedecendo ao disposto nas regras internacionais, anotando, preferencialmente, apenas um diagnóstico por linha e o tempo aproximado entre o início da doença e a morte. O QUE O MÉDICO NÃO DEVE FAZER? Assinar a DO em branco; preencher a DO sem, pessoalmente, examinar o corpo e constatar a morte; utilizar termos vagos para o registro das causas de morte, como parada cardíaca, parada cardiorrespiratória ou falência múltipla de órgãos; por fim, cobrar pela emissão de DO, visto que este é um documento disponível gratuitamente para a população pelos Sistemas de Saúde. Apesar da criação do SIM em 1975, somente com a Portaria do Ministério da Saúde nº 20, de 3 de outubro de 2003, houve a regulamentação da coleta de dados, fluxo e periodicidade de envio das informações sobre óbitos para o SIM e o Sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC), com utilização das DOs. Vale ressaltar que a Declaração de Óbito abrange todos os óbitos, sejam fetais (sendo considerado feto aquele com intervalo maior ou igual a 25 cm de tamanho, 500 gramas de massa e 20 semanas de desenvolvimento), em estabelecimentos de saúde ou não (como em domicílios). Vale destacar que peças anatômicas (braços, pernas, pés e mãos) não necessitam de DOs, mas sim, de documentos que autorizem o enterro da peça ou outra destinação. E SE O ÓBITO OCORRER NO DOMICÍLIO? A DO deverá ser fornecida pelo médico pertencente ao programa ou à região na qual a pessoa estava cadastrada, podendo, ainda, ser emitida pelo Serviço de Verificação de Óbito (SVO), caso o médico não consiga definir a causa básica do óbito. *GEC: Guia de Encaminhamento de Cadáver. Ou seja, enquanto o Serviço de Verificação de Óbito (SVO) trabalha com as mortes decorrentes de causas naturais, o Instituto Médico Legal (IML) trabalha com as mortes decorrentes de causas externas. Quanto à geração das vias da DO, vale lembrar que estas são pré-numeradas, em ordem sequencial e autocopiativos. Das três vias disponíveis pelo médico que presenciou e constatou a morte do indivíduo, as duas primeiras serão encaminhadas ao Serviço Funerário Municipal, que gerará uma Guia de Sepultamento. Em seguida, a primeira via será encaminhada à Secretaria Municipal de Saúde (para alimentar o SIM), enquanto a segunda é direcionada ao Cartório para gerar, ao parente próximo ou responsável pelo falecido, a Certidão de Óbito. Por fim, a terceira via é diretamente encaminhada ao prontuário do paciente. GARBAGE CODES: são códigos inespecíficos ou que não podem ser considerados a causa básica de um óbito. Um bom exemplo de garbage code é a parada cardiorrespiratória, ou seja, é necessário informar as cadeias de causas que levaram a esse evento, tratando-o como consequência que levou o paciente à morte, não como causa única e direta da morte. 34% das DOs brasileiras não apresentam causa básica de morte, ou seja, não constam as cadeias e fatores iniciais que principiaram o processo de morte. Nessas DOs, constam mais o produto final, o que não permite o uso dessas informações para formulação, planejamento e avaliação de ações e políticas públicas que buscam combater os fatores iniciais, visando reduzir e impedir que novas mortes ocorram pelas causas primordiais.
Compartilhar