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Autor: Marcelo Roberto Zakseski Edição: Conhecimento Agronômico, 2020. 2020 Marcelo Roberto Zakseski, fitossanidadeagricola@gmail.com APRESENTAÇÃO: Seja bem-vindo(a), caro leitor(a). Sabe-se que um dos grandes impasses nos dias atuais para a manutenção do potencial produtivo do trigo é o controle de insetos-praga, nesse sentido, uma das principais formas de controle desses insetos é através da correta identificação das espécies, ou seja, usando do primeiro alicerce para a tomada de decisão dentro do Manejo Integrado de Pragas (MIP). Neste e-book você irá ler as descrições e danos dos insetos, também visualizar algumas fotos dos mais importantes insetos-praga que ocorrem na cultura do trigo. Importante ressaltar: jamais tenha como base esse e-book para tomar decisões de manejo, sempre consulte um técnico responsável. Boa leitura! Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Marcelo Roberto Zakseski, fitossanidadeagricola@gmail.com Siga-nos nas mídias sociais: Quem somos? Conhecimento Agronômico se refere a uma página de interação e criação de conteúdos voltados para as ciências agrárias, foi fundada em Setembro de 2019. O principal intuito da página é levar conhecimento para produtores rurais, jovens estudantes, técnicos, tecnólogos, agrônomos e demais profissionais. Quem criou e administra a página? @conhecimento_agronomico conhecimento_agronomico conhecimento-agronomico Conhecimento Agronômico “Olá, me chamo Marcelo Roberto Zakseski, tenho 21 anos, nasci e resido no pequeno município de Condor/RS. Sou Tecnólogo em Produção de Grãos (IFFar) e atualmente faço mestrado em Entomologia, pela UFPel. Entrei para as mídias sociais para que de alguma forma eu possa contribuir para a vida das pessoas, focando em informação de relevância e principalmente conhecimento.” Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Marcelo Roberto Zakseski, fitossanidadeagricola@gmail.com PULGÕES Pág. Pulgão-verde-dos-cereais, Schizaphis graminum 05 Pulgão-do-colmo-do-trigo, Rhopalosiphum padi 06 Pulgão-da-folha-do-trigo, Metopolophium dirhodum 07 Pulgão-da-espiga-do-trigo, Sitobion avenae 08 Pulgão-preto-dos-cereais, Sipha maydis 09 Pulgão-da-raiz, Rhopalosiphum rufiabdominalis 10 Pulgão-do-milho, Rhopalosiphum maidis 11 LAGARTAS Pág. Lagarta-do-trigo, Pseudaletia sequax 13 Lagarta-do-trigo, Pseudaletia adultera 15 Lagarta-do-cartucho, Spodoptera frugiperda 16 PERCEVEJOS Pág. Percevejos-barriga-verde, Dichelops melacanthus e D. furcatus 20 Percevejo-verde, Nezara viridula 22 Percevejo-do-trigo, Thyanta perditor 23 Percevejo-raspador ou percevejo-do-capim, Collaria scenica 24 FORMIGAS Pág. Formiga saúva-Iimão-sulina, Atta sexdens píriventris 25 Formigas Quenquéns, Acromyrmex spp. 26 TRIPES Pág. Tripes, Caliothrips brasiliensis 18 BROCAS E CORÓS Pág. Broca-do-colo, Elasmopalpus lignosellus 27 Broca-da-coroa-do-azevém, Listronotus bonariensis 28 Coró, Diloboderus abderus 29 Coró, Phyllophaga triticophaga 30 @conhecimento_agronomicoSUMÁRIO: Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Marcelo Roberto Zakseski, fitossanidadeagricola@gmail.com Pulgão-verde-dos-cereais Schizaphis graminum (Rondani, 1852) Descrição: S. graminum é considerada a mais importante, por sua alta fecundidade, polifagia e injeção de saliva tóxica (GASSEN, 1988). Salvadori & Tonet (2001) relatam que este afídeo prefere clima quente e seco, como o encontrado na região noroeste do estado do Rio Grande do Sul. Na interação pulgão-trigo há certa sincronia entre espécie praga e estágio fenológico da planta. Danos: Os prejuízos são maiores em anos de seca, para todas as espécies de afídeos encontradas nos cereais. Os pulgões, de um modo geral, provocam amalelecimento da superfície foliar, podendo, em muitos casos, quando o ataque ocorre no início da cultura, dar origem a plantas raquíticas e mesmo levá-las à morte. Os maiores prejuízos resultam da transmissão do vírus do nanismo amarelo da cevada (VNAC). Figura 02. Amarelecimento de folhas de trigo causado pelo Barley yellow dwarf virus, agente causal do nanismo amarelo. Foto: Douglas Lau – Embrapa Trigo. Figura 03. Redução do crescimento de plantas de trigo devido à infecção por Barley yellow dwarf virus. As plantas no centro da reboleira foram infectadas no início do seu desenvolvimento, sendo mais afetadas. Foto: Douglas Lau – Embrapa Trigo. Figura 01. A) detalhe da cabeça mostrando tubérculos antenais pouco desenvolvidos; B) detalhe dos sifúnculos; C) aspecto geral do adulto áptero, com seta indicando antena de coloração mais escura que o corpo. Fotos: Paulo R.V.S. Pereira. A B C 05 Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Marcelo Roberto Zakseski, fitossanidadeagricola@gmail.com Pulgão-do-colmo-do-trigo Rhopalosiphum padi (Linnaeus, 1758) Descrição: caracteriza- se por apresentar o corpo de forma piriforme, coloração verde-oliva-acastanhada, normalmente com regiões castanho-avermelhadas ao redor dos sifúnculos e entre as bases dos sifúnculos; as antenas são curtas, com seis segmentos e de comprimento maior que a metade do comprimento do corpo, sendo que o processo terminal do segmento VI tem 4 a 5,5 vezes o comprimento da base; as pernas e os sifúnculos (curtos e cônicos) são de cor verde-acastanhada; normalmente, apresenta dois pares de cerdas laterais; possuem tamanho variando de 1,2 a 2,4 mm de comprimento. Esta espécie prefere se instalar nas folhas e nos colmos, das plantas de trigo. Danos: A sua ocorrência se dá principalmente na parte aérea das plantas, onde suga o limbo foliar das espigas e da bainha das folhas. Provoca amarelecimento das plantas, podendo, em ataques intensos, causar até a morte. Figura 04. Rhopalosiphum padi adulto. A) antena; B) detalhe dos sifúnculos; C) aspecto geral do adulto áptero. Fotos: Paulo R.V.S. Pereira. Figura 05. Pulgões da espécie Rhopalosiphum padi em folhas de trigo. Foto: Roger Adriano Uebel. 06 Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Marcelo Roberto Zakseski, fitossanidadeagricola@gmail.com Pulgão-da-folha-do-trigo Metopolophium dirhodum (Walker, 1849) Descrição: Os adultos sem asas têm entre 2 e 3 mm (0,08 a 0de comprimento, esbelto, verde amarelado brilhante com uma faixa dorsal mais escura. As antenas, pernas e sifunculos (tubos eretos voltados para trás no abdômen) são relativamente longos e de cor pálida. Os indivíduos alados têm entre 1,6 e 3,3 mm de comprimento e uma cor verde uniforme. Os cereais usados por este pulgão como hospedeiros secundários incluem trigo, cevada, aveia e centeio. Pesquisas na Nova Zelândia mostraram que a cevada e a aveia foram mais afetadas por essa praga do que o trigo, possivelmente porque as folhas inferiores de trigo, nas quais os pulgões tendiam a se congregar, se tornaram senescentes no início do ano, dando condições inadequadas para o crescimento futuro de pragas. Danos: Estes pulgões causam danos diretos pela sucção da seiva das plantas, o que pode, em cereais de inverno, reduzir o número de grãos por espiga, o tamanho do grão, o peso de grãos e o poder germinativo das sementes . Além desses danos, os pulgões podem ser vetoresde viroses, principalmente do Vírus do Nanismo Amarelo da Cevada (VNAC). Figura 06. Metopolophium dirhodum adulto. A) detalhe da cabeça mostrando tubérculos desenvolvidos; B) detalhe dos sifúnculos; C) aspecto geral do adulto áptero. Fotos: Paulo R.V.S. Pereira Figura 07. Metopolophium dirhodum adulto. Foto: Roger Blackman 07 Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Marcelo Roberto Zakseski, fitossanidadeagricola@gmail.com Pulgão-da-espiga-do-trigo Sitobion avenae (Fabricius, 1794) Descrição: S. avenae é uma importante praga em sistemas agrícolas, especialmente em climas temperados dos hemisférios norte e sul. Na forma áptera, mede cerca de 1,3 a 3,3 mm e na forma alada, cerca de 1,6 a 2,9 mm de comprimento. A coloração é determinada geneticamente, ou de acordo com a resposta a fatores ambientais, incluindo a nutrição. Porém, a coloração geral do corpo é verde amarelada, geralmente com mancha negra dorsal, havendo predominância das cores verde e marrom (Pereira et al., 2009). Este pulgão não apresenta hábito gregário quando se alimenta de plantas jovens sobre as folhas (Beirne, 1972) e migra para a inflorescência quando o trigo inicia o espigamento (Dean, 1974). Sua taxa de crescimento em trigo é fortemente afetada pelo estágio de crescimento da planta hospedeira, com a maior taxa de crescimento durante a alimentação em grãos no estágio leitoso-maduro (Vereijken, 1979). Danos: Devido ao hábito de se alimentar nas espigas, S. avenae causa dano direto, na formação dos grãos, e dano indireto, devido o fato de ser vetor de vírus (Bruehl, 1961). Com relação aos danos diretos, S. avenae pode causar diminuição do número de espigas, além da redução do número de grãos por espiga, redução do peso dos grãos e queda da viabilidade de sementes (Reutappa, 1996). Figura 08. Sitobion avenae. A) sifúnculos; B) aspecto geral do adulto áptero. Fotos: Paulo R.V.S. Pereira. Figura 09. Sitobion avenae. A, B e C) Infestação de pulgão nas espigas. A B C 08 Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Marcelo Roberto Zakseski, fitossanidadeagricola@gmail.com Pulgão-preto-dos-cereais Sipha maydis (Passerini, 1860) Descrição: Os adultos ápteros são pequenos (1,0-1,9 mm); o corpo é piriforme, achatado dorso-ventralmente e coberto de pêlos, apresentando coloração marrom-escura brilhante na superfície dorsal, que é totalmente esclerotizada. Os alados apresentam uma placa dorsal escura sobre os tergitos abdominais 4 a 7 e medem entre 1,3 e 2,0 mm. As ninfas têm a cabeça, tórax e abdômen amarelo-alaranjado e olhos vermelhos. Danos: Este pulgão alimenta-se preferencialmente nas folhas, preferindo as partes mais tenras e verdes. Geralmente as colônias estão alojadas próximas da base das folhas. Folhas altamente infestadas se tornam amareladas, enrolam e secam e pode ser observada necrose do tecido no local de alimentação. Esta espécie é vetora dos vírus Barley yellow dwarf virus (BYDV) e Cucumber mosaic virus CMV. Figura 10. Sipha (Rungsia) maydis. A) antena com cinco segmentos; B) detalhe dos sifúnculos (setas) que são pequenos e pouco evidentes; C) aspecto geral do adulto áptero. Fotos: Paulo R.V.S. Pereira. Figura 11. Ninfas e adultos da espécie Sipha maydis. Foto: José Roberto Salvadori. 09 Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Marcelo Roberto Zakseski, fitossanidadeagricola@gmail.com Pulgão-da-raiz Rhopalosiphum rufiabdominalis (Sasaki, 1899) Descrição: Os adultos ápteros apresentam corpo arredondado e de coloração verde-escuro a oliva, geralmente com manchas avermelhadas ao redor e entre as bases dos sifúnculos; tamanho variando de 1,2mm a 2,2mm de comprimento; antenas com cinco segmentos, cerdas com comprimento maior que o diâmetro do III segmento e processo terminal caracteristicamente curvo; cauda curta, de cor negra e com dois pares de setas laterais. Danos: Os prejuízos são maiores nos anos de seca. Estes pulgões, além de sugarem a seiva das raízes, injetam toxinas, causando amarelecimento das plantas e paralisando o crescimento. Figura 13. Rhopalosiphum rufiabdominalis (Sasaki, 1899). A) antena com cinco segmentos, apresentando processo terminal caracteristicamente curvo; B) aspecto geral do adulto áptero. Fotos: Paulo R.V.S. Pereira. Figura 14. Rhopalosiphum rufiabdominalis, (a) adulto; (b) Ninfas e adultos da espécie. Foto: Sunil Joshi & Poorani, J.. Figura 12. Infestação de Rhopalosiphum rufiabdominalis. Foto: Sunil Joshi & Poorani, J. a b 10 Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Marcelo Roberto Zakseski, fitossanidadeagricola@gmail.com Pulgão-do-milho Rhopalosiphum maidis (Fitch, 1856) Descrição: Os adultos ápteros apresentam corpo alongado, de coloração amarelo- esverdeado ou azul-esverdeado e com manchas negras na área ao redor dos sifúnculos; tamanho variando de 0,9mm a 2,6mm de comprimento; patas e antenas de coloração negra; tubérculos antenais pouco desenvolvidos; antenas curtas e com seis segmentos, processo terminal do segmento VI com duas a 2,3 vezes o comprimento da base; sifúnculo com base mais larga que ápice, de coloração negra e com constrição apical; cauda de coloração negra com dois pares de cerdas laterais. Danos: A praga ataca as partes jovens da planta, como o cartucho e as gemas florais, mas pode atacar o pendão também. O principal dano causado por esta praga estão relacionados à transmissão do vírus do mosaico, que pode ocorrer com qualquer densidade de população, principalmente quando as formas aladas estão presentes, já que transmissão do vírus se dá por via mecânica, através da picada de prova. As populações do inseto ficam sobre as folhas, quando em altas densidades, provocando murchamento das mesmas em época de seca, em virtude da intensa atividade de sucção. Quando ocorre a infecção da planta pela transmissão do vírus, estas apresentam sintomas no limbo foliar na forma de um mosaico de cor verde claro sobre um fundo verde escuro. Figura 15. Rhopalosiphum maidis. A) antena; B) detalhe dos sifúnculos; C) aspecto geral do adulto áptero. Fotos: Paulo R.V.S. Pereira. Figura 16. Adulto da espécie Rhopalosiphum maidis. Foto: Girsh Mahajan Figura 17. Agrupamento de pulgões-do- milho. Foto: Nigel Cattlin 11 Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Marcelo Roberto Zakseski, fitossanidadeagricola@gmail.com Figura 18. Características morfológicas de afídeos: A) antena-número de segmentos (I a VI), B) segmento antenal apical, C) aspecto e forma do corpo, D) tubérculos antenais bem desenvolvidos e E) tubérculos antenais pouco desenvolvidos. Ilustrações: Paulo R.V.S. Pereira 12 Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Marcelo Roberto Zakseski, fitossanidadeagricola@gmail.com Lagarta-do-trigo Pseudaletia sequax (Franclemont, 1951) Descrição: O adulto é uma mariposa que mede a 30 a 35 cm de envergadura, apresentando a coloração do corpo e asas anteriores semelhantes, sendo cinza amarelada com sombreamento de pardo ate negro. As asas posteriores são maisclaras.Os ovos são esféricos, branco amarelado, sendo colocado em linhas juntos uns dos outros. A lagarta no primeiro estagio de seu desenvolvimento tem coloração verde, com listras dorsais e longitudinais; lateralmente possui faixas brancas e amarelas. Danos: As lagartas alimentam-se durante a noite ou dias nublados. Na presença de sol, elas possuem o hábito de se protegerem na base das plantas, sob as folhas secas. Quando não há mais alimento, migram para outras lavouras em grupos, sendo, por esta razão, confundidas com a lagarta militar. Devido ao hábito de postura aglomerada e preferência por áreas com plantas acamadas ou com maior vigor vegetativo, as lagartas causam danos iniciais em pequenas áreas na lavoura. Em trigo, consomem o limbo foliar, arista e espigueta, permanecendo, algumas vezes, somente o colmo e parte do ráquis das plantas. Na fase de maturação, é comum observarem-se as espigas dos afilhos mais atrasados, cortadas e caídas no solo. Figura 18. Lagarta em 6º instar da espécie Pseudoaletia sequax. Foto: Centro de Microscopia Eletrônica de Varredura (UFPR). Figura 19. Mariposa da espécie Pseudoaletia sequax. 13 Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Marcelo Roberto Zakseski, fitossanidadeagricola@gmail.com Lagarta-do-trigo, Pseudaletia sequax (Franclemont, 1951) a b c d e f g h Figura 20. (a) oviposição/posturas dos ovos; (b) larvas de 1º instar; (c) larva de 2º instar; (d) larva de 4º instar; (e) larva de 5º instar. (f) pupa; (g) adulto (mariposa) macho; (h) adulto (mariposa) fêmea. Escala, 5 mm. Fotos: Centro de Microscopia Eletrônica de Varredura (UFPR). 14 Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Marcelo Roberto Zakseski, fitossanidadeagricola@gmail.com Lagarta-do-trigo Pseudaletia adultera (Schaus, 1894) Descrição: A mariposa possui asas de coloração pardo-acinzentada uniforme e aspecto estriado, apresenta também um pequeno ponto esbranquiçado no centro da asa anterior. A oviposição ocorre sobre folhas e colmos, que são protegidos por uma substância viscosa. As lagartas são pardo-escuras, com várias estrias pelo corpo, apresentam seis ínstares, sendo que, até o segundo ínstar, caminham como se estivessem medindo palmo, e no último ínstar, adquirem a capacidade de migrarem da cultura atacada. A fase de pupa ocorre no solo e apresenta coloração marrom. O ciclo biológico dessa praga pode variar de 25 a70 dias. Danos: As lagartas alimentam-se durante a noite ou dias nublados. Na presença de sol, elas possuem o hábito de se protegerem na base das plantas, sob as folhas secas. Quando não há mais alimento, migram para outras lavouras em grupos, sendo, por esta razão, confundidas com a lagarta militar. Em trigo, geralmente tem preferência por consumir o limbo foliar, em alguns casos de alta infestação podem atacar a espigueta, permanecendo, algumas vezes, somente o colmo e parte do ráquis das plantas. Na fase de maturação, é comum observarem-se as espigas dos afilhos mais atrasados, cortadas e caídas no solo. Figura 21. Lagarta da espécie Pseudoaletia adultera. Foto: Lucas Rubio. Figura 22. Mariposa da espécie Pseudoaletia adultera. 15 Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Marcelo Roberto Zakseski, fitossanidadeagricola@gmail.com Lagarta-do-cartucho ou lagarta militar Spodoptera frugiperda (Smith, 1797) Descrição: As lagartas totalmente desenvolvidas possuem 35 a 40 mm d e comprimento. Apresentam pontos pretos denominados pináculos distribuídos, em pares, em cada lado dos segmentos do corpo, cada um com uma seta longa. No último segmento abdominal apresenta quatro pontos pretos distribuídos como os vértices de um quadrado. A cabeça apresenta uma figura de um ípsilon invertido, mas essa característica não é suficiente para confirmar a espécie. A fase larval transcorre em duas semanas durante o verão e até quatro semanas no inverno (Embrapa, 2014). Adultos: possuem envergadura de asas de 32 a 38 mm e apresentam dimorfismo sexual. As asas anteriores são cinzas-amarronzadas nas fêmeas e nos machos são mais escuras, com margens escuras e listras mais claras próximas da margem da asa e com pontos brancos próximos do centro da mesma. As fêmeas não apresentam um padrão de cor definido, sendo predominantemente cinzas. As asas posteriores em ambos sexos são branco-prateadas, suas veias são evidentes, e sua margem externa possui uma banda marrom e estreita próxima da borda. Os ovos são sub-esféricos, colocados em camadas e são cobertos por escamas provenientes do abdome da fêmea. Cada fêmea pode colocar até 1000 ovos (Embrapa, 2014). Danos: Geralmente tem preferência por consumir o limbo foliar, deixando sinais de raspagem da folha, em alguns casos de alta infestação podem atacar a espigueta. Figura 23. Lagarta da espécie Spodoptera frugiperda. Foto: Phytus Group. Figura 24. Mariposa macho da espécie Spodoptera frugiperda. Quatro pontuações pretas formando um quadrado Y invertido visível na cabeça 16 Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Marcelo Roberto Zakseski, fitossanidadeagricola@gmail.com Danos da lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) em Trigo Figura 25. Danos de Spodoptera frugiperda em trigo. (a) dano da lagarta rente ao solo, diretamente no colmo da planta; (b) raspagem em folhas de trigo; (c) lavoura após infestação de lagartas da espécie. Fotos: Alessandro Braucks. a b c 17 Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Marcelo Roberto Zakseski, fitossanidadeagricola@gmail.com Tripes Caliothrips brasiliensis (Morgan, 1929) Descrição: São insetos muito ágeis e pequenos, com geralmente medindo de 2 a 3 mm de comprimento na fase adulta. Os adultos possuem coloração escura com asas translúcidas e franjadas, essa espécie possui uma listra branca nas asas, o que facilita sua diferenciação das demais espécies. As formas jovens são mais claras e áptera. Vivem em colônias nas folhas e nas brotações que. O ciclo biológico dura cerca de 15 dias. Danos: Alimentam-se da seiva das plantas nas fases ninfal e adulta. Para isso, raspam a superfície foliar (figura ) e sugam a seiva que extravasa. As folhas infestadas ficam prateadas em razão dos ferimentos. Também podem ter sua consistência alterada, ficar quebradiças e arqueadas e cair prematuramente quando em alta infestação. Esses danos raramente causam prejuízos significativos. Em períodos de temperatura baixa e estiagem, o manejo fitossanitário deve ser ainda maior, pois essas condições favorecem o inseto. Figura 26. Tripes da espécie Caliothrips brasiliensis em folha de trigo. Foto: Marcelo Roberto Zakseski. Figura 27. a) Caliothrips brasiliensis adulto; b) ninfa. Foto: Paulo R.V.S. Pereira. Figura 26. Tripes da espécie Caliothrips brasiliensis em folha de trigo. Foto: Marcelo Roberto Zakseski. 18 Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Marcelo Roberto Zakseski, fitossanidadeagricola@gmail.com Danos de tripes (Caliothrips brasiliensis) em folhas de trigo Raspagem de tripes Raspagem de S.frugiperda Figura 28. Danos de tripes em folhas de trigo. a) Caliothrips brasiliensis adulto; b) raspagem nas folhas: (1) tripes, (2) S. frugiperda. Fotos: Marcelo Roberto Zakseski. a b 1 2 19 Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Marcelo Roberto Zakseski, fitossanidadeagricola@gmail.com Percevejos-barriga-verde, Dichelops melacanthus (Dallas, 1851) e D. furcatus (Fabricius, 1775) Descrição: Os adultos do percevejo barriga-verde medem entre 9 e 11 mm de comprimento, sua coloração em vista dorsal varia de castanho-amarelada a acinzentada, e o abdômen apresenta a cor verde. A cabeça termina em duas projeções pontiagudas e a parte anterior do tórax apresenta margens dentadas e expansões laterais espinhosas (Panizzi et al., 2015) (Figura 29). É importante identificar corretamente a espécie de percevejo barriga-verde presente na propriedade. Existem características morfológicas que permitem separar uma espécie da outra, as quais constam da Tabela 1. É importante salientar que embora essas duas espécies sejam conhecidas pelo nome popular ‘barriga-verde’, pelo fato de terem a cor verde no lado ventral, isso nem sempre é verdadeiro. Nos meses mais frios do ano, em especial durante o inverno, a coloração ventral passa a ser marrom- -acinzentada, perdendo a cor original verde, típica do verão (Panizzi et al., 2015) (Figura 30). Figura 29. Adulto de Dichelops furcatus (a) e Dichelops melacanthus (b). Foto: Lisonéia Fiorentini Smaniotto. Figura 30. Coloração do abdômen de fêmeas de Dichelops furcatus: (a) marrom-acinzentada, predominante em condições de temperaturas baixas (inverno); (b) verde, presente em condições de temperaturas altas (verão). Foto: Lisonéia Fiorentini Smaniotto. a b a b 20 Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Marcelo Roberto Zakseski, fitossanidadeagricola@gmail.com Danos dos percevejos-barriga-verde, Dichelops melacanthus e D. furcatus Danos: A atividade alimentar dos percevejos causam lesões características nas folhas, com perfuração e destruição dos tecidos, ocasionalmente levando ao dobramento da folha, que pode apresentar enrugamentos que lembram viroses (Figura 32 A, B, C). Esses danos têm sido referidos como dando um aspecto às plantas de trigo semelhante às plantas de cebolinha (Figura 32 D). Observa-se também que o ataque dos percevejos no período vegetativo promove a emissão de um número maior de afilhos pela planta, em comparação às plantas não infestadas. Figura 32. Danos do percevejo barriga-verde Dichelops furcatus em plantas de trigo; pontuações na folha decorrentes da inserção do aparelho bucal (A); morte da porção superior da folha, a qual se estende por toda a área foliar acima do local das pontuações (B); dano apical resultante na folha de trigo que fica com aspecto filiforme (C); planta de trigo mal desenvolvida (atrofiada) e com aspecto de cebolinha (D). Foto: A, B, C = Antônio Ricardo Panizzi; D = Viviane Ribeiro Chocorosqui Barbosa. Figura 33. Ciclo biológico do percevejo-barriga-verde. Fotos: Henrique J. da Costa Moreira e Flávio D. Aragão. 26 diasFigura 31. Espiga branca em planta de trigo cultivar BRS Parrudo infestada com o percevejo barriga-verde Dichelops furcatus no período de emborrachamento em telado. Foto: Antônio Ricardo Panizzi 21 Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Marcelo Roberto Zakseski, fitossanidadeagricola@gmail.com Percevejo-verde, Nezara viridula (Linneaus, 1758) Descrição: Os ovos são branco-amarelados e tornam-se rosados próximo à eclosão, que ocorre aos 12 dias da postura. A postura é feita na face inferior das folhas ou em locais mais protegidos, no interior da copa. São postos em grupos e formam a figura de um hexágono. Ninfas: Até o terceiro ínstar, as ninfas são de coloração preta com manchas brancas espalhadas sobre o dorso. Elas permanecem aglomeradas, sem causar danos às plantas. Mais próximas da fase adulta, no quarto e quinto ínstares se tornam verdes com algumas manchas brancas de formato circular e, nessa fase, já se alimentam dos grãos da soja. A fase adulta dessa praga são percevejos com até 2 cm de comprimento e coloração verde, sendo a barriga mais clara do que a área dorsal. Os adultos apresentam longevidade de até 60 dias. Sua ocorrência na cultura do trigo não é frequente, aparecendo esporadicamente. Danos: Durante o ato da alimentação, os percevejos injetam toxinas nos grãos e nos orifícios deixados pelo aparelho bucal dos insetos penetram microorganismos que determinam o chochamento dos grãos causando depreciação do produto no ato da comercialização. Além disso, as toxinas atingem as plantas determinando uma redução em sua produtividade. Figura 34. Nezara veridula adulto. Foto: Piter Kehoma Boll. Figura 35. Ilustração do ciclo de vida do Nezara veridula, desde a fase de ovo até a fase adulta, passando por todas fases ninfais. Fonte: Embrapa, 2014. 22 Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Marcelo Roberto Zakseski, fitossanidadeagricola@gmail.com Descrição: Os adultos com 9 a 11 mm de comprimento, apresentam coloração verde ou parda com uma listra transversal marrom- avermelhada na parte dorsal do tórax, próxima da cabeça e com duas expansões laterais no pronoto em forma de espinho. Os ovos são colocados em forma de tonel em massas de 25 a 35, são castanho- acinzentados e apresentam lateralmente, duas faixas esbranquiçadas. As ninfas são de coloração negra a ocre, com manchas brancas amareladas. Figura 36. Vista lateral do Thyanta perditor adulto. Foto: Garcia Quesada. Figura 37. Thyanta perditor adulto. Foto: Francisco Acgo. Percevejo-do-trigo, Thyanta perditor (Fabricius, 1756) Danos: Durante o ato da alimentação, através do seu aparelho bucal os insetos penetram microorganismos que determinam o chochamento dos grãos causando depreciação do produto no ato da comercialização. Em sorgo se alimenta das sementes e deixa as panículas com aspecto murcho- enrugado, também causa falha dos grãos no trigo diminuindo o rendimento das sementes. Figura 38. Thyanta perditor. (a) postura/ovos; (b) ninfa 3º instar. Fotos: Jade L. Fortnash. a b 23 Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Marcelo Roberto Zakseski, fitossanidadeagricola@gmail.com Descrição: Os espécimes adultos do percevejo-raspador-das-pastagens medem aproximadamente 6mm de comprimento, têm os olhos compostos situados nas laterais da cabeça, apresentam o corpo delgado e de coloração marrom-escura, com porções das asas e das pernas mais claras. No Sul do Brasil, o ciclo biológico do percevejo-raspador normalmente se completa em 30 a 40 dias, viabilizando o desenvolvimento de até sete gerações anuais (Carlessi et al., 1999; Oliveira et al., 2010). Essas características biológicas explicam por que a população dessa praga pode aumentar rapidamente em curto espaço de tempo. Figura 39. Raspagem em folha de trigo ocasionado pelo percevejo-raspador (Collaria scenica). Foto: Luís Antônio Chiaradia. Percevejo-raspador, percevejo-do-capim ou percequito, Collaria scenica (Stal, 1859) Danos: Em geral, ataca as folhas em diferentes estádios de desenvolvimento das plantas. Para se alimentar, rompe as célulasdo tecido foliar, provocando o aparecimento de manchas esbranquiçadas, diminuindo, com isso, a área fotossintética das plantas (Costa 1958, Gassen 1996, Kalvelage 1988). Figura 40. Thyanta perditor adulto. Foto: Luis Gerardo Cubillos Quijano. 24 Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Marcelo Roberto Zakseski, fitossanidadeagricola@gmail.com Descrição: A colônia apresenta uma notável organização, pois nos formigueiros existem câmaras com diferentes propósitos e castas, ocorrendo a divisão do trabalho. Além disso, observa-se a presença de várias gerações na mesma colônia e o cuidado com a prole, sendo considerados insetos eussociais. As formigas-cortadeiras apresentam uma considerável distribuição geográfica, existindo em praticamente todos os países do continente Americano. Também ocorrem em boa parte do território brasileiro e apresentam atividade de forrageamento durante todo o ano, sendo uma constante ameaça para agricultores, silvicultores e pecuaristas. O ataque das saúvas e quenquéns muitas vezes causa considerável perda de produção e prejuízos econômicos, podendo provocar, inclusive, a morte das plantas cultivadas (Galloet al. 1988, Lima & Racca Filho 1996, Della Lucia 2003, Cantarelli et al. 2008) Formiga saúva Iimão sulina Atta sexdens píriventris (Santschi, 1919) Danos: Os prejuízos causados pelas formigas cortadeiras são consideráveis. Atacam quase todas as culturas, cortando folhas e ramos tenros, podendo destruir completamente as plantas. As formigas operárias causam grande desfolha principalmente em plantas jovens, sendo consideradas pragas secundárias em culturas estabelecidas. Em áreas de reflorestamente e pomares recém implantados, causam grandes danos, bem como em viveiros de mudas. Figura 42. Adulto da espécie Atta sexdens píriventris. Foto: Luiz Vaiper. Foto 41. Formiga saúva cortando folha de uma gramínea. Foto: Marcos Paulo de Pinho Flecha / MilkPoint. 25 Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Marcelo Roberto Zakseski, fitossanidadeagricola@gmail.com Descrição: Muitas pessoas confundem as saúvas com as quenquéns que também são formigas cortadeiras. Para diferenciá-las basta observar o número de pares de espinhos presentes no mesossoma. As quenquéns possuem quatro pares de espinhos e as saúvas três. As operárias da quenquém são polimórficas e seu tamanho varia de 2,0 a 10,5 mm. Operárias de coloração diferente podem ser observadas dentro do mesmo ninho. As rainhas e machos das quenquéns não têm nomes comuns como as da saúva e ambos são responsáveis pela reprodução da colônia. A biologia das quenquéns é pouco conhecida. Os ninhos das quenquéns não são facilmente visualizados como os das saúvas. Podem ser cobertos por palha, terra e fragmentos de vegetais. Algumas espécies fazem montes de terra solta que são bem menores que os das saúvas. Formigas Quenquéns (Acromyrmex spp.) Danos: Os prejuízos causados pelas formigas cortadeiras são consideráveis. Atacam quase todas as culturas, cortando folhas e ramos tenros, podendo destruir completamente as plantas. Figura 43. Formiga quenquén (Acromyrmex spp.). Foto: Dreamtime Nature Photography. 26 Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Marcelo Roberto Zakseski, fitossanidadeagricola@gmail.com Descrição: A mariposa, de hábito noturno, mede de 1,5 a 2,5 cm de envergadura e tem asas de coloração cinza-amarelada. Ela deposita os ovos preferencialmente no colo das plantas ou no solo, que são inicialmente claros, mas com o aproximar da eclosão tornam-se vermelho-escuros. A lagarta possui coloração verde-azulada, com estrias transversais marrons, purpúreas ou pardo-escuras, e mede cerca de 1,5 cm. Danos: É uma praga esporádica, porém, polífaga, se alimentada de diversas culturas (como soja, milho e algodão), com grande capacidade de destruição num curto intervalo de tempo, principalmente entre os estádios VE e V3. Após eclosão, a lagarta raspa as folhas da planta e inicia sua penetração no colmo, permanecendo nesse local durante o dia. Ela constrói um abrigo com teia e terra, que fica preso ao orifício da galeria também feita por ela, onde vão sendo acumulados excrementos. Seus danos estão associados à estiagem depois da emergência das plantas; e os maiores deles são observados em áreas de plantio convencional, com solos leves e bem drenados, e os menores em plantio direto e locais irrigados. Figura 45. Lagarta da espécie Elasmopalpus lignocellus. Foto: Paulo Viana. Figura 44. Abrigo, lagarta e pupa, Elasmopalpus lignocellus. Foto: John C. French. Broca-do-colo, Elasmopalpus lignosellus (Zeller, 1848) Pupa LagartaAbrigo Figura 46. (a) e (b) Adulto E. lignocellus. Fotos: Jerry Powell (a) e Jon Hart (b). a b 27 Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Marcelo Roberto Zakseski, fitossanidadeagricola@gmail.com Descrição: Essa praga ataca principalmente as culturas de trigo, azevém, cevada, milho e aveia, sendo considerada uma espécie sul-americana. A forma adulta desse inseto é um pequeno besouro (2 a 3 mm de comprimento) que, por aderir partículas de terra ao seu corpo, adquire a tonalidade do solo. Os ovos, quase pretos, alongados e cilíndricos, geralmente são colocados em duplas, na parte inferior do colmo das plantas, sob a epiderme da bainha foliar. As larvas são ápodas (sem pernas), com o corpo de coloração esbranquiçada, semelhante ao tecido vegetal, e a cabeça castanho-claro. Danos: Os danos causados por esse coleóptero podem ser provenientes do adulto por meio do consumo foliar, principalmente de tecidos jovens, sendo o principal deles ocasionado pela sua forma larval. As larvas desenvolvem-se na coroa basal das plantas, alimentando-se das gemas que dariam origem a perfilhos e raízes adventícias, podendo comprometer o caule. Figura 48. Adulto da espécie Listronotus bonariensis. Foto: AgPest. Figura 47. (a) danos/raspagem na folha; (b) galeria formada pela larva de L. bonariensis. Fotos: (a) AgPest; (b) SL Goldson - MAFTech, Lincoln. Broca-da-coroado-azevém, Listronotus bonariensis (Kuschel, 1955) Figura 49. (a) ovos; (b) larva abrigada dentro do colmo. Fotos: AgPest. a ba b 28 Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Marcelo Roberto Zakseski, fitossanidadeagricola@gmail.com Descrição: Os corós são larvas escarabeiformes (corpo recurvado em forma da letra “C”), de coloração geral branca, com cabeça e pernas (três pares) marrons. As espécies rizófagas que ocorrem em milho podem atingir de 4 a 5 cm de comprimento quando em seu tamanho máximo. Para a safrinha, em lavouras instalada em semeadura direta sobre a resteva da soja, os danos são mais acentuados. Em áreas anteriormente cultivadas com poáceas (gramíneas), a população do inseto geralmente é elevada. D. abderus é uma espécie univoltina, desenvolvendo-se no solo, entre 10 e 19cm de profundidade. Os ovos ocorrem de janeiro a abril, as larvas de fevereiro a novembro, as pupas de outubro a dezembro e os adultos de novembro a abril (SILVA & LOECK, 1996). Danos: O inseto é polífago alimentando-se de plantas de diversas famílias. As larvas têm hábitos subterrâneos e ingerem, principalmente, raízes de numerosas espécies de plantasusadas em cultivos de lavouras, de hortaliças e de forrageiras, além de pastagens naturais ou artificiais e gramados. Seus danos são decorrentes da destruição de plântulas, as quais são puxadas para dentro do solo ou secam e morrem pela falta de raízes, ou ainda originam plantas adultas pouco produtivas. O nível de dano para esse inseto ocorre a partir de 5 larvas/m-2. Figura 50. Diloboderus abdorus, (a) macho e (b) fêmea. Fotos: (a) Sole Cucchiarini; (b) Stanislav Krejčík. Figura 51. Fase larval (coró) de Diloboderus abderus. (a) coró/larva; (b) infestação em uma gramínea. Fotos: (a) José Luis Ianiro; (b) Mariana Alejandra Cherman. Coró-das-pastagens, Diloboderus abderus (Sturm, 1826) a b a b 29 Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Marcelo Roberto Zakseski, fitossanidadeagricola@gmail.com Descrição: As larvas vivem muito próximas à superfície do solo, geralmente até 10 cm de profundidade, aprofundando-se um pouco mais nos períodos mais frios e secos. Não constroem galerias, sendo favorecidas por solos não compactados ou desestruturados (SALVADORI, 2000). As larvas recém-eclodidas medem cerca de 0,5 cm e podem atingir até 4 cm no final do terceiro ínstar. As pupas são exaratas de coloração amarela. Os adultos são besouros de cerca de 1,8 cm de comprimento e 0,8 cm de largura, de coloração marrom avermelhada brilhante com pelos dourados na lateral do tórax. Em função do ciclo bianual dessa espécie, no Rio Grande do Sul, há alternância de anos com e sem danos nas culturas de inverno (SALVADORI, 2000). Danos: Os danos devem-se às larvas, especialmente ao terceiro instar que comem sementes, raízes e parte aérea das plantas, que puxam para o interior do solo, sendo que os sintomas são, murchamento, secamento, morte e desaparecimento de plântulas, mais tarde, podem ocorrer mortes de afilios, secamento de folhas, redução do porte de plantas, redução de tamanho e/ou no enchimento de espigas e tombamento de plantas por falta de raízes. O período mais critico das culturas vai de maio à outubro-novembro do ano 2. Figura 54. Phyllophaga triticophaga; (a) adulto; (b) larva (coró). Fotos: (a) Centro de espécies invasoras (University of Georgia); (b) Igor Forigo Beloti. Figura 55. (a) raíz atacada por P. triticophaga; (b) ovos; (c) pupa (crisálida). Fotos: (a) Embrapa Trigo; (b) e (c) Charles Martins de Oliveira. Coró-do-trigo, Phyllophaga triticophaga (Morón e Salvadori, 1998) a b a b c 1-1,5mm 30 Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Guia de Identificação de Insetos-praga na Cultura do Trigo – Marcelo Roberto Zakseski / Conhecimento Agronômico Marcelo Roberto Zakseski, fitossanidadeagricola@gmail.com REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BEIRNE, B. P. Pest insects of annual crop plants in Canada. Memoirs of the Entomological Society of Canada, v. 85, 1972, 73p. CARLESSI, L.R.G.; CORSEUIL, E.; SALVADORI, J.R. Aspectos biológicos e morfométricos de Collaria scenica (Stal) (Hemiptera: Miridae) em trigo. Anais da Sociedade Entomológica do Brasil, Londrina, v.28, n.1, p.65-73, 1999. COSTA, R.G. 1958. Alguns insetos e outros pequenos animais que danificam plantas no Rio Grande do Sul. Porto Alegre, Secção de Informações e Propangas Agrícolas, 296p. DEAN, G. J. 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