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Insulinoterapia e Hipoglicemiantes Orais Bruno Lemos Cons • INSULINA DE PORCO = Thr (A-8), Ile (A-10), Ala (B-30) • INSULINA DE BOI = Ala (A-8), Val (A-10), Ala (B-30) • INSULINA HUMANA = Thr (A-8), Ile (A-10), Thr (B-30) Na década de 70 foram utilizadas técnicas aprimoradas de purificação que permitiram a disponibilidade de preparações altamente purificadas e praticamente não-antigênicas. As insulinas derivadas de uma única espécie, suína ou bovina, tornaram-se disponíveis; a insulina suína, por ser mais homóloga com a humana, é menos imunogênica. PREPARAÇÕES DE INSULINA ALTAMENTE PURIFICADA Podem ser modificadas, assim como as convencionais, em formas de ação mais longa. CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM O MÉTODO DE PURIFICAÇÃO INSULINAS DE UM ÚNICO PICO São purificadas por filtração em gel e cristalização repetida; contêm 50-200 ppm de pró-insulina INSULINAS MONOCOMPONENTES (MC) Após filtração em gel, essas insulinas são, ainda, purificadas por cromatografia de troca iônica; o conteúdo de pró-insulina é reduzido para < 20 ppm. Essas preparações são de maior custo, porém oferecem a vantagem de maior estabilidade, menos reações alérgicas e menos resistência à insulina. Na década de 80 as insulinas humanas foram produzidas pela tecnologia do DNA recombinante em Escherichia coli – “pró-insulina recombinante bacteriana” (prb) e em levedura – “precursor de levedura recombinante” (pyr), ou por “modificação enzimática da insulina suína” (emp). INSULINAS HUMANAS Possui absorção SC mais rápida, apresenta pico mais precoce e mais definido, bem como duração de ação levemente mais curta. Tipos de Insulina • Destruída no TGI • Administração por via parenteral • Sub-cutânea intravenosa (intramuscular raramente) • Suína ou Bovina • Humana (DNA recombinante) • Doses em unidades de atividade (U/mL) Farmacocinética • Variável de acordo com o tipo, combinação de insulina utilizada ou com a formulação utilizada • Endógena metabolizada 60 % no fígado e 40% nos rins (hidrólise da pontes dissulfeto, pela glutationa insulina transhidrogenase, insulinase). • Administrada relação invertida. Níveis Basais de insulina • Basal 5-15 μU/mL (30-90 pmol/L) • Máxima 60-90 μU/mL (360-540 pmol/L) Tipos de Insulina • Ação ultracurta – início rápido duração curta (transparente, pH neutro com zinco para aumentar estabilidade e tempo de prateleira) • Ação curta – início de ação rápida. (transparente, pH neutro com zinco para aumentar estabilidade e tempo de prateleira) • Ação intermediária. (turva, pH neutro com protamina, tampão fosfato, NPH) • Ação prolongada – início de ação lento. (turva, pH neutro com zinco tampão acetato) Tipos de Insulina Preparações de insulina Diferenças entre os tipos de insulinas LISPRO • Hexamérica de dissolução rápida. • Atinge picos máximos em cerca de 1 h. • Administrada 5 – 30 minutos antes da refeição. • Maiores doses em período de duração de no máximo 3-4 horas. • Menor variabilidade na absorção 5%. Regular • Zinco cristalina solúvel. • Efeito 30 minutos. • Duração de 5 – 7 h. • Duração aumenta com o aumento da dose. • Administrada intravenosa na cetoacidose diabética. Lenta (Precipitado amorfo de insulina com íons de zinco em tampão de acetato, início relativamente rápido + cristal pouco solúvel de insulina zinco com início tardio e duração prolongada) Insulina lenta bovina uma única dose diária Humulin dose fracionada Glargina • Duas moléculas de arginina na extremidade carbóxi terminal da cadeia B. • Troca da arparagina por glicina na posição 21. • Insulina basal sem pico, ½ vida 24h. Dispositivos de Administração • Disponíveis para todos os tipos de insulina. • Facilita o transporte e a administração em ambientes de trabalho e viagens. Administração da Insulina • Vários equipos e sistemas de administração Estabilidade e Conservação das insulinas Complicações da Insulinoterapia • Hipoglicemia • Comportamento confuso (SNC). • Taquicardia, sudorese, tremores (simpático). • Náusea e fome (parassimpático). • Produção de anticorpos IgA, IgD, IgE, IgM e IgG. • Alergia IgE, resistência imune IgG. • Lipodisptrofia no tecido adiposo. HIPOGLICEMIANTES ORAIS SECRETAGOGOS SULFONILURÉIAS Pouco depois da descoberta da INSULINA, começou a pesquisa de fármacos antidiabéticos para administração por via oral. Em 1942, durante a pesquisa de SULFONAMIDAS antibacterianas (FEBRE TIFÓIDE) foi observado que alguns desses compostos reduziam a glicemia. O 1° composto a ser utilizado clinicamente (CARBUTAMIDA) tinha um grupo para-amino livre e possuía atividade antibacteriana. Modificações na molécula permitiram a separação dessas duas ações farmacológicas. 1ª 2ª MECANISMO DE AÇÃO • Secretagogos. • Bloqueiam canais de K+ sensíveis a ATP (despolarizando). • Aumentam a liberação de insulina pancreática, diminuem a degradação hepática. • Estimulam liberação de somatostatina. • Diminuem liberação de glucagon. ESTIMULAM A LIBERAÇÃO DE INSULINA PRECISAM DAS CÉLULAS β DAS ILHOTAS MECANISMO DE AÇÃO: reduzem a permeabilidade das células β ao K+, bloqueando os canais de K+ sensíveis ao ATP, causando despolarização, entrada de Ca++ e, portanto, a secreção de insulina. Farmacocinética • Absorvidas no TGI. • Absorção diminuída por alimento. • 90 – 99% ligadas à PTN plasmática. • Tolbutamida e Tolazamida 4-7 h. • Clorpropamida 24-48 h. • 2a Geração 3-5 h, efeito de 12 -24h. • Metabolizadas no fígado e excretados na urina. • Atravessam a placenta e aumentam a liberação de insulina pelas células β fetais. • Alimentos e hiperglicemia diminuem a absorção. A acetohexamida tem t½ curto, mas é metabolizada a composto ativo com t½ é de 4-7h, semelhante à tolbutamida e tolazamida. A clorpropamida tem t½ de 24 a 48h Os de 2ª geração são ≈ 100 vezes mais potente. Embora o t½ seja curto, os efeitos hipoglicemiantes são evidentes por 12-24h. FÁRMACO POTÊNCIA DURAÇÃO DE AÇÃO ASPECTOS COMENTÁRIOS RELATIVA E MEIA-VIDA(h) FARMACOCINÉTICOS GERAIS TOLBUTAMIDA 1 6-12 ( 4 ) Parte é metabolizada no Seguro fígado em OHtolbutamida Hipoglicemia fracamente ativa e parte sofre discreta carboxilação a composto inativo Captação de iodo pela tireoíde GLIBENCLAMIDA 150 18-24 (10) Parte sofre oxidação no Hipoglicemia fígado a produtos moderadamente ativos e é excretada na urina; 50% são excretados de modo inalterado nas fezes. GLIPIZIDA 100 16-24 (7) Níveis plasmáticos máximos Hipoglicemia em 1 hora. A maior parte é Diurético metabolizado no fígado a produtos inativos que são excretados na urina. 12% são excretados nas fezes. COLATERAIS & TOXICIDADE NÁUSEA VÔMITOS ÚLCERA PÉPTICA CEFALÉIA FRAQUEZA EXANTEMA CUTÂNEO GRAVE (RARO) LEUCOPENIA (RARO) INTOLERÂNCIA AO ÁLCOOL (TIPO DISSULFIRAM) ICTERÍCIA OBSTRUTIVA (CLORPROPAMIDA) REAÇÕES HIPOGLICÊMICAS ESTIMULAM O APETITE DISTÚRBIOS CARDIOVASCULAR = pelo bloqueio dos canais de K+ sensíveis do ATP no coração e no tecido vascular INTERAÇÕES GLICEMIA • ANTIINFLAMATÓRIOS (FENILBUTAZONA E SALICILATOS) • CUMARÍNICOS • URICOSÚRICOS (SULFIMPIRAZONA) • ÁLCOOL • IMAO • ANTIBIÓTICOS ( SULFONAMIDAS, TRIMETOPRIM e CLORANFENICOL) • ANTIFÚNGICOS ( MICONAZOL e FLUCONAZOL) A AÇÃO DAS SULFONILURÉIAS • DIURÉTICOS TIAZÍDICOS E DE ALÇA • CORTICOSTERÓIDES Sulfoniluréias Contra-Indicações • DM 1. • Gravidez. • Lactação. • Insuficiência hepática e renal. ANÁLOGOS DA MEGLITINIDA REPAGLINIDA SECRETAGOGOS DA INSULINA DE AÇÃO RÁPIDA E CURTA PRIMEIRO FÁRMACO DESTA FAMÍLIA. É um derivado do ácido benzóico. Atua de modo semelhante à sulfoniluréias: fecha canal de K+ ATP-dependentes nas células βDeve ser administrada antes de cada refeição principal, para controlar a hiperglicemia pós-prandial; a dose pode ser omitida se for omitida uma refeição. É indicada apenas para DM tipo II como alternativa as sulfoniluréias ou suplemento da metformina e insulina de ação longa. Deve ser evitada em pacientes com hepatopatias. É bem absorvida por via oral e atinge pico plasmático em 1h. É metabolizada no fígado a derivados inativos. ≈ 10% são metabolizados no rim. NATEGLINIDA É um derivado da fenilalanina. O mecanismo de ação é o mesmo da repaglinida e sulfoniluréias. Aprovada pelo FDA para uso no tipo II e é mais efetiva se administrada na dose de 120 mg, 1 a 10 min antes da refeição. É metabolizada no fígado. ≈ 16% são excretados pelo rim de forma inalterada. NORMOGLICEMIANTES O FENFORMIN (feniletilbiguanida) foi retirado do mercado no Canadá em 1978 pela freqüência relativa da acidose lática. Não libera insulina BIGUANIDAS METFORMIN Foi introduzida em 1957. Pode ser dada em combinação com uma sulfoniluréia para melhorar o controle glicêmico e as concentrações de lipídeos em pacientes que não respondem bem à dieta ou a sulfoniluréia isoladas. Não causa liberação de insulina e geralmente não causa hipoglicemia, mesmo em altas doses. Não tem efeito significante sobre a secreção de glucagon, cortisol, hormônio do crescimento ou somatostatina. Reduz os níveis de glicose por diminuir a produção hepática e por aumentar a ação da insulina no músculo e gordura. Biguanidas • Metformina e Fenformina. • Normoglicemiantes. • Mecanismo de ação: Essas ações são mediadas pela ativação da AMP kinase (ativada quando as reservas energéticas estão reduzidas). • Diminui produção hepática de glicose. • Potencializa a ação da insulina nos músculos e tecido adiposo. • A metformina pode diminuir a absorção intestinal de glicose. • Absorção no intestino delgado. • Meia-vida 2h. • Excreção inalterada na urina. É bem absorvida pelo intestino delgado Não se liga a proteínas plasmáticas Meia-vida = 2 horas Excretada inalterada na urina CINÉTICA A dose diária recomendada é de 2.5g dada em 3 doses com alimentos Pacientes com: • Insuficiência renal • Doenças hepáticas • Acidose lática • Falência cardíaca • Doença pulmonar hipóxia crônica. PRECAUÇÕES EFEITOS ADVERSOS distúrbio epigástrico náusea vômitos diarréia acidose lática (rara) diminui a absorção de vitamina B12 (uso prolongado) não estimula o apetite diminui LDL e VLDL C H 3 N TIAZOLIDINODIONAS Causa severa toxidade hepática Aumentam a sensibilidade do tecido alvo MECANISMO DE AÇÃO São agonistas seletivos do PPAR- nuclear (PEROXISOME PROLIFERATOR-ACTIVATED RECEPTOR). Se ligam ao PPAR-, que ativa genes responsivos à insulina que regulam o metabolismo de carbohidratos e lipídeos. Eles precisam da insulina para sua ação. Exercem seu efeito principal por aumentar a sensibilidade à insulina nos tecidos periféricos mas podem também diminuir a produção de glicose hepática. Aumentam o transporte de glicose para o músculo e tecido adiposo por aumentar a síntese e translocação de transportadores de glicose. CINÉTICA A ROZIGLITAZONA e PIOGLITAZONA são administradas uma vez ao dia. São bem absorvidas em 2h. São metabolizadas no fígado e podem ser administradas a pacientes com insuficiência renal mas não podem ser usadas em pacientes com doenças hepáticas ativas ou com aumento significativo de transaminases séricas. A ROZIGLITAZONA é biotransformada pela CYP2C8 e PIOGLITAZONA pela CYP3A4 e também pela 2C8. Efeitos adversos • Edema • Ganho de peso 2-4 kg/ano (aumento de tecido adiposo subcutâneo, não visceral) • Aumento dos sintomas da ICC (expansão do volume plasmático) • Risco de fraturas ósseas (via PPAR) • Redução sensível do hematócrito Inibidores de alfa-glicosidadse • Acarbose e miglitol • Inibidores competitivos da alfa-glicosidase intestinal. ACARBOSE INIBIDORES DA -GLICOSIDASE INTESTINAL UTILIZADA EM PACIENTES COM DIABETE TIPO 2 QUE SÃO INADEQUADAMENTE CONTROLADOS PELA DIETA RETARDA A ABSORÇÃO DOS CARBOHIDRATOS, REDUZINDO O AUMENTO PÓS-PRANDIAL DA GLICEMIA EFEITOS ADVERSOS: • FLATULÊNCIA • FEZES MOLES • DIARRÉIA • DOR E DISTENSÃO ABDOMINAIS RESUMO DOS MEDICAMENTOS Novos Agentes INIBIDORES DA DPP-4 (DIPEPTIDIL PEPTIDASE 4) Excretadas pelos rins RESUMO DOS MEDICAMENTOS Pranlintida Se liga a receptores de amilina, induz a redução do glucagon, esvaziamento gástrico tardio e saciedade. Cinética: • Injeção subcutânea antes das refeições meia vida de 50 min. • Diabético tipo 1 – 15mg à 60mg / tipo 2 – 60mg à 120mg. • Não deve ser administrado junto a insulina pois possui pH diferente. • Reduz a quantidade de insulina utilizada. Usos clínicos: Diabetes tipo 1 - adjuvante ao tratamento insulínico. Diabetes tipo 2 – redução da hemoglobina glicada em 0,5% e perda de peso de 1 – 2,5kg (3-6 meses). Efeitos adversos: Cefaleia, náusea, anorexia e hipoglicemia são os efeitos colaterais mais comuns e ocorrem mais frequentemente em pacientes com DM1. O transportador de sódio-glicose 2 (SGLT2) é responsável por 90% da reabsorção de glicose, e a sua inibição provoca glicosúria, além de reduzir os níveis de glicose em pacientes com diabetes tipo 2. Os inibidores do SGLT2, a canaglifozina, a dapagliflozina e a empagliflozina, foram aprovados para uso clínico. Canagliflozina • Diminui o limiar para a glicosúria, de um limiar de glicose plasmática de aproximadamente 180 mg/Dl para 70 a 90 mg/dL. • Reduz os níveis de HbA1c em 0,6 a 1%, quando usada como monoterapia ou em combinação com outros agentes orais ou com a insulina. • Resulta também em uma perda de peso modesta de 2 a 5 kg. • A dose habitual é de 100 mg ao dia. • O aumento da dose para 300 mg ao dia em pacientes com função renal normal pode reduzir os níveis de HbA1c em mais 0,5%. Dapagliflozina • Reduz os níveis de HbA1c em 0,5 a 0,8% quando usada como monoterapia ou em combinação com outros agentes orais ou com a insulina. • Resulta também em uma perda de peso modesta de cerca de 2 a 4 kg. • A dose habitual é de 10 mg ao dia; todavia, recomenda-se inicialmente uma dose de 5 mg ao dia em pacientes com insuficiência hepática. Empagliflozina • Reduz os níveis de HbA1c em 0,5 a 0,7% quando usada como monoterapia ou em combinação com outros agentes orais ou com a insulina. • Resulta também em uma perda modesta de peso de 2 a 3 kg. • A dose habitual é de 10 mg ao dia; entretanto, pode-se usar uma dose de 25 mg/dia. • A eficácia dos inibidores do SGLT2 é reduzida na doença renal crônica. • A canagliflozina e a empagliflozina estão indicadas para pacientes cuja TFG estimada é inferior a 45 mL/min/1,73 m2. • A dapagliflozina não é recomendada para uso em pacientes cuja TFG estimada é inferior a 60 mL/min/1,73 m2. • Os principais efeitos colaterais consistem em incidência aumentada de infecções genitais e infecções do trato urinário, que acometem cerca de 8 a 9% dos pacientes. • A diurese osmótica também pode causar contração do volume intravascular e hipotensão. • A canagliflozina e a empagliflozina causaram uma elevação modesta nos níveis de LDL colesterol (4 a 8%). Efeitos Colaterais e precauções Nos ensaios clínicos conduzidos, pacientes em uso de dapagliflozina tiveram taxas mais elevadas de câncer de mama (nove casos versus nenhum caso nos braços de comparação) e câncer vesical (nove casos versus um caso no braço placebo). Essas taxas de câncer excederam as taxas esperadas em uma população diabética de referência da mesma idade.
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