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CURSO : ENGENHARIA ELÉTRICA DISCIPLINA: Química Geral Profª Ms. Keli Lamounier ELETROQUÍMICA Eletroquímica A natureza da eletricidade era desconhecida até a segunda metade do século XVIII, quando, em 1791, o cientista italiano Luigi Galvani descobriu que ao tocar os músculos de animais mortos, principalmente sapos, com cilindros com cargas elétricas, eles reagiam. Ele acreditava que a eletricidade provinha dos músculos. Eletroquímica No fim daquele século, em 1796, porém, outro cientista italiano, Alessandro Volta, sugeriu que a eletricidade provinha do fato que os músculos estavam entre dois metais diferentes quando tocam os cilindros. Ele provou que a eletricidade provinha dos metais construindo uma torre de discos diferentes alternados, separados por folhas embebidas com uma solução de cloreto de sódio. Eletroquímica Esta aparelhagem, uma “pilha voltaica”, foi o primeiro dispositivo de armazenamento de eletricidade, uma bateria simples. Essas observações iniciais levaram a um ramo da química chamado de eletroquímica. Eletroquímica A eletroquímica: Trata do uso de reações químicas espontâneas para produzir eletricidade e do uso da eletricidade para forças as reações químicas não espontâneas a acontecerem; Eletroquímica Fornece técnicas de monitoramento de reações químicas e de medida de propriedades das soluções, inclusive pKa de um ácido e as características termodinâmicas das reações; Eletroquímica Permite monitorar a atividade de nosso cérebro e coração, o pH de nosso sangue e a presença de poluentes em nossas fontes de água. Eletroquímica REAÇÕES REDOX Uma corrente elétrica é o fluxo de elétrons por um circuito. Quando a corrente é gerada quimicamente, os elétrons saem de uma região em que ocorre oxidação e viajam até uma região em que ocorre redução. Lembrando que a oxidação é a perda de elétrons e a redução é o ganho de elétrons. Eletroquímica Como a oxidação e a redução estão envolvidas na geração de correntes elétricas, as reações redox estão no centro da discussão da eletroquímica. Para uma discussão quantitativa das reações redox, precisamos ser capazes de escrever reações químicas balanceadas. Eletroquímica O segredo para escrever e balancear as equações de reações redox é considerar os processos de redução e de oxidação separadamente. Uma meia-reação (semirreação) é a reação de oxidação ou de redução considerada separadamente. Uma meia-reação de oxidação mostra a remoção de elétrons de uma espécie que está sendo oxidada em uma reação redox. Eletroquímica Por exemplo, Volta usou placas de prata e zinco em uma placa de suas pilhas voltaicas: Zn (s) + 2 Ag + (aq) Zn 2+ (aq) + 2 Ag (s) Eletroquímica Na meia-reação de oxidação, os elétrons perdidos sempre aparecem do lado direito da seta. Na meia-reação de redução, os elétrons ganho sempre aparecem à esquerda da seta. Zn (s) + 2 Ag + (aq) Zn 2+ (aq) + 2 Ag (s) Zn (s) Zn 2+ (aq) + 2 e - Ag+ (aq) + e - Ag (s) Assim as espécies reduzida e oxidada, juntas, formam um par redox. Eletroquímica O balanceamento das equações químicas das reações redox pode ser um desafio, sendo em alguns casos mais fácil simplificar a equação separando-a nas meias-reações e depois somá-las, para obter a equação balanceada da reação total. Eletroquímica Eletroquímica Resumindo: Eletroquímica CÉLULAS GALVÂNICAS Em geral, uma célula eletroquímica é um dispositivo em que uma corrente elétrica – o fluxo de elétrons através de um circuito – é produzida por uma reação química espontânea ou é usada para forçar a ocorrência de uma reação não espontânea. Eletroquímica Uma célula galvânica (célula voltaica ou pilha) é uma célula eletroquímica em que uma reação química espontânea é usada para gerar uma corrente elétrica. Tecnicamente, uma bateria é uma coleção de células galvânicas unidas em série para que a voltagem produzida. Eletroquímica Como pode uma reação espontânea ser usada para gerar uma corrente elétrica? Eletroquímica Se colocássemos um pedaço do metal cobre em uma solução de sulfato de cobre II em água, veríamos uma camada do metal cobre começar a se depositar sobre a superfície do pedaço de metal, enquanto o metal zinco seria corroído. Zn (s) + Cu 2+ (aq) Zn 2+ (aq) + Cu (s) Zn (s) Zn 2+ (aq) + 2 e -Cu2+ (aq) + 2 e - Cu (s) Eletroquímica Se pudéssemos acompanhar a reação no nível atômico, veríamos que, à medida que a reação ocorre, elétrons se transferem dos átomos de Zn para os íons Cu+2. Esses elétrons reduzem os íons Cu+2 a átomos de Cu. O pedaço de zinco desaparece lentamente à medida que seus átomos doam elétrons e formam íons Zn+2 incolores que passam para a solução. Os elétrons se transferem e a energia livre de Gibbs do sistema cai à medida que a reação se aproxima do equilíbrio. Eletroquímica Os elétrons podem executar trabalho, como, por exemplo, acionar um motor elétrico, ao passar da espécie que se oxida para a espécie que se reduz. Isso é o que acontece quando a reação ocorre em uma célula galvânica. Uma célula galvânica é formada por dois eletrodos, ou condutores metálicos, que fazem contato elétrico com o conteúdo da célula, e um eletrólito, um meio condutor iônico dentro da célula. Eletroquímica Em um condutor iônico, uma corrente elétrica é carregada pelo movimento dos íons. O eletrólito em geral é uma solução de um composto iônico em água. A oxidação ocorre em um eletrodo, anodo, polo negativo, onde a espécie que está sendo oxidada cede elétrons para o condutor metálico. A redução acontece no outro eletrodo, catodo, polo positivo, onde a espécie que está sendo reduzida coleta elétrons do condutor metálico. Eletroquímica Os elétrons são liberados pela meia-reação de oxidação no anodo, passam pelo circuito externo e reentram na célula no catodo, no qual eles são usados na meia- reação de redução. Podemos imaginar a reação química total como elétrons sendo empurrados para um eletrodo e sendo puxados do outro eletrodo. Esse processo provoca um fluxo de elétrons no circuito externo que une os dois eletrodos e essa corrente pode ser usada para realizar trabalho elétrico. Eletroquímica 1836 – químico inglês John Daniell A célula de Daniell é um exemplo antigo de célula galvânica que usa a oxidação do cobre pelos íons de zinco. Zn (s) + Cu 2+ (aq) Zn 2+ (aq) + Cu (s) Zn (s) Zn 2+ (aq) + 2 e -Cu2+ (aq) + 2 e - Cu (s) Eletroquímica Eletroquímica Nem todas as reações de eletrodo envolvem diretamente um sólido condutor. Por exemplo, o eletrodo de hidrogênio: Para usarmos a redução acima em um eletrodo é necessário usar um condutor metálico quimicamente inerte (metal não reativo – platina – ou grafita) para fornecer ou remover os elétrons do compartimento do eletrodo. 2H+ (aq) + 2 e - H2 (g) Eletroquímica O compartimento com o metal condutor e a solução de eletrólito é comumente chamado de “o eletrodo” ou, mais formalmente, de meia-célula. Eletroquímica Os eletrodos em uma célula servem como dispositivos de remoção de elétrons do agente redutor no anodo e fonte de elétrons no catodo. Qualquer eletrodo pode funcionar como catodo ou anodo. Os cinco tipos de eletrodos são: Eletrodo metal-íon metálico; Eletrodo gás-íon; Eletrodo metal-ânion de sal insolúvel; Eletrodos de “oxirredução” inertes; Eletrodos de membrana. Eletroquímica Uma reação química com muito poder de “empurrar e puxar elétrons” gera um alto potencial de célula (coloquialmente, uma voltagem alta). Uma reação química com pequeno poder de “empurrar e puxar elétrons” gera um pequeno potencial de célula (uma voltagem baixa). Uma bateria descarregada é uma célula em que atingiu o equilíbrio, perdeu o poder de mover elétrons e tem potencial igual a zero. Eletroquímica A unidade SI de potencial é o volt (V). 1 V.C = 1J O trabalho máximo que um elétron pode realizar é igual a sua carga vezesa diferença de potencial elétrico que ele experimenta. O trabalho elétrico é um tipo de trabalho de não expansão, porque ele envolve a movimentação de elétrons sem variação do volume do sistema. Eletroquímica Em temperatura e pressão constantes, o trabalho máximo de não expansão que um sistema pode executar é igual a energia livre de Gibbs (ΔG). Assim: ΔG = w ΔG = -n .F . E Onde: n = mol (depende da equação balanceada) E = diferença de potencial F = constante de Faraday = 9,6485 . 104 C. mol-1 Eletroquímica O trabalho máximo de não expansão é obtido quando a célula é operada reversivelmente. Portanto, essa equação só se aplica quando o poder de empurrar elétrons de uma célula é balanceado por uma fonte externa. Potencial de célula, Ecélula (força eletromotriz da célula, fem) é o potencial máximo que pode ser produzido para essas condições. Uma célula de trabalho, isto é, uma célula que produz, de fato, corrente. ΔG = -n .F . E Eletroquímica Antigamente, os potenciais de célula eram medidos com um aparelho chamado potenciômetro. Atualmente, o potencial de célula é medido com um voltímetro eletrônico, um aparelho construído para usar uma quantidade de corrente desprezível, o que faz a composição da célula não se alterar durante a medida. O visor mostra um valor positivo quando o terminal + do medidor está ligado ao catodo da célula galvânica, que também é um terminal +. Eletroquímica Exercícios: 1. O potencial de uma célula de Daniell em determinadas concentrações de íons cobre e zinco é 1,04V. Qual é a energia livre de Gibbs de reação nessas condições? (R = -201 kJ) 2. A reação que ocorre em uma célula de Níquel-Cádmio é: E o potencial de célula completamente carregada é 1,25V. Qual a energia livre da reação? (R = -241 kJ) ΔG = -n .F . E Cd (s) + 2 Ni(OH)3 (s) Cd(OH)2 (s) + 2 Ni (OH)2 (s) Eletroquímica Potencial Padrão da célula, E°célula é o potencial medido quando todas as espécies participantes estão em seu estado padrão. Na prática, essa condição significa que todos os gases estão a 1 bar e os íons em 1 mol.L-1, e que todos os sólidos e líquidos estão puros. O valor de Ecélula é o mesmo, não importa como escrevemos a reação, mas o valor de ΔG depende dos coeficientes estequiométricos da equação química. Eletroquímica Uma consequência prática dessa conclusão é que o potencial de célula é independente do tamanho da célula. O potencial é, então, a soma dos potenciais das células isoladas. Eletroquímica Os químicos usam uma notação especial para especificar a estrutura dos compartimentos dos eletrodos de células galvânicas. Descrevemos simbolicamente a estrutura de uma célula com o auxílio de um diagrama de célula, a partir das convenções da IUPAC, usadas por cientistas de todo o mundo. Eletroquímica Para impedir a mistura das soluções, os químicos usam uma ponte salina para unir os dois compartimentos de eletrodo e completar o circuito elétrico. Uma ponte salina típica é um gel, colocado em um tubo em U invertido, que contém uma solução salina concentrada em água. A ponte permite o fluxo de íons e completa o circuito elétrico, mas os íons são escolhidos de forma a não afetar a reação da célula (frequentemente KCl) Eletroquímica No diagrama da célula, qualquer componente metálico inerte de um eletrodo é escrito como o componente mais externo daquele eletrodo ou quando um eletrodo formado por um fio de platina mergulhado em uma solução contendo íons ferro II e ferro III. Por exemplo: Eletroquímica Um determinado diagrama de célula corresponde a uma forma de escrever a reação da célula correspondente. Zn (s) + Cu 2+ (aq) Zn 2+ (aq) + Cu (s) Zn (s) Zn 2+ (aq) + 2 e - Cu2+ (aq) + 2 e - Cu (s) Como Ecélula > 0 e, portanto, ΔG < 0 para essa reação, a reação como escrita, é espontânea para as concentrações dos íons escolhidas. Eletroquímica Em condições padrão, podemos imaginar que cada eletrodo tem uma contribuição característica, chamada Potencial Padrão, E°. O potencial padrão mede o poder de puxar elétrons de um único eletrodo. Como eles são sempre escritos para as meias-reações de redução, algumas vezes são chamados de potenciais padrão de redução. Eletroquímica Em uma célula galvânica, os eletrodos puxam em direções opostas e o poder total da célula de puxar elétrons , o potencial padrão de célula, é a diferença entre os potenciais padrão dos dois eletrodos. Eletroquímica O eletrodo padrão de hidrogênio (EPH) é usado para definir o potencial padrão de qualquer eletrodo. Quanto mais positivo for o potencial, maior será o poder de puxar elétrons da meia-reação de redução e, portanto, mais forte será o poder de oxidação do par redox (mais forte será a tendência da meia-reação ocorrer como uma redução). Eletroquímica Quanto mais negativo for o potencial, maior será o poder de doação de elétrons da meia-reação de oxidação e, portanto, mais forte será o poder de redução do par redox (mais forte será a tendência da meia-reação ocorrer como uma oxidação). Eletroquímica Quanto mais negativo for o potencial padrão de um par, maior será sua força como redutor. Eletroquímica Eletroquímica Quando os pares redox são ordenados segundo os potenciais padrão, temos uma lista de agentes oxidantes e redutores ordenados de acordo com sua força. Quanto mais negativo for o potencial padrão de um par, maior será sua força como redutor. Quanto menor for o potencial padrão, maior será a força de redução da espécie reduzida. Eletroquímica CÉLULAS ELETROLÍTICAS As reações redox que têm energia livre de Gibbs de reação positiva não são espontâneas, mas a corrente elétrica pode ser usada para fazê-las ocorrer. Eletrólise é o processo usado para forçar uma reação na direção não espontânea com o auxílio de uma corrente elétrica. Eletroquímica A célula eletrolítica é a célula eletroquímica na qual ocorre a eletrólise. O arranjo dos componentes das células eletrolíticas é diferente do arranjo da célula galvânica. Em geral, os dois eletrodos ficam no mesmo compartilhamento, só existe um eletrólito e as concentrações e pressões estão longe das condições padrão. Como em todas as células eletroquímicas, a corrente passa pelo eletrólito, carregada pelos íons presentes. Eletroquímica Como em uma célula galvânica, a oxidação ocorre no anodo e a redução ocorre no catodo. Os elétrons passam do anodo para o catodo por um fio externo; os cátions movem-se através do eletrólito na direção do catodo e, os ânions, na direção do anodo. Mas, em vez da corrente espontânea da célula galvânica, é necessário fornecer corrente de uma fonte externa. A fonte pode ser uma célula galvânica, que fornece corrente para empurrar os elétrons por um fio em uma direção predeterminada. O resultado é forçar a oxidação em um eletrodo e a redução em outro. Eletroquímica Para forçar uma reação em um sentido não espontâneo, a fonte externa deve gerar uma diferença de potencial maior do que a diferença de potencial que seria produzida pela reação inversa. Na prática, a diferença de potencial aplicada tem de ser significativamente superior a do potencial da célula, para inverter a reação espontânea e obter uma velocidade significativa de formação de produto. A diferença de potencial adicional, que varia de acordo com o tipo de eletrodo, é chamada de sobrepotencial. Eletroquímica Muitas pesquisas contemporâneas em células eletroquímicas buscam reduzir o sobrepotencial e, assim, aumentar a eficiência dos processos eletrolíticos. Ao conduzir uma eletrólise em solução, temos de saber se outras espécies presentes podem ser oxidadas ou reduzidas pela corrente elétrica. Portanto, é necessário adicionar solutos iônicos cujos íons sejam menos facilmente oxidados ou reduzidos do que a água. Eletroquímica Podemos calcular a quantidade de produto formada por uma determinada quantidade de eletricidade. O cálculo baseia-se nas observaçõesfeitas por Michael Faraday: Lei de Faraday da eletrólise: A quantidade de produto formado ou do reagente consumido por uma corrente elétrica é estequiometricamente equivalente à quantidade de elétrons fornecidos. Eletroquímica Para encontrar a quantidade (em mols) de produto formado por uma corrente elétrica em um determinado tempo, temos de levar em conta a quantidade de produto que pode ser formada por uma dada quantidade de elétrons. A quantidade de eletricidade, Q, que passa pela célula eletrolítica é medida em coulombs. Ela é determinada pela medida da corrente, I, e do tempo, t, em que a corrente flui. Eletroquímica Para determinar a quantidade de elétrons fornecida por uma carga, usamos a constante de Faraday, F, a quantidade de carga por mol de elétrons, como fator de conversão. Assim, a medida da corrente e do tempo de aplicação permite determinar a quantidade de elétrons fornecidos. Q = n . F Eletroquímica Resumindo: Eletroquímica Exercícios: 1. A quantidade (em mols) de Cu(s) pode ser produzida a partir de Cu 2+ se 4,0 mols de elétrons forem fornecidos? R= 2 2. A quantidade (em mols) de Al(s) pode ser produzida a partir de Al2O3 se 5,0 mols de elétrons forem fornecidos? R= 1,7 Eletroquímica 3. O alumínio é produzido pela eletrólise de seu óxido dissolvido em criolita fundida (Na3AlF6). Encontre a massa de alumínio que pode ser produzida em 1 dia em célula eletrolítica que opera continuamente com 1,0.105 A. A criolita não reage. R= 8,05.105 g 4. Determine a massa (em gramas) de Mg(s) que pode ser obtida a partir de MgCl2 fundido, usando corrente de 7,3 A por 2,11h. Que volume de gás cloro, em 25°C e 1 atm, será produzido no anodo? R= 6,98 g ; 7,03 L
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