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Gestão de Recursos Materiais CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI Armando de Queiroz Monteiro Neto Presidente SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI Conselho Nacional Armando de Queiroz Monteiro Neto Presidente SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL - SENAI Departamento Nacional José Manuel de Aguiar Martins Diretor Geral Regina Maria de Fátima Torres Diretora de Operações Confederação Nacional da Indústria Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Nacional Gestão de Recursos Materiais Brasília 2010 Ricardo Caporossi Silva © 2010. SENAI – Departamento Nacional É proibida a reprodução total ou parcial deste material por qualquer meio ou sistema sem o prévio consentimento do editor. Equipe técnica que participou da elaboração desta obra SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Nacional Setor Bancário Norte, Quadra 1, Bloco C Edifício Roberto Simonsen – 70040-903 – Brasília – DF Tel.:(61)3317-9000 – Fax:(61)3317-9190 http://www.senai.br Coordenador Projeto Estratégico 14 DRs Luciano Mattiazzi Baumgartner - Departamento Regional do SENAI/SC Coordenador de EaD - SENAI/MT em Cuiabá Ricardo Caporossi Silva - SENAI/MT Coordenador de EaD – SENAI/SC em Florianópolis Diego de Castro Vieira - SENAI/SC em Florianópolis Design Gráfico Equipe de Desenvolvimento de Recursos Didáticos do SENAI/SC em Florianópolis Design Educacional, Diagramação, Ilustrações e Revisão Textual FabriCO Ficha catalográfica elaborada por Luciana Effting CRB 14/937 – SENAI/SC Florianópolis S586g Silva , Ricardo Caporossi Gestão de recursos materiais / Ricardo Caporossi Silva . Brasília: SENAI/DN, 2010. 138 p. : il. color ; 30 cm . Inclui bibliografias. 1. Administração de materiais . 2. Controle de estoque . 3. Logística empresarial . 4. Almoxarifado. I. SENAI. Departamento Nacional. II. Título. CDU 658.7 Apresentação do curso ............................................................................. 07 Plano de Curso ............................................................................................. 09 Unidade 1: Fundamentos da Gestão de Recursos Materiais ........ 11 Unidade 2: Identificação de Materiais .................................................. 21 Unidade 3: Gestão de Estoque ................................................................ 45 Unidade 4: Aquisição/Compra de Material......................................... 65 Unidade 5: Armazenagem/Almoxarifado ............................................ 89 Unidade 6: Movimentação de Material ................................................ 103 Unidade 7: Inspeção e Recebimento de Materiais ........................... 117 Unidade 8: Cadastro ................................................................................... 125 Sobre o autor ................................................................................................ 135 Referências ...................................................................................................... 137 Sumário 7 Caro aluno: Seja bem-vindo ao curso Gestão de Recursos Materiais! 5 A administração de materiais é uma função admi- nistrativa semelhante a outras funções de admi- nistração de recursos, tais como os recursos patri- moniais, humanos, financeiros e tecnológicos. Sua finalidade é dar garantia de existência contínua de um estoque, organizado de modo a nunca faltar ne- nhum dos itens que o compõem, sem tornar exces- sivo o investimento total. Para tanto, é necessário que o gestor conheça e apli- que os meios necessários ao suprimento de materiais imprescindíveis ao funcionamento da organização, no tempo oportuno, na quantidade necessária, na qualidade requerida e pelo menor custo, garantindo a otimização de recursos operacionais para que seus produtos se tornem mais competitivos. 1 Os conteúdos abordados neste curso foram parcialmente extraídos do site http://www.fortium.com.br/faculdadefortium. com.br/paulo%20_cesar/material/4245.pdf, que é utilizado por profissionais que atuam nesta área, como fonte de informação e atualização de dados. Apresentação do Curso 9 Carga horária 40 horas Ementa Fundamentos da Gestão de Recursos Materiais: estudo da gestão de recursos materiais e de seus subsistemas. Identificação de Materiais: explicita- ção de item de material; identificação de itens e especificação de materiais; considerações acerca de padronização e normalização. Gestão de Estoques: estudo do controle de estoque; estudo das políticas de estoque. Aquisição/compra de material: busca de compreensão do processo aquisição/compra; descri- ção de procedimentos operacionais. Armazenagem/ Almoxarifado: busca de compreensão da importância da atividade de armazenagem. Análise da movimen- tação de materiais. Inspeção e recebimento de Mate- riais: descrição do processo inspeção e recebimento. Cadastro: introdução a sistemas de informação. Objetivos Objetivo Geral Capacitar profissionais para atuar em processos de compra, armazenagem e movimentação de matérias-primas, materiais indiretos e equipamen- tos em empresas, em conformidade com as normas técnicas, ambientais, de qualidade e de segurança e saúde no trabalho. Plano de Curso 10 Objetivos Específicos Minimizar o investimento em estoques. Prever necessidades e disponibilidades de materiais. Prever as condições de mercado. Manter contato permanente com fornecedores, tanto atuais como em po- tencial, verificando preços, qualidade e outros fatores que tenham influência no material e nas condições de fornecimento. Pesquisar continuamente novos materiais, novas técnicas administrativas, novos equipamentos e novos fornecedores. Padronizar materiais, embalagens e fornecedores. Controlar disponibilidades de materiais e situação dos pedidos, tanto em relação a fornecedores como em relação à produção da empresa. Obter segurança de fornecimento. Armazenar matérias primas, ferramentas e produtos acabados e semi-acabados. Movimentar os materiais, entregando-os nos locais onde forem necessários. Organizar a disposição de móveis, máquinas e equipamentos para facilitar a estocagem e a movimentação. Obter preços mínimos de compra. Dar suporte à otimização do processo produtivo. Dar suporte à otimização de vendas. Melhorar a competitividade da empresa. 11 Objetivos Ao final desta unidade, você será capaz de compreender as principais atribuições do gestor de recursos materiais e os meios necessários ao suprimento de materiais im- prescindíveis para o funcionamento da or- ganização, no tempo oportuno, na quanti- dade necessária, na qualidade requerida e pelo menor custo. Aulas Acompanhe nesta unidade o estudo das aulas seguintes: Aula 1: Gestão de Recursos Materiais Aula 2: Subsistemas 1Fundamentos da Gestão de Recursos Materiais 12 Para Iniciar Visando à garantia da existência contínua de um estoque, pautada no controle das aquisições no momento oportuno, a administração de recursos materiais tem como um de seus principais objetivos a ma- nutenção dos itens necessários para a movimentação e a manufatura de produtos nas organizações. Aula 1: Gestão de Recursos Materiais Nesta aula, você vai aprender o que é Gestão de Recursos Materiais, vai entender quais são as responsabilidades e atribuições do gestor de materiais, os principais objetivos da administração de materiais e da área de administração de recursos materiais. A Gestão de Recursos Materiais é definida como um conjunto de atividades desen- volvidas dentro de uma empresa,de forma centralizada ou não, destinadas a suprir as diversas unidades, com os materiais necessários ao desempenho normal das respecti- vas atribuições. Tais atividades abrangem desde o circuito de reaprovisionamento, in- clusive compras, recebimento, armazenagem dos materiais, fornecimento dos materiais aos órgãos requisitantes, até as operações gerais de controle de estoques etc. Pergunta Quais são as responsabilidade e atribuições do gestor de materiais? Suprir a empresa por meio de compras de todos os materiais necessários ao seu funcionamento. Avaliar outras empresas como possíveis fornecedores. Supervisionar os almoxarifados da empresa. Controlar os estoques. 13Unidade 1 Gestão de Recursos Materiais Aplicar um sistema de reaprovisionamento adequado, fixando estoques mí- nimos, lotes econômicos e outros índices necessários ao gerenciamento dos estoques, segundo critérios aprovados pela direção da empresa. Manter contato com as gerências de produção, de controle de qualidade, de engenharia de produto, financeira etc. Estabelecer sistema de estocagem adequado. Coordenar os inventários rotativos. A administração de materiais A administração de materiais tem por finalidade principal assegurar o contínuo abastecimento de artigos necessários para comercialização direta ou capaz de atender aos serviços executados pela empresa. As empresas objetivam diminuir os custos operacionais para que elas e seus produtos possam ser competitivos no mercado. Mais especificamente, os materiais precisam ser de qualidade produtiva para assegurar a aceitação do produto final. Precisam estar na empresa prontos para o consumo na data desejada e com um preço de aquisição acessível, a fim de que o produto possa ser competitivo e, assim, dar à empresa um retorno satisfatório do capital investido. Pergunta Quais são os principais objetivos da área de administração de materiais? Preço baixo – esse é o objetivo mais óbvio e, certamente, um dos mais impor- tantes. Reduzir o preço de compra implica em aumentar os lucros, se mantida a mesma qualidade. Alto giro de estoques – implica em melhorar a utilização do capital, aumen- tando o retorno sobre os investimentos e reduzindo o valor do capital de giro. Baixo custo de aquisição e posse – dependem fundamentalmente da eficá- cia das áreas de controle de estoques, armazenamento e compras. Continuidade de fornecimento – é resultado de uma análise criteriosa quanto aos fornecedores. Os custos de produção, expedição e transportes são afetados diretamente por esse item. 14 Consistência de qualidade – a área de materiais é responsável apenas pela qualidade de materiais e serviços provenientes de fornecedores externos. Em algumas empresas, a qualidade dos produtos e/ou serviços constituem- se o único objetivo da gerência de materiais. Despesas com pessoal – obtenção de melhores resultados com a mesma despesa ou mesmo resultado com menor despesa – em ambos os casos, o objetivo é obter maior lucro final. Às vezes compensa investir mais em pessoal porque pode-se alcan- çar, com isso, outros objetivos, propiciando maior benefício com relação aos custos. Relações favoráveis com fornecedores – a posição de uma empresa no mundo dos negócios é, em alto grau, determinada pela maneira como ne- gocia com seus fornecedores. Aperfeiçoamento de pessoal – toda unidade deve estar interessada em aumentar a aptidão de seu pessoal. Bons registros – são considerados como o objetivo primário, pois contribuem para o papel da administração de material na sobrevivência e nos lucros da empresa, de forma indireta. Veja, na figura a seguir, o fluxo de atividades da gestão de materiais. Figura 1– Fluxo de atividades da gestão de materiais 15Unidade 1 Gestão de Recursos Materiais Análise econômico - financeira: é por meio dela que se analisa a capacida- de empresarial, as despesas e a lucratividade, visualizando, assim, as possibi- lidades de investimento. Programação e controle de estoque - consiste em definir o estoque ideal para as necessidades da empresa, e o controle visa a rapidez no atendimento, menor aplicação do capital de giro, possibilidades de rotatividade do estoque etc. Compras - a função de compras é um segmento essencial do departamen- to de materiais ou suprimentos, que tem por finalidade suprir as necessida- des de materiais ou serviços, planejá-las quantitativamente e satisfazê-las no momento certo com as quantidades corretas, verificar se recebeu efetiva- mente o que foi comprado e providenciar armazenamento. Nesta aula, você aprendeu o que é Gestão de Recursos Materiais, quais são as responsabilidades e atribuições do gestor de materiais e os principais objetivos da área de administração de recursos materiais. Na próxima aula, você vai conhecer as subfunções típicas e específicas da admi- nistração de materiais que são uma decomposição desta e propiciam a conse- cução de condições para uma boa administração de materiais. Aula 2: Subsistemas Os subsistemas da gestão de materiais, integrados de forma sistêmica, forne- cem os meios necessários à consecução das quatro condições básicas para uma boa administração de material: 1 tempo oportuno; 2 quantidade necessária; 3 qualidade requerida; 4 menor custo. Decompondo-se essa atividade em seus elementos componentes, encontram-se as seguintes subfunções típicas da administração de materiais, além de outras mais específicas de organizações mais complexas: 16 Subfunções típicas: Classificação de material – subsistema responsável pela identificação (espe- cificação), classificação, codificação, cadastramento e catalogação de material. Controle de estoque – subsistema responsável pela gestão econômica dos estoques, por meio do planejamento e da programação de material, com- preendendo a análise, a previsão, o controle e o ressuprimento de material. O estoque é necessário para que o processo de produção-venda da empresa opere com um número mínimo de preocupações e desníveis. Os estoques podem ser de: matéria-prima, produtos em fabricação e produtos acabados. O setor de controle de estoque acompanha e controla o nível de estoque e o investimento financeiro envolvido. Aquisição/Compra de material – subsistema responsável pela gestão, negociação e contratação de compras de material por meio do processo de licitação. O setor de compras preocupa-se sobremaneira com o estoque de matéria-prima. É responsabilidade de compras assegurar que as matérias- primas exigida pela produção estejam à disposição nas quantidades certas, nos períodos desejados. Compras não é somente responsável pela quan- tidade e pelo prazo, mas precisa também realizar a compra com o preço mais favorável possível, já que o custo da matéria-prima é um componente fundamental no custo do produto. Armazenagem/Almoxarifado – subsistema responsável pela gestão física dos estoques, compreendendo as atividades de guarda, preservação, emba- lagem, recepção e expedição de material, segundo determinadas normas e métodos de armazenamento. O almoxarifado é o responsável pela guarda física dos materiais em estoque, com exceção dos produtos em processo. É o local onde ficam armazenados os produtos para atender a produção e os materiais entregues pelos fornecedores. Movimentação de material – subsistema encarregado do controle e normalização das transações de recebimento, fornecimento, devoluções, transferências de materiais e quaisquer outros tipos de movimentações de entrada e de saída de material. Inspeção de recebimento – subsistema responsável pela verificação física e documental do recebimento de material, podendo ainda encarregar-se da verificação dos atributos qualitativos pelas normas de controle de qualidade. Cadastro – subsistema encarregado do cadastramento de fornecedores, pesquisa de mercado e compras. 17Unidade 1 Gestão de Recursos Materiais Subfunções específicas Inspeção de suprimentos– subsistema de apoio responsável pela verifi- cação da aplicação das normas e dos procedimentos estabelecidos para o funcionamento da administração de materiais em toda a organização, ana- lisando os desvios da política de suprimento traçada pela administração e proporcionando soluções. Padronização e normalização – subsistema de apoio, ao qual cabe a ob- tenção de menor número de variedades existentes de determinado tipo de material, por meio de sua unificação e especificação, propondo medidas de redução de estoques. Transporte de material – subsistema de apoio que se responsabiliza pela política e pela execução do transporte, movimentação e distribuição de material. A colocação do produto acabado nos clientes e as entregas das matérias-primas na fábrica é de responsabilidade do setor de transportes e distribuição. É nesse setor que se executa a administração da frota de veí- culos da empresa e onde também são contratadas as transportadoras que prestam serviços de entrega e coleta. A integração dessas subfunções funciona como um sistema de engrenagens que aciona a administração de material e permite a interface com outros sis- temas da organização. Assim, quando um item de material é recebido do for- necedor, houve, antes, todo um conjunto de ações inter-relacionadas para esse fim: o subsistema de controle de estoque aciona o subsistema de compras, que recorre ao subsistema de cadastro. Quando do recebimento do material pelo almoxarifado, o subsistema de ins- peção é acionado, de modo que os itens aceitos pela inspeção física e docu- mental são encaminhados ao subsistema de armazenagem para guarda nas unidades de estocagem próprias e demais providências, ao mesmo tempo em que o subsistema de controle de estoque é informado para proceder aos registros físicos e contábeis da movimentação de entrada. O subsistema de cadastro também é informado, para encerrar o dossiê de compras e proces- sar as anotações cadastrais pertinentes ao fornecimento. Os materiais recusa- dos pelo subsistema de inspeção são devolvidos ao fornecedor. A devolução é providenciada pelo subsistema de aquisição, que aciona o fornecedor para essa providência após ser informado, pela inspeção, de que o material não foi aceito. Igualmente, o subsistema de cadastro é informado do evento para providenciar o encerramento do processo de compra e processar, no cadastro de fornecedores, os registros pertinentes. 18 Quando o material é requisitado dos estoques, este evento é comunicado ao sub- sistema de controle de estoque pelo subsistema de armazenagem, que procede à baixa física e contábil, podendo gerar com isso uma ação de ressuprimento. Nes- se caso, é emitida pelo subsistema de controle de estoques uma ordem ao sub- sistema de compras, para que o material seja comprado de um dos fornecedores cadastrados e habilitados junto à organização pelo subsistema de cadastro. Após a concretização da compra, o subsistema de cadastro também fica responsável por providenciar, junto aos fornecedores, o cumprimento do prazo de entrega contratual, iniciando o ciclo, novamente, por ocasião do recebimento de material. Todos esses subsistemas não aparecem configurados na administração de ma- teriais de qualquer organização. As partes componentes dessa função depen- dem do tamanho, do tipo e da complexidade da organização, da natureza e de sua atividade-fim, e do número de itens do inventário. Colocando em Prática Parabéns! Você chegou ao final da Unidade 1. Agora, chegou a hora de colocar em prática o conteúdo que você estudou. Acesse o AVA para realizar as atividades de aprendizagem desta unidade. Se você estiver com dúvidas, procure seu tutor. Relembrando A Gestão de Recursos Materiais é o conjunto de atividades que abrangem o planejamento, a operação e o controle da aquisição, estocagem e movimentação de matéria-prima, componentes e pro- dutos, tanto semiacabados como acabados, desde o fornecedor, pas- sando pelas fases intermediárias, até o consumidor final. Seu objetivo básico é suprir os diversos setores da empresa com os materiais de que necessitam, com a qualidade requerida, na quantidade correta, no instante adequado, no local apropriado, ao mínimo custo e otimi- zando o resultado da organização. A administração de materiais é uma função administrativa seme- lhante a outras funções de administração de recursos, tais como os recursos patrimoniais, humanos, financeiros e tecnológicos. É de fun- damental importância para a gestão do negócio. É composta, basica- mente, pelas atividades de compras, estocagem e movimentação, interligadas pela atividade de planejamento e controle. 19Unidade 1 Gestão de Recursos Materiais Alongue-se Aproveite que você terminou esta unidade para relaxar um pouco. Levante-se, beba alguma coisa, alimente-se com algo leve, se achar ne- cessário, e, antes de partir para as próximas atividades, alongue-se um pouco para garantir a concentração na próxima etapa dos estudos. 21 Objetivo Ao final desta unidade, o aluno será capaz de compreender a importância de codificar os artefatos ou objetos como itens de materiais para melhor identificação destes durante os fluxos de entrada, armazenagem e saída. Aulas Acompanhe nesta unidade o estudo das aulas seguintes: Aula 1: Item de material Aula 2: Identificação de itens e especifica- ção de materiais Aula 3: Padronização e normalização 2Identificação de Materiais 22 Para Iniciar Ao conjunto de objetos (materiais) que possuem as mesmas carac- terísticas, damos o nome de item de material, cujo objetivo é iden- tificar/especificar suas propriedades de acordo com as normativas adotadas pelas instituições. Aula 1: Item de material2 Nesta aula, você vai aprender o que é um item de material e suas formas de identificação. Item de material é o nome dado ao conjunto de objetos (materiais) que possuem as mesmas características. Seu objetivo é identificar/especificar as propriedades desses objetos de acordo com as normativas adotadas pelas instituições. Um item de material em uma organização pode ser identificado de diversas for- mas, de acordo com sua utilização: código interno, número de desenho, código do fabricante, código do fornecedor, número de catálogo, amostra, protótipo, modelo, aplicação, nome, descrição, norma técnica, especificação, código inter- nacional de produtos (código de barras), código eletrônico de produto (EPC) etc. Como exemplo, consideremos uma lata de cerveja de 350 mililitros de uma determinada marca em uma prateleira de um supermercado. Apesar de po- der haver diferença entre uma lata e outra (pequenas diferenças dimensio- nais, de peso etc.), para o cliente que adquire uma lata, essas diferenças não têm praticamente interesse algum. A lata de cerveja do exemplo acima é um item de material (o código de barras que identifica o produto é o mesmo para as diversas latas). As características que definem essa lata (volume líquido, composição, tipo de lata, marca, tipo de cerveja etc.) são as mesmas para as diversas latas. 2 O conteúdo abordado nesta aula foi parcialmente extraído do site http://www. www.eanbrasil.org. br, que é utilizado por profissionais que atuam nesta área, como fonte de informação e atualização de modelos de documentos e normativas. 23Unidade 2 Gestão de Recursos Materiais Uma caixa de latas de cerveja também pode ser considerada um item de mate- rial. Nesse caso, poderíamos ter a mesma lata de cerveja do exemplo anterior, porém, agora, em forma de caixa com 24 latas. Esse novo item identifica o mes- mo produto básico, porém, em embalagem diferente. Estocar duas caixas de 24 latas significa estocar 48 latas. A unidade de estoca- gem em caixas de 24 latas é diferente da unidade de estocagem em latas. O termo SKU (Stock Keeping Unit) é, muitas vezes, utilizado para designar um item de estoque, geralmente por meio de um código de barras. Um item pode especificar, também, um produto vendido a granel. Quando colo- camos combustívelem um posto, o álcool comum é um item. O mesmo álcool em uma embalagem de 1 litro é outro item. Um item pode se referir, ainda, a um conjunto de peças iguais em uma embala- gem (uma caixa de borracha escolar com várias borrachas) ou a um conjunto de peças diferentes (um “kit” de ferramentas, por exemplo). A embalagem com que o material é comercializado, por ser uma característica que pode ser importante para o cliente, pode determinar a existência de itens diferentes para o mesmo material básico. Como exemplo, álcool em embalagens de 1 litro é um item diferente de álcool em embalagens de ½ litro. Como exemplo, álcool em embalagens de 1 litro é um item diferente de álcool em embalagens de ½ litro. A marca do produto é uma característica importante para o cliente em um supermercado, devido ao preço, à confiança na marca, à forma da embalagem, etc. Em um supermercado, para cada marca, tem-se um item diferente. Em um setor de manutenção de uma empresa, a marca do álcool utilizado para a limpeza não é importante, desde que o produto tenha a qualidade requerida. Nesse caso, para as várias marcas, pode-se ter um só item. Pergunta Você sabe o que são itens de estoque e itens não de estoque? 24 Nome do Curso Numa empresa, existem itens que são estocados e itens que são utilizados imediatamente após a aquisição (ou que se comportam, para fins con- tábeis, como se fossem utilizados imediatamente após a aquisição). Geralmente, são denominados, respectivamente, itens de estoque e itens não de estoque. As formas usuais de identificação de um item, atu- almente, são: código de barras; código impresso em etiquetas. Normalmente, o código de barras vem acompa- nhado do código impresso. Uma forma moderna de identificação é o código eletrônico de produto (Electronic Product Code – EPC), que consiste em uma etiqueta com um circui- to eletrônico, contendo o código de identificação, capaz de transmitir esse código por radiofrequência quando ativado por um aparelho leitor. O padrão EPC permite a identificação do produto com um número de parte e também com o número de série. Dica Você ainda não sabe o que é número de parte e número de série? Isso você aprenderá na próxima aula. No endereço <www.eanbrasil.org.br>, você encontra detalhes sobre os vários tipos de códigos de barras. 25Unidade 2 Gestão de Recursos Materiais Figura 2 – Modelo de EPC Fonte: <http://www.eanbrasil.org.br> Os códigos de barras para itens comerciais são normalizados, atualmente, pelas organizações GS1 mundiais. No Brasil, temos a GS1 Brasil (Associação Brasileira de Automação), encarregada de administrar e disseminar, em todo o território brasileiro, o Código Nacional de Produtos, Sistema GS1. Os códigos de barras são também utilizados, na área de logística, para identifi- cação de unidades logísticas. Dica Unidade logística, segundo a GS1, é a unidade física determinada para transporte e estocagem de mercadorias de qualquer tipo que necessite ser gerenciada e rastreada individualmente na cadeia de suprimentos (caixa, tambor, fardo, palete e contêiner). Figura 3: Figura 3 – Identificação de unidade logística por meio de número global de item comercial Fonte: GS1 Brasil (2006) 26 Figura 4: Figura 4 – Identificação de unidade logística usando número global de localização Fonte: GS1 Brasil (2006) Figura 5: Identificação de unidade logística por código serial Fonte: GS1 Brasil (2006) Nesta aula, você aprendeu o que é um item de material e viu suas formas de identificação. Na próxima aula, você vai aprender o que é número de parte e número de série, o que são itens serializados, o que é um lote e como identifi- cá-lo, a importância da rastreabilidade, o que é a identificação por atributos, a especificação e a classificação de materiais. 27Unidade 2 Gestão de Recursos Materiais Aula 2: Identificação de itens e especificação de materiais Nesta aula, você vai aprender o que é número de parte e número de série, o que são itens serializados, o que é um lote e como identificá-lo, a importância da rastreabilidade, o que é a identificação por atributos, a especificação e a classificação de materiais. Número de parte e número de série Os códigos de identificação de itens de material são, geralmente, conhecidos na indústria como número de parte. No comércio, costuma-se dar a denomi- nação de código do produto ou código de item. Às vezes, são denominados número de peça, o que nem sempre é adequado, principalmente para mate- riais vendidos a granel (exemplo: mangueira vendida em metros) ou vendidos em caixas com várias peças (exemplo: caixa com quatro velas para um motor de automóvel) ou, ainda, quando se tem um conjunto ou um kit de peças. Um número de parte identifica um tipo (classe) de objeto, ou seja, um conjunto de objetos com as mesmas características. Dica Se, na prateleira de um almoxarifado, houver um estoque de 15 parafusos com determinadas características (tipo de material, tipo de rosca, tipo de cabeça, tipo de acabamento, dimensões etc.), todos eles têm o mesmo número de parte e um parafuso não se distingue do outro. Igualmente, se tivermos um estoque de oito televisores de um determinado modelo de um fabricante, todos eles possuem o mesmo número de parte. Há, porém, uma diferença importante entre um parafuso e um televisor. No caso do parafuso, não existe interesse em se identificar cada um dos 15 parafu- sos individualmente, ao passo que, no caso do televisor, principalmente devido aos controles de garantia, há necessidade de identificação individual de cada um dos oito televisores. Essa identificação é feita por um código denominado 28 número de série (às vezes, não é propriamente um número, pois pode conter caracteres alfabéticos e outros). O número de série é, portanto, uma espécie de detalhamento do número de parte. Os itens para os quais há necessidade de utilização de número de série são co- nhecidos, habitualmente, como itens serializados. Dica O número do chassi de um automóvel é um número de série típico. Na fabricação de automóveis, todos os chassis com as mesmas características correspondem ao mesmo item, tendo o mesmo número de parte, porém possuem números de série diferentes. Cada chassi possui um número de série que o individualiza. O número de série de produtos industriais geralmente é estampado no chassi ou no componente mais volumoso do produto e, preferivelmente, não deve ser colocado em forma de etiqueta com fácil remoção. Em produtos importados o número de parte e o número de série são denomi- nados, geralmente, “part number” (PN) e “serial number” (SN). Em algumas atividades de manutenção, é fundamental a serialização de com- ponentes, como, por exemplo, na aviação, onde cada peça importante deve ter uma ficha de controle de manutenção. Veja um exemplo na imagem a seguir. Figura 6: Itens como notebooks possuem números de parte e de série Acima, temos vários notebooks iguais. Na consulta ao estoque, usamos o número de parte (empregado normalmente no código de barras da etiqueta colada ao produto ou na própria caixa de sua embalagem), que poderia ser algo como: P/N 345678. No exemplo da figura acima, teríamos um estoque de seis unidades. 29Unidade 2 Gestão de Recursos Materiais Cada notebook possui um número de série próprio. No exemplo acima podería- mos ter, para os seis notebooks, os respectivos números de série: S/N 23489421, S/N 23489658, S/N 23489766, S/N 23489816, S/N 23489832 e S/N 23489854. Ao se vender um notebook, é necessário especificar, na nota fiscal, seu modelo, por meio do número de parte (eventualmente, pode-se colocar, também, o número de série na nota fiscal). No documento de garantia, a identificação do notebook entre- gue ao cliente é feita pelo número de parte mais o número de série. Identificação de lotes Certos materiais, tanto por necessidade legal como por interesse de controle de qualidade, devem ser identificados por lotes de fabricação. Essa identificaçãopode ser feita no próprio produto ou em sua embalagem e visa a localizar todos os produtos (peças, remédios, produtos metalúrgicos, alimentos etc.) com algum tipo de problema detectado tanto pelos clientes como pela própria empresa. Pergunta O que é um lote de fabricação? Um lote de fabricação é um conjunto de produtos obtidos com o mesmo pro- cesso de fabricação, as mesmas matérias-primas e, eventualmente, os mesmos operadores do processo. Atenção Uma empresa que fabrica parafusos, por exemplo, pode detectar uma incidência muito grande de refugos no processo de fabricação. É importante, nesse caso, que o controle de produção permita rastrear o processo de fabricação até a identificação do lote da matéria-prima utilizada no processo, para poder pesquisar as possíveis causas do problema. Essa característica de “rastreabilidade” é muito importante no processo de fa- bricação para se poder ter garantia de qualidade do processo. A identificação por lotes é uma espécie de intermediário entre o número de série e o número de parte. Nos produtos serializados, o lote fica facilmente 30 identificado pela faixa de números de série desde o início da série de fabricação até o final. Uma variante de identificação por lotes é a data de fabricação, com a ressalva de que nem sempre serve para identificar exatamente um lote. Identificação pelos atributos A descrição de um item por meio de suas características (atributos, proprieda- des), conhecida por nome, nomenclatura, descrição, denominação, designa- ção, especificação etc., é uma das formas de identificação de materiais. Pergunta O que é a nomenclatura de materiais e como ela ocorre numa empresa? O conjunto de descrições de materiais forma a nomenclatura de materiais da empresa. É altamente interessante a padronização da nomenclatura. Uma no- menclatura padronizada é formada por uma estrutura de nomes ou palavras- chave (nome básico e nomes modificadores), dimensões, características físicas em geral (tensão, cor etc.), embalagem, aplicação, características químicas etc. É conhecida, também, como nomenclatura estruturada. Pergunta Qual é a diferença entre nome básico e nome modificador? O nome básico é a denominação inicial da descrição (exemplo: arruela, para- fuso etc.), enquanto o nome modificador é um complemento do nome básico (exemplo para arruela: pressão, lisa, de cobre etc.). Um nome básico pode estar associado a vários modificadores. Exemplo: arruela lisa de cobre, espessura 0,5 mm, diâmetro interno 6 mm, diâmetro externo 14 mm. nome básico: arruela; modificadores: lisa, de cobre etc. 31Unidade 2 Gestão de Recursos Materiais A nomenclatura deve ser apresentada em catálogos em diversas ordens para que haja facilidade de se encontrar o código de identificação a partir do nome ou vice-versa, ou então para se encontrar o material pretendido a par- tir de características conhecidas. Especificação de materiais O termo especificação é, em geral, empregado com o significado de identificar precisamente o material, de modo a torná-lo inconfundível (ou seja, específico), principalmente para fins de aquisição. Atenção Descrição, nome, nomenclatura e designação são termos que não devem ser confundidos com especificação. A especificação de um material pode ser feita separando-se as características de composição das características de dimensões e de embalagem. Assim, uma es- pecificação de composição pode servir para itens com dimensões e embalagens diferentes. Por exemplo, a especificação de um plástico para bacias pode ser a mesma para bacias de dimensões diferentes. Analogamente, a especificação de um líquido (por exemplo, álcool hidratado) pode ser a mesma tanto para emba- lagens plásticas de 1 litro como para embalagens plásticas de 0,5 litro. Por esse motivo, as especificações de composição podem ter uma codificação indepen- dente da codificação de itens de material. Classificação de materiais A classificação tem a finalidade de separar um conjunto de itens em classes. É importante distinguir-se bem a diferença entre identificação e classificação. Atenção A identificação busca uma identidade do material, ou seja, busca torná-lo único. Um item só pode estar associado a um único código de identificação, ao passo que pode estar associado a várias classes simultaneamente. 32 É recomendável que o sistema de classificação permita que um mesmo item possa ser classificado em tantas classes quantas forem necessárias. Assim, o produto álcool pode ser classificado, por função, como solvente, como combus- tível e como produto de limpeza. A seguir, você pode ver exemplos dos diversos tipos de classificação que podem ser feitas com os itens de uma empresa. Natureza: características físico-químicas Produtos de aço: barras, chapas etc. Produtos de petróleo: combustíveis,, graxas, óleos etc. Madeiras: compensados, tábuas, toras etc. Produtos químicos: ácidos, acetatos, nitratos etc. Função: o que o material faz Combustíveis: gasolina, álcool etc. Materiais de fixação e ligação: pregos, parafusos, porcas etc. Produtos de limpeza: álcool, detergente etc. Solventes: álcool, querosene, aguarrás etc. Rolamentos: de esfera, de rolos cônicos, de agulhas etc. Aplicação por equipamento Peças para bombas centrífugas. Peças para motores a gasolina. Aplicação por setor genérico Materiais para escritório Materiais para laboratório 33Unidade 2 Gestão de Recursos Materiais Aplicação por setor específico Materiais para o CPD. Materiais para a seção de forjaria. Aplicação por projeto Materiais para ampliação da ala de produção número 3. Materiais para o protótipo xh5. Criticidade: grau de imprescindibilidade Grau 1: paralisa setores importantes, acarreta riscos de vida, não há mate- riais alternativos. Grau 2: paralisa setores importantes, acarreta riscos de vida, há materiais alternativos. Grau 3: paralisa setores importantes, não acarreta riscos de vida, não há materiais alternativos. Grau 4. Etc. Origem: onde é obtido Internamente fabricado. Produzido no mercado nacional. Produzido no exterior e adquirido no mercado nacional. Importado. Recuperado. Fiscal: para fins de tributação Produto acabado. Matéria-prima. Produto em processo. Insumos para produção. 34 Materiais para embalagem. Materiais para manutenção. Materiais para obras em andamento. Materiais para revenda. Materiais para alienação. Materiais de consumo. Valor de utilização: curva ABC A: materiais de alto valor de utilização. B: materiais de médio valor de utilização. C: materiais de baixo valor de utilização. Valor de estoque: método ABC A: materiais com alto valor de estoque. B: materiais com médio valor de estoque. C: materiais com baixo valor de estoque. Dificuldade de aquisição Sazonalidade de mercado. Greves no setor. Regulamentados: cotas de fornecimento, explosivos etc. Transporte difícil. Monopólio/tecnologia exclusiva/cartéis. Padrão de mercado, fabricação por encomenda. Padrão de mercado, fabricação normal: parafusos, pregos etc. Não padrão de mercado, fabricação sob especificação. Importado. Alta tecnologia. 35Unidade 2 Gestão de Recursos Materiais Frequência de demanda Consumo regular. Consumo irregular. Consumo eventual. Dificuldade de armazenagem Umidade. Inflamáveis. Explosivos. Peso muito grande. Volume muito grande. Temperatura. Manuseio especial. Voláteis. Oxidáveis. Tóxicos. Radiativos. Corrosivos. Forma irregular. Combustíveis. Periculosidade Norma NBR 7502 da ABNT. Recuperação Reparáveis. Reprocessamento. Reutilização: embalagens, paletes. Irrecuperáveis. 36 Perecimento Tempo de estocagem. Data limite. Contaminação. Higroscopia. Instabilidade química. Magnetização/desmagnetização. Fragilidade. Volatilidade. Ação de seres vivos. Deposição. Ação da luz. Mudança de temperatura. Ação da gravidade. Corrosão. Pressão (empilhamento). Linha de produtos de fornecedores Materiais de escritório. Materiais de construção. Tecidos. Tintas e vernizes. Produtos eletrônicos. Materiais elétricos. Métodos de ressuprimento Ponto de ressuprimento. Calendário. Estoque base. MRP. 37Unidade 2 Gestão de Recursos Materiais Quem compra Adquiridos pelo departamento de compra. Adquiridos por fundo fixo. Estoque/não de estoque Estoque normal: parafusos, porcas, tintas etc. Estoque eventual: cimento, cal, areia etc. Não de estoque: pincel atômico, corretor de datilografia etc. Previsão Previsão feita por computador. Previsão manual pelo setor de suprimentos. Previsão feita pelos setores usuários. Controle de estoques Controle central pelo sistema de computação. Controle manual pelo usuário. Controle de qualidade Controle visual pelo almoxarifado recebedor. Controle pelo laboratório da empresa. Controle no IPT. Localização de estoques Só no almoxarifado central. Só nos almoxarifados locais. Em qualquer almoxarifado. 38 Nesta aula, você aprendeu o que é número de parte e número de série, o que são itens serializados, o que é um lote e como identificá-lo, a importância da rastreabilidade, o que é a identificação por atributos, a especificação e a classi- ficação de materiais. Na próxima aula, você vai aprender o que é padronização e normalização, seus objetivos, vantagens e desvantagens, o que são normas técnicas, o que é a ABNT e como consultar as normas. Aula 3: Padronização e normalização3 Nesta aula, você vai aprender o que é padronização, o que é normalização, seus objetivos, suas vantagens e desvantagens, o que são normas técnicas, o que é a ABNT e como consultar as normas. A excessiva variedade de itens em uma empresa causa um aumento de custo, tanto devido ao excesso de estoques como devido à necessidade de controlar muitos itens. É importante que uma organização se preocupe em reduzir a va- riedade de itens ao estritamente necessário. A utilização de itens que não são típicos do mercado fornecedor também é fator de custos para a empresa, pois esses materiais, geralmente, acabam sendo mais caros por falta de economia de escala. Padronização A padronização de materiais busca reduzir a variedade de itens e, ao mesmo tem- po, a utilização de materiais que são facilmente encontrados no mercado forne- cedor, desde que, naturalmente, atendam às exigências de qualidade da empresa. 3 O conteúdo abordado nesta aula foi parcialmente extraído do site http://www.abnt.org.br, que é utilizado por profissionais que atuam nesta área, como fonte de informação e atualização de mode- los de documentos e normativas. 39Unidade 2 Gestão de Recursos Materiais No estudo de padrões, deve-se atentar para os organismos de padronização em geral (ABNT, ISO, DIN, ASTM, NEMA, ANSI etc.), procurando-se normas impos- tas por legislação e de maior uso no mercado fornecedor. Dica A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é o organismo oficial de normalização no Brasil, representando-o nos organismos internacionais. Normalização Pergunta O que é normalização? É o processo de formulação e aplicação de regras para um tratamento ordena- do de uma atividade específica, para o benefício e com a cooperação de todos os interessados e em particular para a promoção da economia global ótima, levando na devida conta condições funcionais e requisitos de segurança. A normalização contribui fortemente para a padronização. É um fator de redu- ção de custos em nível macroeconômico, pois facilita o intercâmbio de produ- tos, tende a reduzir o desperdício, facilita o treinamento, melhora a qualidade dos produtos e aumenta a produtividade. Pergunta O que são normas técnicas?4 Normas técnicas são, basicamente, um conjunto de diretrizes que garantem a qualidade de um produto ou serviço. A ABNT é o fórum nacional da normali- zação. As normas brasileiras, cujo conteúdo é de responsabilidade dos comitês brasileiros (CB) e dos organismos de normalização setorial (ONS), são elabo- radas por comissões de estudo (CE), formadas por representantes dos setores 4 http://www.abnt.org.br/normal_oque_body.htm 40 envolvidos, delas fazendo parte: produtores, consumidores e neutros (universi- dades, laboratórios e outros). A norma técnica tem o caráter de lei, pois ela serve de base para analisar se um produto ou serviço está dentro dos critérios de qualidade exigidos. O Código de Defesa do Consumidor, criado pela Lei nº 8078, em seu artigo 39, inciso VIII, deixa isso bem claro (BRASIL, 1990): É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços: [...] colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Commetro). Pergunta Quais são os objetivos da normalização? Simplificação: redução da crescente variedade de procedimentos e tipos de produtos. Comunicação: proporciona meios mais eficientes para a troca de informa- ção entre o fabricante e o cliente, melhorando a confiabilidade das relações comerciais e de serviços. Economia: visa à economia global, tanto do lado do produtor como do consumidor. Segurança: a proteção da vida humana e da saúde é considerada como um dos principais objetivos da normalização. Proteção ao consumidor: a norma traz à comunidade a possibilidade da aferir a qualidade dos produtos. Eliminação das barreiras comerciais: a normalização evita a existência de regulamentos conflitantes sobre produtos e serviços em diferentes países, facilitando assim o intercâmbio comercial. Pergunta Quais são as vantagens da normalização? 41Unidade 2 Gestão de Recursos Materiais Vantagens qualitativas: 1 Utiliza adequadamente os recursos – equipamentos, materiais e mão de obra. 2 Disciplina a produção e as atividades, uniformizando o trabalho. 3 Facilita o treinamento e melhora o nível técnico da mão de obra. 4 Registra o conhecimento tecnológico. 5 Facilita a contratação ou venda de tecnologia. Vantagens quantitativas: 1 Reduz o consumo e o desperdício (gestão de materiais). 2 Especifica matérias-primas. 3 Padroniza componentes e equipamentos. 4 Reduz as variedades de produtos. 5 Fornece procedimentos para cálculos e projetos. 6 Aumenta a produtividade. 7 Melhora a qualidade de produtos e serviços. 8 Controla produtos e processos. Pergunta Como consultar as normas? Você pode consultar as normas técnicas brasileiras e da Associação Mercosul de Normalização disponíveis para as diversas áreas de atividade no site da ABNT: <http://www.abntcatalogo.com.br/>. 42 A ABNT Fundada em 1940, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é o órgão responsável pela normalização técnica no país, fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro. A ABNT é membro fundador da ISSO (International Organization for Standardization), da COPANT (Comissão Pan- americana de Normas Técnicas) e do CMN (Comitê Mercosul de Normalização). Objetivos da ABNT Promover a elaboração de normas técnicas e fomentar seu uso nos campos científico, técnico, industrial, comercial, agrícola e correlatos, mantendo-as atualizadas, apoiando-se, para tanto, na melhor experiência técnica e em trabalhos de laboratório. Incentivar e promover a participação das comunidades técnicas na pesquisa, no desenvolvimento e na difusão da normalização técnica do País. Representar o Brasil nas entidades internacionais de normalização técnica. Colaborar com organizações similares estrangeiras, intercambiando normas e informações técnicas. Colaborar com o Estado no estudo e na solução dos problemas que se rela- cionem com a normalização técnica em geral. Conceder marca de conformidade e outros certificados referentes à adoção de normas ou documentos técnicos. Prestar serviços no campo de normalização técnica. Intermediar junto aos poderes públicos os interesses da sociedade civil no tocante aos assuntos de normalização técnica. A ABNT é a única representante no Brasil das entidades de normalização inter- nacional ISO e IEC (International Electro technical Commission) e das entidades de normalização regional COPANT (Comissão Pan-americana de Normas Técni- cas) e CMN (Comitê Mercosul de Normalização). 43Unidade 2 Gestão de Recursos Materiais Exemplo Association Francaise de Normalisation (AFNOR) American Concrete Institute (ACI) American National Standards Institute (ANSI) American Society of Mechanical Engineers (ASME) American Society for Testing and Materials (ASTM) British Standards Institution (BSI) Canadian Standards Association (CSA) Dansk Standard (DS) Deutsches Institut fuer Normung – German Institute for Standardization (DIN) Institute of Electrical and Electronics Engineers, Inc. (IEEE) Japanese Industrial Standards (JIS) National Electrical Manufacturers Association (NEMA) Nederlands Normalisatie-instituut (NNI) Norges Standardiseringsforbund (NSF) International Standards Organization (ISO) Standards Australia (SAA) Society of Automotive Engineers (SAE) Standards Association of New Zealand (SANZ) Ente Nazionale Italiano di Unificazione (UNI) Etc. Nesta aula, você aprendeu o que é padronização, o que é normalização, seus objetivos, suas vantagens e desvantagens, o que são normas técnicas, o que é a ABNT e como consultar as normas. 44 Colocando em Prática Parabéns! Você chegou ao final da unidade 2. Agora, chegou a hora de colocar em prática o conteúdo que você estudou. Acesse o AVA para realizar as atividades de aprendizagem desta unidade. Se você estiver com dúvidas, procure seu tutor. Relembrando Nesta unidade, você aprendeu o que é um item de material e viu suas formas de identificação. Aprendeu o que é número de parte e nú- mero de série, o que são itens serializados, o que é um lote e como identificá-lo, a importância da rastreabilidade, o que é a identificação por atributos, a especificação e a classificação de materiais. Além disso, aprendeu o que é padronização e normalização, seus objetivos, van- tagens e desvantagens, o que são normas técnicas, o que é a ABNT e como consultar as normas. Saiba Mais Para saber mais sobre os vários tipos de códigos de barras, acesse: <http://www.eanbrasil.org.br>. Para saber mais sobre sistema GS1, acesse: <http://www.gs1br.org/main.jsp?lumPageId=480F89A821868A2A01218 8E875875EBC>. Para saber mais sobre normas técnicas da ABNT, consulte: <http://www.abnt.org.br>. Alongue-se Agora que você terminou a Unidade 2, descanse um pouco. Levante- se, beba alguma coisa, alimente-se com algo leve, se achar necessário. Depois, inspire lentamente, pelo nariz, contando até cinco. Solte o ar, assoprando-o pela boca, também contando até cinco. Repita essa respiração dez vezes ou mais, se desejar. Quando se sentir descansado, retome seus estudos. 45 Objetivo Ao final desta unidade, você será capaz de defi- nir uma gestão estratégia de estoque eficiente para atender ao consumidor final sem incorrer em custos desnecessários de inventário. Aulas Acompanhe nesta unidade o estudo das aulas seguintes: Aula 1: Controle de estoque Aula 2: Políticas de estoque 3Gestão de Estoques 46 Para Iniciar O desafio de uma gestão de estoque eficiente é atender ao consumidor final sem incorrer em custos desnecessários de inventário. Para tanto, o gestor deve implantar uma política de estoque, visando a esta- belecer certos padrões que sirvam de guias aos programadores e controla- dores e também de critérios para medir a performance do departamento. Aula 1: Controle de estoque Nesta aula, você vai aprender o que é o controle de estoque, os objetivos da ges- tão e controle de estoque e os princípios básicos para o controle de estoques. Controle de estoque é o subsistema responsável pela gestão econômica dos estoques, através do planejamento e da programação de material, compreen- dendo a análise, a previsão, o controle e o ressuprimento desses estoques. Atenção O estoque é necessário para que o processo de produção-venda da empresa opere com um número mínimo de preocupações e desníveis. O desafio de uma gestão de estoque eficiente é atender ao consumidor final sem incorrer em custos desnecessários de inventário. E é por meio da reposição eficiente que os compradores podem contribuir me- lhor para o crescimento dos negócios da empresa. Os objetivos da gestão e controle de estoque são: Disponibilizar produtos para venda: produto que não há em estoque não pode ser vendido. Obter melhores preços: melhores negociações com fornecedores. 47Unidade 3 Gestão de Recursos Materiais Equilibrar demanda e oferta: preparar para promoção ou período sazonal. Ex.: dia das mães, dia dos namorados, chegada do inverno etc. Proteger contra incertezas: maior previsibilidade, variações na demanda, atrasos do fornecedor, ocorrências na viagem etc. Fracionar produtos para as lojas: guardar produtos que não podem ir dire- to para as lojas, principalmente por falta de espaço no ponto de venda. Princípios básicos para o controle de estoques Para organizar um setor de controle de estoques, é preciso, inicialmente, des- crever as suas funções principais: determinar os itens que devem permanecer em estoque; determinar a periodicidade com que deve ser reabastecido o estoque; determinar o volume necessário de estoque para um determinado período; acionar o departamento de compras para executar a aquisição de estoque; receber, armazenar e atender os materiais estocados de acordo com as necessidades; controlar os estoques em termos de quantidade e valor e fornecer infor- mações sobre a posição do estoque; manter inventários periódicos para avaliação das quantidades e estado dos materiais estocados; identificar e retirar do estoque os itens obsoletos e danificados. Após determinar essas funções, devem-se separar os materiais estocados, de acordo com as suas características. Dica Os principais tipos de estoques encontrados dentro de uma empresa são: matérias-primas, produtos em processo, produtos acabados e peças de manutenção. 48 Matérias-primas São os materiais básicos e necessários para produção do produto acabado, sen- do que seu consumo é proporcional ao volume de produção. Em algumas em- presas que fabricam produtos mais complexos com inúmeras partes, o estoque de matérias-primas pode consistir em itens já processados, que foram compra- dos de outra companhias ou transferidos de outra divisão da empresa. O volu- me real de cada matéria-prima depende do tempo de reposição que a empresa leva para receber seus pedidos, da frequência do uso, do investimento exigido e das características físicas do estoque. Outros fatores que afetam o nível das matérias-primas são certas características físicas como tamanho e durabilidade. Produtos em processo Deve ser tomar uma especial atenção para o nível de produtos em processo, pois quanto maior ele for maiores serão os custos. Uma gestão de estoques efi- ciente deverá reduzir o estoque dos produtos em processo, o que deve acelerar a rotatividade do estoque e diminuir a necessidade de caixa. O estoque de produtos em processo consiste em todos os materiais que estão sendo usados no processo fabril. Eles são, em geral, produtos parcialmente acabados que estão em algum estágio intermediário da produção. É conside- rado produto em processo qualquer peça ou componente que já foi de alguma forma processada, mas que adquire outras características no fim do processo produtivo. O nível de estoques de produtos em processos depende em grandeparte da extensão e complexidade do processo produtivo. Quanto maior for o ciclo de produção, maior o nível esperado de produtos em processo. Produtos acabados Os estoques de produtos acabados são formados por itens que já foram produzi- dos, mas ainda não foram vendidos. Nas empresas que produzem por encomen- da o estoque é muito baixo, tendendo a zero, pois teoricamente todos os itens já foram vendidos antes de serem produzidos. Já no caso das empresas que produ- zem para estoque, onde os produtos são fabricados antes da venda, o nível de produtos acabados é determinado na maioria das vezes pela previsão de vendas. Para adequar o estoque da empresa ao nível de demanda exigido, deve haver uma grande harmonia entre a programação da produção e a gestão de esto- ques e o departamento de vendas, para que a produção forneça uma quanti- dade suficiente de produtos acabados para satisfazer as previsões de vendas sem criar estoques em excesso. 49Unidade 3 Gestão de Recursos Materiais Um fator importante quanto aos produtos acabados é o seu grau de liquidez. Uma empresa que vende um produto de consumo popular pode estar mais segura se mantiver níveis altos de estoques do que outra que produz produtos relativamente especializados. Quanto mais líquidos e menos sujeitos a obsoles- cência forem os produtos acabados de uma empresa, maiores serão os níveis de estoque que ela poderá suportar. Peças de manutenção As peças de manutenção são tão importantes quanto a matéria-prima, pois a interrupção da produção por um equipamento ocioso pode levar ao adiamento de um prazo de entrega ao cliente ou a perda ocasional da encomenda quando não do cliente. Assim atualmente as empresas tem dado uma maior atenção às peças de reposição. Conflitos interdepartamentais Uma das principais dificuldades dentro da gestão/controle de estoque está em buscar conciliar da melhor maneira possível os diferentes objetivos de cada departamento da empresa, sem prejudicar sua operacionalidade. 50 Exemplo Tabela 1: Impacto do estoque de matéria-prima alta nos setores da empresa Matéria-prima (Alto estoque) DEPTO. DE COMPRAS Desconto sobre as quanti- dades a serem compradas. DEPTO. FINANCEIRO Capital investido. Perda financeira. Matéria-prima (Alto estoque) DEPTO. PRODUÇÃO Nenhum risco de falta de material. DEPTO. FINANCEIRO Maior custo de armazena- gem e perdas por obsoles- cência. Matéria-prima (Alto estoque) DEPTO. VENDAS Entregas rápidas, boa ima- gem, melhores vendas. DEPTO. FINANCEIRO Capital investido. Maior custo de armazena- gem. Dica Portanto, a gestão dos estoques não deve se preocupar apenas com o fluxo diário de materiais entre vendas e compras, mas com a relação lógica entre cada integrante desse fluxo, trazendo uma mudança na forma tradicional de encarar o estoque. Deficiências no controle de estoque Segundo Neushel e Fueler (1993), as deficiências do controle de estoque nor- malmente são mostradas por reclamações contra sintomas específicos, entre os quais podem-se citar: 51Unidade 3 Gestão de Recursos Materiais Periódicas e grandes dilatações dos prazos de entregas para os produtos acabados e dos tempos de reposição de matéria –prima. Quantidades maiores de estoque, enquanto a produção permanece constante. Elevação do número de cancelamento de pedidos ou mesmo devoluções de produtos acabados. Variação excessiva da quantidade a ser produzida. Produção parada frequentemente por falta de material. Falta de espaço para armazenamento. Baixa rotação de estoques. Todas essas deficiências devem chamar a atenção da empresa para que ela rea- valie a sua política estoques, pois todas elas resultam numa perda de capital. Nesta aula, você aprendeu o que é o controle de estoque, os objetivos da gestão e controle de estoque e os princípios básicos para o controle de estoques. Na próxima aula, você vai aprender o que é política de estoque, grau de atendimento, dimensionamento de estoques, previsão de estoques e os fatores que podem alte- rar o comportamento do consumo, além de maneiras de se estimar o consumo. Aula 2: Políticas de estoque5 Nesta aula, você vai aprender o que é política de estoque, grau de atendimento, dimensionamento de estoques, previsão de estoques e os fatores que podem al- terar o comportamento do consumo, além de maneiras de se estimar o consumo. A política de estoque visa a estabelecer certos padrões que sirvam de guias aos programadores e controladores e também de critérios para medir a performance do departamento de gestão de estoques. Veja, a seguir, quais são esses padrões e critérios: 5 O conteúdo abordado nesta aula foi parcialmente extraído do site: www.eps.ufsc.br/labs/grad/dis- ciplinas/GerenciaDeMateirais/99.1/GestaoDeEstoques.doc 52 Definir metas da empresa quanto ao tempo de entrega dos produtos ao cliente. Definir o número de depósitos e/ou almoxarifes e da lista de materiais a serem estocados neles. Definir o nível de flutuação dos estoques para atender uma alto ou baixa nas vendas. Definir o grau de especulação dos estoques a ser utilizado. Definir a rotatividade dos estoques. Pergunta Você sabe o que é grau de atendimento? Existe uma relação entre o capital investido e a previsão de consumo, indicada como grau de atendimento (em %), que indica quanto da parcela de consumo ou das vendas deverá ser fornecida pelo almoxarifado. Por exemplo: se quisermos ter um grau de atendimento de 95% e temos um consumo ou venda mensal de 600 unidades, devemos ter disponíveis para fornecimento 570 unidades (600 x 0.95 ). Gráfico 1: Grau de atendimento resulta da relação entre capital investido e previsão de consumo Dimensionamento de estoques Manter estoques significa assumir alguns riscos: capital imobilizado, obsoles- cência, deterioração. Nos últimos vinte anos, a filosofia just-in-time6 vem com- batendo todos os desperdícios nas empresas, principalmente estes gerados pela existência de estoques. Mas, em alguns casos, não há como escapar deles. 6 Fonte: http://www.apostilasgratuitas.info/component/content/article/62-administracao/123-apos- tila-de-curso-de-administracao 53Unidade 3 Gestão de Recursos Materiais Dica Just-in-time é um sistema de administração da produção que determina que nada deve ser produzido, transportado ou comprado antes da hora exata. Pode ser aplicado em qualquer organização, para reduzir estoques e os custos decorrentes. (KOHLER, 2008) A oportunidade, no momento certo para o suprimento de materiais, influi no tamanho dos estoques. Assim, suprir antes do momento oportuno acarretará, em regra, estoques altos, acima das necessidades imediatas da organização. Por outro lado, a providência do suprimento após esse momento poderá levar a falta do ma- terial necessário ao atendimento de determinada necessidade da administração. Do mesmo modo, o tamanho do lote de compra acarreta as mesmas consequ- ências: quantidades além do necessário representam inversões em estoques ociosos, assim como, quantidades aquém do necessário podem levar à insufici- ência de estoque, o que é prejudicial à eficiência operacional da organização. Estes dois eventos, tempo oportuno e quantidade necessária, acarretam, se mal planejados, além de custos financeiros indesejáveis, lucros cessantes, fato- res esses decorrentes de quaisquer das situações assinaladas. Da mesma forma, a obtenção de material sem os atributos da qualidade requerida para o uso a que se destina acarreta custos financeiros maiores, retenções ociosas de capital e oportunidades de lucro não realizadas. Isso porque materiais, nessas condi- ções, podem implicar paradas de máquinas, defeitos na fabricação ou no servi- ço, inutilização de material, compras adicionais etc. O principal problema de um dimensionamento de estoques reside na relação entre: capital investido ------------------- disponibilidade de estoques custos incorridos ------------------- consumo ou demanda A otimizaçãoestá na análise do problema sobre o enfoque financeiro. Para isso, pode-se usar a seguinte fórmula: 54 RC = Lucro x Vendas Vendas Capital ou seja, RC = rentabilidade das vendas x giro de capital Assim, para aumentarmos o retorno sobre o capital, é preciso aumentar a renta- bilidade das vendas e/ou o giro de capital. A gestão de estoques tem influencia sobre o giro de capital, logo para aumentarmos o giro de capital, supondo-se que as vendas permaneçam constantes devemos diminuir o capital investido em estoques, pois desta forma estamos diminuindo o ativo que está diretamen- te ligado ao giro de capital. Previsão de estoques Todo o início de estudo de estoques está baseado em previsões de consumo de mate- rial. Essa previsão de demanda estabelece estimativas futuras dos produtos acabados comercializados pela empresa. Ainda definem quais, quantos e quando determinados produtos serão comprados pelos clientes. Algumas características da previsão são: ponto de partida de todo planejamento de estoques; eficácia dos métodos empregados; qualidade das hipóteses que se utilizou no raciocínio. As informações básicas que permitem decidir quais serão as dimensões e a distribuição no tempo da demanda dos produtos acabados podem ser classifi- cadas em qualitativas e quantitativas: 55Unidade 3 Gestão de Recursos Materiais Quantitativas Evolução das vendas no passado; Variáveis com evolução e explicação baseada nas vendas. Exemplo: criação e vendas de produtos infantis; Variáveis de fácil previsão, também relacionadas a vendas (população, renda, PIB); Influência da propaganda. Qualitativas Opinião dos gerentes; Opinião dos vendedores; Opinião dos compradores; Pesquisas de mercado. Veja, a seguir, uma forma esquemática de representação do comportamento dinâmico do processo de previsão. Figura 7: Representação do comportamento dinâmico do processo de previsão 56 As técnicas de previsão podem ser classificadas em três grupos: Projeção: admitem que o futuro será repetição do passado ou as vendas evoluirão no tempo. Técnica de natureza essencialmente quantitativa. Explicação: procura relacionar vendas do passado com outras variáveis cuja evolução é conhecida ou previsível. Basicamente aplicações de técnicas de regressão e correlação. Predileção: funcionários experientes e conhecedores de fatores influentes nas vendas e no mercado estabelecem a evolução das vendas futuras. Pode-se representar as formas de evolução de consumo pelas seguintes formas: a) Método de evolução horizontal de consumo: de tendência invariável ou constante. Gráfico 2: Método de evolução hoizontal de consumo b) Modelo de evolução de consumo sujeito a tendência: o consumo mé- dio aumenta ou diminui com o correr do tempo. Gráfico 3: Método de evolução de consumo sujeito a tendência c) Modelo de evolução sazonal de consumo: o consumo possui oscilações regulares, que tanto podem ser positivas quanto negativas, ele é sazonal quando o desvio é no mínimo de 25% do consumo médio e quando apare- cer condicionado a determinadas causas. 57Unidade 3 Gestão de Recursos Materiais Gráfico 4: Método de evolução sazonal de consumo Na prática, podem ocorrer combinações dos diversos modelos de evolução de consumo. Isso pode ser verificado de maneira mais evidente quando se analisa a linha de vida de um produto. Essa linha deve apresentar uma tendência posi- tiva e acelerada (positivamente) de consumo nos primeiros períodos. Consolida- do o produto no mercado, o incremento na tendência diminuirá gradativamente até a fase em que a obsolescência do produto provocará sua retirada do merca- do, fazendo com que a linha caia abruptamente. O conhecimento sobre a evolução do consumo no passado possibilita uma previsão da sua evolução futura. Esta previsão somente estará correta se o com- portamento do consumo permanecer inalterável. Os seguintes fatores podem alterar o comportamento do consumo: Influências políticas. Influências conjunturais. Influências sazonais. Alterações no comportamento dos clientes. Inovações técnicas. Produtos retirados da linha de produção. Alteração da produção. Preços competitivos dos concorrentes. Veja duas maneiras de se estimar o consumo: Após a entrada do pedido. Somente possível nos casos de prazo de forneci- mento suficientemente longo. Através de métodos estatísticos. É o método mais utilizado. Calculam-se as previsões através de valores históricos. 58 Técnicas quantitativas para calcular a previsão de consumo Método do último período: é um método simples e sem embasamento matemático. Consiste em utilizar como previsão para o período seguinte o valor ocorrido no período anterior. Método da média móvel: neste método, a previsão para o próximo período é ob- tida calculando-se a média dos valores de consumo nos “n” períodos anteriores. A previsão gerada por este modelo é geralmente menor que os valores ocor- ridos se a tendência de consumo for crescente. Inversamente, será maior se o padrão de consumo for decrescente. Se o número de períodos for grande, a reação da previsão diante dos valores atuais será muito lenta. Inversamente, se o número for pequeno, a reação será muito rápida. A escolha do número de períodos é arbitrária e experimental. Desvantagens As médias móveis podem gerar movimentos cíclicos, ou de outra natureza não existente nos dados originais. As médias móveis são afetadas pelos valores extremos; isso pode ser supe- rado utilizando-se a média móvel ponderada com pesos apropriados. As observações mais antigas têm o mesmo peso que as atuais. Exige a manutenção de um número muito grande de dados. Vantagens Simplicidade e facilidade de implantação. Admite processamento manual. Método da média móvel ponderada: este método é uma variação do modelo anterior, em que os valores dos períodos mais próximos recebem peso maior que os valores correspondentes aos períodos menos atuais. Método da média com ponderação exponencial: esse método elimina mui- tas desvantagens dos métodos da média móvel e da média móvel ponderada. Além de valorizar os dados mais recentes, apresenta menor manuseio de in- formações passadas. Apenas três fatores são necessários para gerar a previsão para o próximo período: 59Unidade 3 Gestão de Recursos Materiais a previsão do último período; o consumo ocorrido no último período; uma constante que determina o valor ou ponderação dada aos valores mais recentes. Esse modelo procura prever o consumo apenas com a sua tendência geral, eli- minando a reação exagerada a valores aleatórios. Ele atribui parte da diferença Entre o consumo atual e o previsto a uma mudança de tendência e o restante a causas aleatórias. Suponhamos que, para determinado produto, havíamos previsto um consu- mo de 100 unidades. Verificou-se, posteriormente, que o valor real ocorrido foi de 95 unidades. Precisamos prever agora o consumo para o próximo mês. A questão básica é a seguinte: quanto da diferença entre 100 e 95 uni- dades pode ser atribuída a uma mudança no padrão de consumo e quanto pode ser atribuído a causas puramente aleatórias Se a nossa previsão seguinte for de 100 unidades, estaremos assumindo que toda a diferença foi devida a causas aleatórias e que o padrão de consumo não mudou absolutamente nada. Se for de 95 unidades, estaremos assu- mindo que toda a diferença deve ser atribuída a uma alteração no padrão de consumo (método de último período). Nesse método, apenas parte da variação é considerada como mudança no padrão de consumo. Método dos mínimos quadrados: este método é usado para determinar a melhor linha de ajuste que passa mais perto de todos dados coletados, ou seja, é a linha de melhor ajuste que minimiza as distâncias entre cada ponto de consumo levantado. Método de classificação ABC ou curva ABC: o princípio da classificação ABC ou curva 80 – 20é atribuído a Vilfredo Paretto, um renascentista italiano do século XIX, que em 1897 executou um estudo sobre a distribuição de renda. Por meio desse estudo, percebeu-se que a distribuição de riqueza não se dava de maneira uniforme, havendo grande concentração de riqueza (80%) nas mãos de uma pequena parcela da população (20%). A partir de então, tal princípio de análise tem sido estendido a outras áreas e atividades tais como a industrial e a comercial, sendo mais amplamente aplica- do a partir da segunda metade do século XX. 60 Dica O desenvolvimento e a utilização de computadores cada vez mais baratos e potentes tem possibilitado o surgimento de “softwares mais amigáveis” que conduzem ao rápido e fácil processamento do grande volume de dados, muitas vezes requerido por este tipo de análise, principalmente em ambientes industriais. A curva ABC tem sido bastante utilizada para a administração de estoques, para a definição de políticas de vendas, para o planejamento da distribuição, para a programação da produção e uma série de problemas usuais de empresas, quer sejam estas de características industriais, comerciais ou de prestação de servi- ços. Trata-se de uma ferramenta gerencial que permite identificar quais itens justificam atenção e tratamento adequados quanto à sua importância relativa. Link Fontes de pesquisa: <http://www.ivansantos.com.br/ousoABC.pdf> <http://www.faccamp.br/apoio/MauroGebran/GestEst/COMO_SE_OBTeM_ UMA_CURVA_ABC.doc> A técnica ABC Classicamente, uma análise ABC consiste da separação dos itens de estoque em três grupos de acordo com o valor de demanda anual, em se tratando de pro- dutos acabados, ou valor de consumo anual quando se tratarem de produtos em processo ou matérias-primas e insumos. O valor de consumo anual ou valor de demanda anual é determinado multiplicando-se o preço ou custo unitário de cada item pelo seu consumo ou sua demanda anual. Assim sendo, como resultado de uma típica classificação ABC, surgirão grupos divididos em três classes, como segue: Classe A: itens que possuem alto valor de demanda ou consumo anual. Classe B: itens que possuem um valor de demanda ou consumo anual intermediário. Classe C: itens que possuem um valor de demanda ou consumo anual baixo. 61Unidade 3 Gestão de Recursos Materiais Gráfico 5: Representação da Curva ABC Obtém-se a curva ABC por meio da ordenação dos itens que serão analisados, conforme sua importância relativa no grupo. A montagem dos grupos pode parecer um pouco trabalhosa, mas pode ser que ela seja feita uma única vez, ou mesmo muito esporadicamente. Os itens de cada gru- po permanecem enquanto permanecerem as condições que possam afetar os itens (consumo; vendas; preços etc.). A montagem dos grupos pode ser feita em duas etapas (vamos continuar com o exemplo de um controle de estoques): 1ª etapa relacionam-se todos os itens que foram consumidos em determinado período (1); para cada item registra-se o preço unitário (2) e o consumo (3) no período considerado (se a análise fosse sobre vendas, ou sobre transporte, ao invés de consumo seria usada a quantidade vendida, ou a quantidade transportada etc.); para cada item calcula-se o valor do consumo (4), que é igual ao preço uni- tário x consumo; registra-se a classificação (5) do valor do consumo (1 para o maior valor, 2 para o segundo maior valor, e assim por diante). A seguir, veja um exemplo que considera um controle de estoque composto de dez itens. Tabela 2: Controle de estoque composto por dez itens Material (1) Preço unitário (2) Consumo (3) Valor do Consumo (4) Classificação (5) Mat1 1,21 123 148,83 4 Mat2 11,90 15 178,50 3 Mat3 3,64 89 323,96 2 Mat4 5,98 12 71,76 5 Mat5 11,20 75 840,00 1 Mat6 11,98 6 71,88 7 62 Mat7 1,60 22 35,20 10 Mat8 0,38 84 31,92 9 Mat9 5,12 19 97,28 6 Mat10 21,60 3 64,80 8 2ª etapa ordenam-se os itens de acordo com a classificação (5); para cada item, lança-se o valor de consumo acumulado (6), que é igual ao seu valor de consumo somado ao valor de consumo acumulado da linha anterior; para cada item, calcula-se o percentual sobre o valor total acumulado (7), que é igual ao seu valor de consumo acumulado dividido pelo valor de con- sumo acumulado do último item. Veja um exemplo: Tabela 3: Ordenação de itens pela classificação Material (1) Preço unitário (2) Consumo (3) Valor do Consumo (4) Classificação (5) Mat5 840,00 840,00 45,06 1 Mat3 323,96 1.163,96 62,44 2 Mat2 178,50 1.342,46 72,02 3 Mat1 148,83 1.491,29 80,00 4 Mat4 71,76 1.563,05 83,85 5 Mat9 97,28 1.660,33 89,07 6 Mat6 71,88 1.732,21 92,92 7 Mat10 64,80 1.797,01 96,40 8 Mat8 31,92 1.828,93 98,11 9 Mat7 35,20 1.864,13 100,00 10 Para a definição das classes A, B e C, adota-se o critério de que A = 20%; B = 30% e C = 50% dos itens. No exemplo de 10 itens, 20% são os dois primeiros itens, 30% os três itens seguintes e 50% os cinco últimos itens, resultando, as- sim, os seguintes valores: classe A (2 primeiros itens) = 62,44%. classe B (3 itens seguintes) = (83,85% – 62,44%) = 21,41%. classe C (5 itens restantes) = (100% – 83,85%) = 16,15%. 63Unidade 3 Gestão de Recursos Materiais Obs.: se tivéssemos, por exemplo, 73 itens em vez de 10, para A = 20%, seriam os 15 primeiros itens; B = 30%, seriam os 22 itens seguintes; e C = 50%, os 36 restantes. Para o exemplo acima, se quiséssemos controlar, digamos, 80% do valor do estoque, teríamos que controlar apenas os quatro primeiros itens ( já que eles representam 80,00%). O estoque (ou as compras, ou o transporte etc.) dos itens da classe A, tendo em vista seu valor, devem ser mais rigorosamente controlados, e também devem ter estoque de segurança bem pequenos. O estoque e a encomenda dos itens de classe C devem ter controles simples, podendo até ter estoque de segurança maiores. Já os itens da classe B deverão estar em situação intermediária. Nesta aula, você aprendeu o que é política de estoque, grau de atendimento, dimensionamento de estoques, previsão de estoques e os fatores que podem al- terar o comportamento do consumo, além de maneiras de se estimar o consumo. Colocando em Prática Parabéns! Você chegou ao final da Unidade 3. Agora, chegou a hora de colocar em prática o conteúdo que você estudou. Acesse o AVA para realizar as atividades de aprendizagem desta unidade. Se você estiver com dúvidas, procure seu tutor. Relembrando A gestão de estoques requer uma completa harmonia entre os diversos departamentos de uma empresa de forma a assegurar que o estoque esteja sendo bem dimensionado para atender as necessidades de cada um deles, sem imobilizar de forma desnecessária o capital da empre- sa ou prejudicar a operacionalidade de seus departamentos. Para um correto dimensionamento dos estoques, é preciso fazer uma previsão confiável, na qual podem ser aplicadas técnicas qualitativas ou quanti- tativas, sendo as quantitativas as mais usuais. Alongue-se Antes de você seguir para a próxima etapa de seus estudos, descanse um pouco. Mude de posição, caminhe um pouco, respire profundamen- te. Quando estiver descansado, retome seus estudos. 64 65 Objetivo Ao final desta unidade, você será capaz de elaborar um plano de ação para o processo de aquisição de forma eficaz, nos padrões formais e no momento certo. Aulas Acompanhe nesta unidade o estudo das aulas seguintes: Aula 1: O processo aquisição / compra Aula 2: Procedimentos operacionais 4Aquisição/Compra de Material 66 Para Iniciar “A arte de comprar está se tornando cada vez mais uma profissão e cada vez menos um jogo de sorte”. “Em muitos casos não é o custo que determina o preço de venda, mas o inverso. O preço de venda necessário determina qual deve ser o custo. Qualquer economia, resultando em redução de custo de compra, que é uma parte de despesa de operação de uma indústria, é 100% lucro. Os lucros das compras são líquidos.” HENRY FORD O valor total gasto nas compras de
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