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Livro Eletrônico Aula 06 Gabaritando Provas de Direito Eleitoral - Com Videoaulas - 2020 Fabiano Pereira 07473743414 - Joselly 2 Sumário Apresentação ......................................................................................................................................... 4 1. DISPOSIÇÕES PRELIMINARES ............................................................................................................... 5 2. DISPOSIÇÕES GERAIS........................................................................................................................... 5 2.1. Sistema ou princípio majoritário ................................................................................................................. 6 2.1.1. Sistema ou princípio majoritário simples/relativo .............................................................................................. 7 2.1.2. Sistema ou princípio majoritário absoluto ......................................................................................................... 9 2.2. Sistema proporcional ................................................................................................................................ 10 2.2.1. O que é quociente eleitoral? ............................................................................................................................. 11 2.2.2. O que é quociente partidário? .......................................................................................................................... 11 2.2.3. Passo a passo para o cálculo do preenchimento das vagas no sistema proporcional ..................................... 13 2.2.3.1. Não atingimento do quociente eleitoral ........................................................................................................ 19 2.2.3.2 Sistema misto ................................................................................................................................................. 19 2.3. Participação partidária no processo eleitoral ........................................................................................... 20 2.4. Voto de legenda ........................................................................................................................................ 21 3. DAS COLIGAÇÕES .............................................................................................................................. 22 3.1. O fim das coligações nas eleições proporcionais ...................................................................................... 23 3.2. Denominação das coligações .................................................................................................................... 24 3.3. Requisitos para a constituição de coligações ............................................................................................ 25 4. DA CONVENÇÃO PARA A ESCOLHA DE CANDIDATOS.......................................................................... 26 4.1. Prazo para a realização das convenções ................................................................................................... 28 4.2. Candidatura nata ...................................................................................................................................... 29 4.3. Prazo mínimo de filiação partidária e domicílio eleitoral ......................................................................... 30 5. DO REGISTRO DE CANDIDATOS ......................................................................................................... 31 Fabiano Pereira Aula 06 Gabaritando Provas de Direito Eleitoral - Com Videoaulas - 2020 www.estrategiaconcursos.com.br 1355462 07473743414 - Joselly 3 5.1. Das vagas reservadas para candidaturas de cada sexo ........................................................................... 32 5.2. Da documentação necessária para registro de candidatura .................................................................... 33 5.3. Abertura de prazo para regularização de pendências .............................................................................. 38 5.4. Apresentação de requerimento pelo próprio candidato ........................................................................... 38 5.5. Da certidão de quitação eleitoral .............................................................................................................. 39 5.6. Variações nominais para registro de candidatura .................................................................................... 41 5.6.1. Variação de nome coincidente com nome de candidato à eleição majoritária ............................................... 43 6. DA SUBSTITUIÇÃO DE CANDIDATOS .................................................................................................. 44 6.1. Prazo para substituição de candidatos ..................................................................................................... 46 6.2. Cancelamento de registro de candidato ................................................................................................... 47 6.3. Identificação numérica dos candidatos .................................................................................................... 47 6.4. Prazos legais para transmissão de dados e julgamentos ......................................................................... 48 6.5. Candidaturas sub judice ............................................................................................................................ 49 Lista de questões comentadas .............................................................................................................. 50 Gabarito ............................................................................................................................................... 71 Lista de Questões de Concursos Anteriores Comentadas ....................................................................... 72 Resumo direcionado ............................................................................................................................ 107 Fabiano Pereira Aula 06 Gabaritando Provas de Direito Eleitoral - Com Videoaulas - 2020 www.estrategiaconcursos.com.br 1355462 07473743414 - Joselly 4 APRESENTAÇÃO Olá! Iniciamos hoje uma nova etapa de nosso curso de Direito Eleitoral, pois passaremos a abordar um dos temas mais importantes para as provas de concursos públicos: Lei 9.504/1997 (Lei das Eleições). A Lei 9.504/1997, que dispõe sobre as normas gerais para as eleições, atualmente possui 107 artigos e passou por diversas alterações desde a sua publicação. Como nos últimos anos tivemos praticamente uma “mini reforma eleitoral” a cada biênio, as bancas gostam muito de cobrar os dispositivos dessa lei nas provas de concursos públicos, pois tem condições de avaliar se os candidatos realmente estão atualizados. A grande vantagem para o candidato é que as questões de prova, em regra, abordam o texto literal da legislação. Isso torna a preparação mais objetiva e direta, tornando desnecessário o estudo de doutrina e da jurisprudência (salvo em alguns tópicos bem pontuais). E para facilitar a compreensão e assimilação dos dispositivos da Lei das Eleições, optei por desmembrar o conteúdo em várias aulas, garantindo que ficarão menos cansativas e permitirão uma memorização mais eficaz sobre cada tema. No mais, precisando de qualquer auxílio, lembre-se de que estou à disposição! Até a próxima aula! Prof. Fabiano Pereira Fabiano Pereira Aula 06 Gabaritando Provas de Direito Eleitoral - Com Videoaulas - 2020 www.estrategiaconcursos.com.br 1355462 07473743414 - Joselly 5 1. DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Até a publicação da Lei 9.504, que ocorreu em 30 de setembro de 1997, para regularcada eleição tínhamos a criação de uma nova lei. Isso acabava gerando uma intensa movimentação parlamentar e originando legislações que, em vários momentos, manifestavam o interesse direto ou indireto de grupos mantinham o poder político no Congresso Nacional. E levando-se em consideração que na década de 90 o poder econômico era ainda mais determinante na eleição dos candidatos que disputavam cargos eletivos – pois era permitida a doação de pessoas jurídicas para campanhas eleitorais e a contratação de grandes artistas para “animar” os comícios, por exemplo - a criação de leis casuísticas gerava um grande desequilíbrio no processo eleitoral e, na maioria das vezes, servia como um instrumento de perpetuação no poder daqueles que ocupavam mandatos eletivos. É claro que o Direito está em constante mutação. Isso é extremamente salutar, pois garante que os anseios sociais sejam objeto de debate e implementação. Todavia, desde o ano de 1997 a Lei 9.504 é a principal fonte de disciplina do processo eleitoral, pois regula a formação de coligações partidárias, as convenções para a escolha de candidatos, o registro de candidaturas, a arrecadação e aplicação de recursos nas campanhas eleitorais, a propaganda eleitoral de candidatos, as condutas vedadas aos agentes públicos no período eleitoral, entre outros temas. É importante esclarecer que o fato de atualmente existir uma lei geral das eleições não impede a criação de novas leis que tenham a finalidade de alterar e/ou atualizar a legislação vigente. Entretanto, a regra geral é no sentido de que essas novas leis apenas modifiquem o texto da Lei 9.504/1997, passando a incorporar o seu texto. 2. DISPOSIÇÕES GERAIS É possível compreender a expressão “sistemas eleitorais” como um conjunto de técnicas e procedimentos utilizados em países de organização política democrática para a escolha das pessoas que ocuparão cargos eletivos no âmbito do Poderes Legislativo e Executivo. José Jairo Gomes, ao abordar a função precípua dos sistemas eleitorais, afirma que Tem por função a organização das eleições e a conversão de votos em mandatos políticos. Em outros termos, visa proporcionar a captação eficiente, segura e imparcial da vontade popular democraticamente manifestada, de sorte que os mandatos eletivos sejam conferidos e exercidos com legitimidade. É também sua função estabelecer meios para que os diversos grupos sociais sejam representados, bem como para que as relações entre representantes e representados se fortaleçam. A realização desses objetivos depende da implantação de um sistema eleitoral confiável, dotado de técnicas seguras e eficazes, cujos resultados sejam transparentes e inteligíveis1. 1 GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 13ª ed. São Paulo: Atlas, 2017. Fabiano Pereira Aula 06 Gabaritando Provas de Direito Eleitoral - Com Videoaulas - 2020 www.estrategiaconcursos.com.br 1355462 07473743414 - Joselly 6 O Código Eleitoral brasileiro, em seu art. 86, dispõe que “nas eleições presidenciais, a circunscrição serão País; nas eleições federais e estaduais, o Estado; e nas municipais, o respectivo município”. Tenha em mente que, ao mencionar a expressão “eleições federais”, a banca examinadora estará se referindo às eleições para os cargos de deputado federal e senador, que são realizadas em âmbito estadual e organizadas pelo respectivo Tribunal Regional Eleitoral. Para responder às questões cobradas em concursos públicos, torna-se essencial conhecer os três principais sistemas eleitorais adotados pelos países de organização política democrática, destacando-se que a opção por um ou outro sistema leva em conta as peculiaridades históricas, culturais e sociais de cada país. 2.1. SISTEMA OU PRINCÍPIO MAJORITÁRIO Sistema eleitoral majoritário é aquele por meio do qual considera-se eleito o candidato que obteve a maioria dos votos em uma determinada eleição municipal, estadual ou de âmbito nacional, dividindo-se em sistema majoritário simples ou relativo e simples majoritário absoluto. É importante destacar que, para o cálculo do vencedor em uma eleição realizada pelo sistema majoritário, não são computados os votos em branco e os votos nulos. A Constituição Federal de 1988, em seu art. 77, afirma que a eleição do Presidente e do Vice- Presidente da República realizar-se-á, simultaneamente, no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato presidencial vigente. Em razão do princípio da simetria, o dispositivo mencionado também se aplica às eleições para os cargos de Governador e Vice-Governador, bem como para os cargos de Prefeito e Vice- Prefeito. Levando-se em consideração que o mandato de chefe do Poder Executivo encerra-se no primeiro dia de janeiro, conclui-se que as eleições serão realizadas no ano anterior. Fabiano Pereira Aula 06 Gabaritando Provas de Direito Eleitoral - Com Videoaulas - 2020 www.estrategiaconcursos.com.br 1355462 07473743414 - Joselly 7 Se o mandato do atual Presidente da República se encerra no primeiro dia do mês de janeiro do ano de 2023, por exemplo, a próxima eleição presidencial ocorrerá no ano anterior, isto é, no primeiro domingo de outubro do ano de 2022 (e se houver segundo turno, no último domingo de outubro do mesmo ano). A eleição para os cargos de Presidente da República, Governador de Estado e Prefeito importará na eleição dos respectivos vices que foram com eles registrados. Trata-se de uma chapa única. 2.1.1. Sistema ou princípio majoritário simples/relativo No sistema majoritário simples ou relativo, não há possibilidade de realização de segundo turno. Será eleito o candidato que obtiver a maioria simples dos votos válidos, isto é, aquele que foi o mais votado no pleito, excluídos os votos brancos e votos nulos. Suponhamos que os candidatos Coxinha, Doquinha e Platão, regularmente registrados por partido político, estejam disputando o cargo de Prefeito do município de Fabianolândia, que atualmente possui 87.427 habitantes e 75.000 eleitores. Após o encerramento da votação, foi apurada a seguinte distribuição dos votos: 1º - Eleitores que compareceram para votar: 72.500 2º - Eleitores que votaram em branco: 500 3º - Eleitores que votaram nulo: 2.000 4º - Votos válidos: 70.000 (que é igual ao número do 1º item, menos os números do 2º e 3º itens) Em relação aos votos válidos, foram distribuídos para os seguintes candidatos: 1º - Coxinha: 34.000 votos Fabiano Pereira Aula 06 Gabaritando Provas de Direito Eleitoral - Com Videoaulas - 2020 www.estrategiaconcursos.com.br 1355462 07473743414 - Joselly 8 2º - Doquinha: 33.000 votos 3º - Platão: 3.o00 votos Nessa hipótese, não restam dúvidas de que Coxinha é o candidato eleito e não haverá necessidade de realização de segundo turno, pois o Município de Fabianolândia atualmente possui menos de 200.000 (duzentos mil) eleitores. Lembre-se sempre de que se o município possui menos de duzentos mil eleitores, adotar-se-á o princípio majoritário simples, isto é, não há realização de segundo turno nas eleições para os cargos de Prefeito e Vice-Prefeito. Essa necessidade existe apenas quando o candidato não obtém a maioria absoluta de votos nos municípios com mais de duzentos mil eleitores. Tenha muita atenção ao responder às questões de prova, pois as bancas têm o hábito de substituir a expressão “mais de duzentos mil eleitores” por “mais de duzentos mil habitantes”, o que torna a afirmativa incorreta. (ESAF – Analista de Finanças e Controle – CGU) Sobre organização político-administrativa do Estado brasileiro, assinale a única opção correta. (...) b) A Constituição Federal só prevê a possibilidade de dois turnos de votação, para eleição dos prefeitos, nos municípios que tiverem maisde duzentos mil habitantes. Gabarito: a letra B está incorreta. Em suma, estão submetidos ao sistema ou princípio majoritário simples os cargos eletivos de Prefeito e Vice-Prefeito – nos municípios com menos de duzentos mil eleitores – e também os cargos de Senador da República. Neste último caso, considera-se eleita a chapa (lembre-se de que o Senador é eleito com dois suplentes) que obteve a maior quantidade de votos, excluídos os brancos e nulos. Não existe possibilidade de realização de segundo turno nas eleições para o cargo de Senador da República. Fabiano Pereira Aula 06 Gabaritando Provas de Direito Eleitoral - Com Videoaulas - 2020 www.estrategiaconcursos.com.br 1355462 07473743414 - Joselly 9 2.1.2. Sistema ou princípio majoritário absoluto A Lei 9.504/1997, em seu art. 2º, dispõe que “será considerado eleito o candidato a Presidente ou a Governador que obtiver a maioria absoluta de votos, não computados os em branco e os nulos”. Essa mesma regra se aplica às eleições para Prefeito e Vice-Prefeito nos municípios com mais de duzentos mil eleitores. Nesse caso, para que não ocorra segundo turno (que aconteceria no último domingo de outubro) é imprescindível que o candidato mais votado obtenha a maioria absoluta de votos, excluídos os brancos e nulos, no primeiro turno. Pode-se definir a maioria absoluta como o primeiro número inteiro superior à metade. A Câmara dos Deputados, por exemplo, atualmente é composta por 513 membros. Sendo assim, como a metade desse número é 256,5 (fração), a maioria absoluta é representada pelo número 257 (primeiro número interior superior a 256,5). Suponhamos que nas eleições para o cargo de Governador e Vice-Governador do Estado de Fabianópolis, foram computados os seguintes dados: 1º - Eleitores que compareceram para votar: 950.000 2º - Eleitores que votaram em branco: 25.000 3º - Eleitores que votaram nulo: 25.001 4º - Votos válidos: 899.999 (que é igual ao número do 1º item, menos os números do 2º e 3º itens) Em relação aos votos válidos, foram distribuídos para os seguintes candidatos: 1º - Aristóteles: 500.000 2º - Sócrates: 350.000 3º - Platão: 49.999 votos Analisando-se o exemplo apresentado, conclui-se que a maioria absoluta de 899.999 é igual a 450.000 votos. Diante disso, como Aristóteles obteve 500.000 votos no primeiro turno (bem acima do montante de 450.000), não restam dúvidas de que está eleito no primeiro turno. Por sua vez, caso tivesse sido o mais votado, mas com quantidade de votos inferior a 450.000, tornar-se-ia obrigatória a realização de segundo turno. Fabiano Pereira Aula 06 Gabaritando Provas de Direito Eleitoral - Com Videoaulas - 2020 www.estrategiaconcursos.com.br 1355462 07473743414 - Joselly 10 A Lei 9.504/1997, em seu art. 2º, § 1º, dispõe que “se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na primeira votação, far-se-á nova eleição no último domingo de outubro, concorrendo os dois candidatos mais votados, e considerando-se eleito o que obtiver a maioria dos votos válidos”. A propósito, se antes de realizado o segundo turno ocorrer morte, desistência ou impedimento legal de candidato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação entre os demais candidatos. Ademais, se remanescer em segundo lugar mais de um candidato com a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso. Ao responder às questões de prova, lembre-se de que nas eleições para os cargos de Presidente e Vice-Presidente, Governador e Vice-Governador, assim como nas eleições para Prefeitos e Vice-Prefeitos em municípios com mais de duzentos mil eleitores, apenas será realizado segundo turno se o candidato mais votado no primeiro turno não conseguir votação equivalente à maioria absoluta de votos. 2.2. SISTEMA PROPORCIONAL No Brasil, o sistema proporcional é utilizado nas eleições para os cargos de Deputado Federal, Deputado Estadual, Deputado Distrital e Vereador. Diferentemente do que ocorre no sistema majoritário, nem sempre o candidato mais votado em uma eleição para vereador, por exemplo, conseguirá se eleger para o cargo, pois dependerá da análise de outros fatores, como o atingimento do quociente eleitoral pelo partido político ao qual está filiado e se lançou candidato. José Jairo Gomes, ao explicar o sistema proporcional, afirma que “O sistema proporcional foi concebido para refletir os diversos pensamentos e tendências existentes no meio social. Visa distribuir entre as múltiplas entidades políticas as vagas existentes nas Casas Legislativas, tornando equânime a disputa de poder e, principalmente, ensejando a representação de grupos minoritários. Por isso, o voto tem caráter dúplice ou binário, de modo que votar no candidato significa igualmente votar no partido (= voto na legenda), caso em que apenas para ela o voto será computado. Assim, tal sistema não considera somente o número de votos atribuídos ao candidato, como no majoritário, mas sobretudo os endereçados à agremiação. Pretende, antes, assegurar a presença no Parlamento do maior número de grupos e correntes que integram o eleitorado. Prestigia a minoria2”. 2 GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 13ª ed. São Paulo: Atlas, 2017. p.143 Fabiano Pereira Aula 06 Gabaritando Provas de Direito Eleitoral - Com Videoaulas - 2020 www.estrategiaconcursos.com.br 1355462 07473743414 - Joselly 11 2.2.1. O que é quociente eleitoral? Em termos práticos, o quociente eleitoral pode ser entendido como a quantidade de votos necessários, a ser obtida pelo partido político, a fim de que consiga preencher uma vaga (no mínimo) de Deputado ou Vereador em disputa nas eleições. O Código Eleitoral brasileiro, em seu art. 106, dispõe que o quociente eleitoral é determinado “dividindo-se o número de votos válidos apurados pelo de lugares a preencher em cada circunscrição eleitoral, desprezada a fração se igual ou inferior a meio, equivalente a um, se superior”. Suponhamos que na eleição do município de Fabianópolis de Minas, que atualmente possui o total de 14.500 habitantes, foram colocados em disputa 9 (nove) cargos de Vereador. Após a apuração dos votos, obteve-se os seguintes dados: 1 - Total de eleitores do município: 12.800 2 – Número de eleitores que compareceu para votar: 11.350 3 – Número de votos nulos: 1.350 4 – Número de votos em branco: 1.000 5 – Total de votos válidos: 9.000 Diante dos dados apresentados, fica fácil calcular o quociente eleitoral, que é igual ao número de votos válidos dividido pelo número de cadeiras de vereador em disputa (nove). Em outras palavras, 9.000 votos válidos divididos por nove vagas em disputa, o que enseja o quociente eleitoral de 1.000 votos. Em outras palavras, pode-se afirmar que a cada 1.000 votos obtidos o partido político tem direito a preencher uma cadeira de vereador no município de Fabianópolis de Minas. 2.2.2. O que é quociente partidário? De forma bem objetiva e direta, quociente partidário é a quantidade de candidatos a que a agremiação tem direito a eleger no âmbito da eleição em disputa. Fabiano Pereira Aula 06 Gabaritando Provas de Direito Eleitoral - Com Videoaulas - 2020 www.estrategiaconcursos.com.br 1355462 07473743414 - Joselly 12 O art. 107 do Código Eleitoral dispõe que “determina-se para cada Partido ou coligação o quociente partidário, dividindo-se pelo quociente eleitoral o número de votos válidos dados sob a mesma legenda ou coligação de legendas, desprezada a fração”. Na eleição para vereador do município de Fabianópolis de Minas, por exemplo, suponhamos que o Partido dos Concurseiros Unidos do Brasil – PCUB obteve o total de 2.102 votos. Nesse caso, para saber quantos candidatos o PCUB tem direito a eleger para o cargo de vereador, basta dividir o número de votos obtidos (2.102) pelo número equivalente ao quocienteeleitoral (1.000). Sendo assim, 2.102/1000 é igual a 2,10. Levando-se em conta que o art. 107 do Código Eleitoral inicialmente afirma que a fração deve ser desconsiderada, pode-se concluir que o Partido dos Concurseiros Unidos do Brasil- PCUB terá direito a eleger dois candidatos para o cargo de vereador no município de Fabianópolis de Minas, desde que observadas as demais regras previstas no Código Eleitoral. O art. 108 do Código Eleitoral, por exemplo, dispõe que “estarão eleitos, entre os candidatos registrados por um partido ou coligação que tenham obtido votos em número igual ou superior a 10% (dez por cento) do quociente eleitoral, tantos quantos o respectivo quociente partidário indicar, na ordem da votação nominal que cada um tenha recebido”. ATENÇÃO: para que o Partido dos Concurseiros Unidos do Brasil – PCUB efetivamente consiga eleger dois candidatos para o cargo de vereador, conforme definido pelo quociente partidário, torna-se imprescindível que pelo menos dois de seus candidatos tenham obtido, no mínimo, 100 votos na eleição, o que corresponde a 10% dos votos do quociente eleitoral. Se o candidato mais votado do partido obteve 780 votos e o segundo colocado obteve apenas 95 votos, por exemplo, o PCUB poderá preencher apenas um cargo de vereador, pois o seu segundo candidato mais votado não obteve a quantidade mínima de 100 votos, equivalente a 10% do total de votos do quociente eleitoral. Nesse caso, a vaga do PCUB será distribuída entre os demais partidos, observando-se as regras do art. 109 do Código Eleitoral, que estudaremos na sequência. Fabiano Pereira Aula 06 Gabaritando Provas de Direito Eleitoral - Com Videoaulas - 2020 www.estrategiaconcursos.com.br 1355462 07473743414 - Joselly 13 2.2.3. Passo a passo para o cálculo do preenchimento das vagas no sistema proporcional As regras do sistema proporcional abrangem as eleições para os cargos de Deputado Federal, Deputado Estadual, Deputado Distrital e Vereador. Todavia, utilizarei como exemplo as eleições municipais, que proporcionam a melhor compreensão. DADOS REFERENTES À ELEIÇÃO PARA O CARGO DE VEREADOR NO MUNICÍPIO DE APROVAÇÃO-MG Quantidade de habitantes no município: 27.423 Quantidade de eleitores do município: 22.479 Cargos de vereador em disputa na eleição: 10 vagas Quantidade de eleitores que compareceram para votar: 20.987 Quantidade de votos em branco: 487 Quantidade de votos nulos: 500 Quantidade de votos válidos: 20.000 1º PASSO: determinar o quociente eleitoral nas eleições. Nesse caso, deve-se dividir a quantidade de votos válidos pela quantidade de vagas em disputa para o cargo de vereador, isto é, 10 (dez) vagas. Sendo assim, faremos a seguinte operação: 20.000/10 = 2.000 O quociente eleitoral nas eleições para o cargo de vereador no município de Aprovação-MG é igual a 2.000 votos. Em outras palavras, a cada 2.000 votos obtidos o partido político tem direito a eleger um candidato, desde que preenchidas as demais condições previstas no Código Eleitoral. 2º PASSO: determinar o quociente partidário de cada agremiação Fabiano Pereira Aula 06 Gabaritando Provas de Direito Eleitoral - Com Videoaulas - 2020 www.estrategiaconcursos.com.br 1355462 07473743414 - Joselly 14 Para o cálculo do quociente partidário, deve-se dividir a quantidade de votos obtida por cada agremiação (tanto os votos que foram atribuídos diretamente aos candidatos – votos nominais, quanto os votos que foram direcionados para o partido político – votos de legenda) pelo número correspondente ao quociente eleitoral, desprezando-se eventuais frações, nos termos do art. 107 do Código Eleitoral. CÁLCULO DO QUOCIENTE PARTIDÁRIO SIGLAS PARTIDÁRIAS QUANTIDADE DE VOTOS DIVIDIDA PELO QUOCIENTE ELEITORAL QUOCIENTE PARTIDÁRIO PARTIDO 1 – P1 7.250 ÷ 2.000 = 3,62 3 PARTIDO 2 – P2 5.192 ÷ 2.000 = 2,59 2 PARTIDO 3 – P3 2.997 ÷ 2.000 = 1,49 1 PARTIDO 4 – P4 2.018 ÷ 2.000 = 1,00 1 PARTIDO 5 – P5 1.996 ÷ 2.000 = 0,99 0 PARTIDO 6 – P6 547 ÷ 2.000 = 0,27 0 Total: 20.000 Total: 7 cadeiras Após analisar os dados apresentados na tabela, principalmente na quarta coluna, constata-se que foram preenchidas apenas 7 (sete) vagas para o cargo de vereador no município de Aprovação- MG, restando ainda 3 (três). O Partido 5 e o Partido 6 sequer conseguiram alcançar o quociente eleitoral, isto é, a quantidade mínima de 2.000 (dois mil) votos. Diante disso, não poderão eleger candidatos para o cargo de vereador e serão excluídos das demais etapas de distribuição das 3 (três) vagas que ainda restam. 3º PASSO: distribuição das 3 (três) vagas que estão sobrando O art. 109 do Código Eleitoral apresenta as regras que devem ser observadas para a distribuição das vagas que não foram preenchidas com a aplicação dos quocientes partidários, assim como também em razão de algum candidato de partido político não ter obtido a quantidade mínima de votos equivalente a 10% do total de votos do quociente eleitoral, nos seguintes termos: Fabiano Pereira Aula 06 Gabaritando Provas de Direito Eleitoral - Com Videoaulas - 2020 www.estrategiaconcursos.com.br 1355462 07473743414 - Joselly 15 Art. 109. Os lugares não preenchidos com a aplicação dos quocientes partidários e em razão da exigência de votação nominal mínima a que se refere o art. 108 serão distribuídos de acordo com as seguintes regras: I - dividir-se-á o número de votos válidos atribuídos a cada partido ou coligação pelo número de lugares definido para o partido pelo cálculo do quociente partidário do art. 107, mais um, cabendo ao partido ou coligação que apresentar a maior média um dos lugares a preencher, desde que tenha candidato que atenda à exigência de votação nominal mínima; II - repetir-se-á a operação para cada um dos lugares a preencher; III - quando não houver mais partidos ou coligações com candidatos que atendam às duas exigências do inciso I, as cadeiras serão distribuídas aos partidos que apresentem as maiores médias. § 1o. O preenchimento dos lugares com que cada partido ou coligação for contemplado far-se-á segundo a ordem de votação recebida por seus candidatos. § 2o. Poderão concorrer à distribuição dos lugares todos os partidos e coligações que participaram do pleito. Inicialmente, deve-se destacar que o texto do art. 109, I, do Código Eleitoral, foi alterado pela Lei 13.165/2015. O texto anterior apresentava a seguinte orientação: Art. 109, I - dividir-se-á o número de votos válidos atribuídos a cada Partido ou coligação de Partidos pelo número de lugares por ele obtido, mais um, cabendo ao Partido ou coligação que apresentar a maior média um dos lugares a preencher; Perceba que o texto anterior utilizava a expressão “número de lugares por ele obtido, mais um”, enquanto o texto alterado pela Lei 13.165/15 passou a dispor “número de lugares definido para o partido pelo cálculo do quociente partidário do art. 107, mais um”. Apesar de se apresentar com uma mudança simples, insuscetível de grandes transformações no cálculo da distribuição das vagas restantes, não era isso que se constatava na prática, pois privilegiava os partidos que apresentassem as maiores médias, praticamente impedindo as demais agremiações de receber novas vagas pelo critério da sobra. Diante disso, o Procurador-Geral da República ajuizou uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, protocolada sob o nº 5.420/DF, contra o art. 4º da Lei nº 13.165, de 29 de setembro de 2015, no trecho em que deu nova redação ao art. 109, incisos I a III, do Código Eleitoral, alterando os critérios de distribuição das vagas restantes (após a distribuição pelo cálculo do quociente partidário). No dia 07/12/2015 foi publicada a decisão liminar que suspendeu a alteração promovida pela Lei 13.165/15 no art. 109, I, do CódigoEleitoral, voltando a vigorar o texto original, nos seguintes termos: Fabiano Pereira Aula 06 Gabaritando Provas de Direito Eleitoral - Com Videoaulas - 2020 www.estrategiaconcursos.com.br 1355462 07473743414 - Joselly 16 Art. 109, I - dividir-se-á o número de votos válidos atribuídos a cada Partido ou coligação de Partidos pelo número de lugares por ele obtido, mais um, cabendo ao Partido ou coligação que apresentar a maior média um dos lugares a preencher; Ao proferir a decisão liminar, o Ministro Relator Dias Tofolli assim se manifestou: Com efeito, uma alteração sutil realizada na redação do inc. I do art. 109 do Código Eleitoral acabou por acarretar consequência que praticamente desnatura o sistema proporcional no cálculo das sobras eleitorais. Na lei anterior, o cálculo utilizado para obtenção da “maior média” entre os partidos (que é o critério utilizado para distribuição das sobras eleitorais), tinha por denominador o “número de lugares por ele [partido ou coligação] obtido, mais um”. Desse modo, a regra previa que cada vaga remanescente distribuída a um partido era, em seguida, levada em consideração no cálculo da distribuição das próximas vagas. Portanto, se um partido recebeu a primeira vaga, isso entrava no cálculo da segunda, diminuindo as suas chances de obtê-la e aumentando as chances de outros partidos recebê-la. Pela nova sistemática, apenas o “quociente partidário, mais um” (que é um dado fixo) é que deverá ser utilizado para os seguidos cálculos de atribuição das vagas remanescentes, desprezando-se a aquisição de vagas nas operações anteriores. Consequentemente, o partido político ou coligação que primeiro obtiver a maior média e, consequentemente, obtiver a primeira vaga remanescente, acabará por obter todas as vagas seguintes, enquanto possuir candidato que atenda à exigência de votação nominal mínima (pelo menos 10% do quociente eleitoral). Ou seja, haverá uma tendência à concentração, em uma única sigla ou coligação, de todos os lugares não preenchidos com a aplicação dos quocientes partidários e em razão da exigência de votação nominal mínima. Evidencia-se, pois, em tal regramento, a desconsideração da distribuição eleitoral de cadeiras baseada na proporcionalidade (art. 45 da CF/88), que é intrínseca ao sistema proporcional, em que as vagas são distribuídas aos partidos políticos de forma a refletir o pluralismo político-ideológico presente na sociedade, materializado no voto. Pelo menos por enquanto, deve ser levado para a prova o entendimento do Supremo Tribunal Federal, que julgou, ainda que provisoriamente, que as alterações promovidas pela Lei 13.165/2015, no art. 109, I, do Código Eleitoral, são inconstitucionais. Fabiano Pereira Aula 06 Gabaritando Provas de Direito Eleitoral - Com Videoaulas - 2020 www.estrategiaconcursos.com.br 1355462 07473743414 - Joselly 17 Diante de tudo o que foi exposto, passemos então à distribuição das 3 (três) vagas restantes: 4º PASSO: distribuição da PRIMEIRA vaga restante DISTRIBUIÇÃO DA PRIMEIRA VAGA RESTANTE (DO TOTAL DE TRÊS) SIGLAS PARTIDÁRIAS QUANTIDADE DE VOTOS DIVIDIDA PELO QUANTIDADE DE VAGAS OBTIDAS + 1 MÉDIA OBTIDA PARTIDO 1 – P1 7.250 ÷ 3 (vagas obtidas) + 1 = 4 1.812,5 PARTIDO 2 – P2 5.192 ÷ 2 (vagas obtidas) + 1 = 3 1.730,6 PARTIDO 3 – P3 2.997 ÷ 1 (vagas obtidas) + 1 = 2 1.498,5 PARTIDO 4 – P4 2.018 ÷ 1 (vagas obtidas) + 1 = 2 1.009 Maior média: Partido 1 (que elege mais um candidato) Para facilitar o cálculo da distribuição das vagas restantes, estar-se-á levando em consideração que os candidatos mais votados, de cada partido político, obtiveram quantidade de votos superior a 10% do total do quociente eleitoral, que, no nosso exemplo, é de no mínimo 200 (duzentos) votos. Caso o PARTIDO 1 fosse contemplado com a vaga, mas não tivesse na sua lista de candidatos alguém com mais de 200 votos, a vaga seria novamente distribuída entre as demais agremiações que possuem candidatos que atendam a essa condição. 5º PASSO: distribuição da SEGUNDA vaga restante Levando-se em consideração que o PARTIDO 1 obteve a maior média, consequentemente elegerá mais um candidato. Todavia, para a distribuição da próxima vaga a sua média cairá, pois incluiremos a vaga recebida no novo cálculo a ser feito. DISTRIBUIÇÃO DA SEGUNDA VAGA RESTANTE (DO TOTAL DE TRÊS) SIGLAS PARTIDÁRIAS QUANTIDADE DE VOTOS DIVIDIDA PELO QUANTIDADE DE VAGAS OBTIDAS + 1 MÉDIA OBTIDA PARTIDO 1 – P1 7.250 ÷ 3 (vagas obtidas) + 1 + 1 = 5 1.450 Fabiano Pereira Aula 06 Gabaritando Provas de Direito Eleitoral - Com Videoaulas - 2020 www.estrategiaconcursos.com.br 1355462 07473743414 - Joselly 18 PARTIDO 2 – P2 5.192 ÷ 2 (vagas obtidas) + 1 = 3 1.730,6 PARTIDO 3 – P3 2.997 ÷ 1 (vagas obtidas) + 1 = 2 1.498,5 PARTIDO 4 – P4 2.018 ÷ 1 (vagas obtidas) + 1 = 2 1.009 Maior média: Partido 2 (que elege mais um candidato) 6º PASSO: distribuição da TERCEIRA vaga restante Levando-se em consideração que o PARTIDO 2 obteve a maior média, consequentemente elegerá mais um candidato. Todavia, para a distribuição da próxima vaga a sua média cairá, pois incluiremos a vaga recebida no novo cálculo a ser feito. DISTRIBUIÇÃO DA SEGUNDA VAGA RESTANTE (DO TOTAL DE TRÊS) SIGLAS PARTIDÁRIAS QUANTIDADE DE VOTOS DIVIDIDA PELO QUANTIDADE DE VAGAS OBTIDAS + 1 MÉDIA OBTIDA PARTIDO 1 – P1 7.250 ÷ 3 (vagas obtidas) + 1 + 1 = 5 1.450 PARTIDO 2 – P2 5.192 ÷ 2 (vagas obtidas) + 1 + 1 = 4 1.298 PARTIDO 3 – P3 2.997 ÷ 1 (vagas obtidas) + 1 = 2 1.498,5 PARTIDO 4 – P4 2.018 ÷ 1 (vagas obtidas) + 1 = 2 1.009 Maior média: Partido 3 (que elege mais um candidato) Após analisarmos cada uma das tabelas de distribuição de vagas, conclui-se que todas as 10 (dez) foram preenchidas, o que encerra o processo e possibilita que a Justiça Eleitoral realize a diplomação dos candidatos eleitos. Fabiano Pereira Aula 06 Gabaritando Provas de Direito Eleitoral - Com Videoaulas - 2020 www.estrategiaconcursos.com.br 1355462 07473743414 - Joselly 19 2.2.3.1. Não atingimento do quociente eleitoral O art. 111 do Código Eleitoral dispõe que “se nenhum Partido ou coligação alcançar o quociente eleitoral, considerar-se-ão eleitos, até serem preenchidos todos os lugares, os candidatos mais votados”. Nesse caso, não precisam ser observadas as regras estabelecidas anteriormente, a exemplo da quantidade mínima de votos equivalente a 10% do quociente eleitoral. Por sua vez, afirma o artigo 112 do Código Eleitoral que considerar-se-ão suplentes da representação partidária: I - os mais votados sob a mesma legenda e não eleitos efetivos das listas dos respectivos partidos; II - em caso de empate na votação, na ordem decrescente da idade. Na definição dos suplentes da representação partidária, não há exigência de votação nominal mínima prevista pelo art. 108 do Código Eleitoral. Na ocorrência de vaga, não havendo suplente para preenchê-la, far-se-á eleição, salvo se faltarem menos de nove meses para findar o período de mandato. 2.2.3.2 Sistema misto Além dos dois sistemas apresentados anteriormente, ainda é possível se falar em um sistema misto, constituído por elementos proveniente dos sistemas majoritário e proporcional, para a eleição de membros do parlamento. Tradicionalmente é um sistema que há tempos vem sendo adotado no México e na Alemanha, mas, nos últimos anos, passou a ser implementado também em diversos outros países, a exemplo do Japão, Rússia, Coreia do Sul, entre outros. José Jairo Gomes, ao explicar o funcionamento do sistema misto, assim dispõe (apresentarei as explicações na íntegra, pois já foram objeto de questionamento em provas de carreiras jurídicas): Esse sistema é formado pela combinação de elementos do majoritário e do proporcional e tem em vista as eleições para o parlamento. A circunscriçãoeleitoral (União, Estado, Distrito Federal ou Município) é dividida em distritos. No dia do pleito, aos eleitores são apresentadas duas listas de votação: uma majoritária (restrita ao distrito), outra proporcional (abrangente de toda a circunscrição). Na primeira lista, segue-se a lógica do sistema distrital. Ou seja, os eleitores votam no candidato indicado pelos partidos àquele distrito, considerando-se eleito o que obtiver mais votos no distrito. Fabiano Pereira Aula 06 Gabaritando Provas de Direito Eleitoral - Com Videoaulas - 2020 www.estrategiaconcursos.com.br 1355462 07473743414 - Joselly 20 Na segunda lista, o eleitor vota em um partido – voto de legenda –, não em candidatos. A apuração do eleito leva em conta a votação em toda a circunscrição, isto é, em todos os distritos, sendo feita com base em critérios proporcionais. O problema que se põe diz respeito à escolha do eleito. Para tanto, cogitam-se três procedimentos, a saber: listas fechada, flexível e aberta. Pela primeira, o partido é soberano para definir quem entre seus filiados ocupará a vaga por ele conquistada; normalmente, isso deve ser feito na Convenção, na qual é formada uma lista nominal. Na flexível é ainda o partido quem define a ocupação das vagas, mas os eleitores podem interferir na posição em que os candidatos se encontrarem na lista, escolhendo uns e deixando de escolher outros; a preferência manifestada pelo eleitor tem a força de alterar a ordem da lista elaborada pela agremiação. Já na lista aberta cabe aos próprios eleitores (e não aos partidos) formar a ordem nominal a ser observada na indicação dos eleitos, de modo que – como diz Carvalho (2004, p.478) – os “candidatos que receberem maior número de votos individualmente ocuparão as cadeiras a que o partido terá direito”. A composição do parlamento perfaz-se pela soma dos eleitos nas duas listas de votação, ou seja, na distrital e na partidária. Não se pode negar que o sistema distrital misto é superior ao que se encontra em vigor. Nele, a representação das minorias não é totalmente sacrificada. Reduz significativamente o território da disputa, pois os candidatos distritais só pedirão votos nos distritos em que concorrerem. Isso barateia a campanha, o que propicia o ingresso de novos atores no jogo político e a diminuição da influência dos poderes político, econômico e dos meios de comunicação social. Outro fator positivo é o estabelecimento de novas bases no relacionamento entre os cidadãos e seus representantes, já que a proximidade entre eles enseja um controle social mais efetivo da atuação do parlamentar. Saliente-se, porém, que as listas flexível e aberta (sobretudo esta última) são mais consentâneas com os princípios democráticos. Tem-se ressaltado o risco representado pela lista fechada, pois, ainda que indiretamente, enseja que a cúpula (os “caciques”) das agremiações escolha (ou influencie decisivamente na escolha) os candidatos que figurarão nas primeiras posições da lista, deixando os desafetos ou adversários ou, ainda, os filiados “pouco influentes” para o final. Por outro lado, na lista fechada o mandatário não é motivado a estreitar relações com os eleitores, menos ainda a prestar- lhes contas de seus atos; sua atenção estará sempre voltada ao “trabalho partidário”, interno, de modo a garantir boas relações e, consequentemente, as primeiras posições na lista3. 2.3. PARTICIPAÇÃO PARTIDÁRIA NO PROCESSO ELEITORAL A Lei 9.504/1997, em seu art. 4º, afirma que “poderá participar das eleições o partido que, até seis meses antes do pleito, tenha registrado seu estatuto no Tribunal Superior Eleitoral, conforme o disposto em lei, e tenha, até a data da convenção, órgão de direção constituído na circunscrição, de acordo com o respectivo estatuto”. 3 GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 13ª ed. São Paulo: Atlas, 2017. p.153. Fabiano Pereira Aula 06 Gabaritando Provas de Direito Eleitoral - Com Videoaulas - 2020 www.estrategiaconcursos.com.br 1355462 07473743414 - Joselly 21 O primeiro turno das eleições municipais de 2020, por exemplo, ocorrem no dia 03 de outubro. Nesse caso, para participar do processo eleitoral torna-se necessário que o registro do novo partido político (PARTIDO X) seja deferido pelo Tribunal Superior Eleitoral até o dia 03 de abril de 2020. Além disso, é imprescindível que o PARTIDO X constitua órgão de direção municipal até a data da convenção (cujo limite é dia 05 de agosto) caso opte por lançar candidatos nas eleições para os cargos de Prefeito, Vice-Prefeito e Vereador. Em outras palavras, pode-se afirmar que apenas o partido político que possui Diretório ou Comissão Provisória municipal constituídos até a data da convenção partidária poderão participar do processo eleitoral (municipal ou estadual, conforme o caso). No julgamento do recurso especial nº 60375791, que ocorreu em 04/10/2018, o Tribunal Superior Eleitoral ratificou o entendimento de que “a suspensão do órgão partidário pela não prestação de contas partidárias impede que partido se habilite a participar do pleito e lance candidatos”. 2.4. VOTO DE LEGENDA O art. 5º da Lei 9.504/1997 dispõe que nas eleições proporcionais contam-se como válidos apenas os votos dados a candidatos regularmente inscritos e às legendas partidárias. Levando-se em consideração que estudamos o processo das eleições proporcionais em outra oportunidade, aproveito o momento apenas para relembrar que são escolhidos por esse sistema os ocupantes dos cargos de Deputado Federal, Deputado Distrital, Deputado Estadual e Vereador. A propósito, no momento da votação o eleitor pode atribuir o seu voto diretamente a um candidato (voto nominal) ou a um partido político (voto de legenda). Suponhamos que Doquinha tenha se lançado candidato ao cargo de Deputado Estadual, pelo PARTIDO WSY, com a numeração 99.787. Nesse caso, se o eleitor desejar votar diretamente em Doquinha, deverá digitar o número 99.787 no momento da votação. Por sua vez, se for digitado apenas o número 99, o voto será considerado de “legenda” e atribuído ao PARTIDO WSY. Fabiano Pereira Aula 06 Gabaritando Provas de Direito Eleitoral - Com Videoaulas - 2020 www.estrategiaconcursos.com.br 1355462 07473743414 - Joselly 22 Ao exercer o voto de legenda, o eleitor está afirmando implicitamente que para ele é irrelevante o candidato que será eleito, desde que seja alguém que integre a lista do partido político. Contudo, desde a alteração promovida no artigo 108 do Código Eleitoral (pela Lei 13.165/2015), que passou a exigir que o candidato, para ser eleito, obtenha quantidade de votos equivalente a, no mínimo, 10% (dez por cento) do quociente eleitoral, o voto de legenda já não é tão interessante para as agremiação partidárias. Inclusive, nas últimas eleições foram promovidas campanhas incentivando os eleitores a votar nominalmente em candidatos, objetivando-se, assim, que a maioria atendesse ao requisito previsto pelo art. 108 do Código Eleitoral. 3. DAS COLIGAÇÕES A coligação pode ser definida como a reunião de vários partidos políticos com a finalidade de disputar determinada eleição em conjunto, funcionando como se fossem um único partido. Nesse caso, cada partido político integrante da coligação continua existindo normalmente, mas, perante a Justiça Eleitoral, não poderá mais se manifestar de forma isolada durante o pleito em disputa. Depois de constituída a coligação, o art. 6º, § 4º, da Lei 9.504/1997, dispõe que o partido político coligado somente possui legitimidade para atuar de forma isolada no processo eleitoral quando questionar a validade da própria coligação, durante o período compreendido entre a data da convenção e o termo final do prazo para a impugnação do registro de candidatos. Suponhamos que na eleição para o cargo de Prefeito do município de Fabianolândia cinco partidostenham se reunido e constituído a coligação “Unidos somos mais fortes”, formada pelas seguintes agremiações: P1, P2, P3, P4 e P5. Diante disso, cada um dos partidos políticos integrantes da coligação não poderá mais atuar, de forma isolada, perante a Justiça Eleitoral. A legitimidade para propor uma ação de impugnação de registro de candidatura, por exemplo, passa a ser da coligação “Unidos somos mais fortes”, por meio de seu representante regularmente escolhido pelos dirigentes dos demais partidos. Fabiano Pereira Aula 06 Gabaritando Provas de Direito Eleitoral - Com Videoaulas - 2020 www.estrategiaconcursos.com.br 1355462 07473743414 - Joselly 23 Entretanto, se o partido político deseja questionar a validade da própria coligação (alega que não houve votação dos filiados no momento da decisão, por exemplo), assegurar-se-á a prerrogativa de atuar perante a Justiça Eleitoral de forma isolada, desde que no período compreendido entre a data da convenção e o termo final do prazo para a impugnação do registro de candidatos. 3.1. O FIM DAS COLIGAÇÕES NAS ELEIÇÕES PROPORCIONAIS A Lei 9.504/1997, em seu art. 6º, dispõe que “é facultado aos partidos políticos, dentro da mesma circunscrição, celebrar coligações para eleição majoritária, proporcional, ou para ambas, podendo, neste último caso, formar-se mais de uma coligação para a eleição proporcional dentre os partidos que integram a coligação para o pleito majoritário”. Todavia, a emenda constitucional nº 97, promulgada em 04 de outubro de 2017, promoveu importante alteração no texto do art. 17, § 1º, da Constituição Federal de 1988, que passou a vigorar com o seguinte teor: § 1º. É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna e estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada a sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária. Apesar de constar no art. 6º da Lei 9.504/1997 a possibilidade de realização de coligações nas eleições proporcionais, perceba que a emenda constitucional nº 97 passou a vedá-la. Todavia, deve ficar claro que o art. 2º da emenda constitucional 97 dispõe que “a vedação à celebração de coligações nas eleições proporcionais, prevista no § 1º do art. 17 da Constituição Federal, aplicar-se-á a partir das eleições de 2020”. Diante disso, pode-se concluir que nas eleições de 2018 ainda foi possível realizar coligações nas eleições para os cargos de Deputado Federa, Deputado Estadual ou Deputado Distrital. Contudo, em 2020 não existirá mais a possibilidade de celebração de coligações para as eleições ao cargo de vereador, apenas para os cargos de Prefeito (sistema majoritário). Fabiano Pereira Aula 06 Gabaritando Provas de Direito Eleitoral - Com Videoaulas - 2020 www.estrategiaconcursos.com.br 1355462 07473743414 - Joselly 24 3.2. DENOMINAÇÃO DAS COLIGAÇÕES O art. 6º, § 1º, da Lei 9.504/1997, afirma que “a coligação terá denominação própria, que poderá ser a junção de todas as siglas dos partidos que a integram, sendo a ela atribuídas as prerrogativas e obrigações de partido político no que se refere ao processo eleitoral, e devendo funcionar como um só partido no relacionamento com a Justiça Eleitoral e no trato dos interesses interpartidários”. Por sua vez, dispõe o § 1º-A que “a denominação da coligação não poderá coincidir, incluir ou fazer referência a nome ou número de candidato, nem conter pedido de voto para partido político”. Suponhamos que o PARTIDO A, PARTIDO B, PARTIDO C, PARTIDO D e PARTIDO X tenham se reunido para formar uma coligação com a finalidade de disputar a eleição para o cargo de Governador de Estado. Nesse caso, poderão atribuir à coligação a denominação “Unidos venceremos”, “Por um Estado mais forte”, “Juntos somos mais”, entre outras. Também podem simplesmente juntar as siglas dos partidos integrantes da coligação, criando a denominação Coligação ABCDX, por exemplo. O que não se admite é que os partidos escolham uma denominação que faça referência expressa a número ou nome de candidatos ou contenha pedido de votos para partidos políticos. Não seriam admitidas, por exemplo, coligações com as denominações “Coligação Vote em Doquinha”, “Coligação Coxinha é o melhor candidato”, “Coligação Vote no número 99.787”, entre outras. A propósito, na propaganda para eleição majoritária, a coligação usará, obrigatoriamente, sob sua denominação, as legendas de todos os partidos que a integram; na propaganda para eleição proporcional, cada partido usará apenas sua legenda sob o nome da coligação. Em outras palavras, isso significa que nos “santinhos” que serão distribuídos pelo candidato ao cargo de Governador, logo abaixo do nome da coligação (Coligação Juntos Somos Mais, por exemplo) deve constar as siglas de todos os partidos que a integram. COLIGAÇÃO JUNTOS SOMOS MAIS Pa, Pb, Pc, Pd e Px Fabiano Pereira Aula 06 Gabaritando Provas de Direito Eleitoral - Com Videoaulas - 2020 www.estrategiaconcursos.com.br 1355462 07473743414 - Joselly 25 No julgamento do recurso especial nº 25015, de 09/08/2005, o Tribunal Superior Eleitoral decidiu que “a coligação existe a partir do acordo de vontades dos partidos políticos e não da homologação pela Justiça Eleitoral”. 3.3. REQUISITOS PARA A CONSTITUIÇÃO DE COLIGAÇÕES A Lei 9.504/1997, em seu art. 6º, § 3º, afirma que na formação de coligações, devem ser observadas, ainda, as seguintes normas: 1ª - na chapa da coligação, podem inscrever-se candidatos filiados a qualquer partido político dela integrante: se a coligação foi formada pelas agremiações Pa, Pb, Pc, Pd e Px (Coligação Juntos Somos Mais, por exemplo), o candidato a ser lançado para o cargo de Governador pode ser filiado a qualquer um desses partidos políticos. O que não se admite é que seja lançado candidato filiado a partido que não integre a coligação. 2ª - o pedido de registro dos candidatos deve ser subscrito pelos presidentes dos partidos coligados, por seus delegados, pela maioria dos membros dos respectivos órgãos executivos de direção ou por representante da coligação, na forma do item abaixo; 3ª - os partidos integrantes da coligação devem designar um representante, que terá atribuições equivalentes às de presidente de partido político, no trato dos interesses e na representação da coligação, no que se refere ao processo eleitoral: independentemente da quantidade de partidos que compõem a coligação, deverá ser escolhido um único representante, que possuirá legitimidade para atuar perante a Justiça Eleitoral em todas as fases do processo eleitoral, impedindo-se, assim, que os partidos políticos atuem isoladamente. 4ª - a coligação será representada perante a Justiça Eleitoral pela pessoa designada na forma do item anterior ou por delegados indicados pelos partidos que a compõem, podendo nomear até: a) três delegados perante o Juízo Eleitoral; b) quatro delegados perante o Tribunal Regional Eleitoral; c) cinco delegados perante o Tribunal Superior Eleitoral. Ao responder às questões de concursos públicos, muita atenção para não cair em pegadinhas de prova. Em regra, a coligação será representada pela pessoa escolhida pelos dirigentes dos partidos políticos dela integrantes. Todavia, ainda existe a possibilidade de a coligação também ser representada por delegados indicados, nos seguintes moldes: Fabiano Pereira Aula 06 Gabaritando Provas de Direito Eleitoral - Com Videoaulas - 2020 www.estrategiaconcursos.com.br 1355462 07473743414 - Joselly 26 TRÊS DELEGADOS Perante o JUIZELEITORAL QUATRO DELEGADOS Perante o TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL CINCO DELEGADOS Perante o TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL A Lei 9.504/1997, em seu art. 6º, § 5º, dispõe que a responsabilidade pelo pagamento de multas decorrentes de propaganda eleitoral é solidária entre os candidatos e os respectivos partidos, não alcançando outros partidos mesmo quando integrantes de uma mesma coligação. Em outras palavras, significa afirmar que se o candidato é filiado ao PARTIDO X, por exemplo, eventual responsabilidade pelo pagamento da multa recai sobre o próprio candidato e o PARTIDO X, não alcançando os demais partidos integrantes da coligação. 4. DA CONVENÇÃO PARA A ESCOLHA DE CANDIDATOS A convenção partidária pode ser definida como uma reunião realizada entre os filiados de determinado partido político a fim de deliberar sobre assuntos de interesse da agremiação. Em regra, as convenções partidárias são realizadas em anos eleitorais, principalmente para decidir sobre a escolha dos candidatos que disputarão o pleito pela agremiação e também sobre a formalização (ou não) de coligações. O art. 7º da Lei 9.504/1997 é claro ao afirmar que as normas para a escolha e substituição dos candidatos e para a formação de coligações serão estabelecidas no estatuto do partido, observados limites impostos pela legislação eleitoral. Em caso de omissão do estatuto, caberá ao órgão de direção nacional do partido estabelecer as respectivas normas, publicando-as no Diário Oficial da União até cento e oitenta dias antes das eleições. Fabiano Pereira Aula 06 Gabaritando Provas de Direito Eleitoral - Com Videoaulas - 2020 www.estrategiaconcursos.com.br 1355462 07473743414 - Joselly 27 Suponhamos que, em uma eleição municipal, o PARTIDO W tenha interesse em realizar convenção para escolher os seus pré-candidatos aos cargos de vereador e Prefeito. Todavia, ao consultar o respectivo estatuto, constata que há omissão estatutária em relação ao procedimento de votação para a escolha dos filiados que podem ser lançados como candidatos em eleições municipais. Diante disso, deve o órgão municipal notificar a direção nacional sobre a omissão a fim de que seja regularizada em tempo hábil, isto é, até cento e oitenta dias antes das eleições. A propósito, é importante destacar que as regras estatutárias definidas pela direção nacional do partido político devem ser observadas, obrigatoriamente, nas esferas estaduais e municipais. Ademais, se a convenção partidária de nível inferior (âmbito estadual ou municipal) se opuser, na deliberação sobre coligações, às diretrizes legitimamente estabelecidas pelo órgão de direção nacional, nos termos do respectivo estatuto, poderá esse órgão anular a deliberação e os atos dela decorrentes. No julgamento do recurso especial nº 19.955, que ocorreu em 26.9.2002, o Tribunal Superior Eleitoral consolidou o entendimento de que “as normas para escolha e substituição de candidatos e para formação de coligação não se confundem com as diretrizes estabelecidas pela convenção nacional sobre coligações – enquanto aquelas possuem, ao menos em tese, natureza permanente, as diretrizes variam de acordo com o cenário político formado para cada pleito”. Diante disso, se a direção nacional estabelecer que os órgãos municipais não podem estabelecer coligações com os partidos X e Y, por exemplo, o descumprimento das diretrizes nacionais pode ensejar a anulação das respectivas deliberações municipais. As anulações de deliberações dos atos decorrentes de convenção partidária realizada em desconformidade com as diretrizes nacionais deverão ser comunicadas à Justiça Eleitoral no prazo de 30 (trinta) dias após a data limite para o registro de candidatos. Além disso, se da anulação decorrer a necessidade de escolha de novos candidatos, o pedido de registro deverá ser apresentado à Justiça Eleitoral nos 10 (dez) dias seguintes à deliberação, observados os prazos contidos no art. 13 da Lei 9.504/1997. Fabiano Pereira Aula 06 Gabaritando Provas de Direito Eleitoral - Com Videoaulas - 2020 www.estrategiaconcursos.com.br 1355462 07473743414 - Joselly 28 4.1. PRAZO PARA A REALIZAÇÃO DAS CONVENÇÕES A Lei 9.504/1997, em seu art. 8º, dispõe que “a escolha dos candidatos pelos partidos e a deliberação sobre coligações deverão ser feitas no período de 20 de julho a 5 de agosto do ano em que se realizarem as eleições, lavrando-se a respectiva ata em livro aberto, rubricado pela Justiça Eleitoral, publicada em vinte e quatro horas em qualquer meio de comunicação”. Perceba que o dispositivo legal não estabelece um dia determinado para a realização da convenção partidária. As agremiações, observando as datas de 20 de julho a 5 de agosto do ano eleitoral, definirão o melhor dia e horário para a realização, comunicando os respectivos filiados. Ademais, existe a imposição legal de que a ata lavrada durante a convenção seja publicada, no prazo máximo de vinte e quatro horas, em qualquer meio de comunicação. Ao responder às questões de prova, lembre-se sempre de que não há qualquer determinação legal para a publicação da ata de convenção no Diário Oficial da União. A ata realmente deve ser publicada, mas em qualquer meio de comunicação (um jornal impresso, por exemplo). No julgamento do recurso especial nº 2.204, que ocorreu em 01/04/2014, o Tribunal Superior Eleitoral decidiu que “a ocorrência de fraude na convenção de um ou mais partidos integrantes de coligação não acarreta, necessariamente, o indeferimento do registro da coligação, mas a exclusão dos partidos cujas convenções tenham sido consideradas inválidas”. Suponhamos que, na eleição para o cargo de Governador do Estado de Minas Gerais, os partidos A, B, C e D tenham formalizado a coligação “Agora chegou a nossa vez!”, para a disputa do pleito em conjunto. Todavia, imaginemos que, alguns dias depois da apresentação do D.R.A.P. – Demonstrativo de Regularidade dos Atos Partidários perante o Tribunal Regional Eleitoral, o PARTIDO C tenha ajuizado uma representação comprovando que a maioria de seus filiados foi contra a formação da coligação, mas, desrespeitando as regras estatutárias, os seus dirigentes a confirmaram. Fabiano Pereira Aula 06 Gabaritando Provas de Direito Eleitoral - Com Videoaulas - 2020 www.estrategiaconcursos.com.br 1355462 07473743414 - Joselly 29 Nessa situação, caso a convenção do PARTIDO C seja considerada inválida (comprovando-se que a ata não retratava o resultado da votação realizada pelos filiados, por exemplo), não há necessidade de indeferimento do registro da coligação “Agora chegou a nossa vez!”, sendo suficiente a exclusão do PARTIDO C. Para a realização das convenções de escolha de candidatos, os partidos políticos poderão usar gratuitamente prédios públicos, responsabilizando-se por eventuais danos causados com a realização do evento. É muito comum, por exemplo, os partidos utilizarem o plenário das Câmaras de Vereadores para realizarem as reuniões, assim como auditórios de escolas públicas municipais e/ou estaduais. 4.2. CANDIDATURA NATA A Lei 9.504/1997, em seu art. 8º, § 1º, dispõe que “aos detentores de mandato de Deputado Federal, Estadual ou Distrital, ou de Vereador, e aos que tenham exercido esses cargos em qualquer período da legislatura que estiver em curso, é assegurado o registro de candidatura para o mesmo cargo pelo partido a que estejam filiados”. Analisando-se o inteiro teor do dispositivo legal, conclui-se que os detentores do mandato de Deputado ou Vereador, assim como aqueles que tenham exercido o mandato em qualquer período da legislatura, não precisariam participar das convenções partidárias, pois a legislação lhes asseguraria o direito líquido e certo de se lançarem candidatos pela agremiação a que estejam filiados. É o que se convencionou chamar de candidaturanata. Em outras palavras, mesmo sabendo-se que a quantidade de candidatos que cada partido político pode lançar é limitada, os titulares de mandato eletivo estariam dispensados de disputar as vagas de candidato com os demais filiados à agremiação, o que demonstra uma clara quebra do princípio da isonomia. No julgamento da medida cautelar (liminar) requerida na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.530-9, que ocorreu em 24/04/2002, o Supremo Tribunal Federal decidiu que a candidatura nata viola os princípios da isonomia e da autonomia partidária. Diante disso, foi deferida a medida liminar pleiteada pelo Procurador-Geral da República e suspensos os efeitos do art. 8º, § 1º, da Lei 9.504/1997. Fabiano Pereira Aula 06 Gabaritando Provas de Direito Eleitoral - Com Videoaulas - 2020 www.estrategiaconcursos.com.br 1355462 07473743414 - Joselly 30 Ao responder às questões de prova, lembre-se de que a candidatura nata foi declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, em caráter liminar. Apesar de a medida cautelar ter sido deferida no ano de 2002, até o presente momento o STF não julgou a questão em caráter definitivo. 4.3. PRAZO MÍNIMO DE FILIAÇÃO PARTIDÁRIA E DOMICÍLIO ELEITORAL A Lei 9.504/1997, em seu art. 9º, dispõe que “para concorrer às eleições, o candidato deverá possuir domicílio eleitoral na respectiva circunscrição pelo prazo de seis meses e estar com a filiação deferida pelo partido no mesmo prazo”. As últimas reformas eleitorais equipararam o prazo mínimo de filiação partidária e domicílio eleitoral em seis meses, em que pese a legislação eleitoral permitir que os partidos políticos estabeleçam, em seus respectivos estatutos, prazos superiores de filiação partidária. Em várias oportunidades o Tribunal Superior Eleitoral decidiu que o prazo mínimo do domicílio eleitoral é contado da data de seu cadastro ou transferência, a exemplo do que ocorreu no julgamento do agravo regimental em recurso especial nº 12.145, que ocorreu em 08/11/2016. Por sua vez, decidiu também o TSE que não está atendida essa condição de elegibilidade se a transferência de domicílio tiver sido concluída no cartório eleitoral após o prazo limite, ainda que o pré-atendimento se tenha iniciado em momento anterior. Apenas para reforçar, pois estudamos o tópico com mais profundidade em outra oportunidade, lembre-se de que o conceito de domicílio eleitoral pode ser demonstrado não só pela residência no local com ânimo definitivo, mas também pela constituição de vínculos políticos, econômicos, sociais ou familiares. Se Coxinha atualmente reside na cidade de Florianópolis/SC, por exemplo, mas os pais residem na cidade de Manaus/AM, é possível que se inscreva como eleitor em qualquer uma dessas cidades. Havendo fusão ou incorporação de partidos, ainda que após o prazo limite de seis meses antes da eleição, será considerada, para efeito de filiação partidária, a data de filiação do candidato ao partido de origem. Fabiano Pereira Aula 06 Gabaritando Provas de Direito Eleitoral - Com Videoaulas - 2020 www.estrategiaconcursos.com.br 1355462 07473743414 - Joselly 31 5. DO REGISTRO DE CANDIDATOS Os partidos e coligações não são livres para lançar, nas eleições proporcionais, o número de candidatos que entenderem conveniente. A legislação eleitoral estabelece limites bem definidos, levando-se em consideração, inclusive, a quantidade de eleitores nos respectivos municípios. Em que pese a realização de coligações nas eleições proporcionais ser proibida a partir do ano de 2020, o fato é que a legislação eleitoral ainda faz referência a essa possibilidade, portanto, temos que ficar atentos a eventuais pegadinhas no momento da prova. O art. 10 da Lei 9.504/1997 dispõe que cada partido ou coligação poderá registrar candidatos para a Câmara dos Deputados, a Câmara Legislativa, as Assembleias Legislativas e as Câmaras Municipais no total de até 150% (cento e cinquenta por cento) do número de lugares a preencher, salvo (...): No Estado de São Paulo atualmente existem 70 (setenta) cargos eletivos de Deputado Federal. Sendo assim, cada partido (de forma isolada) ou coligação (que não mais poderão ser realizadas, nas eleições proporcionais, a partir de 2020) poderão registrar até 105 (cento e cinco) candidatos ao respectivo cargo, o que equivale a 150% (cento e cinquenta) por cento. Essa é a regra geral, porém, existem exceções: I - nas unidades da Federação em que o número de lugares a preencher para a Câmara dos Deputados não exceder a doze, nas quais cada partido ou coligação poderá registrar candidatos a Deputado Federal e a Deputado Estadual ou Distrital no total de até 200% (duzentos por cento) das respectivas vagas – existem vários Estados brasileiros que possuem um número de Deputados Federais não superior a 12 (doze), a exemplo do Estado do Amazonas, que possui apenas 8 (oito). Nessa hipótese, cada partido (de forma isolada) ou coligação do Estado do Amazonas poderá registrar até 16 (dezesseis) candidatos a Deputado Federal e a Deputado Estadual ou Distrital. Essa regra excepcional não se aplica nas eleições para vereador. II - nos Municípios de até cem mil eleitores, nos quais cada coligação poderá registrar candidatos no total de até 200% (duzentos por cento) do número de lugares a preencher – perceba que o dispositivo não faz referência aos partidos políticos, apenas às coligações. Levando-se em consideração que, a partir de 2020, não existirão mais coligações proporcionais, o dispositivo se torna inócuo. De qualquer forma, as bancas podem cobrar a informação do dispositivo legal em prova, portanto, atenção às pegadinhas. Fabiano Pereira Aula 06 Gabaritando Provas de Direito Eleitoral - Com Videoaulas - 2020 www.estrategiaconcursos.com.br 1355462 07473743414 - Joselly 32 No caso de as convenções para a escolha de candidatos não indicarem o número máximo de candidatos, os órgãos de direção dos partidos respectivos poderão preencher as vagas remanescentes até trinta dias antes do pleito. 5.1. DAS VAGAS RESERVADAS PARA CANDIDATURAS DE CADA SEXO A Lei 9.504/1997, em seu art. 10, § 3º, dispõe que do número de vagas resultante das regras que determinam a quantidade máxima de registro de candidatos, cada partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% (trinta por cento) e o máximo de 70% (setenta por cento) para candidaturas de cada sexo. Deve ficar claro que o citado dispositivo não afirma que devem ser reservadas vagas para mulheres, mas sim para candidaturas de cada sexo. Se um partido político possui a prerrogativa de pedir o registro de 100 (cem) candidatos, por exemplo, a agremiação poderia apresentar o registro de 70 (setenta) mulheres e 30 (trinta) homens, por exemplo. Não restam dúvidas de que as mulheres são minoria na política, porém, as regras de cotas se aplicam a ambos os sexos e devem ser obrigatoriamente observadas. A propósito, ao responder à Consulta nº 060405458, em 01/303/2018, o Tribunal Superior Eleitoral afirmou que a expressão “cada sexo” refere-se ao gênero, e não ao sexo biológico. No julgamento do agravo regimental em recurso especial nº 160,892, que ocorreu em 11/11/2014, o Tribunal Superior Eleitoral decidiu que “os percentuais de gênero devem ser observados no momento do registro de candidatura, em eventual preenchimento de vagas remanescentes ou na substituição de candidatos”. Suponhamos que o partido político tenha apresentado o registro de 10 (dez) pré-candidatos ao cargo de vereador, sendo 7 (sete) homens e 3 (três) mulheres. Todavia, alguns dias depois o requerimento de registro de candidatura de uma das pré-candidatas foi indeferido. Nessa situação, o partido político não pode substituir a pré-candidata indeferida por um pré- candidato, pois o percentual de gênero deve ser observado durante todo o processo eleitoral, evitando-se, assim, possíveisfraudes. Fabiano Pereira Aula 06 Gabaritando Provas de Direito Eleitoral - Com Videoaulas - 2020 www.estrategiaconcursos.com.br 1355462 07473743414 - Joselly 33 Na impossibilidade de registro de candidaturas femininas no percentual mínimo de 30%, o partido ou a coligação deve reduzir o número de candidatos do sexo masculino para adequar- se os respectivos percentuais, sob pena de indeferimento do D.R.A.P. A propósito, em todos os cálculos, será sempre desprezada a fração, se inferior a meio, e igualada a um, se igual ou superior. 5.2. DA DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA PARA REGISTRO DE CANDIDATURA A Lei 9.504/1997, em seu art. 11, dispõe que “os partidos e coligações solicitarão à Justiça Eleitoral o registro de seus candidatos até as dezenove horas do dia 15 de agosto do ano em que se realizarem as eleições”. Não há obrigação de que o registro de candidatura seja solicitado exatamente no dia 15 de agosto do ano eleitoral, mas sim até essa data limite. Sendo assim, nada impede que as agremiações apresentem os registros no dia 10 de agosto, por exemplo, desde que tenham sido observadas as condições legais, a exemplo da escolha formal em convenção partidária, devidamente registrada em ata. Apesar do dia 15 de agosto ser a data limite legalmente fixada para o registro de candidatura, lembre-se de que existem exceções, isto é, hipóteses nas quais é possível apresentar requerimentos de registro de candidatura mesmo após esse prazo. A título de exemplo, podemos citar a substituição de candidato, que, em regra, pode ocorrer até 20 (vinte) dias antes da eleição. O art. 11 da Lei 9.504/1997, em seu § 1º, apresenta um rol de documentos que deve ser obrigatoriamente apresentado perante a Justiça Eleitoral instruindo o pedido de registro de candidatura, sob pena de indeferimento: I - cópia da ata a que se refere o art. 8º; Fabiano Pereira Aula 06 Gabaritando Provas de Direito Eleitoral - Com Videoaulas - 2020 www.estrategiaconcursos.com.br 1355462 07473743414 - Joselly 34 A ata da convenção partidária é essencial porque irá comprovar que o cidadão realmente foi escolhido, pelos demais filiados ao partido político, como pré-candidato pela legenda. Isso evita que as decisões sejam tomadas arbitrariamente pelos dirigentes da agremiação, contrariando regras estatutárias. II – autorização do candidato, por escrito; A princípio, o requerimento de registro de candidatura é apresentado perante a Justiça Eleitoral pelo partido político ou coligação, por meio de seus representantes. É por isso que a legislação exige a autorização escrita do candidato, pois, assim, evita-se que alguém seja lançado candidato sem o próprio consentimento. Isso é possível, professor? Por mais absurdo que possa parecer, sim! Os partidos políticos têm uma dificuldade muito grande – principalmente nas cidades do interior – de preencherem a cota de gênero de 30% (trinta por cento) com mulheres. Diante disso, não raramente os dirigentes partidários se valem de “candidaturas laranjas”, isto é, convencem mulheres que possuem pouca escolaridade e discernimento para se lançarem candidatas a cargos eletivos, sem esclarecer as consequências de tal decisão. Em situações mais extremas, quando não conseguem cumprir a cota de gênero, alguns apelam para condutas criminosas, como a falsificação de assinatura na autorização escrita exigida pela lei. É claro que não podemos afirmar que se trata de prática rotineira, mas, de vez em quando, um ou outro caso é noticiado pela imprensa. É por isso que se exige a autorização escrita do candidato ou candidata, para diminuir as possibilidades de fraude e garantir que apenas disputarão cargos eletivos aqueles que estejam cientes de todas as obrigações legais, a exemplo da prestação de contas de campanha. III – prova de filiação partidária; A Lei 9.504/1997, em seu art. 11, § 14, afirma que é vedado o registro de candidatura avulsa, ainda que o requerente tenha filiação partidária. Podemos entender como candidatura avulsa a possibilidade de alguém disputar um cargo eletivo sem possuir filiação partidária. No Brasil, não existe essa possibilidade, pois a legislação exige a filiação partidária mínima de 6 (seis) meses para a disputa de cargos eletivos. Apesar de a prova de filiação partidária ser um dos requisitos para o deferimento do requerimento de registro de candidatura, destaca-se que atualmente a própria Justiça Eleitoral pode confirmar essa informação, disponível no sistema ELO 6 do Tribunal Superior Eleitoral. Sendo assim, mesmo que o pré-candidato deixe de apresentar certidão comprovando a filiação partidária, ainda sim o requerimento de registro pode ser deferido, desde que o sistema ELO 6 da Justiça Eleitoral demonstre o cumprimento do prazo mínimo de filiação partidária exigido em lei ou no estatuto partidário. Fabiano Pereira Aula 06 Gabaritando Provas de Direito Eleitoral - Com Videoaulas - 2020 www.estrategiaconcursos.com.br 1355462 07473743414 - Joselly 35 IV - declaração de bens, assinada pelo candidato; A declaração de bens, que deve ser apresentada no momento do pedido de registro de candidatura, é pública e será amplamente divulgada no site do Tribunal Superior Eleitoral. Dentre outras finalidades, a declaração de bens permitirá aos eleitores conhecer um pouco mais sobre as atividades desenvolvidas pelo pré-candidato, bem como acompanhar a sua evolução patrimonial entre as eleições. Trata-se de excelente ferramenta para o exercício do controle social, apesar de não ser levada em consideração pela maioria dos eleitores, pois, na prática, percebe-se que raramente corresponde à realidade patrimonial do candidato, principalmente dos mais ricos. ATENÇÃO: no julgamento do recurso especial nº 181, que ocorreu em 17/03/2015, o Tribunal Superior Eleitoral decidiu que “a declaração de bens apresentada à Justiça Eleitoral não precisa corresponder fielmente à declaração apresentada à Receita Federal”. V - cópia do título eleitoral ou certidão, fornecida pelo cartório eleitoral, de que o candidato é eleitor na circunscrição ou requereu sua inscrição ou transferência de domicílio no prazo previsto no art. 9º; Apesar de constar expressamente no texto legal, a falta de apresentação do título de eleitor ou certidão que o substitua, bem como a comprovação do prazo mínimo de domicílio eleitoral, não ensejará o indeferimento do requerimento de registro de candidatura, pois a Justiça Eleitoral tem condições de verificar todas essas informações, de forma automática, em seus próprios sistemas internos. VI - certidão de quitação eleitoral; Se o eleitor não está quite com as obrigações eleitorais, isto é, possui alguma pendência perante a Justiça Eleitoral (deixou de votar e não justificou a ausência, foi nomeado para trabalhar como mesário e não compareceu, entre outras), não poderá disputar cargos eletivos. Em várias oportunidades o Tribunal Superior Eleitoral decidiu que “a quitação eleitoral é condição de elegibilidade”4. 4 Ac.-TSE, de 15.9.2010, no REspe nº 190323: quitação eleitoral também é condição de elegibilidade. Fabiano Pereira Aula 06 Gabaritando Provas de Direito Eleitoral - Com Videoaulas - 2020 www.estrategiaconcursos.com.br 1355462 07473743414 - Joselly 36 Atualmente, a certidão de quitação eleitoral pode ser obtida diretamente no site do Tribunal Superior Eleitoral ou qualquer Tribunal Regional Eleitoral, dispensando-se o comparecimento ao Cartório Eleitoral. Todavia, deve ficar claro que “a Justiça Eleitoral não emite certidão positiva com efeitos negativos para fins de comprovação de quitação eleitoral”, conforme dispõe a Resolução TSE nº 22.783/2008. Se acontecer de o registro de candidatura ser apresentado sem a respectiva certidão de quitação eleitoral,
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