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Breve História das Instituições – A Tutela Pública da Revelação e Aproveitamento de Recursos Geológicos 5 Cristina Lourenço - Subdiretora-Geral da DGEG Preâmbulo 9 Luís Martins - Presidente do Conselho de Administração do Cluster Portugal Mineral Resources Rochas Ornamentais em Portugal Granitos Ornamentais do Norte de Portugal - Caraterísticas, Potencialidades e Constrangimentos 11 Luís Sousa, Paulo Pita, Jorge Carvalho e José Lourenço No norte de Portugal localizam-se os principais núcleos de pedreiras de granito ornamental. A evolução dos últimos anos alterou as perspetivas de crescimento que vinha sendo verificada, forçando as empresas a adaptaram-se a uma nova realidade. A reconversão de unidades extrativas, por ampliação e fusão, contrasta com a inatividade de muitas outras. Neste trabalho apresenta-se uma caraterização dos núcleos de pedreiras dos granitos de Monção-Valença, Ponte de Lima, Alpendurada-Penafiel, Mondim de Basto, serra da Falperra e Pedras Salgadas. São enumerados os principais problemas que afetam a extração, os intrínsecos ao material ou aos maciços, os derivados das condicionantes ao uso do território e também aqueles relacionados com a dimensão e estrutura das empresas. Apresentam-se propostas para melhorar o acesso e a gestão deste importante recurso natural. Exploração Sustentável de Recursos no Maciço Calcário Estremenho 31 Jorge M. F. Carvalho, Jorge Cancela, Cristina Martins, Daniel Pires e Sónia Malveiro No Maciço Calcário Estremenho ocorre, desde há décadas, uma intensa atividade de extração de blocos de calcário para fins ornamentais. Dos condicionalismos de ordenamento do território, designadamente pelo facto dessa atividade decorrer num espaço territorial consignado para a proteção da natureza – o Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, resultaram numerosas e prolongadas situações de conflito pelo uso do território. Por um lado, os naturais anseios de desenvolvimento do setor industrial, por outro, o cumprimento dos objetivos de conservação da natureza. Visando o estabelecimento de equilíbrios para a resolução da conflitualidade nos principais núcleos de exploração consignados no Plano de Ordenamento daquele parque natural, desenvolveu-se um projeto com o objetivo específico de encontrar mecanismos conducentes à compatibilização da gestão e exploração racional dos recursos em calcários ornamentais com a conservação da natureza, no âmbito dos planos municipais de ordenamento do território. Com base nos resultados alcançados, para cada uma das cinco áreas estudadas foi apresentada uma proposta de ordenamento na qual foram considerados quatro fatores determinantes para a decisão: a existência de áreas de ocorrência de calcários com aptidão ornamental, áreas com altos e excecionais valores ecológicos, património geológico de valor relevante e áreas anteriormente recuperadas do ponto de vista ambiental. Gestão Sustentável da Indústria Extrativa no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros 51 Manuel Duarte A extração de inertes no Maciço Calcário Estremenho, em particular na área abrangida pelo Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC), é uma atividade secular ligada à vida das gentes que povoaram esta região, que fundamentalmente a partir dos finais dos anos 80 do século passado ganhou nova dinâmica e se transformou numa atividade económica de grande expressão e com relevo em termos nacionais e internacionais. A gestão da atividade extrativa tornou-se assim num dos desafios mais importantes ao nível da gestão do PNSAC, dada a necessidade de conciliar a exploração de um recurso natural não renovável (e com forte impactos sobre os valores e a paisagem), com a salvaguarda e valorização do património natural, cultural e paisagístico desta área protegida. Vol. 54 • Lisboa 2019-2020 2 Boletim de Minas, 54 - Tema em Destaque - Rochas Ornamentais - 2019-2020 Anticlinal de Estremoz: Geologia, Ordenamento do Território e Produção de Rochas Ornamentais após 2000 Anos de Exploração 59 Luís Lopes No panorama mineiro de Portugal o Anticlinal de Estremoz constituí um caso único por diversos fatores: 1) trata-se de uma estrutura geológica reconhecida por todos e não apenas pelos especialistas; 2) tem um passado de produção de mármores de excecional qualidade que remonta ao Período Romano; 3) os mármores aqui extraídos têm reconhecimento internacional constituindo-se como uma verdadeira Marca Nacional; 4) é seguramente uma das regiões do Pais com o registo geológico melhor conhecido, quer à superfície quer em profundidade. Para tal contribuíram vários estudos académicos e as várias campanhas de sondagens profundas realizadas pelas entidades governamentais e as sondagens de prospeção geológica efetuadas pelas empresas. Também a cartografia geológica de base foi realizada à escala 1:5.000 ou maior e encontra-se disponível às escalas 1:25.000 e 1:10.000; 5) há um passado de projetos de investigação, teses de fim de curso, mestrado e doutoramento, para além dos planos de pedreira e vários estudos realizados pelas empresas, etc. que constituí uma enorme base de dados. Deste modo, os estudos realizados em diversas áreas (geologia; biologia; ecologia; avaliação de impacte ambiental; caracterização dos geomateriais (rochas e solos); avaliação geomecânica do maciço marmóreo; Planos Diretores Municipais; planos de pedreira; etc.) constituem a todos os níveis um acervo de conhecimento enorme que, complementado com a avaliação de riscos (materiais e humanos), permite a curto prazo a implementação de um efetivo projeto de reordenamento do território. A Rocha Ornamental Portuguesa e a Evolução na sua Caracterização 85 Cristina Isabel Paulo de Carvalho Neste documento, relata-se o extenso trabalho desenvolvido pelo Laboratório Nacional de Energia e Geologia e pelas suas instituições antecessoras, no âmbito da caracterização das rochas ornamentais portuguesas. Tendo como ponto de partida o primeiro “Catálogo de Rochas Ornamentais Portuguesas”, apresentam-se as motivações que estiveram na origem da criação desta obra literária ímpar e das obras literárias que a sucederam, culminando-se no site “Rochas Ornamentais Portuguesas”. A caracterização das rochas ornamentais assenta no conhecimento das suas propriedades, determinadas através de ensaios. Por este motivo, dá-se particular enfase aos métodos de ensaio e ao seu progressivo e gradual desenvolvimento, fruto da adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia. Termina-se, abordando as repercussões desta adesão na comercialização dos produtos em pedra natural, de modo a dar cumprimento à legislação europeia atualmente em vigor (Regulamento (UE) N.º 305/2011). Microscopia e Microanálise no Estudo de Pedras Ornamentais Carbonatadas 103 Luís Dias, Fabio Sitzia, Carla Lisci, Luís Lopes e José Mirão A crescente competitividade de economias emergentes tem criado dificuldades aos países Europeus produtores e exportadores de Pedra Ornamental. Para acrescentar valor, estes países terão que adicionar tecnologia aos seus produtos. São apresentados três casos de como as técnicas de microscopia e microanálise permitem antecipar e compreender o comportamento das rochas, em diversas condições climatéricas. Estas metodologias podem ser usadas em rocha de obra nova, eventualmente seguindo as normas vigentes ou em objetos património. A Revolução Tecnológica e Humana do Setor da Pedra 117 Joana Frazão, Jorge Frazão e Inês Frazão As mudanças aceleradas no mercado exigem que as empresas desenvolvam capacidades dinâmicas para se manterem competitivas. Isto significa que as empresas têm de ter capacidade para integrar, construir e reconfigurar competências internas e externas para abordar ambientes em rápida mudança. Estas capacidades têm de ser desenvolvidas em várias vertentes, o objetivo deste artigo é explorar as áreas tecnológicas e humanas no setor das rochas ornamentais em Portugal. As tecnologias da Fravizel são autónomas,responsivas e digitais o que vai permitir o progresso técnico do setor. Este deve ser acompanhado pela evolução das competências digitais da força de trabalho do setor. A Indústria 4.0 (quarta revolução industrial) surge como resposta ao desafio de automatizar processos e aumentar a atratividade para os mais jovens para o setor. Rochas Ornamentais Portuguesas: Operações Indústria4.0 como Resposta ao Procurement BIM 121 Agostinho da Silva, Andreia Dionísio e Luís Coelho O setor das Rochas Ornamentais (RO) gera em Portugal mais de 16.000 empregos diretos, registou um crescimento das exportações em 2019 de 15% e centra a sua principal âncora competitiva na produção customizada com escala. Sendo previsível que a prazo o Building Information Modelling (BIM) seja a tecnologia de projeto e gestão de obras a nível global, a qual orienta o procurement para produtos standard. O presente estudo avalia a resposta da Indústria 4.0 (I-4.0) às ameaças decorrentes do procurement BIM na Arquitetura Engenharia e Construção. 3 Boletim de Minas, 54 - Tema em Destaque - Rochas Ornamentais - 2019-2020 Cluster dos Recursos Minerais – Um Modelo de Mobilização de Conhecimento, Cooperação e Inovação 127 Marta Rocha Peres A política de Clusters surgiu em Portugal, a partir de 2008. Nessa altura, foi criado o Cluster da Pedra Natural. Em 2016, com a entrada em vigor de outro programa político de clusterização, forma-se uma parceria mobilizada para os objetivos comuns dos Recursos Minerais em Portugal. Esta mobilização culmina na evolução para um Cluster dos Recursos Minerais reconhecido em 2017, que hoje conta com 67 Associados e mais de 100 parceiros a nível mundial. Em mais de dois anos de operacionalização, o trabalho em rede e cooperação tem gerado maior conhecimento, mais desenvolvimento. Os resultados do sistema de clusterização são visíveis ao nível da tendência de crescimento das exportações, do volume de negócios e do valor acrescentado das Empresas que pertencem ao Cluster. O modelo adotado pelo Cluster dos Recursos Minerais, tem evidenciado que este é o caminho a prosseguir além de 2020. LIOZ – Rocha Património, foi Real em Portugal e Transportou Arte e Cultura para o Brasil 137 Zenaide Carvalho G. Silva O estudo do calcário português lioz, abordado neste artigo, abrange uma breve referência à sua história geológica e uma outra, mais extensa, ao seu papel como veículo de divulgação de arte e cultura portuguesa e europeia no Brasil. O lioz, sendo um calcário microcristalino com propriedades físicas e tecnológicas próprias para a construção, é também utilizado como elemento decorativo, uma vez que tem coloração diversa, em branco-marfim, rosa claro e escuro, amarelo dourado e amarelo forte, recebendo por esta razão denominações diferentes na indústria das rochas ornamentais. É um calcário de ambiente recifal, portador de fósseis rudistas que lhe conferem uma textura singular. Ocorre nas zonas de Lisboa e arredores, incluindo a região do município de Sintra, principalmente em Pêro Pinheiro, de cujas pedreiras saiu a maior parte do material para construção em Portugal e no Brasil, desde o século XVIII até o presente. Usado durante décadas em construções na área de Lisboa, em estilos arquitetónicos diversos, em Mafra materializou o complexo arquitetónico emblemático de D. João V, Convento, Igreja e Biblioteca, tornando-se a “pedra real”. Foi transportado para o Brasil como lastro de navios que circulavam entre Portugal e a nova colónia, onde no século XVIII foi a rocha preferida para as grandes construções, principalmente de igrejas e templos de culto religioso, cópias de igrejas portuguesas ou nelas inspiradas, perpetuando a arte e arquitetura transportadas da Europa. Deixou em Salvador, na Bahia uma exposição valiosa do património de arte e cultura portuguesas. O lioz tem hoje o estatuto de “Rocha Património Global” por preencher os requisitos adotados pela Heritage Stone Subcomission (HSS) da UNESCO. Labyrinthus in Petris A Calçada Portuguesa nos Percursos da Ancestralidade 147 Ernesto Matos A calçada artística à portuguesa, é desde os meados do século XIX, um método de pavimento que se tem vindo a implementar numa forma persistente. Não só por Portugal, mas ultimamente, também muitos outros países o têm vindo a assumir. Mais recentemente veio a tornar-se já uma referência de ícone internacional, demostrando-o a cidade do Rio de Janeiro e o seu emblemático Calçadão de Copacabana. Não é assim por o acaso que a Tocha Olímpica de 2016 teve na sua conceção gráfica também a referência a esse característico e emblemático padrão de ondas, já imortalizado, até mesmo por Walt Disney. Por Portugal, com os anos a passar, vão-se fazendo contas, não só pelo custo dos materiais geológicos provenientes das mais valias extrativas em meio natural e sem auxílio a métodos industriais poluentes, como para o pagamento de uma mão-de-obra desqualificada e que continua ligada a uma profissionalizada classe operária. Se por um lado Almeida Garrett já designava de Arte a este método aplicado no velho Rossio e que recebeu o nome de um país, por outro assistimos a uma cada vez mais descaracterização técnica e que vai fomentando a má imagem que constantemente passa debaixo dos nossos pés. O que é certo, é que passados mais de 170 anos desde o seu surgimento para benefício público e universal, não vemos este método como disciplina em nenhuma escola de artes portuguesa. O que temos hoje ou o que queremos no futuro para os nossos pavimentos em calçada? Calçada artística ou calçadas de pedras no chão colocadas por uns arrumadores, formados no quintal ali da esquina? Pretende-se assim com este texto, refletir sobre alguns destes parâmetros que o próprio país se vai confrontado, perante as vicissitudes de uma profissão, de uma técnica, de uma arte, o que quer que seja... mas que faz parte da nossa perseverança. Louseira de Canelas Atividade Extrativa e Ciência de Mãos Dadas Durante Três Décadas 157 Manuel Valério Figueiredo A reabertura das Louseiras de Canelas em 1988, permitiu desde logo o fornecimento de lousas para os telhados da região. Paralelamente, a empresa então fundada assume o papel de resgate sistemático dos novos achados fósseis, que se vai intensificando ao ritmo da própria exploração, não encarando este património como um entrave. A inauguração do Centro de Interpretação Geológica de Canelas, ou Museu das Trilobites, em julho de 2006, impulsionou a criação do Geoparque Arouca. 4 Boletim de Minas, 54 - Tema em Destaque - Rochas Ornamentais - 2019-2020 FICHA TÉCNICA Propriedade e Edição: Direção-Geral de Energia e Geologia Av. 5 de Outubro, 208 - 1069-203 Lisboa Tel: 217 922 800 - Fax: 217 939 540 energia@dgeg.gov.pt www.dgeg.gov.pt Diretor: João Correia Bernardo Comissão Editorial deste volume: Luís Martins, Cristina Lourenço, Carla Lourenço, José Alcântara Cruz, Patrícia Falé, J. Ferreira da Costa, Miriam Cavaco e José Miguel Martins Redação e Coordenação: Direção de Serviços de Recursos Hidrogeológicos e Geotérmicos Periodicidade: Semestral Depósito Legal: Nº 3581/93 ISSN: 00008-5935 Atividade Mineira 173 Caducidades de Contratos de Prospeção e Pesquisa Contratos de Prospeção e Pesquisa Caducidades de Contratos de Concessão de Exploração Transmissão da Posição Contratual de Concessão de Exploração Contratos de Concessão de Exploração Adenda ao Contrato de Concessão de Exploração Contratos de Integração Águas Minerais e de Nascente 179 Aprovação/Revisão do Plano de Exploração Nomeação de Responsáveis Técnicos Rescisão dos Contratos de Exploração Contratos de Atribuição de Direitos de Exploração Adendas ao Contrato de Exploração Suspensão da Licença de Exploração Atribuição de Licenças de Estabelecimento Transmissão da Licença Alteração do Sistema de Captação Caducidade da Licença Oficinas de Engarrafamento - Títulos de Exploração Pedreiras 185 Responsáveis Técnicos Inscritos na Direção-Geral de Energia e Geologia ElementosEstatísticos da Indústria Extrativa Nacional – 2019 Indústria Extrativa – Comércio Internacional 191 Evolução do Comércio Internacional – janeiro a dezembro de 2019 Informação Vária 197 Glossário Geral para o Setor da Pedra Ornamental mailto:energia%40dgeg.gov.pt%20?subject= http://www.dgeg.gov.pt 5 Boletim de Minas, 54 - Tema em Destaque - Rochas Ornamentais - 2019-2020 Breve História das Instituições – A Tutela Pública da Revelação e Aproveitamento de Recursos Geológicos Século XIX Há mais de dois séculos que o Estado exerce atribuições e tutela pública e administrativa no domínio dos recursos geológicos. Os regimes jurídicos do séc. XIX, de que se dão como meros exemplos no caso das minas a Lei de 1850 e o Decreto de 1892 (este diploma foi alterado em 1907 para incluir o petróleo, cujos primeiros manifestos tiveram lugar no nosso país em 1904), o Regulamento de 1884 (pedreiras) e o Decreto de 1892 (águas minerais), impunham a necessidade de criação de estruturas públicas de tutela administrativa das atividades, sendo que a Intendência-Geral das Minas e Metais criada em 18 de maio de 1801, até antecedeu estes diplomas mais estruturantes do conhecimento e aproveitamento de recursos geológicos, sendo de referir que entre 6 de agosto de 1836 e 24 de novembro de 1953 foram concessionadas em Portugal continental 2883 minas. Na segunda metade do século XIX foram criadas diversas estruturas públicas como a Repartição de Minas, Pedreiras e Trabalhos Geológicos, a Comissão de Trabalhos Geológicos do Reino, o Conselho de Minas, a Repartição dos Serviços Técnicos de Minas, as Circunscrições Mineiras de Lisboa e Porto, a Secção de Minas, Pedreiras, Águas Mineromedicinais e Serviços Geológicos e o Conselho Técnico de Minas, entre outras, com atribuições ao nível de autoridade pública no domínio dos recursos geológicos, com elevadas exigências ao nível da capacitação técnica e administrativa dos respetivos quadros, sendo que em matéria de segurança em minas e pedreiras se refere, por curiosidade, a previsão constante em portaria de 1875 sobre a necessidade de eventual requisição de apoio especializado por parte de engenheiros ou de condutores de minas com ou sem vínculo ao Estado. 6 Boletim de Minas, 54 - Tema em Destaque - Rochas Ornamentais - 2019-2020 Século XX No século XX importa evidenciar as importantes reformas no regime jurídico dos recursos geológicos com a entrada em vigor do Decreto n.º 13642 de 1927 (pedreiras), do Decreto n.º 18713 de 1930 (minas) e do Decreto n.º 15401 de 1928 (águas minerais), sendo que foi pelo Decreto n.º 4641, de 13 de julho de 1918 que as estruturas do Estado especializadas na tutela das atividades extrativas assumiram uma configuração que se manteve durante largas décadas, a par dos regimes jurídicos enunciados. Com efeito, foi criada a Direção-Geral de Minas e Serviços Geológicos subdividida na Repartição de Minas (integrando as Circunscrições Mineiras do Norte e do Sul, respetivamente no Porto e em Lisboa), na Inspeção de Águas, na Inspeção de Pedreiras, no Laboratório Químico-Metalúrgico e nos Serviços Geológicos, para além do Conselho Superior de Geologia e Minas, com as Secções de Minas, Águas, Impostos de Minas e Águas e Serviços Geológicos e, ainda, o Corpo de Engenheiros de Minas e o Corpo Auxiliar de Condutores de Obras Públicas e Minas. Em sede de regimes jurídicos importa igualmente referir o Decreto-Lei n.º 227/82 e Decreto-Regulamentar n.º 72/82 (pedreiras), e o Decreto n.º 47973 de 1967 (petróleo). Em 1983 é criada a DGGM - Direção-Geral de Geologia e Minas (Decreto-Regulamentar n.º 46/83, de 8 de junho) e em 16 de março de 1990 é publicado um novo regime jurídico para os recursos geológicos (DL n.º 90/90), regulamentado pelo DL n.º 84/90 (águas de nascente), n.º 85/90 (águas mineroindustriais), n.º 86/90 (águas minerais naturais), n.º 87/90 (recursos geotérmicos), n.º 88/90 (depósitos minerais - minas) e n.º 89/90 (massas minerais - pedreiras). No que respeita ao petróleo de referir o DL n.º 141/90 e o posterior e ainda em vigor DL n.º 109/94, de 26 de abril. É de sublinhar que com o “pacote de 1990” foram revogados regimes jurídicos com mais de 60 anos de vigência (Decreto de 1928 – águas; Decreto de 1930 – minas). Em 1991 são criadas as Delegações Regionais do Ministério da Indústria e Energia (posteriormente denominadas DRE - Direções Regionais de Economia) para onde transita a área setorial das pedreiras. A DGGM era uma instituição dotada de uma organização robusta de elevada capacitação científica, técnica e administrativa, com três subdiretores-gerais a coadjuvarem o diretor-geral, com doze diretores de serviço e treze chefes de divisão, integrando nos seus quadros investigadores e cerca de 120 técnicos superiores (maioritariamente engenheiros de minas e geólogos), com diversas unidades tais como a Direção de Serviços de Cartografia Geológica, a Direção de Serviços de Geologia Aplicada, a Direção de Serviços de Prospeção, a Direção de Serviços de Avaliação, a Divisão de Sondagens, a Divisão de Geofísica, a Direção de Serviços de Minas e Pedreiras, a Direção de Serviços de Águas Minerais e de Mesa, a Direção de Serviços de Gestão, a Direção de Serviços de Estudos, Planeamento e Estatística, a Direção de Serviços de Administração Industrial, a Divisão de Informação e Relações Públicas, o Laboratório e o Museu Geológico. Em 1993 é extinta a DGGM e criado pelo DL n.º 122/93, de 16 de abril o IGM - Instituto Geológico e Mineiro instituição ímpar em termos nacionais e internacionais que resulta da crescente importância do sector geológico e mineiro e da respetiva indústria extrativa no contexto económico nacional e do novo enquadramento jurídico das atividades (pacote legislativo de 1990), sendo que este organismo é dotado de autonomia administrativa e financeira e património próprio, prevalecendo, na respetiva estruturação, o princípio da clara demarcação entre as áreas técnico-científica e técnico-administrativa, o que permite o respeito pelas características próprias de cada uma e potencia as suas inter- -relações pela coexistência na mesma entidade. Como eixos preferenciais de atuação assumiu-se o incremento do conhecimento geológico do território nacional e o desenvolvimento de bases de dados geológicos mineiros e geofísicos acessíveis aos utilizadores, bem como o reforço da indústria extrativa a prosseguir num contexto de segurança e de sustentabilidade económica, ambiental e territorial, atento o novo quadro regulamentar de 1990. O conselho diretivo é constituído por um presidente e três vice-presidentes, existindo 11 diretores de serviço e 10 chefes de divisão, com investigadores e mantendo-se os cerca de 120 técnicos superiores. 7 Boletim de Minas, 54 - Tema em Destaque - Rochas Ornamentais - 2019-2020 Século XXI Já no século XXI ocorre em 2003 a extinção do IGM (Decreto-Lei n.º 186/2003 de 20 de agosto), com as respetivas competências a serem repartidas em 2004 pela então DGGE - Direção-Geral de Geologia e Energia (atual DGEG-Direção-Geral de Energia e Geologia – DL n.º 69/2018– autoridade nacional no domínio da energia e dos recursos geológicos) e pelo então INETI - Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação (atual LNEG – Laboratório Nacional de Energia e Geologia – DL n.º 129/2014). Com a extinção do IGM a área dos recursos geológicos perde uma instituição centenária, atentos os organismos que o precederam, autónoma e exclusiva para o setor extrativo passando este a coabitar com a área da energia. O Decreto-Lei n.º 186/2003, de 20 de agosto, que aprovou a orgânica do Ministério da Economia, criou a Direcção- -Geral de Geologia e Energia (DGGE), que sucede à Direcção-Geral da Energia e, parcialmente, ao Instituto Geológico e Mineiro, extintos por aquele diploma legal. A DGGE tem um subdiretor-geral para a área técnica e administrativa dos processos de licenciamento das atividades de revelação e aproveitamento dos recursos geológicos, com umaúnica direção de serviços para esta área setorial e cerca de 30 técnicos superiores à data de 2004 (oriundos do extinto IGM). Com a alteração orgânica de 2007 (DL n.º 139/2007 e Portaria n.º 535/2007) a DGEG passa a contar com duas direções de serviço: a Direção de Serviços de Minas e Pedreiras e a Direção de Serviços de Recursos Hidrogeológicos, Geotérmicos e Petróleo. Em 2007 foi aprovado um novo regime jurídico para as pedreiras (DL n.º 340/2007 que alterou e republicou o DL n.º 270/2001). Em 2015 verifica-se a extinção das DRE e respetiva reintegração da área setorial das pedreiras e dos estabelecimentos industriais (p. ex. oficinas de engarrafamento) no organismo que tutela os recursos geológicos (DGEG) e em 2018 o mesmo sucede com o petróleo (pelo DL n.º 69/2018 a DGEG sucede nas atribuições e competências da ENMC, E.P.E. – atual ENSE - Entidade Nacional para o Setor Energético, E.P.E., no domínio da prospeção, pesquisa, desenvolvimento e produção de hidrocarbonetos). Também em 2015, pela Lei n.º 54/2015, de 22 de junho é revogado o DL n.º 90/90 e são estabelecidas as bases do regime jurídico da revelação e do aproveitamento dos recursos geológicos, estando em 2020 em processo de revisão os regimes regulamentares das minas (DL n.º 88/90), das pedreiras (DL n.º 340/2007) e dos recursos hidrogeológicos e geotérmicos (DL n.º 84/90, DL n.º 85/90, DL n.º 86/90 e DL n.º 87/90), sendo que os hidrocarbonetos são objeto de diploma próprio (o mencionado DL n.º 109/94). No que respeita às pedreiras, em 2019 foi aprovado o Plano de Intervenção nas Pedreiras em Situação Crítica (RCM n.º 50/2019). Na atualidade e no contexto de autoridade nacional para os recursos geológicos, a DGEG mantém um subdiretor- -geral para a área e conta com 3 diretores de serviço e 5 chefes de divisão (3 nos núcleos do Porto, Coimbra e Évora), tendo 19 técnicos superiores para as minas e águas (11 “minas” e 8 “águas”) e 16 para as pedreiras (3 em Lisboa, 5 no Porto, 4 em Coimbra, 3 em Évora e 1 em Faro). A DGEG gere um setor com centenas de contratos administrativos de revelação e de aproveitamento de recursos geológicos do domínio público do Estado (minas e águas) e mais de um milhar de licenças de exploração de pedreiras, num contexto de sustentabilidade económica, ambiental, territorial e de responsabilidade social, onde o saber técnico dos quadros deste organismo tem sido o pilar das nossas intervenções. É pois fundamental assegurar a passagem do conhecimento intergeracional que ocorreu no passado, mas atentas as aposentações e os constrangimentos dos últimos 20/25 anos no recrutamento externo para a Administração Pública pode-se dizer que se perdeu uma geração, vendo-se com muita preocupação a possibilidade real desde organismo, dentro de poucos anos, não ter recursos humanos que assegurem essa passagem de conhecimento. Neste responsável objetivo de passagem do histórico institucional e do saber técnico será de contar com os quadros da DGEG oriundos da Direção-Geral de Geologia e Minas1 e do Instituto Geológico e Mineiro2 para que se 1 DGGM: Teresa Cunha, Vítor Duque, Cristina Lourenço, José Cruz, Paulo Pita, J. Ferreira da Costa e P. Martins Nunes. 2 IGM: José M. Martins, Carla Lourenço, Paula Dinis, A. Calaim, Margarida Mateus, Mª José Sobreiro e Patrícia Falé. 8 Boletim de Minas, 54 - Tema em Destaque - Rochas Ornamentais - 2019-2020 possa concretizar uma preservação da memória, que fundamenta e explica a evolução das instituições e dos regimes legais, para se ir perpetuando naqueles que ingressaram posteriormente, e aos que é imprescindível recrutar com ou sem vínculo ao Estado, todo o saber técnico acumulado, preservando ao mesmo tempo a história da tutela pública e administrativa dos recursos geológicos do nosso país! Cristina Lourenço Subdiretora-Geral da DGEG BIBLIOGRAFIA NUNES, João Paulo Avelãs - (2001-2002) - Revista Portuguesa de História, t. XXXV, - “A Indústria Mineira em Portugal Continental desde a Consolidação do Regime Liberal ao I Plano de Fomento do Estado Novo (1832-1953)” RAMOS, José Luís Bonifácio - (LEX, 1994) - “O Regime e a Natureza Jurídica do Direito dos Recursos Geológicos dos Particulares”. GUIMARÃES, Paulo - (1999-2000) - Arqueologia & Indústria, 2-3 - “As Minas Portuguesas do Antigo Regime ao Liberalismo”, p.p. 53-80. 9 Boletim de Minas, 54 - Tema em Destaque - Rochas Ornamentais - 2019-2020 Preâmbulo Rochas Ornamentais em Portugal Este número do Boletim de Minas, dedicado ao subsetor das Rochas Ornamentais de Portugal, pretende dar uma imagem da sua variedade e importâncias económica, social e patrimonial. Nos últimos 20 anos o subsetor soube construir a sua cadeia de valor de uma forma sustentável, fazendo com que Portugal passasse de um mero exportador de produtos não transformados (em especial blocos e chapas) para um produtor de peças finais das mais apreciadas no Mundo, melhoria esta também acompanhada pelas empresas nacionais de equipamentos. A qualidade das rochas ornamentais portuguesas foi assim extremamente valorizada pelas empresas extratoras, transformadoras e fabricadoras de equipamentos, conseguindo-se assim captar um relevante valor acrescentado. Relembremos que Portugal é um dos principais produtores mundiais de rochas ornamentais tendo registado, nos últimos 50 anos, um crescimento médio anual, em toneladas, de 4% (Carvalho, Lopes, Mateus, Martins & Goulão, 2018). Em 2015, Portugal ocupava o oitavo lugar do Mundo no Comércio Internacional, sendo o segundo no Comércio Internacional per capita (Frazão, 2019). As exportações cobriram as importações em 823%, sendo que aproximadamente 45% das exportações foram para fora da Europa. O subsetor atingiu a segunda posição nacional em Valor Acrescentado Bruto (VAB), estando as telecomunicações em primeiro (Assimagra, 2015). Em 2019 exportou cerca de 8468 Milhões (valor superior ao dos minérios metálicos) para mais de 100 países e é constituído maioritariamente por Pequenas e Médias Empresas (PMEs), aproximadamente 2.500, representando mais de 16.100 postos de trabalho diretos, sendo um dos principais geradores de emprego privado nas regiões do interior. Novos desafios adivinham-se, como a melhoria das condições de segurança e os relacionados com a tecnologia digital e a Indústria4.0, mas todos os atores envolvidos no subsetor, instituições governamentais, académicas e empresariais, saberão, uma vez mais, dar-lhes a resposta adequada. Luís Martins Presidente do Conselho de Administração do Cluster Portugal Mineral Resources 11 Boletim de Minas, 54 - Tema em Destaque - Rochas Ornamentais - 2019-2020 RESUMO No norte de Portugal localizam-se os principais núcleos de pedreiras de granito ornamental. A evolução dos últimos anos alterou as perspetivas de crescimento que vinha sendo verificada, forçando as empresas a adaptaram-se a uma nova realidade. A reconversão de unidades extrativas, por ampliação e fusão, contrasta com a inatividade de muitas outras. Neste trabalho apresenta-se uma caraterização dos núcleos de pedreiras dos granitos de Monção-Valença, Ponte de Lima, Alpendurada-Penafiel, Mondim de Basto, serra da Falperra e Pedras Salgadas. São enumerados os principais problemas que afetam a extração, os intrínsecos ao material ou aos maciços, os derivados das condicionantes ao uso do território e também aqueles relacionados com a dimensão e estrutura das empresas. Apresentam-se propostas para melhorar o acesso e a gestão deste importante recurso natural. Granitos Ornamentais do Norte de Portugal - Caraterísticas, Potencialidades e Constrangimentos Luís Sousa Departamento de Geologia e Pólo do Centro de Geociências (CGeo), Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Quinta de Prados, 5000-801 Vila Real, Portugal Email: lsousa@utad.pt Paulo Pita Direção Geral de Energia e Geologia, Divisão de Pedreiras do Norte, Rua Direita do Viso nº 120, 4269-002 Porto, Portugal Email: paulo.pita@dgeg.pt Jorge Carvalho Laboratório Nacionalde Energia e Geologia, IP; Unidade de Recursos Minerais e Geofísica, Estrada da Portela, Bairro do Zambujal, Apartado 7586- Alfragide, 2610-999 Amadora, Portugal Email: jorge.carvalho@lneg.pt José Lourenço Departamento de Geologia e Pólo do Centro de Geociências (CGeo), Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Quinta de Prados, 5000-801 Vila Real, Portugal Email: martinho@utad.pt Palavras Chave: Rochas ornamentais, granito, avaliação de reservas, ordenamento do território. mailto:lsousa%40utad.pt?subject= 12 Boletim de Minas, 54 - Tema em Destaque - Rochas Ornamentais - 2019-2020 1. INTRODUÇÃO A produção de rocha ornamental constitui uma impor- tante atividade económica em Portugal. A produção na- cional encontra-se entre as dez mais importantes a nível mundial, apesar das constantes mudanças no ranking em virtude de existirem países com estádios de desenvolvi- mento diferentes de vários continentes que apresentam evoluções distintas (ANIET, 2017). Em 2017 o valor da produção das rochas ornamentais foi de 179,6 x1068, 46,9 x1068 dos quais relativos a granitos (DGEG, 2018). No mesmo ano as exportações de rocha ornamental totalizaram 386x1068, maioritariamente constituídas por mármore e calcário. Prevê-se que esta atividade económica continue o seu crescimento observado nas últimas décadas (Fig. 1), afigurando-se importante que as empresas nacionais e as entidades com responsabili- dade no setor contribuam para manter Portugal como importante player global. FIGURA 1 Estimativa da produção bruta e líquida de rocha ornamental Baseado em Montani, 2017. No norte do país localiza-se a maior percentagem de empresas do setor, sobretudo associadas à extração e transformação de granito, condicionada pela predomi- nância dos afloramentos graníticos e existência de nú- cleos tradicionais de extração. Em 2017 encontravam-se em atividade 337 pedreiras de rocha ornamental em Portugal, 111 das quais de granito (DGEG, 2018) e na sua maioria localizadas no norte do país (Pita, 2017). Nesta região, os núcleos principais de extração resultam da evolução das pequenas pedreiras que começaram a sua industrialização em meados do século passado. Em muitos locais há evidências das pequenas pedreiras artesanais (Fig. 2) cujos produtos eram utilizados nas povoações vizinhas, obrigando a que a atividade dos pedreiros estivesse dispersa pelo território de modo a satisfazer as necessidades da população. FIGURA 2 Fotografias aéreas obtidas em 1965 onde é possível observar locais de extração de granito Pedras Salgadas, Vila Pouca de Aguiar S. Bento, Vila Real 13 Boletim de Minas, 54 - Tema em Destaque - Rochas Ornamentais - 2019-2020 Em consequência da crise que afetou as atividades produ- tivas em Portugal, com a diminuição rápida e acentuada da atividade do setor da construção civil, as empresas fo- ram obrigadas a procurarem novos mercados no exterior. O setor da extração está hoje melhor apetrechado, sendo comum a utilização do fio diamantado, com o conse- quente aumento do aproveitamento das massas minerais e redução dos desperdícios. O setor da transformação também evoluiu, sendo cada vez menor a quantidade de matéria-prima vendida para o exterior na forma de bloco, aumentando as mais-valias na transformação. Este caminho, muitas vezes forçado pelas circunstâncias, fez-se com obstáculos e apenas as empresas com uma situação financeira sólida puderam resistir. Se a atividade dos antigos núcleos extrativos evoluiu de acordo com a tecnologia de extração de transformação, a sua apetência para fornecer material de qualidade e em quantidade hoje é muito distinta do que era há 50 anos. A moderna indústria das rochas ornamentais exige elevados padrões de qualidade, pois o comportamento do material em obra deve seguir rigorosos padrões técnicos. Assim, são vários os fatores que influenciam a capacidade do maciço para fornecer rocha ornamental de qualidade, tais como a composição mineralógica, textura, estrutura, grau de fraturação, espessura do material de cobertura sem interesse comercial, propriedades físico mecânicas, impacte ambiental e ordenamento do território. Estes fatores podem ser agrupados em três grandes grupos relativos ao material, às caraterísticas do maciço e aos fatores de explorabilidade (Tabela 1). Os dois primeiros grupos englobam fatores intrínsecos da rocha e não são suscetíveis de alteração ao longo do tempo, enquanto os fatores de explorabilidade podem evoluir, facilitando ou dificultando a atividade extrativa. De nada valerá a existência de um maciço com boa aptidão para a produção de blocos se as caraterísticas estéticas das rochas não tiverem aceitação no mercado ou se a sua exploração for interdita por questões de ordenamento de território. Assim, são os fatores de explorabilidade que ditam a possibilidade de instalar uma unidade extrativa num dado momento. TABELA 1 Exemplos de fatores que condicionam a exploração e utilização de rochas ornamentais Material Afloramento Explorabilidade Mineralogia Localização Aceitação pelo mercado Textura Morfologia Distância aos centros de consumo Heterogeneidade (cor, textura, …) Terrenos de cobertura Infraestruturas industriais Meteorização Estrutura (estratos, dobras) Ordenamento do território Propriedades físicas Variação de fácies Impactes ambientais Propriedades mecânicas Fraturação (tipo, densidade) Volume disponível Adaptado de Carvalho et al., 2008; Fort et al., 2010; Sousa, 2010. À luz destes fatores realiza-se uma avaliação dos principais núcleos de pedreiras de granito do norte de Portugal, nomeadamente dos localizados a norte do rio Douro, referindo os constrangimentos e as potencialidades. Serão considerados os centros de produção localizados em Monção-Valença, Ponte de Lima, Alpendurada-Penafiel, Mondim de Basto, serra da Falperra (Vila Pouca de Aguiar) e Pedras Salgadas. Para cada um dos granitos explorados referem-se os principais fatores condicionantes do seu aproveitamento como rocha ornamental e as ações que visam o ordenamento das zonas de exploração. 2. CARATERIZAÇÃO DOS NÚCLEOS DE EXTRAÇÃO Nesta seção são enumeradas as caraterísticas dos granitos e das respetivas pedreiras e são elencados os principais fatores que condicionam a atividade. Dos granitos selecionados, três possuem uma coloração amarelo- -acastanhada (Ponte de Lima, Mondim de Basto e serra da Falperra) muito valorizada nas últimas décadas, dois são acinzentados (Alpendurada-Penafiel e Pedras Salgadas) e um possui tonalidade rosada (Monção- -Valença) (Fig. 3). Localizam-se em manchas graníticas de diferentes dimensões e idades, com predomínio das pós-tectónicas (Fig 4). 14 Boletim de Minas, 54 - Tema em Destaque - Rochas Ornamentais - 2019-2020 FIGURA 3 Aspeto macroscópico dos granitos e imagens das pedreiras Sequência: Monção, Ponte de Lima, Alpendurada-Penafiel, Mondim de Basto, serra da Falperra e Pedras Salgadas; granitos - Leite e Moura (2013); pedreira de Monção-Rodrigues (2009); pedreira de Alpendurada-Penafiel - (https://www.gradul.com/pt/pedreiras). https://www.gradul.com/pt/pedreiras 15 Boletim de Minas, 54 - Tema em Destaque - Rochas Ornamentais - 2019-2020 FIGURA 4 Mapa geológico do norte de Portugal com indicação dos núcleos estudados flanco de encosta. A fracturação é escassa e facilita a obtenção de blocos com as dimensões desejadas, apesar de nalguns locais mostrar uma densidade mais elevada. Moreira (1992) evidenciou as principais famílias de fraturação observadas no maciço: N20°W-N10°E e N70°- 90°W, sendo menos comuns as famílias N40°-50°E e N40°-50°W. Há 8 pedreiras licenciadas, embora seja possível observar outros espaços intervencionados (Fig. 5). A zona em questão possui amplas potencialidades para a exploração de rocha ornamental, de acordo com os dados obtidos por Moreira (1992) que delimitou as áreas potenciais representadas na Fig. 5. Os recursos estimados para essas áreas potenciais ascendem a 34,9x106m3 (Carvalhoet al., 2013). A utilização do granito nesta região marcou a arquitetura tradicional, com a utilização de pranchas de granitos colocadas ao alto, a pasta. As pequenas pedreiras foram evoluindo em função das necessidades e técnicas de extração e transformação. Monção-Valença Nesta zona é explorado um granito de granulado grosseiro, porfiróide, dominantemente biotítico, com megacristais de feldspato potássico que apresentam uma tonalidade rosada e conferem ao granito uma coloração caraterística (Fig. 3) (Ribeiro e Moreira, 1986). Trata-se de uma rocha explorada num maciço granítico tardi a pós-tectónico que aflora na região de Monção-Valença e continua para a Galiza. O espaçamento das fraturas origina uma disjunção paralelepipédica, com formação de importantes caos de blocos (Moreira e Simões, 1988). Neste maciço, podem obter-se rochas com diferentes nuances dentro do tom rosado. Os af loramentos desde granito apresentam pouca alteração, por vezes com saibro granítico com cerca de um metro de espessura, sendo frequentes grandes lajes e bolas de aspeto e coloração homogéneos. A presença de nódulos biotíticos, pouco frequentes, e de encraves metassedimentares, sobretudo perto do contacto com estas rochas (Moreira, 1992) pode prejudicar o seu aspeto. As pedreiras situam-se preferencialmente em 16 Boletim de Minas, 54 - Tema em Destaque - Rochas Ornamentais - 2019-2020 FIGURA 5 Pedreiras licenciadas, zonas com índicos de exploração e áreas potenciais para o núcleo de extração de Monção-Valença Ponte de Lima O granito de Ponte de Lima possui granulado médio e grau variável de alteração meteórica que lhe confere um aspeto bandado ferruginoso secundário muito caraterístico e apreciado pelos consumidores (Fig. 3) (Cevalor, 2014). As propriedades físico-mecânicas são variáveis em função do estado de meteorização, sendo recomendado o seu uso para alvenarias, cantarias e revestimentos, interiores e exteriores. Os af loramentos desde granito mostram grande densidade de faturação, obrigando ao aproveitamento dos pequenos blocos para a obtenção de peças fendidas. Os recursos estimados para a área potencial delimitada na Fig. 6 ascendem a 2,3x106m3 (Carvalho et al., 2013), embora a exploração do granito são, em profundidade, permita aumentar o tempo de vida das explorações. As pedreiras localizam-se no flanco de uma encosta sobranceira ao vale do rio Lima e à autoestrada A3, constituindo importante impacte visual. Há 14 pedreiras licenciadas, quase todas dedicadas à extração de rocha ornamental (Fig. 6). A Câmara Municipal de Ponte Lima, assumindo o relevo deste setor extrativo para o desenvolvimento socioeconómico do município e ciente da importância do ordenamento do território para a sustentabilidade do setor, implementou, no âmbito do respetivo Plano Diretor Municipal a Unidade Operativa de Planeamento e Gestão, UOPG 18 - Plano de Pormenor das Pedreiras das Pedras Finas – Exploração de Granito. 17 Boletim de Minas, 54 - Tema em Destaque - Rochas Ornamentais - 2019-2020 FIGURA 6 Pedreiras licenciadas, zonas com índicos de exploração e áreas potenciais para o núcleo de extração Ponte de Lima As duas pedreiras localizadas mais a norte exploram xisto. ticos, encraves biotíticos de pequeno tamanho e filonetes de feldspato rosado constituem as heterogeneidades presentes (Ornabase). Os blocos explorados possuem dimensão média e os recursos estimados ascendem a 39,0x106m3 para as áreas potenciais representadas na Fig. 7 (Carvalho et al., 2013). Nesta região a exploração de granito assume algum relevo económico CIMTS (2014). No concelho de Marco de Canavezes foram identificadas 38 pedreiras licen- ciadas e o novo PDM possui 510,5 ha de espaços afetos à exploração de recursos geológicos, contra 542,0 ha de espaços para indústrias extrativas consignados no anterior PDM (CMMC, 2015), o que é demonstrativo de maiores constrangimentos atuais no acesso ao território por parte deste setor industrial. Alpendurada-Penafiel Trata-se de um granito cinzento de duas micas, com granulado médio e alguns megacristais de feldspato (Fig. 3), apresentando foliação com direção N25°W (Ramos et al., 1985). As várias pedreiras da região estão instaladas no bordo SW do grande maciço de granito calco-alcalino, tardi a post-tectónico e com orientação NW-SE, que se estende no NW de Portugal desde a região de Viana do Castelo até às proximidades de Castro Daire (Fig. 4). A nível regional predominam as famílias de fraturas N35°E e N-S, sendo menos importante a família N30-60W, embora com variações locais em função da proximidade a falhas (Ramos et al., 1985). Filões pegmatí- 18 Boletim de Minas, 54 - Tema em Destaque - Rochas Ornamentais - 2019-2020 O número de pedreiras licenciadas nos concelhos de Marco de Canavezes, Penafiel e Cinfães é de 20, muitas das quais também com produção de agregados como forma de rentabilizar as zonas do maciço rochoso sem aptidão para a produção de blocos devido a fraturação intensa (Fig. 7). Há muitas zonas intervencionadas que não estão licenciadas. A localização de unidades extrativas em zonas com uma grande densidade de núcleos urbanos implica alguma degradação ambiental e pode causar focos de atrito com as populações. Outras atividades económicas ou ocupações do território podem usar esta degradação ambiental como argumento em seu favor, como é caso do Plano de Ordenamento da Albufeira de Crestuma- -Lever que menciona as pedreiras como “atividades geradoras de degradação e passivo ambiental, e assen- tam na exploração de recursos não renováveis e com baixo valor acrescentado para a região” POACL (2004). A Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa, ciente desta problemática, pretende implementar um programa para a recuperação destes espaços, procurando reconstituir os ecossistemas pré-existentes sempre que possível CIMTS (2014). Nesta região, como nas outras aqui mencionadas, coloca-se o problema da continuidade da atividade por falta de mão-de-obra. Cerqueira (2012) refere que 40% dos trabalhadores das pedreiras do concelho de Marco de Canavezes se encontram na faixa etária de 46-55 anos. A existência de empresas de pequena dimensão, pouco resilientes a períodos de crise económica e com pouca adaptabilidade à evolução do mercado, origina flutuações associadas aos ciclos económicos. No concelho de Penafiel verificou-se uma diminuição do número de empresas relacionadas com a indústria extrativa de 40 para 21, entre 2008 e 2016 (CMP, 2018). FIGURA 7 Pedreiras licenciadas, zonas com índicos de exploração e áreas potenciais para o núcleo de extração de Alpendurada-Penafiel 19 Boletim de Minas, 54 - Tema em Destaque - Rochas Ornamentais - 2019-2020 Mondim de Basto O granito de Mondim de Basto é um granito de duas micas, de granularidade média, por vezes com megacristais de feldspato, com foliação aproximada NW-SE (Fig. 3). Como minerais principais, apresenta quartzo, microclina-pertite, microclina sódica, moscovite e biotite (Pereira, 1987). O afloramento deste granito possui forma circular e na sua zona central constitui uma elevação com forma peculiar - o Monte Farinha. A coloração caraterística deste granito, com tons amarelo- -acastanhados, consequência da elevada meteorização nos níveis superiores do maciço, confere-lhe um elevado valor comercial. As fraturas regionais N20°-30°E e N50°-60°E são as mais frequentes em todo o af loramento, com apreciável extensão, enquanto a família N-S tem maior representatividade no setor este do afloramento e a família N70°-80°W é mais frequente a noroeste do Monte Farinha (Alves, 2010). A análise do diaclasamento a nível de pedreira mostra o predomínio de duas famílias predominantes (N-S e E-W), embora havendo em todas as direções um número significativo de diaclases (Alves, 2010). Esta variabilidade direcional da fraturação penaliza a obtenção de blocos com forma cúbica ou paralelepipédica, que associada aobaixo espaçamento médio das diaclases, 0,8m, dificulta a extração de grandes blocos para transformação. Assim, e de modo a assegurar a viabilidade económica das explorações, é necessário o aproveitamento dos blocos de pequena dimensão para obtenção de peças fendidas e serradas. Há 18 pedreiras licenciadas e também aqui se verifica haver áreas intervencionadas sem licença de exploração (Fig. 8). Os recursos estimados ascendem a 7,5x106m3 (Carvalho et al., 2013), que aumentam caso seja considerado também o granito são, explorado nos níveis inferiores das pedreiras. Aumentar as mais-valias na produção é fundamental para diversificar mercados. Para tal, a Câmara Municipal de Mondim de Basto está a dinamizar a 1ª edição da Bienal do Granito, que decorreu entre maio e setembro de 2019 em Mondim de Basto. Esta iniciativa pretendeu envolver profissionais, estudantes e artistas na criação de novos produtos, de modo a favorecer o investimento de base inovadora e aumentar a diferenciação da produção. 20 Boletim de Minas, 54 - Tema em Destaque - Rochas Ornamentais - 2019-2020 FIGURA 8 Pedreiras licenciadas, zonas com índicos de exploração e áreas potenciais para o núcleo de extração de Mondim de Basto Serra da Falperra O granito extraído nesta região, com a designação comercial de Amarelo Real, possui grão médio ou médio a grosseiro, é de duas micas, com predominância da moscovite, e apresenta tendência porfiroide (Fig. 3). A composição mineralógica modal é a seguinte: quartzo (35,8%), feldspato potássico (23,6%), plagioclase (29,3%), biotite (3,3%), moscovite (7,9%) e apatite (0,1%), que o classifica como monzogranito (Sousa, 2007). A coloração amarelo-acastanhada é a caraterística deste granito mais valorizada pelo mercado. Os lineamentos observados em fotografia aérea têm a direção preferencial N30-60W, ocorrendo ainda linea- mentos de menor expressão com as direções N20-40E e N70-90E (Sousa, 2007). Com variações pontuais, verifica-se uma estreita relação entre o diaclasamento observado nas pedreiras e a fraturação regional. No seu conjunto, as diaclases observadas nas pedreiras englobam-se em duas famílias principais: N30-50W e N20-60E (Santos et al., 2018). Nos afloramentos do granito Amarelo Real foram obtidos, em quatro estudos diferentes, valores do espaçamento médio de 1,0 m a 1,5 m (Sousa, 2007; Santos et al., 2018). Estes valores variam de acordo com a tipologia de locais estudados: pedreiras, áreas virgens ou áreas selecionadas de acordo com algumas condicionantes, no entanto os valores do espaçamento são baixos. Na impossibilidade de obter granito com a coloração mais valorizada em profundidade, onde a menor meteorização confere uma tonalizada acinzentada, as pedreiras avançam lateralmente, ocupando áreas 21 Boletim de Minas, 54 - Tema em Destaque - Rochas Ornamentais - 2019-2020 assinaláveis. Apesar dos blocos de grande volume para a indústria transformadora serem o produto mais valorizado, o baixo rendimento de muitas pedreiras obriga ao aproveitamento dos blocos de menores dimensão para outros fins. O número de pedreiras em atividade, cerca de 10, é muito menor do que as licenciadas, 28 (Fig. 9), com algumas discrepâncias em relação às áreas intervencionadas. A crise da última década levou ao encerramento temporário de muitas unidades extrativas e à diminuição do volume extraído. Os recursos estimados ascendem a 8,9x106m3 (Carvalho et al., 2013), tendo em consideração as áreas potenciais demarcadas na Fig.9. Perante as condicionantes legais e as caraterísticas geológicas dos afloramentos, Santos et al. (2018) refere uma quantidade inferior, 2,7x106m3, considerando apenas a área de reserva. Também neste caso as reservas serão muito maiores se considerado o granito menos meteorizado explorado em profundidade. O rápido crescimento da exploração deste granito levou à definição da Área de Reserva na serra da Falperra (Decreto Regulamentar nº6/2009, de 2 de abril), a pri- meira em Portugal para este tipo de rocha, com uma área de 1776 ha, englobando os concelhos de Vila Pouca de Aguiar, Sabrosa e Vila Real. De acordo com o PDM de Vila Pouca de Aguiar, a área de extração na área da Falperra deverá constituir uma Unidade Operativa de Planeamento e Gestão. Um plano de ordenamento e gestão para toda a área de reserva seria de todo a opção mais conveniente ao desenvolvimento harmonioso desta área industrial. FIGURA 9 Pedreiras licenciadas, zonas com índicos de exploração e áreas potenciais para a área de Reserva da Serra da Falperra https://dre.pt/application/conteudo/603232 22 Boletim de Minas, 54 - Tema em Destaque - Rochas Ornamentais - 2019-2020 Pedras Salgadas Trata-se de um granito leucocrata, biotítico, com alguns megacristais de feldspato potássico; estas caraterísticas, aliadas ao grão médio a fino, conferem-lhe propriedades ornamentais que o tornam um dos granitos portugueses mais procurados (Fig. 3). A composição mineralógica é a seguinte: quartzo (33,4%), feldspato potássico (28,4%), plagioclase (33,2%), biotite (4,3%) e moscovite (0,7%) (Sousa, 2000). As pedreiras localizam-se no maciço granítico de Vila Pouca de Aguiar, pós-tectónico relativamente à terceira fase da orogenia Hercínica. A fraturação regional é constituída por três famílias de falhas: N10°-30°E, N40°-50°W e N60°-80°E. Estas falhas têm faixas de alteração subparalelas e de largura variável, podendo atingir 50 metros no caso da primeira família, paralela ao importante acidente tectónico localizado 1000 m a este da área das pedreiras, a falha Penacova- -Régua-Verín (Sousa, 2000). Moreira (1999) refere também as famílias E-W e N30°W. O diaclasamento é muito variável ao longo do maciço (Moreira, 1999; Sousa, 1995) e nem sempre coincide com a fraturação regional ao redor das áreas em exploração. Contudo, as principais famílias de fraturas identificadas na totalidade das pedreiras englobam-se nas três famílias atrás referidas (Sousa, 1995; 2000). O espaçamento das fraturas, observado nas pedreiras em atividade e em áreas virgens, é muito variável, sendo referidos espaçamentos médios de 0,5m a 3,8m (Moreira, 1999; Sousa, 2007). Pese embora a obtenção da informação seja condicionada pela posição das frentes de trabalho, os dados mostram a dificuldade em obter blocos de grande dimensão em todas as pedreiras a todo o tempo (Sousa, 2007). A parte superior do maciço apresenta uma fraturação e meteorização muito elevada, em especial devido à descompressão, inviabilizando a obtenção de blocos comerciais nos primeiros 10 metros de profundidade (Moreira, 1999; Sousa, 2000). As pedreiras desenvolvem-se em flanco de encosta, na fase inicial da extração, e em profundidade, onde a qualidade do maciço permite obter mais rendimento. Há 13 pedreiras licenciadas, embora nem todas em atividade. Também aqui há áreas intervencionadas que não se encontram com licença de exploração atribuída. Os recursos estimados ascendem a 36,7x106m3 (Carvalho et al., 2013) e foram calculadas em função das áreas potenciais delimitadas na Fig. 10. Dada a importância deste núcleo produtor, foi estabelecida a Área Cativa de Pedras Salgadas (Portaria nº766/94, de 23 de agosto), a primeira em Portugal para este tipo de rocha, com uma área de 1254 ha. De acordo com o PDM de Vila Pouca de Aguiar, a área de extração na área da Falperra deverá constituir uma Unidade Operativa de Planeamento e Gestão. https://dre.pt/application/conteudo/218695 https://dre.pt/application/conteudo/218695 23 Boletim de Minas, 54 - Tema em Destaque - Rochas Ornamentais - 2019-2020 FIGURA 10 Pedreiras licenciadas, zonas com índicos de exploração e áreas potenciais para a área Cativa de Pedras Salgadas 3. AVALIAÇÃO GLOBAL E PROPOSTAS DE ATUAÇÃO A exploração dos diferentes granitos é condicionada pelas condições dos afloramentos, em especial o padrão de fraturação e o espaçamento das fraturas. Os afloramentos dos granitos maismeteorizados (Ponte de Lima, Mondim de Basto e serra da Falperra) apresentam uma maior densidade de fraturação, resultando daqui um menor aproveitamento nas pedreiras e consequentemente maior acumulação de resíduos. Estas condicionantes, aliadas à necessidade de explorar o granito em níveis superficiais, levam à evolução das pedreiras dos granitos amarelos em área e não em profundidade. No entanto, tal expansão nem sempre é possível, limitando a área disponível para explorar e consequentemente o volume de reservas. São estes granitos os que possuem um menor volume de recursos, de acordo com a avaliação de Carvalho et al. (2013). Mesmo nos af loramentos dos restantes granitos a densidade de fraturação limita a extração de grandes blocos. Este condicionalismo obriga as empresas a efetuarem o máximo aproveitamento do granito extraído, nomeadamente para a produção de peças fendidas e serradas, as quais podem ser obtidas a partir de blocos irregulares e/ou de pequena dimensão. Assim, a capacidade de transformação nas pedreiras tem aumentado de modo a permitir a sua viabilidade económica. Não faz sentido, para o caso dos granitos em apreço, falar de pedreiras viáveis apenas com a produção de blocos para comercialização. O máximo de mais- -valias deve ser obtido em unidades de transformação 24 Boletim de Minas, 54 - Tema em Destaque - Rochas Ornamentais - 2019-2020 localizadas nas pedreiras ou a ela associadas. As empresas mais resilientes são as que possuem uma capacidade de transformação instalada que lhes permita suprir a eventual inconstância na extração da pedreira e adaptar-se aos ciclos económicos. A diminuição da atividade económica desde 2008 levou ao encerramento de muitas unidades, maioritariamente por incapacidade das empresas procurarem novos mercados. Alguns estudos setoriais, como por exemplo AEP (2015) e ANIET (2017), demonstram a necessidade de investimento, inovação e internacionalização, os quais apenas poderão ser conseguidos através de uma cooperação efetiva entre empresas, à semelhança do que aconteceu em muitas ações realizados no âmbito do cluster da pedra natural com continuidade no cluster dos recursos minerais. A reduzida dimensão da maioria das empresas, com uma capacidade de extração/transformação limitada, não permite o seu posicionamento no mercado por falta de capacidade de resposta. A efetiva cooperação poderá ajudar a colmatar muitas das lacunas, mas este caminho nem sempre é fácil de percorrer. Um aspeto crucial para o desenvolvimento futuro destes núcleos de extração de granito ornamental são as condicionantes impostas ao nível do ordenamento do território. A escassez “artificial” de matéria-prima por questões de uso do solo/ordenamento do território é uma nova problemática que afeta as empresas na tentativa de expansão dos seus negócios junto dos mercados externos. Com efeito, a contribuição deste setor para o desenvolvimento económico e social apenas poderá ter continuidade caso tenha acesso aos locais onde ocorrem os recursos passíveis de exploração económica. Mateus et al. (2017) desenvolveram uma metodologia para a identificação e delimitação dos espaços para os quais importa a salvaguarda dos recursos minerais nos instrumentos de ordenamento do território, a fim de que a esses locais não sejam atribuídos usos ou ocupações que desnecessariamente inviabilizem a futura exploração dos recursos minerais. Com base nessa metodologia, assente no grau de conhecimento existente a diversas escalas sobre os recursos, Carvalho et al. (2018) mostram que dos 6 núcleos aqui apresentados, apenas para a Área Cativa de Pedras Salgadas e para a Área de Reserva da Falperra existe conhecimento suficiente para justificar a sua inclusão nos instrumentos de ordenamento do território, o que aliás está inerente à implementação dessas mesmas áreas, pois elas constituem servidões administrativas em sede de ordenamento do território. Porém, para os restantes núcleos e respetivas áreas de potencial expansão, a justificação para a salvaguarda dos recursos aí existentes só poderá ser alcançada através de um aumento do conhecimento específico sobre esses mesmos recursos, o que demonstra a necessidade de um esforço conjunto entre entidades públicas e privadas que conduza à aquisição desse conhecimento. Se é certo que as tecnologias inovadoras que têm vindo a ser implementadas ao nível da extração e transformação têm contribuído para o aumento da rendibilidade das pedreiras, também é certo que não poderão suprir por completo a necessidade de matéria-prima e como tal é necessário manter o acesso aos locais onde os recursos existem. Os impactes ambientais associados à atividade extrativa devem ser acautelados de modo a evitar a degradação do meio ambiente até níveis irrecuperáveis. A localização de pedreiras junto de núcleos urbanos (Fig. 11) aumenta a perceção destes problemas e potenciais conflitos devem ser evitados. A avaliação dos impactes ambientais, obrigatória em muitas situações, permite um controlo da atividade extrativa. A consulta da base de dados da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) (http://siaia. apambiente.pt/AIA_Consulta.aspx) permite verificar o elevado número de pedreiras sujeitas a controlo ambiental no âmbito do processo de avaliação de impacte ambiental, incluindo novas pedreiras e ampliações das já existentes. De acordo com a informação disponibilizada pela APA, indicam-se de seguida o número de pedreiras com parecer favorável condicionado e o ano do processo mais antigo para os concelhos onde se localizam as pedreiras em análise: Monção 4 (2004); Valença 2 (2014); Marco de Canavezes 1 (2008); Vila Real 1 (2009); Sabrosa 13 (2005); Vila Pouca de Aguiar 19 (1998); Mondim de Basto 14 (2006); Penafiel 2 (2011). Os dados apresentados incluem também um número residual de pedreiras dedicadas à extração de inertes. Cumpridas as medidas de minimização de impactes ambientais e os planos de monitorização, estão reunidas as condições para evolução do estado do ambiente dentro dos limites estabelecidos aquando do licenciamento. No caso das pedreiras localizadas em núcleos de extração, com várias unidades próximas entre si, poderá haver benefícios em realizar a recuperação ambiental e a monitorização de modo integrado. No entanto, para que tal seja possível, deverão ocorrer alterações no processo de avaliação ambiental. http://siaia.apambiente.pt/AIA_Consulta.aspx http://siaia.apambiente.pt/AIA_Consulta.aspx 25 Boletim de Minas, 54 - Tema em Destaque - Rochas Ornamentais - 2019-2020 FIGURA 11 Concentração de pedreiras junto a núcleos urbanos Apresentam-se de seguida os pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças para os principais núcleos produtores de granitos ornamentais no norte de Portugal. Dadas as diferenças entre os diferentes núcleos, apresentam-se os principais pontos em comum com base na avaliação antes efetuada por AEP (2015), ANIET (2017) e BES (2014), tendo em consideração também as unidades de transformação associadas à extração. PONTOS FORTES A importância do setor para a economia nacional e regional - Esta importância advém do emprego, da criação de riqueza e aproveitamento dos recursos naturais locais, em áreas por vezes em risco de despovoamento. A existência de matéria-prima diversificada e com caraterísticas reconhecias pelo mercado, facilita o aproveitamento dos vários granitos. Os municípios reconhecem a importância desta atividade. O reconhecimento da qualidade dos produtos - A tradição na exploração/transformação do granito é uma imagem de marca do norte de Portugal. Poucos são os países com operários qualificados capazes de trabalhar tão bem a pedra como os portugueses. A integração nas fileiras dos recursos minerais e da construção civil - Os produtos da produção/transforma- ção criam dinâmicas de desenvolvimento nas fileiras de outros setores, quer a montante quer a jusante. Deve referir-se tambémas atividades económicas indireta- mente associadas ao setor, em especial os serviços, que assumem maior importância em zonas frágeis do ponto de vista económico e social. A capacidade de ajustamento das empresas às alterações do mercado e a internacionalização - É particularmente importante nos períodos de menor atividade económica para as empresas de maior dimensão. PONTOS FRACOS Ausência de cooperação empresarial – Devido à reduzida dimensão das empresas, é urgente que a cooperação seja efetiva de modo a promover vantagens competitivas, através do efeito de escala e pela complementaridade da oferta. Também na internacionalização, a ausência de cooperação limita o crescimento nos mercados internacionais e leva a ações redundantes por parte de várias empresas e sem o efeito desejado. Falta de investimento na inovação - Sem uma aposta na investigação torna-se mais difícil a criação de valor na oferta. Há alguma dificuldade em incorporar design na transformação da pedra, desperdiçando o know-how existente. A inovação também pode e deve englobar ações relativas às ações de minimização dos impactes ambientais, em especial nas zonas onde há uma pressão maior sobre o meio ambiente devido à densidade de unidades produtoras. 26 Boletim de Minas, 54 - Tema em Destaque - Rochas Ornamentais - 2019-2020 Acesso aos mercados internacionais - A reduzida dimensão da maioria das empresas e a falta de informação e/ou impreparação, determinam uma incapacidade de realizar uma internacionalização bem-sucedida. A dependência de determinados clientes e/ou mercados, torna a internacionalização frágil e sem capacidade de adaptação à evolução mercado. A dimensão das empresas - A reduzida dimensão da maioria das empresas é muitas vezes um entrave para a promoção do investimento e do crescimento estrutural. Quando dependentes de capitais alheios as empresas mostram fragilidades que impedem o seu crescimento para enfrentarem os desafios de um mercado cada vez mais exigente. O envelhecimento dos recursos humanos - A forte tendência para a diminuição do número de efetivos e seu envelhecimento contribuem para a perda de qualificação empresarial no saber trabalhar a pedra durante o processo extrativo e, sobretudo, durante o processo de transformação. OPORTUNIDADES Aproveitar a oferta integrada do setor das rochas orna- mentais - O setor português das rochas ornamentais apresenta no seu todo uma imagem internacional forte, devendo as empresas usar essa imagem positiva. Por outro lado, a cooperação entre empresas permitirá tirar partido da complementaridade da oferta. O aumento da procura global - A utilização da pedra natural mantém uma trajetória de crescimento, existindo, portanto, oportunidades de crescimento nos mercados internacionais. As oportunidades de crescimento, sobretudo nos países mais desenvolvidos e com maiores exigências em termos de produtos certificados, onde a pedra natural portuguesa mantém uma imagem de qualidade, devem ser aproveitadas. Aproveitar as vantagens da economia digital - As facilidades oferecidas pelos meios digitais, quer para os contactos comerciais quer para o marketing, devem ser aproveitadas pelas empresas. As ferramentas digitais potenciam o contacto e a promoção da atividade da empresa, a divulgação dos produtos, o acompanhamento personalizado das obras em curso e os serviços pós-venda. AMEAÇAS Concorrência internacional - Nas últimas décadas a produção aumentou em países terceiros, sobretudo baseada numa política de preços baixos difícil de combater. As empresas portuguesas devem colocar os seus produtos baseados na qualidade, em produtos inovadores e numa política comercial mais agressiva. Instabilidade financeira - Os períodos de instabilidade financeira mundial não permitem criar um ambiente adequado à recuperação económica e ao investimento no mercado da construção imobiliária e em obras públicas. Produtos substitutos - As pedras naturais têm concorrência feroz de outros substitutos, em especial os produtos cerâmicos. À semelhança das típicas análises às cadeias de valor de sistemas produtivos, os estudos antes referidos e nos quais se baseia esta caraterização da fileira dos granitos, tomam como certo o pressuposto da existência infinita de recursos, olvidando que os recursos minerais são finitos e não renováveis. Se para o presente caso da fileira dos granitos, a questão não se coloca tanto ao nível da disponibilidade de recursos, ela coloca-se ao nível das condições de acessibilidade ao território, tal como antes referido. Nesse sentido, a presente análise carece, ao nível das ameaças ao setor, da referência aos constrangimentos decorrentes do ordenamento do território. A resolução de muitos problemas atrás enumerados dependem das empresas e da sua capacidade de resposta a um mercado cada vez mais exigente. As propostas que se seguem dizem respeito a questões de ordenamento da atividade e de política de aproveitamento dos recursos geológicos, transversais, portanto, a todos os núcleos de extração. Os núcleos de extração e respetivas áreas de expansão devem ser alvo de estudos que permitam um aumento do conhecimento sobre os recursos existentes de tal modo que permitam justificar adequadamente a sua integração em sede de planeamento territorial, em contraponto às justificações para outros usos e ocupações do território que inviabilizem a sua exploração. Por outro lado, os núcleos de extração mais importantes deverão ser eles próprios objeto de ordenamento de pormenor através das figuras legais existentes para o efeito, nomeadamente os Planos de Intervenção em Espaço Rural. Este ordenamento deverá considerar não só as valências geológicas, mas também considerar as valências ambientais e sociais. Devido à sua vocação marcadamente 27 Boletim de Minas, 54 - Tema em Destaque - Rochas Ornamentais - 2019-2020 industrial, estas áreas devem ser consideradas como uma unidade autónoma para efeitos de ordenamento do território. Tal como já efetuado para outros locais (e.g. Falé et al. 2006, Carvalho et al., 2014, Carvalho et al., neste volume), a sua demarcação deverá ser suportada por estudos de âmbito geológico, ambiental e social que permitam a elaboração de propostas de ordenamento baseadas na aptidão geológica do território e sua ponderação com os fatores ambientais e sociais. Assim, os núcleos onde se verifica uma concentração de unidades extrativas deverão ser considerados como Unidades Operativas de Planeamento e Gestão, tal como já se verifica nalguns municípios, devendo o respetivo ordenamento ter os seguintes objetivos gerais, adaptados a cada caso: a integração e articulação das diferentes entidades de modo a compatibilizar os diferentes interesses em presença; a valorização da matéria-prima e a otimização da sua exploração de modo racional; a valorização e requalificação ambiental; a criação de pequenas áreas com capacidade edificatória e redes de infraestruturas que sirvam as indústrias aí localizadas; a elaboração de uma estratégia integrada de recuperação das áreas já exploradas, onde se deve proceder à recuperação paisagística e ambiental; a definição de orientações para futuros licenciamentos. O estabelecimento de áreas com valências específicas para a exploração de recursos geológicos, neste caso granito ornamental, poderá ser equacionada em alguns destes núcleos, à semelhança do que acontece nas áreas onde exploram o granito de Pedras Salgadas (Área Cativa de Pedras Salgadas - Portaria nº 766/94, de 23 de agosto) e o granito da serra da Falperra (Área de Reserva na serra da Falperra (Decreto Regulamentar nº6/2009, de 2 de abril). O processo de definição destas áreas classificadas para a exploração de recursos geológicos deveria, ad initium, considerar as outras valências do território e os valores ambientais a defender, delimitando as áreas suscetíveis de serem exploradas e evitando posteriores incompatibilidadesidentificados na fase de licenciamento. Não tendo isso sido feito, mais se realça a necessidade da implementação das Unidades Operativas de Planeamento e Gestão e respetivos planos de ordenamento de pormenor. A comparação dos dados relativos às pedreiras com licença de exploração e do número de pedreiras em atividade mostra uma diferença assinalável. Deverá o recurso geológico estar “reservado” até que haja uma decisão de exploração por parte de quem possui os direitos para tal, ou ser introduzido um mecanismo de salvaguardada para tal situação? Pensamos que este assunto merece uma discussão entre as entidades com responsabilidade nesta temática. O conhecimento da realidade no terreno, com dados estatísticos que dependem da boa vontade das empresas em fornecerem dados fidedignos, está longe de ser a perfeita. A falta de colaboração pró-ativa dos agentes económicos obriga a que novas soluções sejam consideradas, com utilização das tecnologias de informação presentemente disponíveis para cruzamento de dados e informações relativos à produção/transformação/exportação. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS No norte de Portugal são explorados granitos com caraterísticas texturais e cromáticas distintas. Nas últimas décadas o número de unidades extrativas nos granitos amarelos, Ponte de Lima, Mondim de Basto e serra da Falperra, aumentou de forma significativa. Estes granitos, conjuntamente com os granitos de Monção, Alpendurada-Penafiel e Pedras Salgadas, constituem os principais núcleos de extração de granitos do norte de Portugal, tendo sido identificadas um total 101 pedreiras licenciadas. A quase totalidade das pedreiras dedica-se à produção de rocha ornamental, desde blocos para posterior transformação até às peças fendidas. O setor da extração e transformação dos granitos constitui uma importante atividade económica, em regiões em risco de despovoamento. A tradição na exploração e transformação do granito é uma imagem de marca do norte de Portugal, no entanto a falta de atratividade desta atividade leva que muitas empresas sintam dificuldades em contratar mão-de-obra. Esta situação tenderá a agravar-se rapidamente, pois é muito alta a faixa etária dos trabalhadores no ativo. O número de pedreiras ativas é muito inferior ao das que possuem licença de exploração, embora esta avaliação resulte da realidade observada nos núcleos de extração, não havendo um registo fidedigno das áreas em exploração ativa. Refira-se que os dados oficiais apontam para um total de 111 pedreiras de granito ativas em Portugal (DGEG, 2018), logo as 101 identificadas nos núcleos agora estudados não poderão estar todas ativas. A crise económica que de forma mais https://dre.pt/application/conteudo/218695 https://dre.pt/application/conteudo/218695 https://dre.pt/application/conteudo/603232 https://dre.pt/application/conteudo/603232 28 Boletim de Minas, 54 - Tema em Destaque - Rochas Ornamentais - 2019-2020 evidente marcou a última década, levou à inatividade de muitas pedreiras, cujo retoma se assegura difícil. O controlo da atividade nas pedreiras, avaliada em termos de volume extraídos nas frentes de lavra e depositado nas escombreiras poderá ser facilmente realizado com o recurso a meios aerofotogramétricos (p.ex. drones), com a vantagem de muitas pedreiras se localizarem contiguamente ou próximas umas das outras. Poderá, assim, haver uma avaliação em tempo real dos volumes extraídos, da legalidade das áreas intervencionadas e da situação das pedreiras. Os núcleos de extração e áreas de expansão deverão ser alvo de estudos para obtenção de conhecimento que justifique a demarcação das áreas de aptidão geológica e a sua integração em ordenamento do território. Essa integração deverá ser alcançada através de Unidades Operativas de Planeamento e Gestão (UOPG) e respetivo plano de ordenamento. Este, adaptado a cada caso, deverá considerar a compatibilização das diferentes valências do território e a valorização e requalificação ambiental das áreas degradadas, entre outras julgadas pertinentes. As áreas potenciais de exploração de granito avaliadas em trabalhos publicados recentemente pecam por falta de rigor devido à insuficiência dos dados geológicos disponíveis (Carvalho et al., 2013, 2018). Por essa razão, essas áreas esbarram com limitações decorrentes de condicionantes ao uso do território (Santos et al., 2018). Pretende-se continuar esta primeira avaliação dos granitos do norte de Portugal com uma análise dessas condicionantes para os seis núcleos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AEP (2015) – Granito – Criação de valor e tendências. COMPETE2020. ALVES I.M.C – (2010). Exploração de granito em Mondim de Basto: caracterização e potencialidades didácticas. Tese de Mestrado. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. ANIET (2017) – Diagnóstico Competitivo sobre o Setor da Extração e Transformação da Pedra Natural. Projeto GAP - Ganhar a aposta na Pedra Natural. COMPETE2020. http://www.aniet.pt/fotos/editor2/ internacionalizacao/diagnostico_competitivo_sector.pdf BES (2014) – Produção de Rochas Ornamentais. Análise setorial. Banco Espírito Santo. https://www.novobanco.pt/site/cms.aspx?plg=bce069e9- 8e48-439b-bf21-406dd37b7750 (consulta em 5 maio 2019). CÂMARA MUNICIPAL DE PENAFIEL (2018) – Relatório sobre o estado do ordenamento do território. (https://www.cm-penafiel.pt/wp-content/ uploads/2018/11/REOT-Penafiel.pdf). CARVALHO J.M.F., SAMPAIO J., MACHADO S., MIDÕES C., PRAZERES C., SARDINHA R. (2014) – Caraterização e valorização da área de intervenção específica do Codaçal. Relatório interno do Cluster da Pedra Natural - COMPETE/QREN. Projeto Âncora 2 - Sustentabilidade Ambiental da Indústria Extrativa. LNEG e Cevalor, Lisboa, 159 p. CARVALHO J.M.F., CANCELA J., MARTINS C., PIRES D., MALVEIRO S. (neste volume). Exploração sustentável de recursos no Maciço Calcário Estremenho. CARVALHO J., LOPES C., MATEUS A., MARTINS L., GOULÃO M. 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