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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO MARANHÃO. CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA INDUSTRIAL DAYANE GONÇALVES SILVA – 20171EE0250 RESUMO – ED6 – FLUXO DE CARGA SÃO LUÍS – MA 2021 1 INTRODUÇÃO A principal função de um sistema é a de fornecer as potências ativas e reativas, necessárias às diversas cargas a ele ligadas, onde as potências geradas fluem pela rede elétrica a fim de atender as cargas localizadas em determinadas barras. Simultaneamente, a frequência e as várias tensões de barra devem ser mantidas dentro de limites especificados, apesar das variações, por vezes grandes e até certo ponto imprevisíveis, que podem apresentar as demandas das cargas. Dada a complexidade dos Sistemas Elétricos de Potência, faz-se necessário o uso de ferramentas computacionais e equipamentos eletrônicos para o controle e um melhor desempenho dos sistemas. O fluxo de carga, também conhecido como fluxo de potência, é um problema matemático composto por um conjunto de equações algébricas não lineares. A análise do fluxo de carga em uma rede de energia elétrica consiste em determinar os fluxos de potências ativa e reativa (grandeza e sentido da direção), as tensões complexas nas barras (módulo e ângulo) e a potência que flui através das linhas, bem como as perdas e outras variáveis de interesse, que circulam nas linhas de transmissão. A partir desse estudo podem-se verificar problemas de tensão, sobrecargas, etc. Esses estudos são usados no planejamento do sistema e planos futuros para o sistema de potência e são realizados pelas concessionárias através de programas computacionais. Para um sistema elétrico de potência em regime permanente. Após determinado o estado operativo do sistema, é possível avaliar se o mesmo está ou não operando de forma adequada e, caso não esteja, determinar as ações corretivas para regularizar a adversidade. Nos sistemas de potência, os componentes podem ser ligados de duas formas distintas: entre os nós (barras do sistema), como é o caso das linhas de transmissão e transformadores, e entre o nó de referência e um nó qualquer, como é o caso das cargas, dos geradores, compensadores síncronos, etc. Os geradores e as cargas do sistema são tratados como parte externa do sistema. Sendo assim, são modelados como injeções constantes de potência nos nós da rede. A parte interna da rede, formada pelos demais componentes (linhas de transmissão, transformadores, etc.) é tratada como um conjunto de circuitos passivos e modelada por meio da matriz de admitância de barra. Impondo-se a conservação das potências ativa e reativa em cada nó da rede é possível obter as equações básicas que regem o comportamento dos fluxos de potência nas redes elétricas. Em outras palavras, em cada nó da rede, a potência líquida injetada deve igual à soma das potências que fluem para os nós adjacentes. Para esse tipo de estudo a modelagem da rede é estática, ou seja, ela é representada por um sistema de equações e inequações algébricas onde as variações com o tempo são muito lentas e, portanto, não são levados em consideração. O fluxo de carga é aplicado em análise de segurança, planejamento do sistema e na otimização. Na área de segurança, simula a violação dos limites de operação do sistema, permitindo que ações preventivas, ou corretivas, sejam tomadas, evitando futuras contingências ou possibilitando o reparo do sistema após uma falha. Na fase de planejamento, é utilizado para verificar o funcionamento da nova configuração de rede e para otimizar as perdas de operação. Já na otimização de sistemas em operação, permite o cálculo das perdas nos componentes do sistema, possibilitando a identificação e substituição de equipamento avariado. No caso das perdas não técnicas, alguns algoritmos baseados no fluxo de potência têm surgido na literatura de modo a automatizar a detecção de fraudes na rede. 2 ONDE É USADO Os métodos de Fluxo de Carga (FC) têm sido amplamente utilizados nos estudos do planejamento e da operação de sistemas elétricos. Através destes estudos são definidas, entre outras, as características nominais e o carregamento dos equipamentos, os requisitos de suporte de reativos para a manutenção do perfil de tensão em condições normais e de emergência. Mais recentemente, o FC tem sido usado para a análise estática da estabilidade de tensão. Essa análise tem-se tornado uma necessidade crítica para a operação dos sistemas de potência na medida que estes têm sido levados a operarem próximos de seus limites em decorrência do crescimento contínuo da demanda, associado a restrições econômicas e ambientais impostas à construção de novas linhas de transmissão e usinas de geração. A implantação da nova política de desregulamentação do setor elétrico tem levado a uma operação em um ambiente competitivo, exigindo a adoção de novas estratégias operacionais. Muitas vezes isso implica em um aumento da transferência de potência entre determinadas regiões da rede, podendo levar o sistema a operar próximo de seu limite de máxima transferência de potência. Consequentemente, o conhecimento preciso de quão distante o atual ponto de operação se encontra de seu limite de estabilidade tornou-se crucial para o operador. O operador precisa saber se para um dado distúrbio, como por exemplo a saída de uma linha de transmissão, a variação súbita do carregamento do sistema, ou o aumento da transferência de potência entre áreas, ainda existirá um ponto de operação factível para as novas condições. 3 MÉTODOS USADOS ATUALMENTE NO SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL O Sistema Elétrico de Potência (SEP) brasileiro é definido como o conjunto de instalações e equipamentos destinados à geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, regulamentado em 1978 pela Portaria Nº 3.214. Esse sistema inclui desde as usinas geradoras até os equipamentos de medição nas unidades consumidoras e está presente em todo território nacional. A Figura 1 exibe um diagrama com os principais componentes de um SEP e suas tensões de trabalho. Figura 1- Diagrama de um sistema elétrico de potência As usinas geradoras e a infraestrutura de transmissão constituem Sistema Interligado Nacional (SIN), mostrado na Figura 2, e fornecem 98,3% da energia elétrica consumida no país (ONS, 2015). Os 1,7% restantes encontram-se em pequenos sistemas, chamados sistemas isolados, localizados em sua grande maioria na região amazônica. O órgão responsável pela operação e manutenção do SIN é o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) que, desde 26 de agosto de 1998, trabalha para garantir a segurança, continuidade e a economicidade do suprimento de energia elétrica para o país. Os sistemas de distribuição (elementos em verde na Figura 1) é o responsável por receber a energia em alta tensão do SIN e entregá-la aos consumidores em um nível de tensão adequado. Esse sistema é controlado por empresas públicas ou privadas, denominadas concessionárias de energia elétrica, que operam sob fiscalização da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e entregam energia para as mais de 77 milhões de unidades consumidoras (UC) (MME, 2015). 4 MODELAGEM UTILIZADA Na formulação convencional de fluxo de potência, a rede elétrica é modelada no nível de barramentos e ramos, conhecida como modelagem barra- ramo, onde as subestações são representadas por barras, ou nós, e linhas de transmissão e transformadores são representados por ramos que interligam as barras do sistema. A representação simplificada de cada subestação é definida de acordo com a configuração e status das chaves e disjuntores que a compõe. Quando as chaves e disjuntores que “ligam” duas ou mais seções de barra estão fechados, estas são consideradas como uma única barra. Por outro lado, quando qualquer dos dispositivos em série (disjuntor ou chave) estiver aberto, as seções de barra são representadasseparadamente, por duas barras distintas. Figura 2- Representação SEP por barra única No caso do SEP da Figura 2, a configuração das chaves e disjuntores apresentada resulta na representação da subestação por uma única barra, ou seja, nesse caso os nós 3, 4, 5 e 6 do SEP original são unidos formando uma barra apenas, de número 3. A Figura 3 mostra a representação gráfica resultante da modelagem barra-ramo do SEP da Figura 2. Figura 3-Representação do SEP no sistema barra-ramo. 5 MATRIZ ADMITÂNCIA DE BARRA A determinação da matriz de admitância nodal (Y) da rede tem grande importância para os cálculos de rede elétrica em Sistemas de Potência. Ela relaciona as tensões elétricas nodais com as correntes elétricas injetadas ao sistema através de geradores. Neste tópico, traremos um exemplo para tornar mais claro o entendimento da solução do fluxo de carga através dessa matriz. Na figura abaixo, temos um exemplo de sistema de potência composto por 4 barras com seu diagrama unifilar e seu circuito elétrico equivalente: Figura 4- Sistema composto por 4 barras. No circuito tem-se que: • �’� = admitâncias complexas de cada ramo, com letras minúsculas. • �’� = fasores das tensões de nós medidas em relação à referência. • �1, . . . , �4 = fasores das correntes injetadas em cada nó. Pelo método de Análise Nodal de Circuitos Elétricos, baseado na Lei de Kirchhoff das Correntes (LKC), obtém-se: Barra (nó) LKC 1 �� = ���� + ��� − ������ + ��� − ������ 2 �� = ���� + ��� − ������ + ��� − ������ + ��� − ������ 3 �� = ���� + ��� − ������ + ��� − ������ + ��� − ������ 4 �� = ���� + ��� − ������ + ��� − ������ Temos a seguinte matriz: ���������� = � �� + ���+��� −���−��� �� + ���+���+��� −��� 0−��� −���−��� ���0 ��� �� + ���+���+��� −���−��� �� + ���+���� � ��������� (1) ���������� = � ��� ������ ��� ��� ������ ������ ������ ��� ��� ������ ���� � ��������� (2) Em que as admitâncias em letras maiúsculas correspondem a composição das admitâncias da equação (1), sendo definidas como: • cada admitância na diagonal principal ��� é chamada de admitância própria do nó � e é igual à soma algébrica de todas as admitâncias que incidem no nó �. • cada admitância fora da diagonal ��� = ��� é denominada de admitância mútua ou de transferência que liga os nós � e �, entrando com sinal negativo. A formulação geral para um sistema com N barras na forma compacta é: ��� = ��� !! ���� (3) Onde a matriz admitância de barra tem dimensão NxN: ��� !! � = "��� ⋯ ��$⋮ ⋱ ⋮�$� … �$$( (4) Pode-se escrever a corrente entrando em um nó k como: �� = ∑ ��*�*$*+� (5) A inversa da matriz �,-..- é chamada de matriz impedância de barra /,-..-, isto é: �/� !! � = ��� !! �0� (6) Como �,-..- é simétrica em relação à diagonal principal, /,-..- deve ser simétrica da mesma maneira. Além disso, os elementos impedância de /,-..- na diagonal principal são chamados de impedâncias próprias dos nós e os elementos fora da diagonal são chamados de impedâncias de transferência dos nós. Em termos da matriz /,-..-, temos: ��� = �/� !! ���� (7) 6 MODELOS DE LINHAS DE TRANSMISSÃO As linhas de transmissão são geralmente retratadas pelo modelo π equivalente, definido por uma impedância série, que caracteriza as perdas ativas e reativas, e uma admitância em derivação, que modela o efeito capacitivo da linha. O elemento série é composto de uma resistência série .�1 e reatância série 2�1 e a admitância em derivação é normalmente representada apenas pela susceptância shunt ,�134 , que no modelo π é dividida em duas partes iguais representadas em cada extremo da linha, conforme mostrado na Figura 2. O limite de capacidade de transmissão das linhas deve também ser considerado. Figura 5- Modelo π equivalente de uma linha de transmissão. A impedância do elemento série é dada por: /�1 = .�1 + 56�1 (8) Os parâmetros série do modelo 7 podem também ser representados pela admitância série ��1 , definida por: ��1 = /�10� = �!89:;<89 (9) O objetivo principal do estudo de fluxo de potência é a determinação das tensões complexas em todas as barras do sistema. Assim, aos barramentos terminais de cada linha de transmissão, � = >, são associadas tensões complexas, representadas por: ?� = ��=;@8 (10) ?1 = �1=;@9 (11) Onde V é o módulo da tensão e θ o ângulo das barras referidos a uma referência comum. A corrente que flui através de uma linha de transmissão, representada por ��1 na Figura 2, é calculada a partir das tensões terminais ?� e ?1 sendo formada por uma componente série e uma componente shunt a saber: ��1 = ��1�?� − ?1� + 5,�134 ?� (12) Analogamente, a corrente �1� é dada por: �1� = �1��?1 − ?�� + 5,1�34 ?1 (13) 7 MODELOS DE TRANSFORMADORES Devido ao grande número de transformadores em um alimentador e sua contribuição significativa às perdas do sistema, devemos incluí-los na modelagem dos sistemas de potência. Cada transformador é modelado por fase, seja monofásica, bifásica ou trifásica, como uma impedância em série, resistência e reatância de vazamento. Além disso, as perdas ativas e reativas nos núcleos do transformador também podem ser modeladas como funções polinomiais, que incluem termos exponenciais de segunda e terceira ordem nas variações nominais de tensão e frequência. No caso de um transformador de dois enrolamentos estrela-estrela. A representação geral de transformadores em fase e defasadores, dada na Figura, consiste basicamente em uma admitância série ��1 e um transformador ideal, a modelagem é demonstrada por um transformador ideal com uma relação 1: - em série com uma admitância, conforme a figura a seguir: Figura 6- Modelo de transformador YY de dois enrolamentos A relação de transformação é definida pela razão entre as tensões complexas das barras p e m. No caso dos transformadores em fase, como BC = B�, a relação de transformação resulta na razão entre os módulos dessas duas tensões, ou seja: - = DED8 = FEGHIEF8GHI8 = FJF8 (14) O fato do transformador entre as barras K = � ser ideal, a potência de entrada é igual à potência de saída, ou seja, não há perdas entre as duas barras. Consequentemente, as correntes ��1 e �1� estarão defasadas de 180º, pois: ?C�C� + ?���C = 0 (15) LE8L8E = − DED8 = −-(16) Como as correntes ��1 e �1� estão defasadas 180° e seus módulos estão na razão - = 1. O transformador em fase pode ser representado por um circuito equivalente π, conforme ilustrado na Figura 7. Figura 7- Circuito π equivalente de transformador em fase. A determinação das admitâncias A, B e C do circuito equivalente é feita identificando-se as correntes ��1 e �1� de modelo da Figura 3, com as correntes correspondentes do circuito equivalente. Para o modelo da Figura 3, tem-se: ��1 = −-��1�?� − ?1� = -���1?� − -��1?1 (17) �1� = �1�M?1 − ?CN = ��1?1 − -��1?� (18) Para o modelo π da figura 4 tem-se: ��1 = O?� + P�?� − ?1� = �P + O�?� + �−P�?1 (19) �1� = Q?1 + P�?1 − ?�� = �P + Q�?1 + �−P�?� (20) Ao identificar os coeficientes de Ek em (17), (18), (19) e (20) obtemos P = -��1 (21) O = -�- − 1���1 (22) Q = �1 − -���1 (23) As equações (21), (22) e (23) permitem a análise do efeito da relação de transformação 1:a sobre os módulos das tensões terminais �� = �1. Caso a =1, as admitâncias B e C são nulas e o circuito equivalente π reduz-se à admitância série ��1. Alterando-se a relação de transformação para um valor a ≤ 1, B terá sinal contrário a ��1 sendo do tipo capacitivo, enquanto C será do tipo indutivo, implicando em uma tendência a aumentar �� e reduzir �1. Por outro lado, quando - > 1, B será indutivo enquanto a C será do tipo capacitivo, havendo uma tendência a diminuir �� e aumentar �1. Se uma das barras terminais tiver tensão regulada (Pθ ou θV), ou estiver eletricamente próxima de uma barra deste tipo, a outra barra terminal sofrerá efeitos das alterações na relação 1:a. Nestes casos, quando uma das tensões terminais é rígida, tudo se passa como se o transformador se apoiasse em um de seus terminais para elevar ou diminuir o módulo da tensão do terminal oposto. EXEMPLO 01 Dois transformadores ligados em paralelo para alimentar uma impedância por fase ligada ao neutro cujo valor é 0,8+j0,6 p.u. sob uma tensão de V2. O transformador Ta tem uma relação transformação igual a relação das tensões- base nos dois lados do transformador. Possui uma impedância de j0,1 p.u em relação a sua própria base. O segundo transformador Tb apresenta uma elevação de tensão, em direção a carga, 1,05 vezes maior que Ta a sua impedância é j0,1 p.u em relação a base do circuito no lado de sua baixa tensão. A figura mostra o circuito equivalente com transformador Tb representado por suas impedâncias e por um transformador ideal. Achar a potência complexa transmitida a carga de cada transformador. �� = − 1,00,8 + 50,6 = −0,8 + 50,6 - = 1,05 Para determinar a corrente em cada transformador, necessitamos calcular V1 pela equação �� = ����� + ����� Onde as admitâncias de nós são aquelas da combinação em paralelo dos dois transformadores. Para o transformador Ta: ��� = − 150,1 = 510 ��� = − 150,1 = −510 Figura para elaboração do exemplo 01 (valores em p.u). Para o transformador Tb: ��� = − 150,11,05 = 59,52 ��� = − 150,1|1,05|� = −59,07 Para os dois transformadores em paralelo ��� = 510 + 59,52 = 519,52 ��� = −510 − 59,07 = −519,07 −0,8 + 50,6 = ���519,07� − 519,07 × 1,0 �� = 1,008 + 50,041 �� − �� = 0,008 + 50,041 Portanto, �Z[ = ��� − ����−510� = 0,41 − 50,08 Como �� = −-∗��, então: �F]-∗ = −�� − �Z[ = 0,8 − 50,6 − �0,41 − 50,08� = 0,39 − 50,52 As potências complexas são: _Z[ = ���Z̀∗ = 0,41 + 50,08 K. a _Z] = �� b�Z]-∗ c∗ = 0,39 + 50,52 K. a 8 MODELAGEM DE CARGA Duas abordagens podem ser desenvolvidas para a modelagem de carga em SDEE: a abordagem baseada em medições diretas sobre a carga e a abordagem baseada nos componentes que compõem a carga (Ranade et al., 2001). Cada abordagem exige certas informações para o desenvolvimento da modelagem, apresentando vantagens e desvantagens na sua implementação. Dependendo do tipo de análise que se pretende fazer, duas modelagens de carga podem ser aplicadas. No caso de análise em regime permanente, a modelagem estática deve ser adotada. Já no caso de análises em regimes transitórios, aplica-se a modelagem dinâmica da carga. O modelo de carga estático é demonstrado por meio de equações algébricas que determinam a potência ativa e reativa da carga em função da sua frequência e tensão. Esses modelos são especificamente usados para análise de fluxo de potência e das perdas do sistema, uma vez que, conseguem refletir adequadamente o comportamento da carga em regime permanente. Além disso, podemos representar satisfatoriamente em regime permanente as cargas de natureza dinâmica como motores e controladores eletrônicos. Este modelo faz uma abordagem baseada em componentes que determina um modelo da carga mediante as informações elétricas dos equipamentos que a constituem, comumente denominados de componentes de carga. Essas informações são fincadas conforme o modelo de carga que se pretende desenvolver busca determinar um modelo da carga mediante as informações elétricas dos equipamentos que a compõem, comumente denominados de componentes de carga. Essas informações são definidas de acordo com o modelo de carga que se pretende desenvolver. Para extrair tais informações, cada componente de carga deve ser submetido a ensaios em laboratório para avaliar suas características de potência em função da tensão e da frequência fornecida. Esta abordagem precisa de uma base de dados com informações de cada componente de carga, tais informações devem-se atualizar continuamente, uma vez que as características elétricas dos componentes variam conforme o modelo e fabricante (Lu et al., 2008). Essa é a maior desvantagem dessa abordagem. Por outro lado, sua aplicação é pertinente em análises estáticas do sistema, como fluxo de potência e gerenciamento da demanda de carga. Para obter tais informações, cada componente de carga deve ser submetido a ensaios em laboratório para analisar suas características de potência em função da tensão e da frequência fornecida. Esta abordagem necessita de uma base de dados com informações de cada componente de carga, tais informações devem-se atualizar continuamente, visto que as características elétricas dos componentes variam de acordo o modelo e fabricante. Essa é a maior desvantagem dessa abordagem. Por outro lado, sua aplicação é importante em análises estáticas do sistema, como fluxo de potência e gerenciamento da demanda de carga. Com as informações requeridas pode- se fazer um tratamento de acomodação dos componentes de carga, a fim de se determinar o modelo equivalente que finalmente represente a carga em sua totalidade. Tal agregação deve realizar-se de maneira separada para a parcela de potência ativa e parcela de potência reativa. O modelo dinâmico é demonstrado por equações diferenciais e algébricas que determina a potência ativa e reativa da carga em função da sua frequência e tensão. Consiste em desenvolver um modelo de carga a partir de um conjunto de medições. Para aplicar esta abordagem é necessário ter medições do comportamento da potência consumida pela carga, em função da sua tensão e frequência (Vignesh et al., 2014). Na prática as variações de tensão normalmente são produzidas por meio de comutações de dispositivos reguladores de tensão, chaveamento de bancos de capacitores e transformadores com derivação, de modo que, essa abordagem implica disposição de equipamentos de medição e de aquisição de dados, mas também, deum algoritmo de estimação com capacidade de processar tais dados para determinar o modelo de carga quando ocorrem variações de tensão. As principais desvantagens desta abordagem são o custo de aplicação, o custo computacional e a limitação na faixa de tensão e frequência avaliada, uma vez que a variação de tensão e frequência deve-se limitar a uma faixa específica que garanta a correta operação do sistema (ANEEL, 2010). O modelo leva em consideração o valor da tensão no instante atual e em instantes de tempo anteriores. Entretanto, a possibilidade de atualizar os modelos de carga em tempo real é a maior vantagem desta abordagem. Sua análise é exclusiva para situações de regime transitório, como recomposição pós-blecaute, estudos de curto-circuito e estabilidade de tensão. Este modelo faz uma abordagem guiada por medições que consiste em desenvolver um modelo de carga por meio de um conjunto de medições. Para realizar esta abordagem é preciso ter medições do comportamento da potência consumida pela carga, em razão da sua tensão e frequência. Na prática as variações de tensão normalmente são produzidas por meio de comutações de dispositivos reguladores de tensão, chaveamento de bancos de capacitores e transformadores com derivação, de modo que, essa abordagem implica na disposição de equipamentos de medição e de aquisição de dados, mas também, de um algoritmo de estimação com capacidade de processar tais dados para determinar o modelo de carga quando ocorrem variações de tensão. As principais desvantagens desta abordagem são o custo de aplicação, o custo computacional e a limitação na faixa de tensão e frequência avaliada, uma vez que a variação de tensão e frequência deve-se limitar a uma faixa específica que garanta a correta operação do sistema. Entretanto, a possibilidade de atualizar os modelos de carga em tempo real é a maior vantagem desta abordagem. 9 BANCO DE CAPACITORES Outro método muito importante para controlar a tensão de barra é por bancos de capacitores em derivação nas barras nos níveis de transmissão e distribuição. Isso porque os capacitores fornecem potência reativa no ponto em que são instalados, e com isso, corrige o fator de potência do sistema elétrico e economiza energia. Eles podem ser ligados e desligados, atuando como reguladores de tensão do sistema, conforme determinam as mudanças de carga. A instalação e manutenção desses bancos de capacitores deve ser monitorada, pois caso a carga indutiva esteja baixa, o que ocorre em épocas de baixa produção e férias coletivas, deverá ser desligado o banco, pois o excesso de carga capacitiva também compromete o Sistema Elétrico de Potência. Bancos capacitivos como já dito são usados para o controle de potência reativa e consequentemente da tensão de uma barra. Os bancos são ligados em paralelo à barra em questão, como mostrado na figura abaixo. Figura 8- Capacitor Em linhas gerais, o banco de capacitor supre potência reativa para a barra à qual ele é instalado (melhoria do fator de potência). Isto reduz a corrente de linha necessária para suprir uma determinada carga ligada à barra e, consequentemente, reduz a queda de tensão na linha. No caso de um banco de capacitor instalado em um sistema em particular com a tensão na barra igual a 1,0∠0 p.u, a potência Q fluindo para a barra é: e = −|�|� ∙ 2g = − h� ijh� ∙ 2g = �ij (24) Essa potência reativa, injetada na barra, tende a aumentar a tensão da barra para acima de 1,0 p.u. No que diz respeito à aplicação dos sistemas de proteção utilizando relés de distância, é necessário considerar, na definição do alcance da proteção, o efeito de redução da reatância equivalente de falta para as faltas ocorrendo após a compensação. Eventualmente, este alcance pode resultar negativo se a impedância indutiva do loop de falta entre a localização da proteção e o curto-circuito for inferior à reatância capacitiva presente no mesmo trecho. Esta é uma situação de probabilidade não desprezível considerando que, para minimização das correntes de falta, a compensação série é definida com determinado grau de distribuição, mas normalmente localizada em posicionamento equidistante das fontes de tensão. Portanto, a concentração de compensação capacitiva ao longo dos sistemas de transmissão em regiões equidistantes das fontes de contribuição para o curto-circuito pode propiciar maior probabilidade de situações de impedância indutiva equivalente negativa, como visto pelos relés de distância de um ou outro sistema de proteção de distância das linhas envolvidas. Outra possibilidade de probabilidade ainda maior é a ocorrência de faltas dentro dos limites da segunda zona da proteção da linha sendo vistas como ocorrendo dentro da primeira zona do relé de distância e podendo resultar na atuação indevida da proteção de distância. Além da própria proteção da linha compensada, uma outra preocupação importante é a própria proteção dos capacitores séries expostos a níveis de corrente de curto-circuito e sobretensões possivelmente bem superiores a seus valores nominais. As correntes de curto- circuito são relativamente maiores quando os curtos ocorrem após a compensação é bastante elevada em pontos do sistema muito próximos à geração. Assim, a compensação série aplicada a sistemas troncos de transmissão é normalmente localizada o mais distante possível das usinas geradoras, sem prejuízo para seu efeito sobre o aumento dos limites de estabilidade de regimes permanente e transitório. Deve ser considerado, portanto, que os capacitores série de compensação dos sistemas de transmissão podem ficar sujeitos a correntes de curto muito superiores às suas correntes nominais durante os curto- circuitos e que, a estas correntes transitórias na frequência fundamental, podem ainda estar superpostas componentes unidirecionais e componentes sub síncronas produzidas pela interação entre as indutâncias série longitudinais dos elementos do sistema de potência e as capacitâncias envolvidas. Para evitar o projeto economicamente inviável dos capacitores série visando suportar as sobretensões excessivamente elevadas provocadas pela circulação das componentes das correntes de curto referidas, os capacitores são dotados de proteção contra sobretensões transitórias. 10 REATORES Reatores para controle de fluxo de potência são conectados em série, em linhas de transmissão de até 800kV. Estes reatores modificam a impedância da linha, introduzindo uma tensão em quadratura, controlando o fluxo de potência e assegurando a máxima transferência de potência em linhas adjacentes. Dentre as mais recentes aplicações de reatores série no sistema de transmissão, estão os reatores destinados ao controle de fluxo de potência. Em que são usados para melhorar o fluxo de potência nas linhas de transmissão através da modificação da impedância de transferência. O posicionamento estratégico desses reatores pode servir para aumentar a máxima transferência de potência, reduzir perdas de transferência de potência e melhorar a confiabilidade do sistema. Reatores, como os capacitores, são básicos nos sistemas de transmissão e distribuição. Dependendo de sua função, os reatores são conectados em série ou em derivação com o sistema, singularmente (reatores limitadores de corrente, reatores “shunt”) ou em conjunto com outro componente básico tal como capacitores (reatores para chaveamentos de capacitores “shunt”, reatores para descarga de capacitores e reatores para filtros). Reatores são utilizados para prover reatância indutiva ao sistema de potência para uma vasta variedade de aplicações. Isto inclui: limitadores de corrente de falta, limitadores de “inrush” para capacitores e motores, filtros de harmônicos, compensadores de VAR, redução de ripple (reatores de alisamento), bloqueadores de sinal no sistema de potência (bobinasde bloqueio), aterramento de neutro, amortecimento de transientes chaveados, redução de “flicker” para aplicações de fornos a arco, dissintonia, balanço de carga e condicionamento de potência. Reatores podem ser instalados nos mais variados níveis de tensão tipo industrial, de distribuição ou transmissão podendo ser de poucos Amperes até centenas de Amperes com níveis de corrente de falta até dezenas de milhares. 11 FLUXO DE CARGA EM LINHAS DE TRANSMISSÃO 11.1 Cálculo dos fluxos de carga (potência) O cálculo de fluxo de potência é de fundamental importância nos estudos de planejamento e atuação dos sistemas elétricos de potência. A modelagem do sistema é estática, sendo a rede retratada por um grupo de equações e inequações algébricas. As equações fundamentais de fluxo de potência são obtidas impondo se a primeira lei de Kirchhoff, no tocante à conservação das potências ativa e reativa em cada barra da rede, isto é, a potência líquida injetada em uma barra deve ser equivalente à soma das potências que fluem pelos componentes ligados a esta barra. A segunda lei de Kirchhoff é utilizada para expressar os fluxos de potência nos ramos como função das suas tensões terminais. Matematicamente, o problema do fluxo de potência é integrado por duas equações para cada barra, onde cada uma delas simboliza o fato das potências ativa e reativa injetada em uma barra serem iguais à soma dos fluxos que deixam essa barra por meio das linhas de transmissão e transformadores. Quatro grandezas estão associadas a cada barra da rede: • ��: Módulo da tensão na barra k; • B�: ângulo da tensão na barra k; • k�: Potência ativa líquida injetada na barra k; • e�: Potência reativa líquida injetada na barra k; Dependendo de como estas grandezas são tratadas no problema do fluxo de potência, são então definidos os tipos de barras: • Barra de carga ou ke: Não existe qualquer controle de tensão nestas barras. Conhecem-se as grandezas k� = e� calculam-se �� = B�; • Barra de tensão controlada ou k�: Existem dispositivos de controle que permitem manter o módulo de tensão e a injeção de potência ativa em valores especificados, tais como os geradores e compensadores síncronos. Conhecidos k� = �� calculam-se e� = B�; • Barra de referência, flutuante, swing, slack ou �B Esta barra fornece a referência angular e fecha o balanço de potência ativa e reativa do sistema, levando em consideração as perdas do sistema de transmissão. Conhecidos �� = B� calculam-se k� = e�; • Barra de controle de tensão ou P: Esta barra, com e� variável, é utilizada para controlar a tensão de uma barra remota (barra ke�). Conhecido k� calcula-se e�, �� = B�; • Barra remota ou PQV: É uma barra de carga que passa a ter sua tensão controlada remotamente por uma ou mais barras P ou por um ou mais transformadores de taps variáveis. Conhecidos k�, e� = ��, calcula-se B�; • Barra θ: É a barra onde se especifica B�, valor de referência dos ângulos das tensões. Nessa barra pode-se especificar ��, como é mais usual, ou e� Pode-se também especificar k�, embora não seja usual. Conhecidos B�, = �� �ma e��, calculam-se k� = e� �ma ���. Matematicamente, o problema do fluxo de potência é constituído por duas equações para cada barra, onde cada uma delas representa o fato das potências ativa e reativa injetada em uma barra serem iguais à soma dos fluxos que deixam esta barra através das linhas de transmissão e transformadores. Tanto as admitâncias próprias e mútuas de barra ��,-..-�, como também as impedâncias de excitação e de transferência �/,-..-�, podem ser usadas para resolver o problema do fluxo de carga. Utilizando o diagrama unifilar do sistema obtemos os dados que serão fornecidos ao computador. São necessários os valores das impedâncias em série e das impedâncias em derivação das linhas de transmissão, permitindo o computador determinar todos os elementos de �,-..- ou /,-..-. Outros dados são as impedâncias e os valores de potência e tensão nominais de transformadores, de capacitores em paralelo, e os ajustes de derivação de transformadores. Em todas as barras, exceto uma, deve ser especificada a potência ativa líquida. A potência absorvida por uma carga é uma entrada negativa proveniente de geradores, e potências positivas ou negativas podem vir de interligações. Além disso, nessas barras, ou a potência reativa ou o módulo da tensão deve ser especificado. A barra em que o fluxo de potência real não é especificado, chamada barra de oscilação, geralmente é conectado um gerador. Esses geradores fornecem a diferença entre a potência real especificada injetada nas outras barras e a potência real total saindo do sistema mais as perdas. Tanto o módulo como o ângulo da tensão é especificado para a barra de oscilação. As potências real e reativa nesta barra são determinadas pelo computador como parte da solução. 11.1.1 Método de Gauss-Seidel Nesse método, atribuem-se valores estimados para tensões de barras desconhecidas e calculando um novo valor para cada tensão de barra a partir dos valores estimados nas outras barras, da potência real e reativa especificada ou do módulo de tensão especificado. O processo interativo é repetido até que as mudanças em todas as barras sejam menores do que um valor mínimo especificado. Pode-se escrever o algoritmo de Gauss-Seidel para as n– 1 equações que constituem as equações de fluxo de potência de um sistema de n barras, como: ���p:�� = �q88 rs80;t8uF8�v�w∗ − ∑ ��*�*�p0�� − ∑ ��*�*�p�$*+��0�*+� x ; para k = 2, 3, . . . , N (25) Onde: adotou-se a Barra 1 como a oscilante, por isso, a computação começa pela barra � = 2. O índice �~ + 1� significa o valor da iteração atual e o índice �~� o da iteração anterior. EXEMPLO 02 Considere o sistema de duas barras apresentado e calcule a tensão na carga (barra 2) e a potência na barra de referência. Matriz admitância de rede: � = b 3,8462 − 519,2308 −3,8462 + 519,2308−3,8462 + 519,2308 3,8462 − 519,2308 c A atualização da tensão E2 é realizada por: ?��1:�� = 1��� ∙ � _�∗?�∗�1� − ���?�� Resultado do processo interativo: Iteração ?��K. a� Teste de convergência 0 1 + 50 h?��1:�� − ?��1�h < � 1 1,0012 − 50,0500 2 0,9987 − 50,0493 3 0,9987 − 50,0494 4 0,9987 − 50,0494 A potência na barra de referência é: _� = ?����∗ = ?� �1� �?� − ?���∗ = 1,01 + 50,05 K. a 11.1.2 Fator de aceleração Uma característica indesejável do método Gauss-Seidel é a lenta convergência. Isto pode ser melhorado por meio do uso de um fator de aceleração. Numa barra onde é especificado o módulo da tensão em vez da potência reativa, as componentes real e imaginária da tensão são obtidas, para cada interação, calculando primeiramente um valor para a potência reativa. Onde � é diferente de �. k� − 5e� = ������ ∑ ��*�*$*+� ���∗ (26) Se fizermos n igual a k, temos a equação abaixo onde �> é a parte imaginária. e� = −�>���∗ ∑ ��*�*$*+� � (27) A potência reativa e� é calculada pela equação acima para os melhores valores anteriores de tensão nas barras, e esse valor é substituído na equação abaixo para achar um novo ��. As componentes do novo �� são, então, multiplicadas pela razão do módulo constante de �� obtido na equação abaixo. O resultado é a tensão complexa corrigida de módulo especificado. �� = �q88 us80;t8F8∗ − ∑ ��*�*$*+� w (28) 11.1.3 Método de Newton-Raphson Para aplicar o método de Newton-Raphson para um problema de fluxo de potência para uma k-ésima e uma n-ésima barras, considera-se inicialmente: �� = ��∠�� = �*∠�* = ��* = ��*∠B�* (29) �� = s80;t8F8∗(30) Escrevendo na forma polar e igualando a equação (5) e (30), temos: s80;t8F8∗ = ∑ |��*�*|$*+� ∠��* + B�*� ⟹ k� − 5e� = ∑ |��*�*��|$*+� ∠��* +B�* − ��� (31) Pela fórmula de Euler: k� = ∑ |��*�*��|$*0� cos��* + B�* − ��� (32) e� = ∑ |��*�*��|$*0� sin��* + B�* − ��� (33) 11.2 Perdas em linhas de transmissão A geração total de um Sistema Elétrico de Potência é igual à somatória das cargas mais as perdas no sistema de transmissão. Calcula-se a perda em uma linha de transmissão pela soma do fluxo de potência que sai da barra k e dirige-se para a barra m com o fluxo que sai da barra m e dirige-se para a barra k. A partir de algumas equações, obtemos as perdas de potência em uma linha de transmissão: k�1 + k1� = ��1���� + �1� − 2���1 cos B�1� (34) e�1 + e1� = −,�134 ���� + �1�� − ,�1���� + �1� − 2���1 cos B�1� (35) Em que nesta última, o primeiro termo corresponde a potência reativa gerada no elemento shunt da barra e o segundo termo corresponde a perda reativa no elemento série da linha. A frequência está intimamente relacionada com o balanço de potência ativa na rede inteira. Sob condições normais de funcionamento, os geradores do sistema giram em sincronismo, e, juntos, geram a potência que, a cada instante, está sendo consumida por todas as cargas, mais as perdas ativas de transmissão. Estas, da ordem de uns poucos por cento, consistem em perdas ôhmicas nos vários componentes da transmissão, em perdas por efeito corona nas linhas, e em perdas nos núcleos de transformadores, de geradores, etc. Deve-se lembrar que a energia está sendo transmitida com a velocidade da luz, e, uma vez que ela não está sendo armazenada em nenhuma parte do sistema, conclui-se que a taxa de produção de energia deve ser igual à taxa de consumo mais perdas. 12 FLUXO DE CARGA PARA SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO Os métodos de fluxo de potência radial têm sido aprofundados de forma a aproveitar a topologia dos sistemas de distribuição. Os métodos mais empregados são os métodos orientados a ramos, dentro os quais podemos mencionar o Método Escalonado, Método Soma de Correntes e o Método Soma de Potências. Esses métodos são extensões ao método de Gauss-Seidel. O método Escalonado atende a rede à montante, supondo inicialmente um perfil de tensão, aplicando as leis de Kirchhoff das correntes e das tensões, até chegar ao nó fonte. Desta forma, é possível calcular a tensão do nó fonte. O erro obtido entre esse valor e o especificado será somado ao perfil de tensão para a iteração seguinte, de forma que se obtenha um novo perfil de tensão para efetuar a iteração seguinte. A convergência é atingida quando a diferença entre a tensão calculada na fonte for igual à tensão nominal da fonte. Devido ao aumento no consumo de energia elétrica nos últimos anos, os sistemas de distribuição estão maiores e mais complexos. Assim, torna-se cada vez mais comum o uso do fluxo de potência para melhorar a qualidade e o desempenho das redes de distribuição. Os métodos tradicionais de cálculo do fluxo de potência, como os métodos de Newton Raphson e Gauss-Seidel, apresentam problemas de desempenho e convergência devido às características peculiares dos sistemas de distribuição, sendo necessário um algoritmo rápido e robusto para possibilitar sua aplicação nesses sistemas. O primeiro método, originalmente proposto por (SHIRMOHAMMADI, 1988), consiste na aplicação direta das leis de Kirchhoff. O segundo método, descrito por (CESPEDES, 1990), utiliza a Lei de Ohm, eliminando a fase da tensão nas equações do fluxo de potência, possibilitando uma simplificação dos cálculos. De acordo com as simulações realizadas, os dois métodos se mostram robustos em relação à convergência, não apresentando problemas e utilizando poucas iterações nos sistemas analisados. Ambos os métodos possuem desempenho parecido, no quesito velocidade, para sistemas de poucas barras, porém, para sistemas grandes (793 e 3373 barras), a diferença se torna evidente, sendo o segundo método, aproximadamente, duas vezes mais rápido que o primeiro. É proposto um algoritmo para remoção de barras redundantes, que se mostrou capaz de reduzir drasticamente o tempo computacional utilizado. Com a redução no número de barras utilizadas na elaboração do fluxo de potência, ambos os métodos possuem tempo computacional semelhante, diferenciando apenas por alguns milissegundos. Os Métodos Soma de Correntes e Soma de Potências consistem fundamentalmente em dois processos: à montante e à jusante. No processo à montante, onde previamente se supõe um perfil de tensão, calculam-se as correntes ou as potências nodais, conforme o caso. No processo a jusante obtém se novos valores para as tensões a partir do cálculo anterior. Estes valores de tensão são os valores que constituirão o novo perfil de tensão utilizado na iteração seguinte. Estes métodos quando aplicados a sistemas de distribuição em geral mostram melhores características de convergência (rapidez e confiabilidade) do que os tradicionais. Os sistemas de distribuição são radiais, caracterizados por ter um único caminho entre cada consumidor e o alimentador de distribuição. A potência flui da subestação para os consumidores através de um caminho simples, o qual, em caso de interrupção, resulta na perda total de energia para os consumidores à jusante do defeito. Figura 9- Sistema de distribuição radial A grande necessidade que as distribuidoras possuem em realizar análises de falhas, modelagens, planejamento e supervisão das redes de distribuição permite o desenvolvimento de software que contempla as necessidades diárias de uma distribuidora, ou seja, um software que permita análise rápida e com confiabilidade do fluxo de potência em redes de distribuição. Com relação à interação entre transmissão e distribuição, tem-se atualmente a seguinte visão: a operação da transmissão vê o sistema de distribuição não como um todo, mas sim como uma carga “fixa”, conectada no barramento da subestação de distribuição, enquanto a operação da distribuição enxerga a transmissão apenas como um gerador conectado no lugar da subestação de tratamento de energia. Resumindo, pode-se dizer que cada sistema enxerga o outro, apenas como um ponto de entrada ou saída de potência. As redes primárias, operando em 13,8KV, contam com um tronco principal do qual derivam ramais que usualmente são protegidos por fusíveis. Dispõem de chaves de seccionamento que operam na condição de normalmente fechadas e que se destinam a isolar blocos de carga para permitir a sua manutenção corretiva ou preventiva. É usual instalar-se num mesmo circuito, ou entre circuitos diferentes, chaves que operam abertas e que podem ser fechadas em manobras de transferência de carga. Figura 10- Sistema de distribuição radial 13 UTILIZAÇÃO DE PROGRAMAS PARA FLUXO DE CARGA As empresas de energia elétrica usam programas muito elaborados para realizar estudos de fluxo de carga. Um programa típico é capaz de atender sistemas de mais de 2000 barras, 3000 linhas e 500 transformadores. Os dados fornecidos devem incluir os valores numéricos dados na tabela abaixo e uma indicação dizendo se a barra é de oscilação, controlada onde o módulo da tensão é mantido constante pela geração de potência reativa Q, ou uma barra com P e Q fixados. Os limites de geração P e Q geralmente devem ser especificados, como também os limites dos quilovolt-ampères de linha. Neste tópico, mostraremos um método escolhido para o desenvolvimento de algoritmo de fluxo de potência trifásico a quatro fios utilizando o método de Soma de Correntes com varredura. Sistema de cálculo este comparado, analisado e escolhidopelos pesquisadores da UNESP antes do início do projeto e posteriormente adotado pelo PRODIST / ANEEL. Em sua implementação, o método utiliza uma abordagem orientada a ramos para melhorar o desempenho numérico. Este algoritmo aproveita o ordenamento por camadas feito após uma renumeração dos ramos, isto é, numeram-se os ramais nas camadas que vão se afastando do nó principal como mostra a Figura 14. A numeração dos ramais numa camada só começa após finalizar aquela dos ramais da camada anterior. O número de cada nó é igual àquele pertencente ao ramal que une o dito nó com outro mais próximo do nó principal. Figura 11- Numeração das linhas para redes de distribuição radial. Com a utilização deste sistema de camadas é muito simples localizar os nós extremos e os caminhos à jusante e à montante. Dessa forma, os processos backward e forward, descritos a seguir, tornam-se de fácil implementação. Considera-se o nó principal como referência e com magnitude e ângulo de tensão conhecidos. O algoritmo iterativo 5x5 proposto para resolução de sistemas radiais consiste de três passos. Primeiramente, calcula-se as correntes nodais do sistema através da matriz abaixo: (36) Onde: • ��-, ��,, ��� , ��� , ��� são as injeções de correntes no nó �; • _�-, _�,, _��, as injeções de potência programadas (conhecidas no nó �); • ��-, ��,, ��� , ��� , ��� as tensões no nó �; • ��-, ��,, ��� , ���, as admitências próprias dos elementos shunt no nó �; • ��6� a admitância mútua entre os elementos shunt 6 e � no nó �; • /�� a impedância de aterramento no nó �; Depois calcula-se a corrente em todos os ramos (etapa backward), começando desde os ramos da última camada e se movimentando em direção ao nó principal, a corrente no ramo ~ é: ⎣⎢⎢ ⎢⎡�� ��������*���⎦⎥ ⎥⎥⎤ ��� = − ⎣⎢⎢ ⎢⎡�� ��������*���⎦⎥ ⎥⎥⎤ ��� + ∑ ⎣⎢⎢ ⎢⎡�1 �1��1��1*�1�⎦⎥ ⎥⎥⎤ ��� 1G� (37) Em que � é o conjunto de ramos ligados à jusante ao nó 5 . E, por último, calcula-se a tensão em todos os nós (etapa forward), começando a partir da primeira camada e se movimentando em direção à última camada, a tensão do nó 5 é: (38) Após a execução dos passos anteriores numa iteração, os erros entre as potências calculadas e as conhecidas de cada nó para todas as fases, cabo neutro e terra são calculados. Se a parte real ou imaginária de qualquer erro de potência é maior que o critério de convergência estabelecido, os anteriores são repetidos até ser obtida a convergência. Uma das ferramentas fundamentais da engenharia de sistemas elétricos de potência é o cálculo do fluxo de potência. Tal ferramenta é utilizada como base para o estudo de tópicos mais avançados tais como estabilidade de sistemas, otimização e planejamento de sistemas elétricos. Tendo em mente a importância deste conhecimento, fica clara a necessidade de se prover uma educação consistente e de qualidade aos estudantes. O cálculo do fluxo de potência é essencialmente um problema numérico e, como tal, resolvido através da utilização de computadores. Visando a habituação dos alunos também a esta característica é que se propôs a criação do PF Analyst – um programa didático para análise do cálculo do fluxo de potência. O desenvolvimento do PF Analyst focou-se na adaptação das três funcionalidades básicas na realização de uma simulação a propósitos didáticos: entrada de dados (voltada a sistemas de pequeno porte), execução da simulação (escolha simplificada dos parâmetros) e exibição dos resultados (ênfase na representação gráfica dos resultados). Um pacote de simulação para Matlab já existente, chamado MATPOWER, foi utilizado como base de cálculo, e todo o restante foi desenvolvido em linguagem C++. As simulações com sistemas de teste de 6 e 118 barras demonstraram o atendimento às expectativas expressas no escopo da versão inicial do programa e adequação aos fins didáticos. 14 ANÁLISE DOS RESULTADOS APRESENTADOS POR PROGRAMAS DE FLUXO DE CARGA Algumas análises não serão explanadas neste resumo. Porém, mais detalhes constam na Referência (Grupo REDE – UNESP). Após os cálculos de fluxo de potência o diagrama geográfico do alimentador é exibido na tela principal do programa. Neste diagrama aparecem todas as informações dos nós elétricos e dos trechos de rede. Todos os elementos do diagrama geográfico são editáveis e os cálculos de fluxo de potência são automaticamente refeitos quando alguma característica técnica do elemento é modificada. A qualquer momento é possível gerar perfis de tensão entre dois nós quaisquer da topologia e para isso basta selecionar dois nós. O perfil de tensão é gerado informando-se as tensões de saída dá SE, no eixo vertical à esquerda, para as três situações de carga leve, média e pesada, dados importantes para análise da tensão e do reativo. Caminhando-se pelas barras (nós) marcadas no eixo horizontal para o lado da carga (lado direito), vemos os perfis de tensão para as três situações de carga. Figura 12- Perfil de tensão nos 3 patamares de carga ao longo do circuito mencionado. Temos os cálculos do fluxo das potências ativa e reativa que podem vir indicadas como na figura abaixo: Figura 13- Perfil da energia reativa do sistema. Outra análise importante, é a representação gráfica do perfil das perdas por efeito Joule, conforme a figura a seguir: Figura 14- Perfil das perdas pelo efeito Joule Em suma, o programa de cálculos elétricos permite a modificação de parâmetros da rede para permitir alteração de condutores, transformadores, capacitores, presença de geradores distribuídos, etc. Analisando este software, nota-se que a distribuidora de energia elétrica irá obter ganhos importantes em pontos como economia, qualidade, segurança, planejamento e velocidade na tomada de decisões, possibilitando dessa forma uma excelente resposta em qualidade na distribuição de energia elétrica. Como forma de verificar a adequação do programa aos propósitos apresentados e ao escopo de sua versão inicial, é feita uma simulação apresentando o caso de 6 barras. O sistema de 6 barras utilizado para esta simulação foi obtido da literatura 6 e consta na biblioteca do MATPOWER, e é ilustrado na Figura 15. Os dados do sistema são apresentados nas tabelas que se seguem à figura. Figura 15- Sistema de 6 barras. Tabela 1-sistema de 6 barras-dados de barra Tabela 2- Dados de linha Tabela 3 – Dados de geração Na simulação realizada foi utilizado o seguinte perfil de simulação: • Formulação: Não-linear; • Algoritmo: Newton-Raphson; • Tolerância no cálculo iterativo: 10-5; • Número máximo de iterações: 4; • Forçar limites de potência reativa: Sim. Quando a opção de forçar os limites de potência reativa é “Sim”, caso os limites de potência reativa de algum gerador forem violados na solução do cálculo do fluxo de potência, então a barra correspondente é convertida em uma barra do tipo PQ cujo valor de “Q” é igual ao limite do gerador, e o cálculo é executado novamente. A magnitude da tensão nesta barra, consequentemente, será diferente do valor especificado visando o atendimento do limite de potência reativa. As tabelas a seguir apresentam os resultados numéricos obtidos na simulação. A primeira delas (Tabela 12) contém os resultados de tensão e ângulo nas barras, representando os resultados para as variáveis dos dados de barra. Apenas as colunas onde ocorre alteração nos dados são mostradas. Tabela 4 – Resultado de barra Percebe-se que duas barras foram convertidas em barras PQ devido a violação dos limites de potência reativa: 2 e 3. Em decorrência desta alteração, os valores de magnitude da tensão desviaram-se ligeiramente dos previamente estabelecidos (1,05 e 1,07, respectivamente). Os valores de tensão (magnitude e ângulo)são ilustrados graficamente na Figura 16. Tais gráficos foram gerados pelo PF Analyst. Figura 16- Tensão (magnitude e ângulo) O fato de as barras 2 e 3 terem sido convertidas em barras PQ por violarem os limites de potência reativa também fica claro no gráfico da Figura 17, que mostra a relação entre a potência reativa do gerador e os limites. O valor é de 100 % para ambas as barras, indicando que estes geradores estão no limite de suas capacidades estabelecidas na Tabela 3. O gráfico da Figura 18 também mostra que o valor da potência reativa dos geradores corresponde aos limites da tabela. Figura 17- Simulação-Relação geração reativa/limites Figura 18- Simulação - Geração de potência reativa Os resultados relacionados com os dados de linha são mostrados na Tabela 5. Os fluxos de potência ativa nas linhas também são ilustrados no gráfico da Figura 19. Através da diferença entre os fluxos de potência ativa e reativa nas barras de origem e destino é possível calcular a perda nas linhas. Apenas para efeito ilustrativo, as perdas de potência ativa são mostradas também na Figura 20. Tabela 5 – Simulação 1 – Resultados de linha Figura 19- Simulação 1 - fluxos de potência ativa Figura 20- Simulação 1 - fluxos de potência ativa Os resultados ligados aos dados de geração já foram parcialmente ilustrados pelos gráficos da Figura 17 e Figura 18. A Tabela 6 contém os resultados numéricos e a Figura 21 ilustra a geração de potência ativa nas barras. Tabela 6 – Resultados de geração Figura 21- Simulação - geração de potência ativa A listagem dos resultados consiste em uma quantidade de tabelas. Geralmente, a informação mais importante é a tabela que lista o número e o nome de cada barra, o módulo de tensão da barra por unidade e o seu ângulo, a geração e a carga em cada barra dadas em megawatts e megavars, o carregamento de linhas, e os megavars dos capacitores e reatores na barra. Além disso, o fluxo de potência a partir de cada barra que é conectada a essa através de uma linha de transmissão. Um sistema pode ser dividido em áreas, ou então um estudo pode incluir o sistema de várias companhias, cada uma designada como uma área diferente. O programa examina o fluxo entre as áreas, e os desvios que ocorrem em relação aos fluxos pré-estabelecidos serão corrigidos através de mudanças apropriadas na geração de determinados geradores de cada área. Outras informações que podem ser obtidas na listagem, consta a relação de todas as barras onde o módulo de tensão está acima de 1,05 ou abaixo de 0,95 p.u., ou outros limites que sejam estabelecidos. A impressão de saída também lista perdas totais do sistema e as discrepâncias P e Q em cada barra. REFERÊNCIAS STEVENSON, William Jr. Elementos de análise de sistemas de potência. 2ª Ed. McGraw-Hill do Brasil Ltda. São Paulo, 1986. ZANETTA JR, L. C. Fundamentos de Sistemas Elétricos de Potência. 1ª Ed. São Paulo. Editora Livraria da Física, 2006. CHARLES A. GROSS. Power System Analysis. 2ªEd. Editora John Wiley and Sons, New York, 1986. COLIN DAVID SPARROW. Análise de Sistemas de Potência. Editora da Escola Federal de Engenharia de Itajubá, Itajubá, 1973. HADI SAADAT. Power System Analysis. 2ªEd. McGraw-Hill Primis Custom Publishing, Boston, 2002. RICHARD F. DUDLEY, MICHAEL SHARP, ANTONIO CASTANHEIRA. Electric Power Transformer Engineering. 3ªEd. Edited by James H. Harlow, 2012. NASCIMENTO, R. J; BATISTELA, N. J.; KUO-PENG, P.; Estudo e Modelagem de Transformadores. V Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica, Belém, PA, 2009. A. J. MONTICELLI. Fluxo de Carga em Redes de Energia Elétrica. Editora Blücher Ltda, São Paulo, 1983. A. V. PANTUZI, L.G. FRANCISCO. M. F. DE VIVEIROS E F. C. V. DE GARCIA – ELUCID, R. Y. OKUYAMA, H. V. PATA. Desenvolvimento de Software de Cálculos de Fluxo de Potência Integrado Automaticamente ao Banco de Dados do Sistema de Medição, Perfil de Tensão, Correntes e Perdas. GrupoREDE, A. Padilha-Feltrin - UNESP
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