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Coleta, Montagem e Conservação de Insetos A coleta serve para fazer levantamentos ecológicos, de pragas, predadores, parasitoides (aqueles que utilizam outro inseto para depositar seus ovos). Serve também para entender os ciclos de vida dos insetos, observar as interações das espécies (fazer estudos morfológicos comparativos), coleções didáticas, etc. Podemos coletar insetos aquáticos, voadores e terrestres. Legislação de Coleta É necessário obter uma licença para que a coleta seja realizada, com exceção da coleta didática. Existe uma instrução normativa de 2007, do IBAMA/ SISBIO, que permite que eu retire uma licença permanente, que é para principalmente quem trabalha com pesquisa, para fazer laudos e etc. Existe também a autorização específica para a coleta, como é uma licença para coleta didática em locais específicos de preservação. Nesse caso, existe a prestação de contas que exige uma certa burocracia. Regras Básicas de Coleta (Adultos e Imaturos) Devemos fazer a coleta sempre acompanhados, pois no caso de algum acidente tem alguém para socorrer, devemos também, evitar dias frios e chuvosos pois a dificuldade de coleta nessas condições é maior. O que devemos /fazer levar para a coleta: • Lápis e caderno para anotações; • Água e alimento; • Chapéu; • Ir de calças e mangas compridas, calçados fechados e/ou perneiras Atenção: Devemos levar somente o necessário para a coleta e tomar muito cuidado ao deixar pinças e demais objetos pontiagudos junto ao corpo. Tipos de Coleta Para realizar a coleta, devemos saber o tipo de inseto que queremos coletar e para qual finalidade. Realiza-se a coleta em habitats específicos, fazendo o direcionamento do esforço da coleta para áreas em que haja a presença dos insetos visados. A coleta pode ser dividida entre dois tipos, as coletas ativas e passivas. As ativas são aquelas que vamos até os insetos, ou seja, exige a presença do coletor. Coletando-os através da utilização de redes, aspiradores, guarda-chuvas entomológico, pinças, frascos, pano de batida, entre outros. Nesse tipo de coleta, podemos inserir tiras de papeis absorventes nas bordas do recipiente coletor, para evitar que o inseto se bata e estrague suas estruturas. Fonte: Almeida et al., 1998 Podemos também, congelar o inseto para posteriormente realizar a montagem, porém, é importante que a montagem seja feita logo após retirar o inseto do congelador, pois, depois de algum tempo, o inseto começa a endurecer devido a presença de quitina. As coletas passivas são aquelas em que montamos armadilhas diversas para a obtenção dos insetos, não necessitando da presença do coletor. Essa forma faz a coleta de um grande número e variedade de insetos e utiliza de princípios atrativos químicos ou físicos (luz). Armadilhas utilizadas para a coleta passiva: Malaise → é uma espécie de cabana, que foi desenvolvida pelo suéco René Malaise, muito útil para a coleta de Diptera e Hymenoptera. É instalada em clareiras, e funciona da seguinte maneira: O inseto entra na barraca e tende a voar para cima, em direção a luz do sol, entrando assim, no recipiente coletor que possui álcool 70% ou Etileno glicol 10%. Fonte: Almeida et. al 1998 Intercepção de vôo- Consiste em uma tela que fica na altura e percurso de voo dos insetos, que batem e caem em recipientes dispostos abaixo com um conteúdo de água e detergente (que quebra a tensão superficial da água, impedindo que os insetos percorram essa superfície). Shannon → É uma espécie de cabana que possui uma isca (seja ela: humana, carne em decomposição, frutos fermentados, cavalo, fonte luminosa – depende do tipo de inseto que queremos atrair) e uma fita adesiva com inseticida. É importante para a captura de Dipteros e hematófagos. Fonte: Almeida et. al 1998 A desvantagem desse método, é que para fazermos a retirada do inseto da fita é necessária a utilização de algum solvente, que mesmo assim deixará o animal pegajoso, possivelmente perdendo estruturas e dificultando a identificação. Armadilha de solo → É a mais prática de ser feita. Trata-se de uma garrafa Pet com a boca cortada, com a presença de água com detergente no fundo. É usada para insetos que não voam, como tanajuras, formigas e insetos imaturos. Podemos fazer de dois modos: • Pitfall – sem o uso da isca. • Usando iscas atrativas, como peixe, carne e frutas fermentadas. Armadilha para borboletas → Armadilha luminosa → Utiliza-se uma fonte luminosa como atrativo para diversos insetos alados. É usada para insetos de hábitos noturnos, coleta uma grande diversidade de insetos. Funil de Berlese → É um funil, onde colocamos folhiço na parte maior do funil e aplicamos calor (com o auxílio de uma fonte luminosa, por exemplo), assim os insetos irão descem para o interior do funil, fugindo do calor, e caem no frasco coletor. É usado para realizar um levantamento dos insetos presentes na serapilheira, no plantio direto, etc. Fonte: Almeida et. al 1998 Pano para coleta de insetos noturnos → Coloca-se uma lâmpada de mercúrio (que tem maior poder de atração do que as lâmpadas de filamento comum) e captura-se manualmente os insetos atraídos juntos ao pano. Fonte: Almeida et al. 1998 Bandejas coloridas → Apenas utiliza-se bandejas com diferentes cores, para atrair os insetos, que ficam presos na solução de água com detergente presente na bandeja. Existe ainda a armadilha suspensa colorida, que ocorre da mesma forma que as bandejas, só que ficam penduradas na altura de voo dos insetos. Fotoecletor de solo → As cigarras ficam durante 2 anos na forma de ninfa, absorvendo da raíz do café, após isso ela faz a emergência. Essa armadilha faz a captura logo após a emergência, e pode ser utilizada tanto em ambiente aquático quanto terrestre. Termonebulização → É um tipo drástico de coleta, sacrifica todos os insetos do dossel de forma rápida. A fumaça é composta por piretróide + diesel, e os insetos caem em cones posicionados ao chão. É um método em desuso, arcaico. Coleta de Ovos Ovitrampas → Consiste na coleta ovos de mosquitos, através da simulação de um ambiente propício para o depósito dos ovos. São baldes pretos, que possui um fluido atrativo e um bioinseticida. Esse tipo de coleta é importante, pois pode antecipar infestações de doenças, e a densidade de insetos na área. Manutenção do Inseto É difícil a identificação de imaturos (ninfas, larvas, pupas), pois ainda faltam estruturas. Por isso, as vezes é necessário criar o inseto, podendo utilizar gaiolas de emergência, tentando imitar as condições de sobrevivência do inseto. Precisa-se levar em consideração os possíveis problemas na hora da criação: • Alguns insetos são predadores, outros precisam de sangue (hematófago) e outros são generalistas Por isso é importante observar o tipo de alimento do inseto no ato da coleta. • Podem aparecer ácaros, fungos e bactérias (problemas com higienização). • Pode haver canibalismo entre os predadores (individualização). • Parasitas e predadores juntos (problemas na criação). • Umidade – Se pouca umidade ele vai morrer e se houver muito aparecerá fungos. • Maioria dos insetos precisam de bastante umidade (cuidados para não condensar e matar o inseto). As vezes precisamos coletar a planta em que o inseto foi coletado, pois pode ser uma espécie nova. Montagem e Conservação Podemos fazer a conservação por meio de via líquida, utilizando o álcool 70%, álcool glicerinado, e fixador de Dietrich, porém, não podemos utilizar a via liquida para a conservação de lepidópteras, pois os insetos perdem as escamas. Para Hymenoptera parasitóides, podemos utilizar álcool 95%, pois previne odobramento das asas e enrugamento das partes do corpo. Os imaturos, sempre devem ser colocados em via líquida. Ex: O Dragon fly, podemos fazer o congelamento acondicionando-o em potes com papel absorvente. Podemos também, fazer a preservação em via seca, utilizando mantas ou envelopes (insetos de asas grandes). A etiquetagem do material é de suma importância. Existe também, a câmara úmida (areia úmida + naftalina ao fundo), onde na areia, pode ser colocado papel filtro ou jornal onde coloca-se o inseto. É usada para hidratar e possivelmente amolecer o inseto, para assim remontá-lo. Montagem e preservação permanentes São importantes para a preservação e identificação. Para os alfídeos fazemos a montagem em lâmina. A alfinetagem é feita usando o taquinho. Fonte: Almeida et al., 1998 O degrau mais alto é onde fica localizado o inseto no alfinete, os outros dois são para a altura da etiquetagem. 1ª etiqueta → procedência 2ª etiqueta → nome da espécie Em lâminas, etiquetas de procedência vão no canto esquerdo e identificação no lado direito. Cuidados na Montagem • Os corpos dos insetos devem estar maleáveis. • Insetos estocados em via líquida devem passar por desidratação antes da alfinetagem. • Conservados em álcool 70% enrugam devido a presença de áaua (Exceção: besouros e percevejos). • Para borboletas o alfinete vai no tórax. Nos demais, o alfinete vai entre o primeiro e o segundo par de pernas, levemente a direita. . CONSERVAÇÃO • Realizar a secagem completa do inseto (estufa 24h). • Realizar o acondicionamento em caixas de plástico ou papelão com fundo de polietileno ou isopor. • Separar caixas por espécies, gêneros, famílias. • Seguir o critério alfabético de organização ou evolutivo. • Manter umidade baixa no espaço, usando desumidificadores. • Utilizar naftalina em pó ou formalina. • Utilizar baixas temperaturas e proteção da luz para a fotodecomposição. Referências ALMEIDA, Lúcia Massutti de; RIBEIRO- COSTA, Cibele S.; MARINONI, Luciane. Manual de coleta, conservação, montagem e identificação de insetos. Ribeirão Preto: Hollos, 1998. 78 p. (Série manuais práticos em biologia ;1).
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