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caso concreto 16

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Aluna : Jhennifer Mazullo 
Matrícula : 201602127697
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO/SP
Processo nº______
 ANGELINA, já qualificada nos autos em epígrafe, que lhe move a Justiça Pública, por seu advogado devidamente subscrito (conforme procuração anexa), vem perante Vossa Excelência, não se conformando com o transitado em julgado que a condenou incursa no Art. 155, §5º do Código Penal, propor:
REVISÃO CRIMINAL
nos termos do Art. 621, I e III do Código de Processo Penal, pelas razões de fato e de direito a seguir:
I - DOS FATOS
Angelina, no dia 10 de outubro de 2012, na cidade de São Paulo, subtraiu veículo automotor de propriedade de Cátia Flávia. Imediatamente, a vítima chamou a polícia e esta empreendeu perseguição ininterrupta, tendo prendido Angelina em flagrante somente no dia seguinte, exatamente quando esta tentava cruzar a fronteira para negociar a venda do bem, que estava guardado em local não revelado. 
No curso do processo, as testemunhas arroladas afirmaram que a ré estava, realmente, negociando a venda do bem no país vizinho e que havia um comprador, terceiro de boa-fé arrolado como testemunha. Também ficou apurado que Angelina possuía maus antecedentes e reincidente específica nesse tipo de crime, bem como que Cátia Flávia havia morrido no dia seguinte à subtração, vítima de enfarte sofrido logo após os fatos, já que o veículo era essencial à sua subsistência. Vale ressaltar que a ré confessou o crime em seu interrogatório da Audiência de Instrução e Julgamento. 
Ao cabo da instrução criminal, a ré foi condenada a cinco anos de reclusão no regime inicial fechado para cumprimento da pena privativa de liberdade, tendo sido levada em consideração a confissão, a reincidência específica, os maus antecedentes e as consequências do crime, sejam elas, a morte da vítima e os danos decorrentes da subtração de bem essencial a sua subsistência.
II - DO DIREITO
Ocorre que a decisão não deve prosperar, pois após a sentença proferida pelo nobre julgador, ocorreu o arrependimento de Angelina, a qual telefonou para o filho da vítima e disse onde se encontrava o veículo, que foi recuperado posteriormente em perfeito estado.
Ora, desta forma, Angelina faz jus ao benefício penal do arrependimento posterior, conforme dispõe no Art. 16 do Código Penal Brasileiro. A ré, anteriormente ao recebimento da denúncia, por ato voluntário restituiu o bem furtado e essa restituição foi integral e que, portanto, faz jus ao máximo de diminuição.
Desta forma, faz jus com base no Art. 626 do Código de Processo Penal, a modificação da pena imposta, para que seja considerada referida causa de diminuição de pena.
Diante disso, o fato novo comprova que o veículo não chegou a ser transportado para o exterior, não tendo se iniciado qualquer ato de execução referente à qualificadora prevista no Art. 155, §5º do Código Penal. Desta forma, resta a desclassificação do furto qualificado para o furto simples, previsto no Art. 155 caput do Código Penal.
Por fim, Angelina como consequência da aplicação da causa especial de diminuição de pena prevista no Art. 16 do Código Penal e da desclassificação do delito, em que pese a reincidência da mesa, o STJ em sua Súmula 269 tem entendimento sumulado no sentido de que poderá haver atribuição do regime semiaberto para cumprimento da pena privativa de liberdade.
Súmula 269 - É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados à pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais. (Súmula 269, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 22/05/2002, DJ 29/05/2002 p. 135)
Nesse sentido, Salo de Carvalho sustenta: 
Desta forma, seguindo os mesmos parâmetros fixados para a delimitação da quantidade de variação de pena nas hipóteses de concurso formal e crime continuado, entende-se que a observância das condições do art. 59, caput, do Código Penal, para a definição do regime de pena deve ser limitada, em seu máximo, pelas circunstâncias legais objetivas e subjetivas do §2º, do art. 33. Significa dizer, portanto, que a análise do grau de responsabilidade penal do autor (culpabilidade em sentido amplo) permite flexibilizar o regime em benefício do acusado. Isto porque os critérios do §2º do art. 33 se constituem, em realidade, como fronteira máxima de punibilidade. Se as circunstâncias judiciais forem favoráveis, não haveria quaisquer óbices para aplicação do regime semiaberto nos casos de (a) pena fixada acima dos oito anos ou de (b) sanção dosada entre 4 anos e 8 anos, em caso de réu reincidente; ou, ainda, estabelecer regime aberto nas situações de (c) pena aplicada abaixo dos 4 anos, em caso de condenado reincidente. A flexibilização da legalidade penal em benefício do réu, seguindo a previsão exposta no art. 33, §2º, é plenamente admissível em um modelo penal de garantias. O contrário, porém, é vedado, visto ser a legalidade uma barreira de contenção que não pode ser ultrapassada em prejuízo dos direitos individuais. A diretriz exposta é reforçada pela consolidação jurisprudencial realizada pelo Supremo Tribunal Federal: 'a opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para imposição do regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada' (Supremo Tribunal Federal, súmula 718). Sobre a mesma matéria: 'a imposição de regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada exige fundamentação idônea' (Supremo Tribunal Federal, Súmula 719)
(CARVALHO, Salo de. “Penas e Medidas de Segurança no Direito Penal Brasileiro”. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 468 e 469. Grifos nossos)
III - DOS PEDIDOS
Ante o exposto, com base no Art. 626 do Código de Processo Penal, os seguintes pedidos:
a) a desclassificação da conduta, de furto qualificado para furto simples;
b) a diminuição da pena da pena privativa de liberdade;
c) a fixação do regime semiaberto (ou a mudança para referido regime) para o cumprimento da pena privativa de liberdade. 
Jurisprudência 
REVISÃO CRIMINAL. FURTO QUALIFICADO TENTADO. CONTINUIDADE. DESCLASSIFICAÇÃO. MODALIDADE SIMPLES. ABSOLVIÇÃO. PRINCÍPIO. INSIGNIFICÂNCIA. 1 - A falta de laudo pericial que demonstre o rompimento de obstáculo acarreta a desclassificação da tentativa de furto qualificado para simples. 2 - Preenchidas as condições: mínima ofensividade da conduta, inexistência de periculosidade social do fato, reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e inexpressividade da lesão jurídica, impõe-se, de ofício, absolver o requerente pelo princípio da insignificância (art. 386, III, do CPP), Recurso parcialmente procedente. De ofício, absolvição.
(TJ-GO - RVCR: 544642120188090000, Relator: DES. IVO FAVARO, Data de Julgamento: 05/12/2018, SECAO CRIMINAL, Data de Publicação: DJ 2689 de 15/02/2019)
Termos em que
Pede deferimento.
Local e data.
Advogado
OAB/UF

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