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Júlia Figueirêdo – PINESC IV SAÚDE DO ADOLESCENTE: PSE E SPE: PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA (PSE): O Programa Saúde na Escola (PSE), política intersetorial da Saúde e da Educação, foi instituído pelo Decreto nº 6286, de 5 de dezembro de 2007. Nele, as políticas de saúde e educação voltadas às crianças, adolescentes, jovens e adultos (EJA) se unem para promover saúde e educação integral dos estudantes da rede pública de ensino. As diretrizes desse programa são: Descentralização e respeito à autonomia federativa; Integração e articulação das redes públicas de ensino e saúde; Territorialidade; Interdisciplinaridade e Intersetorialidade; Integralidade; Cuidado ao longo do tempo; Controle social; Monitoramento e avaliação permanentes. O Programa Saúde na Escola tem como objetivos: Promover a saúde e a cultura da paz, reforçando a prevenção de agravos à saúde, bem como fortalecer a relação entre as redes públicas de saúde e de educação; Articular as ações do SUS às ações das redes de educação básica pública, de forma a ampliar o alcance e o impacto de suas ações relativas aos estudantes e suas famílias, otimizando a utilização dos espaços, equipamentos e recursos disponíveis; Contribuir para a constituição de condições para a formação integral de educandos; Contribuir para a construção de sistema de atenção social, com foco na promoção da cidadania e nos direitos humanos; Fortalecer o enfrentamento das vulnerabilidades, no campo da saúde, que possam comprometer o pleno desenvolvimento escolar; Promover a comunicação entre escolas e unidades de saúde, assegurando a troca de informações sobre as condições de saúde dos estudantes; Fortalecer a participação comunitária nas políticas de educação básica e saúde, nos três esferas de governo. Para alcançar estes propósitos o PSE foi constituído por cinco componentes: Avaliação das Condições de Saúde das crianças, adolescentes e jovens que estão na escola pública; Promoção da Saúde e de atividades de Prevenção; Educação Permanente e Capacitação dos Profissionais da Educação e da Saúde e de Jovens; Monitoramento e Avaliação da Saúde dos Estudantes; Monitoramento e Avaliação do Programa. Mais do que uma estratégia de integração das políticas setoriais, o PSE se propõe a ser um novo desenho da política de educação e saúde já que trata esses conceitos como parte de uma formação ampla para a cidadania e o usufruto pleno dos direitos humanos, permitindo a progressiva ampliação das ações executadas pelos sistemas de saúde e educação com vistas à atenção integral à saúde de crianças e adolescentes, e também por promover a articulação de saberes e a participação da comunidade escolar e da sociedade em geral na construção e controle social da política pública. Algumas escolas são classificadas como prioritárias pelo Ministério da Educação e Júlia Figueirêdo – PINESC IV Cultura e/ou pelo Ministério da Saúde devido a aspectos socioeconômicos que favoreçam o surgimento de doenças. Esse grupo é composto pelos centros de ensino rurais, creches municipais, escolas com alunos cumprindo medidas socioeducativas e aquelas que possuam ao menos 50% de seu quórum pertencente a famílias beneficiárias do Bolsa Família. A Agenda de Educação e Saúde é uma estratégia fundamental de implementação das ações do PSE nos territórios municipais. São escolhidos “recortes” do território integrando escolas e unidades de saúde, a fim de gerar uma articulação das práticas. A Agenda definirá as propostas comunitárias para estes microterritórios onde as escolas estão inseridas, refletindo as expectativas comunitárias em relação à essa interface combinada. Nesse sentido, a realização das atividades integradas no contexto escolar pode ser encaixada em categorias amplas, como: Avaliação clínica e psicossocial: esse momento, composto por três etapas conjuntas (avaliação clínica e psicossocial, avaliação nutricional e avaliação da saúde bucal) tem como objetivo conhecer o grau de desenvolvimento das crianças, adolescentes e jovens de uma localidade, considerando também aspectos referentes à saúde mental. São parte dessa etapa as avaliações auditiva e oftalmológica dos estudantes; Ações de promoção da saúde e prevenção de doenças e agravos: toda e qualquer atividade nesse eixo visa a redução das vulnerabilidades da ordem individual, social e institucional, como o uso de drogas, a redução do sedentarismo, a prevenção contra infecções sexualmente transmissíveis (IST) e a intervenção sobre as situações de violências e outras que comprometem o crescimento e desenvolvimento pleno dos estudantes. o Promoção da alimentação saudável: utiliza os “10 passos para a alimentação saudável”, tendo por objetivo estimular a oferta de alimentos saudáveis e a escolha de opções adequadas, bem como a discussão de temas relacionados ao perfil nutricional e cultural de cada região; o Promoção da atividade física; o Educação para a saúde sexual e reprodutiva: essa abordagem é relevante pois a idade média de iniciação sexual, aos 15 anos, ou seja, em idade escolar, justifica a necessidade de executar ações de prevenção de ISTs dentre adolescentes, assim como medidas gerais de promoção de saúde, visando o enfrentamento de vulnerabilidades. Esse contexto fomentou a criação do Projeto Saúde e Prevenção nas Escolas, que será abordado posteriormente; o Prevenção ao uso de álcool, tabaco e outras drogas. Promoção da cultura da paz e prevenção da violência e de acidentes. O PSE preconiza 12 grandes ações inseridas nos temas anteriormente mencionados, devendo ser elaboras de forma conjunta entre professores e a equipe das unidades de saúde, inserindo o assunto abordado numa discussão interdisciplinar, unindo informações de promoção do bem-estar aos conteúdos didáticos discutidos em sala de aula: Ações de combate ao mosquito Aedes aegypti; Promoção das práticas corporais, da atividade física e do lazer nas escolas; Prevenção ao uso de álcool, tabaco, crack e outras drogas; Júlia Figueirêdo – PINESC IV Promoção da cultura de paz, cidadania e direitos humanos; Prevenção das violências e dos acidentes; Identificação de educandos com possíveis sinais de agravos de doenças em eliminação; Promoção e avaliação de saúde bucal e aplicação tópica de flúor; Verificação e atualização da situação vacinal; Promoção da alimentação saudável e prevenção da obesidade infantil; Promoção da saúde auditiva e identificação de educandos com possíveis sinais de alteração; Direito sexual e reprodutivo e prevenção de IST/AIDS; Promoção da saúde ocular e identificação de educandos com possíveis sinais de alteração. PROJETO SAÚDE E PREVENÇÃO NAS ESCOLAS (SPE): O Projeto Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE) é uma das ações do Programa Saúde na Escola (PSE), que tem por finalidade contribuir para a formação integral dos estudantes da rede pública de educação básica por meio de ações de prevenção, promoção e atenção à saúde. A proposta do projeto é realizar ações de promoção da saúde sexual e da saúde reprodutiva de adolescentes e jovens, articulando os setores de saúde e de educação. Com isso, espera-se contribuir para a redução da infecção pelo HIV e por demais ISTs e dos índices de evasão escolar causada pela gravidez na adolescência, na população de 10 a 24 anos. Um outro benefício que pode ser extraído desse projeto é a garantia dos direitos reprodutivos femininos e masculinos, o que favorece o desenvolvimento de medidas de planejamento familiar e insere os jovens como participantes ativos de seu próprio processo de desenvolvimento. O SPE também pode atuarnos segmentos de prevenção contra o abuso de substâncias e de prevenção da violência e de acidentes, empregando estratégias que estimulam a juventude a enfrentar situações de vulnerabilidade, novamente inserida no centro de suas transformações, estimulando a participação cidadã e consciente nesses processos. A ação do SPE, como mencionado anteriormente, tem como propósito incentivar o autocuidado e a centralização do indivíduo no seu contexto de saúde e doença, tomando como base os seguintes temas: Júlia Figueirêdo – PINESC IV Participação juvenil: inserção do adolescente como ator social, colaborando para a aquisição de responsabilidades e a elevação da autoestima; Equidade de gêneros: minimizar concepções machistas, de forma a compor uma nova geração que compreenda a construção e a fluidez dos papéis de gênero; Direitos sexuais e reprodutivos: visa a orientação para tomada de decisões conscientes acerca do uso de métodos contraceptivos e para o reconhecimento da autonomia sexual; Projeto de vida: torna o adolescente o centro de seu futuro, permitindo que ele tome decisões fundamentadas e condizentes com a identidade individual; Cultura da paz: objetivam evitar ou reduzir os riscos de o jovem assumir o papel de agressor, vítima ou testemunha, incentivando que se torne um agente da paz; Ética e Cidadania; Igualdade racial e étnica. AÇÕES DESENVOLVIDAS PARA PROMOÇÃO DA SAÚDE NA ESCOLA: As ações desenvolvidas em visitas da equipe de saúde aos centros de ensino, sejam creches ou escolas de nível fundamental/médio, são diversas, buscando integrar ao máximo os alunos aos temas abordados. Assim, são realizadas desde rodas de conversa até dinâmicas ativas, envolvendo a movimentação do corpo ou o uso de materiais artísticos. Múltiplas oficinas podem ser desenvolvidas dentro de um mesmo tema, podendo ser adaptadas para o contexto a comunidade em questão, de forma a facilitar a associação dos conceitos expostos com situações vivenciadas no cotidiano. Salienta-se o papel dos professores e demais funcionários das escolas nesse processo, visto que esse grupo já apresenta prática com os alunos, e pode auxiliar a consolidar atividades mais proveitosas, atreladas aos conteúdos programáticos para as séries abordadas. Existem diversas metodologias que podem ser empregadas para a construção das atividades do PSE, podendo ser adaptadas para melhor atender ao contexto cultural e social da comunidade em foco: Aulas expositivas (menos recomendada, o tema é apresentado de forma direta e formal); Exposição ativo-participativa (favorece o engajamento a partir de uma situação- problema); Leitura recomendada (pouco recomendada, o conteúdo é transmitido de forma pouco ativa); Discussão ou debate (promove reflexões e o contato com pontos de vista distintos); Painel simples (permite o trabalho em grupos menores, promovendo o respeito a múltiplos pontos de vista). As ações do PSE também têm como objetivo avaliar as condições de saúde dos educandos, processo esse que conta com itens específicos de acordo com a etapa da educação na qual o indivíduo se insere: Creches: o Avaliação antropométrica; o Promoção e avaliação da saúde bucal; o Avaliação oftalmológica; o Verificação da situação vacinal; o Identificação de educandos com possíveis sinais de alteração na audição (optativa). Pré-escolas: o Avaliação antropométrica; Júlia Figueirêdo – PINESC IV o Promoção e avaliação da saúde bucal; o Avaliação oftalmológica; o Verificação da situação vacinal; o Identificação de educandos com possíveis sinais de alteração na audição (optativa); o Identificação de educandos com possíveis sinais de alteração da linguagem oral (optativa). Escolas de Ensino Fundamental ou Médio: o Avaliação antropométrica; o Promoção e avaliação da saúde bucal; o Avaliação oftalmológica; o Verificação da situação vacinal; o Identificação de educandos com possíveis sinais de alteração na audição (optativa); o Identificação de educandos com possíveis sinais de alteração da linguagem oral (optativa); o Identificação de educandos com possíveis sinais de agravos de doenças em eliminação (optativa). Frente a alterações significativas em algum desses quesitos, é recomendado que a família visite a Unidade Básica que cobre tal localizada, de forma a encontrar referenciamento para serviços especializados (quando necessários) ou implementar programas de tratamento diversos. Ao realizar tais avaliações, é crucial que a equipe de saúde aborde os aspectos nutricionais locais, orientando aquela comunidade acerca de práticas saudáveis de alimentação e exercício, estimulando a adesão do grupo e de seus familiares. Júlia Figueirêdo – PINESC IV De acordo com o perfil epidemiológico local e os requerimentos da Secretaria Municipal/Estadual de Saúde, também são realizadas campanhas de imunização para alunos, professores e funcionários, tendo como principal objetivo manter atualizadas as cadernetas de vacinação. Nesses momentos, é possível orientar os estudantes acera do papel benéfico das imunizações, bem como esclarecer alguns conceitos básicos acerca de epidemiologia e promoção da saúde. A IMUNIZAÇÃO DO ADOLESCENTE: A imunização do adolescente tem como ponto de destaque a vacinação contra HPV, fornecida em duas doses para meninas de 9 a 14 anos, e para meninos de 11 a 14 anos. Essa campanha tem o propósito de conter a disseminação do vírus, protegendo os jovens antes do início de sua vida sexual. Adolescentes de 12 a 14 anos de idade devem ser imunizados pela meningocócica ACWY, em dose única ou de reforço, conforme a história prévia de imunização. Também são ofertadas, de acordo com o histórico vacinal, uma dose da vacina contra febre amarela, 2 doses da tríplice viral e 3 doses da vacina contra hepatite B e a Dupla Adulto (ou o número necessário para completar o esquema), esta última devendo ser administrada como reforço a cada 10 anos. PLANO DE AÇÃO: O planejamento de uma atividade do PSE é crucial para seu sucesso, motivo pelo qual a Júlia Figueirêdo – PINESC IV constrição de um plano de ação é alvo de tanta preocupação: Identificação da atividade (local, data, horário e público-alvo); Determinação de objetivos; Elaboração de estratégias (metodologia, recursos empregados, formas de avaliação). AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES IMPLEMENTADAS: Após cada dinâmica de PSE, é necessário avaliar o impacto das estratégias implementadas na escola, tendo como base dois grandes eixos: Reações: a fisionomia dos alunos reflete seu entusiasmo com as atividades sugeridas, bem como s comentários e a espontaneidade de participação; Aprendizagem: avaliações formais ou informais podem ser realizadas antes e depois da participação dos alunos nas dinâmicas, de forma a observar o impacto da explanação ou da atividade desempenhada. A coleta de feedback dos alunos e dos professores também pode fornecer informações importantes para a melhoria das ações do programa.
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